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A contribuição da fenomenologia para o direito subjetivo

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DIREITO POSITIVO: A contribuição da fenomenologia para o direito subjetivo�
Edith Bezerra Sousa�
Jheyscilane Cavalcante Sousa�
Robério dos Santos Gomes�
Wanderson Wendel Noronha Lô�
RESUMO
A palavra fenomenologia vem do grego phaninisthai: aquilo que mostra, e também do logos: explicação. Esse método fenomenológico de Husserl destacava a importância dos fenômenos da consciência, e trouxe grande destaque para a subjetividade e experiências em uma época em que o positivismo reinava nas cátedras, a fenomenologia veio então como reação a eliminação da metafísica nas diversas áreas do conhecimento, e para tanto, Husserl chegou até a criticar o psicologismo. O método fenomenológico de Husserl influenciou de forma crítica o positivismo jurídico de Hans Kelsen. Em sua obra “Teoria Pura do Direito”, Kelsen atribuía apenas às normas jurídicas o caráter solene da juridicidade, afastando completamente os aspectos axiológicos do próprio homem. A fenomenologia, portanto, recolocou na discussão a questão do “homem” vivo em sociedade (Fenômenos e experiências) como fundamento do ordenamento científico e consequentemente resgatando os valores para dentro do ordenamento jurídico. Esse confronto entre o objetivo e o ser será apresentado pelos olhos do próprio Husserl até chegar em Miguel Reale, grande jusfilósofo brasileiro que defendia o “valor” como caráter importante da juridicidade.
�Palavras–Chave: Fenomenologia. Valores. Direito subjetivo. 
ABSTRACT
The word phenomenology comes from the Greek phaninisthai: what it shows, and also of the logos: explanation. This phenomenological method of Husserl emphasized the importance of the phenomena of consciousness, and brought great prominence to subjectivity and experiences in an era in which po/sitivism reigned in the chairs, phenomenology then came as a reaction to the elimination of metaphysics in the various areas of knowledge, and Husserl went so far as to criticize psychologism. Husserl's phenomenological method had a critical influence on Hans Kelsen's legal positivism. In his work "Pure Theory of Right," Kelsen attributed only to juridical norms the solemn character of juridicity, completely �removing the axiological aspects of man himself. Phenomenology, therefore, reinstated in thediscussion the question of the "man" alive in society (Phenomena and experiences) as the foundation of the scientific order and consequently rescuing the values within the legal order.This confrontation between objective and being will be presented by Husserl's own eyes until he reaches Miguel Reale, a great Brazilian philosopher who defended "value" as an important character of juridicity.
Keywords: Phenomenology. Values. Subjective right.
Introdução
Notar como Edmund Husserl usou o conceito de epoché, sem dúvida foi um conceito-chave para Fenomenologia. Esta nasce no início do século XX para revitalizar a racionalidade ocidental. Para tanto Husserl realizará uma crítica ao psicologismo, ao realismo e ao historicismo.
O tema da epoché se mistura com o que Husserl chamou de a “tese da atitude natural”. Nesse sentido ele parte do pressuposto: o homem está mergulhado em uma espécie de “tesse geral”, isto é, uma compreensão implícita do mundo, este é então, essencialmente familiar ao homem, e dentro de tal naturalidade, pode ascender ao conhecimento de real.
A atitude transcendental de Husserl implicaria abandonar algo inerente ao nosso modo de conhecer o mundo e a forma como o concebemos teoricamente. A atitude natural compreende-se o que é espontâneo, normal, sem intervenção humana. Já a atitude fenomenológica defendida por Husserl requer um esforço necessário para livrar-se da velha forma de conceber o conhecimento.
Isso não é diferente com o estudo do direito, a ciência jurídica se insere integralmente neste debate, assim como as demais áreas do conhecimento. A Fenomenologia de Edmund Husserl não pode ser compreendias sem ser contextualizada e comparada com o principal movimento filosófico ao qual se opunha: o positivismo. Na introdução deve-se expor ao leitor uma visão geral do tema abordado. Para tanto, deve apresentar o objeto de estudo (contextualizar o tema), ou seja, a perspectiva que o assunto foi abordado, incluindo trabalhos anteriores relacionados ao tema. 
