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Assuntos da rodada DIREITO ADMINISTRATIVO Observação: Conteúdo programático conforme ordem apresentada no Edital. A ordem do conteúdo nas rodadas pode se alterar para melhor compreensão da matéria. Bons estudos! Direito Administrativo: 1. Administração pública: princípios básicos. 2. Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder. 3. Serviços Públicos: conceito e princípios; delegação: concessão, permissão e autorização. 4. Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e vinculação. 5. Organização administrativa: administração direta e indireta; centralizada e descentralizada; autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Órgãos públicos: conceito, natureza e classificação. 6. Servidores públicos: cargo, emprego e função públicos. Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais - Lei nº 8.112/1990. Rodada #1 Direito Administrativo Professor Fabiano Pereira DIREITO ADMINISTRATIVO 2 7. Processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal - Lei nº 9.784/1999. 8. Controle da Administração pública: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo. 9. Responsabilidade civil do Estado: evolução doutrinária; direito positivo brasileiro; causas excludentes e atenuantes; reparação do dano. 10. Improbidade Administrativa - Lei nº 8.429/1992. 11. Licitações - Lei nº 8.666/1993 e alterações posteriores: conceito, objeto, finalidades e princípios, obrigatoriedade, dispensa, inexigibilidade, vedação, modalidades, procedimentos e fases, revogação, invalidação, desistência e controle. 12. Lei do Pregão, Pregão Eletrônico e Sistema de Registro de Preços - Lei nº 10.520/2002, Decretos nº 5.450/2005 e Decreto nº 7.892/2013. 13. Contratos administrativos: características; formalização, alteração, execução, inexecução, fiscalização e rescisão dos contratos administrativos; sanções administrativas. DIREITO ADMINISTRATIVO 3 Recados importantes! NÃO AUTORIZAMOS a venda de nosso material em qualquer outro site. Não apoiamos, nem temos contrato, com qualquer prática ou site de rateio. A reprodução indevida, não autorizada, deste material ou de qualquer parte dele sujeitará o infrator à multa de até 3 mil vezes o valor do curso e à responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98. Tente cumprir as metas na ordem que determinamos. É fundamental para o perfeito aproveitamento do treinamento. Você pode fazer mais questões desta disciplina no nosso teste semanal ONLINE. Qualquer problema com a meta, envie uma mensagem para o WhatsApp oficial da Turma Elite (35) 99106 5456. DIREITO ADMINISTRATIVO 4 a. Teoria 1. Os princípios são os preceitos básicos, os fundamentos, os pilares sobre os quais se sustentam o ordenamento jurídico. Correspondem a mandamentos com maior grau de abstração, já que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pela Administração Pública e pelos administrados. No momento de criação da lei, o legislador deve observar os princípios informadores do Direito, sob pena de criar lei desconexa com o sentimento de justiça e os valores que norteiam a sociedade. Os princípios básicos da Administração Pública visam estabelecer um equilíbrio entre os direitos individuais dos cidadãos e as prerrogativas e poderes da Administração Pública. 1.1. Princípios expressos e implícitos – Os princípios da Administração Pública que estão elencados no art. 37, caput, da Constituição são chamados de “expressos” (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência) e os demais se denominam “implícitos” ou “reconhecidos”. 1.1.1. Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todos os Entes Políticos (União, Estados, Municípios, e o Distrito Federal), bem como para as entidades administrativas (autarquias, fundações públicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado). 1.1.2. Princípios implícitos ou “reconhecidos” são aqueles que não estão previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral. Decorrem do reconhecimento oriundo de estudos doutrinários e jurisprudenciais, a exemplo do princípio da razoabilidade. São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto constitucional ou legal, mas que também determinam, norteiam, orientam as condutas e os atos praticados pela Administração Pública. 1.2. Ponderação de princípios - não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado ser uma espécie de DIREITO ADMINISTRATIVO 5 paradigma fundamental do Direito Administrativo. Os princípios devem ser interpretados no caso concreto, atribuindo-se lhes maior ou menor peso, conforme necessário ao equilíbrio entre as garantias fundamentais e a supremacia dos interesses públicos. 1.3 Funções dos princípios – A Doutrina aponta pelo menos duas funções dos princípios em nosso ordenamento jurídico: 1.3.1 Função fundamentadora - Que pode ser traduzida como a sustentação fundamental do ordenamento jurídico. Representarem os pilares, os valores supremos da sociedade sob os quais devem se erguer todas as outras normas. 1.3.2 Função interpretativa – Os princípios orientam o operador do Direito na interpretação das normas. Também suplementam a ordem jurídica quando há lacunas das normas positivadas. 2. Princípios constitucionais expressos 2.1. Princípio da legalidade - o princípio da legalidade pode ser interpretado sob dois enfoques distintos: em relação aos particulares e em relação à Administração Pública. 2.1.1. Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei". Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder Legislativo) pode impor obrigações aos particulares. Segundo o autor Hely Lopes Meirelles: “enquanto os indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 2.1.2. Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo 37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. Conforme o autor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da legalidade: DIREITO ADMINISTRATIVO 6 “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. 2.1.3. Celso Antônio Bandeira de Mello afirma, ainda, que o princípio da legalidade (entendido em seu sentido formal – edição de leis em sentido estrito) pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado dedefesa e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República. 2.2. Princípio da impessoalidade - o princípio da impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos complementares, a saber: 1º) dever de tratamento isonômico a todos os administrados; 2º) imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às pessoas jurídicas em que atuam, vedada promoção pessoal; 3º) dever de sempre agir com o intuito de satisfazer o interesse público. 2.2.1. Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos os administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio também veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo. 2.2.2. Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade afirma que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados para a promoção pessoal de agente público, mandamento expresso na segunda parte, do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988, assim redigido: “§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação DIREITO ADMINISTRATIVO 7 social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.” 2.2.3. Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo maior da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público. A finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público. Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade específica de todo ato praticado pela Administração, sempre prevista em lei. 2.3. Princípio da moralidade - o princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37, caput, da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades da Administração devem obedecer não só à lei, mas também à própria moral, pois nem tudo que é legal é honesto. Como consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos devem agir com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais preceitos éticos. 2.3.1. É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral comum, pois, conforme o autor francês HAURIOU (pronuncia-se Urriú), a moral comum é imposta ao homem para a sua conduta externa, enquanto a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação, que é a satisfação do interesse público. 2.3.2. Vedação ao nepotismo (Súmula vinculante nº 13 do STF) - com o intuito de impedir a prática do nepotismo no âmbito da Administração Pública Brasileira, o Supremo Tribunal Federal, em 29/08/2008, publicou a Súmula Vinculante nº 13, que assim dispõe: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou DIREITO ADMINISTRATIVO 8 assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” Analisando-se o texto da citada súmula vinculante, constata-se que estão impedidos de exercer cargos ou funções de confiança na Administração Pública os seguintes parentes de autoridades administrativas com poder de nomeação, além do cônjuge e companheiro: Parentes em linha reta GRAU DE PARENTESCO Consanguinidade Afinidade 1º Pais e filhos Sogro e sogra; genro e nora; madrasta e padrasto; enteado e enteada. 2º Avós e netos Avós e netos do cônjuge ou companheiro 3º Bisavós e bisnetos Bisavós e bisnetos do cônjuge ou companheiro. Parentes em linha colateral DIREITO ADMINISTRATIVO 9 GRAU DE PARENTESCO Consanguinidade Afinidade 1º Não há Não há 2º Irmãos Cunhado e cunhada 3º Tios e sobrinhos Tios e sobrinhos do cônjuge ou companheiro. 2.3.2.1. Exceção ao nepotismo: cargos políticos - ao proferir o seu voto no julgamento do recurso extraordinário nº 579.951-4/RN, o Ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal, afirmou que devem ser excluídos da abrangência da súmula vinculante nº 13 os denominados cargos políticos, a exemplo dos Ministros, Secretários Estaduais e Secretários municipais. Sendo assim, não há qualquer ilegitimidade se o Prefeito nomear a sua irmã como Secretária Municipal de Saúde, desde que atenda aos requisitos exigidos pelo cargo. No mesmo sentido, é lícita a nomeação do pai do Governador para o cargo político de Secretário Estadual de Obras. 2.4. Princípio da publicidade - impõe que a Administração Pública conceda aos seus atos a mais ampla divulgação possível entre os administrados, pois só assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade das condutas praticadas pelos agentes públicos. Ademais, a publicidade de atos, programas, obras e serviços dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social. 2.4.1. Nem toda informação de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral serão disponibilizadas aos interessados, pois foram ressalvadas aquelas que coloquem em risco a segurança da sociedade e do Estado. 2.4.2. É importante destacar também que a divulgação oficial dos atos praticados pela Administração ocorre, em regra, mediante publicação no Diário Oficial, isso em relação à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Em relação DIREITO ADMINISTRATIVO 10 aos Municípios, pode ser que algum não possua órgão oficial de publicação de seus atos (Diário Oficial). Nesse caso, a divulgação poderá ocorrer mediante afixação do ato na sede do órgão ou entidade que os tenha produzido. 2.4.3. Para as questões de concursos públicos, é importante destacar ainda que a publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é condição de sua validade ou forma, mas sim condição de eficácia e moralidade. 2.5. Princípio da eficiência - somente foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele era considerado um princípio implícito. O professor Diógenes Gasparini informa que esse princípio é conhecido entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à Administração Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento. 2.5.1. A administração gerencial, consequência do princípio da eficiência, relaciona-se com os conceitos de boa administração, flexibilização, controle finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-cliente, voltando-se para as necessidades da sociedade, enfatizando mais os resultados que os próprios meios para alcançá-los. 3. Princípios implícitos 3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobreo interesse privado - apesar de não estar previsto de forma expressa no texto constitucional, o princípio da supremacia do interesse público perante o interesse privado pode ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim, como a citada lei é federal, esse princípio somente pode ser considerado expresso na legislação infraconstitucional para a Administração Pública Federal. 3.1.1. Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a Administração Pública irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, já que esta se encontra em situação de superioridade. Apesar de tal supremacia, o interesse DIREITO ADMINISTRATIVO 11 público não se sobrepõe de forma absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (artigo 5º, XXXVI). 3.1.2. É possível concluir que o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício de prerrogativas públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os interesses particulares, em regra. 3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público - pode ser estudado sob vários aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e limitações à disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições administrativas. Como os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem aos seus agentes, mas sim à coletividade, criam-se instrumentos (sujeições) que tenham por fim resguardá-los, permitindo-se que tais bens e interesses sejam apenas gerenciados e conservados pelo Poder Público. 3.2.1. A obrigatoriedade de realização de licitação e concursos públicos são exemplos de instrumentos criados com o objetivo de evitar que os agentes públicos, cujas condutas são imputadas ao Estado, disponham do interesse público. Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo, de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso público. A obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, uma restrição que se impõe à Administração Pública. 3.3. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade - grande parte da doutrina afirma que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios são autônomos, apesar do fato de a proporcionalidade ser um dos elementos da razoabilidade. 3.3.1. O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao senso comum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Em respeito a tal DIREITO ADMINISTRATIVO 12 princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no bom senso, na sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso contrário, serão invalidadas. Violará o princípio da razoabilidade, por exemplo, a edição de um decreto, por Prefeito de um determinado município, que proíba as servidoras de trabalharem de vestido. 3.3.2. O princípio da razoabilidade, assim como o da proporcionalidade, é considerado implícito, já que não está previsto em uma norma jurídica de caráter geral. Entretanto, é válido destacar que ambos os princípios estão previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99, sendo considerados expressos para a Administração Pública Federal. 3.3.3. A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade pressupõe a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se sacrificam interesses individuais em função dos interesses coletivos, de interesses primários, na medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja realmente indispensável para a implementação da necessidade pública1”. 