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Evolução Tecnológica na Fotografia Prof. Me Guto Nunes Surgimento e Evolução da Fotografia • Um longo caminho foi percorrido pela humanidade até se chegar na invenção de Daguerre, passando pela criação e desenvolvimento da câmara escura, que é o princípio básico da fotografia, até o uso de produtos químicos, principalmente sais de prata, para se fixar a imagem em determinada superfície. • De mecanismos demorados, complicados e obsoletos, como eram o daguerreótipo e outros processos similares de captura de imagem, a fotografia deu um salto, em 1888, com a criação da primeira câmera fotográfica comercial, criada por George Eastman, a Kodak No1. Este segundo momento da fotografia, utilizando filmes fotográficos, permitiu a pessoas comuns o acesso ao registro de imagens e dominou a história da fotografia por mais de um século. KODAK Nº1 • O terceiro momento de grande importância na história da fotografia surgiu da necessidade de se ver na hora as imagens que eram fotografadas. Surge a fotografia instantânea, através da câmera Polaroid, idealizada em 1948 pelo inventor e físico Edwin Land. A passos largos... • A fotografia analógica, tanto a instantânea quanto a de filme, havia se tornado popular e ocupava um espaço único na sociedade no final do século XX. Mas os equipamentos evoluíram, as residências passaram a ser abastecidas por computadores, telefones sem fio. Meios de transporte e comunicação cada vez mais rápidos, tanta tecnologia que a própria fotografia começou a se tornar obsoleta. • A sociedade em modernização encontrava muitos problemas para fotografar nas décadas finais do século XX: os papéis fotográficos instantâneos eram caros, as fotografias não eram de alta qualidade e não permitiam reprodução. Os filmes em negativo demoravam a serem revelados, dependiam de investimento tanto para aquisição do filme quanto para revelação e nestes dois modos de fotografar existia o risco de ocorrer algum erro na hora de fazer a foto, perdendo assim tanto o dinheiro quanto a fotografia. • É neste contexto que surge a fotografia digital. As primeiras imagens digitais vêm da Guerra fria, do programa espacial norte americano. As primeiras imagens sem filme registraram a superfície de Marte e foram capturadas por uma câmera de televisão a bordo da sonda Mariner 4, em 1965. Eram 22 imagens em preto e branco de apenas 0,04 megapixels, mas que levaram quatro dias para chegar à Terra. (PATRÍCIO, 2011, p. 60) Estas imagens digitais de Marte, embora tivessem sido o embrião de uma g r a n d e i n o v a ç ã o tecnológica, não surgem com este propósito, mas devido a uma necessidade e s p e c í fi c a d a q u e l e momento; seria totalmente inviável a sonda fazer imagens analógicas do planeta visinho e retornar à Terra para que estas pudessem ser reveladas. • Dez anos depois de ter-se feito as imagens em Marte, a Kodak apresenta o primeiro protótipo de câmera sem filme. Pesava quatro quilos e gravava imagens em uma fita cassete. • Mas a primeira câmera digital comercial da história foi lançada pela Sony em 1981. Esta câmera, a Mavica, capturava imagens de 0,3 megapixels e tinha capacidade de armazenar até 50 fotos (AYRES). Era um produto totalmente voltado para as classes mais altas (a Mavica custava cerca de U $$12.000,00 dólares), com fotografias de qualidade tão baixa que ela poderia ser considerada um produto de luxo, pouco funcional. • A fotografia digital também contribuiu para o fotojornalismo, pois os equipamentos atuais transferem as imagens instantaneamente para o computador, de modo que estas podem atualizar websites e portais jornalísticos em tempo real. A fotografia digital também permite enviar uma imagem para qualquer lugar do mundo pela internet, sem a demora e os riscos dos meios de transporte convencionais ao enviarem uma imagem em papel fotográfico ou negativo. A Tecnologia Digital e a Banalização da Fotografia A fotografia digital surgiu de forma muito precária, com equipamentos de baixa qualidade e preço alto, se comparada com as câmeras analógicas. Mas surgiu para atender necessidades da sua época, e três décadas após o lançamento da primeira câmera digital comercial surgiram no mercado equipamentos compactos, de alta qualidade, presentes não apenas na própria câmera, mas em dispositivos eletrônicos móveis, como celulares e tablets. Além do grande número de câmeras e fotografias que se vê, percebe-se também que fotografar é hoje uma atividade quase que obrigatória em determinados momentos, como viagens e festas. A câmera digital facilitou fotografar estes eventos em quantidade, no sentido de que o fotógrafo pode tirar inúmeras imagens semelhantes, sem se preocupar em trocar o filme e sem gastos com revelação. Contudo, desta forma é muito fácil obter-se uma fotografia de qualidade duvidosa, além de ser lançada no mundo uma quantidade imensa de imagens, muitas das quais não chegará a ser impressa. A primeira câmera para as massas foi lançada em 1990. Era a Kodak Brownie, uma câmera feita de papelão que tirava oito fotografias por filme e podia ser adquirida por um dólar. Além de pequena e barata, a Brownie era de fácil manuseio. A fotografia é um dos meios de comunicação visual que alcança boa parcela da sociedade e que possui uma grande credibilidade junto à mesma, devido ao seu contexto histórico social. Em decorrência do forte desenvolvimento tecnológico alcançado pelas indústrias, a máquina fotográfica tornou-se um bem de consumo de relativa acessibilidade à população. Com custos reduzidos e com uma forma cada vez mais compacta, a câmera fotográfica é um objeto presente no cotidiano da