São indispensáveis os elementos da justificativa, em que pese à importância e relevância da pesquisa. Doravante, inclui-se também o problema da pesquisa e a hipótese de estudo (se houver). 
Os objetivos pretendidos. Os métodos e instrumentos utilizados (caso seja uma pesquisa aplicada) e como o trabalho está organizado (GUSMÃO; MIRANDA 2000).
REFERENCIAL TEÓRICO
Concepção histórica da fenomenologia
Edmund Husserl (1859-1938), filósofo, matemático e lógico, foi o precursor do movimento fenomenológico, de origem Judia, formou-se pela Universidade de Viena e teve grande influência de dois grandes pensadores: Bernhard Bolzano e Franz Brentano. Foi professor em Gotinga e Friburgo em Brisgóvia.
A Fenomenologia vem do grego (phainesthai – aquilo que mostra e elogos- explicação). Esse método fenomenológico afirma a importância dos fenômenos da consciência. Essa forma de investigação de Husserl permitiu se conhecer mais do mundo e das estruturas essenciais dos atos.
O termo foi utilizado por ele pela primeira vez em sua obra “Investigações lógicas”, em lugar da expressão “psicologia descritiva”, usada na época. Esse psicologismo afirmava que os problemas da epistemologia e as questões da consciência podiam ser resolvidos através dos processos psicológicos. Husserl era contra tais tendências intelectuais de sua época.
Husserl elabora outro caminho de acesso ao fenômeno que denominou fenomenológico, o qual consistia em acompanhar o fenômeno da consciência em seu campo de mostração para que, dessa forma, o mesmo aparecesse em sua essencialidade ( FEIJOO, 2014, p.443).
Para esta corrente não interessava o mundo exterior, mas o modo como o conhecimento do mundo se dá em cada pessoa. Tais fenômenos existentes na mente de cada um representa sua essência, seu significado apreendido pela intuição pura. A fenomenologia é uma reação à eliminação da metafísica, pretensão de grande parte dos filósofos e cientistas do século XIX.
Conforme Andrade (2013) psicologismo é a doutrina segundo a qual fornece fundamentação teórica para lógica e para matemática. Para essa concepção a psicologia concerne exclusivamente ao domínio da subjetividade e das experiências mentais.
A psicologia no século XIX gozava de grande prestígio e para muitos era a chave para explicação da teoria do conhecimento e da lógica. Na tentativa de rejeitar essa tese Husserl elaborou seu método fenomenológico, produzindo sua importante obra: Investigações lógicas.
Conforme Martini (1998/1999, p. 44) a Fenomenologia nasce no início do século XX para revitalizar a racionalidade ocidental, mas para isso Husserl realizará uma crítica ao psicologismo, ao relativismo e ao historicismo que se propagava no fim do século XIX.
Husserl também traz o tema da epoché que ele chamou propriamente a “tese da atitude natural”. Conforme esse entendimento o homem tem uma compreensão implícita do mundo, onde este é tão essencialmente familiar e dentro dessa naturalidade pode ascender ao conhecimento do real.
Eu tenho a consciência de um mundo que se estende sem fim no espaço, que tem e teve um desenvolvimento sem fim no tempo… descubro o mundo por uma intuição imediata, tenho experiência dele (MARTINI,1998/1999, p.44)
Ao interpretar a obra mais famosa de Husserl, Investigações Lógicas (1975), Chauí demonstra a influência que os professores dele tiveram na formação de seu pensamento. Foi através de Bolzano que ele defendeu que “as leis lógicas”, não podem fundamentar-se na psicologia (CHAUÍ,1979, p. VI).
A fenomenologia busca uma fundamentação nova diferente das ciências singulares. Enquanto as ciências positivas consideram os objetos comoindependentes do observador, a fenomenologia traz o sujeito, o eu transcendental, que “coloca” os objetos.
O primeiro passo do método fenomenológico consiste em abster-se da atitude natural, colocando o mundo entre parêntese (epoché). Isso não significa negar sua existência, mas renunciar seu uso. Após essa redução fenomenológica, a corrente de vivências puras que permanecem constata que a consciência é consciência de algo. Esse algo é chamado de fenômeno. (ZILLES, 2007, p.218).
