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Tecnologia de Alimentos JOSÉ EVANGELISTA Ex- Professor de Tecnologia de Alimentos do Instituto Annes Dias, Rio de Janeiro. Ex-Professor de Técnica Dietética e Dietoterapia Infantil no Instituto Municipal de Nutrição, Rio de Janeiro. Médico Dietólogo pelo Instituto de La Nutricion de Ia Republica Argentina. Nutrologista pela Associação Brasileira de Nutrologia e Associação Médica Brasileira. Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia LI R RIA ATHENEU - Rio de Janeiro. São Paulo. 1987 lo.a Parte Aditivos em Alimentos Definição e normas regu lamentares. Origem e tipos de aditivos. Aditlvos intencionais. Aditivos incidentais Classificação dos aditivos. Requisitos para o emprego. Funções e empregos de aditivos. Acidulantes. Antiespu n (feros. Antiox idantes Antiumectantes. Aromatizantes e flavorizantes Conservadores. Edu Icorantes Espum (feros. Estabilizantes Umectantes. Considerações sobre a utilização de aditivos. Emprego incorreto de aditivos. MaleHcios orgânicos causados por aditivos. itívos em Alimentos 1. ADITIVOS A crescente demanda de comida para milhões de consumidores; dinamizou intensamente, todos os setores responsáveis pela produção de alimentos, visando ao aumento de sua quantida- de no mercado, sem quebras de seus padrões de qualidade e de suas condições de rentabilidade comercial. Ao lado da introdução de modernos equipamentos, da adoção de novas técnicas, do mais apurado controle da matéria-prima e do produto elaborado, das associações de processos de conservação, da proteção dos produtos por novos tipos de embalagens e de muitos outros proce- dimentos básicos, o aparecimento e a implantação do uso de aditivos, representa para a fabrica- ção de produtos alimentícios, um de seus mais importantes recursos. DEFINiÇÃO E NORMAS REGULAMENTARES Os aditivos são definidos pela FAO, como "substâncias não nutritivas, com a finalidade de melhorar a aparência, sabor, textura e tempo de arrnazenamento"; a FAO esclarece entretanto, que "em certos casos, as substâncias químicas incluídas para melhorar esta qualidade do produ- to, poderão elevar a sua capacidade nutritiva". Segundo o' 'Food Protection Comittee "da' 'National Academy of Science" dos Estados Uni- dos, os aditivos são "substâncias ou misturas de substâncias, que nãoo produto alimentício em si, presentes nos alimentos, como resultado dos meios de produção, processamento, acondicio- namento e armazenamento." O uso de aditivos no Brasil, foi regulamentado pelo decreto nQ55.871 de 23 de março de 1965 e atualizado pelo decreto nQ63.526 de 4 de março de 1968. A especificação e o modo de emprego de aditivos, no âmbito internacional, se disciplinam por deliberações da FAO e da Organização Mundial de Saúde, posteriormente tornadas legais em diversos países, inclusive o nosso. As normas contidas nas legislações sobre aditivos, são atualizadas, de acordo com novos conhecimentos e avaliações de sua atividade; a liberação ou exclusão do uso do aditivo, ocorre principalmente de seu grau de toxidês. Em diferentes países, não há uniformidade na lista de aditivos permitidos, pois alguns deles, podem estar nela presentes ou não; no que se refere porém, às doses mínimas de aditivos permitidas, estas são unanimente prescritas, em quantidades muito aquém de sua ação tóxica. Essa prática, que garante boa margem de segurança, para a ação de