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Cartas e declarações Internacinais de Promoção da Saúde

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Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/Adelaide.pdf
DECLARAÇÃO DE ADELAIDE
SEGUNDA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Adelaide, Austrália, 5-9 de abril de 1988
A adoção da Declaração de Alma-Ata, há uma década atrás, foi o marco mais importante
do movimento Saúde Para Todos no Ano 2000, lançado pela Assembléia Mundial da
Saúde, em 1977. Estruturado sobre o reconhecimento da saúde como um objetivo social
fundamental, a Declaração dá uma nova direção às políticas de saúde, enfatizando a
participação comunitária, a cooperação entre os diferentes setores da sociedade e os
cuidados primários de saúde como seus fundamentos conceituais.
O ESPÍRITO DE ALMA-ATA
O espírito de Alma-Ata foi transposto à Carta de Compromisso com a Promoção da
Saúde, adotada em Ottawa, em 1986. Aquele documento estabelece o desafio da
mudança em direção a novas políticas de saúde que reafirmem a justiça social e a
eqüidade como pré-requisitos para a saúde, assim como a defesa da saúde e a mediação
política como processos indispensáveis para alcançá-la.
A Carta identifica cinco campos de ação para a promoção da saúde:
• construção de políticas públicas saudáveis;
• criação de ambientes favoráveis à saúde;
• desenvolvimento de habilidades;
• reforço da ação comunitária;
• reorientação dos serviços de saúde.
Estas ações são interdependentes, mas somente o conjunto de políticas públicas voltadas
para a saúde estabelecerá o ambiente necessário para que as outras quatro ações
mencionadas sejam possíveis.
A Conferência de Adelaide, realizada em abril de 1988 e cujo tema central foram as
políticas voltadas para a saúde (políticas saudáveis), manteve a direção já estabelecida
nas Conferências de Alma-Ata e Ottawa. Duzentos e vinte participantes de quarenta e
dois países compartilharam experiências sobre como formular e implementar políticas
públicas saudáveis. As estratégias para a ação em prol de políticas públicas voltadas para
a saúde, recomendadas a seguir, refletem o consenso alcançado na Conferência de
Adelaide.
POLÍTICAS PÚBLICAS SAUDÁVEIS
As políticas públicas saudáveis caracterizam-se pelo interesse e preocupação explícitos
de todas as áreas das políticas públicas em relação à saúde e à eqüidade, e pelos
compromissos com o impacto de tais políticas sobre a saúde da população. O principal
propósito de uma política pública saudável é criar um ambiente favorável para que as
pessoas possam viver vidas saudáveis. As políticas saudáveis facilitam opções saudáveis
de vida para os cidadãos. Criam ambientes sociais e físicos comprometidos com a saúde.
Para formular políticas públicas saudáveis, os setores governamentais de agricultura,
comércio, educação, indústria e comunicação devem levar em consideração a saúde
como um fator essencial. Estes setores deveriam ser responsabilizados pelas
conseqüências de suas decisões políticas sobre a saúde da população. Deveriam,
também, dar tanta atenção à saúde quanto aos assuntos econômicos.
O VALOR DA SAÚDE
A saúde é ao mesmo tempo um direito humano fundamental e um sólido investimento
social. Os governos devem investir recursos em políticas públicas saudáveis e em
promoção da saúde, de maneira a melhorar o nível de saúde dos seus cidadãos. Um
princípio básico de justiça social é assegurar que a população tenha acesso aos meios
imprescindíveis para uma vida saudável e satisfatória. Ao mesmo tempo, isto aumentará,
de maneira geral, a produtividade da sociedade tanto em termos sociais como
econômicos. Políticas públicas voltadas à saúde e planejadas para curto prazo trarão
benefícios econômicos de longo prazo, como demonstrado por diversos casos
apresentados durante a Conferência. Novos esforços devem ser despendidos para
integrar políticas econômicas, sociais e de saúde em ações concretas.
EQÜIDADE, ACESSO E DESENVOLVIMENTO
As iniqüidades no campo da saúde têm raízes nas desigualdades existentes na
sociedade. Para superar as desigualdades existentes entre as pessoas em desvantagem
social e educacional e as mais abastadas, requer-se políticas que busquem incrementar o
acesso daquelas pessoas a bens e serviços promotores de saúde, e criar ambientes
favoráveis. Tal política deveria estabelecer alta prioridade aos grupos mais
desprivilegiados e vulneráveis. Além disso, uma política pública saudável reconhece como
peculiar a cultura de povos indígenas, minorias éticas e imigrantes. A igualdade no
acesso aos serviços de saúde, particularmente quanto aos cuidados primários, é um
aspecto vital da eqüidade em saúde.
Novas desigualdades em saúde podem advir das rápidas mudanças estruturais
resultantes de tecnologias emergentes. No caso da Região Européia da OMS, por
exemplo, o principal alvo no que concerne à Saúde para Todos é que, “no ano 2000, as
diferenças atuais no nível de saúde entre países, e entre grupos num mesmo país, devem
ser reduzidas, ao menos, em 25%, melhorando o nível de saúde das nações e grupos
desprivilegiados”.
Devido ao grande fosso existente entre os países quanto ao nível de saúde, os países
desenvolvidos têm a obrigação de assegurar que suas próprias políticas públicas tenham
impacto positivo na saúde das nações em desenvolvimento. A Conferência recomenda
que todos os países estabeleçam políticas públicas voltadas de maneira explícita para a
saúde.
RESPONSABILIDADES PELA SAÚDE
As recomendações desta Conferência somente se materializarão se os governos
estabelecerem ações concretas nos níveis nacional, regional e local. O desenvolvimento
de políticas públicas saudáveis é tão importante no nível local quanto no nível nacional.
Os governos devem definir metas explícitas que enfatizem a promoção da saúde. A
responsabilidade pública pela saúde é um componente essencial para o fornecimento das
políticas públicas comprometidas com a saúde. Os governos e os setores sociais que
concentram recursos são igualmente responsáveis, perante os cidadãos, quanto às
conseqüências das suas decisões políticas, ou pela falta delas, sobre a saúde das
populações. Um dos compromissos das políticas públicas voltadas à saúde deve ser o de
medir e difundir o impacto destas políticas na saúde, em linguagem que os diferentes
grupos sociais possam facilmente compreender. A ação comunitária é um ponto central
da promoção de políticas saudáveis. Tomando-se em conta a educação e o nível de
alfabetização das populações, devem ser feitos esforços especiais para informar
adequadamente estas políticas públicas aos grupos que dela poderão melhor se
beneficiar.
A Conferência enfatiza a necessidade de avaliar o impacto destas políticas. Devem ser
desenvolvidos sistemas de informação para a saúde que apóiem este processo. Isto
encorajará os níveis mais altos de decisão a alocarem futuros recursos na implementação
das políticas públicas saudáveis.
PARA ALÉM DOS CUIDADOS DE SAÚDE
As políticas públicas voltadas para a saúde devem responder aos desafios colocados por
um mundo de crescentes e dinâmicas transformações tecnológicas, com suas complexas
intenções ecológicas e crescente interdependência internacional. As possíveis
conseqüências destes desafios no campo da saúde não podem ser resolvidas pela
maioria dos atuais sistemas de cuidados à saúde, que estão ultrapassados. Os esforços
em promover a saúde são essenciais, o que requer uma abordagem integrada do
desenvolvimento social e econômico, que restabeleça os laços entre a reforma social e a
reforma da saúde, propostos como princípio básico pela OMS desde a década passada.
PARCEIROS NO PROCESSO POLÍTICO
Os governos têm um importante papel no campo da saúde, mas este é também
extremamente influenciado por interesses corporativos e econômicos, organizações não-
governamentais e organizações comunitárias. A capacidade potencial destas
organizações em preservar e promover a saúde das populações deve ser encorajada.
Sindicatos, comércio e indústria,
associações acadêmicas e lideranças religiosas têm
muitas oportunidades em atuar na melhoria da saúde da população como um todo. Novas
alianças devem ser forjadas, visando promover o incremento das ações de saúde.
ÁREAS DE AÇÃO
A Conferência identificou quatro áreas prioritárias para promover ações imediatas em
políticas públicas saudáveis:
• Apoio à saúde da mulher
As mulheres são as principais promotoras da saúde em todo o mundo, embora muito do
seu trabalho seja feito sem pagamento ou por uma remuneração mínima. Grupos e
organizações de mulheres são modelos para o processo de organização, planejamento e
implementação do componente de promoção da saúde. Os grupos de mulheres deveriam
receber mais reconhecimento e apoio dos políticos e instituições. Contraditoriamente, este
investimento no trabalho da mulher aumenta a desigualdade, por não receberem salários
ou serem sub-assalariadas. Por sua participação efetiva na promoção da saúde, as
mulheres deveriam ter mais acesso à informação e aos recursos do setor. Todas as
mulheres, especialmente aquelas de grupos étnicos, indígenas ou outras minorias, têm o
direito à autodeterminação de sua saúde e deveriam ser parceiras plenas na formulação
das políticas públicas voltadas à saúde, tendo assim assegurada sua identidade cultural.
Esta Conferência propõe que os países comecem a desenvolver planos nacionais para a
promoção de políticas públicas voltadas à saúde da mulher, nos quais os pontos da
agenda do movimento de mulheres fossem respeitados e priorizados, incluindo como
sugestão as seguintes propostas:
• igualdade de direitos na divisão de trabalho existente na sociedade;
• práticas de parto baseadas nas preferências e necessidades das mulheres;
• mecanismos de apoio à mulher trabalhadora, como: apoio a mulheres com
crianças, licença-maternidade, licença para acompanhamento dos cuidados a
filhos doentes.
• Alimentação e nutrição
A eliminação da fome e da má-nutrição são objetivos fundamentais das políticas públicas
voltadas à saúde. Estas políticas devem garantir acesso universal a quantidades
suficientes de alimentos de boa qualidade e que respeitem as peculiaridades culturais.
Políticas de alimentação e nutrição devem integrar métodos de produção e distribuição de
alimentos dos setores público e privado, para atingir preços eqüitativos.
Políticas de alimentação e nutrição que integrem harmonicamente a agricultura, a
economia e os fatores ambientais deveriam ser uma prioridade de todos os governos para
obter um maior impacto na saúde nos níveis nacional e internacional. O primeiro passo