Segundo Zilles (2007, p. 218) a fenomenologia para Husserl é uma descrição da estrutura específica do fenômeno (fluxo imanente de vivências que constitui a consciência) e, como estrutura da consciência enquanto consciência, ou seja, como condição de possibilidade do conhecimento.
1.2 Aspectos conceituais da fenomenologia
Contrário ao forte ambiente científico presente, à época na Europa, Husserl construirá a fenomenologia tecendo vigorosa crítica ao psicologismo, corrente que entendia que “os princípios diretores do conhecimento não são senão resultado de leis biológicas, psicológicas ou sociológicas.
Para Dartigues (2008, p.17) o intelecto não é apenas o conjunto de eventos físico – fisiológicos que ocorrem nas redes neurais, tampouco a teoria do conhecimento deve ser entendida como “uma descrição do comportamento do sujeito na atividade de conhecer”, como queriam os naturalistas. 
Husserl atribuiu um novo significado ao termo fenômeno, no momento em que recolocou o problema do conhecimento (conhecimento enquanto fenômeno). O sentido comum de fenômeno sugere se entender como “aparência sensível que manifesta a realidade”. Estes podem ser encontrados em Descartes, Hobbes, Bacon. (ABBAGNANO, 2007, p. 437).
No século XVIII, Kant atribuiu uma segunda significação para o termo fenômeno. Para ele este representa “o objeto específico do conhecimento humano que aparece sob condições particulares, características da estrutura cognoscitiva do homem” (ABBAGNANO, 2007, p. 437).
A teoria Katiana se baseia na ideia de que a coisa em si (o objeto puro) é incognoscível ao homem. O conhecimento humano seria um conhecimento filtrado pelas categorias analíticas propriamente humanas. Assim, o fenômeno seria um conhecer já passado pelos “filtros” do intelecto humano podendo ser cognoscível (Kant, 2001, p.22).
Conforme Adeodato (2013, p. 68), há portanto uma clara distinção entre fenômeno e “coisa em si”. O terceiro sentido, ao qual Husserl se vincula, conceitua fenômeno como “aquilo que se manifesta em si mesmo, como é em si, na sua essência”. Ele entende que o fenômeno “não é uma manifestação natural ou espontânea da coisa: exige outra condição, que são impostas pela investigação filosófica como fenomenologia”.
Na perspectiva de Zilles (2007, p. 217) o psicologismo defendia a tese de que a lógica compreende as normas que vale para todo o pensamento certo da mesma maneira como a engenharia apresenta as regras para construir bem. Por isso, como a engenharia se fundamenta na física, a lógica se fundamentaria na psicologia. Esta pressupõe a existência de seus objetivos e a lógica não.
Na abordagem proposta por Husserl, percebe-se como o foco de interesse na pesquisa, muda e evolui. Primeiro, ele queria elaborar apenas uma teoria da lógica pura para delimitar o psicologismo. Aos poucos, voltou-se para o terreno da análise da consciência.
Para entender a fenomenologia de Husserl, é preciso compreender como ele apresenta a estrutura da consciência como intencionalidade. Pondo-se o mundo com seus objetos ao eu (consciência), sendo esta intenção, significa que toda consciência é consciência de algo (ZILLES, 2007 p. 218).
Conforme Andrade (2013, p.16) quando estamos amando, temos uma experiência intencional. Essa experiência se dirige para alguém (objeto, ou a pessoa amada). Quando fazemos um juízo sobre uma casa branca, estamos conscientes do nosso juízo, que tem como objetivo uma casa branca qualquer. Todas essas experiências intencionais são possíveis de serem analisadas a partir de três aspectos diferentes: objeto, significado e ato.
A fenomenologia e a aplicação no direito brasileiro
A face do presente estudo visa investigar a aplicação da matriz fenomenológica no direito brasileiro. Duas são as abordagens realizadas a partir de uma dupla perspectiva: de um lado, mostra-se a importância do sujeito; de outro, a relevância do fato observado no processo de aplicação do direito.
A pesquisa partindo da análise da bibliografia filosófica existente busca o contato com a realidade jurídica brasileira, sabendo-se, desde o início, porem tal matriz filosófica não pode ser encontrada com muita facilidade nos discursos jurídicos brasileiros, principalmente pela origem desse direito. 
