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�
O símbolo de percentagem
(%), comumente usado pelos
profissionais dos segmentos
de administração e custos,
é empregado nesta obra
para representar o grupo
de disciplinas que tratam
dessas áreas.�
Microeconomia�
�
�
Apresentação
Este livro apresenta os principais tópicos da disciplina de Micro-
economia I, oferecida para os cursos de Economia, Admi-
nistração e Ciências Contábeis. Serão enfatizados nesta obra
conteúdos de interesse para os que atuam nas áreas especi-
ficadas e em empresas.
No primeiro capítulo, realizaremos uma revisão dos
conceitos básicos de microeconomia. Inicialmente, discuti-
remos a origem da economia, depois analisaremos a orga-
nização e o sistema econômico, as fronteiras de produção e
as diferenças entre o estudo da micro e da macroeconomia e,�
por fim, verificaremos a importância de se estudar microe-
conomia e a definição dos mercados.
No segundo capítulo, abordaremos a demanda e a
oferta de mercado, especificando todos os seus determi-
nantes, até gerar as suas curvas de mercado.
No terceiro capítulo, faremos a análise do equilíbrio de
mercado, trabalhando a demanda e a oferta em conjunto.
Buscaremos entender o comportamento do consumi-
dor no quarto capítulo. Nesse momento é relevante mapear
os gostos e as necessidades dos consumidores para saber
como eles atingem o maior grau de satisfação.
No quinto capítulo, apresentaremos as elasticidades,
que são definidas como uma medida de sensibilidade que
tem como objetivo aprofundar a análise dos movimentos
dos preços e seus efeitos no mercado, tanto no que se refere
à demanda como à oferta.
Abordaremos no sexto capítulo a teoria da produção
no curto prazo, que se refere ao lado da oferta de mer-
cado. Demonstraremos, também, como os produtores se
comportam nos mercados e como otimizar a produção de
acordo com determinadas variáveis.
No sétimo capítulo, veremos a teoria da produção no
longo prazo e, no capítulo seguinte, discutiremos os cus-
tos de produção no curto prazo. O objetivo é entendermos
como se comportam os custos na produção.
No penúltimo capítulo, analisaremos os custos de pro-
dução no longo prazo. E, no último, finalmente estudare-
mos as estruturas dos seguintes mercados: competitivo,
monopólio e oligopólio. Nesse cenário, e por considerar
o fato de que em alguns mercados a hipótese de compe-
tição perfeita pode não ser a melhor, consideramos que
seja importante um estudo de decisão em mercados não
competitivos, nos quais monopólio e oligopólio formam o
mesmo núcleo.�
Sumário
( 1 ) Conceitos básicos de microeconomia, 11
Origem da economia, 14
Fronteiras de produção, 17
O que é microeconomia?, 18
O que é macroeconomia?, 20
Limitações da teoria microeconômica, 23
Por que estudar microeconomia?, 25
O que é um mercado?, 26�
( 2 ) Demanda e oferta de mercado, 31
�
2.1
2.2
�Demanda, 34
Oferta, 42
�
( 3 ) Equilíbrio de mercado, 51
Oferta e demanda em conjunto, 54
( 4 ) Comportamento do consumidor, 63
Teoria do comportamento do consumidor, 66
Restrições orçamentárias: o que o consumidor pode gastar, 74
( 5 ) Comportamento do consumidor – elasticidades, 87
Elasticidades da oferta e da demanda, 90
Elasticidades da demanda, 91
Receita total e elasticidade-preço da demanda, 99
Outras elasticidade da demanda, 100
A elasticidade-preço da oferta, 102
Elasticidades no curto e no longo prazo, 104
( 6 ) Teoria da produção no curto prazo, 111
Tecnologia de produção, 115
Análise da teoria da produção no curto prazo, 117
Produto total, médio e produto marginal, 119
Rendimentos de escala no curto prazo, 122
( 7 ) Teoria da produção no longo prazo, 127
�
7.1
7.2
�Isoquanta, 130
Isocustos, 132
�
Taxa marginal de substituição técnica (TMST), 135
Rendimentos de escala no longo prazo, 137
( 8 ) Custos de produção no curto prazo, 143
O que é custo de produção no curto prazo?, 146
�
8.2
�Custo total, 148
Custo marginal (cmg), 152
Outros custos de produção, 153�
( 9 ) Custos de produção no longo prazo, 159
O que é custo de produção no longo prazo?, 162
Economias e deseconomias de escala, 164
( 10 ) Estruturas de mercado, 171
10.1 Mercados competitivos, 174
10.2 Monopólio, 177
10.3 Oligopólio, 179
Referências numéricas, 183
Referências, 185
Gabarito, 187
�
�
(1)
Conceitos básicos
de microeconomia�
Jacqueline A. H. Haffner, natural de Santiago,
Chile, é bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP
(1989), especialista em Finanças pela Universidade
Católica de Porto Alegre – PUCRS (1992), dou-
tora em História Econômica pela mesma institui-
ção e pós-doutora em Economia pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2001),
universidade na qual trabalhou entre 2000-2002.
