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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO APOSTILA COMPLETA

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História da Educação
Professora conteudista: Maria Teresa Papa Nabão
Sumário
História da Educação
Unidade I
1 O QUE É EDUCAÇÃO? .......................................................................................................................................4
1.1 Por que estudar História da Educação? .........................................................................................6
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS ............................................7
2.1 A distinção entre cultura e civilização ............................................................................................7
2.2 A Educação Informal ..............................................................................................................................9
Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO ESCRIBA ....... 17
3.1 Egito: berço de todas as civilizações ............................................................................................ 17
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba ......................................................................... 20
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA ................................................. 21
4.1 A Grécia .................................................................................................................................................... 22
Unidade III
5 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO .................... 38
5.1 A Idade Média e o Feudalismo ........................................................................................................ 38
5.2 O Conhecimento Científico na Idade Média ............................................................................. 40
5.3 A Educação na Idade Média ............................................................................................................. 42
6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO ................................................................................................................. 51
Unidade IV
7 A CATEQUESE E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO: OS JESUÍTAS E A EDUCAÇÃO DA ELITE E A 
REFORMA POMBALINA ..................................................................................................................................... 68
7.1 Os jesuítas no Brasil ............................................................................................................................ 68
8 A MODERNIDADE NO BRASIL E O PENSAMENTO EDUCACIONAL: O LIBERALISMO E 
A PROPOSTA DA ESCOLA NOVA; O MANIFESTO DOS PIONEIROS ................................................... 72
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Unidade I
A IMPORTÂNCIA E O ENTENDIMENTO DO ESTUDO DE HISTÓRIA DA 
EDUCAÇÃO: ENTENDENDO CONCEITOS
Apresentação 
Estamos prestes a iniciar nossos estudos referentes à História da Educação e você poderia ter 
dúvidas quanto à importância de estudar sobre aquilo que já passou e está tão distante da nossa 
realidade atual. Primeiramente, vamos pensar um pouco acerca do significado de história. Se 
você está pensando numa história maçante, cheia de datas e acontecimentos para serem lidos e 
decorados, esqueça!
Agora vamos pensar a história em um sentido mais amplo, mais vibrante e mais vivo. 
Inegavelmente a história refere-se ao passado, mas é muito mais do que isto! Nós somos feitos de 
história, somos seres históricos. Sabemos como somos porque conhecemos nossa trajetória ao longo do 
tempo. Conhecemos tanto os detalhes quanto os momentos importantes de nossas vidas. Conhecemos 
o que nos faz ser como somos e sabemos que nos transformamos ao longo do tempo. Por experiência, 
evitamos as circunstâncias que podem nos levar ao sofrimento, bem como trabalhamos para engendrar 
situações que possam nos favorecer. 
E não são apenas as pessoas que têm uma história. Tudo o que conhecemos tem uma história 
também: o livro que lemos, a moda que vestimos, o celular ou o computador que usamos, a maneira de 
fazermos ciência, arte, literatura, religião, enfim, tudo o que compõe a nossa sociedade.
A História, portanto, refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se 
organizam, se adaptam e transformam o ambiente em que vivem ao longo do tempo. 
Estudar história pode ser uma experiência fascinante, pois nos possibilita refletir sobre a vida dos 
seres humanos, ou seja, de pensarmos sobre como o homem viveu e como vive em diversos momentos e 
em diversas sociedades. É interessante analisarmos como, ao longo dos anos, os homens pensam, como 
oram a Deus, o que consideram sagrado ou profano, como trabalham, se divertem, o que os faz vibrar 
de amor ou de ódio, de alegria ou tristeza, de esperança ou desespero. 
Enfim, por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, como 
se desenvolveram e como se transformaram. Assim, Borges (2003) afirma: 
As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de 
sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso 
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é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual 
e é através do tempo que se percebe as mudanças”.
História, portanto, refere-se, sobretudo, a uma forma de reflexão e análise que nos permite pensar 
os acontecimentos do passado, não como simples narrativa enfadonha e monótona, mas com o objetivo 
de entender o desenvolvimento humano atual, de compreender de que forma os acontecimentos 
contribuíram na formação de nossas atuais condições de vida.
No entanto, conceituar história não é uma tarefa simples. Há diversas perspectivas, tendências 
e modelos teóricos. Não temos, portanto, a intenção de elaborar nem de oferecer um conceito que 
seja acabado e que contenha esta diversidade. Porém, é fundamental entendermos que, apesar desta 
diversidade, a história pode ser considerada uma ciência que estuda tudo que tem relação com a vida 
do homem: suas atividades (laboral, lúdica, científica, religiosa etc.), suas preferências, suas maneiras de 
ser, fazer e agir. Como nos ensina Kaldun (1998):
A história é o registro da sociedade humana, ou civilização mundial; das mudanças 
que acontecem na natureza dessa sociedade (...); de revoluções e insurreições de um 
conjunto de pessoas contra outro (...); das diferentes atividades e ocupações dos 
homens, seja para ganharem seu sustento ou nas várias ciências e artes; e, em geral, 
de todas as transformações sofridas pela sociedade. (...)
Desta forma, podemos perceber que estudar a história nos leva a uma melhor compreensão do 
mundo em que vivemos, proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais, 
políticas, econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na 
forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo. Os acontecimentos atuais, portanto, tem 
causas que podem ser identificadas no passado, assim como podem projetar consequências no futuro. 
Este conhecimento é fundamental, pois nos faz interpretar melhor a realidade que nos cerca, aguçando 
o espírito crítico.
Portanto, estudar história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que 
isto, os estudos históricos nos possibilitam entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história 
tem relações tanto com o presente quanto com o passado.Portanto, a disciplina História da Educação tem como preocupação central a reflexão crítica em 
torno do processo educativo ao longo do tempo e do espaço. A partir da era primitiva até a idade 
contemporânea, do Egito ao Brasil. 
Para que possamos provocar tal nível de reflexão, é fundamental que o aluno compreenda o 
desenvolvimento da educação através do tempo e de diversos povos e épocas, não apenas como leitura 
passiva ou simples relato cronológico acerca das diferentes tradições educativas, mas, sobretudo, que 
consiga compreender que a história das sociedades e o processo educativo são inseparáveis. 
Portanto, é fundamental que se provoque o questionamento acerca do contexto social, 
histórico e cultural em que se formam as diferentes concepções de educação, a fim de provocar 
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a reflexão em torno das possibilidades que foram engendradas ao longo do tempo e que 
contribuíram para a exclusão social das camadas menos favorecidas e dominadas nas diferentes 
épocas estudadas. A disciplina deve, ainda, conduzir a percepção de que se a educação pode ser 
usada para a manutenção do poder e das relações de dominação social, pode, também, contribuir 
com a transformação de tais relações. 
Se os estudos históricos têm esta potencialidade, é possível que você já tenha percebido o quanto 
é importante estudarmos a história da educação. Já podemos, por exemplo, esboçar a ideia de que o 
estado atual da educação, em nosso país ou no mundo, tem sido pensado e organizado ao longo do 
tempo.
Saiba mais 
Entendendo o que é história
De tudo que foi exposto acima, podemos entender que a história pode ser pensada a 
partir dos seguintes aspectos:
• A História se refere, basicamente, à vida dos homens em sociedade, à forma como se 
organizam, se adaptam e transformam o ambiente (social e natural) em que vivem ao 
longo do tempo.
• Por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, 
como se desenvolveram e como se transformaram.
• A história não é um simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a 
uma forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e 
acontecimentos podem contribuir para a formação das nossas atuais condições de 
vida.
• A história nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, 
proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, 
econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua 
origem na forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo.
• A história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que 
isto, nos possibilita entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história tem 
relações tanto com o presente quanto com o passado.
Objetivos da disciplina
De maneira geral, podemos afirmar que os objetivos gerais que pretendemos alcançar com o 
desenvolvimento do curso são:
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Promover a compreensão do conceito de história em sua relação com a Educação.
• Provocar o entendimento da importância da História da Educação para a compreensão dos 
processos educativos ao longo do tempo e do espaço (dos primórdios à atualidade, do Egito ao 
Brasil.).
