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RESUMO AV1 - PENAL IV

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DIREITO PENAL IV
RESUMO AV1
2015.1
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REVISÃO – MATÉRIA AV1
DOS CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DEFINIÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO (art. 327 do CP): “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”
Transitório: temporário; Jurados do tribunal de Júri;
Sem remuneração: voluntário que trabalham como mesários no dia das eleições;
Cargo público: posto criado por lei ocupado por servidor com vinculo estatutário;
Emprego público: posto criado por lei ocupado por servidor regido pela CLT;
Função pública: todo aquele que presta serviço para Adm Pública; nomeados; comissionados;
§1º. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública;
Entidade paraestatal: terceiro setor; ONGs, SESI, SENAI, SECS, etc;
Serviço contratado para atividade típica: aqueles que executam função típica da Adm pública ( serviço de iluminação, hospital, coleta de lixo, etc.);
Serviço conveniado para atividade típica: médicos e administradores de hospitais conveniados pelo SUS, caixas de pedágios etc;
OBS: O QUE IMPORTA É A NATUREZA DA FUNÇÃO EXERCIDA PELO AGENTE, OU SEJA, SE ESTAR REALIZANDO FUNÇÃO TÍPICA DA ADM PÚBLICA.
Princípio da Insignificância: Segundo entendimento que compõem a 3ª Turma do STJ, não se aplica este princípio nos crimes contra Adm Pública ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo, uma vez que a norma visa resguardar não somente o aspecto patrimonial, mas principalmente a moral administrativa.
Crimes funcionais próprios: A ausência da qualidade de funcionário público torna o fato atípico (atipicidade absoluta).
Crimes funcionais impróprios: a ausência da qualidade de funcionário público não torna o fato atípico, pois poderá constituir outro crime (atipicidade relativa).
MAJORANTE
§2º: A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes forem ocupantes de:
cargo em comissão: nomeação – sem concurso público; 
ou de função de direção: Governadores; 
ou assessoramento: secretários municipais, assessores de deputados;
 ...de órgão da:
Adm direta (Executivo, Legislativo e Judiciário);
Sociedade de economia mista (Banco do Brasil);
Empresa pública (Correios); 
Fundação instituída por lei (FUNAI);
Coautoria e Participação
Se o particular souber que o agente com quem pratica o crime é funcionário público e se utiliza dessa condição, tal particular responderá em concurso pelo mesmo delito. Caso este particular não tenha conhecimento da especial condição do servidor público, responderá por outro crime, porém o servidor ainda responderá por crimes contra a Adm pública. 
PECULATO (art. 312 do CP): “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”:
 Doloso Apropriação
 Desvio
PECULATO Furto 
 Culposo Mediante erro de outrem
Peculato próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio;
Peculato impróprio: peculato-furto;
Peculato-apropriação: quando funcionário tem a posse do bem em razão da função que exerce e apropria-se deste. Ex: motorista que tem a posse do carro, carteiro que tem a posse da correspondência, funcionário que tem a posse de valores, etc.
A posse deve ter sido obtida de forma lícita, caso contrário poderá ser constituído outro crime.
O bem pode ser público ou particular que estejam sob custódia da Adm Pública. Quando o bem o do particular, o crime também pode ser chamado de peculato-malversação. Ex: policial que apreende objeto com bandido e dele se apropria.
Se a coisa particular não estiver sob a guarda ou custódia da Administração e o funcionário público dela se apropriar, responderá por apropriação indébita.
Peculato-desvio: alterar o destino original exigida por lei com o intuito de beneficiar a si ou a terceiro. Se o destino for diverso do original, mas em proveito da Adm Pública estará cometendo o crime de Emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315 do CP).
Peculato de uso: segundo jurisprudência pune-se o uso não autorizado de bem público fungível, ainda que haja a restituição do bem. Ex: dinheiro desviado e depois devolvido. O uso não autorizado de bem público infungível, como veículo, não constitui crime.
