Prévia do material em texto
SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei 6404/76) ESTA LEI TAMBÉM TRATA DA COMANDITA POR AÇÕES Observações: • Tem-se como antecedentes históricos a associação dos credores na Idade Média (exemplo: Officium Procuratorum Sancti Georgio) e as Companhias da Índias Orientais, na Idade Moderna. • Foram criadas para grandes empreendimentos, na forma de uma delegação do poder estatal, somente com o Código Comercial Francês de 1808 permitiu-se a criação das mesmas sem a delegação estatal; no Brasil, no período imperial era necessário outorga imperial; após 1849 passou-se exigir autorização governamental; 1 – CONCEITO: • pessoa jurídica de direito privado, empresária por força de lei, regida por um estatuto, criada com o objetivo de auferir lucro mediante o exercício de empresa, cujo capital é dividido em ações transmissíveis, composta por sócios de responsabilidade limitada ao pagamento de ações subscritas. o Aqui não existe a solidariedade pela integralização do capital; o Sociedade anônima será sempre uma sociedade empresária (art. 982, parágrafo único do CC), independente de seu objeto; o Sociedade Anônima possui uma administração dualista (conselho de administração e diretoria); o Sociedade criada para minimizar os efeitos das relações entre acionistas; o Como o estatuto não é responsável por estabelecer quem são os titulares das ações, não é necessário qualquer alteração do mesmo quando há alteração dos acionistas; 2 – NOME EMPRESARIAL (art. 3º): • necessariamente deverá ser constituído por denominação; acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. Art. 1.160, CC. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. 3 – PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES A) RESPONSABILIDADE LIMITADA: a responsabilidade dos acionistas é limitada no sentido de que ele se obriga, apenas, pela integralização do valor das ações que subscreve – não responde pelas dívidas da sociedade – participa da sociedade com risco restrito ao valor pelo qual se compromete – reponde limitadamente perante a sociedade até a integralização das ações; cada acionista é responsável pela integralização de suas ações, não há qualquer previsão de responsabilidade solidária pela integralização; B) DIVISÃO DO CAPITAL EM AÇÕES: o capital social de uma sociedade anônima é dividido em quinhões transferíveis e negociáveis representados por papéis chamados ações – este princípio alude a nenhuma importância da pessoa para tipificação da sociedade: mudam os sócios sem que isso importe a alteração do ato constitutivo; Observações: • Ações de uma sociedade anônima podem ser penhoradas, em face de constituir-se em uma sociedade e capital; • Note-se que há pequenas variações no regime de responsabilidade dos sócios das sociedades limitadas e anônimas: enquanto nas sociedades limitadas “a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social”, nas sociedades anônimas, a abrangência da responsabilidade é, em regra, ainda menor, já que “a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas”. • Importa destacar que as características acima indicadas não são as únicas que diferenciam as sociedades anônimas dos demais tipos societários, existindo diversos institutos que são peculiares das companhias. Isso se deve principalmente, à sua concepção como instrumento eficaz para a captação de recursos junto ao público investidor – mediante, por exemplo, negociação de ações em bolsa de valores ou de emissão de debêntures, podendo propiciar a capitalização da companhia e, ainda, uma forma pulverizada de participação acionária. 3 – CARACTERÍSTICAS A) PERSONALIDADE JURÍDICA: é pessoa jurídica distinta de seus membros; B) EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL LÍCITA COMO OBJETO SOCIAL: o objeto de uma sociedade é a razão de sua constituição – seu objeto é a empresa, como organização da atividade econômica voltada para a produção de bens ou serviços; Observação: Pode uma sociedade anônima ter como objeto à participação em outras sociedades? Sim, denominadas de Holding (art. 2, § 3º ), as quais podem ser de dois tipos: • Pura = quando tiver por objeto social exclusivamente à participação em outras empresas; • Mista = quando tem por objeto à participação em outras empresas e também desenvolve uma atividade empresária; Art. 2º - § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. C) LUCRO COMO OBJETIVO SOCIAL: D) VALOR SUBSCRITO COMO LIMITE DE RESPONSABILIDADE O preço de emissão da ação é o máximo que o acionista pode a vir a perder, caso a empresa explorada pela S/A não se revelar frutífera, e tenha sua falência decretada – como é uma pessoa jurídica, suas obrigações e direitos não se confundem com o de seus sócios – os acionistas, em princípio, não se responsabilizam pelas dívidas da companhia – respondem pelo que se comprometeram com o empreendimento – pelo preço de emissão das ações; E) NATUREZA INSTITUCIONAL: o ato constitutivo de uma sociedade anônima é o Estatuto Social; NOTA: Toda companhia possui um estatuto, que é “a lei interna da sociedade, funcionando como corpo normativo da atuação social e como instrumento de polarização dos acionistas, através da definição de seus direitos e obrigações”. Nas palavras de Tavares Borba: O estatuto deverá dispor sobre a denominação e o domicílio da sociedade, o capital e as características das ações, a administração da sociedade, as assembléias gerais, o exercício social, as demonstrações financeiras, a distribuição do lucro, a duração da sociedade e a forma de liquidação, bem como sobre tudo o mais que for considerado relevante. 4 –ESPÉCIES DE COMPANHIA (art. 4º) “Art. 4o - Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”. • De maneira simplória, pode-se dizer que a sociedade anônima será aberta quando possui autorização para negociar seus valores mobiliários no mercado de capitais, caso contrário, será considerada sociedade anônima fechada; NOTA: Em relação ao tratamento jurídico que é dado a um ou outro tipo de sociedade, apontam Alfredo Lamy Filho e José Luiz Bulhões Pedreira, co-autores do anteprojeto da Lei das S.A.: Os mecanismos básicos do funcionamento interno das companhias abertas e fechadas são os mesmos, mas, nas relações com o público, as companhias abertas assumem obrigações relevantes e específicas com os participantes dos mercados de valores mobiliários, e o público em geral. A) COMPANHIA ABERTA: • Há um crescente número de empresas que buscam a abertura de seu capital e a consequente negociação de seus valores mobiliários na bolsa de valores; a operação de abertura de capitais é conhecida como IPO (initial pulic ofter – oferta pública inicial); • Obrigatório o registro junto a CVM; o CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, que tem a função regulatória do mercado de capitais, foi criada pela Lei 6385/76; • É aquela em que seus valoresmobiliários são admitidos à negociação no mercado de capitais; Há uma oferta pública de ações; debêntures; • Mercado de Capitais pode ser primário, que ocorre nas operações de subscrição e emissão de ações (balcão) ou secundário, que compreende as operações de compra e venda (mercado de balcão e bolsa de valores); o mercado de balcão é operado por corretoras e instituições financeiras autorizadas pela CVM; • A natureza jurídica das Bolsas de Valores são sociedades anônimas, anteriormente eram associações civis, passaram por um processo de desmutualização (transformação de sociedade civil para sociedade anônima, inicialmente fechada, depois ocorreu a abertura de capital, transformando em sociedade anônima aberta); • É a sociedade anônima cujo capital pode ser disseminado pelo público, segundo índices e percentagens obrigatórios, e cujas ações e outros títulos mobiliários de sua emissão, depois de registro na CVM, se negociam em bolsa ou fora dela por meio da instituição financeira habilitada; • É a que faz apelo à poupança popular, associando o público à empresa e ao empreendimento dentro do esquema da aplicação com risco; • A S/A somente pode captar os recursos junto aos investidores em geral mediante prévia autorização do governo, que se materializa no registro dela mesmo, bem como no dos lançamentos de seus valores mobiliários no órgão governamental próprio, que é a CVM, autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda – a lei determina o controle governamental sobre as S/As abertas com vistas a conferir ao mercado acionário uma certa segurança; • Empresa Pública pode ser companhia aberta, todavia não podem emitir ações, somente debêntures; • Importante: o registro de uma S/A aberta somente poderá ser cancelado se a empresa ou controlador adquirir a totalidade das ações em circulação no mercado por preço justo, ao menos igual ao valor de avaliação da companhia; tal norma visa proteger os acionistas minoritários; todavia se restarem menos de 5% das ações a ser resgatada, a companhia, por via da assembleia geral pode deliberar o resgate compulsório, normalmente chamado de squeeze out; B) COMPANHIA FECHADA • É aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos à negociação no mercado de Capitais; ela