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AVARIP,tS E DESGASTE DA FERRAMENTA - 105 CAPíTULO 6 AVARIAS E DESGASTES DA FERRAMENTA Diversos são os tipos de desgastes e avarias que acontecem em uma ferramenta de usinagem. Dentre eles os principais são: a) Desgaste Frontal (ou de flanco) - ocorre na superfície de folga da ferramenta, causado pelo contato entre ferramenta e peça. É o tipo de desgaste mais comum. Todo processo de usinagem causa desgaste frontal (figura 6.1). Sempre existe a formação do desgaste indicado pela letra a na figura 6.1. Em algumas ocasiões também ocorre a formação dos desgastes indica- dos como b e c na figura, sempre nos dois extremos de contato entre a superfície de folga da ferramenta e a peça, que são também chamados de desgaste de entalhe. Este tipo de desgaste ocasiona deterioração do acabamento superficial da peça e, por modificar totalmente a forma da aresta de corte original, faz com que a peça mude de dimensão, podendo sair de sua faixa de tolerância. É incentivado pelo aumento da velocidade de corte. b) Desgaste de Cratera - é o tipo de desgaste que ocorre na superfície de saída da ferramenta, causado pelo atrito entre ferramenta e cavaco (figura 6.2). Pode não ocorrer em alguns processos de usinagem, principalmente quan- do se utiliza ferramentas de metal duro recobertas (a cobertura de AI203 é a mais eficiente contra a craterização), ferramentas cerâmicas e quan- do o material da peça é frágil (gera cavacos curtos). ° crescimento do desg ste de cratera resulta na quebra da ferramenta, quando tal desgas- t n ntr com o desgaste frontal. I I / ,/ 111, I, A~ t de Corte - é um tipo de avaria da ferramenta. ponta da ferramenta, somada à alta 1111 II NOLOGIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS AVAR!AS E DESGASTE DA FERRAMENTA - 107 lU bra da aresta de corte. É evitado pelo emprego de uma ferramenta m maior dureza a quente e maior resistência à deformação plástica, ou I I mudança das condições de usinagem e/ou geometria da ferramenta, vi ndo a diminuição dos esforços e da temperatura de corte. d) Lascamenfo - é um tipo de avaria da ferramenta. Ao contrário dos des- gastes frontal e de cratera, que retiram continuamente partículas muito pequenas da ferramenta, no lascamento (figura 6.4) partículas maiores são retiradas de uma só vez. Ocorrem principalmente em ferramentas com material frágil e/ou quan- do a aresta de corte é pouco reforçada. Prejudicam o acabamento superficial da peça e, se continuam crescendo, provocam a quebra da ferramenta. I/,i /I I . 1 - Desgaste Frontal e) Trincas - outro tipo de avaria da ferramenta. São causadas pela variação da temperatura e/ou pela variação dos esforços mecânicos. Quando as trincas têm origem térmica (variação da temperatura), elas ocor- rem perpendicularmente à aresta de corte (figura 6.5) e quando têm origem mecânica são paralelas à aresta (figura 6.6). Alguns fatores que geram variação de temperatura ou de esforços mecânicos na usinagem são: corte interrompido, acesso irregular do fluido de corte, variação da espessura de corte (típica do fresamento) e solda da pastilha no porta-ferramenta. Este último ocorre pois o coeficiente de dilatação térmica do metal duro é aproximadamente a metade do coeficiente do aço, que é o material do porta-ferramenta. Assim, quando a interface pastilha-por- ta-ferramenta atinge temperatura alta, que tenta dilatar os dois cor- pos, o aço se dilata mais que o metal duro, gerando tensões na interface que levam à trinca do material mais frágil, o metal duro. O crescimento das trincas leva à quebra da ferramenta. Para se evitar a formação das trincas pode-se, dentre outros procedi- mentos, escolher uma ferramenta mais tenaz, diminuir o avanço por dente e posicionar a fresa corretamente em relação à peça (estes dois últimos fatores, é lógico, no processo de fresamento). I IIJIIII t , /1/ /"/11/ I 111/'1 111 (" 'I, "," (,,/I, li/li (I I 1I I 111/1111" f) Quebra - como foi visto acima, todos os desgastes e avarias da ferramenta ao crescerem podem gerar a quebra da ferramenta. Algumas vezes, porém, a quebra (figura 6.7) pode ocorrer inesperada- mente devido a alguns fatores como: ferramenta muito dura (em geral, quão mais resistente ao desgaste é a ferramenta, menos tenaz e menos r I t nt o choque ela é), carga excessiva sobre a ferramenta, raio de p nl I, fi 1111d ponta ou ângulo de cunha pequenos, corte interrompi- li , fi li HI I 1\ I HlI n do movimento de corte, entupimento dos canais 11 , plll ,"« IV I , u bolsões de armazenamento dos cavacos, 