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Apostila III Direito Civil i Parte Geral Das Pessoas Juridicas

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DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL 
TÓPICO III – DAS PESSOAS JURÍDICAS
DAS PESSOAS JURÍDICAS
São entes Pessoas Jurídicas ;
resultantes da criação da lei. Não têm uma realidade física, mas possuem realidade ideal, sendo dotadas de direitos e obrigações. 
Elas existem porque a lei assim permite. Observe que a doutrina também usa as expressões: pessoas morais, coletivas, abstratas ou fictícias.
 Certa vez eu vi cair em um concurso: 
quais as características da “pessoa moral?” À primeira vista, quem não conhece o termo, pensa que pessoa moral é a física (as pessoas físicas é que teriam ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que são as jurídicas. Prestem atenção nos sinônimos, pois como já vimos eles podem “derrubar” um candidato. 
As Pessoas Jurídicas (assim como as Físicas, como vimos):
 têm direito à personalidade (identificação, liberdade, boa reputação, etc.), direitos reais (pode ser proprietária, usufrutuária, etc.), direitos industriais (artigo 5º, XIX da C.F.), direitos obrigacionais (comprar, vender, alugar, contratar, etc.) e até mesmo direitos sucessórios (pode adquirir bens causa mortis). 
TEORIAS SOBRE PESSOA JURÍDICA
Existem diversas teorias que tentam identificar a natureza da personalidade de pessoa Jurídica. Como nossa aula é prática, vamos deixar de lado a análise das diversas teorias sobre sua natureza jurídica e nos ater ao que tem prevalecido nos concursos: a corrente majoritária tem adotado a Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato e não como uma mera abstração. São pressupostos de sua existência:
a) vontade humana criadora. Para esse pressuposto, como sinônimo, tem caído nos exames a expressão em latim: affectio societatis. Esta expressão pode cair em D. Civil ou Comercial;
b) obediência a requisitos legais para sua formação;
c) licitude de sua finalidade.
De uma forma técnica podemos conceituar a Pessoa Jurídica como sendo a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa a consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.
A pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa física (ou natural) ativa e passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Ou seja, é necessário que haja uma pessoa física para ssumir os compromissos e assinar os contratos dessa pessoa jurídica. E, caso haja algum problema, responder por ela. Em regra essa pessoa é indicada nos estatutos. Na sua omissão será representada por seus diretores. O ato constitutivo varia de acordo com o tipo de pessoa jurídica: estatuto (associação); contrato social (sociedade); escritura pública ou testamento (fundação).
É muito importante observar a seguinte classificação das pessoas jurídicas:
A) Quanto à Nacionalidade – Nacional ou Estrangeira. Sociedade nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a sede de sua administração. A sociedade estrangeira não poderá funcionar no País sem autorização do Poder Executivo e ficará sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados.
B) Quanto à Estrutura Interna – trata-se de uma classificação puramente doutrinária, mas que já vi cair em concursos. - universitas personarum – é a corporação; conjunto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única (ex.: sociedades e
associações). - universitas bonorum – que é o patrimônio personalizado
para um determinado fim que lhe dá unidade (ex.: fundações – o objeto e o patrimônio são seus elementos fundamentais).
C) Quanto às Funções e Capacidade – Direito Público e Privado (art. 40 CC). Esta é a classificação mais importante. É a que tem caído nos concursos com maior freqüência. Este item possui uma subdivisão, que vamos analisar de forma minuciosa.
1) Pessoas Jurídicas de Direito Público - Externo ou Interno. Esta, por sua vez, pode ser subdividida em Administração Direta ou Indireta. 
2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado – Fundações Particulares, Organizações Religiosas (Lei 10.825/03), Partidos Políticos, Associações e Sociedade, sendo que estas podem ser: simples (antigas civis) e empresárias (mercantis). 
Ficou confusa a classificação? Calma.... esta é apenas uma visão global da classificação. Vamos agora analisar cada uma das espécies acima. Uma a uma, tudo ficará bem claro e compreensível.
A - PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO
Como vimos acima, de início, a pessoa jurídica de direito público pode ser dividia em: Direito Público Externo e Interno.
1 - Direito Público Externo - As pessoas jurídicas de direito público externo são regulamentadas pelo direito internacional abrangendo:
outros países soberanos (Estados estrangeiros), organismos internacionais, como ONU, a OEA, etc. Certa vez, vi cair em um concurso: A Santa Sé é: ...... Ora, a Santa Sé é considerado um País autônomo. O Vaticano. Portanto a resposta certa é: Pessoa Jurídica de Direito Público Externo. Foi esta a resposta considerada correta pelo gabarito.
2 - Direito Público Interno – O Estado (no caso o nosso País, o Brasil) é a pessoa jurídica de direito público interno por excelência. É a nossa nação, politicamente organizada. No entanto pode haver a seguinte subdivisão:
a) Administração Direta (artigo 41, I,II e III do CC), são elas:
União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios legalmente constituídos.
Costuma-se dizer que a União é uma soberania; as outras são autonomias. A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território. 
Os Estados federados possuem autonomia administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre os negócios locais. 
Já o Distrito Federal é a capital da União. É equiparado a um Estado federado por ser sede da União, tendo administração, autoridade e leis próprias atinentes aos serviços locais. Também os Municípios legalmente constituídos, pois, têm interesses e economia próprios.
 Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem Territórios no Brasil (antigamente existiam: Rondônia, Roraima, Amapá). Mas a qualquer momento podem existir pois há previsão legal na Constituição. E se for criado um Território? 
Sob o ponto de vista do Direito Civil o que será ele? Esta questão já andou rondando concursos... Resposta, sem medo de errar: Pessoa Jurídica de Direito Público Interno de Administração Direta. 
Cuidado porque as questões podem deixar o aluno na dúvida de que eles sejam de Administração Indireta. Mas não. O correto é Administração Direta.
b) Administração Indireta (artigo 41, IV e V) 
São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. São eles: Autarquias e ‘demais entidades de caráter público criadas por lei’. Em outras palavras, as Fundações Públicas. Vamos analisar cada uma delas:
- Autarquias 
são pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade administrativa. São criadas por lei específica, têm patrimônio próprio e atribuições estatais específicas e destinadas à realização de obras e serviços públicos, geralmente ligadas a área da saúde, educação, atividade econômica, etc. (ex.: Banco Central, USP, Imprensa Oficial do Estado, Inamps, INSS, Hospital do Servidor Público Estadual, etc.). Embora ligadas ao Estado, desfrutam de certa autonomia, possuindo orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do Legislativo.
- Fundações Públicas – 
constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins específicos. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1.988 não há mais dúvidas sobre o regime jurídico de direito público das Fundações Públicas (embora sua origem seja do direito privado).Compreende patrimônioe finalidade.
B - PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa de particulares. Dividem-se em: fundações, partidos políticos, organizações religiosas, associações e sociedades.
1 - Fundações Particulares - O termo fundação é originário do latim, fundatio, ação ou efeito de fundar. A doutrina costuma usar a seguinte expressão: universalidades de bens, personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade. O objetivo é imutável. O próprio instituidor poderá administrar a fundação (forma direta) ou encarregar outrem para este fim (forma fiduciária). De acordo com o artigo 62, parágrafo único do CC terão sempre fins culturais, religiosos, assistenciais ou morais. São criadas a partir de escritura pública ou testamento. Para sua criação pressupõem-se:
• dotação de bens livres;
• especificação dos fins;
• previsão do modo de administrá-las (não essencial);
• elaboração de estatutos com base em seus objetivos e submetidos à apreciação do Ministério Público que os fiscalizará.
Nascimento –
 As fundações surgem com o registro de seus estatutos nos Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Características
• seus bens são inalienáveis e impenhoráveis. Para uma eventual venda de seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado o Ministério Público; posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou não caso de venda desses bens.
• os estatutos são suas leis básicas;
• os administradores devem prestar contas ao Ministério Público;
• não existem sócios.
