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Projeto de ensino

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SUMÁRIO
31	INTRODUÇÃO	�
42	DESENVOLVIMENTO	�
42.1	JUSTIFICATIVA	�
72.2	REFERENCIAL TEÓRICO	�
132.3	SÉRIE / ANO PARA O QUAL O PROJETO SE DESTINA	�
132.4	OBJETIVO	�
152.5	PROBLEMATIZAÇÃO	�
162.6	O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO	�
162.7	TEMPO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO	�
172.8	RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS	�
172.9	AVALIAÇÃO	�
18REFERÊNCIAS	�
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INTRODUÇÃO
A identidade de um povo, em um Estado nacional, pode se transformar, lentamente, seguindo as modificações históricas ou de forma mais veloz, sobretudo em períodos de guerra ou de grandes transformações locais ou mundiais. Muitas vezes tais mudanças são geradas durante certo tempo e, a partir de algum movimento, tornam-se visíveis. Assim sendo, para entender o presente, é preciso compreender o que o passado mostra, ainda, a diferença entre a história, os pontos de vista históricos e as interpretações da história.
O Estado brasileiro, escravista durante mais de trezentos anos, reestruturado por conceitos republicanos excludentes, impôs e estimulou, ao longo da história, conceitos de nacionalidade que determinaram um discurso cultural distante da realidade multicultural do país. A cultura brasileira, essencialmente permeada por valores femininos, negros, caboclos, indígenas, definida por encontros e conflitos, foi mediada, durante anos, pelo discurso da democracia racial e sua manifestação material legitimada a partir de uma leitura política branca.
A rica diversidade da cultura dos povos de origem Europeia aqui recriada, as Africanidades brasileiras, as contribuições asiáticas, judias e árabes, as expressões indígenas resultantes dos conflitos da colonização, as características de nossa ‘antropofagia’, nossa identidade construída com referência em uma diversidade hierarquizada -, nem sempre essa dinâmica foi considerada pelo discurso que justifica e teme as desigualdades estruturais.
	
O que iremos estudar é a forma de passar a “vida” do negro, desde a escravidão até os dias atuais, fazendo as crianças e jovens, entenderem o que realmente aconteceu, e trabalhar através de maquetes para explanar de forma visual aquilo que o Negro passou. Utilizando para isso algumas das obras de Debret, pinturas em que o artista retratou o estilo de vida carioca no período do escravismo e trecho do filme La amistad de Steven Spielberg que retrata desde a captura à venda de negros relatando também o horror dos navios negreiros.
 
DESENVOLVIMENTO
JUSTIFICATIVA
Escravidão, termo usado para definir o sistema socioeconômico baseado na escravização de pessoas; escravismo, escravagismo, escravatura. No caso do Brasil o termo remete diretamente a relação da sociedade colonial com o negro, que antes vivia em sua tribo na África e depois de capturado, viver os horrores de um translado em navios superlotados com péssimas condições de sobrevivência, chegar ao Brasil para uma vida pior onde seria maltratado de todas as formas possíveis e submetido a condições de trabalho onde a única recompensa era sobreviver por mais alguns anos, semanas, dias ou horas. Os anos passaram a escravidão foi extinta, porém, seus reflexos ficaram e permanecem até hoje.
De que forma o negro chegou no Brasil? Qual o caminho percorrido? De que forma e em quais condições? Ao chegarem em seus destinos o que ocorria? Como estes viviam antes de serem escravos? Período da escravidão como eram tratados os escravos? Como eram vendidos, expostos? Quais os tipos de trabalho a que eram submetidos? Após a escravidão o que ocorreu com esses escravos que conseguiram liberdade? Porque os escolhidos para o regime de trabalho escravo foram os negros Africanos? Visando responder tais questionamentos, este projeto vem propor aos alunos da segunda série do ensino médio criarem maquetes, expondo momentos do escravismo permitindo, assim, que os alunos sintam-se parte da elaboração do conteúdo e da transmissão do mesmo. Os alunos irão reproduzir, todas as fases descritas, formando os estilos de vida do escravo, desde sua captura na África até os dias atuais, com as maquetes eles terão maior visão daquilo que ocorria.