para a implementação deste tipo de política deve ser o estabelecimento de metas sociais
em alimentação e nutrição. Quando o Estado cria taxações e subsídios a produtos, estes
devem ser usados prioritariamente em prol da melhoria do acesso da população a uma
alimentação mais saudável e a uma dieta mais rica.
A Conferência recomenda que os governos implementem imediatamente ações diretas
em todos os níveis para aumentar seu poder de compra no mercado de alimentos e
assegurar que os estoques de alimentos sob sua responsabilidade e controle garantam
ao consumidor acesso rápido a uma comida mais saudável (incluem-se aí, também, os
estoques de alimentos em e para hospitais, escolas, abrigos e locais de trabalho).
• Tabaco e álcool
O uso do fumo e o abuso do álcool são dois grandes riscos à saúde que merecem
imediata ação dentro da perspectiva das políticas públicas voltadas à saúde. Está
cientificamente reconhecido que o fumo não só faz um imenso mal diretamente ao
fumante como também aos chamados fumantes-passivos, especialmente crianças. O
álcool contribui para distúrbios sociais e traumas físicos e mentais. Além disso, devemos
lembrar as sérias conseqüências ecológicas do tabaco como cultura muito rentável,
principalmente em países com economias já empobrecidas, o que contribui para a atual
crise mundial de produção e distribuição de alimentos.
A produção e o “marketing” da indústria do tabaco e do álcool são atividades altamente
rentáveis, especialmente para os governos, devido aos elevados impostos. Os governos
freqüentemente consideram que as conseqüências econômicas da redução da produção
e consumo do tabaco e do álcool não compensariam os ganhos que se obteriam na
saúde.
Esta Conferência alerta todos os governos para o elevado potencial humano perdido por
doenças e mortes causadas pelo uso do fumo e abuso do álcool. Os governos deveriam
se comprometer em desenvolver uma política pública voltada à saúde, traçando metas
nacionais significativas na redução da produção de tabaco e distribuição de álcool, assim
como do “marketing” e do consumo, para o ano 2000.
• Criando ambientes saudáveis
Muitas pessoas vivem e trabalham em condições prejudiciais a suas saúde e estão
potencialmente expostas a produtos perigosos. Tais problemas, muitas vezes,
transcendem as fronteiras nacionais. A administração e gestão ambiental deveriam
proteger a saúde humana dos efeitos adversos diretos e indiretos de fatores biológicos,
químicos e físicos, e deveriam reconhecer que homens e mulheres são parte do complexo
ecossistema universal. A extrema mas limitada diversidade de recursos naturais, usados
para melhorar as condições de vida, é essencial ao ser humano. Políticas que promovam
a saúde só podem ser sucesso em ambientes que conservem os recursos naturais,
através de estratégias ecológicas de alcance global, regional e local.
É necessário um elevado grau de compromisso em todos os níveis e escalões do
governo. São necessários esforços para uma coordenação inter-setorial, visando
assegurar que as decisões que levem a saúde em consideração sejam encaradas como
prioridade ou pré-requisito para o desenvolvimento industrial e da agropecuária. Em nível
internacional, a Organização Mundial da Saúde deveria desempenhar um papel mais
intensivo junto aos governos para a aceitação destes princípios, apoiando o conceito de
desenvolvimento sustentável.
Esta Conferência defende que, como prioridade, a saúde pública e os movimentos
ecológicos juntem suas forças para o desenvolvimento socio-econômico e,
simultaneamente, dos limitados recursos do planeta.
DESENVOLVENDO NOVAS ALIANÇAS NA SAÚDE
O compromisso com políticas públicas voltadas à saúde exige uma abordagem que
enfatiza consulta e negociação. Políticas públicas saudáveis requerem fortes defensores
que coloquem a saúde no topo da agenda dos políticos e dirigentes públicos. Isto significa
promover o trabalho de grupos de defesa da saúde e auxiliar a mídia a interpretar a
complexidade dos assuntos de política de saúde.
As instituições educacionais precisam responder às necessidades emergentes da nova
saúde pública, reorientando os currículos existentes, no sentido de melhorar as
habilidades em capacitação, mediação e defesa da saúde pública. No desenvolvimento
das políticas, o poder deve migrar do controle para o apoio técnico. Além disso, são
necessários eventos que permitam troca de experiências nos níveis local, nacional ou
internacional.
A Conferência recomenda que grupos de trabalho locais, nacionais e internacionais:
• estabeleçam centros promotores de boa prática no desenvolvimento das políticas
públicas saudáveis;
• desenvolvam redes de pesquisadores, educadores e gestores, para discutir processos
de análise e implementação das políticas públicas voltadas a saúde.
COMPROMISSOS PARA UMA SAÚDE PÚBLICA GLOBAL
Os pré-requisitos para o desenvolvimento social e da saúde são a paz e a justiça social;
alimentação adequada e água potável; educação e moradia decentes; um papel profícuo
na sociedade e renda adequada; conservação dos recursos naturais e proteção do
ecossistema. As políticas públicas saudáveis e o compromisso para uma saúde pública
global dependerão das bases de uma forte cooperação internacional
para agir nas
questões que, por sua amplitude e complexidade, ultrapassam as fronteiras nacionais.
DESAFIOS FUTUROS
1. Assegurar uma distribuição eqüitativa dos recursos, mesmo em condições econômicas
adversas, é um desafio para todas as nações.
2. A meta de Saúde para Todos no Ano 2000 somente será alcançada se a criação e
preservação das condições de vida e trabalho saudáveis forem uma preocupação central
em todas as decisões de políticas públicas. O trabalho em boas condições ( proteção no
trabalho, oportunidades de emprego, qualidade de vida produtiva do trabalhador) afeta
significativamente a saúde e a felicidade das pessoas.
3. O desafio fundamental para as nações e as agências internacionais alcançarem
políticas públicas voltadas à saúde é o de desenvolver parcerias para a construção da
paz, respeitando os direitos humanos, a justiça social, a ecologia e o desenvolvimento
sustentável em todo o planeta.
4. Em muitos países, a saúde é responsabilidade de diferentes instâncias de decisões
políticas. Para atingir melhores níveis de saúde, devemos encontrar novas formas de
colaboração dentro e entre os diferentes atores, e também entre os diversos níveis de
decisão.
5 - Políticas públicas voltadas à saúde devem assegurar que os avanços das tecnologias
direcionadas à atenção à saúde ajudem, em vez de esconder, o processo de
aprimoramento da eqüidade social.
A Conferência recomenda fortemente que a OMS continue o intenso trabalho de
promoção da saúde através das cinco estratégias descritas na Carta de Ottawa. É
urgente que a OMS expanda suas iniciativas a todas as regiões, como um processo
integrado deste trabalho. Apoio aos países em desenvolvimento, principalmente aos mais
pobres, é crucial para o sucesso deste processo.
RENOVAÇÃO DO COMPROMISSO
No interesse da saúde global, os participantes da Conferência de Adelaide conclamam
que todos reafirmem o compromisso por uma forte aliança na saúde pública, como
preceitua a Carta de Ottawa.
Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/Alma-Ata.pdf
DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE
CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
Alma-Ata, URSS, 6-12 de setembro de 1978
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Alma-Ata
aos doze dias do mês de setembro de mil novecentos e setenta e oito, expressando a
necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos
campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a
saúde de todos os povos do mundo, formulou a seguinte declaração:
I) A Conferência enfatiza que a saúde - estado de completo bem- estar físico, mental e
social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano
fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais
importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores
sociais e econômicos, além do setor saúde.
II) A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, particularmente
entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como dentro dos países, é
política, social e economicamente inaceitável e constitui, por isso, objeto da preocupação
comum de todos os países.
III) O desenvolvimento econômico e social baseado numa ordem econômica internacional
é de importância fundamental para a mais plena realização da meta de Saúde para Todos
no Ano 2000 e para a redução da lacuna existente entre o estado de saúde dos países
em desenvolvimento e o dos desenvolvidos. A promoção e proteção da saúde dos povos
é essencial para o contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor
qualidade de vida e para a paz mundial.
IV) É direito e dever dos povos participar individual e coletivamente no planejamento e na
execução de seus cuidados de saúde.
V) Os governos têm pela saúde de seus povos uma responsabilidade que só pode ser
realizada mediante adequadas medidas sanitárias e sociais. Uma das principais metas
sociais dos governos, das organizações internacionais e de toda a comunidade mundial
na próxima década deve ser a de que todos os povos do mundo, até o ano 2000, atinjam
um nível de saúde que lhes permita levar uma vida social e economicamente produtiva.
Os cuidados primários de saúde constituem a chave para que essa meta seja atingida,
como parte do desenvolvimento, no espírito da justiça social.
VI) Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em
métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente
aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade,
mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter
em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação.
Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a função
central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da
comunidade. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da
comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são
levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e
constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde.
VII) Os cuidados primários de saúde:
1 - Refletem, e a partir delas evoluem, as condições econômicas e as características
socioculturais e políticas do país e de suas comunidades, e se baseiam na aplicação dos
resultados relevantes da pesquisa social, biomédica e de serviços de saúde e da
experiência em saúde pública.
2 - Têm em vista os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando
serviços de proteção, cura e reabilitação, conforme as necessidades.