3.3.4. O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é justamente limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites adequados. Em outras palavras, significa dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a necessidade de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei 9.784/99). 3.4. Princípio da autotutela - a Administração Pública, no exercício de suas atividades, frequentemente pratica atos contrários à lei e lesivos aos particulares (o que não é desejável, claro!). Entretanto, na maioria das vezes, a ilegalidade 1 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008. DIREITO ADMINISTRATIVO 13 somente é detectada pela Administração depois que o ato administrativo já iniciou a produção de seus efeitos, mediante provocação do particular. 3.4.1. Apesar de ser comum o fato de o particular provocar a Administração para informá-la sobre a prática de um ato ilegal, exigindo a decretação de sua nulidade, tal revisão também pode ser efetuada de ofício, pela própria Administração, independentemente de provocação. 3.4.2. A possibilidade de a Administração controlar a legalidade de seus próprios atos não afasta a atuação do Poder Judiciário. Caso a Administração se depare com uma situação de ilegalidade e não adote as providências cabíveis, poderá o particular ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da situação de ilegalidade, se for de seu interesse. 3.4.3. Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade com a lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção não atende mais ao interesse público. 3.4.4. Sobre o princípio da autotutela, é imprescindível que você memorize o inteiro teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, pois é muito cobrada em provas: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá- los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 3.5. Princípio da tutela ou controle - também conhecido como “princípio do controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) controlar a legalidade dos atos praticados pelas entidades integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas). DIREITO ADMINISTRATIVO 14 Distinção entre os princípios da autotutela e da tutela PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA PRINCÍPIO DA TUTELA A autotutela, uma decorrência do princípio constitucional da legalidade, é o controle que a administração exerce sobre os seus próprios atos, o que lhe confere a prerrogativa de anulá-los ou revogá-los, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário. Também conhecido como “princípio do controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) controlar a legalidade dos atos praticados pelas entidades integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).Permite o controle (revogação ∕ anulação) da Administração Pública sobre todos os atos editados, sejam eles discricionários ou vinculados. Não possui fundamento hierárquico, já que não há subordinação entre a entidade controladora (Administração Direta) e a controlada (Administração Indireta). 3.6. Princípio da segurança jurídica - conforme nos informa a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, é muito comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas normas legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter normativo, afetando situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera uma grande insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando a sua situação será passível de contestação pela própria Administração Pública. Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação, prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99: Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão observados, entre outros, os critérios de: DIREITO ADMINISTRATIVO 15 XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Desse modo, a nova interpretação somente poderá ser aplicada a casos futuros, não prejudicando situações que já estavam consolidadas com base na interpretação anterior. 3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos – o princípio em estudo declara que o serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o que significa dizer que, em regra, não é passível de interrupção, em virtude de sua alta relevância para toda a coletividade. Podemos citar como exemplo de serviços públicos que não podem ser interrompidos a segurança pública, os serviços de saúde, transporte, abastecimento de água, entre outros. 3.7.1. Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/1995, em situações excepcionais: § 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 3.8. Princípio da motivação - impõe à Administração Pública a obrigação de apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado ato. 3.8.1. Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo) possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo. Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É essencial ainda que o DIREITO ADMINISTRATIVO 16 administrador apresente, detalhadamente, todo o caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que deseja alcançar com a prática do ato. Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que os interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre outros. 3.8.2. Embora renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos devam ser motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido destacar que existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão (cargos de confiança). 3.9. Princípio da especialidade - ao criar ou autorizar a criação de uma entidade administrativa, a lei estabelece previamente a sua área de atuação (a sua finalidade), isto é, a sua especialidade. Sendo assim, como a capacidade específica da entidade administrativa foi determinada por lei, somente esta pode alterá-la. Caso os administradores decidam alterar, por conta própria, a especialidade da entidade administrativa na qual atuam, poderão ser responsabilizados nos termos da lei. DIREITO ADMINISTRATIVO 17 b. Mapas mentais PRINCÍPIOS EXPRESSOS Legalidade em sentido formal • "agir autorizado por lei" Legalidade em sentido material • agir em conformidade com o Direito = legitimidade não se confunde com a Legalidade comum • "o cidadão pode fazer tudo que não é proibido" = IGUALDADE / ISONOMIA •Ex: concurso público, licitação VEDAÇÃO DE PROVEITO PESSOAL •proibição de uso privado da máquina pública = INTERESSE PÚBLICO •vedação de desvio de finalidade DIREITO ADMINISTRATIVO 18 CONDUTA ÉTICA •probidade, honestidade, boa-fé VEDAÇÃO DE NEPOTISMO •Súmula Vinculante n. 13 do STF EXTRAÍDO DOS COSTUMES •Não se confunde com a Legalidade DIREITO ADMINISTRATIVO 19 TRANSPA- RÊNCIA •divulgação dos atos da Administração CONTROLE •permite o controle da Administração SIGILO •garantia da privacidade, segurança, informações estratégicas RESULTA DOS • METAS DE DESEMPENH0 ADMIN. GERENCIAL • BOA ADMINISTRAÇÃO ECONOMI- CIDADE • EQUILÍBRIO ENTRE CUSTO E BENEFÍCIO DIREITO ADMINISTRATIVO 20 SUPREMA- CIA DO INTERESSE PUBLICO INDISPONI- BILIDADE RAZOABILI- DADE MOTIVAÇÃO DIREITO ADMINISTRATIVO 21 DIREITO ADMINISTRATIVO 22 c. Revisão 1 QUESTÃO 01 (FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT - 24ª – 2017) Em importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, foi considerada inconstitucional lei que destinava verbas públicas para o custeio de evento cultural tipicamente privado, sem amparo jurídico-administrativo. Assim, entendeu a Corte Suprema tratar-se de favorecimento a seguimento social determinado, incompatível com o interesse público e com princípios que norteiam a atuação administrativa, especificamente, o princípio da