sociedade, tendo deixado, há tempos, de ser item exclusivo de profissionais da área. (KAWAKAMI, 2012 p. 169) A fotografia vem se tornando banal não apenas pela quantidade de imagens ou pela qualidade técnica destas, mas também pelos temas retratados e pelos motivos que levam o indivíduo a fotografar. No início do século XX, quando a atividade fotográfica ainda estava se tornando algo para o público, os temas mais comuns de seres fotografados eram retratos de família e momentos importantes, como casamentos, explica Sontag: “Nas primeiras décadas da fotografia, esperava-se que as fotos fossem imagens idealizadas. Ainda é esse o objetivo da maioria dos fotógrafos amadores, para quem uma bela foto é uma foto de algo belo, como uma mulher, um pôr-do-sol” (SONTAG, 2004, p. 40). Por outro lado, apesar da popularização da fotografia ter provocado sua banalização, ocorre a democratização desta. Por mais que surjam inúmeras imagens, com pouca qualidade técnica e temas comuns, as pessoas estão tendo maior acesso a equipamentos fotográficos e estão podendo registrar cenas e momentos que desejam. Afinal, esta é a intenção da maioria destes fotógrafos. E neste maior acesso aos equipamentos, por vezes descobre-se um fotógrafo com habilidade que se destaca por fazer boas fotos, que provavelmente não teria chegado à fotografia se não fosse pelas facilidades de acesso. Barthes recomenda ao fotógrafo inovar, ir além das capacidades e das circunstâncias que fazem a foto. Não banalizar a imagem e a atividade fotográfica seria buscar novos meios, novos temas e maneiras de fotografar. Talvez para o fotógrafo amador a única coisa que interesse seja a fotografia final, de algum tema comum do qual goste, sem importar o caminho percorrido para se chegar a esta imagem. Com uma câmera digital simples e seguindo este caminho ele vai obter o que deseja, mas dificilmente conseguirá uma imagem “surpreendente”, que vá além de suas expectativas. Fotografia como Arte Os artistas que criticavam a fotografia artística não compreendiam que as câmeras, os suportes e assubstâncias químicas utilizadas pelos fotógrafos eram semelhantes, na mesma proporção, aos seus pincéis, telas e tintas, e que o fotógrafo precisa de habilidade e olhar artístico para conseguir um bom enquadramento, escolher o melhor ângulo, proporcionar uma iluminação adequada, entre outros detalhes essenciais para se obter uma boa imagem. Picturialismo Alguns fotógrafos amadores desejavam criar um estilo para a fotografia a partir do que eles consideravam arte, ou seja, aproximá-la da pintura. Surge então, entre as décadas de 1890 e 1920, uma vanguarda: o pictorialismo, que trabalhava com intervenções sobre as imagens fotografadas e adicionavam a elas cores, visto que naquela época as fotos eram em preto e branco. “Os pictorialistas acreditavam que, para a fotografia ser reconhecida como arte, deveria se utilizar dos princípios já consagrados pela beaux- arts (belas artes). Mesmo em retratos, à primeira vista, a procura mor pela fidedignidade que somente a fotografia propiciava, poses forçadas do campo da pintura serão incorporados a esse novo modo de ver o mundo, além dos próprios cenários”. (OLIVEIRA, 2012, p. 117) A Fotografia dentro da Arte Contemporânea “Na fotografia artística contemporânea a temática, a composição, a mensagem, as emoções, as influências, as tendências da expressão artística são comuns às da pintura. Assim, e tendo por base este preceito e a ressalva das técnicas e dos materiais, o que distingue a fotografia artística da pintura é o “clik” da máquina fotográfica”. (TAVARES, 2009, p. 124) Para exemplificar a fotografia dentro da arte contemporânea, foi utilizado o fotógrafo canadense Gregory Colbert e seu trabalho mais famoso, Ashes and Snow, uma série composta por fotografias, filmes e um romance em forma de cartas, criada em 1992. As imagens procuram mostrar a integração do ser humano com os animais de forma natural, e foi produzida em vários lugares diferentes, como Antártida, Índia, Namíbia, Tailândia, Austrália, Tonga, entre outros. O charme da Lomografia Na lomografia fotografa-se ao acaso, de forma espontânea, sem se preocupar com o resultado. A experimentação é uma das maiores marcas deste movimento, com a junção de diferentes câmeras, filmes, filtros, lentes e técnicas, como dupla exposição, para se chegar a resultados não obtidos com câmeras digitais, ou mesmo com câmeras analógicas comuns.“Inicialmente, a fotografia, para surpreender, fotografa o notável; mas, em breve, por meio de uma reviravolta conhecida, ela decreta que é notável aquilo que fotografa. O <não importa o quê> torna-se então o cúmulo sofisticado do valor.” (BARTHES, 2009, p. 43) Reflexão… Quando foi criada, a fotografia de forma alguma passou despercebida aos olhos da sociedade da época; para alguns cientistas e inventores representou um novo ramo para estudo, trabalho e aperfeiçoamento. Para os pintores significou uma ameaça, fazendo com que estes se forçassem a decidir se gostariam de unir à nova atividade ou criar um novo estivo de pintura. Para a população em geral representou a possibilidade de ser retratado, com fidedignidade e certa acessibilidade, privilegio que antes, com a pintura, estava restrito apenas à nobreza. Após passar por diferentes estágios, a fotografia se tornou digital, passando a ser gravada não mais em um suporte sensibilizado por sais de prata, nem tendo a necessidade de revelação para que a mesma pudesse ser vista. Sem revelação, consequentemente, com menores custos para a produção, a tecnologia digital se difundiu, chegando a se popularizar. #PorÔjeÉsó…
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