É Professora da Universidade Luterana do Brasil –
Ulbra, desde 2003, atuando nos cursos de Ciências
Econômicas, Administração e Ciências Contábeis
nas disciplinas de Microeconomia, Introdução à
Economia e Economia Brasileira. E nos cursos de
Pós-Graduação da área.�
Jacqueline A. H. Haffner
�
(
�
)
�
Economia
�
é uma ciência social que estuda o modo
�
como os indivíduos e a sociedade decidem utilizar recur-
sos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de
modo a distribuí-los entre os grupos da sociedade, com a
finalidade de satisfazer as necessidades humanas.
A economia repousa sobre os atos humanos e é por exce-
lência uma ciência social. Segundo Pinho e Vasconcellos,
citados por Dias e Silva: “Apesar de a tendência atual ser
a de se obter resultados cada vez mais precisos para os�
fenômenos econômicos, é quase que impossível se fazer
análises puramente frias e numéricas, isolando as com-
plexas reações do homem no contexto das atividades
econômicas”1.
Neste capítulo, será feita uma introdução ao estudo
da economia e da sua origem. Também será apresentada
a diferenciação entre macro e microeconomia, além de
serem analisados outros conceitos gerais do estudo da
microeconomia.
(1.1)
Origem da economia
O termo economia deriva do nome grego oikonomía, que
significa “aquele que administra o lar”.
A economia trabalha com dois problemas fundamen-
tais, os quais estão relacionados com as necessidades
humanas: ilimitadas/infinitas versus os recursos produti-
vos (fatores de produçãoa – limitados e finitos).
Dessa forma, podemos entender que o problema eco-
nômico se relaciona com a escassez e a natureza limitada
dos recursos da sociedade, ou seja, com a restrição física
dos recursos existentes na natureza.
Para resolver os problemas econômicos fundamentais,
devemos responder a três questões essenciais, que estão
diretamente relacionadas com a escassez dos recursos dis-
poníveis na natureza, as quais serão analisadas a seguir:
a. Recursos naturais, mão-de-obra, capital.�
O que e quanto produzir?
A resposta está relacionada com as escolhas da socie-
dade. Devem-se produzir mais bens de consumo ou
bens de capital? Mas quanto? Na verdade, deve-se pro-
duzir até satisfazer às necessidades e aos desejos dos
consumidores.
Como produzir?
Esta é uma resposta à questão de eficiência produtiva.
Deve-se utilizar mais capital ou mais mão-de-obra
intensiva na produção? Pode ser produzido o mesmo
produto com combinações diferentes de fatoresb?
Para quem produzir?
Como será a distribuição de renda gerada pela ativi-dade econômica? Quais os setores beneficiados?
O sistema econômico e a organização econômica
É a forma como a sociedade se organiza para exercer as ati-
vidades econômicas, que são: produção, circulação, distri-
buição e consumo de bens e serviços.
