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Unidade_III_-_Linguagem_da_TV_e_do_video

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Linguagem da TV e do video
Televisão e modos de aprender
Ms. Leonice Vieira de Jesus Paixão
Licenciatura em Pedagogia
Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES
Pró- Reitoria de Ensino – Coordenadoria de Ensino Superior
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Objetivo: 
Refletir sobre as características da comunicação desenvolvida pela televisão e outros meios.
Desenvolver habilidades e atitudes para compreender seus processos, resistir a eles quando for o caso e utilizá-los colaborativamente
Para tanto: 
Identificar as características da comunicação pela televisão e pelo vídeo.
Compreender a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar-se dos cidadãos.
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A imagem televisiva superpõe linguagens e mensagens, somando-as, sem entretanto separá-las. Isso facilita a interação com a audiência e aumenta seu poder de influência. 
Somos tocados pela comunicação televisiva sensorial, emocional e racionalmente.
Sua linguagem poderosa, dinâmica, responde tanto à sensibilidade das crianças e dos jovens quanto à dos adultos, dirigindo-se antes à afetividade que à razão, interferindo nas atividades perceptivas, imaginativas e comportamentais.
Somos todos .educados. pela mídia, embora não somente por ela. 
Na escola podemos compreender e incorporar mais e melhor as novas linguagens, desvendando seus códigos, suas possibilidades expressivas e possíveis manipulações.
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A TV fala primeiro aos sentimentos, às emoções “o que você sentiu”,não o que você conheceu. 
As idéias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva. 
A televisão mexe com o emocional,com as nossas fantasias, desejos, instintos. 
A imagem, palavra e música integram-se dentro de um contexto comunicacional afetivo,de forte impacto emocional, que facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as mensagens.
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A concorrência das emissoras pela preferência do público aos seus programas - índice de audiência.
na procura desesperada pela audiência imediata e fiel, a TV desenvolve estratégias e fórmulas de sedução mais e mais aperfeiçoadas:
o ritmo alucinante das transmissões ao vivo, 
a linguagem concreta,
plástica, visível. 
A televisão combina imagens estáticas e dinâmicas, imagens ao vivo e gravadas, imagens de captação imediata, imagens referenciais (registradas diretamente com a câmera) com imagens criadas por um artista no computador. 
Junta imagens sem ligação referencial (não relacionadas com o real) com imagens .reais. do passado (arquivo, documentários) e mistura-as com imagens .reais. do presente e imagens do passado .não-reais.. 
Passa com incrível facilidade do real para o imaginário, aproximando-os em fórmulas integradoras, como nas telenovelas.
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A eficácia de comunicação dos meios eletrônicos, em particular da televisão, deve-se: 
à capacidade de articulação, 
de superposição 
e de combinação de linguagens totalmente diferentes . imagens, 
falas, 
música,
Escrita, com uma narrativa fluida, uma lógica pouco delimitada, 
gêneros, conteúdos e limites éticos pouco precisos, o que lhe permite alto grau de ambigüidade, de interferências por parte de concessionários, produtores e consumidores.
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A imagem na televisão, no cinema e no vídeo é sensorial, sensacional e tem um grande componente subliminar, isto é, passa muitas informações que não captamos conscientemente. 
Nosso olho nunca consegue captar toda a informação. Então escolhe um nível que capte o essencial, o suficiente para dar um sentido ao caos e organizar a multiplicidade de sensações e dados. Foca a atenção em alguns aspectos analógicos, nas figuras destacadas, nas que se movem, e com isso conseguimos acompanhar uma estória. Mas dessa maneira, deixamos de lado inúmeras informações visuais e sensoriais que não são percebidas conscientemente.
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E de onde vem a força da linguagem audiovisual?
Ela está em conseguir dizer muito mais do que captamos, chegar simultaneamente por mais caminhos do que conscientemente percebemos. Encontra dentro de nós uma repercussão em imagens básicas, centrais, simbólicas, arquetípicas, com as quais nos identificamos ou que se relacionam conosco de alguma forma.