Neste constante processo de mutação, a teoria fenomenológica possibilita perceber-se a “mudança de lugar” do direito, que se desloca do plano puramente normativo e passa a sublinhar o “fato” e o “valor”. Com essa perspectiva se torna possível a construção das perguntas que irão fazer brotar os problemas que o direito encontra no tempo e no espaço, construindo-se, dessa forma, o problema: os tribunais brasileiro faz uso da fundamentação fenomenológica, e possível considera através desta leitura, como sendo uma de suas bases inicias, o universo empírico? Como resultado, procurou-se encontrar a correlação que ficou estabelecida nesse modelo de pensamento (fato e ato de consciência numa relação de mútua implicação) e a possibilidade de decidir juridicamente a partir da proposta husserliana, mesmo que signifique – em algumas hipóteses - a não aplicação da norma jurídica. (GARCIA, p. 32)
Para a melhor compreensão da fenomenologia e sua aplicação no campo do direito se faz necessário uma breve observação do pensamento jusfilósofo do argentino Carlos Cossio. Tendo a sua bases teórica, retratada a partir do padrão do pensamento de Hans Kelsen somado na fenomenologia de Edmund Husserl, em face da Ciência do Direito e cria a teoria egológica.
Husserl, agora o ego volta-se propositalmente para os objetos individuais, colocando-os entre parênteses e podendo dessa forma captar o eidos�. Visando superar as falhas que a teoria kantiana havia causou, Husserl estabelece um novo pensar onde se tornaria possível uma correspondência entre o ‘ser’ e o ‘dever ser’, ou mais precisamente, entre o ser e o pensar. 
O fruto dessa tentativa de superação da dicotomia kantiana, através da fenomenologia de Husserl, é vista no pensamento jurídico, em especial nos trabalhos do jurista alemão Adolf Reinach, que aborda o direito através de uma ótica fenomenológica. 
Esta leitura também é vista na Argentina com o jurista Cossio na obra Egologia do Direito. Cossio, na citada obra, mudando a sua ótica com relação ao problema do direito ele observa que ao contrário de se preocupa com a norma jurídica deveria se preocupar com o estudo da conduta humana e suas relações. 
Sendo o direito fruto da cultura, composto de uma essência, que é a conduta em interferência entre a relação do sujeito e sujeito ou sujeito e objeto, e de um sentido, que é o dever de realizar um valor. Na teoria egológica, a ciência jurídica deve ter por objetivo o conhecimento do direito, ou seja, da conduta humana em interferência intersubjetiva e dos valores que a informam. Nesse sentido, o ato cognoscitivo é “a compreensão” e o objeto da ciência jurídica é a “vida humana vivente em sua liberdade”. 
Cossio (1964) delimitou o objeto da ciência jurídica a partir da indagação ontológica do direito. Como o problema ontológico do direito é o de descobrir o seu ser, o jus filósofo argentino retomou a teoria dos objetos de Husserl, o qual reconheceu quatro regiões óticas: dos objetos ideais, naturais, culturais e metafísicos. Os objetos culturais, dentre os quais o direito, têm como caracteres: a) Serem reais, ou seja, terem existência no espaço e no tempo; b) estarem na experiência; c) possuírem valor positivo ou negativo. Ainda, tais objetos têm a compreensão como ato gnosiológicoe como método empírico-dialético. Nesse contexto, o direito é uma elipse, na qual o substrato e o sentido se correlacionam e interagem. 
É mediante a intuição que o egologismo situa o direito no campo da cultura. O direito é um objeto cultural, por ser real, por estar na experiência e por ter um valor. Todo objeto cultural, ensina (COSSIO 1964).
compõe-se de: 
a) ‘um substrato’, que é a sua matéria; conforme esse suporte seja um objeto físico, como mármore, papel etc, ou uma conduta humana, o objeto cultural é, respectivamente, mundanal ou egológico; b) ‘um sentido’, no qual reside o caráter valioso ou desvalidos do objeto cultural, que está ligado a um valor ou a uma finalidade, porque o homem sempre age em função de valores.
