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Puericultura do RN

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9ª ETAPA – PEDIATRIA – PUERICULTURA DO RN: 
CHEGADA DA CRIANÇA NA FAMÍLIA: 
- Mudança dos papéis  altera dinâmica familiar  produz dúvidas, inseguranças e medo. 
 
1ª CONSULTA DO RN: 
- Deverá ocorrer na primeira semana de vida  Em RP, Projeto “Floresce uma vida”. 
- Objetivos: 
1. Verificar dificuldades no AM; 
2. Orientar e realizar Imunizações (BCG, Hepatite B). 
3. Verificar e realizar a triagem neonatal (olhinho, orelhinha, pezinho, coraçãozinho e linguinha). 
4. Estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família. 
 
CONTEÚDO DA CONSULTA: 
 Cuidados individualizados  algumas recomendações são extensivas a todos os RNs; 
 Utilização e preenchimento da Caderneta de Saúde da Criança. 
 
ANAMNESE: 
 Condições de nascimento: tipo de parto (se cesárea, eletiva ou indicação), local de parto, peso ao nascer, IG, 
Índice de Apgar (associado às condições de nascimento da criança: FC, Respiração, Tônus, Cor, Reflexo), 
Intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e tratamentos realizados. 
 Antecedentes familiares: condições de saúde dos pais e dos irmãos, nª de gestações anteriores, nª de irmãos. 
 Identificação de situações de vulnerabilidade: 
- Residente em área de risco; 
- Baixo peso ao nascer (<2.500g). 
- Prematuridade (<37s); 
- Asfixia grave ou Apgar <7 no 5ª minuto; 
- Internações/Intercorrências. 
- Mãe <18 anos; 
- Mãe com baixa escolaridade (<8 anos de estudo); 
- História familiar de morte de criança <5anos. 
- AM ausente ou não exclusivo; 
- Gestação gemelar; 
- Malformação congênita; 
- Ausência de pré natal; 
- >3 filhos morando jutos; 
- Problemas familiares ou socioeconômicos. 
- Não realização de vacinas; 
- Identificação de atraso no desenvolvimento; 
- Suspeita ou evidência de violência 
 
ALEITAMENTO MATERNO: criança alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta 
menor morbidade. 
 Promover e apoiar o Aleitamento materno; 
 Auxiliar o fortalecimento de vínculo entre os pais e o bebê; 
 Orientar a livre demanda (frequência e duração); 
 Não prescrever suplementação desnecessária; 
 
MEDIDAS PARA INCENTIVAR O ALEITAMENTO MATERNO: 
 Contato pele a pele com a mãe + amamentação precoce na primeira meia hora de vida!! 
 Orientar a mãe sobre a importância do aleitamento materno. 
 Técnica adequada (observar mamada e orientar pega). 
 
REPERCUSSÕES DO AM: 
 Diminui mortalidade na infância. 
 Proteção contra diarreia, doenças respiratórias e alergias (asma, sibilios recorrentes, dermatite atópica). 
 Redução das hospitalizações; 
 Redução da obesidade; 
 
TÓPICOS SOBRE O AM 
 Amamentação em livre demanda (hora, quantidade, tempo) + busca ativa de 3-4h. 
 Tempo suficiente para esvaziar adequadamente a mama; 
 Avaliar/orientar quanto ao uso de determinadas drogas; 
 Envolvimento da família; 
 Legislação de proteção ao AM (4m de licença maternidade)  relatório/declaração de amamentação. 
 Observação da mamada. 
 
POSICIONAMETO ADEQUADO: 
 Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo. 
 Corpo do bebê próximo ao da mãe. 
 Bebê com cabeça e tronco alinhados. 
 Bebê bem apoiado. 
 