• Compreender a educação como processo histórico, portanto, fruto das articulações entre economia, 
política, sociedade e cultura.
• Reconhecer os processos educativos no Brasil, da colonização aos dias atuais, em suas relações 
com o sistema social, identificando crises, bem como avanços e inovações. 
Mas, se estes são objetivos gerais, temos, ainda, alguns objetivos bem específicos, que são:
• Possibilitar o desenvolvimento da consciência crítica sobre as estreitas ligações entre educação e 
sociedade. 
• Possibilitar a identificação e a análise das características econômicas, políticas e socioculturais dos 
diferentes períodos estudados em sua correlação com os processos educacionais.
• Possibilitar a identificação das características educacionais dos diferentes períodos estudados a 
partir da análise da educação de diferentes segmentos sociais, a fim de desvendar as relações de 
dominação social.
• Analisar as influências das diferentes manifestações religiosas no processo e na prática educativa 
ao longo do tempo e do espaço.
1 O QUE É EDUCAÇÃO?
Mas, para atender os objetivos descritos acima, além de todo o desenvolvimento de um conteúdo 
programático cuidadosamente elaborado, precisamos entender não apenas o que é história, mas também 
o que é educação. 
Por educação entendemos a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito 
de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica e ampla de uma sociedade sobre as 
gerações jovens com o objetivo de conservar e transmitir a existência coletiva (Luzuriaga, 2001).
Obviamente, a educação constitui o ser humano, ou seja, está presente em sua vida desde o nascimento 
até a morte. Não nascemos seres humanos prontos e acabados, ao contrário, precisamos construir nossa 
natureza, e o fazemos, sempre e necessariamente, por meio da aprendizagem, em contato com o sentido 
de educação presente em determinada ordem cultural e social. 
Portanto, não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado 
à visão de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade 
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em determinado tempo. Portanto, a prática educativa não é uma prática neutra, ou seja, possui uma 
inegável natureza política. Não é uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de 
dominação. Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação 
de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades. 
Durkheim, por exemplo, afirma que para cada sociedade existe um tipo de educação. A educação, 
portanto, teria suas diferenças nascidas das necessidades próprias de determinado sistema social, ou 
seja, dependeria da organização social, política e econômica, estabelecida por uma sociedade ao longo 
do tempo. Durkheim (1978) afirma que: 
cada tipo de povo tem um tipo de educação que lhe é próprio, e que pode servir para 
defini-lo, tanto quanto sua organização 
moral, política e religiosa.
Mas, se a educação pode servir para a manutenção 
do statu quo, para a conservação da ordem econômica, 
social e política, pode, também, ser um instrumento de 
transformação. A educação, portanto, pode concorrer para 
conservar e reproduzir a sociedade, para reformá-la ou para 
transformá-la.
No entanto, não devemos pensar a educação como 
sendo a “solução mágica” para todos os problemas sociais, 
mas devemos estar alertas para a relação de reciprocidade 
existente entre ambas, ou seja, para o fato de que uma pode 
influenciar a outra. Esta reciprocidade nos aponta para o fato de que a educação pode colaborar com 
a construção de uma sociedade mais justa e democrática, e é evidente que uma sociedade mais justa e 
democrática contribui com o estabelecimento de uma educação de qualidade, mais sólida e eficiente. 
O tema da educação ganhou visibilidade por motivaçõesdiversas: por ser um direito humano, por 
ser base para o crescimento econômico, por auxiliar na conquista de outros direitos, por melhorar a 
distribuição de renda, por permitir alcançar melhores empregos etc. Todas são motivações reais, mas 
apenas em parte, pois a educação, por si só, tem suas limitações. Por exemplo: não há, na história da 
humanidade, um país cuja população tenha conquistado escolaridade básica de qualidade sem intensa 
melhoria nas suas condições de vida (Hadad, 2010). 
Conforme o que foi exposto acima, podemos entender que Educação pode ser pensada a partir dos 
seguintes aspectos:
• O significado de educação está intimamente ligado às visões de mundo, sociedade e homem, que 
são adotadas e que permeiam determinada sociedade em determinado tempo.
• A prática educativa não é uma prática neutra, desinteressada, desligada das relações de poder e 
de dominação. 
O que é statu quo?
Segundo os Dicionários Houaiss 
e Aurélio, Statu quo (da expressão: 
in statu quo res erant ante bellum) é 
uma expressão latina que designa o 
estado atual das coisas, em qualquer 
momento.Emprega-se esta expressão, 
geralmente, para definir o estado de 
coisas ou situações. Na maioria das 
vezes em que é utilizada, a expressão 
aparece como “manter o statu quo”, 
“defender o statu quo” ou, ao contrário, 
“mudar o statu quo”.
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• Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de uma 
sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades. 
• A educação pode, também, ser um instrumento de transformação e libertação de uma sociedade, 
colaborando com a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
• Há uma relação de reciprocidade entre educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a 
outra, mas educação não é uma solução mágica para todos os problemas sociais.
Saiba mais
A educação compõe o rol dos direitos humanos e é reconhecida e assegurada, tanto em 
âmbito nacional como internacional. Em 2000, Na Conferência Mundial de Educação, no 
Senegal, estabeleceu-se um novo acordo, aceito por grande parte dos países presentes, inclusive 
o Brasil. Este acordo determinou que, em 2015, todas as crianças deverão ter acesso à escola 
primária de qualidade, cobertura das necessidades de aprendizagem para jovens e adultos, 
melhoria dos níveis de alfabetização de adultos em 50% e conquista da equidade de gênero. 
Como vimos anteriormente, a educação é um produto 
histórico, presente na vida humana desde os primórdios da 
humanidade, que vem se transformando ao longo do tempo. 
Portanto, para entendermos a educação atual, é necessário 
conhecer a história da educação. De fato, esse conhecimento 
nos torna mais capazes de compreender os rumos da 
educação na atualidade. Mas, além disso, o conhecimento 
histórico procura pensar o passado em suas diferenças em 
relação ao presente e nos auxilia na formação da dúvida metódica em relação às situações educativas 
da atualidade, dúvida que é adequada ao desenvolvimento do espírito científico e da pesquisa. 
1.1 Por que estudar História da Educação?
Estudar a história da educação é a maneira ideal para contribuir com a melhora da educação atual, 
pois, por meio desse estudo podemos conhecer os percalços enfrentados com as reformas já realizadas, 
as armadilhas das ideias ilusórias e irrealizáveis e da resistência antidemocrática que as ideias inovadoras 
possam ter enfrentado.
É fundamental estudar a história da educação, atentando-se para alguns pontos fundamentais 
no que se refere ao papel desempenhado pela educação nas diferentes organizações da sociedade: 
a relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo 
educacional desenvolvido para os trabalhadores, e o modelo desenvolvido para as elites e o ideal 
de homem cidadão. O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e 
os mecanismos de exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais, 
para alavancar mudanças que possibilitem a superação das condições sociais. 
O passado como passado não é 
nosso objetivo. Se fosse completamente 
passado, não haveria mais que uma 
atitude razoável: deixar que os mortos 
enterrassem os mortos. Mas o 
conhecimento do passado é a chave 
para entender o presente (Dewey).
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O estudo da história da educação se revela extremamente importante à medida que possibilita aos 
estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica.
Segundo o exposto acima, podemos esquematicamente elencar alguns pontos fundamentais do 
estudo de História da Educação:
• Sem os estudos de história da educação não conseguimos entender os processos educacionais atuais.
• Sem os estudos de história da educação não é possível contribuir com a melhoria da educação atual.
• O estudo da história deve possibilitar a compreensão das relações de poder e os mecanismos de 
exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais.
• O estudo da história da educação possibilita aos estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza 
de ideias e a reflexão crítica.
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS 
2.1 A distinção entre cultura e civilização
Refletir sobre educação, sociedade e cultura entre os povos primitivos da Pré-História pode parecer 
estranho. Afinal, como se adquire estas informações? Como estes conhecimentos são recolhidos? Como 
chegaram até os dias de hoje? Podemos confiar neste tipo de informação?
