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Psicodiagnóstico: Avaliação Clínica

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PSICODIAGNÓSTICO
Segundo Cunha (2007, p. 23): “Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais. É um processo que visa a identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com um foco na existência ou não de psicopatologia.”
Tem histórico da tradição médica da psicologia e da tradição psicométrica, porém isso tem se modificado ao longo do tempo;
Aplicações: quando há encaminhamento de médicos, juízes, advogados, instituições e até mesmo dos pais quando desconfiam de algo a ser investigado pelo psicólogo;
É um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso.
É um processo científico, porque deve partir de um levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou infirmadas através de passos predeterminados e com objetivos precisos. Tal processo é limitado no tempo, baseado num contrato de trabalho entre paciente ou responsável e o psicólogo, tão logo os dados iniciais permitam estabelecer um plano de avaliação e, portanto, uma estimativa do tempo necessário (número aproximado de sessões de exame).
O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los.
O DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO PODE SER REALIZADO:
Pelo psicólogo, pelo psiquiatra (e, eventualmente, pelo neurologista ou psicanalista), com vários objetivos (exceto o de classificação simples), desde que seja utilizado o modelo médico apenas, no exame de funções, identificação de patologias, sem uso de testes e técnicas privativas do psicólogo clínico;
Pelo psicólogo clínico exclusivamente, para a consecução de qualquer ou vários dos objetivos, quando é utilizado o modelo psicológico (psicodiagnóstico), incluindo técnicas e testes privativos desse profissional;
Por equipe multiprofissional (psicólogo, psiquiatra, neurologista, orientador educacional, assistente social ou outro), para a consecução dos objetivos citados e, eventualmente, de outros, desde que cada profissional utilize o seu modelo próprio, em avaliação mais complexa e inclusiva, em que é necessário integrar dados muito interdependentes (de natureza psicológica, médica, social, etc.).
OBJETIVOS DO PSICODIAGNÓSTICO:
Determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas iniciais;
 Levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc. Sobre o sujeito e pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes complementares;
Colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando reconhecer denominadores comuns com a situação atual, do ponto de vista psicopatológico e dinâmico;
Realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo), eventualmente complementado por outras fontes (exame objetivo);
Levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do exame;
Estabelecer um plano de avaliação;
Estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável;
Administrar testes e outros instrumentos psicológicos;
Levantar dados quantitativos e qualitativos;
Selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os objetivos do exame, conforme o nível de inferência previsto, com os dados da história e características das circunstâncias atuais de vida do examinando;
Comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes), propondo soluções, se for o caso, em benefício do examinando;
Encerrar o processo.
PASSOS DO PSICODIAGNÓSTICO
Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame;
Planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
Integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame;
Comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo.
O PROBLEMA
Já que os sintomas estão presentes quando os limites da variabilidade normal são ultrapassados, o psicodiagnóstico se faz necessário quando se tem um problema fundamental.
Então, se considerarmos a aparente continuidade entre ajustamentos que as mudanças de rotina impõem, os estados emocionais associados a acontecimentos da vida diária, as reações a situações estressantes frequentes e os sintomas iniciais de um transtorno mental, evidencia-se a dificuldade de julgar quando se configura um problema que necessita de uma avaliação clínica.
Em crianças, essa dificuldade pode ser sentida por ela, porém são as pessoas que convivem com ela que buscarão o psicodiagnóstico. Cabe ao psicólogo examinar as circunstâncias que precederam a consulta, avaliar as maneiras de perceber o problema e delimitá-lo, atribuindo a sinais e sintomas sua significação adequada.
Um problema é identificado quando são reconhecidas alterações ou mudanças nos padrões de comportamento comum, que podem ser percebidas como sendo de natureza quantitativa ou qualitativa.
Num sentido lato, psicodiagnóstico consiste, sobretudo, na identificação de forças e fraquezas no funcionamento psicológico e se distingue de outros tipos de avaliação psicológica de diferenças individuais por seu foco na existência ou não de psicopatologia. Ou seja, para se fazer psicodiagnóstico não precisa ter psicopatologia já existente, mas sim querer investigar sobre isso ou outro aspecto.