A televisão e vídeo partem do concreto,
do visível, do imediato, próximo, que toca todos os nossos sentidos.
Podemos mesmo afirmar que a TV e o vídeo mexem com o corpo, com a pele tocam-nos como tocamos os outros, estão ao nosso alcance por meio dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, a nós mesmos.
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Televisão e vídeo exploram também e basicamente o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo.distante, alto, baixo, direita.esquerda,grande.pequeno, equilíbrio.desequilíbrio). 
Desenvolvem um ver entrecortado, com múltiplos recortes da realidade, por meio dos planos e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. 
Um ver que está situado no presente, mas que o interliga não linearmente com o passado e com o futuro.
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O ver está, na maior parte das vezes, apoiando o falar, o narrar, o contar estórias. A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de como as pessoas se comunicam habitualmente. 
Os diálogos expressam a fala coloquial, enquanto o narrador (normalmente em off) .costura, as cenas, as outras falas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. 
A narração falada ancora todo o processo de significação.
A música e os efeitos sonoros servem como evocação, lembrança (de situações passadas), ilustração . associados a personagens do presente, como nas telenovelas . e criação de expectativas, antecipando reações e informações.
O vídeo é também escrita. Os textos, as legendas, as citações aparecem cada vez mais na tela, principalmente nas traduções (legendas de filmes) e nas entrevistas com estrangeiros. 
Escrever na tela hoje é fácil, em função do gerador de caracteres, que permite colocar na tela textos coloridos, de vários tamanhos e com rapidez, fixando ainda mais a significação atribuída à narrativa falada
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TV e vídeo são sensoriais, visuais, linguagem falada, linguagem musical e escrita. 
Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas,não separadas. 
Atingem-nos por todos os sentidos e de todas as maneiras. 
Televisão e vídeo seduzem-nos, informam-nos,entretêm-nos, projetam-nos em outras realidades (no imaginário) e em outros tempos e espaços.
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Televisão e vídeo combinam a comunicação sensório-cinestésica com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão.
Integração que começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.
É uma comunicação poderosa. 
As novas tecnologias de multimídia e realidade virtual estão tornando o processo de simulação exagerado ao ponto de confundir-se com a experiência, explorando-o até limites antes inimagináveis.
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TV e vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das pessoas, tanto crianças como adultas. 
O ritmo torna-se cada vez mais alucinante (por exemplo nos videoclips). 
A lógica da narrativa não se baseia necessariamente na causalidade, mas na contigüidade, em colocar um pedaço de imagem ou estória ao lado da outra. 
A sua retórica conseguiu encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à nossa sensibilidade. 
Na TV e no vídeo usa-se uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos.
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Se você prestar atenção, vai notar que os temas são pouco aprofundados, explorando os ângulos emocionais, contraditórios, inesperados.
Passam a informação em pequenas doses (compacto), organizadas em forma de
mosaico (rápidas sínteses de cada assunto) e com apresentação variada (cada tema dura pouco e é ilustrado). 
A ligação frágil entre esses segmentos permite inúmeras conclusões, que variam conforme as diferenças individuais, aumentando a imprevisibilidade das respostas e a autonomia da compreensão. Quando a conexão entre as partes da mensagem não é trabalhada satisfatoriamente, corre-se o risco de uma apreensão dogmática da mesma.
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As mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo). Começamos a ter maior possibilidade de interação:
televisão bidirecional;
 jogos interativos; 
navegar pelas imagens 
e por bancos de dados da Internet; 
acessar a Internet pela televisão 
e realizar inúmeros serviços virtuais na tela: compras, comunicação, aulas. 
A possibilidade de escolha e participação e a liberdade de canal e acesso facilitam a relação entre você (espectador) e os meios.
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As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da maioria da população adulta. 
São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. 
O jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender. 