3 - Incluem pelo menos: educação, no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos
métodos para sua prevenção e controle, promoção da distribuição de alimentos e da
nutrição apropriada, previsão adequada de água de boa qualidade e saneamento básico,
cuidados de saúde materno-infantil, inclusive planejamento familiar, imunização contra as
principais doenças infecciosas, prevenção e controle de doenças localmente endêmicas,
tratamento apropriado de doenças e lesões comuns e fornecimento de medicamentos
essenciais.
4 - Envolvem, além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do
desenvolvimento nacional e comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a produção
de alimentos, a indústria, a educação, a habitação, as obras públicas, as comunicações e
outros setores.
5 - Requerem e promovem a máxima autoconfiança e participação comunitária e
individual no planejamento, organização, operação e controle dos cuidados primários de
saúde, fazendo o mais pleno uso possível de recursos disponíveis, locais, nacionais e
outros, e para esse fim desenvolvem, através da educação apropriada, a capacidade de
participação das comunidades.
6 - Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e mutuamente
amparados, levando à progressiva melhoria dos cuidados gerais de saúde para todos e
dando prioridade aos que têm mais necessidade.
7 - Baseiam-se, nos níveis locais e de encaminhamento, nos que trabalham no campo da
saúde, inclusive médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e agentes comunitários,
conforme seja aplicável, assim como em praticantes tradicionais, conforme seja
necessário, convenientemente treinados para trabalhar, social e tecnicamente, ao lado da
equipe de saúde e responder às necessidades expressas de saúde da comunidade.
VIII) Todos os governos devem formular políticas, estratégias e planos nacionais de ação
para lançar/sustentar os cuidados primários de saúde em coordenação com outros
setores. Para esse fim, será necessário agir com vontade política, mobilizar os recursos
do
país e utilizar racionalmente os recursos externos disponíveis.
IX) Todos os países devem cooperar, num espírito de comunidade e serviço, para
assegurar os cuidados primários de saúde a todos os povos, uma vez que a consecução
da saúde do povo de qualquer país interessa e beneficia diretamente todos os outros
países. Nesse contexto, o relatório conjunto da OMS/UNICEF sobre cuidados primários
de saúde constitui sólida base para o aprimoramento adicional e a operação dos cuidados
primários de saúde em todo o mundo.
X) Poder-se-á atingir nível aceitável de saúde para todos os povos do mundo até o ano
2000 mediante o melhor e mais completo uso dos recursos mundiais, dos quais uma parte
considerável é atualmente gasta em armamento e conflitos militares. Uma política legítima
de independência, paz, distensão e desarmamento pode e deve liberar recursos
adicionais, que podem ser destinados a fins pacíficos e, em particular, à aceleração do
desenvolvimento social e econômico, do qual os cuidados primários de saúde, como parte
essencial, devem receber sua parcela apropriada.
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde concita à ação
internacional e nacional urgente e eficaz, para que os cuidados primários de saúde sejam
desenvolvidos e aplicados em todo o mundo e, particularmente, nos países em
desenvolvimento, num espírito de cooperação técnica e em consonância com a nova
ordem econômica internacional. Exorta os governos, a OMS e o UNICEF, assim como
outras organizações internacionais, entidades multilaterais e bilaterais, organizações
governamentais, agências financeiras, todos os que trabalham no campo da saúde e toda
a comunidade mundial a apoiar um compromisso nacional e internacional para com os
cuidados primários de saúde e a canalizar maior volume de apoio técnico e financeiro
para esse fim, particularmente nos países em desenvolvimento. A Conferência concita
todos a colaborar para que os cuidados primários de saúde sejam introduzidos,
desenvolvidos e mantidos, de acordo com a letra e espírito desta Declaração.
Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/Carta de S�o Paulo - Congresso Internacional - 2008.pdf
235Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 3, fevereiro/2009
CARTA DE SÃO PAULO SOBRE
A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO
CULTURAL SUBAQUÁTICO
Os participantes do Congresso Internacio-
nal de Direitos Humanos, Meio Ambiente e
Cultura, que contou com a participações dos
conferencistas Prof. Tullio Scovazzi, Profes-
sor de Direito Internacional da Universidade
de Milano-Bicocca/Itália, do Prof. Paulo
Affonso Leme Machado, jurista e professor
doutor da Faculdade de Direito da UNIMEP
e dos debatedores Inês Virgínia Prado Soa-
res, Procuradora da República e doutora em
direito pela PUC/SP e Pedro Paulo Abreu
Funari, Professor Titular em História e Ar-
queologia da UNICAMP, sendo o painel so-
bre a proteção do patrimônio cultural
subaquático presidido por Ana Cristina Ban-
deira Lins, Procuradora da República e es-
pecialista em direito, realizado no dia 04 de
setembro de 2008, na sede da Procuradoria
Regional da República da 3ª Região, em São
Paulo, após debaterem a temática em oficina
de trabalho, coordenada por Alexandra
Facciolli Martins e Regina Helena Fonseca
Fortes Furtado, Promotoras de Justiça e Pro-
fessoras do Curso de Especialização em Di-
reito Ambiental da UNIMEP, reconhecendo
o tema patrimônio cultural subaquático como
assunto jurídico merecedor de tutela e de
ações que garantam sua existência e fruição
para as presentes e futuras gerações, expõem
e, ao final, concluem,
Considerando que o patrimônio cultural
subaquático, como parte integrante do patri-
mônio cultural brasileiro (art. 216, “caput” da
Atualidades
236 Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 3, fevereiro/2009
Constituição Federal), é um testemunho vivo da
cultura das civilizações passadas e da história
da Humanidade, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações (art. 225,
“caput”),
Considerando que a Constituição Federal
Brasileira de 1988 define os bens arqueológi-
cos, emersos ou submersos, sem distinção, como
bens da União (art. 20, X), cuja tutela é de com-
petência comum entre a União, Estados e Mu-
nicípios (art. 23, da CF) e, por isso, incumbe ao
IPHAN obrigatoriamente participar do procedi-
mento de autorização de sua exploração tanto
de bens emersos e submersos, mediante o exer-
cício do poder de polícia, à luz da Lei 3.924/61
e as Portarias IPHAN nº 007/88 e 230/02;
Considerando que a legislação infracons-
titucional é insuficiente e inadequada à prote-
ção do patrimônio cultural subaquático, em es-
pecial a Lei 7.542/86, na redação introduzida
pela Lei 10.166/00, que padece de vícios insaná-
veis de inconstitucionalidade, pois confere tra-
tamento ao patrimônio arqueológico subaquático
como bens comercializáveis, permitindo, inclu-
sive, sua adjudicação indevida ao explorador;
não exige a metodologia científica mais adequa-
da para o resgate de bens e navios afundados,
desconsiderando o sítio arqueológico em seu
contexto; permite, indiscriminadamente, excur-
sões e turismo não controlados em sítios e áreas
de interesse arqueológico; etc.
Considerando que a Convenção da
UNESCO sobre a Proteção do Patrimônio Cul-
tural Subaquático tem por objetivo atender à
necessidade “de codificar e desenvolver progres-
sivamente as regras relativas à proteção e pre-
servação do patrimônio cultural subaquático em
conformidade com o direito e a prática interna-
cionais”, destacando que a prospecção, a esca-
vação e a proteção do patrimônio cultural sub-
aquático requerem a disponibilização e a apli-
cação de métodos científicos especiais e o uso
de técnicas e de equipamentos apropriados, as-
sim como um alto grau de especialização pro-
fissional, todos eles indicando a necessidade de
critérios diretores uniformes;
Considerando que o patrimônio cultural
subaquático deve ser gerido e protegido sob o
enfoque patrimonial, cultural e ambiental não
somente para fins de pesquisas arqueológicas,
mas principalmente em face das obras e ativida-
des impactantes, as quais são submetidas, pelo
regime legal brasileiro, ao licenciamento
ambiental. E que, nessas situações, tem-se acei-
to passivamente a destruição de vários sítios
submersos, já que o Poder Público permite a não
contemplação dos trabalhos de Arqueologia
Subaquática nos prévios Estudos de Impacto
Ambiental e respectivos relatórios (EIA/RIMAs)
de áreas portuárias, de linhões ou tubulações
submersas; e
Considerando, por fim, que está em
tramitação no Congresso Nacional (Senado Fe-
deral) o Projeto de Lei 45/2008, sobre o
patrimônio cultural subaquático, cuja redação
final pode oferecer um contorno apropriado ao
tratamento do bem cultural e se tornar uma lei
que integra de forma harmônica o sistema de
proteção patrimonial; com efetividade na prote-
ção dos bens submersos e com a regulação de
atividades que utilizem os bens arqueológicos
como recursos econômicos, pautando-se em
princípios e mecanismos que remetam à garan-
tia de manutenção de todos os elementos funda-
mentais para caracterização do bem como bem
cultural de interesse público;
Os participantes do Congresso Internacio-
nal de Direitos Humanos, Meio Ambiente e
Cultura, convencidos da urgência em adotar
medidas apropriadas para a efetiva proteção
do patrimônio subaquático, concluem
1. que sejam empreendidos esforços para a apro-
vação urgente de uma nova lei sobre patri-
mônio cultural subaquático, a qual deverá le-
var em consideração o sistema normativo dos
bens arqueológicos, em especial a Constitui-
Atualidades
237Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 3, fevereiro/2009
ção Federal da República Federativa do Bra-
sil de 1988 e a Lei nº 3.924/61 e ter como
finalidade primordial a proteção dos bens
submersos, assegurando que as atividades que
utilizem os bens culturais e arqueológicos
como recursos econômicos sejam norteadas
por princípios e mecanismos que remetam à
garantia de manutenção de todos os elemen-
tos fundamentais
2. que o Ministério Público, a sociedade civil e
os órgãos de proteção do patrimônio cultural
brasileiro promovam efetivas atuações que
realcem a urgente necessidade do Brasil assi-
nar e o Congresso Nacional ratificar a Con-
venção Sobre a Proteção do Patrimônio Cul-
tural Subaquático1.
3. que o patrimônio cultural subaquático deve
ser protegido pelos órgãos do Executivo,
Legislativo e Judiciário, bem como pelo Mi-
nistério Público e pela Sociedade Civil, des-
tacando-se a necessidade de efetiva atuação
do IPHAN nos processos de autorização e de