Independentemente da causa original do problema, deve ser considerada no momento como uma manifestação de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica no indivíduo. Comportamentos socialmente desviantes não são considerados transtornos mentais, a não ser que se caracterizem como sintoma de uma disfunção;
A partir dessa conceituação, vê-se que é clara a exigência de uma associação com sofrimento ou incapacitação ou, ainda, com risco de comprometimento ou perda de um aspecto vitalmente significante. Em segundo lugar, fica evidente que os sintomas devam ser comportamentais ou psicológicos, embora possa haver uma disfunção biológica. Em terceiro lugar, esse conceito descaracteriza os serviços e os membros da comunidade de saúde mental como agentes de controle social, no momento em que considera que um conflito entre indivíduo e sociedade pode ser identificado como um desvio, condenável pelos padrões sociais, mas que, por si, não é tido como transtorno mental, a menos que, ao mesmo tempo, constitua o sintoma de uma disfunção.
A PSICOTERAPIA DE CRIANÇAS
Na entrevista, é importante o analista estar atento a uma programação prévia, às vezes, antes da concepção, que os pais fazem em relação ao filho, determinando a ocupação de lugares no âmbito familiar, o desempenho de certos papéis ao longo da vida futura, desejos de que o filho vá preencher expectativas deles, pais, e assim por diante, tentando modelar a criança à sua imagem, feição, discurso e desejo. 
Piera Aulagnier = discurso pré-enunciado do eu
Lugar no desejo dos pais
CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS
A criança está em pleno período de transformações constantes e rápidas; daí que a instabilidade é a sua maior característica.
Dentre as transformações, físicas e psíquicas, é importante levar em conta que ela está em processo de maturação neurobiológica, que varia de criança para criança, de modo que o terapeuta não pode exigir tarefas (como usar adequadamente o banheiro, fazer recortes, amarrar os sapatos, etc.) para as quais ela ainda não está preparada.
As crianças costumam reagir a certos estímulos, de forma imediata, com ansiedades às vezes intensas.
Elas, ora sãocaladas e inertes, ora apresentam uma profusão de material verbal, pré-verbal e para verbal, por meio de narrativas, jogos, desenhos, personificações, etc. Aliás, mesmo quando a criança já atingiu o uso efetivo da linguagem, a expressão de suas fantasias e sentimentos subjacentes se faz predominantemente por canais não-verbais de comunicação.
É grande a facilidade de a criança contrair um vínculo transferencial com o analista.
Igualmente, é bastante frequente a manifestação de actings.
A dependência da criança em relação aos pais é total e absoluta.
Outra característica notória das crianças é que fazem uma experimentação continuada, por meio de alguns testes, no sentido de verificar como é o seu terapeuta, além de suas recorrentes tentativas de levar o analista a dar uma resposta já conhecida, ou para levá-lo a encenar um determinado tipo de papel.
SOBRE A TERAPIA
As crianças não demandam terapia, mas devem ser informadas pelos pais, com convicção e verdade, de que vai consultar com uma pessoa especialista e por que vai à consulta.
Indicações = caráter preventivo ou quando se detecta alguma disfuncionalidade
Contrato = Deve ser feito com os pais (quando se trata de crianças maiores, grande número de analistas infantis prefere fazer o contrato na presença do pequeno paciente), no que se refere aos horários, honorários, assunção da responsabilidade no caso de faltas, tempo de duração da sessão, plano de férias, participação dos pais. O importante é que cada um desses aspectos fique suficientemente claro para todos, caso contrário uma porta fica aberta para futuras complicações. Também é útil que o analista confira com os pais quais são as expectativas dos mesmos em relação ao tratamento.
O SETTING
O clima reinante no setting (enquadre) deve ser o de liberdade para que a criança possa brincar, jogar, falar, movimentar-se, rolar pelo chão, cantar, pintar, gritar, desenhar, escrever, rasgar, fazer coisas e expressar-se à sua moda, sem outras restrições que aquelas impossibilitadas por razões práticas e pela necessidade de o analista preservar a sua integridade física.
Para manter a integridade material do consultório, o local de atendimento deve ser especialmente preparado com o preenchimento dos requisitos básicos que assegurem a proteção, principalmente da própria criança (a sala de atendimento deve ser clara e suficientemente espaçosa; um mínimo de móveis simples, resistentes e confortáveis; uma pia com água; tapete que possa ser removido e facilmente lavado; uma espécie de quadro negro e alguma outra coisa mais).
Deve-se preservar a neutralidade. Também, respeitar os “combinados” com a criança. Isso visa a construir confiabilidade, regularidade e estabilidade, além do fato de que auxiliam a criança a estruturar ordem, discriminação, limites, orientação espacial e temporal, além de uma adaptação à realidade.