Primeiramente, devemos esclarecer que a designação “povos primitivos” se refere muito mais às 
características socioculturais destes povos do que à sua localização no tempo. Portanto, “povos primitivos” 
existiram na Pré-História e existem ainda hoje. A diferença é que, na Pré-História, toda humanidade 
era formada por “povos primitivos”, enquanto que hoje estão quase extintos. Os “povos primitivos” da 
atualidade são, por exemplo, as tribos indígenas no Brasil e as diversas comunidades tribais na África e 
na Oceania, que são assim consideradas em função de sua organização social. 
Portanto, uma das melhores fontes para se entender de que forma se processava a educação nas 
comunidades primitivas da Pré-História é por meio do estudo destas comunidades existentes ainda 
hoje. Mas também são recolhidas informações pelos estudos feitos por paleontólogos, arqueólogos, 
antropólogos e historiadores que se baseiam na análise de documentos não escritos, como restos de 
armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos.
Mas uma coisa é certa: a educação existe desde o momento em que os seres humanos existiram. Por 
que podemos fazer esta afirmação tão categoricamente? Principalmente porque o homem é um ser que 
não nasce pronto, ou seja, ele precisa aprender a tornar-se homem e este aprendizado só pode ocorrer 
no contato social com outros homens. A ordem social e cultural na qual nascemos é que nos ensina a 
sermos “seres humanos”. O homem somente é capaz de construir a “condição humana” se estiver em 
contato com uma ordem humana, com uma cultura e com outros humanos, por meio de um processo 
de socialização ou endoculturação, ou seja, por meio da educação dentro do próprio grupo. 
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Neste sentido, não apenas a educação existe desde que existe o homem, como também a sociedade 
e a cultura. 
Assim como é impossível que o homem se desenvolva como homem no isolamento, 
igualmente é impossível que o homem isolado, produza um ambiente humano. (...) 
logo que observamos fenômenos especificamente humanos entramos no reino do 
social. (Berger; Luckmann, 2008)
Nesta colocação, o termo “cultura” deve ser entendido no sentido mais amplo, como nos ensina 
Taylor:
Tomado em seu amplo sentido etnográfico cultura é este complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou 
hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. 
Fica claro, portanto, que educação, sociedade e cultura existem desde o surgimento do homo sapiens, 
cujo aparecimento é datado nos livros e compêndios de antropologia e biologia em torno de 35.000 a.C. 
Mas vamos nos ater ao período denominado por Pré-História.
A Pré-História normalmente é identificada como sendo um período histórico anterior ao aparecimento 
da escrita, ou ainda, anterior ao aparecimento das civilizações. Ou seja, 4.000 a.C, pois foi neste período 
que os sumérios desenvolveram a escrita.
Desta forma, não podemos confundir “cultura” com “civilização”. 
Saiba mais
Distinguindo cultura de civilização
Podemos afirmar que cultura é algo pertencente a toda humanidade, está presente entre 
todos os grupos humanos, sejam eles considerados primitivos ou civilizados. A capacidade de 
fazer “cultura” é exclusiva dos seres humanos e é esta característica que nos diferencia dos demais 
animais. Aprendemos, com o antropólogo Edward Taylor, que cultura é este todo intrincado que 
comporta arte, religião, moral, valores, costumes, crenças, linguagem, ciência, instituições (Estado, 
escola, família) etc. É a cultura que nos fornece a rede de significados com a qual damos sentido 
ao mundo que nos cerca. Neste sentido percebemos que todo grupo humano, por ser humano, 
obrigatoriamente tem cultura. Mas, o que podemos entender por civilização? De uma maneira 
geral devemos entender civilização como sendo um determinado estágio de desenvolvimento 
cultural em que se encontra determinado povo ou sociedade. Este desenvolvimento é normalmente 
representado pelo grau alcançado pela tecnologia, economia, arte e ciência. É comum, por exemplo, 
referir-se a um povo como sendo “uma civilização” se o mesmo já alcançou o desenvolvimento da 
escrita. Assim, o desenvolvimento da escrita, a construção de cidades, o desenvolvimento de artefatos, 
o desenvolvimento da arte e da ciência etc. caracterizam o surgimento de uma civilização.
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2.2 A Educação informal 
Podemos dividir a Pré-História em dois períodos principais: Idade da Pedra Lascada (Paleolítico), 
momento em que os homens são nômades e caçadores e Idade da Pedra Polida (Neolítico), momento 
em que o homem já domina as técnicas agrícolas e é sedentário.
Estas duas formas de ganhar a vida, pela caça ou pela agricultura, vão modelar sistemas sociais 
diferentes, que por sua vez vão precisar de modelos diferentes de educação. Apesar das diferenças que 
logo vamos apontar, a educação nestes dois períodos é uma educação para a vida, para a sobrevivência. 
É uma educação informal, difusa, natural e espontânea. 
Uma educação natural, espontânea, 
inconsciente, adquirida na convivência de pais 
e filhos adultos e menores. Sob a influência 
ou direção dos maiores, o ser juvenil aprendia 
as técnicas elementares necessárias à vida: 
caça, pesca, pastoreio, agricultura e fainas 
domésticas. (Luzuriaga, 2001)
Este tipo de educação, presente na Pré-História, é um tipo 
que permeia todos os períodos da vida humana. A educação 
informal ou primária, ou seja, a socialização que acontece 
nos seio da família é sempre uma educação mais livre, difusa 
e feita por meio de imitação. Entretanto, na Pré-História esta 
é a única forma de educação.
Saiba mais
O que é educação informal?
A educação informal é o processo pelo qual o indivíduo aprende a ser membro de 
determinada sociedade, internalizando suas regras, costumes, hábitos, crenças, moral 
etc. Também pode ser designada de socialização ou endoculturação. Por meio da 
educação informal acontece o aprendizado dos sistemas de valores, dos modos de vida, das 
representações, dos papéis sociais e dos modelos de comportamento, enfim, da cultura de uma 
determinada sociedade. A educação informal nunca se completa no sentido de ter um final, 
pois estamos sempre aprendendo. A educação informal, portanto, acontece diariamente e 
sem planejamento específico. Não é um processo direcionado nem conduzido, de tal forma 
que todos os momentos da vida podem apresentar situações de aprendizagem. Desta forma, 
fica claro que a educação informal é bem diferente da educação formal, que, ao contrário, 
é planejada, envolve uma organização formal, é um processo direcionado e conduzido com 
a função de prover e monitorar a aprendizagem concentrando-se em conhecimentos e 
habilidades específicas com começo, meio e fim.
A educação informal existe 
em todos os tempos e lugares e é 
extremamente importante não apenas 
para a integração dos indivíduos em 
suas sociedades, mas, também, para 
a manutenção e preservação das 
mesmas. Acontece, preferencialmente, 
no seio da família, que é considerada 
a instituição mais importante neste 
tipo de aprendizagem, mas prossegue 
com os vizinhos, amigos ou em grupos 
de trabalho. Durante a Pré-História, 
a educação aconteceu por meio da 
educação informal. 
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A diferença entre educação informal e formal
Educação informal Educação formal
Processo contínuo, não institucionalizado nem 
direcionado, de aquisição das regras, costumes, 
hábitos, crenças, moral, conhecimentos e 
habilidades pertinentes a uma sociedade.
Educação planejada intencionalmente, 
estruturada, organizada e sistematizada. 
Ocorre em espaços organizados.
A transformação social, aos poucos, “pede” uma nova forma de educação e esta também se 
transforma. Como já afirmamos anteriormente, existe uma reciprocidade entre sociedade e educação. 
Assim, a educação de uma sociedade, em uma determinada época, busca suprir as necessidades e 
exigências vividas.
Durante o período Paleolítico, o homem era um caçador nômade que não conhecia a guerra e 
vivia livremente coletando frutos, folhas e raízes que a natureza lhe oferecia. Não havia necessidade 
de disciplina rígida para este tipo de aprendizado, portanto a educação acontecia basicamente em 
nível de socialização e/ou socialização primária, que é, essencialmente, uma educação informal, 
espontânea, sem contornos rígidos, cuja finalidade é preparar o indivíduo para a sobrevivência 
básica.