fiscalização da exploração do patrimônio
subaquático, isolada ou conjuntamente com
Marinha Brasileira;
4. que se busque judicialmente afastar os dis-
positivos legais inconstitucionais supramen-
cionados do nosso sistema jurídico atual (Lei
Federal nº 7.542/86, na redação dada pela Lei
10.166/00) com a argüição de inconstitucio-
nalidade de tais dispositivos;
5. que o Ministério Público, a sociedade civil e
os órgãos de proteção do patrimônio cultural
brasileiro utilizem-se de instrumentos de dis-
cussão pública, tais como as audiências pú-
blicas, para ouvir a comunidade científica, os
órgãos públicos de outras áreas envolvidas
com a temática patrimonial, os juristas e a co-
munidade que pode ser diretamente benefici-
ada econômica ou culturalmente pela explo-
ração do patrimônio cultural subaquático;
6. que, para atingir a finalidade de dar visibili-
dade ao tema e transparência às discussões e
às informações e aos dados existentes nos ór-
gãos de proteção do patrimônio cultural bra-
sileiro , o Ministério Público, a sociedade ci-
vil e o Poder Público busquem soluções e me-
canismos que resguardem devidamente esse
rico patrimônio.
São Paulo, 04 de setembro de 2008
1 Paris, UNESCO (2001)
Atualidades
Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/carta_caribe.pdf
Carta do Caribe para a Promoção da 
Saúde
4 DE JUNHO DE 1993 
Durante a 13a Reunião dos Ministros Responsáveis pela Saúde do Caribe, e depois
de haver tomado consciência da pertinência da promoção da saúde como processo
importante e significativo, através do qual os povos do Caribe poderiam assumir 
um controle maior sobre sua saúde e melhorá-la, foi pedida a elaboração de uma 
Carta do Caribe para a Promoção da Saúde. 
Em cumprimento a este mandato aconteceu em Port of Spain, Trinidad e Tobago, a
Primeira Conferência de Promoção da Saúde do Caribe. A reunião realizou-se de 1 a 
4 de junho de 1993 com a participação de 125 pessoas procedentes do setor da
saúde e outros campos afins, além de representantes dos setores sociais, ativos na
vida caribenha. 
Esta cooperação dos povos do Caribe no tema da saúde faz parte da tradição de
esforços, declarações e iniciativas realizadas anteriormente neste campo. Em 1978,
os ministros do Caribe responsáveis pela saúde publicaram a "Declaração sobre a
Saúde da Comunidade Caribenha". Em 1986, estabeleceram a "Cooperação
Caribenha em Iniciativas de Saúde", que representa um marco conjunto para a
ação sanitária, a que deram forma e direção adicionais em 1992, quando aceitaram
um conjunto de metas e objetivos em temas prioritários. 
As ações do Caribe coincidem com outras de caráter similar, que estão sendo
realizadas no âmbito do hemisfério, e são coerentes com os planos e programas
para a execução da Estratégia de Promoção da Saúde definida nas "Orientações
Estratégicas e Prioridades Programáticas da Organização Panamericana de Saúde"
para o período de 1991 a 1994. 
As nações do Caribe estão orgulhosas, e com razão, dos seus avanços no campo da
saúde. Com certeza, seus governos, conscientes de que seus problemas de saúde
de hoje e de amanhã estão cada dia mais complexos e crescentemente ligados a
fatores sociais, econômicos e comportamentais, pensam que este é o momento de
adotar um novo enfoque. A urgência da medida se intensifica não só pela mudança
dos padrões dos problemas de saúde da população, como também pelos efeitos
desfavoráveis que os programas de ajuste estrutural de suas economias vem tendo
sobre seu bem estar. 
PROMOÇÃO DA SAÚDE
A promoção da saúde é esse enfoque novo que, no contexto caribenho, fortalecerá
a capacidade dos indivíduos e comunidades para controlar, melhorar e manter seu
bem estar físico, mental, social e espiritual. 
Baseia-se não só na prevenção e controle da enfermidade, como também na saúde
e bem estar, e defende o conceito de que a saúde das pessoas é um recurso 
positivo em suas vidas. 
Exige uma colaboração estreita entre o setor sanitário e outros setores, já que os
determinantes do estado de saúde são múltiplos e diversos. 
A promoção da saúde assim concebida favorecerá o desenvolvimento da
criatividade e produtividade dos povos do Caribe e procurará sua satisfação
espiritual em um clima de boas relações interpessoais e paz. 
OPORTUNIDADES
O Caribe se equipou bem para enfrentar os desafios que devem acontecer pela
aceitação da promoção da saúde como enfoque idôneo. As oportunidades de êxito 
para essas ações procedem de: 
• estruturas e instituições existentes, nascidas da rica variedade de
experiências e recursos que seus povos adquiriram; 
• singularidade da sua cultura, sua tolerância racial e religiosa, seu 
reconhecimento do valioso papel que desempenham a família e os amigos; 
• a personalidade do seu povo, conhecida pelo senso de humor e pelo orgulho
que sentem por sua música, suas danças e seus esportes; 
• os avanços demonstrados que seus povoados fizeram para melhorar muitos 
aspectos de sua saúde, e 
• suas conquistas acadêmicas. 
ESTRATÉGIAS
O bem estar dos povoados do Caribe, que a promoção da saúde pretende
incrementar, dependerá das ações realizadas pelas pessoas e comunidades, com o
objetivo de modificar os fatores essenciais ecológicos e de comportamento, e
proporcionar sistemas eficientes a respeito da saúde. As estratégias que garantirão
a compreensão, planejamento e execução da promoção da saúde, que se aderem
aos princípios de equidade em saúde, compreendem: 
• formulação de normas públicas saudáveis; 
• reorientação dos serviços de saúde; 
• poder às comunidades para conseguir o bem estar; 
• criação de ambientes saudáveis; 
• fortalecimento e desenvolvimento das capacidades pessoais relacionadas
com a saúde, e 
• construção de alianças baseadas nos meios de comunicação. 
FORMULAÇÃO DE NORMAS PÚBLICAS SAUDÁVEIS
Considerando que todas as dimensões da atividade do Estado influem nas
condições de saúde da população, os dirigentes políticos deverão estar muito
conscientes das conseqüências das suas decisões. Portanto, as considerações
multisetoriais e multidisciplinares são essenciais para a formulação de normas
públicas saudáveis. 
Estas normas deverão destacar as alianças entre os diferentes programas e
promover a saúde como suporte estratégico e resultado prioritário do
desenvolvimento. Deverão buscar o consenso entre os atores e setores essenciais e
envolver em sua definição a população e suas diferentes comunidades. 
REORIENTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
A execução das estratégias de promoção da saúde exige nada menos que a
orientação do sistema de saúde para que responda melhor às necessidades
sanitárias de comunidades e indivíduos. 
Os sistemas sanitários que adotem a promoção da saúde deverão envolver os
membros da comunidade em seu desenvolvimento e garantir que as decisões sobre
prestação de serviços tenham sua base em reais processos
de participação e
consulta nacionais e locais. 
A equidade será o cimento destes sistemas. A definição de recursos e o
estabelecimento de programas são fundamentais para garantir que a promoção da
saúde assuma a posição prioritária que lhe compete. 
Estes sistemas estarão abertos à provisão de serviços não tradicionais e à
realização de investigações adequadas no campo da saúde, e aceitarão como líder 
qualquer dos membros da equipe de saúde. 
FORTALECER AS COMUNIDADES PARA PROMOVER O BEM ESTAR
A promoção da saúde deverá construir-se a partir do aspecto da cultura caribenha 
que abarca a ação comunitária e a tradição da família. As comunidades receberão a 
informação e as ferramentas necessárias com o objetivo de melhorar sua saúde e
seu bem estar. 
Os dirigentes políticos, os profissionais da saúde e os meios de comunicação
reconhecerão a ação e a participação da comunidade e sua contribuição para o 
estabelecimento das prioridades para a promoção da saúde. 
CRIAÇÃO DE AMBIENTES SAUDÁVEIS
O êxito da promoção da saúde dependerá em parte do compromisso que os
governos assumem com vistas a alcançar um ambiente físico, social, econômico e
político saudável. Todas as atividades de desenvolvimento deverão ter, como fio
condutor, a necessidade de manter e melhorar o meio-ambiente, posto que a 
população do Caribe aspira viver em países e cidades saudáveis, a trabalhar em
lugares saudáveis e que seus filhos estejam em escolas saudáveis. 
Por sua vez, a promoção da saúde defenderá um compromisso que alcance estas
aspirações através da legislação se for necessário. 
FORTALECIMENTO DAS APTIDÕES PESSOAIS RELACIONADAS COM A 
SAÚDE
O objetivo da educação para a saúde pessoal consistirá em reforçar a
autodisciplina, reconhecendo a importância essencial da educação precoce das
crianças; também se tomará em consideração os valores, crenças e costumes da
comunidade. 
O fortalecimento destas aptidões é um processo contínuo que deve ser facilitado 
em todas as etapas da vida, tanto na escola, no trabalho ou lazer. Estes objetivos
não serão impostos, as pessoas serão guiadas e apoiadas na consecução dos
mesmos. 
O fortalecimento das aptidões é uma responsabilidade da qual compartilharão todas 
as fontes de informação e todos os meios de educação e comunicação . 
CONSTRUÇÃO DE ALIANÇAS BASEADAS NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
As nações e comunidades têm diferentes recursos que se reunirão em um esforço
conjunto e compartilhado com o fim de promover a saúde. Serão formadas alianças
e se buscará a coordenação de todos os setores tradicionais que influem na saúde. 
Os meios de comunicação, em toda sua diversidade, deverão participar nesta
cooperação; deverão aportar seu poder e influências para a formulação de normas 
e programas que afetem a saúde da população. 
É imprescindível estabelecer uma relação recíproca entre os meios de comunicação
e os setores relacionados com a saúde para garantir o livre fluxo de informações
sobre os temas vitais para a saúde no Caribe. 
A efetividade de muitas destas alianças dependerá da atenção que se preste à
capacitação de pessoal onde se encontrem os aliados da promoção da saúde. 
O OBJETIVO
Neste 20º aniversário da assinatura do Tratado de Chaguaramas, é significativo que 
no Caribe se esteja buscando estudar as práticas existentes e estabelecer novas
normas a fim de guiar as ações sobre o campo crescente da promoção da saúde.
Resulta adequado que os ministros de saúde adotem esta carta, e desta forma, se 
esforcem e trabalhem em colaboração com todos os setores sociais pertinentes
para levar a cabo ações que transformem em um instrumento vivo que sirva para
manter e melhorar a saúde da região. Este é o objetivo! 
F onte: Ministério da Saúde 
Data da Publicação: 06/02/2002 
 
Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/C�pia de ATIVIDADE - CARTAS E DECLARA��ES INTERNACINAIS - BIOMEDICINA.doc
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA – SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
CURSO: FARMÁCIA e BIOMEDICINA
DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA
PROFª: SONIA MARIA OLHAS GOUVÊA
ATIVIDADE: CARTAS E DECLARAÇÕES INTERNACIONAIS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
		CARTAS/
DECLARAÇÕES
		ANO
		PAÍS
		PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
		Alma Ata
		
		
		
		Ottawa
		
		
		
		Adelaide
		
		
		
		Jakarta
		
		
		
		Sundsvall
		
		
		
		Santa Fé
		
		
		
		Caribe
		
		
		
		Bangkok
		
		
		
		Milênio
		
		
		
		São Paulo
		
		
		
Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/C�pia de Declaracao_de_Bangkok.pdf
UIPES/ORLA 
Sub-Região Brasil 
 1
 
A CARTA DE BANGKOK PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE 
NO MUNDO GLOBALIZADO1 
Introdução 
 
Área de atuação. 
A Carta de Bangkok (CB) identifica ações, compromissos e garantias 
requeridos para atingir os determinantes de saúde no mundo globalizado 
por meio da promoção da saúde (PS). 
 
Propósito. 
A CB afirma que as políticas e parcerias para o empoderamento das 
comunidades e para a melhoria da saúde, e da eqüidade em saúde, 
deveriam ser situadas no centro do desenvolvimento global e nacional. 
A CB complementa e desenvolve os valores, princípios e estratégias de ação 
da PS estabelecidas pela Carta de Ottawa para a Promoção da Saúde, assim 
como as recomendações das conferências de PS subseqüentes, confirmadas 
pelos Estados Membros, através da Assembléia Mundial de Saúde. 
 
Audiência. 
A CB pretende atingir pessoas, grupos, e organizações de importância 
crítica para os empreendimentos em saúde, incluindo: 
? Governos e políticos em todos os níveis 
? Sociedade civil 
? Setor privado, e 
? Organizações internacionais 
? Comunidade da saúde pública 
 
Promoção da Saúde 
As Nações Unidas reconhecem que desfrutar o mais elevado estado possível 
de saúde é um dos direitos fundamentais de todo ser humano, sem 
discriminação. 
A PS é baseada neste direito humano prioritário e oferece um conceito 
positivo e inclusivo de saúde como determinante da qualidade de vida, que 
inclui o bem estar mental e espiritual. 
A PS é um processo de capacitação de pessoas para exercerem controle 
sobre sua saúde e seus determinantes, e, portanto, para melhorarem a 
saúde. 
 
Apontando para os determinantes da saúde 
 
Contexto em mudança 
O contexto mundial para a PS tem se alterado marcadamente desde o 
desenvolvimento da Carta de Ottawa. 
Fatores críticos. 
Alguns dos fatores críticos que hoje influenciam a saúde incluem: 
? Aumento das desigualdades dentro de cada país e entre países 
? Novos padrões de consumo e comunicação 
? Comercialização 
 
1 O presente documento é tradução realizada pela Coordenação da UIPES/ORLA-BR do original em 
inglês “The Bangkok Charter for Health Promotion in a Globalized World” enviado pela Oficina 
Regional Latino-Americana da UIPES. 
UIPES/ORLA 
Sub-Região Brasil 
 2
? Mudanças no meio ambiente global, e 
? Urbanização 
 
Outras mudanças 
Outros fatores que influenciam a saúde incluem mudanças rápidas e 
freqüentemente adversas nas áreas social, econômica e demográfica, as 
quais afetam as condições de trabalho, os ambientes de aprendizagem, os 
modelos familiares e a estrutura cultural e social das comunidades. 
Homens e mulheres são afetados diferentemente, e ampliou-se a 
vulnerabilidade das crianças, assim como a exclusão dos marginalizados, 
dos portadores de deficiências e das populações indígenas. 
 
Novas Oportunidades 
A globalização abre novas oportunidades
para a cooperação visando a 
melhoria da saúde e redução dos riscos de saúde transnacionais; essas 
oportunidades incluem: 
? Acréscimo de tecnologia da informação e das comunicações, e 
? Melhoria dos mecanismos para a governança global e para 
compartilhar experiências. 
 
Coerência Política 
Para manejar os desafios da globalização, as políticas devem manter a 
coerência através de todos os(as): 
? Níveis de governo 
? Órgãos das Nações Unidas, e 
? Outras organizações incluindo o setor privado 
Essa coerência estreitará a aquiescência, transparência e prestação de 
contas junto aos acordos e tratados internacionais que afetam a saúde. 
 
Progresso Alcançado 
Foi obtido progresso em situar a saúde no centro do desenvolvimento, por 
exemplo, através das Metas de Desenvolvimento do Milênio, porém muito 
mais precisa ser alcançado; a participação ativa da sociedade civil é crucial 
nesse processo. 
 
Estratégias para a promoção da saúde no mundo globalizado 
 
Intervenções Efetivas 
O progresso na direção de um mundo mais saudável requer ação política 
forte, ampla participação e advocacia sustentável. 
A PS possui um repertório estabelecido de estratégias comprovadamente 
efetivas que necessitam ser plenamente utilizadas. 
 
Ações Requeridas 
Para obter maiores avanços na implementação dessas estratégias, todos os 
setores e ambientes devem atuar para: 
? Advogar em favor da saúde com base nos direitos humanos e na 
solidariedade 
? Investir em políticas sustentáveis, ações e infra-estrutura para que 
sejam atingidos os determinantes da saúde 
? Construir capacidade para o desenvolvimento de políticas, liderança, 
prática da promoção da saúde, transferência de conhecimento e 
pesquisa, e proporcionar informações sobre saúde 
UIPES/ORLA 
Sub-Região Brasil 
 3
? Regular e legislar para assegurar um alto nível de proteção para a 
redução de danos e oportunidades iguais para a saúde e o bem estar 
de todas as pessoas 
? Viabilizar parcerias e construir alianças com organizações públicas, 
privadas, não governamentais e internacionais e a sociedade civil 
para criar ações sustentáveis. 
 
Compromissos com a Saúde para Todos 
 
Racionalidade 
O setor saúde desempenha um papel chave para prover liderança na 
construção de políticas e parcerias para a PS. 
Um enfoque político integrado com organizações governamentais e não 
governamentais e o compromisso de trabalhar com a sociedade civil e o 
setor privado, e transversalmente nos distintos ambientes, são essenciais 
para o progresso em atingir os determinantes da saúde. 
 