Baseado na proposta, os alunos foram levados a compreender que o ano de 1995, tricentenário da morte de Zumbi dos Palmares, último líder da República de Palmares - quilombo criado em Alagoas, que durou cerca de cem anos e foi destruído em 1694 - foi um marco na relação negro com Estado e na cultura do Estado em relação ao negro. Ao som dos tambores, que no dia 20 de novembro protestavam contra o que tem sido definido como apartheid sem leis, e respondendo às críticas e propostas do movimento social negro, o presidente da República, em um ato no Palácio do Planalto, falou abertamente sobre o racismo, criou o Grupo de Trabalho para a Valorização da População Negra e elegeu a cultura, nominalmente a Fundação Cultural Palmares, como uma das áreas de investimento imediato para iniciar as transformações.
Foi preciso o engajamento pessoal do chefe do Estado para romper a inércia e a tendência à desqualificação política do negro. O sociólogo Fernando Henrique Cardoso declarou que por decreto não se muda o contexto social, mas que o círculo vicioso precisava ser rompido e que orçamentos, leis e programas refletem os conceitos culturais. Ainda não nomeava ali, porta-vozes confiáveis, intermediários como se costuma fazer – criava, isto sim, espaços de poder para elaboração de propostas e execução, que, embora ainda limitados, representavam um ponto de força na estrutura do governo. 
A cultura sempre foi o espaço possível para o exercício da sensibilidade negra, embora essa participação não mudasse o lugar social de seus realizadores. Principalmente antes de a indústria controlar o setor, o talento era limitado pelas condições de vida. Além da matriz cultural brasileira, do imaginário e da visão de mundo serem expressões profundas da africanidade, a expressão através das artes é fundamental, mesmo que descontextualizada. A invisibilidade, ou a exposição desqualificada dos negros e de sua cultura, eram motivo para a baixa autoestima, tanto dessa população quanto dos brasileiros em geral, na sua grande maioria afrodescendentes. Compreendendo que a falta de informação mantém a população estagnada nos espaços sociais inferiores, por vezes indiferente a possibilidades transformadoras, trabalhar tal conteúdo de forma mais direta com os alunos possibilitará uma além de uma compreensão mais aprofundada os levará ao senso crítico no debate do tema proposto.
O reconhecimento da importância da cultura negra no dia-a-dia nacional e de suas dinâmicas positivas como modelo civilizatório tem se expandido. Sua essência musical, a capacidade desse coletivo de transformar condições adversas em fatores de desenvolvimento humano e alegria, sua estética rica em diversidade, sua religiosidade inclusiva, passam a ser percebidas no conjunto da nação como elementos positivos da nossa diversidade.
O sistema de valores culturais do Estado, ao incluir a história do negro, tem se transformado e exigido novas reflexões, novo vocabulário, o desenvolvimento de novos conceitos de cidadania e, sobretudo, o início de mais respeito por essas novas vozes num cenário que nunca foi representativo dessa pluralidade. Os projetos apoiados pelo Fundo Nacional de Cultura, pelas leis do mecenato, para obras de conservação e preservação do patrimônio, têm, devido ao engajamento pessoal do ministro Francisco Weffort, mais e mais incluído o patrimônio afro-brasileiro. As ações nos Estados e municípios estão sendo estimuladas a considerar a diversidade local. Dirigentes locais começam a perceber que o patrimônio criado pelos negros gera recursos e visibilidade para suas unidades administrativas e que, portanto, os produtores de tal riqueza devem ser considerados, sendo assim, transmitir a história do negro por completo em sala de aula, mesmo que abordandoos pontos mais negativos e horrendos é imprescindível na colaboração da formação do aluno como cidadão crítico, conhecedor das vertentes que abordam a formação da nação.
REFERENCIAL TEÓRICO
No direito, o escravo é descrito como um objeto de propriedade, portanto, alienável e submetido ao seu proprietário. Assim, na própria definição da palavra e em seu sentido jurídico, vê-se que a escravidão denota diferenciação entre pessoas. Um escravo, por mais que tenha deixado de ser definido como objeto, é uma propriedade e seu dono tem direitos sobre o próprio e sobre o que este pode gerar. Por mais que o escravismo no Brasil tenha sido abolido legalmente os reflexos de tais ação perduram até os dias atuais.