OS PAIS
São parte integrante do setting. Os kleinianos os mantinham distante, porém isso se modificou. São importantes aliados no bom resultado da psicoterapia.
Mantê-los como participantes possibilita a formação de muitas oportunidades para a observação de desempenho de papéis, possíveis transtornos da comunicação e a emergência de transferências e de dissociações com as respectivas identificações projetivas de uns nos outros. O analista deve estar suficientemente bem-preparado para reconhecer e manejar tais situações.
A CAIXA LÚDICA
Existe na sala do terapeuta infantil a presença da caixa de brinquedos que possibilita que a criança que ainda não tem satisfatórias condições de expressar se verbalmente, ou que ainda está muito inibida, possa utilizar a linguagem por meio de montagens, desenhos, das histórias que cria e os papéis que ela confere aos personagens, a forma de brincar com os brinquedos e a utilização que as crianças menores empregam nas narrativas baseadas no “faz-de-conta-que...”, aliás, uma excelente via para o conhecimento das fantasias inconscientes. 
Cabe particularizar que os desenhos, modelagens e pinturas permitem perceber a força expressiva contida nas cores, nas proporções, nos limites que as figuras humanas desenhadas guardam em relação com o espaço do papel (que podem definir a importante discriminação de seus limites corporais, do seu “eu”, em relação ao mundo exterior), etc.
RESISTÊNCIA-CONTRA-RESISTÊNCIA
Razões possíveis para a resistência:
A resistência da criança pode estar significando a ocorrência de alguma falha no entendimento e no manejo por parte do analista.
De modo geral, as resistências da criança na análise expressam como se comportam em casa e se constituem como um indicador dos mecanismos que estão forjando a estruturação de sua personalidade. Por exemplo, a criança pode estar agredindo continuadamente ao terapeuta, sob forma verbal ou conductual, como forma de testar, ao máximo possível, a sua capacidade de continente, a sua capacidade de sobreviver aos ataques sem desmoronar ou revidar.
Importante mesmo é a possibilidade de o analista, consciente ou inconscientemente, formar um conluio de acomodação no que tange à análise de determinados aspectos e condutas significativas, preferindo ficar unicamente em uma condição de amiguinho.
A presença da resistência, na análise de crianças, adquire uma característica singular, pelo fato de que, em um grande número de vezes, trata-se uma dupla resistência, isto é, a que é própria da criança e aquela que procede dos pais, às vezes de forma acintosa e outras, muito sutil.
TRANSFERÊNCIA-CONTRATRANSFERÊNCIA, COMUNICAÇÃO E ACTINGS
Às vezes, o terapeuta pode ficar na condição de elemento entre os pais;
Às vezes pode ser levado a fazer um conluio com os pais contra a criança e às vezes ser chamado à função de maternagem;
Em geral, a maioria das crianças estabelecem uma boa transferência com o terapeuta.
Comunicação = se dá para além da via do verbal
Actings = são mais maciças que a maior parte de adultos. Assim, como foi assinalado, um dos actings mais comuns é a tentativa da criança (e, às vezes, consegue) de levar o analista a ter uma relação complicada com os pais, com todas as consequências previsíveis. Outras vezes existe um conluio inconsciente da criança com os pais, ou com um deles, contra o analista, para garantir que não será desfeito um vínculo, por exemplo, fortemente simbiótico.
INTERPRETAÇÃO
A atividade interpretativa vai além da revelação de fantasias inconscientes da criança, com as suas respectivas consequências.
Uma significativa importância é conferida aos significados que a criança conferiu ao discurso dos pais, de como ela captou os desejos conscientes e/ou inconscientes deles, e quais são os papéis que ela está cumprindo (ou não) para atender (ou contrariar) as expectativa que os pais depositam nela, além, é claro, de analisar as identificações que estão se formando com os pais, notadamente aquelas que estão adquirindo uma natureza patogênica.
Em alguns casos, pode ocorrer da criança para levar o analista a praticar contra atuações, e sair de seu papel e lugar. Nessas condições, não adianta o analista querer formular as interpretações clássicas, o que só vai aumentar a agressividade dessa criança irada.
Nesses casos é indicado: continência, paciência, firmeza, sobrevivência aos ataques e um sentimento, autêntico, que, apesar de tudo, ele consegue transmitir ao seu pequeno paciente que gosta, compreende e acredita nele!

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