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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA CURSO: BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA JONHY DA COSTA CAVALCANTE DAYANNE KELLY PIRES SOUSA ÉTICA E MORALIDADE ADMINISTRATIVA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES DO INSS A RESPEITO DE QUESTÕES ÉTICA E MORAIS NO SERVIÇO PÚBLICO ÁGUA BRANCA/PI 2016 JONHY DA COSTA CAVALCANTE DAYANNE KELLY PIRES SOUSA ÉTICA E MORALIDADE ADMINISTRATIVA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES DO INSS A RESPEITO DE QUESTÕES ÉTICA E MORAIS NO SERVIÇO PÚBLICO Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Administração Pública da Universidade Federal do Piauí, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração Pública. Orientador: Profª. Msc. Evangelina da Silva Sousa ÁGUA BRANCA/PI 2016 JONHY DA COSTA CAVALCANTE DAYANNE KELLY PIRES SOUSA ÉTICA E MORALIDADE ADMINISTRATIVA: um estudo sobre a percepção dos servidores do INSS a respeito de questões ética e morais no serviço público Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Administração Pública da Universidade Federal do Piauí, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração Pública. Aprovado em ____/____/2016. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Profª. MSc. Evangelina da Silva Sousa Universidade Federal do Piauí (UFPI) _______________________________________________ Profª.MSc. Carla Fernanda de Lima Santiago da Silva Universidade Federal do Piauí (UFPI) _______________________________________________ Profª. MSc. Elvia Florêncio Torres Ximenes Universidade Federal do Piauí (UFPI) AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos dado saúde e forças para a superação de todas as barreiras. Agradecemos a todos os servidores que colaboraram com o trabalho. À Universidade Federal do Piauí pela oportunidade de realizar este curso e ao Polo de apoio presencial do CEAD/UFPI em Água Branca/PI pelo oferecimento de toda a estrutura necessária à conclusão do curso. Agradecemos, ainda, à nossa professora Evangelina da Silva Sousa por toda orientação e ajuda que nos foram dadas. RESUMO A corrupção é um fenômeno desestabilizador dentro de uma sociedade cuja trajetória deve ser pautada na observância de valores éticos e morais sustentáveis. Atos que atentam contra a Administração Pública implicam efeitos negativos para toda a sociedade e dela refletem uma falência da ética e dos valores morais. Este artigo tem como objetivo analisar a percepção dos servidores públicos federais do Instituto Nacional do Seguro Social quanto a aspectos éticos e morais em situações vivenciadas no dia a dia da Administração Pública.A pesquisa é do tipo exploratória e possui abordagem qualitativa. Foram utilizados dados primários, coletados por meio de questionário, e dados secundários, por meio dorelatório de acompanhamento das punições expulsivas aplicadas a servidores estatutários no âmbito da Administração Pública Federal, elaborado pela Controladoria Geral da União. Os resultados da pesquisa apontam para uma fragilidade do controle da administração pública na tentativa de coibir e punir atos relacionados a crimes de corrupção. Palavras – chave: Ética; Moralidade; Corrupção. RESUMEM 5 1. INTRODUÇÃO A corrupção, uma vez praticada no universo da Administração Pública, evidencia uma inversão de valores no qual há a prevalência dos interesses privados em detrimento do interesse coletivo. Gomes (2014) enfatiza que, para a construção de uma ação ética, o indivíduo necessita ter certas habilidades que o torne capaz de discernir para fazer suas escolhas, percebendo que elas repercutem em si mesmo, no outro e no coletivo; para o autor a “noção de ética está relacionada à condição de constituição da sociedade e da cultura vigentes”. Nesse sentido, a questão norteadora da pesquisa é: quais os aspectos percebidos pelos servidores do Instituto Nacional do Seguro Socialque influenciam a moral no trabalho?A pesquisa partiu do pressuposto que tanto fatores inerentes a aspectos organizacionais da Administração Pública quanto aspectos relacionados à moral individual