Supervisão das Fundações
Como vimos, as fundações são supervisionadas pelo Ministério Público do Estado onde situadas, através da curadoria das fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
FIM DAS FUNDAÇÕES
As fundações terminam se:
• forem nocivas;
• tornar impossível a sua manutenção;
• vencer o prazo de sua existência.
Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto o nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, destinar-se á a outras Fundações com finalidades semelhantes.
2 - Partidos Políticos
De acordo com o artigo 17, § 2º da Constituição Federal e a Lei nº10.825/03, os partidos políticos passaram a ser considerados como sendo de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos devem ser registrados no cartório competente do Registro Civil de PessoasJurídicas da Capital Federal e Tribunal Superior Eleitoral (cf. Lei nº 9.096/95). Assim, não há mais dúvida sobre qual a natureza jurídica do Partidos Políticos. Está na lei... e pronto.
3 – Organizações Religiosas
Atualmente a Lei 10.825/03 (que alterou o Código Civil) deixa bem claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado. Mas, para mim isto nem seria necessário. Como sabemos, um dos Princípios introduzidos pelo regime republicano em 1.889 foi a separação Estado- Igreja. Portanto desde muito tempo as organizações religiosas não poderiam ser confundidas com o Estado ou com o Direito Público. A lei em questão apenas reforçou o princípio, deixando tudo ainda mais claro.
4 - Associações
O Código Civil anterior fazia a maior “bagunça” em relação aos temas Associação e Sociedade. Não havia um padrão sobre seus conceitos e características. O atual Código colocou as coisas em ordem. As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos e pela inexistência, entre os associados, de direitos e brigações recíprocas. As associações podem ser civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias e de utilidade pública. Existe liberdade plena de associação para fins lícitos (CF, art. 5º XVII). Há casos em que pode ser exigida autorização governamental. Deve ser registrada. Com o registro passa a ter aptidões para ser sujeito de direitos e obrigações e capacidade patrimonial, adquirindo vida própria, que não se confunde com seus membros. Os sindicatos e as cooperativas têm natureza de associação e devem observar as respectivas regras legislativas. Mais adiante faremos um quadro para distinguir melhor Associação, Sociedade e Fundação sob a ótica do novo Código.
5 - Sociedades
Já vimos que a finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade. No entanto, as sociedades ainda podem ser divididas em: 
Sociedades Empresárias
- (o que anteriormente chamávamos de sociedades comerciais), são as que visam finalidade lucrativa, mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda mercantil). 
Sociedades Simples 
-(o que chamávamos de sociedades civis), visam, também, fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não mercantil. Em regra são constituídas por profissionais de uma mesma área (ex.: escritório de advocacia, sociedade imobiliária, etc.). As cooperativas também constituem sociedades simples. As sociedades sejam elas simples ou empresárias, podem assumir a forma de:
• sociedade em nome coletivo
• sociedade em comandita simples
• sociedade em conta de participação
• sociedade limitada
• sociedade anônima
• sociedade em comandita por ações
Atenção - Para se saber se uma sociedade é simples ou empresária, basta considerar o objeto desta sociedade, a natureza das operações habituais. Em concursos, a palavra-chave é o objeto. Se tiver por objeto atos de comércio (exercício de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços), será empresária, qualquer que seja a forma por ela adotada. Caso contrário, será simples, exceto se adotar a forma de Sociedade Anônima, que, por força de lei, será sempre empresária. 
Empresa Pública e a Sociedade de Economia Mista
- apesar de terem capital público, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado. São regidas pelas normas empresariais e trabalhistas (art.
173, § 19 da C.F.), mas com as cautelas do direito público (ex.: licitação). Portanto, se cair algo em concurso referente a essas entidades, em Direito Civil, pode colocar sem medo que é de Direito Privado. Vamos falar um pouco mais sobre elas:
Empresas Públicas
São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei, a se constituírem com capital próprio e exclusivamente público, para realizar atividade econômica, mas de interesse da Administração Pública, podendo se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (ex.: Emurb, Casa da Moeda, Correios e Telégrafos, Caixa Econômica Federal, etc.).
