Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 1 1. DIREITO ADMINISTRATIVO 1.1. A SOCIEDADE E O DIREITO SOCIEDADE: todo o complexo de relações do homem com os seus semelhantes; É predominante na doutrina o entendimento que não há sociedade sem o DIREITO. O direito exerce na sociedade a função ordenadora, organizando a cooperação entre as pessoas e compondo os conflitos que surgirem em seus membros. 1.2. O ESTADO E O DIREITO: a) O Estado: - No Brasil a palavra “estado”, é usada para representar as unidades da Federação. Ex. Estado de Goiás, Mato Grosso, São Paulo, etc. - No Direito Constitucional e Administrativo quando se fala em “Estado” estamos nos referindo a um país, uma unidade organizada no mundo político, com personalidade jurídica de Direito Público Internacional. O Estado segundo o artigo 40 do Código Civil Brasileiro, é uma Pessoa Jurídica de direito público capaz de contrair direitos e obrigações. É aquele que tem personalidade jurídica (a aptidão para ser sujeito de diretos e obrigações). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 2 b) Elementos do Estado: - População: é o conjunto de todos os indivíduos (inclusive menores, incapazes e estrangeiros residentes em um país) submetidos em caráter permanente a uma determinada ordem jurídica; - Território: o espaço dentro do qual é permitido que os atos do Estado, em especial, seus atos coercitivos, sejam efetuados. - Governo (soberano) é o comando, a direção do Estado – o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. (Direção do Estado; Manutenção da Ordem Jurídica e Administração Pública) Obs. Para que o Estado seja independente, o governo precisa ter soberania. Soberania é a autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder. Um Estado Soberano possui independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna. 1.3. A Constituição e os Poderes do Estado a) A Constituição Federal: é a lei fundamental e máxima de um Estado que contem princípios basilares da ordem social, política, econômica e jurídica, definindo e regulamentando a estrutura jurídico-política de um Estado. b) Os Poderes Constituídos do Estado: Figuram de forma expressa em nossa Constituição: são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art.2º). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 3 Poderes do Estado não se confundem com poderes da Administração: Os poderes do Estado constituem os seus elementos orgânicos (Executivo, Legislativo e Judiciário). Assim, compõe-se o Estado de poderes, segmentos estruturais em que se divide o poder geral e abstrato decorrente de sua soberania. Os poderes do Estado, como estruturas internas destinadas à execução de certas funções, foram concebidos por Montesquieu, que afirmava que entre eles deveria haver necessário equilíbrio, de forma a ser evitada a supremacia de qualquer deles sobre o outro (freios e contra-pesos). Figuram de forma expressa em nossa Constituição: são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art.2º). De outro lado, os poderes da Administração são outros: poder disciplinar, poder hierárquico, poder de polícia e poder regulamentar. Quando pensamos em função, estamos falando em uma atividade exercida em nome e no interesse de outrem. Função pública é, portanto, a atividade exercida em nome e no interesse do povo. Esta é exercida pelos administradores públicos. Prevalece, na doutrina, a afirmação de que há uma trilogia de funções no Estado: a legislativa, a administrativa (ou executiva) e a jurisdicional. O prof. CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, contudo, afirma que determinados atos estatais parecem não se acomodar bem neste modelo, o que trataremos adiante. Critérios de distinção das funções do Estado (Celso Antônio Bandeira de Mello): São dois os critérios utilizados para caracterizar as funções do Estado: orgânico (ou subjetivo) e material (objetivo). O primeiro procura identificar a função através de quem a produz. O segundo, por seu turno, toma em conta a atividade, ou seja, um dado objeto. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 4 O critério objetivo subdivide-se em objetivo-material e objetivo-formal. O primeiro busca reconhecer a função a partir de elementos intrínsecos a ela. Já o critério objetivo-formal se apega essencialmente em características “de direito” (regime jurídico) da atividade. Para Celso Antônio, o critério adequado para identificar as funções do Estado é o critério formal, chegando à seguinte conclusão: os três poderes são: I. PODER LEGISLATIVO Sua função principal é legislar – é a função legiferante (alguns doutrinadores acrescem a função típica de fiscalização, o que não é pacífico). Assim, vejamos as características desta função: Função direta – age sem provocação. Age de forma abstrata – não tem destinatário certo; Age de forma geral (erga omnes) – atinge a todos que estiveram na mesma situação; Tem o poder de inovar o ordenamento jurídico – somente a função legislativa tem esse poder - ex.: revoga uma lei vigente e edita nova norma. II. PODER JUDICIÁRIO Sua função principal é julgar – resolver conflitos, aplicando coativamente a lei. Assim, vejamos as características desta função: Função indireta – só age por provocação; Concreta – destinatários certos, salvo nos controles abstratos de constitucionalidade; Intangibilidade jurídica – é a impossibilidade de mudança: é a coisa julgada. Somente a função jurisdicional tem essa característica. III. PODER EXECUTIVO Sua função principal é administrar – executar o ordenamento. Assim, vejamos as características desta função: Atuação direta – age sem provocação. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 5 Age de forma concreta – com destinatário certo; Age de forma geral (erga omnes) – atinge a todos que estiveram na mesma situação; Não tem o poder de inovar o ordenamento jurídico (ex.: a medida provisória inova, mas é função atípica do executivo). São revisáveis – não produz intangibilidade jurídica. É a possibilidade de mudança, inobstante haja a coisa julgada administrativa – ela é na verdade uma intangibilidade, mas tão somente na via administrativa, não sendo, pois, uma verdadeira coisa julgada, já que pode ser revista pelo Judiciário. A cada um dos Poderes de Estado foi atribuída determinada função. Função típica É a função principal, precípua– é a função para a qual o poder foi criado; Função atípica É a função secundária – quando o poder, inobstante outra seja a sua função típica, ele também a pratica atipicamente. ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA (atividades próprias e frequentes) P. Legislativo Legislar; Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial. FUNÇÃO ATÍPICA Natureza Executiva: administrar: prover cargos de sua estrutura ou atuar o poder de polícia. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 6 Natureza Jurisdicional: julgar seus pares; o Senado processa e julga por crimes de responsabilidade o presidente e o Vice Presidente da República, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes das três Forças Armadas, nos crimes de mesma natureza conexos com os praticados pelo Chefe do Poder Executivo; também processa e julga, por crimes de responsabilidade, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os Membros dos Conselhos Nacionais da Justiça e do Ministério Público, O Procurador-Geral da República e o Advogado Geral da União. (CF, Art. 52, I e II). ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA P. Executivo Prática de atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos da administração; FUNÇÃO ATÍPICA Natureza Legislativa: regulamentação de regimentos internos; o Presidente da República adota medida provisória, com força de lei (Art. 62), etc.; Natureza Jurisdicional: O Executivo julga apreciando defesas e recurso administrativos. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 7 ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA P. Judiciário Dizer o direito ao caso concreto (julgar os conflitos de interesses). FUNÇÃO ATÍPICA Natureza Legislativa: regimento interno de seus tribunais (Art. 96, I/ CF/88); editar súmulas com efeitos vinculantes nas decisões; Natureza Executiva: Organização interna. Ex. Conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários (Art. 96, I, “f” / CF/88). 1.4. Direito O Direito Administrativo há de partir necessariamente da noção geral do Direito. Tronco de onde se esgalham todos os ramos da ciência Jurídica. DIREITO: É o conjunto de normas (regras e princípios) impostas coativamente pelo Estado, que disciplinam a coexistência pacífica dos indivíduos em sociedade. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 8 “O Direito objetivamente considerado, é o conjunto de regras de conduta coativamente impostas pelo Estado.” (Hely Lopes Meireles, 2014, p. 30). 1.5. Divisão do Direito: O Direito se divide em ramo público e privado. a) Direito Público: É o que se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público (mas é possível que o Estado pratique, também, atos privados). b) Direito Privado É o ramo jurídico que se preocupa com o interesse privado, regulando as relações particulares (interesses individuais de modo a assegurar a coexistência das pessoas em sociedade e a fruição de seus bens). c) Direito Público Interno É aquele que se preocupa com as relações jurídicas dentro do território nacional, com as relações internas (o direito administrativo é o ramo do direito interno). d) Direito Público internacional É aquele que se preocupa com relações externas (estados estrangeiros e empresas de estados estrangeiros). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 9 “Destina-se a reger as relações entre os Estados Soberanos e as atividades individuais no plano internacional.” (Hely Lopes Meirelles, 2014, p. 31) 2 - DIREITO ADMINISTRATIVO. 2.1 - Origem, evolução histórica e autonomia. O caráter absolutista da Monarquia não era propício ao florescimento do direito administrativo, vez que os soberanos não se submetiam a nenhuma regra, a não ser aos caprichos de sua própria vontade. No fim do século XVIII, na França, passou o direito administrativo a delinear suas características próprias. Nesse sentido, pode-se dizer que o direito administrativo é uma conquista dos regimes republicanos e democráticos, com a sujeição não só do povo, mas também dos governos, a certas regras gerais. 2.2 - Objeto e conceito a) Objeto: - O estudo da atividade ou função exercida direta ou indiretamente, pelo Estado, de sua estrutura, de seus bens, de seu pessoal e de sua finalidade. - O estudo de atos editados pelo Poder Executivo, conquanto aplicável também a atos oriundos dos Poderes Legislativo e Judiciário. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 10 - O dever do Estado de atender ao interesse público, satisfazendo o comando decorrente dos atos normativos (submissão da Administração Pública à lei). b) Conceito: “O direito administrativo é ramo do Direito Público Interno que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins de natureza pública” Maria Sylvia Zanella Di Pietro. “Direito Administrativo sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” (HELY LOPES MEIRELLES). “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público quer disciplina a função administrativa e os órgãos que a exercem”. (Celso Antônio Bandeira de Mello). ”Direito Administrativo é o conjunto de regras e princípios aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes da administração pública, às relações entre esta e seus agentes, ao exercício da função administrativa, especialmente às relações com os administrados e a gestão dos bens públicos, tendo em conta a finalidade geral de bem atender ao interesse público”. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo) PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 11 2.3 - Fontes. Fonte é o que leva o surgimento de uma regra jurídica (fontes do Direito são as formas que o revelam, ensina Oswaldo Aranha Bandeira. É a exteriorização do Direito ou a sua formalização). As fontes do Direito Administrativo são, pois, as responsáveis pelo surgimento de uma regra de direito administrativo(modos pelos quais esse ramo é formalizado). a) Codificação: - O direito administrativo não se encontra codificado, em um só corpo de lei. - As normas administrativas estão espalhadas no texto da Constituição Federal, e em diversas leis ordinárias e complementares. Exemplo de leis administrativas relevantes no âmbito federal: Lei 8.112/1990 – regime jurídico dos servidores públicos federais estatutários; Lei 8.666/93 – normas gerais sobre licitações ou contratos administrativos. Lei 8.987/1995 – lei geral das concessões e permissões de serviços públicos. Lei 9.784/1999 – normas gerais aplicáveis aos processos administrativos federais; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 12 Lei 11.079/2004 – Lei geral das parcerias público- privadas; b) Fontes do direito administrativo: a lei, a doutrina, a jurisprudência, os costumes e os princípios gerais do direito. A Lei: a norma imposta pelo Estado – fonte principal do Direito Administrativo; Ex. Constituição; Leis Complementares; leis ordinárias; leis delegadas, medidas provisórias. A doutrina: a lição produzida pelos estudiosos do direito – fonte secundária de Direito Administrativo que influenciam na elaboração de novas leis e no julgamento das lides de natureza administrativa. A Jurisprudência: é a interpretação da lei pelos tribunais – decisões judiciais reiteradas em um mesmo sentido – fonte secundária de direito administrativo.. Os costumes sociais: conjunto de regras não escritas, porém observadas de modo uniforme por um grupo social – fonte indireta de direito administrativo quando influenciam na edição de novas leis ou a na formação a jurisprudência. Os princípios gerais do direito: são critérios maiores, às vezes até não escritos, mas percebidos pela lógica ou por indução. - Atuam como pressuposto de todo o regramento jurídico e são de observância obrigatória. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 13 Ex. princípio da legalidade, princípio do contraditório, princípio do devido processo legal, etc. 2.4 – Princípios da Administração Pública Princípios são os alicerces de uma ciência que condicionam todas as estruturações normativas subsequentes. A Constituição Federal de 1988 no seu artigo 37 mencionou expressamente alguns princípios que se Submete a Administração Pública: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Cinco são os princípios administrativos trazidos pelo caput do art. 37 (MÍNIMOS): legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (LIMPE). 1º) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - A lei estabelece os limites de atuação administrativa que tenham por objeto a restrição ao exercício dos direitos em benefício da coletividade. - Segundo o princípio da Legalidade, a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 14 - No âmbito das relações entre os particulares, o princípio aplicável é o da autonomia da vontade, que lhes permite a fazer tudo o que a lei não proíbe. O princípio da legalidade possui previsão expressa no artigo 37 caput e artigo 5, inciso II da Constituição Federal. Vejamos: Art. 5º, II; Art. 5º. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; O princípio da legalidade possui dois enfoques diferentes (não-contradição x subordinação): Legalidade para o Direito Privado Segundo o critério de não contradição à lei, o particular pode tudo, só não pode contrariar a lei. Legalidade para o Direito Público Para o Direito Público, temos o critério de subordinação à lei, de modo que a Administração somente pode agir se houver previsão legal. Os atos praticados em desobediência ao princípio da legalidade são inválidos, e podem ter a invalidade praticada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. 2º) PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: Tratado pelos autores sob dois prismas: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 15 a) Como determinante da finalidade de toda a atuação administrativa, é a satisfação do interesse público. Interesse público “é o que se refere a toda a sociedade. É o interesse do todo social, da comunidade considerada por inteiro” (GASPARINI). É o único que pode ser perseguido pela Administração Pública. - Impede que a atuação administrativa seja praticada visando atender ao interesse particular do agente ou de terceiros, devendo ater-se à vontade da lei. - Qualquer ato praticado com objetivo diverso da satisfação do interesse público será nulo por desvio de finalidade. Ex. prática do nepotismo; remoção praticada com a finalidade de punir um servidor que tenha cometido uma irregularidade. b) Como vedação a que o agente público se promova as custas das realizações da Administração Pública. - vedação de personalização das realizações da Administração Pública. - previsão legal artigo 37 caput e parágrafo único da CF e artigo 2º da Lei 9784/99 (lei do processo administrativo) 3º) PRINCÍPIO DA MORALIDADE - O princípio da moralidade está diretamente ligado à probidade, boa- fé, lealdade. Moralidade está sempre ligada aos padrões éticos. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 16 - O administrador público ao praticar um “ato administrativo” não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto. - A moralidade é um requisito de validade do ato administrativo, sendo nulo um ato administrativo contrário a moral. 