11 111111 11 r II 1/111 111 I n n ~o somente dano na ferramen- I I ( • 1\ " 111" 1111 'Ir I I qu r danificada, mas toda I'I 11111 I 111 I I' I li' 11/1 pOli, I"r 11111 nt \ ( corte não seja 11" 1I •• 'tll,1 I "li 11 t 111 1\11 '111/ I 11111111 I 11 'Pl I ri \ p 1111\ II N LOGIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Igura 6.5 - Trincasa Origem Térmica Figura 6.6 _.Trincas de Origem Mecânica I/jllf I 1.1 AVARIAS E DESGASTE DA FERRAMENTA - 109 Tabela 6.1 - Causas e Ações para Minimização de Avarias e Desgastes da Ferramenta. TIpo de Desgaste Possíveis Causas Ações para Minimização elou Avaria Desgaste de • Velocidade de corte muito alta ou muito • Redução da velocidade de corte. Flanco baixa (se a causa for a presença da APC. • Seleção de classe de ferramenta • Resistência ao desgaste insuficiente mais resistente ao desgaste. da ferramenta. • Aumento da velocidade de corte • Abrasão se o desgaste for causado pela APC. • Aresta Postiça de Corte. Desgaste de • Oxidação • Seleção de fluido de corte Entalhe com agentes anti-oxidantes. • Redução da velocidade de corte. Desgaste de • Difusão • Seleção de classe de ferramenta Cratera que possua cobertura de óxido de alumínio. Deformação • Altas temperaturas combinadas com altas • Seleção de classe de ferramenta Plástica pressões na região de corte. com maior dureza a quente. • Redução da velocidade de corte. Trincas de • Variação excessiva de esforço na aresta • Seleção de uma classe de Origem de corte. ferramenta mais tenaz. Mecânica • Redução do avanço. • Suavização do primeiro contato da ferramenta com a peça. • Aumento da estabilidade. Trincas de • Excessiva variação de temperatura. • Seleção de classe de ferramenta Origem mais tenaz. Térmica • Aplicação do fluido de corte em abundância ou não aplicação. Lascamento • Classe da ferramenta muito frágil. • Seleção de classe de ferramenta mais tenaz. • Geometria da ferramenta muito fraca. • Aumento do ângulo de ponta, raio • Choques da ferramenta com a peça. de ponta e/ou do ângulo de cunha (chanframento da aresta). • Suavização do primeiro contato da ferramenta com a peça. 6.1 - Medição dos Desgastes da Ferramenta distância do centro da cratera à aresta de I rgura do desgaste de flanco (Vs) cosqast na superfície de folga I· Ind o v lor dos (V \ I V c), 1111 " NOLOGIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS AVARIAS E DESGASTE DA FERRAMENTA -111 1I,1l~ 6.8- I " stes da I / rr. menta M c .c B VBsmax--------- VBs A IPe~al VBA N_ N esta camada de cavaco já presa à ferramenta, ela se deforma e se encrua, aumentando sua resistência mecânica e fazendo as vezes de aresta de corte. A aresta postiça de corte (figura 6.9) tende a crescer gradualmente até que em um certo momento rompe-se bruscamente, causando uma perturbação dinâmica. Parte da aresta postiça que se rompe é carregada com o cavaco e parte adere à peça, prejudicando sensivelmente o acabamento superficial da mesma. Ao se romper, a aresta postiça arranca partículas da superfície de folga da ferramen- ta, gerando um desgaste frontal muito grande, mesmo em velocidades de corte baixas. A superfície de saída da ferramenta, por outro lado, é protegida (iá que o cavaco nãoatrita com a mesma, mas com a aresta postiça) fazendo com que o desgaste de cràtera seja mínimo. A força de corte diminui com a formação da aresta postiça, pois o ânguloefetivo de saída aumenta. nl m C usadores do Desgaste da Ferramenta nõmenos causadores dos desgastes da ferramenta. Os Corte IFerramenta I ,. Figura 6.9 - Aresta Postiça de Corte J 11' II N OGIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 111111 rtlndld de de usinagem, diminuição dos ângulos de saída e de inclina- 11, I Ilr da refrigeração, etc., tendem a diminuir a velocidade crítica. I III di ,à medida em que a ductilidade do material da peça diminui, I t Ií t mbém a ocorrência da aresta postiça, pois os cavacos ficam 1\ 11 c lU t e atritam menos com a superfície de saída da ferramenta. 1\ m ma figura 6.10 mostra a inconveniência da usinagem na presença 111 11 P tiça. Nesta figura pode-se ver que, para um determinado valor de I \ I , xlstem três valores de velocidade de corte, dois deles dentro da I (I f rm ção da aresta postiça e um fora. Para desgastes da mesma ordem I I 111/1 depois de um certo tempo de corte, é preferível a usinagem com I IIc I v I cidades de corte, pois aí ter-se-á gerado um maior volume de cava- I1 1\1 rn I to, é impossível conseguir-se um bom acabamento superficial da ItI \ 11I nça da aresta postiça. 