implicam a ética no trabalho do serviço público. Destarte, o objetivo geral é analisar a percepção dos servidores públicos federais do INSS a respeito da ética e moralidade no serviço público. Especificamente, procurou-se: 1) identificar as punições expulsivas aplicadas a servidores estatutários do Poder Executivo Federal e os principais fundamentos que as ocasionaram, e 2) identificar os fatores que influenciam a moral no ambiente de trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social. Além desta introdução, o artigo é composto por mais quatro seções. A segunda seção traz o referencial teórico que fundamentou a pesquisa. Na terceira, descrevem-se os procedimentos metodológicos que conduziram a investigação. A quarta seção apresenta a análise e discussão dos resultados obtidos pela pesquisa e na quinta seção são apresentadas as considerações finais. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O princípio da moralidade Segundo o caput do artigo 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]”. O princípio da moralidade foi incluído no texto constitucional devido a sua relevância no âmbito das relações na Administração Pública. Ao analisar a inclusão do princípio da 6 moralidade na Constituição Federal de 1988, Marinela (2005) aponta que o administrador público e os agentes públicos devem atuar observando padrões éticos, de forma honesta, com boa-fé e com obediência às regras de disciplina interna na Administração Pública. Observa-se, com isso, que a inclusão do princípio da moralidade no ordenamento jurídico brasileiro demanda uma postura ética dos agentes e administradores públicos, tornando-se, inclusive, requisito de validade dos atos administrativos(MEIRELLES, 1990). Di Pietro (2011) acrescenta que a inclusão do princípio da moralidade na Constituição “foi reflexo da preocupação com a ética na Administração Pública e com o combate à corrupção e à impunidade no setor público [...]”. A conduta dos agentes públicos se materializa por meio dos atos administrativos,conceituados por Meirelles (1990, p. 150) como sendo “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, extinguir e declarar direitos [...]”. Hauriou (1926) citado por Meirelles (1990, p. 89) anota que o administrador público não deve desprezar o elemento ético de sua conduta, onde não tem que decidir apenas entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, mas também entre o honesto e o desonesto. O autor aponta para a existência de uma “lei ética” que, além da lei jurídica, requer uma obediência, pois “nem tudo que é legal é honesto”. Em relação à validade dos atos administrativos, Meirelles (1990) aponta que a moralidade do ato administrativo constitui, em conjunto com os demaisprincípios da Administração Pública, requisito de validade do mesmo, tornando-se ilegítima qualquer atuação sem a adequada compatibilidade com tais princípios. 2.2 Improbidadeadministrativa Apesar de a obediência ao princípio da moralidadeser requisito de validade de qualquer ato emanado da Administração Pública, existem atos que não trazem consigo tal requisito. Esses atos, tidos como ímprobos, quando praticados pelos agentes públicos, enquanto investidos em tal condição, denigrem a imagem da Administração Pública. Sobre isso, Moraes (2005, p. 320) conceitua que atos de improbidade administrativa são aqueles que ferem direta ou indiretamente os princípios constitucionais e legais da Administração Pública, independente se importarem ou não em enriquecimento ilícito ou se causarem ou não prejuízo material ao erário público. 