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Penal I - Plano de aula 01

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Estácio de Sá
Curso de Direito
Penal I – Semana 1
A CIÊNCIA PENAL
Sumário: 1.Ciências sociais aplicadas ao direito penal; 1.1.O direito penal sob a ótico do senso comum; 2.Direito penal; 2.1.Missões ou funções no estado democrático de direito; 2.2.Características; 3.Fontes; 3.1.Fontes materiais; 3.2.Fonte formal; 3.2.1.Fonte formal imediata; 3.2.1.1.Normas penais incriminadoras; 3.2.1.2.Normas penais não incriminadoras; 3.2.1.2.1.Permissivas justificantes; 3.2.1.2.2.Explicativas; 3.2.1.2.3.Complementares; 3.2.2.Fonte formal mediata; 3.2.2.1.Analogia; 3.2.2.2.Costumes; 3.2.2.3.Princípios gerais do direito; 4.Demais ciências penais; 5.O controle social penal e o estado democrático de direito.
Ciências sociais aplicadas ao direito penal
O direito penal é um instrumento do ordenamento jurídico destinado à proteção de bens jurídicos de suma importância. Tanto para compreender estes bens jurídicos quanto para definir exatamente estes devem ser protegidos, é necessário aliar o direito penal a outras disciplinas sociais que melhor podem comportamentos e ambientes.
Dentre estas ciências sociais podemos elencar a antropologia jurídica, psicologia jurídica, sociologia jurídica, entre outras ciências sociais que executam um estudo detalhado sobre os grupos sociais, pessoas que os integram e como essas pessoas e grupos compõem a sociedade na qual o direito penal é aplicado, propiciando ao operador do direito um melhor entendimento para o estudo e aplicação da norma penal.
O direito penal sob a ótica do senso comum
Para que serve o direito penal? – Para prender pessoas.
Ao observarmos o direito penal pela ótica do senso comum, este é visto como um instrumento do sistema judiciário brasileiro destinado a prender pessoas, servindo como uma vingança coletiva promovida pelo Estado, entretanto o que é direito penal e para o que ele serve, está muito longe disso.
Direito penal
O Direito Penal é um amo do ordenamento jurídico brasileiro que tem por função selecionar os comportamentos humanos mais graves e perigosos à coletividade e descrevê-los, infrações penais e crimes, cominando-lhes sanções correspondentes, penas e medidas de segurança, bem como valores e princípios que orientam a interpretação e aplicação das normas penais, visando tornar possível a convivência humana em sociedade.
Missões ou funções no estado democrático de direito
O direito penal é um ramo do direito destinado a tutelar alguns bens jurídicos pertinentes à sociedade, esses bens jurídicos são denominados bens jurídicos penais e são protegidos pelo direito penal, são aqueles de maior importância e que por não interessarem exclusivamente ao indivíduo, mas à coletividade como um todo, necessitam de uma atenção maior.
Para entendermos melhor o que são os bens jurídicos penais, devemos analisar o que é bem jurídico. A sociedade estipula para si aquilo que lhe é importante, chamando isso de bem comum, estes bens comuns quando começam a ser ameaçados pelo desrespeito aos limites alheios são tutelados pelo ordenamento jurídico, tornando-se assim bens jurídicos. Alguns bens jurídicos em específico, que possuem uma importância imensurável à sociedade e que devem ser protegidos por normas mais rígidas tornam-se bens jurídicos penais, tutelados especificamente pelo direito penal.
O direito penal tem como característica principal a rigidez e a aplicação de sanções de caráter restritivo de liberdade em sua grande maioria, como a reclusão e detenção, que não são encontradas em outros ramos do direito, bem como sanções pecuniárias e restritivas de direitos. Por seu caráter mais severo, o direito penal deve ser encarado como a ultima ratio, ou seja, último recurso a ser utilizado, para a proteção dos bens jurídicos mais importantes, o que muitas vezes não é respeitado na sociedade, sendo aplicado por muitos como a primeira alternativa a ser utilizada.
Características
O Direito Penal é um direito positivo definido por ser um conjunto de normas criadas e reconhecida por uma sociedade politicamente organizada, cujo reconhecimento da eficácia destas normas é determinado por um ato valorativo da vontade soberana e cuja obrigação não depende do consentimento individual dos destinatários, mas da vontade estatal soberana que impõe seu cumprimento mediante coerção, definição esta que explica a denominação de Direito Penal Objetivo.
Já o Direito Penal Subjetivo que emerge do direito penal objetivo, pode ser definido como o direito a castigar, ius puniendi, cuja titularidade é exclusiva do Estado através de seu poder, ius imperium, para que melhor compreendamos isso é necessário que se observem características específicas presentes no direito penal, como em sua Finalidade Preventiva a qual estipula que antes de punir o infrator na ordem jurídico-penal tem-se por intenção evitar a prática do crime.