PEGA ADEQUADA: 
 Mais aréola visível acima da boca do bebê; 
 Boca aberta como boca de peixe + lábios para fora; 
 Nariz não encosta no seio e respira livremente; 
 Bochecha enche enquanto suga; 
 Queixo encosta no seio; 
 
DIFICULDADES NO AM: 
 Bebê que não suga: 
- Coordenação da sucção inicia as 34 semanas  prematuros podem não sugar; 
- Apgar baixo, asfixia, anóxia  lesão cerebral/danos neurológicos  alteram o reflexo da sucção. 
- Situações transitórios: ex: sepse, desconforto respiratório, hipoglicemia 
 Demora da apojadura: 
- Cesáreas eletivas, problemas psicológicos (ansiedade, brigas, estresse), 
 Mamilos planos e invertidos (e outras alterações estruturais) 
- importante realizar pregas; se necessário bicos de silicone (não recomendado pela SBP), alteração 
posicionamento. 
 Ingurgitamento mamário; 
 Mastite e abscesso mamário; 
 Trauma mamilar 
- Fissuras superficiais: banhos de sol; 
- Fissuras profundas: pomadas, hidratação com leite, manter AM. 
 Candidíase; 
 “Pouco leite” e “leite fraco” 
- Verificar técnica  sucção efetiva? 
- Considerar possível atraso na apojadura; 
- Verificar condições clínicas do RN; 
- Hidratação adequada da mãe 
 Se queixa for consistente, utilizar outras técnicas como translactação, medicamentos (ex: plasil, 
domperidona, sulpirida); 
OBS: Se o RN não estiver amamentando, orientar ordenha para que haja estímulo de sucção e produção láctea. 
 
IMUNIZAÇÕES: 
- É importante verificar se o RN recebeu a 1ª dose da vacina contra hepatite B e da BCG a maternidade e será necessário 
indicar a aplicação dessas vacinas na unidade de saúde. 
 
REALIZAÇÃO DO TESTE DO PEZINHO: 
O teste do pezinho feito na criança logo após o seu nascimento, conforme estabelece o Programa Nacional de Triagem 
Neonatal permite a detecção da Fenilcetonúria, do Hipotireoidismo congênito e de Hemoglobinopatias (anemia 
falciforme e traço falciforme), doenças que podem ser tratadas, prevenindo o retardo mental (que as duas primeiras 
enfermidades podem causar) e as infecções e outras complicações que frequentemente podem ocasionar a morte de 
crianças com hemoglobinopatias. Outras detecções possíveis incluem Fibrose cística, Deficiência de Biotinidase e HAC. 
 Realizado a partir do 3ª dia de vida (quando já ocorreu ingestão adequada de proteínas e há possibilidade de 
analisar com mais segurança o metabolismo da fenilalanina) até o 7ª dia de vida. 
 
CUIDADOS COM RN: 
 Diurese  presente nas primeiras 17-36h de vida (5 a 8 vezes/dia); 
 Evacuação  99% eliminam mecônio nas primeiras 24h  qualquer frequência posterior é relativamente 
aceitável para RN em AME. 
 Sono e repouso  na primeira semana 20-22h de sono/dia  acorda 2 a 3 vezes por noite. 
 Choro 
 Cólicas  imaturidade do transito intestinal no RN. 
 
OPRIENTAÇÕES GERAIS SOBRE OS CUIDADOS COM O RN: 
 Lavagem das mãos por todas as pessoas que tem contato com o bebê; 
 Orientar a família a não permitir que pessoas fumem dentro de cada ou que aqueles que acabaram de fumar 
peguem o bebê no colo; 
 Posição supina para dormir e sua relação de proteção contra a morte súbita do lactente; 
 Orientações sobre banho (nunca estar só, deixar material necessário separado antes de iniciar o banho, checar 
temperatura da água); 
 Cuidados com o coto umbilical (limpeza com álcool 70% a cada troca de fralda)  queda entre 7-10 dias 
 Troca de fraldas + prevenção de assaduras: limpeza com gaze e água, secar adequadamente, não necessita 
utilizar pomada para assaduras. 
 Uso de chupetas  NÃO É RECOMENDADO  Risco de desmame precoce. 
 Hábitos de sono e diferentes tipos de choro (fome, desconforto, dor)  na presença de choro excessivo, avaliar: 
- Estado geral da criança; 
- História pré-natal e perinatal; 
- Momento de início e duração do choro; 
- Tensão do ambiente; 
- Hábitos de alimentação; 
- Diurese e evacuação; 
- Dieta da mãe (se estiver amamentando); 
- Refluxo gastroesofágico, HF de alergias; 
- Resposta dos pais frente ao choro; 
- Fatores que aliviam ou agravam o choro. 
 Prevenção de Acidentes 
 