7 Di Pietro(2011) aponta que não é fácil distinguir moralidade e probidade administrativa, podendo-se afirmar que são expressões que guardam semelhança de sentido, quando ambas se referem à ideia de honestidade na Administração Pública. A improbidade administrativa está disciplinada na lei federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992, denominada de “Lei de Improbidade Administrativa”. Esta lei divide os atos de improbidade administrativa em três modalidades: atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito (art.9º);atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário (art. 10) e atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11). As sanções para quem infringir a Lei de Improbidade Administrativa, conforme disposto no art. 37 § 4º da Constituição Federal (BRASIL, 1988), são: suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e medidas previstas na Lei 8.429/92. Do mesmo modo, conforme a redação do art. 85, V da Constituição Federal, atentar contra a probidade na Administração Pública é caracterizado como crime de responsabilidade do Presidente da República, caso em que é punível com a destituição do cargo. Di Pietro (2011) aponta que é exigida a presença de quatro elementos para que as medidas sancionatórias em caso descumprimento da Lei de Improbidade Administrativa possam ser aplicadas, são eles: sujeito passivo; sujeito ativo; ocorrência de ato danoso descrito na lei, causador de enriquecimento ilícito para o sujeito ativo, prejuízo para o erário ou atentado contra os princípios da Administração Pública e, por último, o elemento subjetivo, ou seja, a existência do dolo ou culpa. 2.3 Ética e moral Ética e moral são termos presentesem vários campos de atuação humana. Campos e Botelho (2016) anotam que “os conceitos de ética e moral, que hoje são utilizados diariamente, geralmente carregam uma certa ambiguidade conceitual, sendo natural confundir seus significados”. Aranha e Martins (2005, p. 218) destacam que não há problema em conceituar ética e moral de forma equivalente, embora existam certas diferenças entre os termos. Para os autores a moral pode ser entendida como “[...] um conjunto de regras de conduta assumidas livre e conscientemente pelos indivíduos de um grupo social com a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal.”, enquanto a Ética “[...] ou 8 filosofia moral, é mais abstrata, constituindo a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão sobre as noções e os princípios que fundamentam a vida moral”. Nalini (2011) conceitua ética como a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ainda para o autor, a ética é tida como a ciência dos costumes e a moral o seu objeto e que a ética procura extrair dos fatos morais os princípios a eles aplicáveis. Os agentes públicos, no exercício de suas funçõesnecessitam tomar decisões que envolvem uma escolha entre alternativas possíveis. Campos e Botelho (2016)afirmam que “diante de um processo de tomada de decisão o julgamento dos indivíduos pode estar baseado em valores e interesses pessoais”, necessitando, com isso, de “regras de conduta” a fim de estabelecer padrões para as ações tomadas. Essas regras de conduta, citadas por Campos e Botelho (2016), são os padrões éticos adotados por uma determinada sociedade como aceitáveis e possuem a missão de estabelecer uma convivência harmoniosa em sociedade. A questão ética na Administração Pública ganhou destaque com o advento da Constituição Federal de 1988, passando a ser mais debatida por parte dos administrados. Segundo Mendes et al. (2010) “a preocupação em nível político sobre a questão da ética desencadeia uma série de ações que passam a constituir uma política pública de gestão da ética”. Essa preocupação levou à elaboração do Decreto nº 1.171/1994, que aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. A Administração Pública Federal, com o intuito de gerir a prática e a conduta ética de seus agentes, instituiu oSistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, através do Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, que tem como objetivo a promoção de atividades que dispõem sobre a conduta ética no Poder Executivo Federal por meio de apoio ao desenvolvimento de políticas públicas e à instituição de Comissões de Ética Setoriais nos órgãos da Administração Pública Federal. Daft (2006) considera como ferramentas eficazes para a configuração dos valores éticos em organizações: a liderança baseada em valores, a estrutura organizacional e os sistemas da organização. Para o mesmo a inclusão e aperfeiçoamento do comportamento ético no ambiente de trabalho são dependentes da introdução da ética na cultura organizacional. Mendes