aditivos, se consegue através: a) b) dos valores mínimos estabelecidos para os aditivos; da suficiente margem de garantia de dose estipulada, consumidor; para evitar danos à saúde do 433 c) da avaliação dos níveis mínimos, capazes de gerar alterações do comportamento fisio- lógico normal, de animais de laboratório; d) da escolha etária a que se destina o produto. Enquanto que a aplicação de aditivos para produtos de consumo interno, está sujeita aos Decretos e ãs Resoluções da "Comissão Nacional de Normas e Padrões de Alimentos", atua) "Câmara Técnica de Alimentos", uma exceção se abre para os alimentos de exportação, que pó- derão ser fabricados de acordo com as normas sobre aditivos do país a que se destinam; nesse caso, na rotulagem do produto, é obrigatória a declaração: 'produto destinado a exportação, não podendo ser vendido em território nacional". ORIGEM E TIPOS DE ADITIVOS Os aditivos derivam de várias fontes e pelas inconfund ível personalidade. De acordo com a sua origem, os aditivos pertencem a três classes: rísticas que ostentam, demonstram sua Naturais Obtidos por processos exrrarívos (óleo de cravo da India etc). Sem i-sintéticos Obtidos de substâncias aerurais, por fracionamento ou síntese (eugenol de cravo Sintéticos O . os- "emlsborarõríos, Os aditivos, segundo o modo dram em dois grupos: Aditivos segundo sua origem ). processos de síntese. mam nos produtos alimentícios, se enqua- Aditivos segundo sua presença no produto AOITIVOS INTENCIONAIS Incidentais Inteneícaeís Aditivos intencionais, são " propositalmente se agregam aos alimentos, em razão de seu processamento. O decreto 58.871 define: "adi . o . ional, é toda substância ou mistura de substân- cias, dotadas ou não de valor nutritivo, . ao alimento, com a finalidade de impedir altera- ções, manter, conferir ou intensificar seu aroma, cor e sabor, modificar ou manter seu estado físico geral, ou exercer qualquer ação exigida para uma boa tecnologia de fabricação de alimen- tos. Atendendo à necessidade de sua aplicação e por força de sua própria função, os aditivos intencionais podem ser divididos em optativos e obrigatórios. Aditivos optativos A presença nos alimentos, dos aditivos optativos está condicionada â nossa. vontade e por isso, tem carácterfacultativo. Estes aditivos, não in- fluem na estrutura do produto, como por exemplo os corantes, edulco- rantes etc. Os aditivos obrigatórios se incorporam ao produto, passando a fazer parte de sua estrutura, como por exemplo os espessantes, umectantes etc. Aditivos obrigatórios I ÁOITIVOS INCIOENTAIS Os aditivos incidentais ou acidentais, compreendem as substâncias residuais pu migradas, encontradas nos alimentos ou produtos alimentícios, como matéria prima e durante suas fases de beneficiamento, de embalagem, transporte e armazenamento. 434 - Os aditivos incidentais, são originados geralmente dos produtos utilizados na pulverização . e vegetais e frutas, não aplicados na oportunidade e dosagens adequadas. Como exemplos de aditivo incidental, resultante de compostos empregados na elaboração de alimentos, podem ser citados: o hidróxido de cálcio (cal), utilizado na refinação do açúcar de cana; os inseticidas, pulverizados nos vegetais e em frutas como o DDT (dícloro-difeníl-tricloro etano) e o metoxicloro, que podem ficar retidos no organismo, no tecido adiposo, proporcio- nando quando de sua mobilização, vários distúrbios