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DUPLICATA COMO TÍTULO DE CRÉDITO ................................................................................. 3 1.3.1. Aceite ............................................................................................................................... 3 1.4. REQUISITOS DA DUPLICATA .................................................................................................... 4 1.5. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ............................................................................... 5 1.6. PERDA OU EXTRAVIO DA DUPLICATA...................................................................................... 6 1.7. PRAZO PRESCRITIVO DA DUPLICATA E O PROTESTO DO TÍTULO ............................................ 6 1.8. AÇÃO JUDICIAL PARA COBRANÇA DA DUPLICATA ................................................................. 6 2 1. DUPLICATA 1.1. APRESENTAÇÃO A duplicata mercantil é um documento criado pelo legislador brasileiro. O Código Comercial, embora revogado, previa, em seu art. 219, que nas vendas por atacado, o vendedor era obrigado a extrair, em duas vias, uma relação das mercadorias vendidas, as quais eram assinadas pelas partes contratantes; e o art. 427 do mesmo Código determinava que, a fatura assinada pelo comprador, era um título de efeitos cambiais que servia para a cobrança judicial. Essa fatura é a origem da duplicata, pois esta é a cópia da fatura. Atualmente, após a extração da nota fiscal de uma venda a prazo, emite-se a fatura para ser apresentada ao comprador, emitindo-se, consequentemente, a duplicata. Tratando-se de venda mercantil a prazo, com extração de nota fiscal, não poderá o empresário emitir letra de câmbio ou nota promissória no lugar da duplicata (LD, art. 2.º), ou seja, ao vendedor empresário de venda mercantil a prazo só é permitido o saque de duplicata. Esta pode ser emitida com base na fatura que é obrigatória. O empresário que emite duplicata mercantil está obrigado a escriturá-la em livro específico: “Livro de Registro de Duplicatas”. A duplicata é um título causal, ou seja, encontra-se vinculada à relação jurídica que lhe dá origem que é a compra e venda mercantil. Somente a compra e venda permite o saque da duplicata mercantil. 1.2. CONCEITO DE DUPLICATA MERCANTIL A lei obriga, entre partes domiciliadas no Brasil, a emissão de fatura em toda venda mercantil, com prazo não inferior a 30 dias, onde o vendedor descreve as mercadorias vendidas ou indica, apenas, os números e valores das notas fiscais expedidas. Permite-se que a nota fiscal e a fatura estejam num mesmo documento, chamada Nota Fiscal/Fatura, facilitando tanto o aspecto comercial quanto o fiscal. Emitida a fatura, poderá o empresário extrair uma duplicata. “Nula é a duplicata, mesmo aceita, cujo saque corresponde não a contrato de compra e venda mercantil, mas a ato de novação de dívida” (in RT 640/188). A duplicata mercantil é, então, saque do empresário contra o comprador de mercadorias a prazo. Com base em uma ou mais notas fiscais, o empresário extrai a fatura, sendo a duplicata, praticamente, a sua cópia. Não uma mera reprodução, mas um documento para o empresário fazer circular. É a fatura, o documento do contrato de compra e venda mercantil, que enseja emissão da duplicata. 3 A fatura deve ser, obrigatoriamente, extraída; a extração da duplicata é facultativa, mas “será o único título de crédito suscetível de ser sacado, com fundamento em contrato de compra e venda mercantil. A lei veda expressamente, no art. 2.º, a extração de qualquer outra espécie de título de crédito (letra de câmbio ou nota promissória) para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador”1. A duplicata, após receber o aceite, passa a ser um título de crédito, circulável à ordem, ou seja, por endosso; antes não, pois é apenas um documento. Atualmente, os bancos estão fazendo a cobrança mediante expedição de simples aviso ao devedor – os chamados “boletos” – no lugar da duplicata, encaminhando-os ao sacado para a satisfação da obrigação. Se, entretanto, não for liquidada quando do vencimento, deverá o empresário emitir em sua forma cartular, para ganhar materialidade, tanto para instruir ação de execução, como para fins de pedido de falência. “O protesto por indicação da duplicata – decidiu o tribunal – não depende da preexistência física do título e de sua apresentação nessa espécie ao sacado, consoante se depreende do art. 8.º, par. ún., da Lei 9.492/92 autorizar que as indicações da duplicata sejam transmitidas e recepcionadas pelos Tabelionatos de Protesto por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados” (in RT 776/215). 1.3. DUPLICATA COMO TÍTULO DE CRÉDITO Quando a duplicata nasce não é um título de crédito. Ao receber o aceite é que ela passa a ser um título de crédito, portador dos princípios da literalidade e da autonomia. Recorda-se que a literalidade é o princípio que não admite discutir o que se encontra expresso no título, pois vale o que está nele inserido; autonomia é o princípio que determina o desligamento do título da relação que lhe deu origem. Graças a esses princípios, a duplicata torna-se abstrata, valendo apenas pelo que expresse o seu conteúdo, circulando, então, livremente. Percebe-se, pois, que o aceite é muito importante. 1.3.1. Aceite O aceite – escreve o Prof. Frederico Moura de Paula Lima –“é a declaração pela qual o comprador (sacado) assume a obrigação de pagar a quantia indicada no título, na data do vencimento” 2. O aceite poderá ser expresso ou tácito. 1 Rubens Requião - Curso de Direito Comercial, Saraiva, S. Paulo, 12.ª ed., vol. 2, p. 432. 