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Língua Inglesa: Contextualização Contextualizando a Língua Inglesa Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Lauren Couto Fernandes Revisão técnica: Profa. Ms. Karin Claudia Nin Brauer Revisão Textual: Profa. Ms. Maria Eugenia D’Esposito 5 • Introdução • Um breve passeio pela história da língua inglesa • O Inglês Antigo ou Anglo-saxão (Old English or Anglo-Saxon) (449-1100) Nesta unidade encontraremos uma Atividade de Sistematização (AS) e uma Atividade de Aprofundamento (AP) na quais aplicaremos nosso conhecimento sobre a história do inglês Não deixem de participar e de compartilhar ideias! Sua contribuição é essencial! Para um bom aproveitamento do curso, é muito importante ler o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. Outro ponto fundamental é respeitar os prazos estabelecidos no cronograma do curso. Para esclarecimento de dúvidas sobre o conteúdo teórico e sobre a elaboração das atividades práticas entre em contato com o(a) tutor(a), utilizando a ferramenta Mensagens ou o Fórum de Dúvidas! As dúvidas nos ajudam a construir conhecimento! Compartilhe-as! Faremos uma jornada pela história do idioma inglês, para que, em nossos estudos futuros dessa língua tão importante em nossa atualidade, compreendamos melhor suas características, suas peculiaridades e suas irregularidades. Contextualizando a Língua Inglesa • O Inglês Médio (1100 - 1500) • O Inglês Moderno – Primeira Fase (1500 - 1800) • O Inglês Moderno – Segunda Fase (1800 ao presente) 6 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa Contextualização Passe os olhos brevemente sobre a sinopse do filme Che abaixo. Che is a two-part 2008 biopic about Argentine Marxist revolutionary Ernesto “Che” Guevara, directed by Steven Soderbergh and starring Benicio del Toro. Rather than following a standard chronological order, the films offer an oblique series of interspersed moments along the overall timeline. Part One is entitled The Argentine and focuses on the Cuban Revolution from the landing of Fidel Castro, Guevara, and other revolutionaries in Cuba to their successful toppling of Fulgencio Batista’s dictatorship two years later. Part Two is entitled Guerrilla and focuses on Guevara’s attempt to bring revolution to Bolivia and his demise. Both parts are shot in a cinéma vérité style, but each has different approaches to linear narrative, camerawork, and the visual look. Che is a two-part 2008 biopic about Argentine Marxist revolutionary Ernesto “Che” Guevara, directed by Steven Soderbergh and starring Benicio del Toro. Rather than following a standard chronological order, the films offer an oblique series of interspersed moments along the overall timeline. Part One is entitled The Argentine and focuses on the Cuban Revolution from the landing of Fidel Castro, Guevara, and other revolutionaries in Cuba to their successful toppling of Fulgencio Batista’s dictatorship two years later. Part Two is entitled Guerrilla and focuses on Guevara’s attempt to bring revolution to Bolivia and his demise. Both parts are shot in a cinéma vérité style, but each has different approaches to linear narrative, camerawork, and the visual look. Confira na tabela abaixo as traduções para o português das palavras que estão em verde no texto. part parte moments momentos revolutionary revolucionário entitled entitulado directed dirigido different diferente chronological cronológico linear linear films filmes narrative narrativa oblique oblíquo Como você deve ter notado, as palavras em verde são muito parecidas com suas traduções para o português. A maioria delas também se parece muito com suas traduções para o francês também. Porque será? O conteúdo teórico desta unidade pretende oferecer respostas a essa pergunta e também abrir caminho para nossos estudos da língua inglesa. Pretendemos aqui contar um pouco da história do idioma inglês para que possamos compreender muitas de suas peculiaridades em nossa jornada de aprendizado dessa língua. Então, faça suas malas e venha nos acompanhar pelo rico processo de desenvolvimento da língua mais falada no mundo. 