não faz apelo de fundos, não enceta captação de recursos da poupança pública; Isso não significa que não é possível a negociação dos valores, significa apenas que não é possível a negociação no mercado de capitais; • Tem menor liquidez; • Observação: acionista de uma companhia fechada pode pedir a exclusão de outro acionista sob argumento da quebra do affectio societatis? STJ (informativo 357 e 487) entendem que somente de natureza familiar exercer o direito de retirada ou solicitar a exclusão de outro sob este argumento; Informativo 487 STJ não e possível alegar direito de retirada ou exclusão de acionista somente com a quebra do affectio societatis, necessário também demonstrar que houve violação de sócio (justa causa); VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COMPANHIA ABERTA EM RELAÇÃO À COMPANHIA FECHADA As vantagens presentes na abertura de capital de determinada sociedade anônima decorrem da análise inicial de sua viabilidade. A abertura de capital é recomendável apenas quando existam objetivos bem delimitados e um projeto para seu alcance. Dentre outros benefícios, podemos destacar as seguintes vantagens que geralmente podem ser encontradas na abertura do capital de uma companhia: 1. A abertura de capital amplia a base para se captar recursos, já que existe o oferecimento público em bolsa, de ações de emissão da sociedade para aquisição e investimento do público em geral. Ao mesmo tempo, amplia- se o potencial de crescimento da sociedade, na medida em que se permite, em tese, um maior aporte financeiro para o financiamento de projetos e outros objetivos buscados pela sociedade. Ainda, a abertura de capital é a alternativa mais adequada para o financiamento dos objetivos da sociedade se comparada aos financiamentos bancários (contratos de mútuo a juros, por exemplo) que possuem custos altíssimos. 2. A abertura de capital permite uma maior liquidez patrimonial, garantindo uma capacidade de posicionamento estratégico maior. Isso se deve à diluição do risco empresarial e, ao mesmo tempo, à valorização da participação acionária. 3. A abertura de capital permite uma maior exposição da reputação e da marca da companhia no mercado, podendo gerar um incremento da imagem institucional e reforçando sua capacidade de negociar. Isso é possível graças à transparência necessária para a abertura de capital. A companhia deve informar, de forma clara e precisa, as suas condições de operação, o que permite aos investidores conhecer a sociedade e confiar em sua posição no mercado. Nessa linha, o status de companhia aberta tende a facilitar, também, as associações internacionais. 4. A abertura de capital leva à aceleração da profissionalização da companhia. Inicialmente, esse processo é consequência das disposições legais, dada a eleição de conselheiros representantes dos novos acionistas e a exigência da figura do Diretor de Relações com Investidores (DRI). Por outro lado, há desvantagens na constituição de uma companhia aberta, dentre as quais podemos destacar: 1. Os custos associados ao processo de abertura de capital, à remuneração do capital dos novos acionistas (política de dividendos) e à administração de um sistema de informações específico para o controle da propriedade da empresa. 2. A necessidade de atendimento a normas mais específicas e rigorosas, no que tange aos procedimentos e princípios contábeis, de auditoria, e divulgação de demonstrações financeiras. (FGV) Nas palavras de Alfredo Lamy Filho e José Luiz Bulhões Pedreira: Com efeito, a diferença mais importante entre a companhia fechada e a aberta é que esta, além das relações (internas) com os investidores do mercado que são seus acionistas, mantém – pelo fato de participar do mercado como emissora de valores mobiliários negociados mediante oferta pública – relações com todos os investidores do mercado – inclusive os que não são titulares de valores de sua emissão, mas apenas adquirentes em potencial desses valores. 5 – CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE ANÔNIMA (art. 80) A) REQUISITOS PRELIMINARES i) PLURALIDADE DE SÓCIOS (art. 80, I) Observações: Pode haver sociedade anônima unipessoal? Sim, inclusive quando de sua origem - quando se tratar de empresa pública ou subsidiária integral (art. 251 – é o tipo de S/A que admite um único acionista e necessariamente será uma sociedade nacional – exemplo: Transpetro); Art. 80, I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira. ii) ENTRADA DE 10% EM DINHEIRO DO VALOR SUBSCRITO: no caso de instituição financeira este percentual será de 50% (Art. 27, Lei 4595/64); Art. 80, II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; iii) DEPÓSITO NO BANCO DO BRASIL OU OUTRO ESTABELECIMENTO BANCÁRIO AUTORIZADO PELA CVM, DA PARTE DO CAPITAL REALIZADO Art. 80, III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. • O fundador, em cinco dias após o recebimento das entradas, deve depositar em nome dos respectivos subscritores e a favor da sociedade em organização; • A sociedade só podelevantar esses valores depois que adquirir personalidade jurídica; • Se decorridos 6 meses do depósito, a companhia não se constituir, o banco restituirá as quantias depositadas, diretamente aos subscritores; B) CONSTITUIÇÃO PROPRIAMENTE DITA I) COMPANHIAS ABERTAS o A constituição denomina-se subscrição pública ou sucessiva (porque a constituição é desmembrada em fases); o A pessoa que toma a iniciativa de organizar a companhia é o fundador, caber-lhe-á, como forma de obter tais recursos, providenciar o necessário ao pleno desenvolvimento das etapas em que se desdobrará a constituição da pessoa jurídica, bem como as responsabilidades pela observância dos preceitos legais; 3 FASES: o 1º - REGISTRO NA CVM (art. 82): deve procurar uma instituição financeira para contratar os serviços de underwriting - somente pode ser efetuado com intermediação de instituição financeira (que compra os valores mobiliários da companhia emissora para revendê-los ao público – é elemento de aproximação entre a empresa emitente e o público investidor); O registro deve ser instruído com: ▪ Estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; ▪ Projeto do estatuto social ▪ Prospecto assinado pelos fundadores e pela instituição financeira (é a exposição clara e precisa das bases da sociedade e dos motivos ou razoes que têm os fundadores para esperar êxito do empreendimento- Art. 82, §1º, c); Feito o pedido, a CVM o processa, analisando, em primeiro lugar, dois aspectos da questão: a viabilidade econômica e financeira, bem como a idoneidade do fundador e da instituição, sob pena de indeferimento, caso que em se obsta a emissão pública de ações. Após, passa-se ao exame do projeto do estatuto social e do prospecto, podendo nesses, determinar alterações. Finalmente, se considerar o empreendimento viável, os fundadores idôneos e não identificar nenhuma impropriedade no projeto do estatuto e no prospecto, a CVM deferirá o registro de emissão, passando-se para a segunda etapa; o 2º - SUBSCRIÇÃO (COLOCAÇÃO DAS AÇÕES JUNTO AOS INVESTIDORES) – É A OFERTA PÚBLICA DE AÇOES ▪ É o ato mediante o qual uma pessoa capaz assume a obrigação de contribuir para o capital da companhia, nos termos previstos do Estatuto; ▪ O registro de emissão permite a colocação das ações a serem emitidas pela companhia em constituição junto aos investidores em geral, para fins de subscrição – o registro também autoriza a sua futura negociação no mercado de balcão organizado, mas não na Bolsa; ▪ A instituição financeira e outros agentes do mercado de balcão dedicam-se a efetiva captação de recursos junto aos investidores, oferecendo-lhes ações da companhia em constituição; ▪ Ao término dessa fase, todas as ações da companhia em constituição devem ter sido subscritas, sob pena de frustrar a operação e de cancelamento do registro; ▪ Subscritor ainda não é acionista, é mero promitente, em decorrência da entrada paga na subscrição, com a realização por inteiro que assumirá o status de acionista; ▪ A subscrição compreende: O pagamento da entrada em dinheiro; Assinatura da lista ou boletim individual de subscrição (é um acordo de vontades que vincula de forma irretratável a empresa e o subscritor); Quando todo capital for subscrito é possível a realização da Assembleia; Na subscrição de ações, quando feita por imóveis, não se exige escritura pública; O subscritor pode fazer-se representar por procurador, tanto na assembléia como para assinatura da escritura; o 3º ASSEMBLÉIA DE FUNDAÇÃO ▪ Subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a Assembléia; publicação de anuncio com pelo menos 8 dias de antecedência; ▪ Necessária participação de quórum mínimo de metade do capital social dos subscritores em primeira convocação, a segunda com qualquer número; ▪ A presidência da assembléia cabe a um dos fundadores; e um dos subscritores será o secretário; ▪ A Ata da reunião será lavrada em duplicata: um exemplar ficará em poder da companhia e outro será arquivado no Registro de Empresas Mercantis; ▪ Cada ação terá direito a um voto, neste momento, independente de seu tipo; o 4º - PERSONIFICAÇÃO DA