O regime escravocrata foi cruel não apenas no sentido físico, mas também pela afronta e tortura moral praticada para com os escravos. Russel afirma:
“Apesar de os escravos não serem totalmente destituídos de personalidade jurídica, mesmo que não se convertessem os seus direitos na lei romana eram muito poucos. Os proprietários podiam dispor dos seus escravos em testamento como qualquer outro bem. Em toda parte os filhos de uma mulher escrava conservavam, normalmente, o estatuto jurídico da mãe. Recompensas monetárias ou outras por ofensa contra um escravo eram recebidas pelo seu senhor, dado ser entendidas como dano à sua propriedade. Os escravos não podiam tomar iniciativas jurídicas em seu nome (...) seu estatuto legal era similar ao de crianças, mulheres e loucos, ou dos cegos, surdos e mudos (...) A tentativa de fuga era particularmente mal vista e podia levar ao castigo público, e, por vezes, também, à perda de um membro que não impedisse a capacidade de trabalho do fugitivo, tal como uma orelha. Pelo menos em teoria, um escravo nunca podia possuir consigo uma faca, beber numa taberna ou local público, vender, receber pousada de alguém que não o seu senhor, ou circular nas ruas depois de escurecer, a não ser que levasse uma candeia.” (Russel, 2004, p. 62)
Um ponto interessante é saber o porquê da utilização de escravos negros. Uma possível resposta a essa questão reside no fato de historicamente as tribos africanas serem extremamente fragmentadas e a escravidão já existir naquela região mesmo antes das viagens negreiras se iniciarem. Com o início da época das grandes navegações o custo de se importar um escravo ficou mais baixo, gerando incentivos à utilização desse tipo de trabalho. Outra explicação para a utilização desse tipo de escravos pode ser derivada da facilidade de distinguir entre um escravo negro e outros escravos e também por uma questão de habilidade física. De acordo com Russel: 
 “Mais significativamente, em geral considerava-se que os negros eram melhores escravos, pois se dizia serem capazes de suportar o trabalho árduo melhor do que os brancos. Do ponto de vista do proprietário, os escravos negros tinham outra vantagem. A sua cor tornava-os mais notados numa sociedade onde predominavam os brancos. Em consequência, seria mais difícil tentarem fugir ou obterem êxito se o tentassem.” (Russel 2004, p.67)
A escravidão foi uma das principais instituições utilizadas pelos países europeus para consolidar a colonização da América, o que inclui Portugal e seu processo de colonização do Brasil. O resultado é robusto a diferentes especificações e mostra que uma das principais variáveis que explica a desigualdade atual é a ocorrência de escravidão no passado. 
Política e economia são as pernas que sustentam a formação de uma nação, no caso brasileiro tanto a política quanto a economia tiveram seu amparo na base da exploração, o que inclui o regime escravocrata. Dentro desse contexto é válido ressaltar em sala de aula que existem conceitos que foram construídos de acordo com o contexto e necessidade de quem relatava e de acordo com o momento em que estava sendo construído, portanto, a influência do relator e do contexto cultural é importante na análise dos fatos mesmo quando trata-se de um assunto aparentemente tão óbvio como escravidão. Chiavenato afirma: [...] não haviam divergências no pensamento sobre o negro entre governo e latifundiários, o problema estava na interpretação sobre a realidade nacional (Chiavenato,p.37,1999). 
Ou seja, com essa declaração é possível notar que ainda que no mesmo momento e no mesmo local a visão sobre o negro tinha diferentes pontos, embora, todos voltassem para uma só finalidade que era explorar o negro ao máximo possível. Assim faz-se necessário possibilitar que os alunos exponham seus diferentes pontos de vista sobre o mesmo conteúdo e retratem de forma clara o que ficou compreendido sobre o assunto abordado.