	 No direito brasileira também temos um caso clássico que pode ser tomado como exemplo da aplicação fiel dessa metodologia. A decisão proferida pela Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, tratando de um divórcio direto, onde o bem – por aplicação direta da lei – deveria ser partilhado e no qual, por buscar a realização de justiça, o problema se resolve a partir de uma abordagem fenomenológica (o sujeito elege o método que lhe proporciona a melhor resposta). Transcreve-se parte do relatório dez (10) e do voto do Des. Ségio Gischkow Pereira (1992, vol. 56, págs. 259 a 267): 	
“VOTO - Não há o que modificar na sentença. (...) No mérito, de longa data sustento a compreensão de que a separação fática que se prolonga no tempo é capaz de produzir o efeito de não mais se comunicarem os bens, mesmo se o regime de bens for o da comunhão universal. Repito o que disse em revista AJURIS, Porto Alegre, 1992, vol. 56, págs. 259 a 267: (...) De outra parte, encarado o direito como objeto cultural, que não comporta uma Lógica formal em seu exame, a preocupação pelas soluções justas, razoáveis e em harmonia com a realidade social, leva a preconizar seja a separação fática bastante para abalar o regime de bens. Esta segunda corrente de pensamento recorda situações de clamorosa iniqüidade, inevitáveis se prevalecesse sempre a primeira orientação; é enfocado pelo ato gnoseológico da com preensão (a intelecção é para os objetos ideais e, a explicação, para os objetos naturais) e abordado pelo método empírico-dialético. (O método racional-dedutivo destina-se aos objetos ideais e o método empírico-dedutivo aos objetos naturais). Como objeto cultural que é, o elemento axiológico é absolutamente inafastável da essência do Direito; todo o objeto cultural é valioso, positiva ou negativamente; o valor, por definição, faz parte integrante do objeto cultural. (...) Face ao exposto, resulta evidente nunca se poder interpretar e aplicar o Direito sem consultar a faceta do justo e ponderar os fatos sociais envolvidos, em profundidade. Ora, quem consideraria justo, nos casos em exame, aquinhoar com bens, havidos por determinada pessoa, alguém que nada mais tem a ver com aquela pessoa em termos de afetividade e convivência, fixando-se só no papel do casamento? Quem não estranharia, pelo menos, que se contemplasse com os bens em completo e radical desacordo com a realidade dos fatos, que é de separação fática irreversível, às vezes prolongada, com outra família constituída talvez? Seria ignorar a realidade do social, desconhecendo-a em prol do ângulo puramente registral do casamento. (...). É o meu voto.”
 
1.4 Teoria Tridimensional do Direito, Miguel Reale
Miguel Reale estrutura tridimensionalmente o Direito, além do aspecto fático e normativo, que sempre foram bem quistos pelo mundo jurídico positivo, há agora também o aspecto axiológico (que seria o Direito como valor de Justiça). 
O aspecto valorativo como parte integrante da norma ou regras jurídicas é um “contrapeso” ao positivismo jurídico iniciado fortemente por Hans Kelsen em sua “Teoria Pura do Direito”. Antes de Hans Kelsen “purificar o direito” tirando dele todas as questões filosóficas/sociológicas, Augusto Comte já despontava o positivismo (Curso de filosofia Positiva, 1830 – 1842), apresentando os três estágios da humanidade: o primeiro seria o teológico (explicação dos fenômenos por meios religiosos, mitológicos e sobrenaturais); o segundo estágio é o metafísico (as explicações de origem abstrata tinham origem numa filosofia metafísica) e por último o estágio positivo, ou estado positivo, no qual o homem volta seus olhos para a ciência como alto patamar referencial na busca por respostas através da experimentação. 
Logo, houve uma recusa ao direito natural enquanto os positivistas “despiam” o Direito de todas as questões que não podiam sem mensuradas, essa rejeição da área abstrata colocou a norma como única contribuição possível para fazer do Direito uma ciência independente, o objetivo de Kelsen além de visar a autonomia do direito, era também de separar totalmente o direito dos valores, estes seriam objeto de estudo de matérias sociológicas ou filosóficas, cabendo ao direito somente os fatos ligados a uma consequência que na teoria de Kelsen é a norma em forma se sanção/pena (REALE, 2002,)
Miguel Reale reflete a teria de Kelsen como uma concepção formalista, em que sempre “o fato f é, C deve ser.” Kelsen apresenta um fato típico (o que acontece) ligado a uma consequência, que também seria predeterminada (norma => pena/sanção), e é justamente nesse ponto que a teoria tridimensional do Direito não se contenta apenas com a ótica lógica-formal de Kelsen, para Reale “o ser humano é dotado de liberdade para cumprir ou descumprir a regra prevista”, e a liberdade do destinatário é pressuposta pelo legislador, tanto que ele irá feri-la através de sanções caso haja violação das regras. Não há apenas o valor lógico, há também valor axiológico. 