Sociedades de Economia Mista
São pessoas jurídicas de direito privado, criadas por lei, constituídas com patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades econômicas ou serviços de interesse coletivo, sendo suas formas sempre de Sociedade Anônima. As ações com direito a voto devem pertencer em sua maioria ao Poder Público (ex.:Banco do Brasil, Petrobrás, etc.).
Obs. - São consideradas como pessoas jurídicas de direito privado os Serviços Sociais Autônomos, de fins assistenciais, criadas e mantidas
pelos poderes públicos, através de subvenções ou contribuições parafiscais, como: Legião Brasileira de Assistência (L.B.A.), Sesc, Sesi,
Senai, etc.
Uma melhor distinção entre Associação, Sociedade e Fundação: 
1 - Associação ≠ Sociedade
Associação – quando não há fim lucrativo (ou de dividir resultados, embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade – quando visa fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios.
2 - Associação ≠ Fundação
Semelhanças – união de várias pessoas, acervo de bens e não há lucro.
Distinções – Associação – patrimônio constituído pelos associados e é um meio para atingir os objetivos (instrumental). Fundação – o patrimônio provém do instituidore é o elemento juntamente com o objetivo.
INÍCIO DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA
Enquanto a pessoa natural surge com um fato biológico (o nascimento com vida), a pessoa jurídica tem seu início, em regra, com um ato jurídico. No entanto há diferenças entre o Direito Público e o Direito Privado:
Pessoas jurídicas de direito público 
iniciam-se em razão de fatos históricos, de criação constitucional, de lei especial e de tratados.
Pessoas jurídicas de direito privado 
o fato que lhes dá origem é a vontade humana. Possui duas fases: ato constitutivo e registro.
• ato constitutivo 
a pessoa jurídica se constitui, por escrito, por ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis (fundações) e por ato jurídico bilateral ou plurilateral (sociedades e associações). É imprescindível: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita em lei. Algumas sociedades civis dependem de prévia autorização do governo(ex.: estabelecimentos de seguro, universidades, sociedades estrangeiras, bolsa de valores, etc.).
• registro público 
para que a pessoa jurídica exista legalmente, é necessário inscrever os contratos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar. Além disso, quaisquer alterações supervenientes deverão ser averbadas.
REGISTRO
Somente com o registro a pessoa jurídica adquire personalidade. Tal registro se dá no Cartório de Títulos e Documentos, sendo que a sociedade empresária deve ser registrada no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei nº 8.934/94), sendo competente para tais atos as Juntas Comerciais. O registro deve conter os seguintes elementos: 
a) denominação, fins e sede; 
b) forma de administração e representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial;
c) possibilidade e modo de reforma do estatuto social;
d) responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais; 
e) condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio. No momento em que se efetua o registro a pessoa jurídica começa a existir, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, obtendo capacidade patrimonial (que não tem relação absoluta com a dos sócios que a integram), adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com a de seus membros.
PRAZO
O prazo de duração da Pessoa Jurídica é o que estiver previsto no contrato. Se não houver previsão, o prazo será indefinido.
DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS
A pessoa jurídica também tem domicílio (art. 75 CC), que é a sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações.
• União ⎯ aforará as causas na capital do Estado ou Território em que tiver domicílio a outra parte e será demandada, à escolha do autor, no Distrito Federal ou na capital do Estado em que ocorreu o ato que deu origem à demanda, ou em que se situe o bem (art. 109, §§ 1º a 4º da Constituição Federal).
• Estados e Territórios, e as respectivas capitais.
• Municípios, o lugar onde funciona a administração municipal, a sede municipal.
• demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. Admite-se a pluralidade de domicílios dessas pessoas jurídicas, desde que tenham diversos estabelecimentos (ex.: agências, escritórios de representação, etc. – art. 75, §1º CC).