Compromissos chave 
Os quatro compromissos chave devem tornar a PS: 
1. de importância central para a agenda global de desenvolvimento 
2. responsabilidade fundamental para todos os governos 
3. um foco chave das comunidades e da sociedade civil 
4. uma exigência incorporada à boa prática 
 
1. Tornar a PS de importância central para a agenda global de 
desenvolvimento 
 
São necessários acordos intergovernamentais fortes que beneficiem a saúde 
e a segurança coletiva da saúde. Governos e organismos internacionais 
devem atuar próximos à distancia existente na saúde entre ricos e pobres. 
Mecanismos efetivos visando a governança global para a saúde são 
requeridos para atingir os efeitos danosos do: 
? Comércio 
? Produtos 
? Serviços, e 
? Estratégias de marketing 
A PS deve tornar-se uma parte integrante da política doméstica e externa e 
das relações internacionais, incluída em situações de guerra e conflito. 
Isto requer ações para promover o diálogo e a cooperação entre as nações 
estado, a sociedade civil, e o setor privado. Esses esforços podem ser 
construídos com base no exemplo de tratados existentes, tais como a 
Convenção para o Controle do Tabaco sob a chancela da Organização 
Mundial de Saúde. 
 
2. Tornar a OS uma responsabilidade central de todos os governos 
 
Todos os governos, em todos os níveis, devem incluir a saúde deficiente e 
as desigualdades como uma questão de urgência porque a saúde determina 
o desenvolvimento sócio-econômico e político. 
Os governos local, regional e nacional precisam: 
? Priorizar os investimentos em saúde, no interior e exterior do setor 
saúde 
? Prover o financiamento sustentável da PS. 
UIPES/ORLA 
Sub-Região Brasil 
 4
Para assegurá-lo, todos os níveis de governo deveriam tornar explícitas as 
conseqüências para a saúde das políticas e da legislação, utilizando 
instrumentos tais como a estimativa do impacto da saúde focalizado na 
eqüidade. 
 
3. Tornar a PS um foco chave para as comunidades e a sociedade civil 
 
As comunidades e a sociedade civil freqüentemente propiciam o início, a 
forma e o empreendimento da PS. Elas necessitam ter o direito, os recursos 
e as oportunidades para que suas contribuições sejam ampliadas e 
sustentadas. Em comunidades menos desenvolvidas, o apoio para a 
construção de capacidades é particularmente importante. 
Comunidades bem organizadas e empoderadas são altamente efetivas na 
determinação da própria saúde, e são capazes de tornar os governos e o 
setor privado responsáveis pelas conseqüências para a saúde de suas 
políticas e práticas. 
A sociedade civil precisa exercitar seu poder no comércio por meio da 
preferência para com os produtos, serviços e interesses (quotas, ações) de 
companhias que se mostram exemplares na responsabilidade social 
corporativa. 
Projetos comunitários locais, grupos da sociedade civil e organizações de 
mulheres têm demonstrado efetividade nas ações de PS, e oferecem 
modelos para a prática de outros que o desejem. 
As associações profissionais de saúde têm uma contribuição especial a 
oferecer. 
 
4. Tornar a PS uma exigência para a boa prática corporativa 
 
O setor empresarial tem um impacto importante na saúde das pessoas e 
sobre os determinantes da saúde através de sua influência em: 
? Cenários locais 
? Culturas nacionais 
? Meio ambiente, e 
? Distribuição da riqueza. 
O setor privado assim como outros empregadores e o setor informal têm a 
responsabilidade de assegurar a saúde e segurança no local de trabalho, e 
de promover a saúde e o bem estar de seus empregados, suas famílias e 
comunidades. 
O setor privado pode também contribuir para diminuir impactos globais 
mais amplos na saúde, tais como aqueles associados com a mudança 
ambiental global, por meio de aceitação de regulações locais, nacionais e 
internacionais e acordos para promover e proteger a saúde. Práticas 
empresariais éticas e responsáveis e as regras justas de comércio 
exemplificam os tipos de prática nos negócios que devem ser apoiadas 
pelos consumidores e pela sociedade civil, e por incentivos e regulações 
governamentais. 
 
O Empenho Global para Fazer (a PS) Acontecer 
 
Todos para a saúde. 
Cumprir esses compromissos requer melhor aplicação de estratégias já 
comprovadas, assim como a utilização de iniciativas e respostas inovadoras. 
UIPES/ORLA 
Sub-Região Brasil 
 5
Parcerias, alianças, redes e colaboração provêm formas estimulantes e 
compensadoras de unir pessoas e organizações em torno de metas e ações 
conjuntas para melhorar a saúde das populações. 
Cada setor – intergovernamental, governamental, sociedade civil e privado 
– detem um papel e responsabilidade únicos. 
 
Detendo o atraso na implementação 
Desde a adoção da Carta de Ottawa, um número significativo de resoluções 
em níveis nacional e global têm sido assinados em apoio à PS, porém estes 
não têm sido necessariamente acompanhados pela ação. Os participantes 
da conferência de Bangkok enfaticamente apelam aos Estados Membros da 
Organização Mundial da Saúde para fechar esta brecha na implementação e 
mover-se na direção de políticas e parcerias para a ação. 
 
Chamada para a ação. 
Os participantes da Conferência
requerem à Organização Mundial de Saúde, 
em colaboração com outras, e a seus Estados Membros, que aloquem 
recursos para a PS, iniciem planos de ação e monitoramento de 
desempenho através de indicadores e metas apropriados, e elaborem 
relatórios sobre os avanços obtidos, em intervalos regulares. As 
organizações das Nações Unidas são chamadas a explorar os benefícios do 
desenvolvimento de um Tratado Global para a Saúde. 
 
Parceria Global 
A Carta de Bangkok apela a todos (líderes, gestores) que se juntem numa 
parceria global para promover a saúde, com ambos o compromisso e a ação 
local e global. 
 
Compromisso para melhorar a saúde 
Nós, os participantes da 6ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde, em 
Bangkok, Tailândia, apelam para o avanço dessas ações e compromissos 
para a melhoria da saúde. 
11 de Agosto 2005 
 