Peculato-furto (§1º): quando o funcionário não tendo a posse da res, mas estar sob custódia da Adm pública subtrai ou 	auxilia na subtração para si ou para outrem, valendo-se da condição de servidor público; Ex: policial que subtrai radio de veículo que esta apreendido no pátio da delegacia.
Obs: Caso policial esteja realizando investigação em uma casa e subtraia algum objeto, responderá por furto (art. 155), pois este objeto não está sob custódia da Adm Pública.
Peculato Culposo (§2º): Que o funcionário público tenha sido descuidado, tenha faltado com a cautela a que era obrigado na guarda ou vigilância da coisa pública.
Extinção da punibilidade (§3º): só cabe ao peculato culposo, caso a reparação do dano seja restituído antes de condenação irrecorrível. Se a reparação do dano for após sentença transitada El julgado, haverá redução da metade da punição imposta;
Peculato Mediante erro de outrem (art. 313): servidor que se aproveita do erro de outrem para apropriar-se de bem que recebeu por engano, no exercício da função. Se o servidor induziu ao erro, o delito será outro. O servido deve ter ciência do erro.
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO (art. 313-A)
“Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”: 
O próprio funcionário efetua a inserção dos dados falsos, altera dados verdadeiros ou permite que terceiro o faça. Não é necessário a obtenção da vantagem para a consumação.
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES (art. 313-B)
“Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente”:
Nesse tipo penal, o funcionário modifica sem autorização o funcionamento do sistema de informações ou do programa de informática, enquanto no tipo penal anterior a conduta recai sobre os dados constantes do sistema;
Majorante (Parágrafo único): se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração ou para o administrado;
Obs: O servidor deve ter autorização para trabalhar com o sistema de informação, caso não tenha incorrerá no delito de prevaricação.
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO (art.314)
“Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente”:
A lei pune três condutas:
 a) extraviar: fazer desaparecer, ocultar;
 b) sonegar: sinônimo de não apresentar, não exibir quando alguém o solicita;
 c) inutilizar: tornar imprestável;
deixa de existir se o fato constitui crime mais grave, como corrupção passiva (art. 317), supressão de documento (art. 305) etc;
Pode o objeto ser público ou particular. O processo judicial também pode ser objeto material desse crime;
É necessário que o servidor esteja incumbido da guarda do documento. Caso não tenha o dever de guarda o crime será outro (CP, art. 337).
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS (art. 315)
“Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei”:
Para a caracterizaçãodo delito, é necessária a existência de lei regulamentando o emprego da verba bem como o desrespeito aos termos de lei pelo servidor sem proveito próprio ou de outrem.
CONCUSSÃO (art. 316, caput)
“Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”:
Incrimina-se a ação de exigir (ameaçar, ordenar, reivindicar, impor como obrigação). Deve a vantagem exigida ser indevida, isto é, ilícita, não autorizada por lei. O servidor pode utilizar terceiros para fazer a exigência e pode ser feita fora da função.
Concussão x Corrupção passiva
Concussão há o constrangimento ao particular;
Corrupção passiva há solicitação sem constrangimento ou qualquer obrigação.
EXCESSO DE EXAÇÃO (§1º)
“Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza”: 
Artigo específico para cobrança de tributos quitado ou superior ao devido por imposição legal ou emprego na cobrança por meio vexatório (humilhante, vergonhoso que atente contra a dignidade do indivíduo) e gravoso (maiores despesas).
Crime formal: consuma-se apenas com a exigência do tributo sem a necessidade do recebimento.
QUALIFICADORA
§2º: “Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos”:
Após receber o valor indevido desvia em proveito próprio ou alheio,
CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317).
“Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-Ia, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”:
Solicitar sem ameaça (pedir, manifestar que deseja algo); a solicitação parte do servidor e ao particular não incide o delito de corrupção ativa;
Receber (aceitar, entrar na posse): a proposta parte de terceiros ao servidor, cabendo a caracterização do crime de corrupção ativa;
Aceitar promessa: concordar com a promessa formulada por terceiros;
Corrupção própria: se o ato for ilegítimo, ilícito ou injusto;
Corrupção imprópria: se o ato for legítimo, lícito ou justo;
Majorante 
§1ª: “A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional”:
Aqui a conduta do funcionário vai além do recebimento da vantagem indevida, pois ele efetivamente: retarda, deixa de praticar ou pratica ato infringindo dever funcional;
Privilégio
§2º “Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem”:
Servidor não recebe qualquer vantagem, pratica, retarda ou deixa de praticar o ato por influência de terceiros sem ser movido por interesse pessoal;
Princípio da Insignificância (Bagatela) na Corrupção passiva
Gratificações usuais de pequena monta e pequenas doações ocasionais, como as costumeiras “Boas Festas” de Natal ou Ano-Novo não se configura crime.
Desde que não seja dinheiro;
Não pode ser habitual;
Tem que ter caráter de gratidão
Ocorrer em momentos especiais (aniversário, páscoa, etc.);
DISTINÇÃO
Art. 317 - Corrupção passiva: suborno por qualquer servidor público;
Art. 342, §1º - Falso testemunho ou falsa perícia: suborno apenas por perito, testemunha, contador, tradutor ou interprete em processo administrativo, judicial, inquérito policial ou juízo arbitral;
Art. 319 – Prevaricação: não há o suborno, o servidor pratica ato contra disposição em lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal;
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (art. 318)
“Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho”:
Neste tipo penal o servidor apenas facilita e não pratica o contrabando ou descaminho.
Contrabando: entrada no país de produto proibido (ilegal) – determinadas marcas de cigarro que não é permitida venda;
Descaminho (Fraude): entrada no país de produto permitido de forma ilegal ou irregular;
PREVARICAÇÃO (art. 319)
“Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”:
Servidor que retarda, deixa de praticar ou pratica ato contra lei movido por sentimento pessoal (amizade ou inimizade, compaixão, etc.) sem obtenção de vantagem. Oficial de justiça que deixa de notificar pessoa conhecida.
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA (art. 320)
“Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente”:
Delito de deixar de responsabilizar por indulgência (tolerância ou facilidade em perdoar) subordinado que cometeu delito ou não levar fato ao conhecimento de autoridade competente.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321)
“Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário”:
Caracteriza-se a advocacia administrativa pelo patrocínio (valendo-se da qualidade de funcionário) de interesse privado alheio perante a Administração Pública. Patrocinar corresponde a defender, pleitear, advogar junto a companheiros e superiores hierárquicos, o interesse particular.
É desnecessário que o fato ocorra na própria repartição em que trabalha o agente;
Não existe a infração penal quando o funcionário patrocina interesse próprio ou de outro funcionário público;
A ilegitimidade do interesse acarreta apenas a majoração da pena (parágrafo único);
ABONDONO DE FUNÇÃO (art. 323)
“Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei”:
Para que esteja configurado o abandono, é necessário que o agente se afaste do seu cargo por tempo juridicamente relevante de 30 dias segundo jurisprudência (TJSP — Rel. Hoeppner Dutra — RT 522/358).
Formas Qualificadas
§1º “Se do fato resulta prejuízo público”: falta d’água a população, paralisação de serviços essenciais;
§2º “Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira”: fiscalização, agente da polícia federal etc.
VIOLÇAO DO SIGILO FUNCIONAL (art. 325)
“Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação”:
Divulgação, por parte de funcionário do Poder Judiciário, de informações relativas a processo no qual tenha sido decretado segredo de justiça.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA ADMINISTAÇÃO PÚBLICA
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (art. 328)
“Usurpar o exercício de função pública”: 
Desempenhar indevidamente uma atividade pública. Exs.: uma pessoa passa a se apresentar como policial, ou alguém comparece ao Fórum e se apresenta como promotor em nome do MP.
Qualificadora
Se com a conduta o agente obtém vantagem — material, moral, política etc.
RESISTÊNCIA (art. 329)
“Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio”:
Opor-se o particular à execução de ato legal mediante o emprego de violência ou ameaça.
DESOBEDIÊNCIA (art. 330)
“Desobedecer a ordem legal de funcionário público”:
Desatender, não aceitar, não se submeter ordem legal sem o emprego da violência ou ameaça.