7 Introdução O primeiro objetivo desta unidade é apresentar uma breve cronologia da trajetória da língua inglesa através dos tempos e de contextualizá-la em nossos dias. Para iniciarmos nossos estudos desta língua tão presente nas vidas de tantas pessoas em tantos continentes e países, é essencial que conheçamos minimamente as origens, os percursos e os movimentos desse idioma. Além disso é importante entender como ele chegou aos nossos dias impondo-se como língua estrangeira obrigatória em muitos currículos escolares por todo o mundo. Nosso segundo objetivo aqui, é preparar nossos alunos para lidarem com a gramática da língua inglesa, como: os verbos, os plurais das palavras e além da gramática trataremos também da pronúncia da língua em questão. Veremos ainda razões históricas, políticas e sociais relacionados ao inglês. O Inglês como Língua Franca Segundo o linguista inglês David Crystal (2008), uma língua franca é aquela que possibilita a comunicação no dia-a-dia entre pessoas que falam diferentes línguas . Crystal (2008) também nos informa que a língua franca mais comumente falada em nossos dias, no mundo todo, é a língua inglesa. Não podemos esquecer que além desse aspecto, o inglês é também a língua mais frequentemente presente nos textos das comunidades científicas, no campo da tecnologia e na internet. Como será que isso se deu? Quais caminhos essa língua teria percorrido para ter penetrado em tantas culturas por tanto tempo? Um breve passeio pela história da língua inglesa Embora saibamos da importância das datas quando estudamos a história de um país, de um povo ou de uma língua, é de extrema importância que, ao darmos nossos primeiros passos para conhecer um pouco da história da língua inglesa, é relevante lembrarmos do professor Antônio Bosi (1992) que nos lembra de que datas são apenas “pontas de icebergs”; de que, assim como as pontas dessas gigantes estruturas de gelo, são bem-vindas aos navegantes da história, pois nos alertam da grande massa submersa abaixo delas. Thinkstock.com 8 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa As datas nos orientam, nos lembram de acontecimentos importantes, mas não devemos nos esquecer que cada um desses acontecimentos trará sempre consigo uma extensa e complicada “massa” de outros acontecimentos. Assim como fazemos ao estudar a história de um povo, ao estudo da história de uma língua precisamos ter consciência de que nunca poderíamos assegurar quando uma língua foi usada pela primeira vez, saber exatamente quando mudou significativamente, ou saber precisamente quando alguma comunidade ou povo passou a usá-la como sua língua principal. Por isso, devemos estar conscientes de que as datas que serão apresentadas a seguir representam apenas ilustrativamente momentos destacados no longo e complexo processo de desenvolvimento da história do idioma inglês. Nossa história começa aqui: Thinkstock.com Antes de iniciarmos nossa breve viagem pela história da língua inglesa, vamos observar a linha do tempo abaixo, que traz algumas das datas (aproximadas) da história da língua inglesa: 9 Termos da linha do tempo Germanic tribes invade Tribos Germânicas invadem a Inglaterra Old English Inglês Antigo Missionaries Missionários Vikings invade Invasões dos Vikings OE written OE (Old English: “Inglês Antigo”) é escrito Norman Conquest Conquista dos Normandos Middle English Inglês Médio Renaissance Renascimento “Modern” English Primórdios do Inglês Moderno Our English O Inglês de hoje E então, vamos lá?O Inglês Antigo ou Anglo-saxão (Old English or Anglo-Saxon) (449-1100) Como podemos observar na linhado tempo acima, o início da história da língua inglesa associa-se, tradicionalmente, às invasões na Inglaterra de três tribos germânicas: Os Anglos, os Saxões e os Jutos. Quatro séculos antes, a ilha havia sido invadida e dominada por legiões romanas, que vinham conquistando territórios para Roma por todo sul da Europa e norte da África. Com o colapso do Império Romano por volta do século V d.C., as legiões foram gradualmente convocadas para retornar à Roma. Ao abandonar a ilha britânica, as legiões que ali haviam se instalado deixaram para trás uma frágil população celta que havia sido romanizada, conhecidos como Bretões. Por volta dessa época, essa população passou a sofrer constantes ataques das tribos celtas mais violentas que habitavam a porção norte da ilha, os Pictos. Com o intuito de fortalecerem suas defesas, os Bretões chamaram, para virem ao seu auxílio, tribos germânicas mercenárias que habitavam regiões que hoje conhecemos como os Países Baixos, Dinamarca e norte da Alemanha. Veja abaixo um mapa