Entre os nômades, povo caçador e coletor por excelência, era muito provável que a educação 
dos filhos tivesse sido bem livre, sem rigidez e praticamente sem disciplina. Estes povos viviam em 
comunidades tribais de forma coletiva, ou seja, não conheciam a propriedade privada nem as riquezas 
particulares, portanto não conheciam a arte da guerra. Não conhecendo a guerra, também, não 
conheciam a necessidade da disciplina imposta pela mesma. Talvez, por isso, faltava-lhes disciplina em 
outros aspectosda vida, tal como na educação. O próprio gênero de vida (nômade, caçador e coletor), 
é por si só um gênero instável que não requer muita ordem ou disciplina, sugerindo que a formação 
e o estabelecimento de hábitos morais e intelectuais mais rígidos não tenham sido muito cultivados. 
No entanto, neste período da Pré-História, no Paleolítico, as pinturas rupestres são consideradas mais 
notáveis, principalmente as da caverna de Altamira, na Espanha. 
Saiba mais 
O que é pintura rupestre
Os dicionários Aurélio e Houaiss nos informam que o termo rupestre refere-se às inscrições 
gravadas na rocha. Logo, arte ou pintura rupestre significa arte gravada na rocha. É um tipo de 
pintura feita pelos homens da época pré-histórica. Os homens usavam as paredes das cavernas 
como telas e ali imprimiam sentimentos variados. Os desenhos podiam ser utilizados como forma 
de comunicação, já que não dominavam a escrita. Para colorir usavam aquilo que a natureza podia 
oferecer, tais como extrato de folhas, frutos, terra, sangue e carvão. Retratavam cenas da vida diária, 
tais como as caçadas, os rituais, os animais etc. Este tipo de arte podia, ainda, representar sonhos, 
ideias sobre a vida e a morte, o céu e a terra. 
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A arte rupestre parece ter sido a primeira forma encontrada pelo ser humano de deixar gravada 
sua presença pela terra. Existem vários sítios arqueológicos contendo Arte rupestre pelo mundo 
(na Europa, na África, na Ásia, na América e na Oceania). No Brasil, o Parque Nacional da Serra da 
Capivara, no município de São Raimundo Nonato, no Piauí, possui um dos maiores exemplos deste 
tipo de arte. 
Locais com pinturas rupestres no Brasil:
• Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (Piauí)
• Parque Nacional Sete Cidades (Piauí)
• Cariris Velhos (Paraíba)
• Lagoa Santa (Minas Gerais)
• Rondonópolis (Mato Grosso)
• Peruaçu (Minas Gerais)
No período Neolítico, o homem já dominava as técnicas de agricultura e domesticação de animais. 
Este domínio permitiu organizar a vida de forma fundamentalmente diferente da organizada até então. 
Isto nos sugere que a educação passou por profundas mudanças. Deixar de ser nômade, fixar residência, 
bem como o dominar as técnicas agrícolas e do manejo dos animais imprimiram outro ritmo e outras 
necessidades à vida social. Tornou-se imperioso o aprendizado em relação à construção de residências 
mais sólidas, uma vez que necessitavam ser fixas, além de todos os aprendizados necessários em relação 
à agricultura e ao pastoreio, tais como o conhecimento dos fenômenos meteorológicos, do cultivo e 
da germinação das plantas e do cuidado com os animais. Estes são conhecimentos que deverão ser 
rigorosamente transmitidos às novas gerações. 
Com este tipo de organização social, estes povos passaram a possuir propriedades privadas, tais 
como a roça, os animais, a casa etc., portanto é bem provável que já dominassem a arte do ataque e da 
defesa, ou seja, a arte da guerra. Para tanto, tiveram que desenvolver um aprendizado baseado em um 
tipo disciplina mais rígida que os preparassem para o uso de armas, como o arco e a lança. Prevaleceu, 
ainda, a socialização primária, ou seja, a educação espontânea, informal, centrada no seio familiar, mas 
direcionada para o manejo das práticas agrícolas, para o cuidado com os animais e para o uso de armas. 
Portanto, esta é uma educação mais rígida e disciplinadora. 
É possível que, neste período, tenha ocorrido a iniciação dos efebos (educação de jovens para a 
guerra, longe das famílias). Temos a seguinte descrição desta prática: 
Os meninos são tomados da família e da aldeia, reunidos em grupo e submetidos durante 
semanas, em lugares solitários, em montes e bosques, em cabanas ou em tendas construídas 
de propósito, a todo um sistema de exercícios e provas. O sentido mais profundo destas 
práticas é a disciplina da alma, cura anímica preparatória para o renascimento na iniciação; 
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esta serve para a expulsão dos maus demônios e para a aquisição do caráter masculino. Os 
exercícios são: danças, ascetismo, mortificações que provocam estados anímicos e êxtases 
passageiros. Mas também se praticam exercícios de toda classe com finalidade racional: 
caçadas, exercícios de armas, corporais, de desmonte e plantação. A direção de tudo isto 
pode ser confiada ao chefe, a um mago sacerdote, ou também a um ancião experimentado 
e distinto. (Krieck apud Luzuriaga, 2001)
Podemos perceber, portanto, que cada época possui um tipo de educação, cujo objetivo é atender às 
necessidades de cada período da história. A educação foi se modificando de acordo com a organização 
social, com as novas exigências da vida em sociedade e com as novas conjunturas históricas. Enquanto a 
natureza provê ao homem o seu próprio sustento ou enquanto não há distinção de classes, nem comércio 
e nem escrita, a educação permanece no nível da socialização primária, que é uma educação universal e 
integral. Adultos e crianças aprendem com a vida e para a vida. Este aprendizado é transmitido para as 
futuras gerações de forma difusa e informal, por meio da coparticipação e da imitação. 
De forma geral, podemos afirmar que, durante a longa Pré-História, todo processo educacional foi 
calcado na educação informal e na socialização primária. Mesmo com as diferenças surgidas no período 
Neolítico, a educação informal é fundamental, pois as diferenças só vão ser acentuadas no final deste 
período, provocando novas mudanças. O certo é que ainda não havia a figura do professor ou de alguém 
que pudesse exercer função parecida. A educação era exercida por todos os componentes do clã, seja 
este clã nômade ou agricultor. Normalmente a responsabilidade maior recaía sobre os anciões, que 
eram os mais experientes e sábios, no entanto, todos eram participantes. A educação era feita por meio 
da transmissão oral de tudo que era considerado importante para a preservação do grupo.
Podemos perceber que de certa forma já começa a ser delineada a forma como a educação vai se 
estabelecer entre os chamados povos civilizados, ou seja, de um lado a educação básica, a socialização 
primária no seio da família, e de outro a educação “profissional”, técnica e militar
Resumindo
A história não deve ser entendida como simples relato de fatos passados, mas, sim, como uma 
forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar quais fatos e acontecimentos passados 
podem contribuir para o entendimento de nossa realidade atual, seja ela política, econômica, jurídica 
ou educacional.
Existe uma relação de reciprocidade entre sociedade e educação, de tal forma que uma pode 
influenciar a outra. Portanto, cada época e cada sociedade possuem um tipo de educação, cujo 
objetivo é atender às necessidades de cada período da história, ou seja, a educação se modifica de 
acordo com as diferentes conjunturas históricas e sociais. 
Desta forma, durante toda a Pré-História, a educação permaneceu no nível da socialização 
primária. Sendo considerada uma educação informal, universal e integral, cujo aprendizado é 
transmitido para as futuras gerações de forma difusa, por meio da coparticipação e da imitação. 
Não havia a figura do professor ou de alguém que pudesse exercer função parecida. 
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EXERCÍCIOS
1) Analise as proposições abaixo que fazem referência ao significado e sentido de “história”. Em 
seguida assinale a alternativa correta.
I – O sentido e o significado de história só podem ser corretamente compreendidos a partir da leitura 
e da memorização de uma narrativa cronológica e linear dos acontecimentos mais marcantes de 
uma determinada época.