0,28 0,2 Cavaco contínuo com aresta postiço 4 I .I I Icrescente I I~ecres.f 20 I I I (o) (b I I-- material; CK 53 N I16 __ ferromenta: P 30 '"'p , o • 2 .0,315 mm2 I I,12 -t-20min, "_600 \ / \ li08 / Y4 -~ mn - ',30,5 I 2 3 5 10 20 30 50 ICO I o, 50 Velocidade de corte Vc (mlmin) Frontal X Velocidade de Corte mostrando a região de formação ri g te de flanco na presença da aresta postiça é dife- observa normalmente. Enquanto nas velocidades de n o há aresta postiça de corte, a marca do desgaste é r I I à direção de corte, ela se apresenta Inclln d m rt quando a usinagem se processa n pr nç (figura 6.11). AVARIAS E DESGASTE DA FERRAMENTA - 113 enquanto que a superfície de saída atrita com um elemento flexível que é o cavaco. O desgaste gerado pela abrasão é incentivado pela presença de partículas duras no material da peça e pela temperatura de corte, que reduz a dureza da ferramenta. Assim, quanto maior a dureza a quente da ferra- menta, maior sua resistência ao desgaste abrasivo. As vezes, partículas du- ras arrancadas de outra região da ferramenta por aderência ou mesmo por abrasão e arrastadas pelo movimento da peça, causam o desgaste abrasivo em um área adjacente da ferramenta. Superfície de scído SUp, de folgo ~o u CII "Cl o'0 LI. CII•.. ~o CORTE N-N u CII "Cl o'ou. ~ CORTE N-N o o) b) Figura 6. 11 - Desgaste Frontal com e Sem a Presença da Aresta Postiça de Corte \QI..JlWõ~iL.>- Editora Edgard Blucher, São 11 II (,N aGIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS AVARIAS E DESGASTE DA FERRAMENTA - 115 I1 1111111 jr m para a superfície do outro. O fenômeno da aderência está presen- 111 te n ção da aresta postiça de corte, mas pode-se ter desgaste por ade- 11 I 111 mo sem a formação da aresta postiça. Também é importante na for- 11' () I sgaste de entalhe. . 11m rande influência na diminuição deste tipo de desgaste, a utilização I '111 I I do fluido de corte (principalmente com efeito lubrificante) e o 1 111111111 nto da ferramenta com materiais de baixo coeficiente de atrito como o 11111 111 ti tlt nio. I m ral, a zona de escorregamento (ao invés da zona de aderência), o 1111 file r mpido, a profundidade de usinagem irregular ou a falta de rigidez 1IIIIItlV( rn o fluxo irregular de cavaco e, portanto, facilitam o mecanismo de I I1 I r aderência. zona não é estável e se renova periodicamente, garantindo assim o fluxo difusivo. Ela não ocorre nas ferramentas de aço rápido (pois em geral não se utiliza altas velocidades de corte com estas ferramentas) e nas ferramentas de material cerâmico (que não tem afinidade físico-química com materiais ferrosos). Também o metal duro recoberto com camada de AI203 (cerâmico) sofre muito pouco difusão e, por isso, quase não apresenta desgaste de cratera. e) Oxidação qufmicas, no caso de metal duro, provocam a formação de xo (FeWC26), que são menos resistentes e são rapidamen- br ão. Trent, citado por Komanduri (1993) afirma que este Altas temperaturas e a presença de ar e água (contida nos fluidos de corte) geram oxidação para a maioria dos metais. O tungstênio e o cobalto durante o corte formam filmes de óxidos porosos sobre a ferramenta, que são facilmente levados embora pelo atrito, gerando desgaste. Porém, alguns óxi- dos como o óxido de alumínio, são mais duros e resistentes. Assim, alguns materiais de ferramenta (que não contém óxido de alumínio) desgastam-se mais facilmente por oxidação. O desgaste gerado pela oxidação se forma es- pecialmente nas extremidades do contato cavaco-ferramenta devido ao aces- so do ar nesta região, sendo esta uma possível explicação para o surgimento do desgaste de entalhe. Sumarizando, o desgaste de flanco é causado principalmente por abrasão (em altas velocidades de corte) e pelo cisalhamento da aresta postiça de corte. O desgaste de cratera é devido principalmente à difusão e o desgaste de enta- lhe à aderência e à oxidação. Finalizando: a separação quantitativa da contribuição de cada um destes fenômenos para a formação do desgaste é praticamente impossível, porém o quadro qualitativo visualiza a importância de cada componente nas diferentes velocidades de corte. Assim, em velocidades de corte baixas, o desgaste é rela- tivamente elevado por causa do cisalhamento da aresta postiça de corte e da aderência. Em velocidades de corte maiores, o desgaste é causado principal- mente pelos fatores cuja intensidade depende da temperatura de corte como a abrasão mecânica, a difusão e a oxidação. J) I 1/1/ o entre ferramenta e cavaco é um fenômeno microscópico ativa- Blbll
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