et al (2010) apontam que o Código de Ética deveria ser um instrumento convencional que determina a cultura, a política e os valores organizacionais ao estabelecer as diretrizes para o comportamento corporativo. Hope (1987), ao analisar as razões que levam à disseminação da corrupção cita a ausência de uma ética no trabalho no serviço público, pobreza e desigualdade, atitudes 9 culturais e padrões de comportamento que privilegiam orientações tradicionais, liderança e disciplina ineficientes por parte dos políticos, pela fraca noção do que seja interesse nacional. Sarmento, Freitas e Vieira (2008), porém, consideram que elaborar, formular e implementar Código de Ética sem iniciativas específicas de promoção, avaliação e reformulação podem, no curto prazo, leva-lo ao esquecimento, correndo-se o risco de tornar fonte de animosidade entre os membros da organização. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta é uma pesquisa exploratória e de abordagem qualitativa, que procura investigar e mostrar a realidade da organização. A pesquisa é exploratóriana qual,segundo Gil (2001),“têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com 15 afirmativas a respeito de dilemas éticos ou situações/problemas na Administração Pública. Segundo Marconi e Lakatos (2003), o questionário possui como vantagens o atingimento de um grande número de pessoas ao mesmo tempo, abrange uma extensa área geográfica e garante o anonimato dos entrevistados, proporcionando maior liberdade e segurança nas respostas. Foi utilizada a escala de Likert com cinco níveis de resposta, sendo que o nível 5 indicava aceitação total da afirmativa e o nível 1 a sua rejeição total. Utilizou-se, também, dados secundáriosoriundos do relatório de acompanhamento das punições expulsivas aplicadas a servidores estatutários no âmbito da Administração Pública Federal, elaborado pela Controladoria Geral da União (CGU), utilizando como referência o mês de dezembro do ano de 2015. A amostra selecionada foi do tipo aleatória e não intencional (Fonseca; Martins, 1996), composta por 60servidores públicos federais do INSS, órgão que possui mais demissões segundo dados do Portal da Transparência. Participaram da pesquisa servidores,de vários estados brasileiros, que foram contactados por meio de e-mail institucional, sendo o questionário respondido e devolvido também por e-mail. A análise de dados foi realizada por meio da análise de conteúdo, uma técnica utilizada para analisar comunicações visando obter indicadores que permitam inferência de conhecimentos (BARDIN, 2011). Foram consideradas questões relativas aos aspectos organizacionais e àindividualidade moral, apontados por Gomes (2014) como aspectos que podem influenciar a moral no [J1] Comentário: NÃO ENTENDI ESSE MÊS DE REFERÊNCIA, FOI QDO VOCÊ COLETOU O RELATÓRIO? 10 trabalho. Esses aspectos foram analisados e explorados dividindo o questionário em grupos de afirmativas que se relacionam com o indivíduo no serviço público e com a própria estrutura da Administração Pública. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Mensalmente, a Controladoria Geral da Uniãopublica um relatório evidenciando as punições que resultaram em expulsões de servidores públicos estatutários no âmbito da Administração Pública federal. Dentre os tipos de expulsões estão: demissão, cassação de aposentadoria e destituição de cargos em comissão. Tabela 1- Punições expulsivas aplicadas a estatutários do Poder Executivo Federal Punição 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 TOTAL Demissão 310 387 307 366 426 442 421 431 421 447 3958 Cassação de Aposentadoria 28 29 24 23 36 35 45 51 57 53 381 Destituição 35 22 41 44 50 56 39 49 69 41 446 TOTAL 373 438 372 433 512 533 505 531 547 541 4785 Fonte: Adaptado de CGU(2016). A tabela 1 mostra que no período compreendido entre 2006 e 2015 ocorreram 4785 expulsões aplicadas a servidores públicos estatutários do Poder Executivo Federal e que, dentre elas, 83% são resultantes da penalidade de demissão. A penalidade de demissão é aplicada, conforme o artigo 132 da Lei 8.112/90,noscasos de corrupção, abandono de