que ilustra essas primeiras invasões. As habilidades guerreiras desses mercenários germânicos contribuíram para que pudessem afastar os violentos celtas do norte de maneira muito eficaz. Após um intenso período de lutas, os Anglos, os Saxões e os Jutos, decidiram permanecer na Grã Bretanha. Foi da conjunção dos dialetos germânicos falados por essas três tribos que a língua inglesa nasceu. Sim, a língua inglesa tem origem germânica! commons.wikimedia.org 10 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa Assim como o Português se desenvolveu a partir do Latim, ao lado de suas línguas irmãs o italiano, o espanhol, o francês e o romeno, a língua inglesa surgiu de dialetos germânicos. Outras línguas modernas que compartilham essa mesma origem germânica são o alemão, o holandês, o sueco, o norueguês e o dinamarquês, que são línguas oficiais faladas respectivamente na Alemanha (também na Áustria), na Holanda, na Suécia, na Noruega e na Dinamarca. Os Anglos, os Jutos e os Saxões Segundo Ishtla Singh (2005), em uma das principais fontes de informação dos primórdios da língua inglesa, A história eclesiástica das gentes dos anglos, o monge Beda, no século VII d.C. aponta o ano de 449 d.C. como a data da chegada das primeiras levas de tribos germânicas progenitoras da língua inglesa. Frequentemente, para fins didáticos, cita-se com frequência essa mesma data quando se fala do nascimento do idioma inglês. Inicialmente, de acordo com o professor Michael Drout (2006), os Anglos estabeleceram-se na costa leste (East Anglia), em Mercia e ao norte do rio Humber (Northumbria), os Saxões assentaram- se ao sul em Sussex (os saxões do sul) e Wessex (os saxões do oeste) e os Jutos fixaram-se em Kent, ao sudeste da ilha, como podemos observar no mapa abaixo: É bastante provável que os dialetos falados por essas tribos fossem muito semelhantes, o suficiente para que os integrantes dessas tribos pudessem comunicar-se entre si. O nome do país onde nasceu a língua inglesa provém do nome de uma dessas tribos: Inglaterra “terra dos anglos” (England Anglo- land: a grafia mudou, mas vejam como os sons de “engla” e “anglo” são parecidos). Daqui para frente, nos referiremos a essas tribos como os ingleses e chamaremos de língua inglesa a língua falada por eles. Vamos nos lembrar de que, embora essas tribos falassem dialetos diferentes, foi dessa conjunção de dialetos que nasceu o inglês de hoje! Aproximadamente um século após a chegada das tribos germânicas e as formações de seus assentamentos pela ilha, por volta do século VI d.C., missões lideradas por monges romanos e irlandeses começaram a estabelecer-se pela Inglaterra construindo monastérios que rapidamente tornaram- se importantes centros de estudos e formação de catequizadores, com a intenção de dar prosseguimento ao processo de cristianização da Europa. Thinkstock.com Assentamentos germânicos na Grã-Bretanha (séx. IX) Thinkstock.com 11 Esses missionários trouxeram consigo toda uma cultura relacionada ao cristianismo. Essa cultura teve grande influência no desenvolvimento da língua inglesa. Foi por volta dessa época, por exemplo, que várias palavras do latim começaram a entrar para o vocabulário dos falantes germânicos que foram gradualmente adotando a religião Cristã como religião principal, incorporando a ela alguns elementos de suas próprias religiões pagãs. John Algeo (2010), professor emérito da Universidade da Geórgia, nos dá alguns exemplos de algumas palavras que vieram do latim para o inglês nesse período: altar (latim altare), apostle (latim apostolus), balsam (latim balsamum), mass (latim missa, mais tarde messa), martyr (latim martyr), angel (angelus). Em português, essas palavras significam, respectivamente: altar, apóstolo, bálsamo, missa e mártir – embora imaginemos que vocês já tivessem reconhecido o significado dessas palavras, pois vieram do latim, de onde a nossa própria língua originou. Por esses exemplos e outros, começamos a perceber que, ao prosseguirmos em nosso estudo da língua inglesa, iremos encontrar muitas palavras que, de certa forma, já conhecemos. Cuidado, então, antes de dizer: “Não sei nada em inglês!” Trocando Ideias Como veremos mais para frente, em estágios mais adiantados da língua inglesa, principalmente durante o renascimento e com o surgimento da imprensa, o latim fez novas incursões na língua inglesa e trouxe milhares de palavras