COMPANHIA II) COMPANHIA FECHADA o Denomina-se subscrição particular ou simultânea (porque é feita em um só ato – não há oferta pública de ações); o Presente os subscritores faz-se a Assembléia ou a escritura pública (deverá ser assinada por todos subscritores); o Não precisa de autorização da CVM para funcionar; C) FORMALIDADES COMPLEMENTARES • Arquivamento e publicação dos atos constitutivos; • Transferência dos bens subscritos para a sociedade; • S/A não pode funcionar sem o arquivamento dos atos constitutivos, os quais deverão ser feitos na Junta Comercial, tendo em vista ser uma sociedade empresária; • O art. 95 estabelece um rol de documentos que deverão ser arquivados caso a mesma tenha sido constituído mediante assembléia-geral (uma cópia do estatuto social assinada por todos os subscritores – relação completa dos subscritores – recibo do depósito – duplicata da ata da(s) assembléia(s) de avaliação de bens e da constituição da companhia); • No caso de indeferimento do arquivamento pela Junta Comercial, os administradores deverão providenciar o saneamento, mediante convocação da assembleia ou autorizar as providências necessárias; • Os primeiros administradores são responsáveis solidários pela demora no cumprimento das formalidades complementares; 6 – ÓRGÃOS DE UMA SOCIEDADE ANÔNIMA Os órgãos da sociedade anônima com competência e composição disciplinadas na lei são a assembléia geral, o conselho de administração, a diretoria e o conselho fiscal. Os demais órgãos podem ser estruturados livremente pela companhia. A) ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO: O funcionamento de toda sociedade ou instituição requer organização. O problema da administração nas sociedades anônimas é evidentemente complexo, na medida em que impõe a necessária distribuição de poderes gerenciais entre grupos ou pessoas que terão como encargo buscar a consecução do objetivo social. Procura o direito positivo brasileiro disciplinar os núcleos de poderes sociais, ficando a administração das companhias ao encargo da Diretoria e, conforme o caso, também do Conselho de Administração, objetos de nossas aulas. Segundo assinala Rubens Requião:(...) dispõe o art. 138 [da Lei das S.A.] que a administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. Esse preceito deixa, com efeito, a opção aos acionistas de adotarem qualquer dos dois tipos de administração da sociedade: ou o clássico, existente na lei revogada, ou o moderno, em que a administração se divide em conselho e diretoria”. (FGV, 2010) NOTAS IMPORTANTES QUANTO À ADMINISTRAÇÃO: • A administração de uma companhia só pode ser atribuída, por meio de voto, a pessoas físicas, e não a pessoas jurídicas. • Não podem ser eleitas para os cargos de administração as pessoas que tenham algum impedimento estabelecido em lei, ou tenham sido condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos. • É proibido a eleição de administradores que ocupem cargo em outra sociedade considerada concorrente, ou ainda, que tenham interesses conflitantes ao da sociedade, tendo em vista o resguardo ao dever de sigilo inerente ao cargo de administrador. • A escolha dos administradores se dá por meio de voto, ou na Assembleia Geral ou no Conselhode Administração; sua investidura se dá por meio de assinatura em livro próprio; • Os administradores possuem deveres decorrentes da atribuição de poderes inerentes à sua função de direção, destaca-se: o dever de diligência (art. 153), o dever de lealdade (art. 155) e o dever de informar. o Dever de lealdade implica, por exemplo: (...) usar em benefício próprio ou de outra pessoa, com ou sem prejuízo para a sociedade, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo; omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia, ou, visando à obtenção de vantagem, deixar de aproveitar oportunidade de negócios de interesse da companhia; adquirir, para revenda com lucro, bem ou direito que sabe necessário à companhia, ou que esta pretenda adquirir”. (EIZIRIK, 2006) • Corolário do dever de lealdade encontra-se na proteção contra o chamado “insider trading”, configurado pela utilização, em benefício próprio ou de terceiros, de informações confidenciais da companhia. Nessa linha, o dever de lealdade abarca também o dever de sigilo, a significar que o administrador deve guardar para si qualquer informação que tenha obtido por conta de sua posição privilegiada e que possa ser de utilidade para concorrentes ou que, uma vez divulgada, possa trazer prejuízos para a sociedade. A violação do dever de lealdade pode ocorrer, por exemplo, em hipótese de conflito de interesses que eventualmente surgir entre o administrador e a companhia. (BRUNO CAMARA SOTER, FÁBIO HENRIQUE PERES E CAITLIN MULHOLLAND – FGV) • Dever de informar = “estando o administrador na posse de informação relevante, sua obrigação fundamental é revelá-la ao público, em obediência ao princípio fundamental do “disclosure”. (BRUNO CAMARA SOTER, FÁBIO HENRIQUE PERES E CAITLIN MULHOLLAND – FGV) • MUITO IMPORTANTE: Se houver algum dano gerado pela conduta do administrador, será ele civilmente responsável pelos prejuízos que causar quando atuar com dolo ou culpa, sendo importante destacar que o administrador não responde por atos regulares de gestão. Vale notar que a responsabilidade do administrador é subjetiva, devendo o prejudicado provar o dano, a conduta ilegal e culposa do administrador e o nexo de causalidade entre esta conduta e o dano. (BRUNO CAMARA SOTER, FÁBIO HENRIQUE PERES E CAITLIN MULHOLLAND – FGV) a. Conselho de Administração i. É o único órgão que é facultativo, no entanto, é obrigatório em três hipóteses: companhias abertas (Art. 138); sociedade de capital autorizado (Art. 138 e 168) e; sociedades de economia mista – isso ocorre em face de haver interesse público envolvido; ii. Composição do Conselho de Administração: 1. Mínimo de 3 membros b. Diretoria i. Mínimo de 2 membros ii. Pode ser acionista ou não, mas residente no país; eleitos e destituíveis a qualquer momento pela Assembleia Geral ou pelo Conselho de Administração, conforme o caso iii. Diretoria é o seu órgão executivo, cabendo a ela a representação da companhia perante terceiros, na forma estabelecida estatutariamente; iv. os Diretores atuam isoladamente, de acordo com suas atribuições e poderes determinados pelo estatuto da companhia, o qual, no entanto, pode prever a necessidade de atuação conjunta dos diretores para certos atos ou, ainda, que determinadas decisões, de competência da Diretoria, sejam tomadas em reunião; B) ASSEMBLEIA GERAL (Art. 122) a. É o órgão deliberativo máximo de uma sociedade anônima; pode, em função disso, discutir, votar e deliberar sobre qualquer assunto de interesse social, inclusive os mais diminutos problemas administrativos; contudo, normalmente as principais e fundamentais decisões de uma S/A é que serão tomadas em assembléia; Art. 121. A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. É competente para convocar as assembléias o Conselho de Administração, mas naquelas sociedades em que não há o Conselho, a competência será dos diretores. Excepcionalmente pode ser feito pelo Conselho Fiscal (art. 123, p. único, a; Art. 163, V) e por acionistas (no caso de inércia dos órgãos de administração: a) quando a reunião assemblear é obrigatória por lei ou por estatuto – qq um pode fazer se houve retardo por mais de 60 dias; b) para instalação do conselho fiscal – necessário 5% dos acionistas votantes; c) para apreciação de matéria que reputa relevante – também necessário 5% com direito a voto ou 5% dos sem direito a voto); A convocação se dá através de anúncio publicado por três vezes, no mínimo, em órgãos da imprensa, informando-se local, data e hora da assembleia, bem como a ordem do dia, ou seja, as matérias que serão objeto de deliberação pelos acionistas. Nas companhias fechadas que contarem com menos de 20 (vinte) acionistas e patrimônio líquido inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), a assembleia geral poderá ser convocada por cartas enviadas a todos os acionistas com a antecedência prevista para as publicações; b. São matérias de competência privativa da assembleia geral, de acordo com o artigo 122 da Lei das S.A: I – reformar o estatuto social; II – eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; III – tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas; IV – autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1º do art. 59; V – suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120); VI – deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social; VII – autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII – deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX – autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. c. Quórum de instalação o Regra: em primeira convocação, verifica-se com a presença de acionistas que representem, no mínimo, um quarto do capital social com direito de voto. Não verificada esta condição, a assembleia deverá ser novamente convocada, instalando-se a reunião, em segunda convocação, com qualquer número de acionistas. d. Quórum de deliberação