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Esse é um ótimo tema para concursos. Como regra a personalidade da pessoa jurídica não se confunde com a personalidade jurídica de seus membros e nem se confundem seus respectivos patrimônios. Assim, as pessoas jurídicas de direito público como as de direito privado são responsáveis, devendo cumprir o disposto no contrato, respondendo com seus bens pelo inadimplemento contratual. No campo extracontratual há certa divisão:
Direito Privado
O Código Civil determina que as pessoas jurídicas de direito privado respondem pelos atos danosos praticados por seus empregados ou representantes. Trata-se de responsabilidade indireta, ou seja, por atos praticados por terceiros, mas que, em razão de um vínculo com a pessoa jurídica, geram a responsabilidade desta, independentemente de culpa. A responsabilidade é objetiva e solidária, pois a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica, como do agente causador do prejuízo. O atual ordenamento cuidou da responsabilidade apenas das pessoas jurídicas que têm finalidade lucrativa ou empresarial.
Leiam o artigo 931 que traz um exemplo de responsabilidade objetiva e o artigo 1.009 que traz exemplo de responsabilidade solidária.
Direito Público
Tentando justificar a responsabilidade estatal, surgiu a teoria civilista que distinguia na ação estatal:
Atos de Gestão – Estado age como pessoa privada e seria responsável na gestão de seu patrimônio pelos prejuízos causados.
Atos de Império – Estado age no exercício de sua soberania e não poderia ser responsabilizado pelos seus atos lesivos. Essa teoria não foi aceita e a responsabilidade civil do Estado saiu da teoria civilista e encontrou seu fundamento no direito público, com base no princípio da igualdade de todos perante a lei (todos têm encargos eqüitativamente distribuídos, não sendo justo que, para benefício da coletividade, somente um sofra os ônus).
Atualmente as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos (concessionárias e permissionárias) têm 
Responsabilidade Civil.
Responsabilidade Civil.
• pelos danos que seus agentes (expressão ampla), nessas qualidades, causarem a terceiros (artigo 37, § 6º da Constituição Federal). Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo objetiva, isto é, a responsabilidade existe independentemente de culpa do funcionário. Há que se provar a conduta (positiva ou negativa), a lesão e o nexo causal. Não se analisa a culpa. Lembrem-se que o vocábulo “culpa”, neste caso, deve ser entendido em seu sentido amplo, abrangendo a culpa em sentido estrito (o agente não teve a intenção da ocorrência de um resultado, mas este ocorreu por imprudência, negligência ou imperícia) e o dolo (o agente teve a intenção de praticar a conduta, desejando os resultados). Este tema será melhor analisado na aula sobre “Ato Ilícito e Responsabilidade Civil”. Este mesmo artigo da Constituição autoriza ao Poder Público o direito de regresso contra o responsável da conduta. O Estado responde objetivamente. Mas se ficar provada a culpa ou o dolo de uma terceira pessoa (ex.: o funcionário).
O Estado poderá acioná-lo (ação de regresso). A responsabilidade do terceiro será subjetiva, pois se deve provar dolo ou culpa.
• por atos de terceiros e por fenômenos da natureza. Neste caso,
a responsabilidade é subjetiva. Tem que se provar a culpa da
Administração (ex.: casos de enchentes ou depredações por movimentos
populares, já previstos pela administração).
O Estado se exonera de responsabilidade no caso de culpa exclusiva da vítima. Conclui-se que a responsabilidade do Estado é Objetiva, mas na modalidade do risco administrativo e não na do risco integral (neste caso o Estado responde em qualquer hipótese). Cabe ação contra o Estado, mesmo que não se identifique o funcionário que causou o dano (culpa anônima da administração - ex.: nos casos de omissão do Estado). Atualmente há previsão de imputabilidade criminal também para as pessoas jurídicas, em atividades lesivas ao meio ambiente, não excluindo a das pessoas físicas. Ou seja, pessoa jurídica pode cometer crimes e responder a processos criminais em relação a danos ao meio ambiente.