latinas para o idioma. Outra coisa importante que os missionários cristãos trouxeram em sua bagagem foi o alfabeto latino. Lembrando o que aprendemos acima, as tribos germânicas, cujas línguas dariam origem à língua inglesa, não tinham um sistema de escrita com exceção dos pequenos textos que produziam com o alfabeto rúnico, composto de caracteres conhecidos como runas. As runas eram desenhadas basicamente com linhas retas e eram usadas para escrever textos curtos, ou pequenos poemas celebrativos e os meios usados eram madeira ou pedra. O fato de as runas serem feitas com linhas retas facilitava a escrita nesses meios. O alfabeto latino passou, então, a ser usado para registrar, em inglês, os textos poéticos e religiosos que começavam a ser produzidos na Inglaterra. Os monges trouxeram consigo o uso do pergaminho; porções de peles de animais nas quais se escrevia com tinta. Com suas curvas e arcos feitos pela tinta deslizando pelos pergaminhos, o alfabeto latino possibilitou que o inglês fosse escrito com mais facilidade e com mais frequência. commons.wikimedia.org commons.wikimedia.org 12 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa Assim, orações em latim passaram a ser traduzidas para o inglês, novas orações eram registradas e poemas começavam a ser escritos. A língua inglesa florescia vigorosamente. Segundo Melvyn Bragg (2003), o inglês tornava-se uma língua madura o suficiente para expressar a experiência humana com sutileza e precisão: nasciam por volta dessa época os primeiros poemas em inglês antigo. O poema épico Beowulf, escrito provavelmente entre os séculos VIII e X d.C., é um bom exemplo dessa energia poética que a língua inglesa já era capaz de expressar. O poema narra dois eventos da história de um guerreiro chamado Beowulf, que defende seu povo do monstro Grendel. Beowulf é considerado um dos mais belos textos escritos em inglês antigo. Esse florescimento da língua, no entanto, não se daria sem alguns percalços; que quase chegaram a decretar a morte do inglês. Uma das ameaças mais significativas veio de uma região que chamamos hoje de Escandinávia: os temidos guerreiros vikings. As Invasões dos Vikings Por questões econômicas ou políticas desconhecidas, os Vikings, deixaram suas terras natais, a Dinamarca e a Noruega, para conquistar novos territórios pela Europa. Vindos primeiramenteda Dinamarca e depois da Noruega, esses exímios navegadores começaram a aportar na Inglaterra e estabelecer colônias entre os séculos 8 e 9 d.C.. Os vikings possuíam um remoto parentesco - linguístico e sanguíneo – com as tribos germânicas já estabelecidas na Inglaterra(os anglos, saxões e jutos, que viemos a conhecer nos parágrafos anteriores). De acordo com Hans Störig (2006), os vikings não teriam entrado na ilha apenas como guerreiros e piratas, mas fundaram várias cidades e povoados, com os nomes geográficos terminados em –by (povoado) como por exemplo, Derby – ou –toft – Lowestoft . Trouxeram consigo sua cultura, e claro, sua língua, um dialeto também germânico: o nórdico antigo. A presença de dezenas de palavras provenientes do nórdico antigo na língua inglesa falada nos dias de hoje nos diz que, com o passar dos séculos, houve constante aproximação entre os anglos, os saxões e os jutos e seus parentes distantes, os vikings. Os vikings foram gradualmente se estabelecendo na ilha, e acredita-se que, com a convivência entre as tribos foi se tornando pacífica, um número maior de palavras de origem nórdica passou a fazer parte do inglês antigo. As palavras de origem nórdica que vieram para o inglês nessa época eram palavras de diversas categorias, mais associadas à vida prática do dia-a-dia. Das pesquisas dos professores Albert C. Baugh e Thomas Cable (2002) aprendemos que algumas dessas palavras são os substantivos: band, bank, birth, bull, calf, crook, dirt, egg, fellow, freckle, Primeira página de Beowulf commons.wikimedia.org www.ling.upenn.edu 13 gap, guess, kid, leg, link, loan, race, reindeer, root, scab, scrap, seat, sister, skill, skin, skirt, sky, slaughter, steak, trust, want, window. (Respectivamente, em português: faixa, margem, nascimento, touro, bezerro, bandido, sujeira, ovo, camarada, sarda, vão, adivinhação, criança, perna, elo, empréstimo, raça, rena, raiz, escara, fragmento/pedaço, assento, irmã, habilidade, pele, saia, céu, massacre, bife, confiança, falta, janela). Alguns