II – A história refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se organizam, 
se adaptam e transformam o ambiente (social e natural) em que vivem.
III - A partir da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formam, como se 
desenvolvem e como se transformam.
IV – A história não corresponde a um simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a 
uma forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e acontecimentos 
podem contribuir para a formação das nossas atuais condições de vida.
V – A história nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, proporcionando-nos 
o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, econômicas, jurídicas, educacionais 
etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na forma como foram sendo organizadas 
ao longo do tempo.
a) Todas as proposições estão parcialmente corretas.
b) Todas as proposições estão parcialmente incorretas.
c) Apenas as proposições I e V estão corretas.
d) Apenas a proposição I está incorreta.
e) Apenas a proposição IV está correta.
2) Analise o texto abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta.
“Não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado à visão 
de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade em 
determinado tempo, portanto, esta não é uma prática neutra”.
a) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que a educação não pode ser pensada como 
sendo uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de dominação. 
b) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que, se a educação estiver comprometida com 
as relações de poder e dominação, será possível colaborar para a preservação de uma sociedade 
injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
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c) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que há uma relação de reciprocidade entre 
educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a outra.
d) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que a educação pode influenciar a sociedade, 
no entanto, o contrário não é verdadeiro, pois não existe reciprocidade entre ambas.
e) As alternativas A, B e C estão corretas e se complementam para melhor explicar a questão 
proposta.
3) Analise o texto abaixo. 
“Histórias reais de ‘crianças selvagens’ que, de alguma forma, se perderam de suas famílias (em casos 
de guerras ou abandono proposital) e que não tiveram contato com uma ordem social e humana e, 
apesar disso, sobreviveram porque foram ‘adotadas’ e cresceram entre lobos, ursos ou macacos aparecem 
de tempos em tempos. As indianas Amala e Kamala possuem uma das histórias, envolvendo ‘crianças 
lobo’, mais bem documentadas. As duas meninas, completamente selvagens, foram resgatadas por uma 
expedição que massacrou os lobos com quem elas viviam, perto de um vilarejo no norte da Índia. O 
comportamento das duas crianças causou espanto, pois quando foram encontradas, as meninas não 
sabiam andar sobre os pés, mas se moviam rapidamente de quatro. Não falavam e seus rostos eram 
inexpressivos. Queriam apenas comer carne crua, tinham hábitos noturnos, repeliam o contato dos seres 
humanos e preferiam a companhia de cachorros e lobos. Amala morreu logo depois de resgatada. Kamala 
sobreviveu por nove anos. A evolução de Kamala, registrada pelo casal de missionários que cuidava dela 
em um orfanato, foi significativa, porém limitada. Ela conseguiu caminhar só com as pernas e mudou 
seus hábitos alimentares, aprendeu muitas palavras e sabia usá-las, embora nunca tenha chegado a 
falar com fluência. Apesar dos progressos de Kamala, a família do missionário anglicano que cuidou 
dela, bem como outras pessoas que a conheceram intimamente, nunca sentiu que a menina fosse 
verdadeiramente humana”. 
Supondo que a história seja verdadeira, formule uma explicação para as atitudes das meninas 
encontradas a partir do entendimento de educação informal. O que faltou a estas meninas para 
que desenvolvessem a sua humanidade?
4) Analise os textos a seguir e assinale a alternativa correta.
Texto 1: Definição de cultura
“Tomado em seu amplo sentido etnográfico, cultura é este complexo que inclui conhecimentos, 
crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade” (Edward B. Taylor).
Texto 2: Descrição de um grupo humano de aborígenes australianos
Os aborígenes são simples nos costumes e gostos. Caçam, pescam e cantam. Fazem os próprios 
instrumentos para a caça e para a pesca, além de instrumentos de sopro, parecidos com flautas. Não se 
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vestem com roupas, mas estão sempre com o corpo detalhadamente pintado. Para a caça se organizam 
em grupos exclusivamente masculinos, mas, para a pesca, a dança e o canto, as mulheres também 
participam. 
Texto 3: Descrição de um grupo humano de executivos paulistanos
Eles são muito exigentes e rigorosos com as metas profissionais a serem alcançadas. Estudam, 
trabalham, planejam e fazem reunião semanal. A maioria fala mais de dois idiomas. Vestem-se com 
elegância e sobriedade. Usam as tecnologias mais avançadas do setor ao qual se dedicam. Nos finais de 
tarde reúnem-se em bares elegantes para descontrair. Homens e mulheres participam igualmente de 
todas as atividades. 
Após a leitura atenta dos três textos acima, assinale a alternativa que faz a relação correta 
entre eles.
a) Podemos afirmar que os aborígenes australianos não têm cultura, mas que, ao longo do tempo, 
podem se transformar e aprender a cultura humana, principalmente por meio da educação 
formal.
b) Podemos afirmar que cada sociedade humana possui uma cultura que engloba um diferente 
padrão de comportamento, técnicas de sobrevivência e trabalho, valores, tradições e hábitos que 
são adquiridos por meio da educação informal e que estão de acordo com a visão de mundo e a 
história particular própria de cada um. Portanto não há sentido em falar que os aborígenes são 
povos incultos em contraste com os executivos que seriam povos cultos.
c) Podemos afirmar que o meio ambiente de cada grupo foi determinante para a formação das 
características culturais de cada um, mas, do ponto de vista da cultura, o grupo de aborígenes é 
superior e melhor, pois são povos puros que preservam a natureza.
d) Podemos afirmar que a herança genética foi determinante para a formação das características 
culturais de cada um, sendo que fica claro que o grupo de executivos recebeu uma herança 
genética superior à herança recebida pelos aborígenes.
e) Podemos afirmar que a educação informal é o único determinante das características culturais de 
cada um, sendo que, do ponto de vista desta educação, o grupo de executivos pode ser considerado 
muito mais culto do que o grupode aborígenes.
Resolução dos exercícios
1) Apenas a primeira alternativa está incorreta, pois não é simplesmente por meio da leitura e 
da memorização de uma narrativa cronológica e linear dos acontecimentos mais marcantes de uma 
determinada época que conseguimos entender o sentido e o significado do que é “história”. Alternativa 
correta: D
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2) Apenas a alternativa D está incorreta, pois aprendemos que a educação pode influenciar 
a sociedade tanto quanto a sociedade pode influenciar a educação, existindo, sim, uma relação de 
reciprocidade entre ambas. Alternativa correta: E
3) Se a educação informal é um processo contínuo de aquisição de regras, costumes, hábitos, 
crenças, moral, conhecimentos e habilidades pertinentes a uma sociedade, então é fácil perceber 
que o que estas crianças aprenderam por meio da “educação informal” não foi com seres humanos, 
mas, sim, com os animais que as “adotaram”, no caso, os lobos. Faltou a estas meninas a educação 
informal proveniente do contato com outros seres humanos (pais, amigos, irmãos etc.). Portanto, 
fica clara a importância da educação, pois é por meio dela que aprendemos inclusive a sermos 
“seres humanos”. É por esta razão que se afirma que os seres humanos não nascem prontos, mas 
precisam construir sua humanidade a partir do contato com outros seres humanos e da educação. 
No caso relatado, as meninas foram privadas deste contato e desta educação, o que comprometeu 
significativamente a construção de suas humanidades.
4) A única alternativa correta é a “B”, pois, pela definição de cultura do “texto 1”, não é possível 
afirmar que os aborígenes não têm cultura, como é afirmado na alternativa “A”, nem que a educação 
informal é a única determinante das características culturais de um povo, como é afirmado na 
alternativa “E”. Além disso, nenhum dos três textos nos permite fazer afirmações acerca da herança 
genética ou do meio ambiente em relação à determinação da cultura. 
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3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO 
ESCRIBA
3.1 Egito: berço de todas as civilizações
Refletir sobre a educação no Antigo Egito é necessário, uma vez que parece ser consenso entre os 
estudiosos o fato de o Egito ser o “berço” de todas as civilizações. Embora a civilização ocidental, da 
qual fazemos parte, seja herdeira do mundo Greco-Romano, tanto a Grécia quanto o Império Romano 
“beberam” das fecundas fontes do Egito. Vários livros de história nos trazem a informação de que Platão 
era um admirador da antiga sabedoria egípcia, reconhecendo no deus egípcio Thoth o inventor dos 
números, do cálculo, da geometria, da astronomia e das letras.