Um exemplo é o artigo 121 do código penal, que no seu caput traz a seguinte redação: “Matar alguém: Pena – reclusão de seis a vinte anos”, 
O artigo 121 pune o homicídio, ou seja, pune aquele que pratica contra a vida (resultando na morte) de outrem, o que implica na valoração da vida humana expresso no imposto pelo legislador: “não matar”. 
Essa estrutura trivalente da norma jurídica apresentada por Reale no seu livro lições preliminares de Direito, não renega a questão do ponto de vista lógico-formal, no qual a norma jurídica se reduz a uma proposição hipotética, há o reconhecimento dessa estrutura dimensional, mas a mesma não completa totalmente um modelo normativo ideal. E é nesse ponto que o autor da teoria tridimensional apresenta a relação entre fato e valor, e que os mesmos seriam inseparáveis, não se pode separar a forma da regra jurídica da sua base fática e de seus objetivos axiológicos, é uma relação dinâmica que aponta um “momento de integração de uma classe de fatos segundo uma ordem de valores”. (REALE, 2002, p.104).
Aristóteles escreveu que “o Homem é um animal político”, somos por natureza destinados a viver em sociedade, nossa sociedade é, portanto, cheia de miscelâneas, mas para Kelsen o direito não deveria ser dependente de juízos valorativos, éticos ou até mesmos políticos, porém, ao olhar para a história da convivência humana, vê-se que a mudança é um fator presente e primordial em todas as formas de sociedades, o homem sempre se inova e transcende, seria saudável fechar o círculo de atuação do direito apenas num aspecto fato lógico? 
1.5 as Influências da Fenomenologia no Estudo do Direito
Segundo Husserl, é preciso colocar entre parênteses o mundo resultante da visão das ciências modernas, pois tal visão também é elaborada a partir da vida natural. Ele chama atenção para experiências pré-científicas não menos legítimas que os modelos de conhecimento científico. A própria ciência deve ser compreendida sob determinadas condições históricas que nasceu com formação subjetiva (ZILLES, 2007 p.220).
Na Perspectiva de Zilles (2007 p. 221) o investigador da natureza não se dá conta de que o fundamento permanente de seu trabalho mental, subjetivo, é o mundo circundante vital, que constantemente é pressupostocomo base, como terreno da atividade, sobre os quais suas perguntas e seus métodos de pensar adquirem um sentido.
A fenomenologia com suas contribuições influenciou de forma crítica o positivismo jurídico. Hans Kelsen atribuiu apenas às normas positivas o caráter da juridicidade, o que afastou da ciência jurídica as questões axiológicas. O objetivo do Direito passou a ser apenas as normas de relações estatais (KELSEN, 2006)
Tendo cristalizado uma forma de ser fundamentalmente normativista e positivista, o direito deixou de olhar o mundo da vida e dos homens para as quais existe, que lhe dão sentido e que, portanto, devem estar no centro de suas atenções e destinatários maiores de sua prática (BUSSINGUER, 2012)
Neste contexto, a fenomenologia tem influenciado a crítica ao positivismo jurídico na medida em que busca recolocar a questão do fundamento da ordem jurídica dentro de um contexto maior, e não apenas no procedimento estatal (GUIMARÃES, 2007, p.59).
É nesse sentido que Guimarães (2007, p. 69-70) escreve: “no momento que o ser humano é tido como o fundamento do ordenamento jurídico, implica-se o questionamento da velha distinção positivista entre ser e dever ser, segundo a qual seria impossível retirar um conteúdo normativo de um fato da realidade”.
CONCLUSÃO 
O estudo empreendido neste artigo científico tem como finalidade ampliar o conhecimento sobre a importância do método da fenomenologia jurídica. Toda a discussão se deu em torno das novas perspectivas trazidas pela fenomenologia para melhor definição dos textos e da nova visão do direito como elemento axiológico. 