De acordo com Chiavenato mesmo quando começou a tratar-se de forma mais direta o assunto abolição da escravidão no Brasil o interesse foi o mesmo utilizado para escravizar: a economia. As pressões sofridas pela Inglaterra exigindo a abolição estava pautada na necessidade de consumidores com poder de compra mesmo que limitado, coisa que o negro escravo não possuía. Chiavenato afirma [...] o negro escravo não era simplesmente uma parte do sistema ele era o centro, a razão de ser (Chiavenato, p.36,1999). Essa mesma proposta foi utilizada para abolir a escravidão, o negro como razão da miséria, da pobreza, da falta de consumo dos produtos que os exportadores vendiam ao Brasil.
A economia brasileira não foi pensada para existir sem o negro, o que foi motivo de embates quando começou a cogitar a possibilidades de abolição, Chiavenato aponta que para os grandes proprietários o fim do tráfico significava a ruína da sua classe, ou seja, a ideia de explorar um grupo em detrimento da ascensão e manutenção de outro já existia nesse período. Escravizar pela economia, e abolir pela economia foi assim que a escravidão foi vista no Brasil, apenas um quesito na manutenção positiva da economia.
Ao tratar do assunto escravidão é importante transmitir que Portugal, na caça ao negro, promoveu guerras entre tribos que antes viviam em regime comunal, o filme La amistad de Steven Spielberg, retrata tal momento. Mesmo sendo uma obra de ficção as cenas demonstram com clareza a realidade da época, onde negros eram capturado por outros negros de tribos adversárias, a torturante viagem em navios super-lotados, mal alimentados, sendo o espaço que tinham para suas necessidades básicas o mesmo em que ficavam até o fim da viagem, motivos pelos quais muitos adoeciam e morriam ali mesmo sendo estes jogados ao mar, tais cenas são mostradas no filme referido, ao assistir o vídeo o aluno compreenderá um pouco mais sobre o caminho do negro da Àfrica ao Brasil. 
Além do filme La amistad outra fonte importante ao estudar tal período podem ser as imagens, A imagem é uma fonte de investigação que traz em suas estruturas elementos importantes para a compreensão do período histórico que apresenta. Compreender o caráter histórico imerso nas gravuras possibilita senso crítico na compreensão e transmissão do conteúdo abordado. De acordo com Ciro Cardoso: O historiador interessado em trabalhar com fontes iconográficas - seja que as encare como testemunhos de outros aspectos do social, seja como objeto específico de estudos históricos - pode contar, hoje, com uma gama bastante variada de enfoques e métodos disponíveis. (1990, p.15). Ao trabalhar com imagens é preciso fazer uma análise do autor e do momento para compreender o que está sendo transmitido.
De acordo com Paiva
[..]nosso olhar sobre a imagem deve ir além do aparente ou “além de uma dimensão mais visível ou mais explícita dela. [..] A imagem, ela também (como outras fontes), ao ser lida a posteriori pelo historiador, pelo especialista ou pelo leigo é reconstruída a cada época. [...]o nosso olhar é o olhar do presente em direção ao passado, “ao se tornarem públicas, as imagens são arrancadas das redes de relações conhecidas e enfrentam os esquemas interpretativos mais variados. (Paiva, 2002, p.20)
Partindo dessa premissa, uma das fontes que pode ser utilizada na abordagemdo conteúdo escravidão são as pinturas de Debret, o artista que veio ao Brasil junto com a comissão artística francesa retratou o estilo de vida no Rio de Janeiro através de pinturas que buscavam registrar o cotidiano carioca e o que ocorria de importante na colônia, o que possibilitou um acervo de pinturas sobre o regime escravocrata.
Debret, no período em que permaneceu no Brasil, que apresentou através de suas obras a corte portuguesa e o negro nas ruas do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX utilizar as imagens de Debret como fonte de análise do período pesquisado e como base para elaboração das maquetes que serão feitas pelos alunos. O Período registrado por Debret é marcado por grandes transformações políticas e sócio-culturais geradas pela transferência da Corte portuguesa para o Brasil possibilitando ao artista francês um contexto rico para representações da sociedade carioca.
Debret retratou o cotidiano não hesitando em registrar a relação do homem branco com o negro escravo:
Se as elites iriam buscar pelo menos aparências européias, Debret encontraria nas ruas aspectos de uma gente escura, humilde, e alquebrada de um vazio olhar famélico que pode ser visto até os dias de hoje. Ele será assim precursor no registro da população de rua (BANDEIRA, 2003, p. 45).