a) presunção de legitimidade restrita. b) motivação. c) impessoalidade. d) continuidade dos serviços públicos. e) publicidade. QUESTÃO 02 (FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT - 24ª – 2017) Em importante julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, reconheceu a Corte Superior a impossibilidade de acumulação de cargos públicos de profissionais da área da saúde quando a jornada de trabalho superar sessenta horas semanais. Assim, foi considerada a legalidade da limitação da jornada de trabalho do profissional de saúde para sessenta horas semanais, na medida em que o profissional da área da saúde precisa estar em boas condições físicas e mentais para bem exercer as suas atribuições, o que certamente depende de adequado descanso no intervalo entre o final de uma jornada de trabalho e o início da outra, o que é impossível em condições de sobrecarga de trabalho. Talentendimento está em consonância com um dos princípios básicos que regem a atuação administrativa, qual seja, o princípio da DIREITO ADMINISTRATIVO 23 a) publicidade. b) motivação. c) eficiência. d) moralidade. e) impessoalidade. QUESTÃO 03 (FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT - 11ª – 2017) A atuação da Administração é pautada por determinados princípios, alguns positivados em âmbito constitucional ou legal e outros consolidados por construções doutrinárias. Exemplo de tais princípios são a tutela ou controle e a autotutela, que diferem entre si nos seguintes aspectos: a) a autotutela é espontânea e se opera de ofício, enquanto a tutela é exercida sempre mediante provocação do interessado ou de terceiros prejudicados. b) a autotutela se dá no âmbito administrativo, de ofício pela Administração direta ou mediante representação, e a tutela é exercida pelo Poder Judiciário. c) ambas são exercidas pela própria Administração, sendo a tutela expressão do poder disciplinar e a autotutela do poder hierárquico. d) a tutela decorre do poder hierárquico e a autotutela é expressão da supremacia do interesse público fundamentando o poder de polícia. e) é através da tutela que a Administração direta exerce o controle finalístico sobre entidades da Administração indireta, enquanto pela autotutela exerce controle sobre seus próprios atos. QUESTÃO 04 (FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE – 2017) Considere a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro: A Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que DIREITO ADMINISTRATIVO 24 é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. (Direito Administrativo, São Paulo: Atlas, 29ª edição, p. 99). Essa lição expressa o conteúdo do princípio da a) impessoalidade, expressamente previsto na Constituição Federal, que norteia a atuação da Administração pública de forma a evitar favorecimentos e viabilizar o atingimento do interesse público, finalidade da função executiva. b) legalidade, que determina à Administração sempre atuar de acordo com o que estiver expressamente previsto na lei, em sentido estrito, admitindo-se mitigação do cumprimento em prol do princípio da eficiência. c) eficiência, que orienta a atuação e o controle da Administração pública pelo resultado, de forma que os demais princípios e regras podem ser relativizados. d) supremacia do interesse público, que se coloca com primazia sobre os demais princípios e interesses, uma vez que atinente à finalidade da função executiva. e) publicidade, tendo em vista que todos os atos da Administração pública devem ser de conhecimento dos administrados, para que possam exercer o devido controle. QUESTÃO 05 (FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE – 2016) O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento ocorrido no ano de 2011, julgou inconstitucional lei que vedava a realização de processo seletivo para o recrutamento de estagiários por órgãos e entidades do Poder Público do Distrito Federal. O aludido julgamento consolidou fiel observância, dentre outros, ao princípio da a) motivação. b) impessoalidade. c) segurança jurídica. d) publicidade. DIREITO ADMINISTRATIVO 25 e) presunção de legitimidade QUESTÃO 06 (FCC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - PGE-MT – 2016) A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado pretende ordenar a contratação de serviços de manutenção de ar condicionado. No que tange à principiologia aplicável a tal contratação, há de se conhecer que ela se sujeita a) ao princípio da separação dos poderes, por força do qual o Poder Legislativo deve criar as próprias regras de contratação de serviços, independentemente do que disponham as normas gerais de licitação e contratação públicas. b) aos princípios do processo legislativo, por tratar-se de atividade de Administração pública desempenhada pelo Poder Legislativo. c) aos princípios do processo judicial, por ser o Poder Judiciário o órgão responsável pela revisão de contratações realizadas no âmbito dos demais Poderes do Estado. d) ao princípio da separação dos poderes, por força do qual o regramento aplicável às contratações a cargo do Poder Legislativo deve ser distinto do aplicável às contratações a cargo do Poder Executivo. e) aos princípios da Administração pública, por tratar-se de atividade da Administração pública, ainda que desempenhada pelo Poder Legislativo. QUESTÃO 07 (FCC – AGENTE DE APOIO LEGISLATIVO - ALMS – 2016) O regime jurídico administrativo tipifica o próprio direito administrativo e confere à Administração a) prerrogativas instrumentais à consecução de fins de interesse geral, não a sujeitando, no entanto, a restrições, isso em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. DIREITO ADMINISTRATIVO 26 b) prerrogativas não aplicáveis ao particular e instrumentais à cura do interesse público, tais como a autotutela e o poder de polícia, dentre outras tantas, que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse público sobre o privado. c) privilégios em face do particular, que podem ser exercidos de forma ampla e irrestrita, em razão de sua posição vertical face aos mesmos. d) restrições e prerrogativas necessárias à consecução dos seus fins, que são igualmente identificáveis nas relações entre os privados em razão do princípio da isonomia. e) amplo poder em face do particular, que se sujeita aos seus comandos independentemente do fim objetivado, uma vez que o agir administrativo é presumidamente de acordo com a lei. QUESTÃO 08 (FCC – TÉCNICO DA RECEITA - SEGEP-MA – 2016) Sobre os princípios da Administração pública é exemplo de infração ao princípio da: I - legalidade, atuação administrativa conforme o Direito. II - moralidade, desapropriar imóvel pelo fato de a autoridade pública pretende prejudicar um inimigo. III - publicidade, se negar a publicar as contas de um Município. IV - eficiência, prefeito que contrata a filha para ser assessora lotada em seu gabinete. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I e III. DIREITO ADMINISTRATIVO 27 e) II e IV. QUESTÃO 09 (FCC – AUXILIAR ADMINISTRATIVO - COPERGÁS – 2016) Um dos princípios do Direito Administrativo denomina-se especialidade. Referido princípio a) decorre dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público e concerne à ideia de descentralização administrativa. b) tem aplicabilidade no âmbito dos órgãos públicos, haja vista a relação de coordenação e subordinação que existe dentro dos referidos órgãos. c) aplica-se somente no âmbito da Administração direta. d) decorre do princípio da razoabilidade e está intimamente ligado ao conceito de desconcentração administrativa. e) relaciona-se ao princípio da continuidade do serviço público e destina-se tão somente aos entes da Administração pública direta. QUESTÃO 10 (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT - 23ª – 2016) O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento, considerou legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias, não havendo qualquer ofensa à Constituição Federal, bem como à privacidade, intimidade e segurança dos servidores. Pelo contrário, trata- se de observância a um dos princípios básicos que regem a atuação administrativa, qual seja, o princípioespecífico da a) proporcionalidade. b) eficiência. c) presunção de legitimidade. DIREITO ADMINISTRATIVO 28 d) discricionariedade. e) publicidade. d. Revisão 2 QUESTÃO 11 (FCC – ANALISTA – ADMINISTRADOR - PGE-MT – 2016) A respeito dos princípios básicos da Administração pública no Brasil, é INCORRETO afirmar que o princípio a) de impessoalidade demanda objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes públicos. b) de legalidade demanda atuação da Administração pública conforme a lei e o Direito. c) de moralidade demanda atuação da Administração pública segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé. d) da eficiência demanda celeridade na atuação da Administração pública, se necessário em contrariedade à lei, dada a primazia do resultado sobre a burocracia. e) de publicidade demanda a divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas no ordenamento jurídico. QUESTÃO 12 (FCC – ANALISTA – ADMINISTRADOR - PGE-MT – 2016) Os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que o pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário. Este é um mero agente da Administração Pública, de sorte que não é ele o autor institucional do ato. Ele é apenas o órgão que formalmente manifesta a vontade estatal. (José Afonso da Silva em COMENTÁRIO Contextual DIREITO ADMINISTRATIVO 29 à Constituição) Esse COMENTÁRIO refere-se ao princípio da Administração pública da a) impessoalidade. b) legalidade. c) moralidade. d) eficiência. e) publicidade. QUESTÃO 13 (FCC – ANALISTA – CONTADOR - PGE-MT – 2016) Considere a seguinte citação: Um problema subjacente ao denominado orçamento baseado em desempenho envolve o desafio da clareza. O termo é um dos muitos descritores diferentes (e o mais comum) utilizados para descrever a conexão entre informações sobre desempenho, por um lado, e recursos governamentais, por outro. Em alguns círculos, entretanto, esse termo passou a conotar a substituição da alocação ‘política’ de recursos por algum algoritmo mágico que aloca recursos com base nos dados sobre desempenho. (Hilton, RM e Joyce, PG. Informações sobre desempenho orçamentário em perspectiva histórica e comparativa. In: Administração Pública: coletânea. ENAP, Brasília: 2010, 382). O uso da palavra "desempenho" no trecho acima remete o leitor ao princípio constitucional da Administração pública da: a) Presunção de Legitimidade. b) Supremacia do Interesse Público. c) Impessoalidade. d) Legalidade. e) Eficiência. DIREITO ADMINISTRATIVO 30 QUESTÃO 14 (FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT - 20ª – 2016) Em importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, considerou a Suprema Corte, em síntese, que no julgamento de impeachment do Presidente da República, todas as votações devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, controle dos representantes e legitimação do processo. Trata-se, especificamente, de observância ao princípio da a) publicidade. b) proporcionalidade restrita. c) supremacia do interesse privado. d) presunção de legitimidade. e) motivação. QUESTÃO 15 (FCC – ENGENHEIRO CIVIL - COPERGÁS – 2016) Considere: I - Determinado Estado da Federação fiscaliza a atividade de autarquia estadual, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais. II - A Administração pública pode, através dos meios legais cabíveis, impedir quaisquer atos que ponham em risco a conservação de seus bens. III - Os atos da Administração pública revestem-se de presunção relativa, sendo o efeito de tal presunção a inversão do ônus da prova. No que concerne aos princípios do Direito Administrativo, a)todos os itens relacionam-se corretamente a princípios do Direito Administrativo, quais sejam, princípios da tutela, autotutela e presunção de legitimidade, respectivamente. b) nenhum deles está relacionado a princípios do Direito Administrativo. DIREITO ADMINISTRATIVO 31 c)apenas os itens I e II relacionam-se corretamente a princípios do Direito Administrativo, quais sejam, princípios da tutela e da autotutela, respectivamente, estando o item III incorreto. d)apenas o item II relaciona-se corretamente a princípio do Direito Administrativo, qual seja, o princípio da tutela, estando os itens I e III incorretos. e)apenas os itens I e II relacionam-se corretamente a princípios do Direito Administrativo, quais sejam, princípios da especialidade e da tutela, respectivamente, estando o item III incorreto. QUESTÃO 16 (FCC – ANALISTA ADMINISTRADOR - COPERGÁS – 2016) O Governador de determinado Estado praticou ato administrativo sem interesse público e sem conveniência para a Administração pública, visando unicamente a perseguição de Prefeito Municipal. Trata-se de violação do seguinte princípio de Direito Administrativo, dentre outros, a) publicidade. b) impessoalidade. c) proporcionalidade. d) especialidade. e) continuidade do serviço público. QUESTÃO 17 (FCC – JUIZ DO TRABALHO SUBST. - TRT - 1ª – 2016) São princípios previstos na Constituição Federal e que devem ser obedecidos pela Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios: I - Pessoalidade II - Legalidade DIREITO ADMINISTRATIVO 32 III - Formalidade IV - Eficiência Está correto o que consta em a) I e III, apenas. b) II e IV, apenas. c) I, II, III e IV. d) I e IV, apenas. e) II e III, apenas. QUESTÃO 18 (FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT - 23ª – 2016) Manoela foi irregularmente investida no cargo público de Analista do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região, tendo, nessa qualidade, praticado inúmeros atos administrativos. O Tribunal, ao constatar o ocorrido, reconheceu a validade dos atos praticados, sob o fundamento de que os atos pertencem ao órgão e não ao agente público. Trata-se de aplicação específica do princípio da a) impessoalidade. b) eficiência. c) motivação. d) publicidade. e) presunção de veracidade. QUESTÃO 19 (FCC – ADMINISTRADOR - DPE-RR – 2015) Quando um Prefeito comete um ato relacionado à indistinção entre os patrimônios público e privado, ele está violando o princípio da a) impessoalidade. DIREITO ADMINISTRATIVO 33 b) eficiência. c) publicidade. d) moralidade. e) finalidade. QUESTÃO 20 (FCC – AUX. FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA II - TCE – 2015) Suponha que o prefeito de um pequeno município do interior do Estado tenha tomado a decisão de promover o recadastramento de todos os proprietários de imóveis residenciais, apontando, como motivação do ato, a necessidade de atualizar a base de dados para o lançamento de IPTU. Estabeleceu-se o prazo máximo de 10 (dez) dias para o recadastramento, que somente poderia ser feito na sede da Prefeitura e fixou-se uma multa diária pelo atraso. Considerando a precária estrutura de atendimento ao público, os cidadãos foram obrigados a permanecer por longos períodos em filas para o cumprimento do recadastramento. Muitos deles, inconformados, passaram a impugnar judicialmente a medida, alegando ofensa ao princípio da razoabilidade. O questionamento, com o fundamento apresentado, a) encontra, em tese, respaldo no ordenamento jurídico, permitindo verificar a adequação entre os meios empregados e os fins almejados.b) não encontra respaldo no ordenamento jurídico, que predica a supremacia do interesse público sobre o privado. c) somente encontraria guarida no ordenamento jurídico se comprovada a ocorrência de