exemplos de adjetivos são: awkward, flat, ill, loose, low, meek, odd, rotten, scant, sly, tattered, tight, and weak. (Em português, respectivamente: estranho/embaraçoso, achatado, doente, frouxo, baixo, humilde, ímpar, podre, escasso, matreiro, puído/desgastado, justo/apertado e fraco.) Por fim, alguns exemplos de verbos: to bait, call, cast, clip, crave, crawl, die, droop, gasp, get, give, lift, lug, raise, scare, take, thrive, thrust. (Em português: jogar isca, chamar, atirar, cortar, desejar, rastejar, morrer, pingar, arfar, conseguir/obter, dar, levantar, arrastar, criar, assustar, tomar, vingar, empurrar). Como pudemos observar, eram palavras comuns do cotidiano, e que são ainda usadas com muita frequência no inglês de hoje. Somos novamente, então, convidados a registrar em nossa memória que, depois de um período de guerras e conflitos, os anglos, os saxões e os jutos, cujos dialetos deram origem à língua inglesa, passaram a conviver, trocar e negociar com os vikings, recebendo muitos empréstimos de sua língua nórdica. Vem desde esse tempo, então, uma das características muito interessantes da língua inglesa que é a de receber e acomodar palavras estrangeiras com muita facilidade. Trocando Ideias Não se preocupe em aprender essas palavras agora! Em outro momento de nossos estudos, elas aparecerão novamente em contextos mais significativos. A longa lista de palavras acima pretende somente ilustrar o aspecto váriado e ao mesmo tempo simples das palavras de origem viking que vieram para o inglês. O Inglês Médio (1100 - 1500) Nas páginas acima, fizemos uma breve jornada pelo primeiro momento importante da história da língua inglesa, o estágio da língua que chamamos de Inglês Antigo ou Anglo-Saxão. Ao final desse período, ocorreu um evento de proporções consideráveis que teve uma influência ainda mais significativa no desenvolvimento do idioma inglês. Esse evento foi a conquista da Inglaterra pelos normandos em 1066. Philip James de Loultherbourg, The Battle of Hastings, 1804 14 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa Quem eram os normandos? Os normandos eram também um povo germânico que habitava a região da Normandia, no norte da França. Störig (1990) nos relata que os normandos eram audaciosos como seus antepassados, provenientes dos fiordes do norte. Este povo havia se adaptado à cultura difundida pelos romanos em seu novo lar. Eles construíram na região da Normandia um Estado vigoroso e a língua falada por eles era o francês. Störig (1990)também nos relata que por volta dessa época, havia ainda na Inglaterra alguns conflitos entre os vikings e os ingleses, com reis ingleses e de origem viking alternando-se como governantes da nação. Quando o rei inglês Edward morre em 1066, Harold, o líder da região de Wessex, habitada por ingleses, é escolhido para ser o próximo rei. Entretanto, William, um dos primos de Edward e líder dos normandos, achava que o trono deveria ser seu. Ele decide, então, com seu exército, lutar contra Harold e tomar o trono da Inglaterra. Na Batalha de Hastings em 1066, o rei Harold é morto e seu exército é derrotado pelos normandos. No natal de 1066, William, tradicionalmente chamado de “William, O Conquistador” se torna rei da Inglaterra. Os séculos que se seguiram a essa conquista testemunharam grandes mudanças na língua inglesa. A nova elite governante da Inglaterra falava o francês, que passou a ser a língua oficial da corte e da lei. Em sua maioria, os textos religiosos eram escritos em latim. A língua inglesa, então, passou a ser mais uma língua falada do que escrita o que, para muitos especialistas, poderia ter levado o inglês à extinção! Mas, como diz David Crystall (1990), afirma que em meados do século IX, a língua Inglesa estava muito bem desenvolvida para ser suplantada por outra língua. Muitas mudanças, portanto, aconteceram com a língua nesse período. Segundo Philip Durkin, o principal etimólogo do Oxford English Dictionary, durante o estágio de desenvolvimento da língua inglesa, conhecido como Inglês Médio (Middle English), o rico e complexo sistema de flexão de verbos que havia no Inglês Antigo caiu em desuso e foi gradualmente sendo reposto pelo sistema que usamos hoje. O vocabulário da língua também mudou bastante, com muitos empréstimos do francês e do latim. Os normandos trouxeram também seu sistema de leis, que vieram com todo um aparato