gerais, especialmente hepáticos. Os aditivos incidentais, ainda podem ocorrer nos alimentos de origem animal, como acontece quando da aplicação de agentes químicos sobr~ a pele do animal (tratamentos antipa- rasitários) e que posteriormente são assinalados no leite e nas carnes. Também os aditivos incidentais podem provir do material de embalagens, capazes em alguns casos de gerar inconvenientes. Como fditivo incidental, se cita ainda, o N'Fenil-Bnaftilamína, componente da borracha empregada na ordenha mecânica, que absorvido pela vaca, é eliminado pelo leite. O decreto 58.871 mantém a seguinte tabela de aditivos intencionais, referentes à pesticí- das ou preguicidas. TABELA 11 Aditivos Incidentais Pesticidas ou Alimentos em que podem Limite Máximo Praguicidas ser encontrados de Tolerância Ácido cianídrico Grãos armazenados 25,00 Outros alimentos zero Aldrin Cereais zero Frutas frescas 0,10 Hortaliças 0,10 Tubérculos e raízes 0,10 Arseniato de cálcio Hortaliças 3,50 Frutas frescas 3,50Arseniato de chumbo Hortaliças 7,00 Frutas frescas 7,00 BHC1 Frutas frescas 2,50 Vegetais 2,50 Bissulfato de carbono Cereais isento Brometo de metila Alho e cebola 20 (em Br) Grãos armazenados 50 (em Br) Frutas frescas 10 (em Br) Óleos de semente de algodão 200 (em Br) Tomate 20 (em Br) Tubérculos e raizes 75 (em Br) 435 TABELA li Aditivos Incidentais Pesticidas ou Praguícídas Alimentos em que podem ser encontrados Limite Máximo de Tolerância But6xido de piperonila Grãos armazenados . Frutas frescas Cíaneto de cálcio Cordana Dalapen Díazinon Dieldrin Grãos armazenados Outros alimentos Frutas frescas Hortaliças Frutas frescas Beterraba Batatinha Aspargo Frutas frescas Hortaliças Leite Carne e gordura animal Frutas frescas Hortaliças Cereais Frutas frescas Hortaliças Tubérculos e raizes Qualquer alimento Frutas frescas Feijão Dinítro-e-sec-butíl fenol Qualquer alimento 2,4(3) (seus sais e Frutas frescas ésteres) Dínítro-e-crosol Dinitro-e-fenol Diuren Endrin Enxofre EPN4 Frutas frescas Batatinha Trigo (grão) Cereais Hortaliças Tubérculos e raizes Qualquer alimente Frutas frescas Hortaliças 20,00 8,00 25,00 zero 0,30 0,30 3,00 5,00 10,00 30,00 5,00 5,00 zero 5,00 1,00 1,00 zero 0,10 0,10 0,10 zero 1,00 1,00 zero zero zero zero isento 3,00 3,00 5,00 1,00 1,00 1,00 436 TABELA II Aditivos lncidentais Pesticidas ou Alimentos em que podem Limite Máximo Praguicidas ser encontrados de Tolerância p.p.m. Fasdrin Ceraís 0;25 Frutas frescas 0,25 Hortaliças 0,50 Tubérculos 0,50 Gusation Frutas frescas 2,00 Heptaclor Hortaliças 0,10 Tubérculos e raízes 0,10 HETps Qualquer alimento zero Keltana Frutas frescas 5,00 Lindana Frutas frescas 10,00 Hortaliças 10,00 Malation Frutas frescas 8,00 Hortaliças 8,00 Tubérculos e raízes 8,00 Grãos armazenados 8,00 Carne e gordura animal 4,00 Metilparation Cereais 1,00 Hortaliças 1,00 Frutas frescas 1,00 Tubérculos 1,00 Metoxiclor Cereais 2,00 Frutas frescas 14,00 Gorduras animais 3,00 Hortaliças 14,00 Leite zero Monuron Frutas frescas 1,00 Alho e cebola 1,00 Aspargo 7,00 Espinafre 1,00 cotina (composto Frutas frescas 2,00 à base de) Hortaliças 2,00 OMPA6 Cereais 1,00 Frutas frescas 1,00 Hortaliças 1,00 Tubérculos 1,00 TABELA 11 Aditivos Incidentais Pesticidas ou Alimentos em que podem Limite Máximo Praguicidas ser encontrados de Tolerância p.p.m. Óleos emulsionáveis Qualquer alimento isento- Piretrinas Cereais 1,00 Frutas frescas 1,00 Grãos armazenados 3,00 Hortaliças 1,00 Tubérculos 1,00 Pertana Hortaliças 15,00 Rotenona Qualquer alimento isento SES7 Aspargo 2,00 Amendoim 6,00 Batatinha 6,00 Morango 2,00 Sistol Frutas frescas 0,75 Hortaliças 0,75 Tubérculos e raizes 0,75 TDE8 Frutas frescas 7,00 Hortaliças 7,00 Tubérculos e raízes 7,00 TEPp9 Qualquer alimento zero Toxafeno Frutas frescas 7,00 Vegetais 7,00 1 BHC ... 