Mesmo que o artista também tenha registrado a corte e seus eventos, é necessário para esse momento focar apenas nos registros feitos pelo artista retratando o cotidiano nas ruas, possibilitando a reprodução através de maquetes da relação da sociedade com o escravo. 
Imagens como:
Funcionário em passeio com a família, mostram a necessidade que os senhores tinham de expor seus negros como sinônimo de poder, no caso da imagens vestidos adequadamente como forma a exibir suas condições financeiras para a sociedade além da necessidade clara de distinguir as raças, brancos a frente e negros atrás, passando a ideia de hierarquia, e mostrando que a escrava mais próxima da Sinhá tinha um tipo de vestimenta e conduta enquanto os mais distantes outras.
Outra Imagem a ser utilizada pode ser a da senhora branca no lar
Nesta imagem é possível notar o interior de uma casa onde os escravos aparecem em primeiro plano e a senhora no último. A cena destaca os bebês brincando no chão e uma negra bordando na sala junto com a senhora e sua filha, evidenciando a proximidade do negro do convívio familiar do branco. Mostrando que nem todos os negros trabalhavam apenas na produção dos engenhos e posteriormente fazendas.
Nas imagens referentes as crueldades sofridas pelos negros, podem ser utilizadas
Sapatarias, onde o destaque é para o castigo da palmatória que um negro está sofrendo.
Negro sendo castigado, enquanto aos fundos outro está amarrado ao tronco também levando chibatadas.
Escravo sendo torturado em local público, enquanto, outros dois já debilitados estão ao chão, e os demais escravos presentes estão sendo submetidos a tortura psicológica de ter que assistir a tal castigo, o que servia para os senhores como uma forma de prevenção a contrariedades vindas dos negros.
Além das imagens abordadas, outras que abordam o conteúdo também podem ser utilizadas desde que em sala de aula seja feita a análise de tais imagens para toda a turma.
Do filme La amistad, embora seja necessário assistir e discutir todas as partes relevantes do filme, existem trechos que precisam ser destacados como por exemplo: guerreiro de uma tribo sendo capturado por outra para ser levado aos europeus; negros em filas acorrentados; amontoado de negros no porão do navio; negra se jogando ao mar com seu filho bebê; negros doentes acorrentados sendo jogados ao mar e entre outros.
SÉRIE / ANO PARA O QUAL O PROJETO SE DESTINA
O projeto será aplicado para uma turma de 2ª série do ensino médio, visando a abordagem de um conteúdo voltado para cidadania.
OBJETIVO
O Brasil tem a maior população negra fora da África e a segunda maior do planeta. A Nigéria, com uma população estimada de 85 milhões, é o único país do mundo com uma população negra maior que a brasileira.
Responsável pelo maior translado humano da história – entre 3,6 e 5 milhões de africanos foram importados para o Brasil, de várias partes do continente africano -, a escravidão gestou estruturas, relações sociais e econômicas, valores e conceitos, visão de mundo incluindo visão de Estado, que tinham por meta sua permanência, sobrevida e a manutenção dos privilégios resultantes.
Só a partir da década de 1930, com base, principalmente, nas teses sobre a miscigenação e na forma envergonhada de expressão do discurso racista, consolidou-se no país o mito da democracia racial. O que significa que, ainda durante a maior parte deste século, foram inibidas ações de combate ao racismo, a organização cultural e política dos negros brasileiros, e a implantação de políticas para a superação das desigualdades raciais. No período pós-Abolição, a ausência de um sistema legal explícito que definisse as desigualdades e, ainda, as africanidades visíveis da cultura brasileira, serviu como argumento para que o Estado e a sociedade desconsiderassem a necessidade de se criar mecanismos para a inclusão do povo negro no processo de desenvolvimento nacional.