O que sabemos é que realmente o Egito foi fecundo na produção de conhecimentos. Quem já não 
ouviu falar dos processos de mumificação dos mortos e das monumentais pirâmides? Com certeza muito 
conhecimento teve que ser desenvolvido para que elas fossem erguidas e, mais, para que durassem 
tanto tempo, chegando até os dias de hoje.
Mas como é que os caçadores e coletores do Período Paleolítico e os agricultores do Período Neolítico 
se transformaram nos poderosos faraós do Egito? Os primeiros registros que temos acerca do Egito datam 
do ano 4.000 A.C., quando caçadores nômades fixaram-se no Vale do Nilo, nordeste da África. Aos 
poucos a tecnologia foi se desenvolvendo, o trabalho se especializando, a agricultura tornando-se mais 
eficaz e a sociedade mais complexa. O Egito, provavelmente a civilização mais antiga da humanidade, 
desenvolveu a agricultura de forma extraordinária, graças, principalmente, ao regime de cheias do rio 
Nilo. Este povo, especializando-se na agricultura, teve que desenvolver vastos conhecimentos para 
torná-la cada vez mais eficaz. Com isto, o Egito desenvolveu notadamente a geometria, a astronomia, a 
matemática e as ciências úteis e necessárias para a realização das atividades práticas diárias referentes 
ao desenvolvimento da agricultura, como atesta, por exemplo, a elaboração de um eficiente calendário 
solar para prever as cheias do rio Nilo. Os trabalhos de irrigação, os conhecimentos de geometria, 
particularmente úteis para a medição de terras destinadas ao plantio e à construção das pirâmides, 
mostram-nos o grau de desenvolvimento da engenharia praticada. 
Os egípcios desenvolveram conhecimentos na área médica, identificando algumas doenças, e existe 
a evidencia de que já praticavam alguns tipos de cirurgias. Possuíam, também, conhecimentos nas 
áreas de zoologia, botânica, mineralogia e geografia. Desenvolveram a escrita, mais conhecida como os 
hieróglifos, por volta de 3.500 A.C. 
Os antigos caçadores que se fixaram no vale do rio Nilo foram se transformando em exímios 
agricultores e desenvolveram extensos conhecimentos em torno das necessidades agrícolas. Passaram, 
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então, a dominar as técnicas de plantio e colheita de trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas 
e papiro, bem como desenvolveram as práticas para a criação de bois, asnos, gansos, patos, cabras e 
carneiros e, na mineração, se destacaram na extração de ouro, cobre e pedras preciosas. 
O desenvolvimento dos conhecimentos permitiu aos egípcios alcançarem uma alta produtividade 
agrícola e exercerem um eficiente controle populacional, disponibilizando recursos e mão de obra, 
o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da 
ourivesaria e as guerras de expansão. Como podemos perceber, esta sociedade se tornou extremamente 
poderosa e rica, portanto, a estrutura social e cultural deste povo, marcada pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas ligadas especialmente á agricultura, foi se tornando cada vez mais complexa. 
Desenvolveu-se, portanto, uma sociedade de classes, dividida em diferentes camadas sociais: as que 
tinham privilégios, tais como: sacerdotes, nobres, funcionários; e as que compunham o restante da 
população: artesãos, camponeses e escravos. O governo se concretizou como um governo centralizador 
e teocrático. O faraó exercia uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de 
origem divina.
Politeístas, os egípcios acreditavam na vida após a morte e 
a prática religiosa, composta por muitas cerimônias e rituais, 
tinha grande destaque, valor e influência na sociedade. 
Como o poder político era fundamentado no poder religioso 
podemos perceber que a religião era indissociável da 
vida política e cotidiana dos egípcios. O dia a dia era uma 
expressão da vontade divina e os faraós eram considerados 
e adorados como deuses encarnados. Ao faraó pertenciam 
todas as terras do país, portanto, todos deveriam lhe pagar 
tributos e lhe prestar serviços. Sendo ele um “deus encarnado” 
ninguém contestava. O faraó era ao mesmo tempo um “deus 
encarnado” e um chefe político de um Estado poderoso, 
portanto, tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos. 
Podemos pensar a sociedade egípcia como uma pirâmide cuja base é composta pelos camponeses 
livres, que eram a maioria da população, viviam nas aldeias e pagavam diversos tributos ao Estado e 
aos templos. Nesta base da sociedade ainda estavamos escravos, que se encontravam nesta condição 
por dívidas ou por dominação de outros povos por meio das conquistas militares. Quase todos eram de 
origem estrangeira e faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas. Acima 
destes havia uma camada intermediária formada pelos artesãos, trabalhadores que exerciam diferentes 
ofícios, tais como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Havia, 
ainda, os soldados que não atingiam os postos de comando, pois estes eram reservados à nobreza.
A classe dominante era formada pelo faraó e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos 
funcionários do Estado, dentre eles os escribas. O faraó, soberano teocrático e centralizador, 
concentrava em suas mãos o poder político e espiritual; era cultuado como um deus vivo, filho de 
deuses e intermediário entre estes e os homens; era a pessoa sagrada cuja autoridade absoluta não 
era e nem podia ser questionada. 
Governo teocrático ou teocracia 
é um sistema de governo em que 
o poder político está fundamentado 
no poder religioso. Para os egípcios, 
a ordem social representava um 
aspecto da ordem cósmica. Assim, a 
realeza existiria desde o começo do 
mundo, pois o “Criador foi o primeiro 
Rei, transmitindo esta função ao filho 
e sucessor, o primeiro Faraó. Essa 
delegação consagrou a realeza como 
instituição divina”.
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Portanto, podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, por sua 
vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de classes, a transmissão 
do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada para todos, ao contrário, era 
restrita a poucos. Com a diversificação da economia podemos perceber que começa a existir certa 
hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia pede um trabalhador mais especializado 
e qualificado e uma educação condizente com esse propósito. 
Manacorda nos mostra que provavelmente houve o desenvolvimento de três tipos de escolas: as 
escolas “intelectuais”, em que eram cultivados os estudos de matemática, de geometria e de astronomia; 
as escolas “práticas”, destinadas à qualificação de artesãos e 
treinamento de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas 
e sagradas, voltadas para a formação de sacerdotes. 
O autor enfatiza a existência da educação destinada 
às classes dominantes, especialmente no que se refere à 
educação para a vida política, ou seja, para o exercício do 
poder. Esta educação era baseada em literatura sapiencial e 
tinha como objetivo o ensinamento dos comportamentos e 
da moral referentes ao exercício do poder.
Portanto, estes conselhos de sabedoria prática contêm 
condutas e preceitos morais intimamente relacionados ao modo de vida da classe dominante:
Eles contêm preceitos morais e comportamentais rigorosamente harmonizados com 
as estruturas e conveniências sociais ou, mais diretamente, com o modo de viver 
próprio das castas dominantes. Estes sempre foram em forma de conselhos dirigidos 
do pai para o filho e do mestre escriba para o discípulo (neste caso o termo “filho” 
será usado de qualquer forma, para indicar o “discípulo” seja este filho carnal ou não), 
e insistem na ininterrupta continuidade da transmissão educativa de geração em 
geração. (Manacorda, 2004)
O exame da literatura sapiencial, em sua relação com a 
estrutura social e o momento em que a mesma foi produzida, 
pode nos fornecer um entendimento adequado acerca dos 
conteúdos e objetivos da educação, bem como da relação 
pedagógica entre mestre e discípulo. Manacorda conclui que 
a educação era mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e 
transmitida autoritariamente do pai para o filho. 
O conteúdo específico gira em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática. A característica principal destes ensinamentos é que estes estão voltados para a formação do 
homem político. Sendo assim, a “arte de falar” ou o “falar bem” é um dos objetivos máximos deste ensino. 