Toda a sua fala é mais sensório-visual do que racional e abstrata. 
Lê, vendo.
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A linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e atribui à afetividade um papel de mediadora primordial, enquanto a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica.
Na organização da narrativa televisiva, principalmente a visual, não se baseia somente na lógica convencional, na coerência interna, na relação causa-efeito, no princípio de não-contradição, mas sim numa lógica mais intuitiva, mais conectiva. 
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Imagens, palavras e música vão se agrupando segundo critérios menos rígidos, mais livres e subjetivos dos produtores. 
Em contrapartida, a lógica da recepção também é menos racional, mais intuitiva.
Um dos critérios principais é a contigüidade, a justaposição por algum tipo de analogia, de associação por semelhança ou por oposição, por contraste. Ao colocar pedaços de imagens ou cenas juntas, em seqüência, criam-se novas relações, novos significados, que antes não existiam e que passam a ser considerados aceitáveis, naturais, normais.
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Quando juntamos dois fatos, dois objetos, podemos produzir um novo significado. 
A justaposição não é uma soma, mas um novo produto. 
O que se conclui? 
Ao associar um osso lançado ao espaço a uma nave, o que podemos concluir, o que a justaposição dessas duas imagens faz significar? 
Qual é o novo significado, a nova idéia que surge?
Essa combinação que se faz entre duas imagens de modo a produzir uma nova idéia que não estava presente em nenhuma das anteriores é chamada de montagem.
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A televisão estabelece uma conexão aparentemente lógica entre mostrar e demonstrar. Mostrar é igual a demonstrar, a provar, a comprovar.
A força da imagem é tão evidente que é difícil para você, para nós, não fazer essa associação comprobatória (.se uma imagem me impressiona, é verdadeira.). 
Também é muito comum a lógica de generalizar a partir de uma situação concreta. Do individual, tendemos ao geral. Uma situação isolada converte-se em situação padrão. 
A televisão, principalmente, transita continuamente entre as situações concretas e a generalização. 
Mostra dois ou três escândalos na família real inglesa e tira conclusões sobre o valor e a ética da realeza como um todo.
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Ao mesmo tempo, o que a televisão não mostra parece-nos que não existe, não acontece. O que não se vê, perde existência (o que os olhos
não vêem o coração não sente). 
Um fato mostrado com imagem e palavra tem mais força do que se somente mostrado com a palavra. 
Muitas situações importantes do cotidiano perdem força, por não terem sido valorizadas pela imagem-palavra televisiva.
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Em nossa cabeça, o vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, de entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não .aula., o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. 
Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atraí-los para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. 
Mas, ao mesmo tempo, você sabe que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula.
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O vídeo e a TV começam a interagir e a integrar-se com outras mídias digitais como a Internet, principalmente com banda larga, que permite a disponibilização de muitos materiais audiovisuais em tempo real e off line, a transmissão de aulas e eventos, o download de sons e imagens.
À medida que avançarmos para a TV digital, a integração com a Internet será maior. 
A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários).
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Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e Web (a parte da Internet que nos permite navegar, fazer pesquisas...).
Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador pode também acessar simultaneamente as informações que achar interessantes sobre o programa, acessando o site do programador na Internet ou outros bancos de dados. 
Diante de imagens que nos interessam, poderemos clicar nelas e entrar em um banco de dados que nos amplie as informações desejadas. Se nos mostram um anúncio de um produto que nos chama a atenção, podemos encomendá-lo instantaneamente.
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Com o aumento da velocidade e de largura de banda, ver-se e ouvir-se a distância será corriqueiro. O professor poderá dar uma parte das aulas da sua sala e será visto pelos alunos onde eles estiverem. Em uma parte da tela do aluno aparecerá a imagem do professor, e ao lado um resumo do que está falando. 
O aluno poderá fazer perguntas no modo chat ou sendo visto, com autorização do professor, por este e pelos colegas.