desvio de finalidade. d) depende, para sua aceitação, da comprovação da ilegalidade do ato ou da afronta ao princípio da moralidade. e) deve ser apreciado em cotejo com o princípio da eficiência, que se sobrepõe ao invocado. DIREITO ADMINISTRATIVO 34 e. Revisão 3 QUESTÃO 21 (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE-PB – 2015) Considere o seguinte trecho extraído da obra de Diogo de Figueiredo Moreira Neto: “... a melhor realização possível da gestão dos interesses públicos, posta em termos de plena satisfação dos administrados com os menores custos para a sociedade, ela se apresenta, simultaneamente, como um atributo técnico da administração, como uma exigência ética a ser atendida no sentido weberiano de resultados, e, coroando a relação, como uma característica jurídica exigível de boa administração dos interesses públicos." (Curso de Direito Administrativo, 16ª edição, 2014, Rio de Janeiro: Forense, p. 116). É correto concluir que os ensinamentos do autor se referem ao conteúdo do princípio da a) moralidade, que serve de parâmetro de controle para revogação dos atos administrativos. b) proporcionalidade, que possui primazia e preferência diante dos demais princípios que informam a atuação da Administração. c) economicidade, que se aplica após a prática do ato administrativo, como ferramenta de controle do menor custo para a Administração pública. d) impessoalidade, que impede escolhas baseadas em critérios eminentemente técnicos, pois analisa o desempenho da administração, para garantir o atingimento dos melhores resultados. e) eficiência, que visa orientar a gestão pública ao atendimento das finalidades previstas em lei pela melhor forma possível, não bastando a análise meramente formal. DIREITO ADMINISTRATIVO 35 QUESTÃO 22 (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE – 2015) O princípio da supremacia do interesse público a) é hierarquicamente superior aos demais princípios, impondo-se sempre que houver conflito entre o interesse público e o interesse particular. b) foi substituído pelo princípio da indisponibilidade dos bens públicos, posto que as decisões que visam ao atendimento do interesse público não colidem mais, na atualidade, com os interesses privados. c) depende de interpretação do conteúdo no caso concreto, não se aplicando apriorística ou isoladamente, sem considerar os demais princípios e as demais normas que se apliquem aos diversos interesses contrapostos, públicos e privados. d) é aplicado quando inexiste disposição legal para orientar determinada atuação, posto que, em havendo, é típico caso de incidência do princípio da legalidade. e) depende essencialmente do princípio da legalidade, uma vez que, para sua integral aplicação e validade, é necessário que exista norma legal expressa nesse sentido. QUESTÃO 23 (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT - 9ª – 2015) Os princípios balizadores das atividades da Administração pública ganharam importância e destaque nas diversas esferas de atuação, tal como o princípio da eficiência, que a) permite que um ente federado execute competência constitucional de outro ente federado quando este se omitir e essa omissão estiver causando prejuízos aos destinatários da atuação. b) autoriza que a Administração pública interprete o ordenamento jurídico de modo a não cumprir disposição legal expressa, sempre que ficar demonstrado que essa não é a melhor solução para o caso concreto. DIREITO ADMINISTRATIVO 36 c) deve estar presente na atuação da Administração pública para atingimento dos melhores resultados, cuidando para que seja com os menores custos, mas sem descuidar do princípio da legalidade, que não pode ser descumprido. d) substituiu o princípio da supremacia do interesse público que antes balizava toda a atuação da Administração pública, passando a determinar que seja adotada a opção que signifique o atingimento do melhor resultado para o interesse público. e) não possui aplicação prática, mas apenas interpretativa, tendo em vista que a Administração pública está primeiramente adstrita ao princípio da supremacia do interesse público e depois ao princípio da legalidade. QUESTÃO 24 (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE – 2015) Considere a seguinte situação hipotética: Dimas, ex-prefeito de um Município do Amapá, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado, tendo em vista que adotou na comunicação institucional da Prefeitura logotipo idêntico ao de sua campanha eleitoral. O Tribunal considerou tal fato ofensivo a um dos princípios básicos que regem a atuação administrativa. Trata-se especificamente do princípio da a) moralidade. b) publicidade. c) eficiência. d) impessoalidade. e) motivação. QUESTÃO 25 (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE – 2015) O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento, negou pedido formulado por servidor público em ação por ele ajuizada perante a Corte Suprema. O DIREITO ADMINISTRATIVO 37 mencionado servidor sustentou, na demanda, a inexistência de nepotismo. No entanto, exercia função comissionada em Tribunal ao qual seu irmão era vinculado como juiz. Assim, a Corte Suprema negou o pedido, reconheceu a configuração do nepotismo e, por consequência, a violação a um dos princípios básicos da Administração pública. Trata-se especificamente do princípio da a) motivação. b) impessoalidade. c) publicidade. d) proporcionalidade. e) supremacia do interesse privado. QUESTÃO 26 (FCC – ADMINISTRADOR - DPE – 2015) Quando um Prefeito comete um ato relacionado à indistinção entre os patrimônios público e privado, ele está violando o princípio da a) impessoalidade. b) eficiência. c) publicidade. d) moralidade. e) finalidade. QUESTÃO 27 (FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT - 9ª – 2015) A Administração pública está sujeita a princípios que conformam sua atuação. Para esse fim, é dizer, da sujeição aos princípios elencados pela Constituição Federal, o termo Administração abrange a Administração a) direta, não estando sujeita aos mesmos princípios a Administração pública indireta e o Poder Judiciário, em razão do princípio da separação dos poderes. DIREITO ADMINISTRATIVO 38 b) pública direta e indireta, não abarcando o Poder Judiciário e Legislativo, mesmo no exercício atípico da função administrativa, em razão do princípio da estrita legalidade. c) pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. d) pública direta e indireta dos Poderes Executivo e Judiciário, excluído o Poder Legislativo, em razão da submissão ao Tribunal de Contas. e) pública direta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, excluindo a administração pública indireta, por estar sujeita a regime de direito privado. QUESTÃO 28 (FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT - 9ª – 2015) O artigo 37 do § 1º da CF expressamente proíbe que conste nome, símbolo ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos. A referida proibição decorre da aplicação do princípio da a) impessoalidade, que está expressamente previsto no art. 37 da CF e deve ser observado, como no exemplo, em relaçãoà própria Administração e também em relação aos administrados. b) especialidade, que a despeito de não estar expressamente previsto no art. 37 da CF, deve ser observado, como no exemplo, tanto em relação à própria Administração como em relação aos administrados. c) impessoalidade, que está expressamente previsto no art. 37 da CF e deve ser observado, como no exemplo, em relação à própria Administração, mas não em relação aos administrados, que estão sujeitos ao princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. DIREITO ADMINISTRATIVO 39 d) especialidade, que decorre do princípio da legalidade e da indisponibilidade do interesse