TÉRMINO DA PESSOA JURÍDICA
A existência da pessoa jurídica (sociedades e associações) termina:
• pela dissolução deliberada de seus membros (extinção convencional), por unanimidade e mediante o distrato. É ressalvado o direito de terceiros e da minoria. Se a minoria desejar a continuidade da sociedade, impossível será sua dissolução amigável, a menos que ocontrato contenha cláusula que preveja a extinção por maioria simples. No entanto se a minoria tentar extinguir, não conseguirá.
• morte de seus membros (extinção natural)
• quando a lei determinar.
• em virtude de ato do governo – extinção administrativa (ex.: o DL 9.085/46 prevê a dissolução das sociedades perniciosas, o DL 314/67 reprime as organizações de tipo militar sem autorização legal, etc.).
• pelo decurso do prazo, se constituída por prazo determinado.
• pela falta de pluralidade de sócios, se a sociedade simples não for reconstituída no prazo de 180 dias.
• por dissolução judicial.
ATENÇÂO
É importante notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo. Qualquer que seja o fator extintivo, tem se o fim da entidade; porém, se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
Destino do patrimônio na dissolução
Se for sociedade (com fins econômicos), cada sócio terá direito ao seu quinhão; o remanescente do patrimônio social será partilhado entre os sócios ou seus herdeiros.
Se for associação (sem fins lucrativos), seus bens serão destinados:
• conforme previsto nos estatutos.
• se não previsto, irão para estabelecimento municipal, estadual ou federal de fins semelhantes aos seus.
Grupos Despersonalizados
Nem todo grupo que objetiva um fim é dotado de personalidade jurídica. Os grupos despersonalizados constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e bens, sem personalidade jurídica, mas com 
capacidade processual. Citamos como exemplo, dentre outros:
• sociedades irregulares e de fato (não personificadas), não foram registradas.
• massa falida é uma instituição criada por lei para exercer os direitos do falido e para agir contra ele; não é sujeito de direito, não podendo contrair obrigações; o síndico a representa ativa e passivamente.
 
• espólio
 é o conjunto de direitos e obrigações do de cujus, ou seja uma simples massa patrimonial deixada pelo autor da herança; não é pessoa jurídica, não tendo nenhuma personalidade.
Obs.: A expressão latina “de cujus” se refere à pessoa que faleceu. Na verdade se trata das primeiras palavras de uma expressão maior: “de cujus successione agitur” (de cuja sucessão se trata).
• Herança Jacente e Vacante
Jacente se, não havendo testamento, o de cujus não deixar herdeiros, ou deixando, eles renunciam, ficando sob a guarda e administração de um curador. Os bens da herança jacente são declarados vacantes se praticadas todas as diligências, não aparecerem herdeiros um ano depois de concluído o inventário. Decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Estado (em sentido amplo). 
• Condomínio Especial (edifícios de apartamento) – 
trata-se de uma questão controvertida. A tendência é considerá-lo como tendo personalidade jurídica. Cabe sua representação ativa e passiva ao síndico ou administrador (pessoa física ou jurídica). Vejam que hoje em dia o condomínio deve ter CGC. No condomínio há uma affectio societatis (lembram-se desta expressão falada no início da aula?), havendo aptidão à titularidade de direitos e deveres, podendo adquirir imóveis, materiais para construção, conservação e administração do edifício em seu nome.