DESACATO (art. 331)
“Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela”:
Todo ato que desprestigie, humilhe o funcionário, de forma a ofender a dignidade, o prestígio e o decoro da função pública.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (art. 332)
“Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”:
Agente que, gabando-se de influência sobre funcionário público, pede, exige, cobra ou recebe qualquer vantagem ou promessade vantagem.
Se o agente realmente gozar de influência sobre o funcionário e dela fizer uso, haverá outros crimes, como corrupção ativa e passiva.
Majorante
Basta, assim, que o agente dê a entender que haverá o recebimento da vantagem por parte do funcionário.
CORRUPÇÃO ATIVA (art. 333)
“Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”:
É a vantagem indevida (ilícita) de natureza patrimonial, moral, sentimental, sexual etc.
Nem todo oferecimento ou promessa de vantagem por parte do particular configura o crime de corrupção ativa, como, por exemplo, as gratificações usuais de pequena monta por serviço extraordinário (não se tratando de ato contrário à lei) e pequenas doações ocasionais, como as costumeiras “Boas Festas” de Natal ou Ano-Novo.
Majorante
Se, entretanto, o funcionário público a aceitar e, em razão da vantagem, retardar, omitir ou praticar ato infringindo dever funcional.
CONTRABANDO E DESCAMINHO (art. 334)
“Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”:
Contrabando: entrada no país de produto proibido (ilegal) – determinadas marcas de cigarro que não é permitida venda;
Descaminho: entrada no país de produto permitido de forma ilegal ou irregular;
O STF tem reconhecido reiteradamente o princípio da insignificância quando o valor é de até R$ 10.000,00, pois, se o tributo sequer será cobrado, não deve também ser movida ação penal.
Figuras Equiparadas §1º
Cabotagem: transportes de mercadorias em barcos dentro do país sem autorização;
 Fato assimilado: saída de mercadorias da Zona Franca de Manaus sem o pagamento de tributos;
pune, inicialmente, o próprio contrabandista que vende, expõe à venda, mantém em depósito;
pessoa que, no exercício de atividade comercial ou industrial, adquire (obtém a propriedade), recebe (obtém a posse) ou oculta (esconde) mercadoria de procedência estrangeira;
Majorante (§3º): pena em dobro se o contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo;
INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL (art. 336): retirada de avisos colados por servidor;
SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO (art. 337): tirar o objeto da custódia do servidor ou advogado que pega partes do processo e inutiliza-o, tornando imprestável ao processo;
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO (art. 338): ingressar ou facilitar entrada de estrangeiro que foi expulso do país;
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (art. 339):
“Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente”:
Necessária conjugação de comunicação criminosa falsa + provocação de investigação policial ou administrativa, ação penal ou de improbidade ou inquérito civil contra alguém inocente.
Majorante (§1º): se o agente usar o anonimato ou nome falso para fazer a comunicação de crime falso;
Privilegio: se o falso fato imputado for de contravenção penal;
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO (art. 340)
Não se confunde com a denunciação caluniosa, pois, nesta, o agente aponta pessoa certa e determinada como autora da infração, enquanto no art. 340 isso não ocorre. Nesse crime, o agente se limita a comunicar falsamente a ocorrência de crime ou contravenção, não apontando qualquer pessoa como responsável.
AUTOACUSAÇÃO FALSA (art. 341):
O tipo exige que a autoacusação ocorra perante a autoridade, que pode ser delegado de polícia, policial militar, promotor de justiça, juiz, autoridade administrativa e que se refira a crime. Se for contravenção penal o fato é atípico.
FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA (art. 342)
“Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”:
Prejudicar a prestação jurisdicional fazendo falso testemunho.
Majorante (§1º): se há suborno;
Retratação (§2º): se antes da sentença o agente diz a verdade.
FRAUDE PROCESSUAL (art. 347)
“Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”:
Alterar características de objeto que será periciado, simular maior dificuldade auditiva ou qualquer outra redução da capacidade laborativa em ação acidentária ou previdenciária.
FAVORECIMENTO PESSOAL (art. 348)
“Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão”:
Auxiliar agente que cometeu delito de reclusão a fugir ou se esconder.
