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1 QUESTIONÁRIO DE PSICOPATOLOGIA – CAP 18 DO LIVRO: PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS 1. Quais são os elementos constitutivos do pensamento segundo a tradição aristotélica? Descreva-os. De acordo com Aristóteles, o pensamento se constitui em conceito, juízo e raciocínio, com diferentes dimensões no processo de pensar, delimitadas como curso, forma e conteúdo do pensamento. CONCEITOS: se formam a partir das representações, não apresentando elementos de sensorialidade, não sendo possível contemplá-lo, nem imaginá-lo. Trata-se de um elemento puramente cognitivo, intelectivo, não tendo qualquer resquício sensorial. Não é possível visualizar um conceito, ouvi-lo ou senti-lo. JUÍZOS (formar): é o processo que conduz e estabelece relações significativas entre os conceitos básicos. Ele consiste, a princípio, na afirmação de uma relação entre dois conceitos, estabelecendo determinada relação entre ambos. Tem, por função básica, formular uma relação unívoca entre o sujeito e o predicado. RACIOCÍNIO (processo de): é a função que relaciona os juízos. Representa um modo especial de ligação entre conceitos, de seqüência de juízos, de encadeamento de conhecimentos, derivando sempre uns dos outros. OBS 1: Na dimensão lingüística, os conceitos se expressam geralmente por palavras; e os juízos, por frases ou proposições. OBS 2: A ligação entre conceitos permite a formação de juízos, a ligação entre juízos conduz à formação de novos juízos. Dessa forma, o raciocínio e o próprio pensamento se desenvolvem. 2. Como ocorre o processo do pensamento? Este se processa pela distinção de três aspectos ou momentos do pensamento: Pelo Curso do Pensamento: é o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. Pela Forma do Pensamento: é a sua estrutura básica, sua “arquitetura”, preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do indivíduo. Pelo Conteúdo do Pensamento: é definido como aquilo que dá substância ao pensamento, os seus temas predominantes, o assunto em si. É o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. 3. Quais são as possíveis alterações dos elementos constitutivos do pensamento? São distribuídas de três formas: Alterações dos conceitos: (Desintegração dos conceitos + Condensação dos conceitos). Alterações dos juízos: (Juízo deficiente ou prejudicado + Juízo de realidade ou delírio). Alterações do raciocínio e do estilo de pensar: (pensamento ou método indutivo + pensamento ou método dedutivo) 4. Cite e caracterize as principais alterações do curso do pensamento. São definidos como estando associados a estados mentais alterados e transtornos psiquiátricos, são eles: Pensamento Mágico: É o tipo de pensamento que fere frontalmente com os princípios da lógica formal, bem como os indicativos e imperativos da realidade. São os desejos, as fantasias e os temores, conscientes ou inconscientes, do sujeito, adequando a realidade ao pensamento, e não o contrário. Pensamento Dereístico: é um tipo de pensamento que se opõe marcadamente ao pensamento realista, o qual se submete lógica e à realidade. Este tipo só obedece à lógica e à realidade naquilo que interessa ao desejo do indivíduo, distorcendo a realidade para que esta se adapte aos seus anseios. No pensamento dereístico, o pensar volta-se muito mais ao mundo interno do sujeito, suas fantasias e seus sonhos, manifestando-se como um devaneio, no qual tudo é possível e favorável ao indivíduo. Pensamento Concreto (ou concretismo): Trata-se de um tipo de pensamento no qual não ocorre a distinção entre dimensão abstrata e simbólica e dimensão concreta e imediata dos fatos. O indivíduo não consegue entender ou utilizar metáforas, o pensamento é muito aderido ao nível sensorial da experiência. Falta a esse tipo de pensamento, aspectos do desenvolvimento do pensamento, como a ironia, o subentendido, o duplo sentido, bem como categorias abstratas de modo geral. 