jurídico acompanhado de todo um vocabulário novo. Os rituais religiosos eram feitos em francês ou latim. Segundo Störig (1990), entretanto, a “parte do leão” nos vocábulos de origem românica veio do francês, da época em que esta era a língua da corte (da administração) e da aristocracia. David Crystal (1990) relata que aproximadamente dez mil palavras do francês entraram para a língua inglesa durante o período do Inglês Médio e que três quartos dessas palavras ainda estão em uso no inglês de hoje. As tabelas a seguir trazem somente alguns exemplos das muitas palavras novas que entraram para o inglês nesse período: Thinkstock.com 15 Administração chancellor Chanceler Prince príncipe council Conselho Royal real government Governo Sovereign soberano Liberty Liberdade Tax taxa majesty Majestade Treasurer tesoureiro minister Ministro Treaty tratado parliament parlamento Tyrant tirano Religião Abbey Abadia Convent convento baptism Batismo Crucifix crucifixo cardinal Cardeal Friar frade cathedral Catedral Heresy heresia Chant Canto Immortality imortalidade Charity Caridade Miracle milagre communion comunhão Religion religião confess Confessar Salvation salvação Palavras do Latim conspiracy conspiração History história distract Distrair Include incluir Genius Gênio Incredible incrível gesture Gesto Lucrativelucrativo Trocando Ideias Se não nos esquecermos de que o francês é “língua irmã” do nosso português, pois ambas as línguas são românicas, isto é, têm origem no latim, ficaremos muito otimistas a respeito de nosso progresso nos estudos da língua inglesa, pois, de início, veja quantas palavras já sabemos! Assim como nos conta Störig (1990), no percurso de desenvolvimento da língua inglesa durante o período do Inglês Médio, um poeta muito importante, Geoffrey Chaucer (c. 1340 - 1400) registrou em sua obra, mais especialmente em Os Contos de Canterburry, esse novo estágio evolutivo do inglês: a fusão dos estratos linguísticos românicos (a partir do latim e do francês) e germânicos (a partir do que chamamos de Inglês Antigo). Segundo Störig (1990), Chaucer dominava o francês (tão bem como o latim e o italiano), mas foi o primeiro poeta de grande fôlego a utilizar a língua inglesa conscientemente. 16 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa Ao final desse período, outro evento linguístico trará grandes consequências para a língua inglesa: A Grande Mudança de Vogais (The Great Vowel Shift). Não se sabe ao certo a razão, mas aproximadamente a partir dos anos 1400, houve, em muitas regiões da Inglaterra, mudanças nas pronúncias de vogais. Muitas palavras passaram a ser pronunciadas diferentemente da maneira como eram pronunciadas anteriormente. No entanto, a grafia das palavras praticamente não foi alterada! Nas palavras de Störig (2006), a ortografia faz menção ao século XV e as alterações na pronúncia que ocorreram posteriormente não foram adaptadas a ela”. É muito importante que lembremos disso quando formos surpreendidos com alguma dificuldade de aprender a pronúncia do inglês, pois, encontraremos muitas palavras cuja ortografia não corresponde ao som. Não se trata de uma dificuldade exclusiva dos aprendizes da língua inglesa, mas de uma dificuldade que é, às vezes, experimentada pelos próprios falantes nativos da língua. Essa série de mudanças na pronúncia se consolidará somente em 1569. Desde então, a pronúncia das palavras permaneceu relativamente estável até os dias de hoje. O Inglês Moderno – Primeira Fase (1500 - 1800) Daqui em diante, por se tratar de um longo estágio em que ocorreram relativamente poucas mudanças na estrutura da língua inglesa, passaremos mais rapidamente por alguns aspectos desse período, cujos desdobramentos têm importância significativa para a compreensão do idioma inglês de nossos dias e para um processo de aprendizado da língua inglesa mais orgânico, mais eficaz. Esse próximo estágio, a primeira fase do Inglês Moderno, tem como principais protagonistas a chegada da imprensa na Inglaterra, o processo colonizador desse país em várias regiões do mundo e o Renascimento. O ano de 1476 marca a chegada da imprensa na Inglaterra, trazida por William Caxton. Esse pioneiro na arte de imprimir livros e os desdobramentos dessa novidade trazida por ele para Inglaterra foram grandes responsáveis por importantes mudanças na língua inglesa. Embora o inglês já estivesse bem estabelecido