o O quórum de deliberação corresponde à maioria necessária para a aprovação de determinada matéria, sendo constituído geralmente pela maioria absoluta dos votos presentes, não computados os votos em branco. Vale observar que, conforme veremos adiante, a lei estabelece o quórum qualificado de metade, no mínimo, do capital votante para uma série de matérias que afetam diretamente os interesses dos acionistas. e. Pode ser ordinária ou extraordinária: i. Compete privativamente a assembléia ordinária (art. 132): 1. DESTINAÇÃO DOS LUCROS; 2. TOMADA DE CONTAS DOS ADMINISTRADORES; 3. ELEIÇÃO DOS MEMBROS DO CONSELHO FISCAL; 4. ATUALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL Realiza-se uma vez ao ano, nos 4 meses seguintes ao término do exercício social – é anulável a deliberação, adotada em AGO, versando sobre matéria estranha a lista do Art. 132; ii. Demais atos são de competência da assembléia extraordinária; A assembleia geral extraordinária tem competência ampla, podendo ser convocada para apreciação de qualquer assunto que não for de competência da assembleia geral ordinária. Cumpre notar que, consoante dispõe o parágrafo único do artigo 131, uma assembleia geralextraordinária pode ser convocada e realizada cumulativamente com uma assembleia geral ordinária no mesmo local, data e hora, instrumentadas em ata única. Tendo em vista a relevância, em regra, de tais temas na vida social, a assembléia geral extraordinária que tiver por objeto a reforma do estatuto somente se instalará em primeira convocação com a presença de acionistas que representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital com direito a voto, mas poderá instalar-se em segunda com qualquer número. C) CONSELHO FISCAL a. É obrigatório a existência do Conselho Fiscal, no entanto, o Estatuto disporá sobre seu funcionamento, ou seja, o funcionamento será facultativo (permanente ou não); Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas. b. Composição do Conselho i. Mínimo de 3 e máximo de 5, com igual número de suplentes; ii. Acionista ou não, mas residente do país; diplomadas em curso superior; Art. 162. Somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal. § 1º Nas localidades em que não houver pessoas habilitadas, em número suficiente, para o exercício da função, caberá ao juiz dispensar a companhia da satisfação dos requisitos estabelecidos neste artigo. 7 – CAPITAL SOCIAL (art. 5º) • É o elemento básico para que a sociedade possa iniciar suas atividades, formado pela contribuição dos sócios/acionistas e não pode ser mudado a qualquer momento e o seu valor será estabelecido no estatuto social em moeda nacional; • A principal função do capital social é a garantia aos credores da companhia, pois diante da verificação do contrato social é possível ter uma na análise prévia da solidez financeira da pessoa jurídica; Todavia, somente diante de uma análise do patrimônio da sociedade que se pode ter uma conclusão mais segura da solidez da empresa. • O valor do capital social deverá ser expresso em moeda nacional; a atualização deverá ser feita anualmente mediante assembleia geral ordinária; a) Formação do Capital Social (art. 7º) a. Não exige capital mínimo; b. Pode ser constituído com contribuições em dinheiro ou mediante transferência de bens móveis ou imóveis (deverá ser feito avaliação – laudo fundamentado por empresa técnica), ou ainda créditos (responde pela solvência); c. Os subscritores que oferecem bens a serem avaliados (3 peritos) têm o direito de participar da deliberação da nomeação os peritos, todavia estão impedidos de participar da deliberação de aprovação dos laudos (art. 115); caso o subscritor concorde com a avaliação dos peritos, o bem será incorporado ao patrimônio da S/A; d. As condições para integralização dêem constar no estatuto ou no boletim de subscrição; se houver omissão, os órgãos de administração deverão efetuar a chamada por via de 3 publicações na imprensa, fixando o prazo de pelo menos 30 dias para o pagamento; se não houver o pagamento, será considerado em mora, devendo arcar com juros e correção monetária, além de multa estabelecida no Estatuto, que não poderá ultrapassar 10% (art. 106); e. Diante da mora do acionista a S/A por via de seus administradores poderá promover processo de execução (boletim de subscrição valerá como título executivo extrajudicial) ou mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista; caso não consiga vender as ações, poderá declarar as ações caducas e integralizá-las com os lucros e reservas sociais; b) Modificação do Capital Social (artigos 166 a 174). a. Por reforma estatutária, via Assembléia Geral; ou b. Sem a reforma do estatuto, quando estes já trouxerem autorização para aumento, mediante deliberação assemblear ou do Conselho de Administração; c) Redução do Capital Social (art. 173) a. Quando se registrar perda substancial até o montante dos prejuízos acumulados; b. Quando o capital for excessivo em relação ao objeto social; c. Obrigatoriamente no reembolso, quando a companhia, em 120 dias, não encontra substituto para acionista reembolsado; d. Facultativamente, no caso de resgate; d) Aumento de Capital Social Durante o desenvolvimento das atividades de uma S/A talvez seja necessário mais recursos para concretização de seus fins, para isso há duas possibilidades: obter financiamentos junto a terceiros ou contar com recursos adicionais dos sócios, situação esta que se configura por via do aumento do capital social, por via de regra, através de modificação do estatuto, salvo aumento de capital autorizado previamente (capital autorizado); O aumento do capital social pode ocorrer mediante subscrição pública ou particular de novas ações (art. 170), será emissão privada quando novas ações são oferecidas a investidores particulares e será emissão pública quando as novas ações serão ofertadas aos investidores em geral; Ambas as situações retratadas acima, ocorre a efetiva entrada de novos recursos, todavia a S/A pode realizar o aumento de capital, sem o ingresso de novos recursos, como na capitalização de lucros e reservas (art. 169) ou na conversão de outros valores mobiliários em ações; Hipóteses de aumento de capital social estão disciplinadas no art. 166, podendo as vezes ser de competência da Assembleia Geral ou do Conselho de Administração, salvo no caso de conversão de outros valores mobiliários em ações; CASO: A Companhia Força e Luz Cataguazes Leopoldina – empresa que produz e distribui energia elétrica a municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraíba e Sergipe, com faturamento de 1,2 bilhão de reais – é um marco no universo corporativo brasileiro. Fundada em 1905 por três empreendedores mineiros, foi uma das primeiras empresas a lançar ações em bolsa (em 1907, seus donos percorriam a cavalo o interior de Minas vendendo os papéis para fazendeiros da região). Apesar disso, nos seus quase 100 anos de existência a Cataguazes sempre se manteve no controle familiar. Desde o final do ano passado, porém, essa posição está ameaçada. Um dos sócios da companhia, o grupo americano Alliant, entrou na Justiça reivindicando o controle da empresa. Para isso, o sócio se baseia em um dispositivo da Lei das S.A. (artigo 111, parágrafo 1º) que garante aos titulares de ações preferenciais sem direito a voto o exercício temporário do direito de voto caso a sociedade deixe de pagar dividendos por três exercícios seguidos. Foi o que ocorreu na Cataguazes. Nos três anos anteriores à referida reivindicação, a companhia registrou prejuízos em seus balanços, provocados pela desvalorização cambial e pelo racionamento de energia. No caso em questão, a efetiva aplicação da aludida disposição legal representaria uma alteração no controle da Cataguazes. A briga entre os sócios teve início em dezembro de 2005, quando o grupo controlador – capitaneado pelo presidente da empresa, o empresário Ivan Botelho, herdeiro de um dos fundadores – mudou o estatuto da companhia para evitar a perda do controle. Para isso, foi montada uma operação de redução de capital e determinado o pagamento de dividendos com uso da reserva de capital. A CVM já se manifestou a favor dos controladores, mas a decisão final caberá à Justiça. Pergunta- se: Qual a consequência da redução do capital social neste caso? O que isto representa na prática? (XXXI CONCURSO MAGISTRATURA - PROVA ORAL) “Qual o capital social, alteração e capital autorizado de uma sociedade anônima? Qual a forma de aumento do capitalsocial de uma sociedade anônima? É necessário assembleia geral para alterar o capital social de uma sociedade anônima? É preciso da assembleia geral para integralizar o capital social com o fundo de reserva? Você pode integralizar o capital social de uma anônima com um bem móvel, por exemplo? O capital social de uma anônima é dividido em partes idênticas? Quais os tipos de bens que podem ser utilizados para a constituição de capital social? Jóias? Bens Imóveis? Se imóvel, deve levar a registro no Registro de Imóveis?”. 