EXAME FÍSICO: 
 
Peso, 
Comprimento e 
Perímetro 
- Avaliação do peso em relação ao peso de nascimento  normal uma perda de até 10% ao nascer 
com recuperação do peso de nascimento até o 15ª dia de vida. 
- PC acima ou abaixo de 2 desvios padrão pode estar relacionado a doenças neurológicas como 
cefálico. microcefalia e hidrocefalia. 
- Perda ponderaldeve ser acompanhado com melhora da técnica de amamentação  principal 
parâmetro para orientar alta da maternidade. 
- Na primeira consulta o peso nem sempre é elucidativo  diurese, evacuação, fontanelas, turgor, 
grau de hidratação são mais explícitos. 
Desenvolvimento 
social e 
psicoafetivo 
- Relacionamento mãe/cuidador e dos familiares com o bebê. 
- Marcos do desenvolvimento (ver tabela de DNPM) 
Estado Geral 
- Postura do RN (extremidades fletidas, mãos fechadas) 
- Padrão respiratório e sinais de esforço respiratório. 
- Estado de vigília 
- Sinais de desidratação e/ou hipoglicemia: pouca diurese, má ingestão, hipoatividade, letargia. 
- Temperatura axilar (36,4-37,5). 
Face - Assimetrias, malformações, deformidades, aparência sindrômica. 
Pele 
- Edema generalizado (DHPN, iatrogenia, IC, sepse) ou localizado (trauma de parto); 
- Palidez (sangramento, anemia, vasoconstrição periférica, sinal de arlequim). 
- Cianose generalizada (doenças cardiorrespiratórias) ou localizada nas extremidades ou região 
perioral (hipotermia); 
- Icterícia (atentar principalmente se iniciada nas primeiras 24h ou depois do 7ª dia de vida, se 
duração maior que 1s no RN AT e maior que 2s no RN Pré-termo)  verificar zonas acometidas 
(Zonas de Kramer) 
- Presença de assaduras, pústulas (impetigo) e bolhas palmo-plantares. 
- Milium sebáceo (nariz, testa, queixo, bochechas). 
- Eritema tóxico  áreas avermelhadas com pápulas branco-amareladas no centro. Surgem após 
48h e são resolvidas dentro de 4-5 dias  esclarecer benignidade à família. 
Crânico 
- Fontanelas: anterior mede de 1-4cm, tem forma losangular e fecha-se entre 9-18 meses (não deve 
estar fechada ao nascimento); posterior é triangular, mede cerca de 0,5 cm e fecha-se até o 2ª mês. 
Não devem estar túrgidas, abauladas ou deprimidas. 
- Craniosinostose; 
- Bossa serossanguínea  limite impreciso; 
- Cefalohematoma  respeita limites; pode ser causa de icterícia; involução mais lenta. 
Olhos 
- Edema, secreção (pode ser pelo nitrato de Ag  regressão espontânea em 24-48h; secreção 
purulenta pode indicar infecção por gonococo, clamídia e herpesvirus), tamanho; 
- Estrabismo e nistagmo lateral (comuns nesta fase, devem ser reavaliados posteriormente); 
- Teste do olhinho (reflexo vermelho)  catarata congênita e retinoblastoma. 
- Reflexo fotomotor. 
Orelhas e 
audição 
- Implantação; 
- Presença de apêndices ou orifícios pré-auriculares e fístulas  comum em malformações 
gastrintestinais. 
- Triagem auditiva. 
Nariz 
- Narinas pérveas; 
- Presença de coriza  se serossanguinolenta, pensar em sífilis. 
Boca 
- Alterações morfológicas  podem acarretar dificuldade para apega. 
- Uvula; 
- Tamanho da língua (macroglossia) e estado do feio lingual (anquiloglossia) 
- Palato: formato, presença de fendas; 
- Coloração dos lábios; 
- Presença de Pérolas de Ebstein: acúmulo de células epiteliais, desaparece em poucas semanas. 
Pescoço 
- Assimetrias e posições viciosas; 
- Torcicolo congênito  resolução espontânea em 90% dos casos. 
Tórax 
- Assimetrias  malformações cardíacas, pulmonares, de coluna ou arcabouço costal. 
- Palpação clavicular  fraturas (formação de calo ósseo em 2-3semanas). 
- Mamas (ingurgitamento e presença de secreção); 
- Sinais de sofrimento respiratório (tiragens, retração xifoidiana, batimentos de asa do nariz, 
gemidos, estridor). 
- FR (normal 40-60 ipm) e ritmo respiratório (apneias, respiração periódica). 
Cardiovascular 
- FC (120-160); 
- Pulsos em membros superiores e inferiores. 
- Ausculta cuidadosa  ritmo, sopros, localização, características. 
- Teste do coraçãozinho  Saturação pré (MSD) e pós ductal (MID ou MIE)  considerada normal 
se saturação ≥ 95% e diferença nos membros <3%  se alterado, esperar 1 h e repetir o exame  
se permanecer alterado, realizar ecocardiograma. 
- Avaliar presença de cianose, abaulamento precordial, turgência jugular, ictus cordis. 
Abdome 
- Inspeção: globoso (normal), respiração abdominal, distensões (presença de liquido, distensão 
gasosa, visceromegalias, obstrução ou perfuração abdominal), escavações (hérnia diafragmática). 
* Hérnias inguinal: aumento do volume da bolsa não acompanhado do testículo, incidência de 3-5% 
(7-10% em prematuros), geralmente tipo indireta; indicação cirúrgica imediata pelo risco de 
encarceramento ou estrangulamento. 
* Hérnia umbilical: protrusão de alças intestinais por frouxidão da musculatura do reto abdominal; 
incidência é maior em nefros, prematuros e mulheres; aguarda-se regressão espontânea até 12 
meses. 
 