cargo, improbidade administrativa dentreoutros. Tabela 2 - Punições expulsivas aplicadas a estatutários por fundamentação legal Fundamento 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total Ato Relacionado à Corrupção 255 297 243 291 356 361 315 380 363 332 3193 Abandono de Cargo, Inassiduidade ou Acumulação Ilícita de Cargos 69 99 86 95 111 107 154 98 126 138 945 Proceder de Forma Desidiosa 18 15 14 6 15 14 6 12 11 9 120 Participação em Gerência ou Administração de Sociedade Privada 7 10 5 2 1 4 4 5 3 15 56 Outros 24 17 24 39 29 47 26 36 44 47 333 Total 373 438 372 433 512 533 505 531 547 541 4647 11 Fonte:Adaptado de CGU (2016). As demissões fundamentadas em atos relacionados à corrupção, conforme a tabela 2, corresponderam, no período de 2006 a 2015, a 68,7% de todas as punições expulsivas aplicadas a servidores públicos do Poder Executivo Federal. Isso mostra que os crimes relacionados a problemas éticos e morais estão primeiro lugar como causas de demissões de na referida esfera de governo. De acordo com o relatório, são penalidades fundamentadas em atos relacionados à corrupção, dentre outras: receber propinas, comissões, presentes ou auferir vantagens ou proveitos pessoais de qualquer espécie; valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;improbidade administrativa; lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção. Comparando as demissões por pasta ministerial do Poder Executivo Federal, a tabela 3 mostra que o órgão que mais possui demissões é o Ministério do Trabalho e Previdência Social - MTPS. Tabela 3 - Expulsões por pasta ministerial no período de 2006 a 2015 Pasta Expulsos Percentual Ministério do Trabalho e Previdência Social 1410 29,46% Ministério da Educação 769 16,07% Ministério da Justiça 760 15,89% Ministério da Fazenda 507 10,60% Ministério da Saúde 456 9,53% Fonte:CGU (2016). Dentro da estrutura do Ministério do Trabalho e Previdência Social - MTPS, a entidade administrativa que mais possui demissões é o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, conforme dados do Portal da Transparência do Governo Federal (www.portaldatransparencia.gov.br), que disponibiliza o Cadastro de Expulsões da Administração Federal.Segundo os dados, 1 a cada 4 servidores expulsos é oriundo do quadro de servidores do INSS, o que motivou a pesquisa aplicada aos servidores desse órgão. O questionárioestá dividido em temas relacionados à moralidade individual e aspectos da organização pública e buscou-se analisar a percepção dos servidores quanto a esses aspectos. A respeito dos aspectos relacionados à moral individual, foram feitas afirmações a respeito dos valores individuais dos servidores. Os participantes da pesquisa, no 12 geral,discordaram do fato de que os princípios dos servidores públicos são postos à dúvida quando do exercício de suas funções laborais. O gráfico 1 mostra que 50% dos servidores consideram que seus princípios e valores morais não são postos em dúvida quando desempenham suas funções, e 41% dos pesquisados consideraram que sim, são postos em dúvida. Gráfico 1 - Princípios dos servidores são postos em dúvida Fonte: Pesquisa direta (2016). Ainda sobre a moral individual, os pesquisados foram instados a demonstrarem o nível de concordância com a afirmativa de que as pessoas no trabalho se desestabilizam quando se dão conta que podem se valer do cargo para negociar vantagens. O gráfico 2 mostra que os pesquisados não concordam com o fato de que as pessoas no trabalho possam ser desestabilizadas quando se dão conta de que podem utilizar seus cargos para negociar o obterem vantagens indevidas. A percepção dos servidores pesquisados não é homogênea, já que 20respondentesjulgam que as pessoas são desestabilizadas quando da situação apresentada. Gráfico 2– Utilização do cargo para negociar vantagens. Fonte: Pesquisa direta (2016). Em relação ao modo de funcionar da Administração Pública, a pesquisa mostra que os servidores não consideram que apenas uma mudança ou reforma no modo de pensar e agir dos próprios servidores pode mudar o que ocorre no funcionamento do Estado, sobretudo diante do diagnóstico de