8 – VALORES MOBILIÁRIOS A sociedade anônima possui duas alternativas principais no que tange à obtenção de recursos para o desenvolvimento de sua atividade econômica, quais sejam: (i) contrair financiamento junto a terceiros ou (ii) buscar recursos adicionais dos sócios ou de investidores no mercado de capitais. Em regra, a segunda hipótese se viabiliza pela emissão dos chamados valores mobiliários, que são títulos emitidos pelas companhias – sejam abertas ou fechadas – para a captação de recursos e financiamento da companhia. • Oferta pública somente pode ser feita pelas sociedades anônimas abertas; Todavia não somente sociedades anônimas podem emitir valores mobiliários, fundos, municípios podem emitir alguns; • A emissão de valores mobiliários necessita de autorização previa da CVM no caso de oferta pública; A Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, enumera as diversas espécies de valores mobiliários, nos seguintes termos: Art. 2º São valores mobiliários sujeitos ao regime desta Lei: I - as ações, debêntures e bônus de subscrição; II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos aos valores mobiliários referidos no inciso II; III - os certificados de depósito de valores mobiliários; IV - as cédulas de debêntures; V - as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de investimento em quaisquer ativos; VI - as notas comerciais; VII - os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários; VIII - outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subjacentes; e IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. § 1º Excluem-se do regime desta Lei: I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal; II - os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures. 9 - AÇÃO • É o valor mobiliário representativo de uma parcela do capital social de uma S/A que atribui ao seu titular à condição de acionista; • Cabe ao estatuto fixar o número de ações em que se divide o capital social; “O valor das ações significa o valor encontrado pela divisão do montante do capital pelo número de ações; daí a conclusão que todas as ações têm um valor” (MARTINS, 2010); • Podem ser nominativas ou escriturais, as primeiras podem ter ou não um certificado, enquanto as segundas nunca terão; As nominativas estão registradas no livro de ações da própria sociedade anônima (transferência se dá mediante ato formal, comprador e vendedor deverão assinar o livro), enquanto as ações escriturais serão registradas em livro próprio da instituição financeira que as mantém em custódia (sua transferência se opera pelo lançamento efetuado pelo Instituição depositária de seus livros, a débito ou a crédito); • Observação: penhor de uma ação necessário a realização no livro das ações, por isso a importância saber o local; Ação pode ter valor: a) Nominal: é o primeiro valor da ação, resulta da divisão do capital social pelo número de ações que ela tem emitida; lei brasileira não exige que a S/A tem ação com valor nominal; a atribuição do valor nominal à participação societária importa garantia relativa contra a diluição do patrimônio acionário na hipótese de emissão de novas ações; Não possuir valor nominal, significa apenas, que a sociedade não estipulou um valor determinado, que a mesma vai variar de acordo com o patrimônio. b) Patrimonial: é a parcela do patrimônio líquido da S/A correspondente a cada ação, é obtido pela divisão do valor em reais do patrimônio líquido; o valor patrimonial pode ser maior ou menor que o valor nominal; sendo coincidentes apenas no ato da constituição da sociedade; c) Negociação: é o valor contratado por livre manifestação de vontade entre comprador e vendedor, normalmente os valores são variáveis conforme as perspectiva de rentabilidade; possuem duas categorias: i) valor de mercado (para aquelas negociadas em bolsa de valores); ii) valor de negociação privada; d) Econômico: resulta de uma complexa avaliação procedida segundo critérios técnicos e realizada por profissionais especializados; e) Emissão: é o valor da ação no ato da subscrição; é o montante despendido pelo investidor à vista ou a prazo em favor da S/A emissora em troca da ação; não é necessário que o valor de emissão seja igual ao valor nominal, a diferença entre eles é denominado ágio, o qual não compõe o capital social, registrado como reserva de capital; Espécies de Ações: a) ORDINÁRIAS: são aquelas que conferem direitos comuns de acionistas (fiscalização, participação nos lucros, voto); é obrigatório a emissão desse tipo de ação; em regra não podem ser divididas em classes, salvo nas sociedades anônimas fechadas, nas hipóteses do art. 16; são ações que não possuem nenhuma vantagem ou restrição em relação aos demais acionistas; b) PREFERENCIAIS (art. 15, parágrafo segundo): são aquelas que proporcionam vantagens econômicas para os acionistas; preferência no recebimento dos dividendos ou no reembolso do capital; de receber no mínimo 10% a mais do que uma ação ordinária ; não é obrigatório sua emissão, mas caso seja emitido, não pode ultrapassar a 50% do capital social; O silêncio do estatuto sobre o exercício do direito de voto implique em que ela terá direito de voto; podem ser divididas em classes; • Existe a possibilidade de acionista preferencialista sem direito a voto poder votar? Art. 87, p.2º trata da assembléia da constituição da companhia; Art. 213, p. 1º trata da assembléia de dissolução; art. 111, p. 1º - quando não pagar os dividendos por 3 exercícios consecutivos; • Existe ações preferenciais golden share, introduzidas mediante o processo de desestatização ocorrida no Brasil na década de 90, a qual confere poderes especiais aos entes estatizantes (exemplo: veto em determinadas deliberações); c) DE FRUIÇAO: são ações atribuídas aos acionistas cujas ações ordinárias e preferenciais foram amortizadas (antecipação ao acionista do valor que ele receberia, caso a S/A fosse dissolvida ou liquidada); a antecipação não pode afetar o capital social; o Deve ser autorizado pelo estatuto ou assembleia-geral extraordinária; Classes de ações: • As ações podem ser divididas em classes, as quais podem possuir direitos e deveres diferentes aos acionistas; • Conforme o art. 15, as ações ordinárias das companhias abertas não podem ser divididas em classes; Direitos e Obrigações do acionista • O art. 109 do Lei 6404/76 estabelece que nem a lei e nem o Estatuto podem privar o acionista dos direitos de participação nos lucros; de participação nos acervos da companhia em caso de liquidação; de fiscalizar; de preferência de subscrição de ações, partes beneficiárias e debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição; bem como de retirar da sociedade; • Ovoto não é direito essencial, pois pode ser suprimido no caso das ações preferenciais; • De acordo com o art. 110, cada ação ordinária corresponde a um voto na assembleia-geral, todavia o estatuto pode limitar o número de votos de cada acionista, mas não pode estabelecer mais de um voto a uma ação (chamado voto plural); diferente do voto múltiplo, permitido no art. 141, na eleição de membros do Conselho de Administração, que consiste em atribuir a cada ação o número de votos quantos sejam os membros do conselho; • No caso da ação do acionista ser penhorada, não haverá impedimento do exercício de direito de voto, salvo estipulação em contrário no estatuto; no caso de ação dada em garantia, o exercício do direito de voto será exercido pelo devedor; no caso de ação objeto de usufruto, será levado em consideração o acordo firmado entre proprietário e usufrutuário sobre o exercício do voto; • O art. 115 estabelece que o exercício do direito ao voto deverá ser realizado no intersse da companhia, sob pena de ser considerado abusivo, caso seja com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou ainda, no caso de interesse de obter vantagem, para si ou para outrem; neste sentido, o acionista não pode votar em deliberações que ocorram conflitos de interesses pessoais com a da S/A; Poder de Controle • Neste tópico analisar-se sob quem possui o direito de controlar a empresa, não necessariamente quem possui o maior número de ações será o acionista controlador; • O acionista controlador deverá ter percentual suficiente das ações com direito a voto para obter a maioria nas assembléias, bem como para eleger a maior parte dos administradores e para dirigir as atividades sociais; esta maioria pode ocorrer mediante a união com outros acionistas, como na formação de grupos vinculados ao voto; • O art. 117 trata da responsabilidade do acionista controlador, que reponde pelos danos causados no caso de abuso de poder, o próprio artigo estabelece um rol exemplificativo de atividades caracterizadas como abuso de poder; • O controle totalitário ocorre nas companhias fechadas e subsidiárias integrais; ocorre quando todas as ações pertencem a uma pessoa ou a um grupo de pessoas; • Controle majoritário recai ao acionista que possui a maioria das ações com direito a voto; • Controle minoritário ocorre em sociedades que o capital social é bastante dividido, quando o acionista controlador não possui a maioria das ações; mas conseguiu nas assembléias a maioria; • O artigo 254 traz importante disposição sobre a alienação do controle