A rica história invisível dos seres escravizados nos vários países africanos, sua recriação cultural, são apenas parte do ser cultural brasileiro. A polícia, a prática da medicina e das outras ciências, a cultura de produção rural e de utilização da terra, a política de imigração, o sistema político, os métodos utilizados para a sistematização dos dados, as relações de produção e de gerenciamento da riqueza, o regime de propriedade e de créditos, o sistema legal e o escolar, o mercado de trabalho, tudo foi estruturado para atender à necessidade de enriquecer os senhores, de controlar o escravo ou, depois, para consolidar e justificar as desigualdades.
Mais de trezentos anos de escravidão, do século XVI até o final do século XIX, como instituição legal, social e econômica, que determinou o estilo de vida do Brasil colônia, representam uma referência histórica fundamental para se compreender as desigualdades raciais no país, e o aprofundamento da hierarquização dos direitos e da própria definição de humanidade, de valor social da pessoa.
O escravo, para que a escravidão se justificasse, não era considerado um ser totalmente humano por nenhuma das instituições, inclusive pela igreja. As práticas culturais e religiosas, a visão de mundo desse conjunto humano foram sistematicamente desqualificadas, apesar de sua integração ao modo de ser nacional, após mais de trezentos anos de convivência cultural, e sendo a sua força de trabalho responsável pelo desenvolvimento da economia. A aparência física dos negros, exceto quando se tratava de servir sexualmente os senhores, foi associada à dos animais e esteticamente desagradável ou inferior. Seu corpo era para o trabalho e sua força utilizada corno a dos animais. A participação nas artes, extremamente relevante sobretudo no século XVIII, pouco ampliou os seus direitos, ou lhes assegurou o exercício da cidadania.
Visando levar o aluno a compreender e conseguir transmitir tal conteúdo de forma clara, que o presente projeto objetiva a criação de maquetes retratando tal período. Possibilitando assim que o aluno não apenas compreenda mas principalmente transmita, o que foi absorvido durante as aulas.
PROBLEMATIZAÇÃO
A nova política cultural brasileira cria imensas possibilidades e muitas demandas para o Estado e para a sociedade. O mercado foi motivado, surgiram e foram ampliadas várias publicações destinadas ao público negro. Uma nova estética, mais inclusiva, começa a ser visível na moda. A comunicação, inicialmente a oficial e agora, lentamente, a comercial, começa a tratar o negro como pessoa e a incluir imagens de seres humanos dos vários grupos étnicos.
0 mercado cultural, entretanto, continua excludente e o financiamento a produções negras muito tímidas. Há ainda uma imensadistância entre o discurso cultural e a prática da inclusão. Os produtos do teatro, da música, da dança, da literatura, do cinema, da televisão e da pintura, apresentados no cotidiano, estão longe de refletir a dinâmica social. Os produtores, com referência nos conceitos criados pelo mito da democracia racial, tratam o negro como segmento, de forma descontextualizada e eventual.
Por sua vez, os movimentos negros, que motivaram com seu ativismo histórico as mudanças atuais, têm sido parceiros críticos do Estado e começam a atuar junto a outros setores para aprofundar as transformações e para garantir que a agenda do governo seja agilizada. A descrença nas instituições e a indiferença em relação à representação política começam a serem transformadas no conjunto da população.
Nota-se uma profunda transformação em curso na identidade nacional. A compreensão das africanidades, muda as referências e rompe as limitações impostas por um falso Euro centrismo e põe por terra os conceitos de raça e de fragmentação da diversidade. A inclusão valorizada do negro desmobiliza a necessidade de se provar que o diferente é melhor ou pior, além de permitir trocas mais profundas e prazerosas entre os humanos de várias origens.
Estaria o negro conquistando seu espaço na sociedade? Existem ainda formas de discriminação ao negro na sociedade atual? É possível ver hoje na sociedade reflexos do período abordado?
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
No primeiro momento os alunos irão assistir ao filme La Amistad, onde poderão observar trajetória do negro desde a captura aos navios negreiros, após, assistir o filme os alunos serão direcionados a elaborarem um resumo do filme e trocarem seus resumos com os colegas, para que o colega observe o que outro citou. Após essa etapa, cada aluno terá a oportunidade de explanar para toda a turma o que o colega escreveu e apontar as considerações que considerar necessária.