A aplicação como Ciência Normativa a qual tem como objetivo o estudo do direito positivo e a sistematização dos critérios de valoração jurídica, bem como o Caráter Valorativo cuja atuação não é pautada por regras aritméticas, mas por uma escala de valores consolidados pelo ordenamento jurídico, critérios e princípios jurídicos, bem como o Caráter Finalista que visa proteger os bens jurídicos fundamentais e o Caráter Sancionador o qual tutela os bens jurídicos regulados por outras áreas do direito tutelando bens jurídicos que não são protegidos por elas.
Fontes
Podemos compreender como fonte o local de origem, de onde surge alguma coisa, assim sendo por fonte do direito entende-se como sendo todas as formas ou modalidades por meio das quais são criadas, modificadas ou aperfeiçoadas as normas de um ordenamento jurídico.
Temos então que classificar essas fontes para melhor compreendê-las, assim sendo, estas podem ser melhor classificadas entre fontes materiais ou fontes de produção e fontes formais ou fontes de conhecimento e cognição.
Fonte material
O Estado é a única fonte material do Direito Penal, utilizando a lei como instrumento para materializar sua vontade, conforme o art. 22, I CF/88, cabe unicamente à União através da Câmara de Deputados e do Senado, legislar sobre a matéria penal, sendo essa a mais autêntica fonte material do direito penal.
Fonte formal
Além das fontes materiais, temos de levar em consideração as fontes formais, as quais são subdivididas em fontes imediatas e fontes mediatas.
Fonte formal imediata
As fontes imediatas são as leis penais, geradas pelas fontes materiais, estas podem ser classificadas em:
Normas penais incriminadoras
São aquelas estabelecidas no código penal ou leis penais especiais, que descrevem como crime a conduta ilícita estipulando também sua sanção, essas normas possuem dois preceitos: o primário que propriamente descreve o crime e o secundário que estipula a sanção cominando a previsão da pena.
Normas penais não incriminadoras:
São aquelas que ao invés de estipular uma conduta como crime, dão maior entendimento à norma jurídica, expondo justificativas, explicações ou complementos.
Permissivas justificantes
Excludentes de ilicitude/antijuridicidade, a exemplo do art. 23 CP – Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, em legítima defesa ou em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo);
E exculpantes de culpabilidade, a exemplo do art. 26, caput, CP – É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento;
Explicativas
O legislador apenas explica, a exemplo do art. 327, CP – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Complementares
Uma norma complementa a outra, a exemplo do art. 68 CP – A pena-base será fixada atendendo-se aocritério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. – que complementa o art. 59 CP.
Fonte formal mediata
Antes de falarmos sobre as fontes mediatas, deve-se saber e jamais esquecer que as fontes mediatas não criam e não revogam leis, para isso existe um processo legislativos, de forma que as fontes formais mediatas servem para integrar a norma auxiliando na interpretação.
Analogia
É a análise por semelhança, ou seja, a aplicação a alguma hipótese não prevista em lei, lei relativa ao caso semelhante. Deve-se observar que não existe analogia de norma penal incriminadora, in malem partem, utilizando-se a analogia unicamente para beneficiar o acusado, in bonam partem. 
Costumes
É o conjunto de normas de comportamento que as pessoas obedecem de forma constante e uniforme, através de hábitos fortalecidos pela convicção, nos quais não há obrigatoriedade. O costume apesar de integrar o ordenamento jurídico brasileiro como fonte, não é aplicado ao direito penal, sendo vedado seu uso.
Princípios gerais do direito
São enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. Assim como ocorre com os costumes, os princípios gerais do direito integram o ordenamento jurídico brasileiro, mas não são utilizados como fonte pelo direito penal, pois este possuir princípios específicos.
Demais ciências penais
Além do Direito Penal, existem outras ciências jurídicas que abrangem o mesmo arcabouço auxiliando no desenvolvimento do ordenamento jurídico penal, dentre elas podemos citar a Criminologia que abrange um conjunto de conhecimentos que estudam os fenômenos e as causas da criminalidade, a personalidade do delinquente e a sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo, a Política Criminal que desenvolve princípios, produtos de investigação científica e da experiência, sobre os quais o Estado deve basear-se para prevenir e reprimir a criminalidade.
Complementando temos ainda a Penalogia, parte da ciência criminal que estuda especialmente a sanção penal como meio de defesa, preservação ou reação do grupo social, bem como sua implicação na reabilitação do apenado e a Vitimologia que estuda o sujeito passivo da infração penal e sua contribuição para a existência do crime.
O controle social-penal e o estado democrático de direito
O Direito Penal pode ser concebido sob diferentes perspectivas, dependendo do sistema político por meio do qual um Estado sobreano organiza as relações entre os indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade, e da forma a como exerce o seu poder sobre eles. Sob a luz da nossa Constituição Federal de 1988 o Direito Penal deverá ser concebido e estruturado a partir de uma concepção democrática do Estado de Direito, respeitando os princípios e garantias constantes na Constituição.