Nota: 
Essa Carta contem visões coletivas de um grupo internacional de expertos, participantes da 
6ª Conferência Global de Promoção da Saúde, Bangkok, Tailândia, Agosto 2005, e não 
representa necessariamente as decisões e política declarada da Organização Mundial de 
Saúde. 
Cartas e declara��es Internacinais de Promo�� da Sa�de/DecdoMil.pdf
Nações Unidas
Declaração
do Milénio
Cimeira do Milénio
Nova Iorque, 6-8 de Setembro de 2000
PREFÁCIO
A Declaração do Milénio das Nações Unidas é um docu-
mento histórico para o novo século. Aprovada na Cimeira
do Milénio – realizada de 6 a 8 de Setembro de 2000, em
Nova Iorque –, reflecte as preocupações de 147 Chefes de
Estado e de Governo e de 191 países, que participaram na
maior reunião de sempre de dirigentes mundiais.
Esta Declaração foi elaborada ao longo de meses de
conversações, em que foram tomadas em consideração as
reuniões regionais e o Fórum do Milénio, que permitiram
que as vozes das pessoas fossem ouvidas. Apraz-me veri-
ficar que muitos dos compromissos e alvos sugeridos no
meu Relatório do Milénio foram incluídos nela.
A minha intenção, ao propor a realização da Cimeira,
foi utilizar a força simbólica do Milénio para ir ao encontro
das necessidades reais das pessoas de todo o mundo. Ao
ouvir os dirigentes mundiais e ler a Declaração que
aprovaram, fiquei impressionado com a convergência de
opiniões sobre os desafios com que nos vemos confronta-
dos e com a premência do seu apelo à acção.
Os líderes definiram alvos concretos, como reduzir
para metade a percentagem de pessoas que vivem na
pobreza extrema, fornecer água potável e educação a
todos, inverter a tendência de propagação do VIH/SIDA e
alcançar outros objectivos no domínio do desenvolvimen-
to. Pediram o reforço das operações de paz das Nações
Unidas, para que as comunidades vulneráveis possam con-
tar connosco nas horas difíceis. E pediram-nos também que
combatêssemos a injustiça e a desigualdade, o terror e o
crime, e que protegêssemos o nosso património comum, a
Terra, em benefício das gerações futuras.
Na Declaração, os dirigentes mundiais deram indicações
claras sobre como adaptar a Organização ao novo século.
Estão preocupados – aliás, justamente – com a eficácia da
ONU. Querem acção e, acima de tudo, resultados. Pela
minha parte, renovo a minha dedicação e a do meu pessoal
ao cumprimento deste mandato. Mas, em última análise,
são os próprios dirigentes que são as Nações Unidas. Está
ao seu alcance, e portanto compete-lhes a eles, alcançar os
objectivos que definiram. A eles e àqueles que os elegeram,
os povos do mundo, digo: só vós podeis decidir se a ONU
estará à altura do desafio.
Kofi A. Annan
Secretário-Geral das Nações Unidas 
1
A Assembleia Geral
Aprova a seguinte Declaração:
Declaração do Milénio das Nações Unidas
I – VALORES E PRINCÍPIOS
1. Nós, Chefes de Estado e de Governo, reunimo-nos na
Sede da Organização das Nações Unidas em Nova
Iorque, entre os dias 6 e 8 de Setembro de 2000, no iní-
cio de um novo milénio, para reafirmar a nossa fé na
Organização e na sua Carta como bases indispensáveis
de um mundo mais pacífico, mais próspero e mais
justo.
2. Reconhecemos que, para além das responsabilidades
que todos temos perante as nossas sociedades, temos a
responsabilidade colectiva de respeitar e defender os
princípios da dignidade humana, da igualdade e da
equidade, a nível mundial. Como dirigentes, temos,
pois, um dever para com todos os habitantes do plane-
ta, em especial para com os mais desfavorecidos e, em
particular, as crianças do mundo, a quem pertence o
futuro.
3. Reafirmamos a nossa adesão aos propósitos e princí-
pios da Carta das Nações Unidas, que demostraram
ser intemporais e universais. De facto, a sua pertinên-
cia e capacidade como fonte de inspiração aumen-
taram, à medida que se multiplicaram os vínculos e se
foi consolidando a interdependência entre as nações e
os povos.
4. Estamos decididos a estabelecer uma paz justa e
duradoura em todo o mundo, em conformidade com
os propósitos e princípios da Carta. Reafirmamos a
nossa determinação de apoiar todos os esforços que
2
visam fazer respeitar a igualdade e soberania de todos
os Estados, o respeito pela sua integridade territorial e
independência política; a resolução dos conflitos por
meios pacíficos e em consonância com os princípios de
justiça e do direito internacional; o direito à autodeter-
minação dos povos que permanecem sob domínio
colonial e ocupação estrangeira; a não ingerência nos
assuntos internos dos Estados; o respeito pelos direitos
humanos e liberdades fundamentais; o respeito pela
igualdade de direitos de todos, sem distinções por
motivo de raça, sexo, língua ou religião; e a cooperação
internacional para resolver os problemas interna-
cionais de carácter económico, social, cultural ou
humanitário.
5. Pensamos que o principal desafio que se nos depara
hoje é conseguir que a globalização venha a ser uma
força positiva para todos os povos do mundo, uma vez
que, se é certo que a globalização oferece grandes pos-
sibilidades, actualmente os seus benefícios, assim
como os seus custos, são distribuídos de forma muito
desigual. Reconhecemos que os países em desenvolvi-
mento e os países com economias em transição
enfrentam sérias dificuldades para fazer frente a este
problema fundamental. Assim, consideramos que, só
através de esforços amplos e sustentados para criar um
futuro comum, baseado na nossa condição humana
comum, em toda a sua diversidade, pode a globaliza-
ção ser completamente equitativa e favorecer a
inclusão. Estes esforços devem incluir a adopção de
políticas e medidas, a nível mundial, que correspon-
dam às necessidades dos países em desenvolvimento e
das economias em transição e que sejam formuladas e
aplicadas com a sua participação efectiva.
6. Consideramos que determinados valores fundamen-
tais são essenciais para as relações internacionais no
século XXI. Entre eles figuram:
3
� AA lliibbeerrddaaddee.. Os homens e as mulheres têm o di-
reito de viver a sua vida e de criar os seus filhos
com dignidade, livres da fome e livres do medo da
violência, da opressão e da injustiça. A melhor
forma de garantir estes direitos é através de go-
vernos de democracia participativa baseados na
vontade popular.
� AA iigguuaallddaaddee.. Nenhum indivíduo ou nação deve
ser privado da possibilidade de beneficiar do
desenvolvimento. A igualdade de direitos e de
oportunidades entre homens e mulheres deve ser
garantida.
� AA ssoolliiddaarriieeddaaddee.. Os problemas mundiais devem ser
enfrentados de modo a que os custos e as responsa-
bilidades sejam distribuídos com justiça, de acordo
com os princípios fundamentais da equidade e da
justiça social. Os que sofrem, ou os que beneficiam
menos, merecem a ajuda dos que beneficiam mais.
� AA ttoolleerrâânncciiaa.. Os seres humanos devem respeitar-
-se mutuamente, em toda a sua diversidade
de
crenças, culturas e línguas. Não se devem repri-
mir as diferenças dentro das sociedades, nem
entre estas. As diferenças devem, sim, ser aprecia-
das como bens preciosos de toda a humanidade.
Deve promover-se activamente uma cultura de
paz e diálogo entre todas as civilizações.
� RReessppeeiittoo ppeellaa nnaattuurreezzaa.. É necessário actuar com
prudência na gestão de todas as espécies e recur-
sos naturais, de acordo com os princípios do
desenvolvimento sustentável. Só assim podere-
mos conservar e transmitir aos nossos descen-
dentes as imensuráveis riquezas que a natureza
nos oferece. É preciso alterar os actuais padrões
insustentáveis de produção e consumo, no interes-
se do nosso bem-estar futuro e no das futuras
gerações.
4
� RReessppoonnssaabbiilliiddaaddee ccoommuumm.. A responsabilidade
pela gestão do desenvolvimento económico e
social no mundo e por enfrentar as ameaças à paz
e segurança internacionais deve ser partilhada
por todos os Estados do mundo e ser exercida
multilateralmente. Sendo a organização de carác-
ter mais universal e mais representativa de todo o
mundo, as Nações Unidas devem desempenhar
um papel central neste domínio.
7. Com vista a traduzir estes valores em acções, identi-
ficámos um conjunto de objectivos-chave aos quais
atribuímos especial importância.
II – PAZ, SEGURANÇA E DESARMAMENTO
8. Não pouparemos esforços para libertar os nossos
povos do flagelo da guerra – seja dentro dos Estados
ou entre eles –, que, na última década, já custou mais
de cinco milhões de vidas. Procuraremos também
eliminar os perigos que as armas de destruição maciça
representam.
9. Decidimos, portanto:
� Consolidar o respeito pelo primado da lei nos
assuntos internacionais e nacionais e, em particu-
lar, assegurar que os Estados Membros cumpram
as decisões do Tribunal Internacional de Justiça,
de acordo com a Carta das Nações Unidas, nos
litígios em que sejam partes.
� Aumentar a eficácia das Nações Unidas na
manutenção da paz e segurança, dotando a
Organização dos recursos e dos instrumentos de
que esta necessita para as suas tarefas de pre-
venção de conflitos, resolução pacífica de diferen-
dos, manutenção da paz, consolidação da paz e
reconstrução pós-conflito. Neste contexto, tomá-
5
mos devida nota do relatório do Grupo sobre as
Operações de Paz das Nações Unidas1 e pedimos
à Assembleia Geral que se debruce quanto antes
sobre as suas recomendações.
� Intensificar a cooperação entre as Nações Unidas e
as organizações regionais, de acordo com as dis-
posições do Capítulo VIII da Carta.
� Assegurar que os Estados participantes apliquem
os tratados, sobre questões como o controlo de
armamentos e o desarmamento, o direito interna-
cional humanitário e os direitos humanos, e pedir
a todos os Estados que considerem a possibilidade
de assinar e ratificar o Estatuto de Roma do
Tribunal Penal Internacional2.
� Adoptar medidas concertadas contra o terrorismo
internacional e aderir quanto antes a todas as con-
venções internacionais pertinentes.
� Redobrar os nossos esforços para pôr em prática o
nosso compromisso de lutar contra o problema
mundial da droga.
� Intensificar a luta contra o crime transnacional em
todas as suas dimensões, nomeadamente contra o
tráfico e contrabando de seres humanos, e o bran-
queamento de capitais.
� Reduzir tanto quanto possível as consequências
negativas que as sanções económicas impostas
pelas Nações Unidas podem ter nas populações
inocentes, submeter os regimes de sanções a
análises periódicas e eliminar as consequências
adversas das sanções para terceiros.
� Lutar pela eliminação das armas de destruição
maciça, em particular das armas nucleares, e não
excluir qualquer via para atingir este objectivo,
1A/55/305-S/2000/809; ver Oficial Records of the Security Council, Fifty-fifth Year,
Supplement for July, August and September 2000, documento S/2000/809
2A/CONF.183/9.
6
nomeadamente a possibilidade de convocar uma
conferência internacional para definir os meios
adequados para eliminar os perigos nucleares.
� Adoptar medidas concertadas para pôr fim ao trá-
fico ilícito de armas ligeiras, designadamente tor-
nando as transferências de armas mais transpa-
rentes e apoiando medidas de desarmamento
regional, tendo em conta todas as recomendações
da Conferência das Nações Unidas sobre o
