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1UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP Curso de Farmácia e bioquímica - Imunologia Básica – 2009 Aula 3: Apresentação de antígenos e as moléculas de MHC classe I e II Nessa parte da aula, vimos como peptídeos presentes no citosol (citoplasma) e no compartimento endocítico são levados à superfície celular, a fim de serem apresentados aos linfócitos T. Falamos também sobre a diversidade das moléculas do MHC classe I e II. As moléculas do MHC (Major Histocompatibility Complex ou Complexo de Histocompatibilidade Principal – CHP) são carregadoras de peptídeos. As moléculas de MHC classe I carregam peptídeos que estão no citosol e as moléculas de MHC classe II carregam peptídeos que estão em vesículas do compartimento endocítico (endossomas). As proteínas são constantemente degradadas por complexos de proteases catalíticas denominados proteosomas, gerando inúmeros peptídeos no citosol. Existem moléculas transportadoras (TAP) que formam um canal, permitindo que os peptídeos do citosol penetrem no retículo endoplasmático. Lá, os peptídeos encaixam-se nas moléculas de classe I do MHC que estão sendo sintetizadas. A seguir, as moléculas de classe I contendo os peptídeos em suas fendas vão ser transportadas para a superfície celular. As moléculas de MHC classe II transportam para a superfície os peptídeos que foram gerados nos endosomas, que portanto provêm de proteínas que foram ingeridas pela célula. A ligação precoce de peptídeos próprios presentes no retículo endoplasmático é prevenida pela cadeia invariante. A molécula de MHC classe II associada à cadeia invariante é conduzida para a superfície celular junto com a molécula HLA-DM, que é estruturalmente muito parecida com as moléculas do MHC. As proteínas endocitadas pela célula são degradadas pelas enzimas presentes nos lisosomas gerando inúmeros peptídeos. A seguir, os endosomas contendo os peptídeos fundem-se com as vesículas que transportam as moléculas de MHC classe II. A cadeia invariante é digerida e a porção que preenchia a fenda (denominada Clip) é removida pela molécula HLA-DM. A seguir, o peptídeo acomoda-se na fenda da molécula de classe II do MHC que é transportada para a superfície celular. 2UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP O IMPORTANTE É QUE AS MOLÉCULAS DE MHC CLASSE I E II SÓ VÃO PARA A SUPERFÍCIE CELULAR ASSOCIADAS A PEPTÍDEOS. PORTANTO, NA AUSÊNCIA DE INFECÇÃO ESTAS MOLÉCULAS CARREGAM PEPTÍDEOS PRÓPRIOS PARA A MEMBRANA DAS CÉLULAS. As moléculas de classe I estão presentes em todas as células nucleadas do organismo, apenas eritrócitos não as possuem. As moléculas de classe II estão presentes nas células apresentadoras de antígenos (macrófagos, células dendríticas e linfócitos B) e células epiteliais do timo. Isso significa que todas as células mostram para o sistema imune os peptídeos que têm no citosol, enquanto alguns tipos celulares (células apresentadoras de antígenos e células endoteliais do timo), além de apresentarem o que têm no citosol, também mostram para o sistema imune aquilo que ingeriram. As moléculas do MHC classe I e II e o HLA-DM apresentam uma estrutura bastante semelhante às imunoglobulinas (anticorpos) e ao TCR, pois são constituídas por vários domínios globulares. Dizemos que todas estas moléculas pertencem à superfamília das imunoglobulinas. Este fato é interessante porque o sistema imune, em seu desenvolvimento, parece ter utilizado esse tipo de moléculas para formar muitos dos seus principais constituintes, como vimos anteriormente. A molécula de MHC classe I possui uma cadeia com três domínios (1, 2 e 3), sendo que os dois primeiro domínios (1 e 2) formam o sítio de ligação com o peptídeo. Associada à esta cadeia, encontra-se uma outra molécula chamada B2-microglobulina que parece contribuir apenas estruturalmente. Existem três genes que codificam três tipos diferentes de cadeias (genes poligênicos). Estes genes são denominados HLA-A, B e C no homem e H-2K, D e L no camundongo. A molécula de MHC classe II possui uma cadeia e outra com dois domínios cada (1 e 2, 1 e 2), sendo que os domínios 1 e 1 formam o sítio de ligação com o peptídeo. Existem três genes que codificam três tipos diferentes de cadeias e (genes poligênicos). Estes genes são denominados HLA-DR, DQ e DP no homem. No camundongo são só dois genes, chamados H- 2-A e E. A molécula DM (aquela que retira o Clip da fenda da molécula de classe II) e o TAP (aquele que forma o canal que permite a passagem dos 3UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP peptídeos para o retículo) são codificados por genes que estão próximos aos genes do MHC. Além dos genes que codificam a molécula de MHC serem poligênicos, eles são também polimórficos (polialélicos), isto é existem múltiplos alelos para cada gene na população. Assim, é muito difícil que os genes herdados do pai e da mão sejam iguais. Curiosamente, os diferentes alelos diferem entre si principalmente na porção que codifíca o sítio de ligação com o peptídeo. Como todos os genes são expressos (herança co-dominante) existem seis moléculas de classe I diferentes (três de origem materna e três de origem paterna). No caso do MHC de classe II, existe um número bastante grande de moléculas diferentes expressas na superfície celular, considerando-se que as cadeias e de origem paterna e materna podem se associar livremente. O poligenismo (com co-dominância) e o polialelismo dos genes que codificam as moléculas de MHC aumentam a possibilidade de que diferentes peptídeos sejam carregados para a superfície celular. Aumentando, portanto, a chance de que o sistema imune os reconheça. Uma outra conseqüência do polialelismo é que o repertório de peptídeos apresentados para os linfócitos T varia de indivíduo para indivíduo. Especula-se que este fato poderia conferir vantagens para a espécie, uma vez que dificultaria a existência de “vazios de reconhecimento”. Isto é, mesmo que um microorganismo não fosse reconhecido por um dado indivíduo, caso seus peptídeos não se encaixassem em nenhuma das fendas das suas moléculas do MHC, ele seria fatalmente reconhecido por outros indivíduos da espécie.
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