demissões por crimes relacionadas aos atos de corrupção. Condordo Totalmente 7% Concordo 34% Não sei opinar 9% Discordo 40% Discordo Totalmente 10% 0 5 10 15 20 25 30 Concordo Totalmente Não sei opinar Discordo Totalmente [J2] Comentário: Padronizar a fonte da legenda: TIMES 13 Hope (1987) cita como uma das razões para a proliferação da corrupção a liderança e disciplina ineficientes por parte dos políticos, pela fraca noção do que seja o interesse nacional. A fidelidade político-partidária é apontada por Gomes (2014) como um dos aspectos que influenciam na conduta dos servidores na Administração Pública. A percepção dos respondentes quando a questão tratada é a fidelidade político-partidária é a de que servidores ocupantes de cargos de confiança na Administração Pública acabam pondo em segundo plano o próprio resultado do seu trabalhoe valorizando mais a fidelidade político-partidária, confirmando o diagnóstico de Gomes (2014). O gráfico 3 mostra que 82% dos pesquisados concordam que a fidelidade político- partidária influencia negativamente sobre o funcionamento dos projetos relacionados ao desempenho no trabalho na Administração Pública ao se dedicarem mais em se manter nos respectivos cargos em detrimento do que se espera efetivamente do serviço público. Gráfico 3– Fidelidade político-partidária Fonte: Pesquisa Direta (2016). Gomes (2014) aponta que “a noção de ética está relacionada com a condição de constituição da sociedade e da cultura vigente”. A fim de averiguar a hipótese de que os valores mais importantes na sociedade são o sucesso pessoal e os bens materiais, 60% dos servidores pesquisados refutaram essa ideia, contra 20% que concordaram com tal assertiva. Outros 20% não souberam opinar. Hope (1987) cita como razões para o surgimento da corrupção as atitudes culturais e padrões de comportamento. O gráfico 4 aponta que 56% dos pesquisados consideram que a postura e os atos praticados pelos servidores no desempenho de suas atribuições diárias são fruto de sua formação social, que trazem consigo quando são admitidos no serviço público. Pode-se inferir que os servidores avaliam que o que ocorre dentro da administração pública é resultado da formação moral do indivíduo na sociedade e que o elevado número de servidores envolvidos em casos de corrupção é reflexo dessa formação social. Concordo Totalmente 48% Concordo 34% Não sei opinar 3% Discordo 10% Discordo Totalmente 5% 14 Gráfico 4–Postura dos indivíduos como fruto da formação social. Fonte: Pesquisa Direta (2016). A pesquisa aponta que os servidores afastaram a ideia de que a busca por vantagens pessoais seja um lema de sobrevivência na Administração Pública, hipótese levantada por Gomes (2014), levando-se em consideração de que os mesmos possuiriam poucas vantagens profissionais. O gráfico 5 apontaque os servidores consideraram que, quando do desempenho de suas atribuições, podem ser afetados em seu caráter quando percebem que podem utilizar- se do cargo para negociar vantagens pessoais. Infere-se dessas constatações de que mesmo não tendo como lema de sobrevivência a busca por vantagens pessoais, acreditam que os poderes lhes atribuídos pelos cargos ocupados podem afetar ou modificar seu caráter para auferir vantagens pessoais. Gráfico 5 – Desempenho das atribuições pode ser afetado pelas vantagens do cargo Fonte: Pesquisa Direta (2016). Depreende-se do gráfico 5 que a maioria dos servidores têm a percepção de que quanto mais o cargo atribui poderes ao ocupante do mesmo, mais o indivíduo está propenso a ser afetado em seu caráter, podendo a vir a cometer atos incompatíveis com a ética e a moral. Buscando a percepção de aspectos relacionados ao serviço público, entre eles a questão da valorização do servidor público pelo Estado, conforme levantado em seu estudo por Gomes (2014), o gráfico 6revela que 90% dos servidores pesquisados concordam com a afirmativa de que o Estado brasileiro não valoriza os servidores públicos que executam suas atribuições com eficiência e rendimento funcional. Essa percepção pode influenciar de forma negativa na motivação dos servidores públicos para a realização de suas atribuições diárias. 