- Palpação: fígado pode estar até 3cm do RCD; diástase de retos abdominais; 
- Granuloma umbilical: presença de tecido de granulação resultante da persistência de pequena 
porção do coto  resolvido com uso de nitrato de prata ou cauterização  se região umbilical 
estiver vermelha, edemaciada, com secreção fétida, investiga onfalite (emergência). 
 
Genitália 
♂: 
- Meato uretral e jato urinário: hipospádia, epispádia, fimose (fisiológica ao nascimento); 
- Palpar testículos  podem não ser palpáveis em bolsa escrotal até 3 meses de vida. 
- Presença de hidrocele (acúmulo de liquido peritoneal ao redor do testículo)  teste da 
transiluminação positivo  Não comunicante resolve em 2 meses; Comunicante necessita de 
resolução cirúrgica. 
- Tamanho do pênis (>4,2 cm anormalidades). 
 
♀: 
- Grandes lábios, pequenos lábios, clitóris, vagina, uretra, hímen perfurado; 
- Sangramento vaginal alguns dias após o nascimento é decorrente de queda dos níveis hormonais 
 não é considerado patológico. 
- Presença de vérnix. 
Ânus e reto 
- Permeabilidade (aspecto aparente); 
- Posição do orifício; 
- Presença de fissuras; 
Sistema 
osteoarticular 
- MMSS e MMII  extensão, flexão, possibilidade de flacidez excessiva e suposta presença de 
paralisia. 
- Pé torto  posicional (corrigido espontaneamente ou com imobilização) ou congênito. 
- Manobras de Ortolani  indicar USG se positivo. 
- Avaliação da coluna vertebral  mielomeningocele, pit sacral (associado a espinha bífida); 
Avaliação 
neurológica 
- Reflexos do RN (sucção, preensão palmo-plantar e Moro); 
- Postura de flexão generalizada e lateralização da cabeça até o final do 1ª mês. 
- Presença de movimentos normais e espontâneos;

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