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ANTROPOLOGIA - A Perda da Amizade - Olgária Matos

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“A Perda da Amizade”, Olgária Matos 
→ Os laços afetivos que unem os 
homens têm importância fundamental na 
formação da sociedade. Como esses 
laços são construídos e as consequências 
de sua ruptura é o tema da discussão. 
→ Amizade X Inimizade. 
→ Amizade (Philia) está intimamente 
ligada ao campo ético e político, portanto 
do campo das relações dos direitos e 
responsabilidades. 
→ Ethos (Ética) – morada do homem, 
espaço que lhe confere identidade 
(Homero). 
→ Aristóteles – Éthos (hábito), Êthos 
(caráter) e Héxis (caráter adquirido). 
Portanto a ideia de ética se volta a um 
caráter adquirido. 
→ Ethos Grego – caráter moderado, 
caráter justo e caráter próximo a 
perfeição. 
→ Philia Grega – laço afetivo, pelo qual 
a pólis se reúne, onde todos se 
extrovertem em um espaço comum e a 
palavra circula constituindo, ampliando 
e instituindo direitos. A cidadania surge 
como identificação com um destino 
comum e pertencer a pólis (todos vão 
para o mesmo lugar), assim era 
necessário ser aprendido em um espaço 
público/coletivo. 
→ Orador – a força do argumento 
suprime o argumento da força (violência 
pura). 
→ Paz Grega – leis justas, homens 
virtuosos, concórdia reina na pólis e 
harmonia consigo mesmo. 
→ Grécia – não existe a ideia de 
individuo, mas de individuo cidadão que 
se extroverte em espaço público. Nesse 
local, pensamento racional (relação com 
o outro que não passe por relações de 
poder localizado) e política praticamente 
significam a mesma coisa. Na pólis 
grega, todos os homens são iguais 
porque todos são igualmente 
legisladores/responsáveis, através do 
diálogo. 
→ Diálogo – através da palavra. 
→ Aristóteles – virtude própria do 
governante não é a sabedoria, mas a 
prudência. 
→ Tudo o que existe, existe para cumprir 
uma perfeição que lhe é própria (sumo 
bem). Ex. a flauta existe para ser tocada 
bem (ideia de perfeição). 
→ Ethos + Philia = Paz (sumo bem). 
→ Aristóteles e a Pólis - homens se 
reúnem para viver em cidade (pólis) para 
viver bem e cada vez melhor. 
→ Paidéia - é a denominação do sistema 
de educação e formação ética da Grécia 
Antiga, que objetivava a formação de um 
cidadão perfeito e completo, capaz de 
liderar e ser liderado e desempenhar um 
papel positivo na sociedade. 
→ Pico della Mirandola (no 
Renascimento) – surge a consciência de 
dignidade. Ideia de conhecimento se faz 
pelas noções de macrocosmos e 
microcosmos. Todas as belezas do 
universo existem para que o homem 
aperfeiçoe sua convivência com outros 
viventes do universo para alcançar o 
divino (amizade como coisa sacra, que 
diviniza). 
→ Revolução Francesa – amizade 
convertida nos ideais de “liberdade, 
igualdade e fraternidade”. 
→ La Boétie – “Discurso da Servidão 
Voluntária”. Paradoxal pois a servidão é 
realizada por coerção (contrário da 
liberdade) e voluntário é o ato livre. 
Como é possível escolher livremente a 
própria opressão? A vitima se torna 
perseguidora de si mesma, escolhe 
livremente seus próprios opressores. 
“Sóis vós e apenas vós que construís o 
corpo monstruoso do tirano”. O tirano é 
o simétrico oposto do amigo (não tem 
amigos e nem colaboradores fieis pois 
governa e vive no medo – e o projeta). 
“Quando os maus se reúnem, fazem-no 
para conspirar, não para travarem 
amizade. Apoiam-se uns aos outros, mas 
temem-se reciprocamente. Não são 
amigos, são cúmplices”. 
→ Para La Boétie, a ideia da amizade é 
indissociável da ideia da liberdade e o 
medo da liberdade dá poder a tirania. 
→ Virtude da philia para La Boétie – 
amigos são aqueles que a amizade é uma 
forma de laço que se estabelece para 
suprir no outro aquilo que lhe falta. 
Portanto, a amizade é uma experiencia 
sacra e sacrossanta. “Se pela política nos 
humanizamos, pela amizade nos 
divinizamos”. 