1, 2, 3,4,5, 6-hexacloro-ciclohexano 2 OOT ... 1, 1, J-tricloro-Z, 2-bis(p-clorofenil) etano 3 2,40 ... Ácido 2,4-diclorofenoxiacético 4 EBN ... Benzenotiofosfato de O-etil-O-p-nitrofenila 5 HETP . .. Tetrafosfato de hexaetila 6 OMPA ... Octametil pirofosforamida 7 SES ... 2,4-diclorofenoxietil sulfato de sódio 8 TOE ou ... 1,1 dicloro-2,2bis (p-clorofenil) etano 0.0.0. 9 TEPP ... Pirofosfato de tetraetila Os aditivos incidentais não são admitidos pelo Codex e sim pelas legislações de alguns paí- ses, entre os quàis o nosso. CLASSI FICAÇÃO DOS ADITIVOS Considera-se aditivo para alimento, a "substância intencionalmente adicionada ao mesmo, com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não pre- judique seu valor nutritivo". (art. 29 do Decreto 55.871). 438 Os aditivos, de acordo com as funções _-= :::-::.=::=~::~:::'~~~I '=..! ~C~5..= do com a legislação nacional, assim se classifi CLASSIFICAÇÃO DOSAOI Aditivos Funções Acidulante Antiespumífero Antioxidante Antiumectante Conservador Corante Edulcorante Espessante Espumífero Estabilizante Aromatizante e Flavorizante Umectante Comunica ou intensifica o gosto acídulo os 2:!:~~~ Influi na tensão superficial dos alimentos Retarda o surgimento de processos oxidativos Diminui as características higroscópicas dos produtos Impossibilita ou atrasa a deterioração microorgânica ou e;:;~:::±:ic!....:~ alimentos Confere ou intensifica a cor dos produtos Transmite sabor doce Eleva a viscosidade de soluções, emulsões e suspensões Modifica a tensão superficial dos alimentos Ajuda e conserva as características físicas das emulsões e suspensões Conferem e intensificam o sabor e o aroma dos alimentos Evita a perda de umidade dos alimentos IMPORTÂNCIA 00 EMPREGODE AOITIVQS O uso de aditivos é parte dos recursos que possibilitam o êxito da indústria de alimentos; sua ação tem repercusões fundamentais: Tornando possível o aproveitamento de excedentes de produção e con- seqüentemente evitando os desperdícios. Atuando como agente complementar, em processos de preservação e conservação de matéria prima. 1. Na proteção da matéria prima 2. Na produção, segurança e melho- ria do produto 3. No interesse do consumidor 4. No interesse do produtor Ajudando a manter as qualidades organoléticas e sanitárias do produto, cooperando para torná-Io atraente. Realçando ou substituindo determinados caracteres do alimento ori- ginal. Contribuindo para o aumento da vida de prateleira, para o transporte e armazenamento do produto. Agindo como complemento da eficiência dos métodos de padronização e de conservação. A importância do emprego de aditivos, em produtos alimentícíos, pode ser avaliada através de alguns exemplos, que a seguir citamos. Possibilitando a existência do produto no mercado, com mais assidui- dade, maior variedade e em todas as épocas. Conferindo ao produto, mais alto índice de preferência, maiores possíbilí- dades competitivas e preços relativamente mais baratos do que os de seus similares. 439
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