público sobre o privado e, por essa razão, aplica-se à atividade publicitária da Administração, tida por especial em relação às demais atividades públicas. e) publicidade, que está expressamente previsto no artigo 37 da CF e configura- se no princípio legitimador da função administrativa, informada pelo princípio democrático. QUESTÃO 29 (FCC – ADMINISTRADOR - DPE-SP – 2015) Considere a seguinte situação hipotética. Em uma manifestação popular pacífica, centenas de policiais militares dispararam bombas de gás e balas de borracha por horas ininterruptas contra os manifestantes que reivindicavam direitos trabalhistas ao governo. Por considerar exagerada a reação dos policiais, que deixou centenas de feridos, o Ministério Público sustenta que os agentes públicos responsáveis pela operação violaram princípios da Administração pública, em especial o princípio da a) especialidade, uma vez que o excesso de violência dos policiais anula os objetivos de sua função, de garantir a ordem. b) segurança jurídica, porque a ação dos policiais colocou em risco a vida dos manifestantes, afetando a ordem social. c) proporcionabilidade, pois os policiais utilizaram medidas de intensidade superior à estritamente necessária à situação. d) impessoalidade, já que os policiais promoveram tratamento diferenciado, atingindo somente parte dos manifestantes. e) eficiência, em razão dos resultados da repressão policial acarretarem ônus financeiros para a Administração pública. DIREITO ADMINISTRATIVO 40 QUESTÃO 30 (FCC – JUIZ DO TRABALHO SUBSTIT. - TRT - 15ª – 2015) Sobre os princípios informativos da atuação administrativa e a aplicação deles como ferramentas para controle interno e externo, considere: I - os princípios possuem força normativa e informativa aferível sempre em conjunto com as demais normas do ordenamento, não se lhes emprestando poder autônomo para servir de parâmetro de controle dos atos praticados pela Administração. II - os princípios que regem a atuação da Administração pública podem ser informativos ou interpretativos, mas em algumas hipóteses também se pode retirar força autônoma para, quando violados, servirem como fundamento direto para exercício de medidas de controle externo. III - os princípios implícitos não gozam da mesma força normativa dos princípios expressos, tendo em vista que estes podem ser invocados como fundamentos para controle dos atos da Administração, uma vez que possuem conteúdo definido e descrito na legislação vigente. Está correto o que consta em a) I, II, e III. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) II, apenas. DIREITO ADMINISTRATIVO 41 f. Normas CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 37, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. (princípio da impessoalidade) LEI FEDERAL N. 9.784/99 Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito; LEGALIDADE II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; INDISPONIBILIDADE III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IMPESSOALIDADE IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; MORALIDADE DIREITO ADMINISTRATIVO 42 V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; PUBLICIDADE VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; RAZOABILIDADE / PROPORCIONALIDADE VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; MOTIVAÇÃO VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; DEVIDO PROCESSO LEGAL IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; FORMALISMO MODERADO OU INFORMALISMO X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; GRATUIDADE XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; OFICIALIDADE XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. SEGURANÇA JURÍDICA ................................. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; DIREITO ADMINISTRATIVO 43 III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ataou de termo escrito. .................................... Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. CONVALIDAÇÃO TEMPORAL – DECORRE DA SEGURANÇA JURÍDICA § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se- á da percepção do primeiro pagamento. DIREITO ADMINISTRATIVO 44 § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. CONVALIDAÇÃO, PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DE ATOS ADMINISTRATIVOS ANULÁVEIS. SÚMULA 473 – STF - PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.” SÚMULA VINCULANTE N. 13 – STF PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE NEPOTISMO A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. DIREITO ADMINISTRATIVO 45 g. GABARITO 1 2 3 4 5 C C E A B 6 7 8 9 10 E B B A E 11 12 13 14 15 D A E A A 16 17 18 19 20 B B A D A 21 22 23 24 25 E C C D B 26 27 28 29 30 D C A C E DIREITO ADMINISTRATIVO 46 h. Questões comentadas QUESTÃO 01 (FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - TRT - 24ª – 2017) Em importante julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, foi considerada inconstitucional lei que destinava verbas públicas para o custeio de evento cultural tipicamente privado, sem amparo jurídico-administrativo. Assim, entendeu a Corte Suprema tratar-se de favorecimento a seguimento social determinado, incompatível com o interesse público e com princípios que norteiam a atuação administrativa, especificamente, o princípio da a) presunção de legitimidade restrita. b) motivação. c) impessoalidade. d) continuidade dos serviços públicos. e) publicidade. COMENTÁRIO: a) presunção de legitimidade diz respeito ao atributo do ato administrativo pelo qual estes nascem prontos para surtir efeitos, é uma característica que autoriza a imediata execução do ato administrativo. ERRADA. b) motivação é o princípio que determina a explicitação dos motivos do ato administrativo, isto é, dos fundamentos de fato e de direto que autorizam a prática do ato administrativo. ERRADA. c) A questão cuida do princípio da impessoalidade. Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas (favorecimentos) ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou DIREITO ADMINISTRATIVO 47 ideológicas não podem interferir na atuação administrativa”. Afirma ainda o professor que “o princípio em causa é, senão, o próprio princípio da igualdade ou isonomia.” Impessoalidade é sinônimo de interesse público. CORRETA d) continuidade dos serviços públicos é um princípio previsto na Lei Federal n. 8.987/95 que compõe o conceito de serviço adequado e determina que os serviços não sejam interrompidos, salvo exceções previstas na própria lei. ERRADA e) publicidade é um princípio constitucional expresso e refere-se ao dever de transparência que é um dos limites impostos à Administração Pública. ERRADA GABARITO: C QUESTÃO 02 (FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT - 24ª – 2017) Em importante julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, reconheceu a Corte Superior a impossibilidade de acumulação de cargos públicos de profissionais da área da saúde quando a jornada de trabalho superar sessenta horas semanais. Assim, foi considerada a legalidade da limitação da jornada de trabalho do profissional de saúde para sessenta horas semanais, na medida em que o profissional da área da saúde precisa estar em boas condições físicas e mentais para bem exercer as suas atribuições, o que certamente depende de adequado descanso no intervalo entre o final de uma jornada de trabalho e o início da outra, o que é impossível em condições de sobrecarga de trabalho. Tal entendimento está em consonância com um dos princípios básicos que regem a atuação administrativa, qual seja, o princípio da a) publicidade. b) motivação. c) eficiência. d) moralidade. DIREITO ADMINISTRATIVO 48 e) impessoalidade. COMENTÁRIO: a) publicidade é um princípio