→ Ideais da Revolução Francesa – ideia 
de fraternidade inseparável da ideia de 
uma república humanista, ligada a 
universalização do ensino. Philia se 
expressa como fraternidade, nesse 
momento. 
→ Iluminismo – Ideário em que pelo 
pensamento racional os homens eram 
capazes de combater a sombra do 
obscurantismo. Assim, o Iluminismo 
prometeu a emancipação do homem em 
relação ao medo (conhecendo a 
natureza). 
→ Kant – esclarecimento como a saída 
do homem de sua minoridade e o alcance 
de sua maioridade (autonomia 
intelectual). Ideias de amizade, liberdade 
e dignidade relacionadas a emancipação 
do homem. 
→ Campos semânticos – amizade, 
liberdade, felicidade, bem-estar, 
coletividade e paz compõe um grupo, e 
inimizade, ressentimento, violência, 
guerra, outro. Antes separados pela 
busca da paz perpétua, mas que faliu. 
→ Contemporaneidade – 
desaparecimento dos valores – a vida não 
tem mais valor. Com o advento das 
sociedades de massas e o consumismo, 
as relações entre os homens mudaram e 
o ressentimento toma o lugar da 
amizade. 
→ Ressentimento na Grécia Antiga – 
não havia uma palavra para dizer 
ressentimento, pois viam com maus 
olhos a alimentação do ressentimento. 
Descreviam como cólera e/ou ira (mênis 
e kotos). 
→ Ressentimento na contemporaneidade 
– o ressentido nunca pode ser amigo, 
pois o ressentimento se constitui também 
de inveja. 
→ Mundo contemporâneo – quando a 
violência ocupa o lugar da política e se 
passa como tal, significa o fim da 
dignidade da política (a política é o 
campo que se exercita formas de 
convivência na paz). 
→ Arrogância e humilhação constituem, 
por conseguinte, o ressentimento, o 
medo, a vingança e o ódio. 
→ Abandono das grandes questões 
gregas na contemporaneidade – perde-se 
o ideal de sumo bem (fins últimos). 
Produção dos meios de destruição social 
e tolerância com o intolerável pela 
substituição da felicidade. 
→ Sociedade do espetáculo – operação 
do olhar e da linguagem. No mundo 
grego, todos são vistos ao mesmo tempo 
por todos e tudo é dito (espetáculo). 
Atualmente, tem a substituição do 
espaço público pela imagem pública 
(edição da realidade). 
→ Sociedade de massas – Marx define as 
classes por interesses comuns (burguesia 
e proletariado), sendo o ódio o 
combustível para a luta entre eles 
(violência como emancipadora do 
homem). Nas sociedades de massa (ao 
contrário das sociedades de classes), há a 
ausência de interesses em comum. 
→ Sociedade de consumo – produção 
para fins de mercado em detrimento da 
produção para fins de suprir as 
necessidades humanas. Todo o esforço 
civilizatório se desfez (pelo fracasso do 
ideal humanista de educação e pela 
sociedade de consumo). 
→ Inveja – “eu não tenho, então o outro 
também não vai ter”. 
→ Capitalismo - guerra de todos contra 
todos (leis do mercado podendo se 
autorregular). 
→ Thomas Hobbes – o medo da morte 
violenta constitui o pacto social, assim, 
abrem mão da liberdade e poder e 
entregam a um soberano. 
→Mundo contemporâneo - fim do 
pensamento autônomo e consumo no 
lugar de felicidade → leva a frustração 
→ leva ao ressentimento → leva a inveja 
e ódio → se constitui e institui o estado 
de guerra. 
→ Competição – impossibilidade de 
amizade, falta de solidariedade, 
impossibilidade de comiseração e 
impossibilidade de compaixão. 
→ Theodor Adorno – banalização do 
mal e volatilização da culpa – fim da 
capacidade de identificação com a dor do 
outro, o que permite atrocidades (ex. 
Holocausto). “A crise da sociedade é um 
defeito na capacidade de amar”. 
→ Fim da Amizade – política da 
inimizade. 
→ Espinosa– cidade governada pelo 
medo não merece o nome de cidade, mas 
de solidão (isolamento e desconfiança). 
→ Mundo pré-político ou extra-político 
– família, ordens religiosas e amigos. 
→ O espaço comum sem 
proximidade/fraternidade com o outro 
(medo do outro) causa a dessocialização 
do laço social.

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