14% 42% 2% 33% 9% Concordo Totalmente Concordo Não sei opinar Discordo Discordo Totalmente 11% 34% 7% 27% 21% Concordo Totalmente Concordo Não sei opinar Discordo Discordo Totalmente 15 Gráfico 6 - Estado não valoriza o servidor eficiente Fonte: Pesquisa Direta (2016). Gomes (2014) aponta que existem fatores no modo de funcionar da Administração Pública que favorecem a não observância da moral e dos preceitos éticos dos servidores. Sobre questões específicas inerentes aoINSS, pesquisou-se a percepção dos servidores sobre a eficiência da autarquia no combate aos crimes de improbidade administrativa e corrupção bem como se os sistemas corporativos são totalmente confiáveis contra os potenciais desvios de condutapelos servidores no órgão. O gráfico 7 indica que a ampla maioria dos servidores pesquisados consideram que os sistemas corporativos do órgão não são totalmente confiáveis contra atos de improbidade administrativa e corrupção. Consideram que existem falhas e que essas falhas podem acarretar no surgimento ou facilitação dos atos de corrupção e desvios de conduta. Gráfico 7 - Confiabilidade dos sistemas corporativos Fonte: Pesquisa Direta (2016). A pesquisa aponta que os servidores consideram queo INSS não é eficaz no combate aos atos de improbidade administrativa e corrupção, no qual55% dos servidores apontam essa ineficiência, contra 28% que consideram o INSS eficaz para inibir e punir atos relacionados a desvios de conduta. Concordo Totalmente 50% Concordo 40% Não sei opinar 2% Discordo 3% Discordo Totalmente 5% 13% 87% Concordo Discordo 16 Por fim, os servidores pesquisados foram instados a avaliar as principais causas que podem contribuir para o surgimento ou favorecimento dos atos relacionados a crimes de corrupção no órgão. Foram feitas duas afirmativas: uma considerava os aspectos relacionados à organização ou às leis como principais causas para o surgimento dos atos de corrupção. Outra indicava aspectos relacionados à moral individual como principal causa dos atos de corrupção no órgão. Gráfico 8– Crimes de corrupção oriundosdos fatores organizacionais e legais Fonte: Pesquisa Direta (2016) O gráfico 8 aponta que 72% dos servidores pesquisados discordam que os aspectos organizacionais ou legais são os que mais contribuem para o surgimento dos atos relacionados a crimes de corrupção. Uma parcela considerável, porém, concorda que os aspectos organizacionais ou legais podem levar ao surgimento dos atos de corrupção. Gomes (2014) cita que a formação pessoal do indivíduo, tanto pelo contexto social quanto pessoal, pode favorecer o dificultar a conduta ética no trabalho. A respeito dos aspectos relacionados à formação moral individual dos servidores como causa dos atos relacionados à corrupção, os dados do gráfico 9 mostram os resultados. Gráfico 9 - A moralidade individual como causa dos crimes de corrupção Fonte: Dados da pesquisa (2016) Infere-se do gráfico 9 que os respondentes consideram que na gênese dos crimes de corrupção estão fatores intrinsecamente voltados para a moralidade individual, ou seja, 28% 72% Concordo Discordo 88% 12% Concordo Discordo 17 referentes à conduta pessoal dos servidores e que não possuem correlação direta com os fatores organizacionais. A pesquisa aponta que, com relação a fatores organizacionais, existe uma ineficiência do Instituto Nacional do Seguro Social em punir ou coibir os atos de corrupção e improbidade administrativa; que os sistemas corporativos são falhos no controle e inibição desses desvios de conduta e que a moral individual prevalece sobre os aspectos organizacionais ou legais do órgão quando o assunto abordado é crime de corrupção. Quanto a aspectos da moralidade individual, a pesquisa revelaque os servidores públicos federais do INSS consideram que a formação moral individual que cada um trás consigo da sociedade é introduzidano órgão e que a mesma refleteno desempenho desuas atribuições; que os servidores consideram que quanto mais poderes são atribuídos aos ocupantes de cargos públicos mais propensos são de cometerem desvios de conduta. 