Escusa absolutória (§2º): se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão, fica isento de pena.
FAVORECIMENTO REAL (art. 349)
“Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime”:
Esconder o produto do crime para que o autor do delito venha buscá-lo posteriormente, transportar os objetos do crime etc.
Se a infração anterior for contravenção penal, o auxílio destinado a tornar seguro o seu proveito não caracterizará favorecimento real, pois o art. 349 somente se refere a proveito de crime.
FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA (art. 351)
“Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva”:
Quem promove ou facilita fuga, isto é, quem fornece os meios necessários para que o preso consiga fugir. Ex.: fornece serra para ele cortar a grade ou corda para ele pular o muro do presídio.
Figuras qualificadas (§§ 1º e 3º): emprego de arma; concurso de duas ou mais pessoas; arrombamento; se o crime é cometido por carcereiro, policial etc;
PATROCÍNIO INFIEL (art. 355): Procurador ou Advogado que dolosamente prejudicar cliente que esteja patrocinando.
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO (art. 357)
“Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha”:
Agente pratique o delito a pretexto de influir em pessoas específicas ligadas à aplicação da lei, mais especificamente em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
Majorante: se o agente diz ou insinua que a vantagem é também endereçada a uma das pessoas enumeradas no caput.
CRIMES HEDIONDOS
Lei 8.072/90
A caracterização de um crime como hediondo depende, portanto, da lei. A hediondez, a tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo acarretam diversas consequências gravosas ao crime, dentre as quais:
Inafiançabilidade; proibição de anistia, graça ou indulto; 
regime inicialmente fechado; 
progressão de regimes 2/5 réu primário e 3/5 reincidente;
São considerados crimes hediondos: 
homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente; e homicídio qualificado (CP, art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V); 
latrocínio (CP, art. 157, § 3º, in fine); 
extorsão qualificada pela morte (CP, art. 158, § 2º);
extorsão mediante sequestro, simples ou qualificada (CP, art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º);
estupro (CP, art. 213);
estupro de vulnerável (CP, art. 217-A);
 epidemia com resultado morte (CP, art. 267, § 1º);
 – B. falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (CP, art. 273, caput e §§ 1º, 1º-A e 1º-B);
§ Único: genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889/56;
- favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).     (Incluído pelaLei nº 12.978, de 2014);
PÚ - Considera-se também hediondo o crime de genocídio, tentado ou consumado.  
CRIMES HEDIONDOS EQUIPARADOS - §2º. 
Tortura;
Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
Terrorismo;
REINCIDÊNCIA DE CRIMES HEDIONDOS
Há 03 correntes sobre a reincidência em crimes hediondos:
ª – Corrente minoritária, quase não utilizada, diz que há reincidência quando agente pratica um crime hediondo + crime comum: Agente que comete homicídio qualificado (hediondo) e depois homicídio simples (crime comum). Para essa corrente opera-se a reincidência aplicando-se a progressão de regime em 3/5;
ª – Corrente considera reincidência somente quando praticado dois ou mais crimes hediondos de qualquer espécie: Agente comete delito de extorsão mediante sequestro (hediondo) e depois comete delito de tortura (hediondo);
Essa corrente considera reincidência somente quando o agente pratica dois crimes hediondos da mesma espécie: Agente comete crime de tráfico de drogas (hediondo) e depois comete o mesmo delito de tráfico de drogas. Somente nesses casos opera-se a reincidência aplicando o regime de progressão de pena mais gravoso de 3/5. Para esta corrente se o agente comete dois crimes hediondos distintos (tortura + terrorismo) será sempre réu primário em crimes hediondos e terá direito a progressão de regime mais benéfico de 2/5.
A Lei 11.464/2007 mudou o regime e cumprimento das penas. A partir dessa lei o cumprimento da pena mudou de integralmente fechado para inicialmente, admitindo o regime de progressão de 2/5 (réu primário) e 3/5 (reincidente).
Antes dessa lei a progressão era de 1/6 com força erga ommes em jurisprudência do STF (HC 82.959).
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