constitucional expresso e refere-se ao dever de transparência que é um dos limites impostos à Administração Pública. ERRADA b) motivação é o princípio que determina a explicitação dos motivos do ato administrativo, isto é, dos fundamentos de fato e de direto que autorizam a prática do ato administrativo. ERRADA. c) O fundamento da questão acima está na ideia de boa prestação dos serviços públicos, já que o servidor público precisa estar em boas condições de saúde para realizar com eficiência as suas atividades. A eficiência, na lição de Hely Lopes Meirelles, é um dever que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. CORRETA. d) moralidade é o princípio que determina o comportamento ético, probo, honesto do agente público. ERRADA. e) impessoalidade corresponde à finalidade da Administração Publica que é o próprio alcance do interesse público. Significa, ainda igualdade e isonomia. ERRADA GABARITO: C QUESTÃO 03 (FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT - 11ª – 2017) DIREITO ADMINISTRATIVO 49 A atuação da Administração é pautada por determinados princípios, alguns positivados em âmbito constitucional ou legal e outros consolidados por construções doutrinárias. Exemplo de tais princípios são a tutela ou controle e a autotutela, que diferem entre si nos seguintes aspectos: a) a autotutela é espontânea e se opera de ofício, enquanto a tutela é exercida sempre mediante provocação do interessado ou de terceiros prejudicados. b) a autotutela se dá no âmbito administrativo, de ofício pela Administração direta ou mediante representação, e a tutela é exercida peloPoder Judiciário. c) ambas são exercidas pela própria Administração, sendo a tutela expressão do poder disciplinar e a autotutela do poder hierárquico. d) a tutela decorre do poder hierárquico e a autotutela é expressão da supremacia do interesse público fundamentando o poder de polícia. e) é através da tutela que a Administração direta exerce o controle finalístico sobre entidades da Administração indireta, enquanto pela autotutela exerce controle sobre seus próprios atos. COMENTÁRIO: Para entender as assertivas, é bom lembrar que o princípio da tutela, também conhecido como “princípio do controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) controlar a legalidade dos atos praticados pelas entidades integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas). Por seu turno, o poder de autotutela é previsto na Súmula n. 473 do Supremo Tribunal Federal “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. DIREITO ADMINISTRATIVO 50 a) tanto a autotutela quanto a tutela podem iniciar-se de ofício ou a requerimento de um particular. A Administração pode, por exemplo, iniciar um processo para a revisão de atos administrativos ou pode, após um pedido de reconsideração ou um recurso, apreciar o pedido de um interessado. Da mesma forma, o poder de tutela pode ser iniciado com a apreciação de um recurso hierárquico impróprio ou mediante o simples dever de controle finalístico exercido sobre as entidades da administração indireta. ERRADA b) tanto a autotutela quanto a tutela são formas de controle interno, isto é, operam dentro do mesmo poder. O controle externo exercido pelo Poder Judiciário não se confunde com o poder de supervisão ministerial. ERRADA c) embora a autotutela possa estar associada com o poder hierárquico, já que pressupõe um controle dos atos dentro da estrutura de coordenação e subordinação dos órgãos, a tutela está ligada a o princípio da especialidade e não ao pode disciplinar. Este último designa o poder de aplicar sanções diretamente aos administrados que estejam sob a disciplina interna da Administração, tal qual os servidores públicos, por exemplo. ERRADA d) a tutela decorre do princípio da especialidade que é o oposto de hierarquia. A autotutela liga-se ao controle interno, logo, não pode ser relacionada ao poder de polícia, já que este corresponde ao poder de aplicar sanções ao administrado não sujeito à disciplina interna da administração. ERRADA e) como visto, esta assertiva traduz exatamente o comando que expressamos no início dos comentários a esta questão. CORRETA. GABARITO: E QUESTÃO 04 (FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE – 2017) Considere a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro: A Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. (Direito DIREITO ADMINISTRATIVO 51 Administrativo, São Paulo: Atlas, 29ª edição, p. 99). Essa lição expressa o conteúdo do princípio da a) impessoalidade, expressamente previsto na Constituição Federal, que norteia a atuação da Administração pública de forma a evitar favorecimentos e viabilizar o atingimento do interesse público, finalidade da função executiva. b) legalidade, que determina à Administração sempre atuar de acordo com o que estiver expressamente previsto na lei, em sentido estrito, admitindo-se mitigação do cumprimento em prol do princípio da eficiência. c) eficiência, que orienta a atuação e o controle da Administração pública pelo resultado, de forma que os demais princípios e regras podem ser relativizados. d) supremacia do interesse público, que se coloca com primazia sobre os demais princípios e interesses, uma vez que atinente à finalidade da função executiva. e) publicidade, tendo em vista que todos os atos da Administração pública devem ser de conhecimento dos administrados, para que possam exercer o devido controle. COMENTÁRIO: a) A alternativa resposta refere-se à impessoalidade que, como vimos, acompanhando a lição de Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa”. Afirma ainda o professor que “o princípio em causa é, senão, o próprio princípio da igualdade ou isonomia.” CORRETA b) A assertiva “b” é falsa porque, em nenhum momento, a legislação poderá ser descumprida sob a alegação de prevalência do princípio da eficiência ou qualquer DIREITO ADMINISTRATIVO 52 outro princípio. Caso isso ocorra, restará caracterizada grave e inadmissível violação ao princípio da legalidade. ERRADA c) é importante notar que não há hierarquia entre os princípios administrativos. Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete (administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. ERRADA d) A solução da colisão entre princípios dar-se-á por meio da ponderação entre os diversos valores jurídicos envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer. ERRADA e) lembre-se que o sigilo tem previsão constitucional. O princípio da publicidade encontra amparo no caput do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, bem como no art. 5º, inc. XXXIII, ao dispor que: “XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. ERRADA GABARITO: A QUESTÃO 05 (FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE – 2016) O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento ocorrido no ano de 2011, julgou inconstitucional lei que vedava a realização de processo seletivo para o recrutamento de estagiários por órgãos e entidades do Poder Público do Distrito Federal. O aludido julgamento consolidou fiel observância, dentre outros, ao princípio da a) motivação. b) impessoalidade. DIREITO ADMINISTRATIVO 53 c) segurança jurídica. d) publicidade. e) presunção de legitimidade COMENTÁRIO: a) motivação é o princípio que determina a explicitação dos motivos do ato administrativo, isto é, dos fundamentos de fato e de direto que autorizam a prática do ato administrativo. ERRADA. b) Novamente, a ideia é a de garantir igualdade. A alternativa resposta refere-se à impessoalidade que, como vimos, acompanhando a lição de Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa”. Afirma ainda o professor que “o princípio em causa é, senão, o próprio princípio
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