5. CONSIDERAÇÕESFINAIS A Ética, como ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, assim caracterizada por Nalini (2011), cada vez mais vem sendo discutida em nossa sociedade. O elemento moral dos atos dos agentes públicos além de necessário tornou-se requisito de validade da atuação dos mesmos. Com relação ao primeiro objetivo específico, identificar as punições expulsivas aplicadas a servidores estatutários do Poder Executivo Federal, verificou-se que a demissão, cassação de aposentadoria e destituição de cargos em comissão são as principais causas de expulsões no serviço público federal. Ao que se refere o segundo objetivo específico, identificar os principais fundamentos que resultaram em punições expulsivas de servidores públicos federais do Poder Executivo, observou-se que os atos relacionados à corrupção; abandono de cargo, inassiduidade habitual ou acumulação ilícita de cargos; proceder de forma desidiosa e a participação em gerência ou administração de sociedade privada correspondem aos principais fundamentos legais que resultaram em expulsões no Poder Executivo Federal. O terceiro objetivo buscou identificar os fatores que influenciam a moral no ambiente de trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social. Observou-se a existência tanto de fatores relacionados ao modo de funcionar da Administração Pública como de fatores inerentes à conduta moral individual dos servidores na influência do ambiente de trabalho do INSS. Quanto aos fatores relacionados à moralidade individual, identificou-se que entre os servidores pesquisados não há a percepção de que os princípios morais são postos em dúvida 18 quando do exercício de suas funções. Verificou-se que, na percepção dos respondentes, os servidores não se desestabilizam quando se dão conta que podem se valer do cargo para negociar vantagens. Porém, verificou-se que quanto mais o cargo atribui poderes ao ocupante do mesmo, mais o indivíduo está propenso a ser afetado em seu caráter. Identificou-se, ainda, que fatores relacionados à formação social e à valorização do servidor pelo Estado são vetores de influência da moral no trabalho. Quanto aos aspectos organizacionais, constatou-se que os sistemas corporativos do INSS não são totalmente confiáveis na tarefa de inibir ou impedir a prática de crimes de corrupção. Observou-se que, na percepção dos servidores pesquisados, o Instituto Nacional do Seguro Social não é eficaz no combate aos crimes de corrupção e apontam que tanto fatores relativos aos aspectos organizacionais quanto à postura moral individual estão na gênese dos atos de corrupção no órgão. Como limitações à pesquisa desenvolvida, cita-se a dificuldade de acesso aos respondentes, uma vez que o órgão possui servidores distribuídos por inúmeras cidades do Brasil. Esta pesquisa poderá contribuir para a sociedade, sobretudo no âmbito da Administração Pública, ao suscitar mudanças em prol de padrões éticos mais desejáveis, no melhoramento de estruturas de controle interno e no fortalecimento da formação ética e moral do indivíduo admitido no serviço público federal. Propõe-se o desenvolvimento de mais estudos sobre a temática, que poderão influenciar de forma significativa no aperfeiçoamento da Administração Pública ao conduzi-la para padrões éticos e morais tão desejáveis para a nossa sociedade atual. REFERÊNCIAS ALEXANDRINO, Marcelo / PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 20ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012. AMORIM, S. N. D. Ética na esfera pública: a busca de novas relações Estado/sociedade. Revista do Serviço Público. Brasília: Fundação Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), v.51, n.2, p. 94-104, abr./jun. 2000. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Helena P. Martins. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 2005. Cadastro de Expulsões da Administração Federal. Disponível em: <http://www.portaldatransparencia.gov.br/downloads/snapshot.asp?c=expulsoes> Acesso em 27 jun. 2016. 19 BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. CAMPOS, R. M. Z; BOTELHO, D. R. 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