por volta dessa época, havia muitas variações na maneira de se grafá-lo de região para região. Levado a optar por uma das variações, Caxton escolheu a variação que era usada na região de Londres, pois se tratava do maior centro de poder da Inglaterra. Essa região era também economicamente mais importante para o país. Geoffrey Chaucer - Thinkstock.com William Caxton showing specimens of his printing to King Edward IV and his Queen 17 A circulação dos livros sendo produzidos agora em maior quantidade e rapidez por toda a Inglaterra intensificou-se ainda mais pelo interesse na cultura humanista. Vinda da Itália, essa cultura, que estava em auge durante o Renascimento, fomentava o interesse dos nobres e intelectuais ingleses a desenvolver o cultivo dos escritores clássicos latinos e gregos. A imprensa se desenvolvia,então, imprimindo livros que já traziam em si não apenas uma única variação do inglês (o que contribuiria para a padronização da língua), mas traziam também a influência dos textos clássicos na língua inglesa, a maioria vinda do latim. Essa influência se faz sentir principalmente pela entrada descomedida de mais palavras do grego e principalmente do latim para a língua inglesa. O Renascimento também influenciou fortemente o florescimento cultural na corte inglesa. Especialmente durante o reino da rainha Elizabeth I, grande amante das artes, a produção de poesia, música e teatro se intensificou ainda mais. Entre outros importantes escritores e poetas da época, destacaremos aqui um nome já bem conhecido nosso: William Shakespeare. A julgar pelas inúmeras apresentações de peças escritas por ele que acontecem pelo mundo todo ainda hoje, sem contar com as dezenas de produções cinematográficas de suas peças teatrais, é quase redundante apontarmos a sua importância. Romeu e Julieta, Hamlet, A megera domada: ao menos uma dessas peças escritas pelo dramaturgo inglês já nos fez suspirar ou nos trouxe risos. Mas o que nos interessa agora é entender que papel teve esse escritor em nossa viagem pela história da língua inglesa, certo? “Ser ou não ser, eis a questão.”, “Isso é grego pra mim.”, “Há mais mistérios entre a terra e o céu do que sonha a nossa vã filosofia.” Ou então: “O amor é cego.” Arriscaremos aqui ao imaginar o seguinte: pelo menos alguma dessas frases famosas já fez parte de sua história, não? Pois é, William Shakespeare não somente expressou seu profundo conhecimento da experiência humana em seus poemas e peças, mas teve também um papel muito importante na história do idioma inglês. Além de ser conhecido por seu vasto vocabulário, muitas expressões e palavras da língua inglesa, ainda presentes nos dias de hoje, ou foram criadas por ele, ou apareceram impressas pela primeira vez em sua obra. Para nós, falantes do português e estudiosos da língua inglesa, mais uma boa notícia: a maioria dessas palavras tiveram inspiração em nossa língua mãe, o latim, uma língua que, principalmente devido ao Renascimento, estava muito na moda na Inglaterra durante a época de maior produção do escritor. Veja alguns exemplos: assassination, accomodation, dislocate, premeditated e submerged. Imaginamos que você conheça quase todas! Mas seguem aqui as traduções: “assassinato”, “acomodação”, “deslocar”, “premeditado” e “submergiu”. Mais tarde, a partir do século XVII, inúmeros navios ingleses já navegavam em direção a novas terras que futuramente viriam a se tornar colônias da coroa inglesa. Ao final do século XVIII já eram colônias da Inglaterra os Estados Unidos, O Canadá, a Índia e a Austrália. Juntamente com sua política, seus aparatos administrativos e sua cultura, os ingleses trouxeram para as suas colônias sua língua. E através dos livros a língua também se propagou, eles eram produzidos em grandes quantidades. William Shakespeare - commons.wikimedia.org 18 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa O Inglês Moderno – Segunda Fase (1800 ao presente) Esse é um bom momento para retomarmos nossa conversa sobre a língua inglesa no começo desta unidade. No terceiro parágrafo da introdução, em que definimos o conceito de língua franca e registramos que a língua franca dos dias de hoje é o idioma inglês, foram lançadas duas perguntas: Como será que isso se deu? Quais caminhos essa língua teria percorrido para ter penetrado em tantas culturas por tanto tempo? De 1800 para cá, temos uma aceleração do movimento de expansão global da língua inglesa. Primeiro, a língua expande-se pelo número de regiões colonizadas pela Inglaterra territorialmente (Jamaica, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Índia) e depois, mais especificamente depois da Segunda Guerra Mundial, a expansão se dá pelo aumento da influência dos Estados Unidos da América na política e economiamundial. Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, que termina em 1945, a grande influência dos Estados Unidos, em um mundo capitalista em crescente movimento de globalização em vários setores como o do comércio, da economia e das relações internacionais, trouxe a muitos países a necessidade de investir no ensino da língua inglesa. Além disso, a partir da exportação de todo o tipo de mercadorias incluindo o cinema, programas de TV, seriados e animações, esse influente país fortaleceu ainda mais sua influência político-econômica ao introduzir sua língua e sua cultura em diversos países a partir dessa série de mercadorias em diversos países do mundo. Uma breve análise de nosso cotidiano aqui no Brasil, especialmente no meio urbano, pode confirmar os resultados de tal influência: em vários itens de vestuário como camisetas, bonés e sapatos, em lanchonetes, lojas de vários tipos e supermercados - a língua inglesa está em todo lugar! Podemos também notar a presença conspícua do idioma inglês ao navegarmos, por poucos minutos, pela internet. Nosso breve passeio pela história da língua inglesa vai chegando ao fim. Esperamos que essa curta viagem tenha sido repleta de descobertas e de aprendizado. Nas próximas unidades, em que iniciaremos nossos estudos de vocabulário, gramática e pronúncia da língua inglesa, voltaremos a nos referir a momentos dessa história que virão em nosso auxílio para compreendermos melhor estruturas gramaticais, formas verbais, pronúncia e outros aspectos do idioma. 19 Material Complementar Nessa unidade estudamos as origens e o desenvolvimento da língua inglesa, um conhecimento que será fundamental para um aprendizado mais orgânico e eficaz do idioma inglês. Para que você possa ampliar e aprofundar seus conhecimentos sobre o trajeto que a língua inglesa percorreu para vir a ser a língua mais falada em nosso mundo globalizado, indicamos algumas leituras que você pode encontrar acessando a internet. É muito importante que você exerça a sua autonomia de estudante e que desenvolva sua pró-atividade para construir novos conhecimentos. Bom trabalho! Referências bibliográficas: VIAN JUNIOR, Orlando. Língua e cultura inglesa, SãoPaulo: IESEDE, 2008 Links para consulta: http://www.oberontraducoes.com.br/as-origens-da-lingua-inglesa/ http://englishmaze.wordpress.com/2011/01/25/as-origens-da-lingua-inglesa/ http://www.infoescola.com/ingles/origens-da-lingua-inglesa/ 20 Unidade: Contextualizando a Língua Inglesa Referências BEDA, O Venerável. História eclesiástica das gentes dos anglos. Livro I. Disponível em: http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/historia-eclesiastica-das-gentes-dos-anglos-livro-i BRAGG, Melvyn. The Adventure of English. Capítulo I: The Birth of a Language. London, UK: BBC, 2003. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=wGYiM_ZnjAc BRIGIT, Viney . The History of the English Language. London, UK. Oxford University Press, 2008. BRYSON, Bill. Mother Tongue. English and How it Got that Way. New York, USA: Avon Books, Inc.,1990 . CRYSTAL, David. Dictionary Linguistics Phonetics. London: Blackwell, 2008. ________. The English Language. London: Penguin Books, 1990. ________. The Cambridge Encyclopedia of the English Language. London, UK: Cambridge university Press, 1995. DROUT, Michael. A History of the English Language. Course guide. Chicago, USA: Recorded Books, LLC , 2006. DURKIN, Philip. Five Events that Shaped the History of English. Disponível em: http:// oxforddictionaries.com/words/the-history-of-english SINGH, Ishtla. The History of English. A Study Guide. London, UK: Hodder Education, 2005.Página 67. STÖRIG, Hans Joachim. A Aventura das Línguas. São Paulo: Melhoramentos, 2006. VAN GELDEREN, Elly. A history of the English language. Philadelphia, USA: John Benjamins Publishing, 2006. 21 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 www.cruzeirodosulvirtual.com.br Rua Galvão Bueno, 868 Tel: (55 11) 3385-3000
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