Essas aulas ficarão gravadas e os alunos poderão acessá-las off line,quando acharem conveniente.
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Antes de chegar à escola, a criança já passou por processos de educação importantes: o familiar e o da mídia eletrônica. 
No ambiente familiar,mais ou menos rico cultural e emocionalmente, ela vai desenvolvendo suas conexões cerebrais, seus roteiros mentais e emocionais e suas linguagens. 
Os pais, principalmente a mãe, facilitam ou complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais ou menos maduras, o processo de aprender a aprender dos seus filhos.
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A criança é educada também pela mídia, principalmente pela televisão. Aprende a informar-se, a conhecer . os outros, o mundo, a si mesma , a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, ouvindo, tocando, as pessoas na tela, que lhe mostram como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. 
A relação com a mídia eletrônica é prazerosa, ninguém obriga, é feita por meio da sedução, da emoção, da exploração sensorial, da narrativa.
Aprendemos vendo as estórias dos outros e as estórias que os outros nos contam. Mesmo durante o período escolar, a mídia mostra o mundo de outra forma, mais fácil, agradável, compacta, sem precisar de muito esforço. 
Ela fala do cotidiano, dos sentimentos, das novidades.
A mídia continua “educando” como contraponto à educação convencional.
“Educa” enquanto nos entretém.
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A educação escolar pode compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. 
É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a evolução dos indivíduos. 
O poder público pode propiciar o acesso de
todos os alunos às tecnologias de comunicação como uma forma paliativa, mas necessária, de oferecer melhores oportunidades aos pobres, e também para contrabalançar o poder dos grupos empresariais e neutralizar tentativas ou projetos autoritários.
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Se a educação fundamental é feita pelos pais e pela mídia, urgem ações de apoio aos pais para que incentivem a aprendizagem dos filhos desde o começo da vida deles, por meio do estímulo, das interações, do afeto. 
Quando a criança chega à escola, os processos fundamentais de aprendizagem já estão desenvolvidos de forma significativa. Urge também a educação para as mídias, para compreendê-las, criticá-las e utilizá-las da forma mais abrangente possível.
A educação para os meios começa com a sua incorporação na fase de alfabetização. 
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Alfabetizar-se não consiste só em conscientizar os códigos da língua falada e escrita, mas os códigos de todas as linguagens do homem atual e de sua interação. A criança, ao chegar à escola, já sabe ler histórias complexas, como uma telenovela, com mais de trinta personagens e cenários diferentes. 
Essas habilidades são praticamente ignoradas pela escola, que, no máximo, utiliza a imagem e a música como suportes para facilitar a compreensão da linguagem falada e escrita, mas não pelo seu valor intrínseco.
 As crianças precisam desenvolver mais conscientemente o conhecimento e a prática da imagem fixa, da imagem em movimento, da imagem sonora e fazer isso como parte do aprendizado central e não marginal. Aprender a ver mais completamente o que já estão acostumadas a ver, mas que não costumam perceber com maior profundidade (como os programas de televisão).
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O desenvolvimento do conhecimento é um dos aspectos fundamentais da escola e deve ser acompanhado do desenvolvimento de habilidades e de atitudes. 
Habilidades que levem o indivíduo a caminhar sozinho, a interpretar os fenômenos, a saber expressar-se melhor, a comunicar-se com facilidade, a dominar atitudes que o ajudem a ter auto-estima, impulso para avançar, para querer aprender sempre, evitando isolar-se, e colaborando para chegar a uma sociedade mais justa.
A utilização que faremos das tecnologias mais avançadas é conseqüência do que somos, de como nos relacionamos com os outros e com a vida. 
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Se somos pessoas abertas, iremos utilizá-las para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial, como um substitutivo das relações com outras pessoas. Se somos autoritários, manipularemos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. 
O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias, mas nas nossas mentes.
Educar com a nova mídia será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos apenas um verniz de modernidade, sem mexer no essencial.

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