da companhia, ou seja, quando o acionista controlador decide transferir o controle para outrem, a lei protege os acionistas minoritários, ao estabelecer que o adquirente deverá adquirir as ações com direito a votos destes, pagando pelo menos 80% do preço pago pelas ações do controlador; isto é conhecido pela expressão tag along; 10- DEBENTURES (art. 52) • É operação de empréstimo; • São títulos representativos de um contrato de mútuo, em que S/A é a mutuária e o debenturista é o mutuante; • Podem ser convertidas em ação; poderão prever cláusula de correção monetária; necessário ter data de vencimento estipulado; • É título executivo extrajudicial; • Em regra é a assembleia geral o órgão responsável por deliberar sobre a emissão de debêntures, todavia o Estatuto pode estabelecer tal competência para o Conselho de Administração, caso as mesmas não sejam conversíveis em ações; • As debêntures poderão ter garantia real ou flutuante, quirografárias ou subordinadas; As debêntures, ao contrário, não configuram capital próprio da sociedade. A companhia, ao emiti-las, contrai uma dívida, colocando, dessarte, diante de uma obrigação que figura no seu passivo exigível. A debênture, em princípio tem data de vencimento determinada e confere a seu titular, salvo em caso de taxa variável ou mera participação nos lucros, uma renda fixa – o juro –, a qual independe do desempenho da sociedade, sendo, por isso, exigível, quer haja lucro, quer haja prejuízo. (BORBA, 2004, p. 266) 11 - BÔNUS DE SUBSCRIÇAO (art. 75) • São títulos que conferem direito de preferência na aquisição de ações; • Asseguram aos seus titulares o direito de subscrever, com preferência, ações da S/A em futuro aumento de capital; 12 PARTES BENEFICIÁRIAS (art. 46) • São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranho ao capital social, que conferem aos seus titulares direito de crédito eventual contra S/A, consistente na participação dos lucros anuais; • Permitido somente para as companhias fechadas e no máximo a 10% dos lucros; • Não constituem parcela do capital social; Caso Companhia Vale do Rio Doce De janeiro a setembro de 2006, a CVRD faturou mais de R$ 30 bilhões e lucrou mais de R$ 100 bilhões, respondendo sozinha por mais de 20% do saldo da balança comercial brasileira. A Companhia Vale do Rio Doce é uma empresa de capacidade global, tendo atividades exploradas em inúmeros países. Desde a sua privatização em 1997, a CVRD vem crescendo exponencialmente, tendo desenvolvido anualmente aquisições de outras companhias que exploram setores correlatos à atividade da companhia (exploração de minério de ferro). Uma das últimas aquisições – e a mais importante do ponto de vista estratégico – foi da companhia canadense de exploração de níquel, Inco. Em decorrência desta aquisição, a CVRD lançou recentemente no mercado de valores mobiliários proposta para um pacote de operações de captação de recursos.Esta captação de recursos tem como objetivo o alongamento de uma dívida de US$ 17,6 bilhões contraída em empréstimo-ponte de dois anos junto a bancos europeus, para pagar a aquisição à vista da companhia canadense Inco. A rolagem do empréstimo-ponte deverá ser feita num prazo mínimo de 10 anos. Pergunta-se: 1) Qual o instrumento adequado para a captação destes recursos extras? 2)Qual a vantagem para a realização destas específicas operações de captação? GLOSSÁRIO • MERCADO DE CAPITAIS: é o conjunto de meios e instrumentos geradores das negociações recíprocas entre investidores e empresa – compreende as instituições e instrumentos operacionais de natureza financeira – oportuniza a transferência de recursos entre poupadores e empresas tomadoras – é no mercado de capitais que se desenvolvem as operações de compra e venda de valores mobiliários emitidos por companhias abertas. o O mercado de capitais primário compreende as operações de subscrição de ações e outros valores mobiliários, enquanto o secundário, as compra e venda; • VALORES MOBILIÁRIOS: são títulos de investimento que a companhia emite para obtenção dos recursos que necessita – exemplo: ações, debêntures; • BOLSA DE VALORES: é uma associação civil constituída por corretoras, operando no mercado secundário de capitais – não constitui serviço público, não é órgão administrativo, mas um ente autônomo, que no exercício de seus poderes normativo e disciplinar, revela-se uma entidade de cooperação com o poder público, na medida que é auxiliar da CVM; • MERCADO DE BALCÃO: entende-se o conjunto de operações praticadas fora da Bolsa, por via de instituição financeira habilitada para atuar no mercado de capitais – é a venda de títulos fora da Bolsa, envolvendo os mercados primário e secundário de capitais; • BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS: envolvem dois tipos de negociações: a) à vista: que abrangem o ouro e mercadorias agropecuárias; b) futuros: que baseiam-se em previsões sobre como determinados mercados se comportarão nos próximos dias, semanas ou meses – as quais são transformadas em contratos e vendidos livremente na BM&F; • Governança corporativa:é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Sócios, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade (Fonte: www.ibgc.org.br). • MERCADO PRIMÁRIO: Colocação de títulos resultantes de novas emissões. As companhias podem utilizar o mercado primário para captar os recursos necessários ao financiamento de suas atividades (Fonte: www.bovespa.com.br). • MERCADO SECUNDÁRIO: Negociação de ativos, títulos e valores mobiliários em mercados organizados, onde investidores compram e vendem em busca de lucratividade e liquidez, transferindo, entre si, os títulos anteriormente adquiridos no mercado primário (Fonte: www.bovespa.com.br). • NOVO MERCADO: segmento de listagem da Bolsa de Valores de São Paulo destinado à negociação de ações emitidas por companhias que se comprometem, voluntariamente, com a adoção de certas práticas de governança corporativa e disclosure adicionais em relação ao que é exigido pela legislação (Fonte: www.bovespa.com.br). • OFERTA PÚBLICA DE AÇÕES: Distribuição de títulos e valores mobiliários junto ao público investidor e colocação junto ao público de determinado número de ações de emissão de uma companhia (Fonte: www.bovespa.com.br). • CVM: é órgão oficial, governamental (autarquia administrativa jungida ao Ministério da Fazenda, cuja função primordial consiste na fiscalização das atividades do mercado de valores mobiliários; é órgão de deliberação colegiada composta por cinco membros, nomeados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado Federal, com mandatos de 5 anos, vedado a sua recondução; • CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA: tendência centralizadora dos meios de produção cada vez mais nas mãos de um menor número de proprietários, junto com o simultâneo aumento da socialização do processo produtivo (Karl Marx). • CONCORRÊNCIA: disputa entre produtores de um mesmo bem ou serviço com vistas a angariar a maior parcela do mercado possível. Suas principais variáveis são o preço, a qualidade do produto, a disponibilidade do comércio e a imagem de que o produto goza junto aos consumidores. • CONTROLE GERENCIAL: classificação doutrinária de uma forma de controle de sociedades anônimas com participação acionária pulverizada. Nestas sociedades “sem dono” o controle societário é realizado por um órgão de administração incumbido da tarefa de gerenciar os interesses da sociedade. • Defesa da Concorrência: prevenção de concentração de empresas que tenham características anticompetitivas, e repressão destas condutas quando investigadas. O órgão que fiscaliza e regula o setor da concorrência é o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), vinculado ao Ministério da Justiça. • Globalização: processo econômico e social que estabelece a integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. • Integração econômica: os processos de integração econômica são conjuntos de medidas de caráter econômico e comercial que têm por objetivo promover a aproximação e, eventualmente, a união entre as economias de dois ou mais países. • Meios de produção: conjunto formado pelos “meios de trabalho” e pelos “objetos de trabalho”. Os meios de trabalho incluem os “instrumentos de produção” (máquinas, ferramentas), as instalações (edifícios, armazéns, silos etc.), as fontes de energia utilizadas na produção (elétrica, hidráulica, nuclear, eólica etc.) e os meios de transporte. Os “objetos de trabalho” são os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matérias-primas minerais, vegetais e animais, o solo etc.). (Karl Marx) • Mercado: grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou serviço. O Mercado Livre configura um tipo de mercado em que as partes (compradores e vendedores) agem sem que exista uma regulação e interferência estatal estrita. • PIB: O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores financeiros) de todas as riquezas finais produzidas em uma determinada região ou parcela da sociedade (qual seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano etc.). • Pulverização de capital: alta dispersão de ações de emissão de sociedades no mercado, resultando na extinção do poder acionário por maioria. • Sociedades coligadas: Sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais do capital, sem controlá-la; • Sociedades controladas: 1) Sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberações dos cotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores; ou 2) sociedade cujo controle esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas (Fonte: www.bovespa.com.br). EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 – Diferencie brevemente a sociedade anônima aberta da sociedade anônima fechada? 