2 Pensamento Inibido: é a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade e do número de conceitos, juízos e representações utilizados no processo de pensar, tornando o pensamento lento, rarefeito, pouco produtivo à medida que o tempo flui. Ocorrem em quadros demenciais e depressivos graves. Pensamento Vago: são imprecisos nas relações conceituais, na formação dos juízos e na concatenação destes em raciocínios. O paciente expõe um pensamento muito ambíguo, podendo mesmo parecer obscuro. Não há propriamente o empobrecimento do pensamento, mas, antes, a marcante falta de clareza e precisão no raciocínio. Pode ser um sinal inicial da esquizofrenia ou ocorrer em quadros demenciais iniciais, transtornos da personalidade e neuroses graves. Pensamento Prolixo: aqui, o paciente não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o tema de que está tratando, senão após muito tempo e esforço. Dá longas voltas ao redor do tema, e mescla, de forma imprecisa, o essencial com o supérfluo. Há dificuldade em obter construção direta, clara e acabada, além de notável falta de capacidade de síntese. Pensamento Deficitário (ou oligofrênico): é um pensamento de estrutura pobre e rudimentar. O indivíduo tende ao raciocínio concreto; os conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal que abstrato ou metafórico. A abstração apenas ocorre com dificuldade, sem consistência ou grande alcance. Não há falta da generalização e da utilização da memória, sempre vinculadas às necessidades mais imediatas do sujeito. Há pouca flexibilidade na aplicação de regras e conceitos aprendidos. Não há distinção pormenorizada e precisa de categorias como essencial e supérfluo; necessário ou acidental; causa e efeito; o todo e as partes; o real e o imaginário; o concreto e o simbólico. Pensamento Demencial: trata-se de um pensamento pobre, sendo mais homogêneo. Em certos pontos, pode revelar elaborações mais ou menos sofisticadas, embora de forma geral seja imperfeito, irregular, sem unidade ou congruência. Podem-se observar resquícios no pensamento, embora, com o progredir da síndrome, nas fases iniciais, tentar dissimular suas dificuldades cognitivas. Ao se deparar com a dificuldade em encontrar as palavras, procura termos mais genéricos, evita os adjetivos e os substantivos específicos. Pensamento Confusional: verifica-se, devido à turvação da consciência, um pensamento incoerente, de curso tortuoso, que impede que o indivíduo apreenda de forma clara e precisa os estímulos ambientais e possa, assim, processar seu raciocínio adequadamente. Há marcante dificuldade em estabelecer vínculos entre conceitos e juízos devido às alterações de consciência, de atenção e de memória imediata, impedindo a formação adequada do raciocínio e lançando o indivíduo em estado de perplexidade e impotência. Ocorre principalmente nas síndromes confusionais agudas. Pensamento Desagregado: trata-se de pensamento radicalmente incoerente, no qual os conceitos e os juízos não se articulam minimamente de forma lógica. O paciente produz um pensamento que se manifesta como uma mistura aleatória de palavras (salada de palavras), que nada comunica ao interlocutor. Ocorre nas formas graves e avançadas de esquizofrenia. Pensamento Obsessivo: Aqui, predominam idéias ou representações que, apesar de terem conteúdo absurdo ou repulsivo para o indivíduo, se impõem à consciência de modo persistente e incontrolável. Isso determina uma luta constante entre as idéias obsessivas, que voltam de forma recorrente à consciência, e o indivíduo, que se esforça por bani-las de sua consciência, gerando um estado de angústia constante. Aspectos do pensamento mágico também estão presentes. 5. Quaissão as principais alterações da forma ou estrutura do pensamento? As principais alterações do curso do pensamento são: a aceleração, a lentificação, o bloqueio e o roubo do pensamento. As principais alterações da forma ou estrutura do pensamento são: fuga de idéias, dissociação e incoerência do pensamento, afrouxamento das associações, descarrilhamento e desagregação do pensamento. 6. Quais os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos? Por que eles são freqüentes na psicopatologia? As razões pelas quais tais conteúdos e não outros são os mais prevalentes é certamente complexa. A importância desses conteúdos tem a ver com a constituição social e histórica do indivíduo, com o universo cultural no qual ele se insere, assim como com a estrutura psicológica e neuropsicológica do Homo sapiens. A observação clínica indica que os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são: Persecutórios Depreciativos Religiosos Sexuais De poder, riqueza, prestígio ou grandeza De ruína ou culpa Conteúdos hipocondríacos
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