Análise do filme concluída, os alunos partirão para escolha dos trechos que serão utilizados, e terão que destacar o motivo de escolheres tais trechos.
A próxima etapa consiste no estudo sobre Debret e suas obras, antes de saber sobre Debret os alunos terão que escolher as imagens que serão utilizadas e só após essa etapa buscar conhecer o que diferentes autores falam sobre as imagens escolhidas.
Saindo dessa etapa vem as aulas expositivas, onde professor e aluno levantarão questionamentos de acordo com o que foi visto até o momento, aproveitando o momento será feita uma atividade que consistirá em uma exposição de ideias, onde cada aluno colocará o que pensa a respeito do que foi estudado até o momento.
E antes de partir para a elaboração das maquetes os alunos irão elaborar cartazes com as imagens que foram escolhidas e colar no mural da escola para que outras turmas tenham acesso ao conteúdo que foi trabalhado.
TEMPO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO
	CRONOGRAMA DO PROJETO DE ENSINO EM HISTÓRIA
	Tema:	 ESCRAVIDÃO
	( ) Ensino Fundamental ( x ) Ensino Médio Ano Escolar: 2º ano
	Data da aula
	Atividades
	02-04-2018	
	Filme La Amistad: assistir e elaborar resumo
	03-04-2018
	Filme La Amistad: Trocar o resumo com o colega e explanar para a turma o que foi possível observar no resumo do colega
	09-04-2018
	Laboratório de informática: escolher os trechos do filme que serão utilizados e justificar a escolha
	10-04-2018
	Laboratório de informática: Escolher pinturas de Debret sobre a escravidão e estudar resumidamente sobre elas
	16-04-2018
	Aula expositiva: quilombo dos Palmares e negro nos dias atuais, professor e alunos levantarão questionamentos criando as perguntas do debate proposto na atividade seguinte
	17-04-2018
	Debate sobre os questionamentos levantados na aula anterior
	23-04-2018
	Elaboração das maquetes
	24-04-2018
	Continuação e conclusão das maquetes
RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
Laboratório de informática, TV, Reprodutor de imagens, cartolinas, impressora, massas de modelar, isopor, cola, tintas guaches, tintas para tecidos, pincéis e etc.
AVALIAÇÃO
	Num primeiro momento a avaliação se dará percebendo individualmente a importância dada ao conteúdo, o que será possível ao observar a atenção dada ao assistir o filme utilizado, da mesma forma na elaboração do resumo será possível notar o aluno que compreendeu o que está sendo abordado e o que não conseguiu absorver. Após essa etapa será possível notar o interesse do aluno ao pesquisar sobre as obras de Debret, e ao interagir durante o levantamento de questionamentos e participação no debate. E por fim, na elaboração das maquetes será notado o quê e quanto o aluno absorveu e o que ainda não foi atingido. E notar quais questionamentos foram respondidos.
REFERÊNCIAS
PAIVA, Eduardo França, História e imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002
CARDOSO, Ciro Flamarion S. A afro-América: a escravidão no Novo Mundo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1982
CHIAVENATO, João José, O Negro no Brasil. São Paulo: Ed. Cortez, 1999
CARDOSO, Ciro F., VAINFAS, Ronaldo. Domínios da história. Rio de
Janeiro: Campus, 1997.
BANDEIRA, Julio. Janelas d’alma brasileira. In: Bandeira, Julio et al.
Castro Maya colecionador de Debret. São Paulo: Capibara, 2003.
CARNEIRO, Édison. O Quilombo dos Palmares . São Paulo: Companhia Editora
Nacional. 1988
Sistema de Ensino Presencial Conectado
HISTÓRIA
ABIGAIR CIRIACO DE SANTANA
HISTÓRIA DO NEGRO:
DA CAPTURA NA ÁFRICA AO BRASIL ATUAL
Poços de Caldas-MG
2018
abigair ciriaco de santana
HISTÓRIA DO NEGRO:
DA CAPTURA NA ÁFRICA AO BRASIL ATUAL
Projeto de Ensino apresentado à Universidade Unopar - EaD, como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura em História. 
Orientador: Profa. Érica Ramos Moimaz
Poços de Caldas-MG
2018

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