Portanto, os temas pedagógicos fundamentais no Antigo Egito são: “educação para falar” e “obediência”. 
Devemos entender que “educação para falar” refere-se ao exercício da oratória, fundamental na arte 
O que é literatura sapiencial? 
É um tipo de literatura proverbial 
de sabedoria que tem uma finalidade 
basicamente didática. A Bíblia, por 
exemplo, é um livro de literatura 
sapiencial. Segundo os historiadores 
este tipo de literatura foi introduzida 
em Israel pelo rei Salomão, mas antes 
disso, se tem registros dessa literatura 
em todo o Oriente e, especialemte, no 
Antigo Egito. 
O que é mnemônica? 
Segundo o dicionário Houaiss, é uma 
técnica para desenvolver a memória 
por meio de processos de combinação 
e associação de ideias. Relativo à 
memória; que ajuda a reter na memória. 
Memorizar.
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política do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que comandar pressupõe a arte da 
obediência e, para que isso funcione, é necessário haver disciplina, castigo e rigor.
Saiba mais
Podemos afirmar que o processo educativo no Antigo Egito tinha as seguintes características:
• Mnemônica.
• Baseada na escrita (hieróglifos).
• Transmitida autoritariamente.
• Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de 
aprendizagem.
• Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de 
sabedoria prática).
• Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos).
• Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão, 
mas a ideia de escola já bem consolidada.
• Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote).
• Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais” 
ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados à classe dominante (formação do homem político, 
de escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e 
formação de guerreiros).
Resumidamente, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito primava pelo desenvolvimento 
da fala, no sentido da arte da oratória, da obediência e da moral. Isso acontecia dentro de um rígido 
regime disciplinar em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados para quem não aprendia 
corretamente.
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba
O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos 
detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das 
castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos 
jovens, e à sociedade em geral, como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente 
uma forma de ascensão social. Assim, lemos em Manacorda:
“Quanto ao escriba, ele nunca sairá do bem-estar, e em qualquer lugar onde ele morar 
não haverá mais necessidade”. (Manacorda, 2004)
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A literatura disponível nos informa que a ideia de trabalho manual como sendoum trabalho menor, 
inferior e desgastante em contraposição com o trabalho intelectual, especialmente do escriba, parece 
ser bastante comum, como nos informa a passagem abaixo, recolhida do trabalho de Manacorda:
“Nunca vi um cortador de pedras enviado como mensageiro, nem um ourives. Mas 
vi o ferreiro em seu trabalho, à boca da fornalha, fedendo mais do que ovas de 
peixe”. 
Nessa passagem há, claramente, um repúdio às profissões artesanais, ao trabalho manual, enquanto 
que na passagem seguinte observamos um enaltecimento à profissão de escriba:
“Mostrar-te-ei sua verdadeira beleza: ela (a profissão de escriba) é a maior de todas 
as profissões e não existe outra semelhante a ela neste país. (...) Eis que não existe 
nenhuma profissão sem que alguém te dê ordens, exceto a de escriba, porque é ele 
que dá as ordens. Se souberes escrever, estarás melhor do que nos ofícios que te 
mostrei. (...) Sê escriba: este ofício salva da fadiga e te protege contra qualquer tipo 
de trabalho. Por ele evitas carregar a enxada e a marra e dirigir um carro. Ele te 
preserva do manejo do remo e da dor das torturas, pois te livra de números, patrões 
e superiores. (...) O homem sai do seio de sua mãe e corre para o seu patrão. Mas o 
escriba chefia todos os tipos de trabalho neste mundo. (...) Sê escriba para que teu 
corpo se conserve liso e tuas mãos logo não se cansem e, assim, tu não queimes como 
uma lâmpada”. (apud Manacorda, 2004)
Em uma sociedade como a egípcia, fortemente marcada pelas desigualdades sociais e com pouca 
mobilidade social, estes relatos podem nos indicar que dominar a escrita e o conhecimento eram formas 
de ascender socialmente. Já encontramos, portanto, na antiguidade egípcia elementos que nos mostram 
que o sábio, o intelectual ou aquele que detém o conhecimento é sempre diferenciado em relação 
aos demais. Percebemos, também, que deter conhecimentos é uma forma de exercer o poder sobre os 
outros.
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA
Inicialmente, devemos esclarecer que o termo Antiguidade Clássica refere-se a um período 
da história humana, que aconteceu especificamente na Europa, portanto, quando falamos em 
Antiguidade Clássica, estamos nos referindo aos acontecimentos que se desenrolaram na Europa, na 
Grécia e em Roma. Este período compreende o século VIII a.C. e se estende até, aproximadamente, o 
século V d.C. Esta periodização, que é feita muito mais no sentido didático, coloca como marco do 
início deste período o surgimento, na Grécia, da poesia de Homero e, como marco do final do período, 
a queda do Império Romano no ano 476 da era cristã. 
Como já indicamos anteriormente, o Egito foi o berço cultural de nossa civilização, que por sua vez 
é herdeira dos ideais greco-romanos no que se refere ao conhecimento, à ciência e à cultura. Dos povos 
da Antiguidade, foram os gregos e os romanos que tiveram maior influência na formação da civilização 
ocidental. Portanto, é fundamental entendermos estas civilizações.
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4.1 A Grécia
Nosso mundo atual tem muito em comum com o universo dos gregos antigos. Vários conceitos 
que usamos diariamente são herdados dos gregos, como, por exemplo, os conceitos de cidadania e 
democracia. Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos, criaram a filosofia e estabeleceram 
os fundamentos da ciência e do teatro. A Grécia ainda é considerada o berço da Pedagogia. Produziu 
filósofos conhecidos e populares até os dias de hoje, como Sócrates, Platão e Aristóteles, além dos 
sofistas que tiveram influência decisiva na profissionalização da educação.
Para entendermos o pensamento educacional na Grécia clássica, é fundamental que possamos 
vislumbrar os traços característicos de sua cultura e sociedade. Luzuriaga, buscando compreender 
estes traços, nos informa que a cultura grega pode, resumidamente, ser pensada a partir dos seguintes 
princípios:
• Descobrimento do valor humano independentemente de autoridade religiosa ou política.
• Reconhecimento da razão e da inteligencia crítica ausente de dogmas.
• Criação da ordem, da lei, do cosmos, tanto na natureza como na humanidade.
• Criação da vida cidadã, do Estado e da organização política.
• Criação da liberdade individual e política dentro da lei e do Estado.
• Invenção da poesia épica, da história, da literatura dramática, da filosofia e das ciências físicas.
• Reconhecimento do valor decisivo da educação na vida social e individual.
• Consideração da educação humana em sua integridade: física, intelectual, ética e estética.
• O princípio da competição e seleção dos melhores, na vida e na educação.
Do ponto de vista social, sabemos que em todo tempo e lugar a expansão das atividades comerciais 
e de conquista gera profundas desigualdades sociais. Na Grécia isto não foi diferente e as desigualdades 
se tornaram mais acentuadas com a consolidação da propriedade privada e com a introdução da 
escravidão. Desta forma, os processos educativos vão se estabelecendo em conformidade com as classes 
sociais, mas devido aos valores culturais desenvolvidos entre os gregos, já há uma tendência para a 
existência de uma educação mais democrática. 
Os valores culturais desenvolvidos pelos gregos permite formar uma visão de mundo muito 
diferente dos outros povos da antiguidade. Enquanto estes povos baseavam suas vidas debaixo da 
obdiência cega à religião, aos deuses ou às autoridades teocráticas, os gregos, ao contrário, colocavam 
a razão humana como um instrumento que pudesse servir ao próprio homem. Os gregos não se 
submetiam aos sacerdotes nem se humilhavam diante dos deuses, pois tinham o homem como o ser 
mais importante do universo. A religião era politeísta e Zeus ocupava o primeiro lugar na hierarquia, 
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conhecido como deus do trovão. Apolo era o deus do sol, Athenas era a deusa da guerra e das 
atividades domésticas e Hades era o deus do mundo do além. Mas nada neste “modelo” religioso 
apontava para um possível rebaixamento do homem. Os deuses eram expressões das forças e formas 
do próprio homem ou da natureza.