Comércio Ilícito de Armas Pessoais e Ligeiras.
� Pedir a todos os Estados que considerem a possi-
bilidade de aderir à Convenção sobre a proibição
do uso, armazenamento, produção e transferência
de minas anti-pessoal e sobre a sua destruição3,
assim como às alterações ao protocolo sobre
minas referente à Convenção sobre armas con-
vencionais.4
10. Instamos todos os Estados Membros a observarem a
Trégua Olímpica, individual e colectivamente, agora e
no futuro, e a apoiarem o Comité Olímpico Inter-
nacional no seu trabalho de promoção da paz e do
entendimento humano através do desporto e do Ideal
Olímpico.
III – O DESENVOLVIMENTO E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA
11. Não pouparemos esforços para libertar os nossos
semelhantes, homens, mulheres e crianças, das
condições abjectas e desumanas da pobreza extrema,
à qual estão submetidos actualmente mais de 1000
milhões de seres humanos. Estamos empenhados
em fazer do direito ao desenvolvimento uma realidade
3Ver CD/1478
4Protocolo alterado sobre proibições ou restrições ao uso de minas, armadilhas e outros
engenhos, documento: CCW/CONF.I/16 (Part I), annex B.
7
para todos e em libertar toda a humanidade da
carência.
12. Em consequência, decidimos criar condições propícias,
a nível nacional e mundial, ao desenvolvimento e à
eliminação da pobreza.
13. A realização destes objectivos depende, entre outras
coisas, de uma boa governação em cada país. Depende
também de uma boa governação no plano inter-
nacional e da transparência dos sistemas financeiros,
monetários e comerciais. Propugnamos um sistema
comercial e financeiro multilateral aberto, equitativo,
baseado em normas, previsível e não discriminatório.
14. Estamos preocupados com os obstáculos que os países
em desenvolvimento enfrentam para mobilizar os
recursos necessários para financiar o seu desenvolvi-
mento sustentável. Faremos, portanto, tudo o que
estiver ao nosso alcance para que a Reunião Inter-
governamental de alto nível sobre o financiamento do
desenvolvimento, que se realizará em 2001, tenha
êxito.
15. Decidimos também ter em conta as necessidades
especiais dos países menos avançados. Neste
contexto, congratulamo-nos com a convocação da
Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os
Países Menos Avançados, que irá realizar-se em
Maio de 2001, e tudo faremos para que obtenha
resultados positivos.
Pedimos aos países industrializados:
� que adoptem, de preferência antes da Confe-
rência, uma política de acesso, livre de direitos
aduaneiros e de cotas, no que se refere a todas as
exportações dos países menos avançados;
� que apliquem sem mais demora o programa
melhorado de redução da dívida dos países mais
pobres muito endividados e que acordem em
cancelar todas as dividas públicas bilaterais
8
contraídas por esses países, em troca de eles
demonstrarem a sua firme determinação de re-
duzir a pobreza; e
� que concedam uma ajuda ao desenvolvimento
mais generosa, especialmente aos países que se
estão genuinamente a esforçar por aplicar os seus
recursos na redução da pobreza.
16. Estamos também decididos a abordar de uma forma
global e eficaz os problemas da dívida dos países em
desenvolvimento com rendimentos baixos e médios,
adoptando diversas medidas de âmbito nacional e
internacional, para que a sua dívida seja sustentável a
longo prazo.
17. Resolvemos também responder às necessidades
especiais dos pequenos Estados
insulares em
desenvolvimento, pondo rapidamente em prática o
Programa de Acção de Barbados5 e as conclusões a que
chegou a Assembleia Geral, na sua vigésima segunda
sessão extraordinária. Instamos a comunidade
internacional a velar por que, quando se elaborar um
índice de vulnerabilidade, se tenham em conta as
necessidades especiais dos pequenos Estados insulares
em desenvolvimento. 
18. Reconhecemos as necessidades e os problemas espe-
ciais dos países em desenvolvimento sem litoral, pelo
que pedimos aos doadores bilaterais e multilaterais
que aumentem a sua ajuda financeira e técnica a este
grupo de países, de modo a satisfazer as suas
necessidades especiais de desenvolvimento e a ajudá-
los a superar os obstáculos resultantes da sua situação
geográfica, melhorando os seus sistemas de transporte
em trânsito.
5Programme of Action for the Sustainable Development of Small Island Developing
States [Report of the Global Conference on the Sustainable Development of Small Island
Developing States, Bridgetown, Barbados, 25 April - 6 May 1994 (United Nations publi-
cation, Sales No. E.94.I.18 and corrigenda), chap. I, resolution 1, annex II].
9
19. Decidimos ainda:
� Reduzir para metade, até ao ano 2015, a percen-
tagem de habitantes do planeta com rendimentos
inferiores a um dólar por dia e a das pessoas que
passam fome; de igual modo, reduzir para metade
a percentagem de pessoas que não têm acesso a
água potável ou carecem de meios para o obter.
� Velar por que, até esse mesmo ano, as crianças de
todo o mundo – rapazes e raparigas – possam con-
cluir um ciclo completo de ensino primário e por
que as crianças de ambos os sexos tenham acesso
igual a todos os níveis de ensino.
� Reduzir, até essa data, a mortalidade materna em
três quartos e a mortalidade de crianças com
menos de 5 anos em dois terços, em relação às
taxas actuais.
� Até então ter detido e começado a inverter a
tendência actual do VIH/SIDA, do flagelo do
paludismo e de outras doenças graves que afligem
a humanidade.
� Prestar assistência especial às crianças órfãs de-
vido ao VIH/SIDA.
� Até ao ano 2020, ter melhorado consideravel-
mente a vida de pelo menos 100 milhões de habi-
tantes das zonas degradadas, como foi proposto
na iniciativa “Cidades sem bairros degradados”.
20. Decidimos também:
� Promover a igualdade entre os sexos e a autono-
mia da mulher como meios eficazes de combater a
pobreza, a fome e as doenças e de promover um
desenvolvimento verdadeiramente sustentável. 
� Formular e aplicar estratégias que proporcionem
aos jovens de todo o mundo a possibilidade real
de encontrar um trabalho digno e produtivo.
� Incentivar a indústria farmacêutica a aumentar a
disponibilidade dos medicamentos essenciais e a
10
pô-los ao alcance de todas as pessoas dos países
em desenvolvimento que deles necessitem.
� Estabelecer formas sólidas de colaboração com o
sector privado e com as organizações da
sociedade civil em prol do desenvolvimento e da
erradicação da pobreza.
� Velar por que todos possam aproveitar os benefí-
cios das novas tecnologias, em particular das tec-
nologias da informação e das comunicações, de
acordo com as recomendações formuladas na
Declaração Ministerial do Conselho Económico e
Social6 de 2000.
IV – PROTECÇÃO DO NOSSO AMBIENTE COMUM
21. Não devemos poupar esforços para libertar toda a
humanidade, acima de tudo os nossos filhos e netos,
da ameaça de viver num planeta irremediavelmente
destruído pelas actividades do homem e cujos recur-
sos não serão suficientes já para satisfazer as suas
necessidades.
22. Reafirmamos o nosso apoio aos princípios do
desenvolvimento sustentável, enunciados na Agenda
217, que foram acordados na Conferência das Nações
Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento.
23. Decidimos, portanto, adoptar em todas as nossas
medidas ambientais uma nova ética de conservação e de
salvaguarda e começar por adoptar as seguintes medidas:
� Fazer tudo o que for possível para que o Protocolo
de Quioto entre em vigor de preferência antes do
décimo aniversário da Conferência das Nações
6E/2000/L.9
7Report of the United Nations Conference on Environment and Development, Rio de
Janeiro, 3-14 June 1992 (United Nations publications, Sales No. E.93.I.8 and corrigenda),
vol I, Resolutions adopted by the Conference, resolution 1, annex II.
11
Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, em
2002, e iniciar a redução das emissões de gases que
provocam o efeito de estufa.
� Intensificar os nossos esforços colectivos em prol
da administração, conservação e desenvolvimento
sustentável de todos os tipos de florestas.
� Insistir na aplicação integral da Convenção sobre
a Diversidade Biológica8 e da Convenção das
Nações Unidas de Luta contra a Desertificação nos
países afectados pela seca grave ou pela desertifi-
cação, em particular em África9. 
� Pôr fim à exploração insustentável dos recursos
hídricos, formulando estratégias de gestão nos
planos regional, nacional e local, capazes de pro-
mover um acesso equitativo e um abastecimento
adequado.
� Intensificar a cooperação para reduzir o número e
os efeitos das catástrofes naturais e das catástrofes
provocadas por seres humanos.
� Garantir o livre acesso à informação sobre a
sequência do genoma humano.
V – DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E BOA GOVERNAÇÃO
24. Não pouparemos esforços para promover a democra-
cia e fortalecer o estado de direito, assim como o
respeito por todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais internacionalmente reconhecidos,
nomeadamente o direito ao desenvolvimento.
25. Decidimos, portanto: 
� Respeitar e fazer aplicar integralmente a
8Ver United Nations Environment Programme, Convention on Biological Diversity
(Environmental Law and Institutions Programme Activity Centre), Junho de 1992.
9Documento A/49/84/Add.2, annex, appendix II.
12
Declaração Universal dos Direitos Humanos10.
� Esforçar-nos por conseguir a plena protecção e a
promoção dos direitos civis, políticos, económi-
cos, sociais e culturais de todas as pessoas, em
todos os países.
� Aumentar, em todos os países, a capacidade de
aplicar os princípios e as práticas democráticas e o
respeito pelos direitos humanos, incluindo os
direitos das minorias.
� Lutar contra todas as formas de violência contra a
mulher e aplicar a Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher11.
� Adoptar medidas para garantir o respeito e a pro-
tecção dos direitos humanos dos migrantes, dos
trabalhadores migrantes e das suas famílias, para
acabar com os actos de racismo e xenofobia, cada
vez mais frequentes em muitas sociedades, e para
promover uma maior harmonia e tolerância em
todas as sociedades.
� Trabalhar colectivamente para conseguir que os
processos políticos sejam mais abrangentes, de
modo a permitirem a participação efectiva de
todos os cidadãos, em todos os países.
� Assegurar a liberdade dos meios de comunicação
para cumprir a sua indispensável função e o
direito do público de ter acesso à informação.
VI – PROTECÇÃO DOS GRUPOS VULNERÁVEIS
26. Não pouparemos esforços para garantir que as
crianças e todas as populações civis que sofrem de
maneira desproporcionada as consequências das
10Resolução 217 A (III)
11Resolução 34/180, annex.
13
catástrofes naturais, de actos de genocídio, dos confli-
tos armados e de outras situações de emergência
humanitária recebam toda a assistência e a protecção
de que necessitam para poderem retomar uma vida
normal quanto antes.
Decidimos, portanto:
� Aumentar e reforçar a protecção dos civis em situ-
ações de emergência complexas, em conformi-
dade com o direito internacional humanitário.
� Intensificar a cooperação internacional, desig-

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