2 Instituições de Direito Público e Privado, 1.994, Unimarco Ed., p. 40 4 Expresso, quando o devedor apõe sua assinatura no título. Tácito, quando o devedor recebe a duplicata para o aceite e deixa passar o prazo de 10 dias, contados da apresentação, sem qualquer comunicação, por escrito, ao credor. A lei entende, então, que o devedor aceitou a duplicata em silêncio. O aceite tácito surgiu através da Lei n.º 6.458, de 1.977, que deu nova redação ao artigo 15, da Lei n.º 5.474, de 1.968 (Lei das Duplicatas). Transcrevemos o atual artigo 15: “A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando se tratar: I – de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; II – de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que,cumulativamente: a) haja sido protestada; b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos artigos 7.º e 8.º desta Lei”. O artigo 7.º estabelece o prazo de 10 dias e o artigo 8.º, indica os motivos pelos quais o devedor poderá fundamentar sua recusa, que são: I – avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; II – vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias; III – divergência nos prazos ou nos preços ajustados. “A Lei das Duplicatas estabelece momento certo para o sacado determinar as razões da falta de aceite - decidiu certa vez o Tribunal. Não o fazendo, sofre ação de execução e seus embargos devem limitar-se à matéria típica de embargos, e não à contestação” (in RT 573/246). Em suma: é a assinatura do devedor que caracteriza o título de crédito. A duplicata, ao receber o aceite, libera-se definitivamente de sua origem e não se discute mais o que está expresso no título. Graças aos princípios da autonomia e da literalidade, o título de crédito passa a ser negociável, podendo transitar livremente. É o aceite, portanto, que transforma a duplicata num contrato perfeito e acabado, valendo por si mesmo. 1.4. REQUISITOS DA DUPLICATA O artigo 2.º, § 1.º, da Lei n.º 5.474, de 1.968, fornece os requisitos de uma duplicata. São eles: A denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem; O número da fatura; A data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; O nome e o domicílio do vendedor e do comprador; A importância a pagar, em algarismo e por extenso; A praça de pagamento; A cláusula “à ordem”; A declaração do reconhecimento da sua exatidão e da obrigação de pagá-la, ao ser assinada pelo comprador como aceite cambial; A assinatura do emitente. 5 Para melhor entendimento, apresentamos um modelo de duplicata mercantil, que deve ser confeccionada de acordo com o padrão previsto na Resolução n.º 102, do Conselho Monetário Nacional. Da relação supra, serão analisados sumariamente apenas dois requisitos: 1º - o número da fatura que deve ser o mesmo da duplicata, por ser aquela, irmã gêmea desta. Nessas condições, uma só duplicata não poderá corresponder a mais de uma fatura, mas uma só fatura poderá corresponder a duas ou mais duplicatas, como acontece nas vendas à prestação, nas quais poderá aparecer uma série de duplicatas, uma para cada prestação, com a mesma numeração da fatura e com o acréscimo das letras do alfabeto, em sequência. 2º - na cláusula à ordem, o beneficiário do título deve ser sempre pessoa determinada, transferível por endosso. Não existe, pois, duplicata ao portador, quando emitida. Com o endosso em branco, ela passa a ser ao portador. 1.5. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A duplicata é um título causal, que tem seu alicerce no contrato de compra e venda mercantil ou na prestação de serviços. 6 O artigo 20 da Lei n.º 5.474, de 1.968, autoriza as firmas individuais, as sociedades e as fundações a fazerem extração de duplicatas que correspondam à prestação de serviços em quantias iguais às respectivas faturas, que discriminarão a natureza dos serviços prestados. 1.6. PERDA OU EXTRAVIO DA DUPLICATA Se se extravia ou se perde a duplicata, a Lei da Duplicata autoriza o vendedor a extrair uma triplicata, ou seja, uma cópia da duplicata, que terá os mesmos efeitos, requisitos e formalidades desta. A jurisprudência vem se acentuando no sentido de que, quando o sacado retém a duplicata, inibindo a sua circulação, admite-se a emissão de triplicata em substituição (in RT 671/185). “Não veda a lei a extração de triplicata em face de retenção da duplicata pela sacada” (in RT 662/187). 1.7. PRAZO PRESCRITIVO DA DUPLICATA E O PROTESTO DO TÍTULO A Lei das Duplicatas, art. 18, estabelece prazo prescritivo de 3 anos, após o vencimento, contra o sacado e respectivo avalista. Contra os endossantes e seus avalistas o prazo é de um ano, contado da data do protesto. O protesto, por sua vez, deve ser efetuado na praça de pagamento constante da duplicata, no prazo de 30 dias a contar de seu vencimento, isto para não perder, por parte do credor, o direito creditício contra os coobrigados (endossantes e seus avalistas). Contra o devedor principal e seu avalista não é necessário o protesto. 1.8. AÇÃO JUDICIAL PARA COBRANÇA DA DUPLICATA Desde que seja um título de crédito, a cobrança da duplicata dar-se-á através da ação executiva. Não devemos esquecer que a duplicata sem o aceite expresso, para a ação executiva, deve estar acompanhada do comprovante da entrega da mercadoria, além do protesto. A consumação do aceite tácito também é necessária. “O sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7.º e 8.º desta lei” (art. 15 da Lei n.º 5.474/68). Recorda-se que se dá o aceite tácito, quando não houver a comunicação da recusa no prazo legal, que é de 10 dias. “Mesmo que o crédito seja originário de compra e venda mercantil com pagamento a prazo, e possa haver emissão das respectivas duplicatas, - decidiu o tribunal – pode o credor optar por receber seu crédito via ação monitória 3 nos termos do art. 1.102-a do CPC, pois a simples emissão dos títulos não caracteriza liquidez e certeza da dívida” (in RT 744/252). 3 “A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel” (CPC, art. 1.102A).
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