Husserl através de uma “filosofia cineticamente rigorosa”, visa transpor os limites da ciência positiva, porém mantendo a sua segurança e rigor, mas alguns obstáculos surgiram e com eles os desafios para o seu uso na ciência jurídica uma vez no que se refere ao seu método e verificabilidade dos seus resultados.
O método em questão também conflita com a ideia de um texto jurídico norteado por relações histórica, uma vez que Edmund Husserl compreende “valores como elementos invariáveis” ou seja, a fenomenologia é como os retrocesso as teorias filosófica. Fica claro que o autor não tinha como escopo de estudo especificamente a ciência jurídica, visto que nada foi proposto neste sentido, porém buscou apresentar uma “nova” linha que ligaria o homem ao conhecimento, é inquestionável que sua teoria acabaria por interferir em todas as áreas do conhecimento e por fim o direito.
Portanto, ainda que de forma inconsciente, questionar sobre as conclusões de seu uso, servirá de fundamento para fomentação de resoluto discurso como o do “núcleo essencial dos direitos humanos” reitera a importância do pesquisador do Direito, em acautelar-se na contemplação dos seus objetos de pesquisa.
A aplicação do método fenomenológico de HUSSERL é tida como uma alternativa de muita valia na busca de uma fundamentação material para os direitos fundamentais e para a democracia, porém neste caminho proposto a mutabilidade que é marca em algumas das principais concepções do direito constitucional contemporâneo será enfrentada como obstáculos.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ADEODATO, João Maurício. Filosofia do direito: uma crítica à verdade na ética e na ciência. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
BUSSINGUER, Elda Coelho de Azevedo; LARANJA, Anselmo Laghi. Fenomenologia de Edmund Husserl e Direito: Caminhos e obstáculos. Revista da Faculdade de Direito UFPR, Curitiba, Brasil, v. 63, p. 189-2012, abril. 2018.
Disponível em: http:// Revistas. UFPR. Br/ direito / article. Acesso em: 01 de outubro de 2018.
COSSIO, Carlos. La Teoria Egologica del Derecho y el concepto juridico
del libertad. 2. ed. Buenos Aires: Abeledo Perrot, 1964.
DESCARTES, René. Meditações. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado
Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
DARTIGUES, André. O que é a Fenomenologia? São Paulo: Centauro, 2008.
Disponível em: http:\ Departamento de Filosofia-Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro-PUC-Rio, Brasil. Acesso em: 27 de outubro de 2018.
GARCIA, J. R Costa. Fenomenologia e direito: Investigação sobre a aplicação da matriz fenomenológica no direito brasileiro. Disponível em: https://www.periodicos.unifra.br/index.php/VIDYA/article/viewFile/443/417. Acesso em: 22 de outubro de 2018.
HUSSERL, Edmund. Meditações Cartesianas. México: Fondo de Cultura
Económica, 1986.
KANT, Imanuel. Crítica da Razão Pura. 5 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1994.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Trad. de João Baptista Machado.
São Paulo: Martins Fontes, 1996.
MARTINI, Renato. da S. Fenomenologia e a Epoché. São Paulo, v. 21-22, p. 43-51, 1998-1999.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
ZILLES, Urbano. Fenomenologia e Teoria do conhecimento em Husserl. Revista da abordagem Gestáltica – XIII: 216-221, jul-dez, 2017.
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� Artigo científico apresentado a Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranha - UNISULMA no Curso de Direito, como requisito obrigatório para a obtenção de nota para a avaliação final do 3° período.
� Acadêmico do Curso de Direito da UNISULMA.
� Acadêmico do Curso de Direito da UNISULMA.
� Acadêmico do Curso de Direito da UNISULMA.
� Orientador. Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília - UCB. Especialista em Didática Universitária e em Gestão Escolar. Licenciado em Filosofia, Pedagogia e Teologia. �Contato para consultoria em pesquisa: (� HYPERLINK "mailto:Wandesonlo@hotmail.com" �wandersonlo@hotmail.com�). 
� 1. Ideia... a palavra deriva do grego idea ou eidea, cuja raiz etimológica é eidos – imagem. O seu significado, desde a origem, implica a controvérsia entre a teoria da extromissão (Platão) e a da intromissão (Aristóteles) ., a essência ideal do objeto.

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