4º) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: “Esse princípio torna obrigatória a divulgação de atos, contratos e outros instrumentos celebrados pela AP direta e indireta, para CONHECIMENTO, CONTROLE e INÍCIO DE SEUS EFEITOS” (GASPARINI). •Dever de conceder livre acesso às informações de caráter público. •Dever de Transparência no exercício da atividade administrativa; Exigência de publicação em órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos que devam produzir efeitos externos a dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público. “Esse princípio torna obrigatória a divulgação de atos, contratos e outrosinstrumentos celebrados pela Administração Pública direta e indireta, para CONHECIMENTO, CONTROLE e INÍCIO DE SEUS EFEITOS” (GASPARINI). Obs. Enquanto não publicado o ato não está apto a produzir os efeitos por ele desejados. Finalidade da publicidade: I. Conhecimento; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 17 II. Condição de eficácia; III. Início da contagem de prazos (recurso, decadência, prescrição); IV. Viabiliza o controle. Atenção: Não se considera como tendo atendido ao princípio da publicidade a mera notícia, veiculada pela imprensa falada, escrita ou televisiva, do ato praticado pela Administração Pública, mesmo que a divulgação ocorra em programas dedicados a noticiar assuntos relativos ao seu dia-a-dia, como é o caso da Voz do Brasil (STF, RE 71.652). A Lei 8.666/93, em seu art. 6º, define imprensa oficial como “o veículo oficial de divulgação da Administração Publicam sendo para a União o Diário Oficial da União e, para os Estados, o DF e os Municípios, o que for definido nas respectivas leis”; Exceções ao dever de publicar 1ª - Art. 5º, XXXIII, CF Segurança da sociedade e do Estado; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento). 2ª - Art. 5º, X, CF Intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 3ª – Art. 5º, LX, CF Atos processuais no âmbito da Administração Pública. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 18 LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Ex.: O processo ético disciplinar é sigiloso, corre em segredo, com a finalidade de proteger a carreira do profissional. Ao final, o seu resultado é publicado, em razão de um compromisso social. A lei 8.112 também abre a possibilidade de processo sigiloso, na forma da lei. “Declarado o sigilo, só algumas pessoas, como os interessados e seus procuradores e os servidores que devem atuar no processo assim caracterizados podem ter vista e examiná-los” (GASPARINI). 5º) PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA “Conhecido entre os italianos como ‘dever de boa administração’, o princípio da eficiência impõe à Administração Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento *...+” (GASPARINI). Valores centrais O princípio da eficiência vincula-se às idéias de: Ausência de desperdícios; Economia; Produtividade; Agilidade/presteza. - Eficiência para os serviços públicos. Quanto este tema, convém distinguir a eficiência quanto aos meios e a eficiência quanto aos resultados. Em síntese, no que concerne aos serviços públicos, deve-se: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 19 Gastar pouco e; Obter o melhor resultado 2.5 – Interpretação e aplicação das leis, atos e contratos administrativos; Há que se considerar, necessariamente, três pressupostos: 1º) Desigualdade jurídica entre a administração e os administrados: - No direito privado repousa a igualdade das partes na relação jurídica. - No direito Público opera a supremacia do Poder Público sobre os Cidadãos em razão da prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais independentemente da sua concordância. “No embate entre o interesse público e o particular há de prevalecer o interesse público [...] A aplicação desse princípio, por certo, não significa total desrespeito ao interesse privado, já que a AP deve obediência ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito *...+” (GASPARINI). - O aplicador da lei ao interpretá-la deve ter sempre em vista a supremacia do interesse público sobre o interesse privado, ou seja, o interesse da comunidade irá sempre prevalecer quando em conflito o direito individual, uma vez que o objetivo primordial da Administração é o bem comum. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 20 2º) Presunção de Legitimidade dos Atos Administrativos: - caberá ao particular provar que a Administração Pública, agiu fora dos limites da lei, sob a forma de abuso ou desvio de poder. 3º) A necessidade de poderes discricionário para a Administração Pública atender ao Interesse Público. Poder discricionário é aquele em que o administrador público dispõe de razoável liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo, e sendo o caso, escolher dentro dos limites legais o seu conteúdo. Como exemplo do exercício do Poder Discricionário, temos a nomeação para cargo em comissão, ato em que o administrador público possui uma liberdade de escolha, ou seja, pode nomear aquele que for de sua total confiança, não se exigindo nenhuma seleção prévia. 2.6 – Relações com outros ramos do Direito e com outras ciências. a) Relação com o Direito Constitucional: Ambas as disciplinas cuidam do Estado; - O direito Constitucional interessa pela estrutura estatal e pela instituição política do governo; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 21 - O Direito Administrativo interessa pela organização interna dos órgãos da administração, dos servidores, dos serviços públicos, de modo a satisfazer o interesse da coletividade. b) Relação com o Direito Tributário: - Atividades vinculadas à imposição de arrecadação de tributos, à realização da receita e a efetivação das despesas públicas. c) Relação com o Direito Penal: O Código Penal trata dos crimes contra a administração pública (Art. 312 a 327) d) Com o direito Processual (civil e penal) O Direito Administrativo utiliza-se de princípios tipicamente processuais para nortear os processos administrativos. (julgamento de defesas prévias e recursos). e) Com o Direito do Trabalho. A administração pública nos cargos em comissão contratam empregados no regime da CLT, para atividades de natureza empresarial. c) Com o Direito Civil e Empresarial: - Principalmente no que se refere aos contratos e obrigações contratuais entre o Poder Público e o Particular. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIADE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 22 3 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 3.1 - Conceito. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: em sentido amplo (lato sensu): é o conjunto de órgãos de governo (com função política de planejar, comandar e traçar metas) e de órgãos administrativos (com função administrativa, executando os planos governamentais) visando à satisfação das necessidades coletivas e segundo os fins desejados pelo Estado. O termo administração, que vem do latim administratione. Esse vocábulo tanto abrange a atividade superior de planejar, dirigir e comandar, como a atividade subordinada de executar. Logo, tem-se presente a relação subordinado/subordinante. A administração pressupõe sempre o administrador (chefe que expede ordens e instruções) e o administrado (subalterno que acata ordens e cumpre instruções). Isso, lógico, internamente. 3.2 - Administração Pública e atividade administrativa. Administração (em maiúsculo) em sentido subjetivo, orgânico, ou formal: refere-se ao próprio Estado: administração (em minúsculo) sentido objetivo: refere-se ao exercício das atividades administrativas. 3.3 - Regime jurídico administrativo. Poderes. Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 23 “a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, de conotações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições”, Decorre do ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello que: “O regime de direito público resulta da caracterização normativa de determinados interesses como pertinentes à sociedade e não aos particulares considerados em sua individuada singularidade. Juridicamente esta caracterização consiste, no Direito Administrativo, segundo nosso modo de ver, na atribuição de uma disciplina normativa peculiar que, fundamentalmente se delineia em função da consagração de dois princípios: a) supremacia do interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade, pela Administração, dos interesses públicos”. 3.4 - ORGANIZAÇÃO 3.4.1 - ADMINISTRAÇÃO DIRETA. ÓRGÃOS PÚBLICOS. - Artigo 18 CR/88: Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Corresponde à atuação direta do próprio Estado por suas entidades estatais: União, Estados-Federados, Municípios e Distrito Federal. A União é dotada de Soberania. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 24 Os Estados, Municípios e Distrito Federal dotados de autonomia política, administrativa e financeira. Criação de órgãos da Administração Direta segundo artigo 48 da CF/88: “Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, (...), dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:” “XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;” A direta é formada por órgãos integrantes da estrutura de um ente federativo (União, Distrito Federal, Estado ou Município), desempenhado função administrativa. Exemplo: Ministério da Saúde, Secretaria de Educação do seu estado ou município. 3.4.2 - DESCONCENTRAÇÃO. DESCENTRALIZAÇÃO. DELEGAÇÃO. O Estado exerce a função administrativa por meio de órgãos, pessoas jurídicas e seus respectivos agentes. Formas básicas de organização e atuação administrativa centralização e descentralização. a) Atividade Centralizada ou Desconcentrada: É quando a atividade administrativa é exercida diretamente, pelo Estado, (União, Distrito Federal, Estados Membros e Municípios), por meio de seus órgãos e agentes integrante da denominada Administração Direta. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 25 - Consiste em distribuições internas de competência, ou seja em “atividades desconcentrações administrativas”. Neste caso os serviços são prestados diretamente pelo próprio Estado Atividade Desconcentrada: A desconcentração, consiste no deslocamento de uma determinada atividade para a responsabilidade de um outro órgão, dentro do núcleo da Administração direta (mesma pessoa jurídica), havendo hierarquia. É preciso atentar: a desconcentração de serviços públicos decorre de atividade hierárquica. O Estado e as pessoas jurídicas por ele criadas para auxiliar suas competências repartem, “no interior deles mesmos, os encargos de suas alçadas, para decidir assuntos que lhe são afetos, dada a multiplicidade deles”. (Bandeira de Mello - 2015, p. 154). Segundo Bandeira de Mello a desconcentração se opera: I. Em razão da matéria ou do assunto (Ex. Ministério da Justiça, da Saúde, da Educação, dos Transportes, Etc.). II. Em razão do grau, do nível de responsabilidade decisória conferida aos escalões hierárquicos (Ex. departamento, divisão, seção, etc., com seus respectivos diretores ou chefes). III. Em razão da territorialidade ou divisão geográfica (Ex.: Delegacia da Receita Federal, Delegacia Distrital de Polícia, etc.) PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 26 b) Atividade Descentralizada: Descentralizar é retirar determinada atividade das atribuições da Administração direta para uma outra pessoa, sem que haja, entre esta e aquela, hierarquia. Há uma vinculação quanto à finalidade, mas não hierarquia. Dá-se a descentralização quando a administração é exercida por pessoas jurídicas distintas do Estado. É quando o Estado atua indiretamente, pois o faz através de outras pessoas, que são seres juridicamente distintos dele, embora sejam criaturas suas, que se constituem em parcelas personalizadas totalmente do aparelho administrativo (art. 37, XIX, CF). - Tais entidades, compõe a chamada Administração Pública indireta, e se sujeitam, ao controle estatal, e estão administrativamente vinculadas a um determinado órgão. Ex. SANEAGO – sociedade de economia mista criada pela LEI ESTADUAL Nº 6.680, DE 13 DE SETEMBRO DE 1967. A descentralização pode se dar por lei, ato, ou contrato, conforme o caso. Duas são as hipóteses de descentralização: I. Outorga Descentralizar por outorga significa transferência da titularidade (“propriedade” sobre o serviço) mais execução do serviço. Por envolver a transferência de muitos poderes, somente é possível pormeio de lei e para a Administração indireta, mais especificamente para as pessoas jurídicas de direito público1 que a integram (na medida em que a titularidade de serviços públicos é sempre do Estado). 1 Para a corrente minoritária, também seria possível a outorga a empresas públicas e sociedades de economia mista. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 27 II. Delegação Descentralizar por delegação significa transferência de execução do serviço. - A delegação legal pode ser feita para a Administração indireta, sendo ela de direito privado (empresas públicas, sociedade de economia e fundações públicas de direito privado). - Já a delegação aos particulares pode ser feita por meio de contrato administrativo (concessão ou permissão). - É possível ainda a delegação feita por ato administrativo ao particular, via autorização de serviço público. Outorga Delegação 1. Transferem-se titularidade + execução. Transfere-se apenas a execução do Serviço Público. 2. Somente pode ser realizada por lei; Lei Administração indireta de direito privado Contrato Particulares (concessão ou permissão); Ato administrativo Particulares (autorização). 3. Somente para a Administração indireta, restringindo-se, ainda, a pessoas de direito público (autarquias, fundações públicas de direito público). Administração indireta/particulares Conclusão: a descentralização para a Administração indireta (outorga ou delegação) só pode ocorrer em razão de previsão legal. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 28 c) Distinção entre descentralização e desconcentração: A DESCENTRALIZAÇÃO: pressupõe pessoas jurídicas diversas: o entre criador que tem a titulação sobre certa atividade ou serviços e as criaturas às quais foi atribuída a execução das atividades ou serviços em foco. Obs. Os entes criados pelo Poder Público constituem a Administração Pública Indireta. A DESCONCENTRAÇÃO: refere-se sempre a uma só pessoa, pois tem em vista a distribuição de competências no interior dela, permanecendo a ligação unificadora da hierarquia. Desconcentração Descentralização 1. Ocorre dentro da mesma pessoa jurídica “Distribuição interna de competência e de serviço” (GASPARINI). 1. Há deslocamento/distribuição de atribuições para uma outra pessoa jurídica (regra) ou pessoa física, que atuará em nome próprio e por sua conta a risco. 2. Tem como base a hierarquia; 2. Não há hierarquia/subordinação na descentralização, embora haja um controle/fiscalização entre a Administração direta e a indireta/particulares. 3.4.3 - ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. Pessoas Jurídicas instituídas pela vontade do Poder Público, e por isso integrante da Administração Indireta. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 29 Obs. Toda sociedade em que o Estado tenha participação acionária integra a administração indireta. Dec. Lei 200/67 – que dispõe sobre os órgãos da administração pública indireta em seu Art. 4º, inciso II, estabelece que: - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: A) AUTARQUIAS; A palavra autarquia origina -se da justaposição de dois elementos gregos: autós (= próprio) e arquia (=governo, comando, direção), significando autogoverno. (DI PIETRO, 2015, p. 533). Conceitos: “Pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho do serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei.” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro) São entidades administrativas autônomas, criadas por lei específica, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio próprio e atribuições estatais determinadas. (Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo) “Entidade da Administração Indireta (descentralizada administrativa por serviços), que exerce serviço determinado, com as mesmas características e os mesmos efeitos da atividade administrativa do Estado”. (Guido Zanobini e Renato Alessi) PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 30 O artigo 5º, inciso I do Decreto-Lei 200/1967, define autarquia como: “Serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada”. Criação e extinção: - criadas por lei específica (art. 37, XIX CF/88); - na esfera federal a iniciativa da lei é privativa do Presidente da república (Art. 61, § 1º, II “e” da CF/88); - Na esfera estadual e municipal o projeto de lei acerca da criação da autarquia será do Governador ou do Prefeito, conforme o caso; - extinção – mediante lei específica de iniciativa privativa do Chefe do Executivo (princípio da simetria das formas jurídicas); Obs. A iniciativa de lei para criação de autarquias vinculadas ao Poder Legislativo ou ao Poder Judiciário, não é do Chefe do Poder Executivo, mas sim do Poder correspondente a que estiver vinculado à entidade. Natureza Jurídica: - personalidade jurídica de direito público interno (artigo 41, inciso IV Código Civil); PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 31 Titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a instituiu; submetendo-se ao regime jurídico de direito público; Patrimônio inicial da Autarquia: - Formado a partir da transferência de bens móveis e imóveis do ente federado que a criou, os quais passam a pertencer à nova entidade. - - Extinguindo-se a autarquia, todo o seu patrimônio é reincorporado ao ativo da pessoa política que a criou; - Os bens das autarquias são imprescritíveis – não podem ser adquiridos por usucapião; - Os bens das autarquias são impenhoráveis – não podem ser objeto de penhora, ou ato processual que implique na constrição dos bens do devedor a fim de garantir a execução judicial; - A execução judicial contra uma autarquia está sujeita ao regime de precatório previsto no artigo 100 da CF/88. Nomeação e exoneração dos dirigentes: - A competência para nomeação dos dirigentes é privativa do Chefe do Poder Executivo; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito AdministrativoJUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 32 - A indicação do Chefe do Poder Executivo pode exigir aprovação do Senado Federal, das Assembleias Legislativas, ou da Câmara Municipal, conforme o caso. (art. 84, XIV da CF/88) - Segundo entendimento do STF, a exoneração de dirigente das autarquias é ato privativo do Chefe do Poder Executivo não estando sujeita a aprovação legislativa prévia. Capacidade exclusivamente administrativa: A União, Estados, Distrito Federal e Municípios são dotados de autonomia política: poder de auto-organização, capacidade para legislar dentro das regas estabelecidas pela Constituição Federal. As autarquias não criam regras jurídicas de auto-organização, possuem apenas capacidade de autoadministração, segundo as regras constantes na lei que as instituiu. Relação com o ente estatal instituidor. - Não existe subordinação com o ente federado que as criou; - Não há hierarquia entre a União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias. - Há vinculação com o ente federado que as criou, apenas realizam o controle administrativo finalístico, para supervisionar se a entidade está atuando em conformidade com os fins que a lei instituidora lhe impôs. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 33 Classificação das Autarquias. Para Carvalho Filho, pode-se apontar três fatores que de fato demarcam diferenças entre as autarquias. São eles: O nível federativo: as autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, conforme instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios; Quanto aos objetivos: as autarquias assistenciais que visam a auxiliar regiões menos desenvolvidas, ou a categorias sociais específicas, para o fim de minorar as desigualdades regionais e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.: SUDENE). Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a classificação de autarquia pode ser de acordo com o tipo de atividade, distribuídas em 5 grupos de classificação: Econômicas: São destinadas para incentivar a produção e controle de produtos. Como é o exemplo do Instituto do Açúcar e do Álcool; De crédito e industriais: Para gestão de recursos financeiros bem como sua distribuição mediante empréstimo. Ex. Banco Central; De previdência e assistência: Para atividades de seguridade social. Como é o caso do INSS e o GOIÁSPREV; As culturais ou de ensino: Universidades federais. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 34 Profissionais ou corporativas, que fiscalizam o exercício das profissões, como o CREA, o CRM, o CRC e outras. CRC – CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE Segundo a jurisprudência, o CRC está sujeito aos ditames da Administração indireta, tratando-se de autarquia profissional, assim, as anuidades exigidas pelo CRC detém natureza jurídica tributária, motivo pelo qual devem submeter-se aos princípios constitucionais da legalidade e da anterioridade. OAB – ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Segundo o Estatuto da OAB, a sua anuidade não é tributária, não se falando, assim, em execução fiscal. A partir disso, a jurisprudência do STJ pacificou o seguinte entendimento em relação à entidade: OAB não está sujeita aos ditames da Administração direta ou indireta. Não integra nenhuma delas. Não é “autarquia especial”. Não há ordem de relação ou dependência entre OAB e qualquer órgão público. Sua anuidade não possui natureza tributária, não cabendo execução fiscal; Não há controle do Tribunal de Contas; Não há contabilidade pública, mas privada; Não se submete a concurso público. O que acontece hoje é o seguinte: apesar de se tratar de pessoa jurídica ímpar, a OAB continua com privilégios de autarquias (para fins de competência, p. ex., dá Justiça Federal; par afins de imunidade tributária, privilégios processuais etc.). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 35 “A Ordem dos Advogados ostenta status de autarquia e faz jus a prazo em dobro para manejar recurso especial, nos termos do artigo 188 do CPC e da ADIN 1717/DF julgada pelo STF. Precedente: Resp nº 892.077 - Relatora Ministra ELIANA CALMON, DJ 23.04.2007”. Juízo Competente: - Autarquias Federais: nos litígios comuns, sendo autora, ré, assistente, oponente, tem suas causas processadas e julgadas na Justiça Federal (art. 109, I CF/88); - Mandados de segurança contra coatores praticados por agentes autárquicos federais serão processados na Justiça Federal (Art. 109, VIII CF/88); - Autarquias Estaduais e Municipais, os processos em que atuam como partes ou intervenientes terão seu curso na Justiça Estadual comum; Obs. O juízo competente para processar e julgar (autarquias estaduais e municipais) será indicado pelas disposições da lei estadual de divisão e organização judiciárias. - Litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime poderá ser estatutário ou trabalhista. Regime Estatutário: o litígio será de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processadas e julgadas nos juízos fazendários. Contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a natureza será de litígio trabalhista, devendo ser resolvido na Justiça do Trabalho, (autarquia federal, estadual ou municipal). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 36 Privilégios processuais: As autarquias possuem algumas prerrogativas de direito público, sendo elas: imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados as suas finalidades essenciais ou às que delas decorram. impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do credor. Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através de usucapião. Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5 anos. Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são inscritos como divida ativa e podem ser cobrados pelo processo especial das execuções fiscais. Prazo em dobro para todas as manifestações processuais, conforme previsto no Código do Processo Civil, em seu art.183 CPC. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 37 ResponsabilidadeCivil (Art. 37, § 6º CF/88 e 43 do Código Civil): As autarquias responderão pelos danos que seus agentes nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurados o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. B) EMPRESAS PÚBLICAS; Criação A criação de empresas públicas, para qualquer fim depende de lei autorizadora específica, como exige o art. 37, XIX, CF. Essa lei tanto pode autorizar a criação de empresa pública como a transformação de entidade governamental (autarquia, sociedade de economia mista) em empresa pública. Natureza jurídica Trata-se de pessoa jurídica de direito privado cujo capital é exclusivamente público. Conceito completo é aquele trazido por GASPARINI: é a sociedade mercantil, industrial ou de serviço, constituída mediante autorização de lei e essencialmente sob a égide do Direito Privado, com capital exclusivamente público, destinada à exploração de atividade econômica (por imperativo da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo) ou à prestação de serviços públicos. Regime jurídico Apesar de se tratar de pessoa jurídica de direito privado, esta segue um regime híbrido (também denominado misto), possuindo algumas regras diferenciadas. Registre-se que, embora o seu capital seja exclusivamente público, este não precisa ser de um só ente (podendo ser inclusive da Administração Indireta, como aponta GASPARINI). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 38 Finalidades Criada para ser prestadora de serviço público ou exploradora de atividades econômicas. Ex.: Caixa Econômica Federal Empresa pública estadual, distrital e municipal: Estado, DF e municípios podem criar essas empresas para intervir no domínio econômico, bem como para a prestação de serviços públicos. C) SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. Conceito Trata-se de pessoa jurídica de direito privado cujo capital é público e privado (misto), sendo o Estado detentor da maioria do capital votante. Conceito completo é aquele trazido por GASPARINI: é a sociedade mercantil, industrial ou de serviço, cuja instituição, autorizada por lei, faz-se, essencialmente, sob a égide do Direito Privado, com recursos públicos e particulares, destinada à exploração de atividade econômica (por imperativo da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo) ou à prestação de serviços públicos. Natureza jurídica A sociedade de economia mista também é uma pessoa jurídica de direito privado. Todavia, o seu capital é misto, possuindo parte pública e parte privada. Mas é preciso atentar: a maioria do capital votante (ou seja, que dá direito a voto) deve estar nas mãos do Poder Público. Finalidades Também serve para a prestação de serviços públicos e exploração de atividade econômica. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 39 Constituição A sociedade de economia mista, necessariamente, deverá ser constituída na forma de sociedade anônima, diferindo, neste passo, das empresas públicas. Exemplos: Banco do Brasil, Petrobrás, etc. Sociedade de economia mista estadual, distrital e municipal Estado, DF e municípios podem criar essas empresas para intervir no domínio econômico, bem como para a prestação de serviços públicos. Ex. bancos estaduais. D.3 Diferenças e traços comuns entre empresas públicas e sociedades de economia mista. Sociedade de economia mista Empresa pública 1. Capital Misto (maioria do capital votante nas mãos do Estado) Exclusivamente público 2. Organização Sociedade anônima Qualquer modalidade empresarial (forma livre). Se sociedade anônima, deve ter capital fechado. 3. Competência (art. 109, CF) Justiça estadual (salvo presença da União na lide). EP federal: Justiça federal EP estadual: JE; EP municipal: JE; Traços comuns: Criação e extinção autorizadas por lei; Personalidade jurídica de direito privado; Sujeição ao controle estatal; Derrogação parcial do regime de direito privado por normas de direito público; Vinculação aos fins definidos na lei instituidora; Desempenho de atividade de natureza econômica. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 40 D) FUNDAÇÕES PÚBLICAS Conceito: “Entidades integrantes das administrações indiretas da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, voltadas, em regra, para o desempenho de atividades de interesse social, como assistência médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, assistência social, atividades culturais, entre outras.” (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo) (Decreto Lei 200/1967 – art. 5º, inciso IV, alterado pela lei 7.596/87): “Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criadas em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção e funcionamento custeados por recursos da União e por outras fontes” Natureza Jurídica: Regime Jurídico de direito privado, sendo instituída por pelo Estado, ou pelas pessoas físicas ou jurídicas de direito privado mediante escritura pública, testamento, dotação de bens livres, especificando a finalidade a que se destina e a maneira de administração. - São instituídas pelo Estado mediante lei específica (Art. 37, XIX CF/88); As fundações públicas são editadas por Lei Complementar, com o objetivo de definir as áreas em que as fundações públicas podem atuar. - Pelas pessoas físicas ou jurídicas de direito privado por escritura pública, ou testamento, mediante registro (Art. 62 do Código Civil). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito Administrativo JUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 41 Regime Jurídico: Todas as Fundações são submetidas ao regime Jurídico de direito privado (Art. 63 a 69 do Código Civil). DA destinação das fundações: - Atividades administrativas sem fins lucrativos: Obs. - Não devem ser criadas para exploração de atividade econômica com finalidade de lucro. - Contratações sujeitas à licitações; - Pessoal sujeito ao regime da CLT A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Direito AdministrativoJUR 1010 – 3º Período P R O F E S S O R R O B E R T O N A V E S C O S T A Página 42 VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; Exemplos de fundações públicas: Fundação Nacional do Índio – FUNAI; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fundação Nacional Da Saúde. Dos bens destinados à fundação: Constituída por testamento: Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante se de outro modo não dispuser o instituidor. Constituída por negócio jurídico entre vivos: O instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. Obs. Tanto as de direito privado quanto de direito público sofrem tutela da Administração Direta. Não há controle pelo Ministério Público, apenas fiscalização (art. 66, CC).
Compartilhar