Isso submete o ius puniendi ao império da lei escrita, colocando o Direito Penal a serviço dos interesses da sociedade para alcançar uma justiça equitativa, visando uma proteção subsidiária dos bens jurídicos fundamentais. Entende-se como bem jurídico um interesse humano concreto significativo, vitais à sociedade ou ao indivíduo o qual deve ser protegido pelo ordenamento.
Deve-se ressaltar que nem todo ato ilícito é crime, entretanto, todos os crimes são atos ilícitos. Ato ilícito é uma ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência que contraria a lei e da qual viola o direito e causa dano a outrem. Consideramos crimes, aqueles atos ilícitos de maior periculosidade, tipificado, em que a lei determina pena de reclusão ou de detenção, cumulativamente com multa ou não.
O Direito Penal atua como uma das formas de Controle da Sociedade, classificado como formal por ser respaldado pelo Estado o que lhe permite aplicação de sanções, outros meios de controle da sociedade são os meios informais, representados pela família, educação, igreja, trabalho entre outros que diferente do direito penal ao invés de meramente imporem limites, moldam o caráter e a conduta do indivíduo paulatinamente.
Questão discursiva 1 – Leia o texto abaixo e responda às questões formuladas com base nas leituras indicadas no plano de aula e pelo seu professor.
Ricardo, atrasado para pegar seus filhos no colégio, ao pegar seu carro não coloca o cinto de segurança. No trajeto, ainda que dirigindo numa velocidade compatível como local, um policial percebe a ausência do cinto e lhe aplica uma multa. Assim, considerando que Ricardo praticou um ilícito, violando o art. 167 do CTB (lei 9.503/97) é possível afirmar que ele praticou um crime, uma vez que será sancionado? Assim, é possível afirmar que todo ilícito configura crime? Responda de forma justificada com base nos estudos realizados sobre as missões do Direito Penal no Estado Democrático de Direito.
(RESPOSTA) Ricardo cometeu um ilicito, uma infração administrativa, entretanto de acordo com o CTB, esta não configura crime, pode-se afirmar ainda que nem todo ato ilícito é um crime, pois alguns ramos do direito enumeram condutas ilícias sem aplicação de pena corpórea.
Questão objetiva 1 – Não obstante a falha do sistema penal, o mesmo continua a ser considerado um “mal necessário” à sociedade moderna na medida em que visa, diante da complexidade das situações fáticas delituosas que lhe são apresentadas, exercer um controle social formal e institucional que atenda à toda a coletividade. Neste contexto, diante do Estado Democrático de Direito, baseado na dignidade da pessoa humana, assinale a alternativa correta acerca das missões e características do Direito Penal: 
a) o Direito Penal visa tutelar todos os bens jurídicos, relevantes ou não, dando uma satisfação e uma sensação de segurança à sociedade;
(INCORRETA) O Direito Penal visa proteger os bens jurídicos mais importantes e relevanes à sociedade. (Principio da Fragmentação)
b) o Direito Penal possui como missão a efetivação dos direitos e garantias fundamentais, sendo, portanto, utilizado como primeira forma de controle social com vistas à máxima repressão das condutas delitivas.
(INCORRETO) O Direito Penal é utilizado como a ultima ratio, ou seja, é a última opção a ser utilizada, somente após todos os outros ramos do direito serem explorados (Princípio da Subisidiariedade)
c) o Direito Penal tem como fim limitar o poder punitivo do Estado e garantir que o cidadão não sofra arbitrariedades por parte do Estado, o qual sempre deverá agir segundo a lei.
(CORRETA)
d) o Direito Penal possui como missão castigar as condutas lesivas e perigosas, excluindo o infrator do convívio social para que a sociedade de bem possa evoluir num ambiente saudável.
(INCORRETA) O Direito Penal tem como objetivo a ressocialização do infrator através das sanções e não meramente puní-lo
Questão objetiva 2 – Segundo a aula ministrada sobre as fontes do Direito Penal, assinale a alternativa incorreta:
a) Na ausência de lei penal, o juiz pode usar os costumes para sancionar uma conduta considerada lesiva.
(INCORRETA) o Direito Penal é a única vertente do direito que não admite utilizar costumes como fonte, o mesmo serve para a analogia, outra fonte informal do direito, esta última exceto se para beneficiar o acusado.
b) Os Estados membros e municípios não podem legislar matéria criminal 
(CORRETA)
c) As medidas provisórias, atos normativos exclusivos do Presidente da República, embora com força de lei, não são lei, por isso não podem tratar matéria criminal.
(CORRETA)
d) O legislador penal, em atenção ao princípio da intervenção mínima, deverá evitar a criminalização de condutas que possam ser contidas satisfatoriamente por outros meios de controle, formais ou informais, menos onerososao indivíduo.
(CORRETA)

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