Para fins didáticos, podemos dividir a história da educação grega da seguinte maneira:
• Período Homérico (1.100-800 a.C.)
Corresponde à Educação Heroica, Cavalheiresca, fase retratada pelos poemas de Homero: Ilíada e 
Odisseia. 
• Período Arcaico (800-500 a.C.): 
Fase da formação das cidades-estado (polis). Introdução da escrita, da moeda e da lei. Corresponde 
à Educação Cívica (Atenas e Esparta).
• Período Clássico (500-400 a.C) 
Apogeu da civilização grega. Corresponde à Educação Clássica, humanista e é representada 
especialmente por Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Período Helenístico (336-146 a.C.) 
Fase da decadência da Grécia. Corresponde à Educação Helenística, enciclopédica.
Como podemos perceber, o período intitulado de Antiguidade Clássica grega é muito longo, portanto 
a educação, bem como a sociedade, assumiu formas diferentes no decorrer do tempo. Em Esparta, 
por exemplo, a educação assume um papel de preparação para a guerra, enquanto que em Atenas 
assume um papel mais intelectual. Vejamos mais detalhadamente como se processou a educação nestes 
diferentes períodos:
• O Período Homérico e a Educação Heroica ou Cavalheiresca 
A Educação Heroica ou Cavalheiresca do Período Homérico tem sua origem e base em dois poemas 
épicos atribuídos a Homero: Ilíada eOdisseia.
Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto o processo educativo se realizava 
a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a guerra de Troia) 
e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses à Grécia). Estes dois grandes poemas épicos serão redigidos 
sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, de forma marcante, toda a 
educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo eram obrigatórios na educação básica 
da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas influenciaram os autores clássicos do mundo 
todo e podem ser considerados como fundadores da literatura ocidental.
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Estes poemas dominaram o processo educativo na Grécia, divulgando ideais que perpassaram a 
cultura grega, atingindo o patrimônio romano. Mas o que estes poemas tinham de tão especial? Quais 
ideais foram espalhadas pela cultura grega e romana?
Na verdade, estes poemas tratam das venturas e desventuras de heróis que servem de modelos 
permanentes para a juventude. Seus heróis mais importantes, como Aquiles e Ulisses, atravessaram os 
séculos. Estes heróis são modelos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, apesar dos 
mais temidos obstáculos, coragem, perseverança e cumprimento do dever. Os feitos heroicos destes 
personagens são aprendidos de memória pelas crianças e detalhadamente anlisados pelos jovens. 
Como esta é uma sociedade dos tempos heroicos e 
guerreiros, o ideal da educação desta época se estabelece em 
estreita relação com os ideais e as aspirações da sociedade. 
Portanto, neste período, a educação, chamada de Heroica 
ou Cavalheiresca, é fortemente alicerçada nos conceitos de 
honra e valor, no espírito de luta e sacrifício, bem como nas 
capacidades e nos feitos individuais. Percebe-se, porém, mais 
claramente, o ideal educativo grego “Arete”.
Homero enaltece qualidades capazes de dotar o homem de superioridade. A Ilíada é recheada de 
episódios cujo conteúdo prima pela capacidade que tem o herói de se sobressair, de estar entre os 
primeiros. Portanto, uma característica fundamental da educação é o espírito de superioridade. “Ser o 
melhor” , “superar os outros”, é um ideal que norteia todo o precesso educativo grego deste período. Na 
Ilíada é possivel perceber a importância atribuída às duas outras capacidades: a capacidade de pronunciar 
discursos, ou seja, de possuir uma boa retórica, e a capacidade de ser valente, suficientemente, para 
realizar intervenções e ações militares. Isto é, a capacidade para “falar” e para “agir”, ou seja, a capacidade 
de intervir na política e de fazer a guerra. 
Podemos perceber que durante este período a educação visava ao preparo para a Guerra e para 
a capacidade de falar com facilidade. Este “treinamento” obviamente não era destinado a todos. A 
educação formal e institucionalizada ainda não existia. Não sendo pública nem gratuita a educação 
tinha um caráter elitista. Era ministrada nos palácios ou castelos dos nobres, onde se recebia uma 
formação integral que incluía atividades físicas, manejo de armas, arco e flecha, exercícios militares, a 
arte da caça, da música, da dança e do canto, história e poesia.
Em Luzuriaga encontramos a seguinte referência de Dilthey em relação à educação do jovem no 
período homérico:
Largos espaços para exercícios físicos, o que devia cultivar não só a força, mas a 
beleza; os jogos festivos nos quais elas se demonstravam; o ensino de poesia e canto, 
acompanhado de instrumentos musicais; os relatos e as memórias de Homero; as leis, 
a sabedoria vital depositada em poesias morais; bem como os elementos com os quais 
se cultivava o jovem grego para estar preparado para a guerra e para a eloquência das 
assembleias. (Luzuriaga, 2001)
Arete: o conceito que originalmente 
exprime o ideal educativo grego é o 
de arete. Originalmente formulado e 
explicitado nos poemas homéricos, a arete 
é entendida como um atributo próprio 
da nobreza, um conjunto de qualidades 
físicas, espirituais e morais, tais como a 
bravura, a coragem, a força, a destreza, 
a eloquência, a capacidade de persuasão, 
ou, em uma palavra, a heroicidade.
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A educação tinha, sobretudo, a função e o objetivo de fazer com que o jovem assimilasse os valores 
da sociedade, ou seja, o espírito de superioridade, a habilidade de falar e de se expressar e a valentia 
para agir. 
• O Período Arcaico e a Educação Cívica
No final do período homérico, por volta de 800 a.C., ocorreram grandes mudanças na vida política, 
social, cultural e econômica dos gregos. Dentre estas mudanças podemos citar: o desenvolvimento das 
chamadas cidades-estado, as polis; o desenvolvimento da racionalidade e da reflexão em detrimento 
do mito; a utilização da escrita; o uso da moeda; a elaboração de leis escritas por legisladores; e o 
aparecimento dos primeiros filósofos.
Neste período ocorre o que muitos autores denominam de Educação Cívica, ou seja, uma educação 
para a cidadania, capaz de formar bons cidadãos comprometidos com os interesses de suas sociedades. 
As cidades-estado mais conhecidas foram Esparta e Atenas e normalmente são muito citadas para 
exemplificar modelos educacionais que são antagônicos entre si, mas que estão de acordo com o ideal 
de homem e de sociedade pensados por elas. Neste momento, ocorre um alargamento do ideal educativo 
arete, que passa a ser denominado kaloskagathia.
O ideal educativo, denominado kaloskagathia, buscou atingir mais do que a honra 
e a glória contidos no arete, pois pretendia-se, além disto, alcançar a excelência física 
e moral. Os atributos que o homem devia procurar realizar eram: a beleza (kalos) e a 
bondade (kagatos). Para alcançar este ideal, foi proposto um programa educativo que 
implicou dois elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento do corpo, e 
a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. Ao final da época 
arcaica, este programa educativo completava-se com a gramática e, posteriormente, 
trensformou-se na paideia.
O modelo de educação em Esparta
A sociedade espartana é muito comumente identificada como sendo composta por um povo 
guerreiro, de modos rudes e de pouca cultura. A verdade é que, em virtude das conquistas políticas, 
os espartanos tinham que manter os povos conquistados com punhos de aço e, para tal, todos os 
cidadãos foram convertidos em soldados. Desta forma, Esparta vive um clima de constante estado 
de guerra, o que impõe a necessidade de um Estado forte que controle e discipline totalmente os 
indivíduos. A forma de governo que se estabelece é próxima ao que conhecemos como sendo um 
governo totalitário. 
Neste tipo de sociedade era necessário que a educação fosse calcada na severidade e na disciplina. 
Neste sentido, a educação espartana era essencialmente militar, embora os esportes e a música 
também fossem incentivados. Nos esportes, por exemplo, Esparta alcançou grandes feitos e vitórias, 
especialmente aqueles relacionados às necessidades militares, enquanto que as atividades artísticas 
ficaram visivelmente comprometidas.
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