2 – Como se dá a formação do capital social de uma sociedade anônima? 3 – Explique o que é valor nominal de uma ação? 4 – Quais são os tipos de ações e quais são suas diferenças? 5 – Quais são as vantagens que podem ser conferidas as ações preferenciais? 6 – Explique a diferença de resgate, amortização e reembolso de uma ação? 7 – O que são debêntures? Quais são suas espécies? 8 – Como ocorre a circulação das debêntures? 9 – O que é bônus de subscrição? Como se dá sua emissão e circulação? 10 – Como se dá a assembleia de constituição de uma S/A? 11 – Qual a diferença de subscrição pública e subscrição particular? 12 – Qual a responsabilidade dos primeiros administradores de uma S/A? 13 – O que pode ocorrer com acionista remisso de uma S/A? 14 – Como se dá a responsabilidade do alienante de uma ação? 15 – Quais são os direitos essenciais dos acionistas? 16 – Explique o que é acionista controlador de uma S/A? 17 – Explique o que é acordo de acionistas? 18 – Qual é a competência privativa da assembleia geral de uma S/A? Qual o quórum de sua instalação e deliberação? 19 – O que seria o quórum qualificado de uma assembleia geral de S/A? 20 – Quais as hipóteses que o acionista pode exercer seu direito de retirada? 21 – Qual a diferença de Conselho de Administração e Diretoria? 22 – Explique se é possível diretor de S/A no Brasil ter residência no exterior? 23 – O que seria conflito de interesses numa S/A? 24 – Quais são os deveres de diretor de S/A? 25 – Qual é a responsabilidade dos administradores de uma S/A? 26 – É possível responsabilizar civilmente o administrador por suas condutas? Como? 27 – Acionista pode propor ação de responsabilidade? Explique? 28 – Explique o que é capital autorizado? 29 – Explique o que é direito de preferência de subscrição? 30 – Explique o que é uma transformação de uma S/A? Quais são os requisitos? 31 – Na transformação de uma S/A como fica o direito dos credores? 32 - Diferencie cisão, fusão e incorporação. 33 – Diferencie sociedades coligadas, controladoras e Controladas. 34- Defina sociedade subsidiária integral. Dê exemplo. 35 – É possível responsabilizar administrador de uma S/A que adquire produtos para empresa com valor superior ao de mercado, trazendo prejuízos para sociedade? Explique com fundamento legal. 36 – É possível anular decisão de uma assembleia de S/A que aceitou como integralização do capitalsocial bem de acionista, cuja aprovação se deu em virtude do próprio voto do acionista que ofereceu o bem? Justifique. 37 - Após a data da destituição, o diretor poderá ser responsabilizado pelas obrigações contraídas sob sua administração? 38 - É lícita a instalação do conselho de administração composto por não acionistas? Justifique 39 – É possível administrador fazer-se representar, por procurador, perante a companhia e, ainda, constituir mandatário da companhia para representá-la em juízo? Justifique 1 - Os acionistas da Cia Agropecuária Boi Manso, cujo capital é composto somente de ações ordinárias, decidiram adquirir uma nova propriedade para expandir a criação de gado. João Alberto, acionista detentor de 20% das ações da companhia, é proprietário de um imóvel rural e ofereceu-se para aportá-lo como capital social, razão pela qual foram nomeados por assembleia geral três peritos avaliadores que elaboraram um laudo de avaliação fundamentado e devidamente instruído com os documentos da fazenda avaliada. Convocada assembleia para a aprovação do laudo, os acionistas Maria Helena e Paulo, titulares, respectivamente, de 28% e 20% das ações divergiram da avaliação, pois entenderam-na acima do valor do mercado. A matéria, todavia, foi aprovada por maioria com o voto de Heráclito, titular de 32% das ações e o voto de João Alberto. A vista da situação fática acima, informe se Maria Helena e Paulo podem questionar a decisão da assembleia? Indique os procedimentos a serem adotados e qual a base legal utilizada na fundamentação, bem como o prazo prescricional eventualmente aplicável. 2 - Pedro é diretor presidente, estatutário, da empresa Sucupira Empreendimentos Imobiliários S.A. Sempre foi tido no mercado como um profissional honesto e sério. No exercício de suas atribuições, contratou, sem concorrência ou cotação de preços, a empresa Cimento do Brasil Ltda. de seu amigo João. Esta empresa seria responsável pelo fornecimento de cimento para a construção de um hotel, na Barra da Tijuca, com vista a atender a demanda por leitos em função dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo. Pedro não recebeu qualquer contrapartida financeira por parte de João em virtude da aludida contratação, mas não efetuou as análises devidas da empresa Cimento do Brasil Ltda., limitando-se a confiar em seu amigo. O preço contratado para o cimento estava de acordo com o que se estava cobrando no mercado. Entretanto, a qualidade do material da Cimento do Brasil Ltda era ruim (fato de notório conhecimento do mercado), impedindo que ele fosse utilizado na obra. Outro fornecedor de cimento teve de ser contratado, causando atrasos irrecuperáveis e prejuízos consideráveis para a empresa Sucupira Empreendimentos Imobiliários S.A. Os acionistas, indignados com a situação, procuraram você para consultá-lo se poderiam tomar alguma medida em face de Pedro. Diante dessa situação hipotética indique as medidas cabíveis e apresente os dispositivos legais aplicáveis à espécie, fundamentando e justificando sua proposição. 3 - Miguel, sócio administrador da Zeta Ferragens S.A., requereu, no prazo legal, o arquivamento de ata de assembleia geral extraordinária perante a junta comercial competente, que, não obstante o documento atender as formalidades legais, indeferiu o pedido, sob o argumento de que as deliberações tomadas pelos acionistas não obedeceram ao quórum de instalação e, por isso, seriam inválidas. Ato contínuo, Miguel procurou auxílio de profissional de advocacia para assessorá-lo na condução desse pleito. Em face dessa situação hipotética e na qualidade de advogado (procurado por Miguel, responda, de forma fundamentada, se é lícita a decisão da junta comercial e indique o regime de decisão do ato de arquivamento de ata de assembleia geral extraordinária. RESPOSTA: ART.135 – 97 E 98 4 - Considerando que acionistas que representam três quartos do capital social de certa sociedade em comandita por ações tenham, em 3/12/2008, deliberado pela destituição de um diretor, bem como pela instalação do conselho de administração, que seria composto por pessoas estranhas ao quadro de acionistas, responda, de forma fundamentada, às questões a seguir. • Após a data da destituição, o diretor poderá ser responsabilizado pelas obrigações contraídas sob sua administração? • É lícita a instalação do conselho de administração composto por não acionistas? • A referida deliberação pode ocorrer normalmente, haja vista o quorum mencionado? 5 - João e Carlos são administradores da Snob Veículos Importados S.A., pessoa jurídica com capital social de R$ 1.500.000,00 e com domicílio na cidade de Goiânia – GO. João, acionista da companhia, no último exercício social, praticou vários atos contrários à lei e ao estatuto da sociedade empresária, além de cometer atos culposos e dolosos. Contratada empresa de auditoria, foi constatado que João causara prejuízos à referida sociedade por comprar veículo por preço superior ao de mercado, vender veículos a prazo, a terceiros, sem cláusula de atualização monetária, por vender veículos com prejuízo, utilizar bens da sociedade para uso particular e usar recursos da companhia para manutenção de bens particulares. Carlos, amigo íntimo de João, mesmo tendo tomado conhecimento de todos os atos ilícitos perpetrados, não tomou qualquer atitude em relação aos fatos: não informou os demais dirigentes da companhia e nem tentou impedir as práticas de João. Contudo, Marcos e Sandoval, acionistas que representam 15% do capital social, ajuizaram ação de reparação de danos contra João e Carlos, a fim de verem reparados os prejuízos causados à Snob Veículos Importados S.A.. Em sede de contestação, os réus alegaram ilegitimidade ativa ad causam de Marcos e Sandoval; a ilegitimidade passiva de Carlos, por ele não ter praticado qualquer ato ilícito; a ilegalidade da conduta de Marcos e Sandoval, que promoveram ação de reparação de danos a despeito da decisão da assembleia geral. Arguiram, ainda, que os pedidos insertos na petição inicial seriam incertos e indeterminados e que não teriam sido praticados quaisquer atos ilícitos por parte dos administradores. Assim, o juízo competente determinou que os autores se manifestassem, no prazo de 10 dias. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) constituído(a) por Marcos e Sandoval, elabore a peça profissional que entender cabível para a defesa de seus clientes, abordando, com fulcro na doutrina e na jurisprudência, todos os aspectos de direito material e processual pertinentes. 6 - A diretoria da pessoa jurídica Companhia Editora Educativa é composta por três pessoas. Um dos diretores, Odair, decidiu, por motivos de foro íntimo, outorgar a terceiro algumas incumbências do cargo que exerce, tais como participação nas reuniões de diretoria, tomada de decisões, bem como representação da sociedade em juízo. Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, se é lícito a Odair fazer-se representar, por procurador, perante a companhia e, ainda, constituir mandatário da companhia para representá-la em juízo. 7 - Mário, administrador de sociedade anônima, descobriu que outro co-administrador, seu amigo Igor, vem agindo em proveito próprio e causando prejuízo ao patrimônio da companhia, atuando com flagrante violação do dever legal de lealdade. Mário, embora não participe do ilícito, não quer se indispor com o amigo, razão pela qual, até então, mantém-se em silêncio sobre o fato. Considerando a situação acima descrita e, ainda, a hipótese de serem revelados tais fatos por terceiros, responda, com a devida fundamentação legal, às perguntas que se seguem. Qualqueracionista da referida sociedade poderá imediatamente oferecer ação de responsabilidade contra Igor? • Mário poderá ser responsabilizado pela conduta de Igor? 8 - Com base na disciplina jurídica das sociedades anônimas, julgue os seguintes itens. I As sociedades por ações podem ser classificadas em abertas ou fechadas, considerando-se a participação do Estado em seu capital social. II A Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica em Regime especial vinculada ao Ministério da Fazenda, é responsável pela emissão de ações em mercado primário. III Ações preferenciais são aquelas que conferem ao seu titular uma vantagem na distribuição dos lucros sociais entre os acionistas e podem, exatamente por isso, ter limitado ou suprimido o direito de voto. IV As ações, as debêntures, os bônus de subscrição e as partes beneficiárias, entre outras, são espécies de valores mobiliários emitidos pelas companhias para a captação de recursos. V O valor nominal da ação é alcançado com a sua venda no ambiente de bolsa de valores. Estão certos apenas os itens A I e V. B II e III. C III e IV. D I, II, IV e V. 9 - Com base na Lei n.º 6.404/1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, assinale a opção correta acerca das características jurídicas desse tipo de sociedade empresarial. A As ações, quanto à forma, podem ser classificadas em ordinárias e preferenciais. B Nessas sociedades, apenas acionistas poderão ser simultaneamente titulares de ações e debêntures. C Os bônus de subscrição conferem direito de crédito contra a companhia, podendo conter garantia real ou flutuante. D As partes beneficiárias compõem o capital social desse tipo de sociedade, sendo permitida a participação nos lucros anuais. 10 - As sociedades anônimas A podem ser simples ou empresárias, conforme o objeto social. B estão proibidas por lei de receberem nome de pessoa física em sua denominação. C são sociedades de capitais, sendo irrelevantes as características pessoais de seus acionistas. D devem ser constituídas por, no mínimo, sete acionistas. 11 - Conforme art. 4º da Lei 6404/76, as companhias podem ser classificadas em abertas ou fechadas, dependendo se seus valores mobiliários podem ou não ser negociados no Mercado de Valores Mobiliários. Em relação aos valores mobiliários das companhias abertas e fechadas, assinale a alternativa correta. (A) Valores mobiliários são títulos que concedem a seu titular certos direitos em relação à companhia. São exemplos de valores mobiliários as ações, as debêntures, os bônus de subscrição e o certificado de valores mobiliários. (B) O Mercado de Valores Mobiliários (MVM) compreende as bolsas de valores, o mercado de balcão e o mercado de balcão organizado. Para a companhia poder negociar no MVM, deverá preencher certos requisitos e obter autorização da Comissão de Valores Mobiliários e da Junta Comercial. (C) As companhias abertas, caso queiram negociar suas ações, devem sempre fazê-lo por meio do mercado de valores mobiliários, ou seja, suas negociações serão sempre por oferta ao público em geral. (D) Partes beneficiárias são títulos emitidos tanto pela companhia aberta quanto pela fechada que dão a seu titular direito a percentual no lucro da companhia. 12 - As Sociedades Anônimas têm uma pesada estrutura, necessitando, assim, de vários órgãos para atingir seu desiderato, cada um com sua função específica. Um desses órgãos é a Diretoria, sendo seus diretores efetivamente os administradores da companhia. Esses diretores possuem alguns deveres para com a sociedade empresarial e para como mercado. Entre esses deveres encontra-se o desclosure, que é o dever (A) que os diretores possuem de convocar os acionistas para deliberar sobre determinado assunto ou vários assuntos que devem constar de uma pauta previamente escolhida. (B) de fiscalizar os gastos da sociedade e se ela está cumprindo o que está disposto no estatuto social. (C) que os administradores têm para com o mercado de informar todas as operações em que a companhia estiver envolvida e que possam influir na cotação das suas ações, das debêntures e dos valores mobiliários. (D) que os administradores possuem de agir de forma diligente, respeitando o estatuto social, de forma a não causar prejuízos aos acionistas, podendo responder deforma pessoal com seu patrimônio caso violem esse dever. 13 - A Lei das Sociedades por Ações estabelece responsabilidades para os administradores, membros do Conselho Fiscal e para o acionista controlador. A violação a tais deveres pode causar responsabilidade civil, administrativa e penal. Em relação aos deveres e responsabilidades dos administradores, conselheiros e acionistas, assinale a alternativa correta. (A) O acionista controlador é sempre o acionista majoritário, ou seja, aquele com maior número de ações da companhia, devendo usar seu poder de controle para fazer, a qualquer custo, com que a companhia tenha uma maior margem de lucro. (B) Somente nas companhias fechadas é que todos os administradores são responsáveis pelos prejuízos que causarem pelo não cumprimento dos deveres impostos pela lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, de acordo com o estatuto, tais deveres não sejam de competência de todos eles. (C) A única obrigação do acionista é a integralização de suas ações, não tendo qualquer outra responsabilidade para com a companhia. (D) Para que os administradores sejam responsabilizados pela prática de seus atos, há necessidade de se causarem prejuízos efetivos à companhia, e apenas se seus atos forem comissivos. 14 - A Saúde Vital Farmacêutica S.A. é uma companhia fechada, cuja diretoria é composta por quatro membros: Hermano, diretor presidente, Paulo, diretor financeiro, Roberto, diretor médico e Pedro, diretor jurídico. Todos possuem atribuições específicas estabelecidas no Estatuto da Companhia. Não há Conselho de Administração. Em dezembro de 2010, os acionistas apuraram que três funcionários da área financeira da Companhia desviaram, ao longo do ano, R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) das contas da companhia, promovendo saídas de capital que poderiam ser facilmente identificadas por meio de simples extratos bancários. Os extratos bancários eram enviados, mensalmente, a todos os diretores da companhia. Os acionistas da Saúde Vital Farmacêutica S.A. procuram um advogado com o objetivo de, independente das penalidades cabíveis aos funcionários, responsabilizar a administração da Companhia. A partir do caso apresentado, responda aos seguintes itens. A) Qual o procedimento judicial a ser adotado? B) Quem pode ser responsabilizado pelo desvio dos recursos? Somente Paulo ou também os demais diretores? 15 - A Assembleia Geral de S.A. Empreendimentos Turísticos, companhia aberta sediada em “X”, delegou ao Conselho de Administração a deliberação sobre a oportunidade de emissão, época e condições de vencimento de debêntures conversíveis em ações. Petrossian Participações Ltda., acionista minoritário, consultou seu advogado sobre a legalidade da deliberação. Com relação ao fato acima, assinale a alternativa que apresenta a resposta correta à consulta. A) A deliberação é válida, porque a deliberação sobre a oportunidade de emissão, a época e as condições de vencimento de debêntures conversíveis em ações pode ser delegada ao Conselho de Administração. B) A deliberação é anulável, porque a deliberação sobre a oportunidade de emissão, a época e as condições de vencimento de debêntures conversíveis em ações é privativa da assembleia geral nas companhias abertas. C) A deliberação é nula, porque a emissão de debêntures conversíveis