Desconsideração da Pessoa Jurídica
Esse é um tema muito atual do Direito Civil. Há um histórico muito bonito sobre esse instituto. Do início, no Brasil, tratava-se apenas de uma doutrina. Os juízes começaram a aplicá-lo e ele foi ganhando força, até que acabou sendo inserido no Código de Defesa do Consumidor. Foi se espalhando por todo o Direito e acabou chegando no D. Civil com o novo Código. Vamos explicar como funciona:
A pessoa jurídica é capaz de direitos e obrigações, independente dos membros que a compõem, com os quais não tem vínculo, sem qualquer ligação com a vontade individual das pessoas físicas que a compõem. Os componentes somente responderão por débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual. Devido a essa exclusão de responsabilidade dos sócios, a pessoa jurídica, por vezes, se desviou de seus princípios e fins, cometendo fraudes e desonestidades, provocando reação na doutrina e jurisprudência. Visando coibir tais abusos, surgiu a figura da despersonalização ou desconsideração da pessoa jurídica ou penetração na pessoa física (disregard of the legal entity). Com isso, se alcançam pessoas e bens que se escondem dentro de uma pessoa jurídica para fins ilícitos ou abusivos. Tal instituto permite ao Juiz não mais considerar os efeitos da personificação da sociedade para atingir e vincular responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de fraudes e abusos cometidos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros. Desta forma, os bens particulares dos sócios podem responder pelos danos causados a terceiros. Nosso atual Código Civil acolheu tal princípio. 
Leia agora o artigo 50 do CC Como dissemos, o estatuto pioneiro no Brasil foi o Código de Defesa do Consumidor. Prevê tal instituto: Art. 28: “o Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inativadade da pessoa jurídica causada por má administração”; §5º: “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”. Como se trata de medida excepcional, tem-se entendido que a desconsideração da personalidade jurídica (ou, como dizem alguns doutrinadores, “superação episódica da personalidade jurídica”) somente pode atingir os bens da pessoa que incorreu na prática do ato irregular, após a observância dos parâmetros exigidos pela Lei. Subsiste, ainda, o princípio da autonomia subjetiva da pessoa jurídica, distinta da pessoa de seus sócios, mas tal distinção é afastada nas hipóteses previstas na lei. Não se retirou a personalidade jurídica, mas apenas a desconsidera em determinadas situações. Como evolução da desconsideração da personalidade jurídica tem-se adotado a Teoria da Sucessão de empresas, pela qual, nos casos em que ficar patente a ocorrência de fraude poderá o magistrado estender as responsabilidades de uma empresa para outra – denominadas empresa sucedida e sucessora, respectivamente.
 Resumo PESSOA JURÍDICA.
PESSOA JURÍDICA (moral ou coletiva) – arts. 40 a 69 CC – a lei empresta-lhe personalidade, capacitando-a para ser sujeito de direitos e obrigações.
Classificação
A – Direito Público
1 – Externo – Outros Países, Santa Sé, Organismos Internacionais (ONU, OEA).
2 – Interno
a) Administração Direta (União, Estados Membros, Distrito Federal, Territórios e Municípios).
b) Administração Indireta (Autarquias e Fundações Públicas).
B – Direito Privado
1 - Espécies
a – Fundações Particulares
b – Partidos Políticos
c – Organizações Religiosas
d – Associações (sem fins econômicos)
e – Sociedades Simples ou Empresárias (a diferença está no objeto): nome coletivo, comandita simples, conta de participação, limitada, sociedade anônima (esta sempre empresária) e comandita por ações. Inclui-se as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista.
2 – Início
a) Ato constitutivo
b) Registro público
3 - Domicílio
Diretoria e Administração – art. 75 CC
Foro de Eleição – escolhido no contrato
4 - Término - dissolução, lei, prazo, falta de pluralidade, judicial
5 - Grupos Despersonalizados – sociedades de fato ou irregulares,massa falida, espólio, etc.
Responsabilidade - As pessoas jurídicas de direito público como as de direito privado são responsáveis pelo que estiver disposto no contrato, respondendo com seus bens pelo inadimplemento contratual. Já no campo 
Extracontratual há certa divisão:
Direito Privado – regra – responsabilidade indireta – ou seja, deve reparar o dano causado pelo seu representante que procedeu contra o direito. É solidária. Em razão do vínculo entre a pessoa jurídica e seus funcionários, a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica como do agente causador do dano.
Direito Público – regra – responsabilidade objetiva do Estado. No entanto tem ação regressiva contra o funcionário.
Desconsideração da Pessoa Jurídica – disregard of the legal entity –art. 50 CC atinge e vincula responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir abusos e a consumação de fraudes.

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