Existem dois tipos de organização: economia de mer-
cado e economia planificada.
15
b. No caso da produção de vinho, pode ser utilizada
muita mão-de-obra ou muito capital.�
A economia de mercado está representada a seguir na
Figura 1.1.
Figura 1.1 – Economia de mercado
Propriedade privada
Problemas econômicos fundamentais
resolvidos pelo mercado
Maior eficiência alocativa
A economia planificada está representada a seguir na
Figura 1.2.
Figura 1.2 – Economia planificada ou centralizada
Propriedade pública
Problemas econômicos fundamentais
resolvidos pelo órgão central
16
Maior eficiência distributiva�
(1.2)
Fronteiras de produção
Dada a escassez de recursos na economia, devemos traba-
lhar com a fronteira de produção, que é uma representação
gráfica da curva de possibilidades de produção que consi-
dera os recursos produtivos limitados na economia. Essa
curva, apresentada na figura a seguir, mostra as alternati-
vas de produção da sociedade, levando em conta a suposi-
ção de que os recursos estão plenamente empregados.
Figura 1.3 – Fronteiras de produção
Quantidade
produzida (bem y)
ymax
x=0
Quantidade produzida
�
Fonte: VASCONCELLOS, 2001.
�Xmax
y=0
�(bem x)�
A figura anterior apresenta informações sobre dois
tipos de bens que utilizam plenamente os fatores de pro-
dução. A curva representa todas as combinações de produ-
ção possíveis para produzir um bem x e um bem y. Assim,
cada combinação de X e Y significa uma possibilidade de
utilização ótima dos fatores produtivos.
(1.3)
O que é microeconomia?
É a área da teoria econômica que estuda o funcionamento
do mercado de um determinado produto ou grupo de pro-
dutos, ou seja, analisa o comportamento – de um lado, dos
compradores (consumidores) e, de outro, dos vendedores
(produtores) – de tais bens.
A microeconomia também estuda o comportamento de
consumidores e produtores e o mercado no qual interagem.
Preocupa-se, ainda, com a determinação dos preços e com
as quantidades necessárias aos mercados específicos.
Podemos entender que a microeconomia tem como foco
o modo como as escolhas são feitas em nível individual,
sob condições de escassez. Existem dois aspectos impor-
tantes a serem discutidos aqui: se não houvesse escas-
sez econômica, não haveria necessidade de fazer escolhas,
pois poderíamos ter tudo que desejássemos. O outro ponto
a ser percebido é que escolha subentende alternativas.
A microeconomia trata do comportamento das unida-
des econômicas individuais dos:�
▪ consumidores;
▪ trabalhadores;
▪ investidores;
▪ proprietários da terra;
▪ empresas.
Além disso, enfoca como escolher o que comprar e o que
trará maior satisfação a esses grupos de consumidores.
A microeconomia explica, ainda:
▪ como são tomadas as decisões econômicas de compra;
▪ como a renda e os preços influenciam nas decisões;
▪ o que determina o número de trabalhadores que serão
contratados e onde eles decidem trabalhar.
A microeconomia estuda como as unidades econômi-
cas (empresas) interagem para formar unidades maiores –
mercados e indústrias, levando em conta:
▪ o ponto de vista dos mercados: como os produtores e
consumidores interagem nos diferentes mercados no
que se refere a preços, investimentos e quantidades;
▪ o ponto de vista das indústrias: como as indústrias e os
mercados se desenvolvem.
Por meio de estudos entre as empresas e os seus con-
sumidores, podem ser definidas as diferenças entre as
indústrias, a influência das políticas governamentais e as
condições da economia global.�
(1.4)
O que é macroeconomia?
É a área da teoria econômica que estuda as quantidades eco-
nômicas agregadas, tais como a magnitude e a taxa de cres-
cimento econômico, dos juros, do desemprego e da inflação.
Trata da evolução da economia como um todo, anali-
sando a determinação e o comportamento dos agregados
econômicos, ou seja, é o estudo dos fenômenos que englobam
a economia como um todo. Os principais agregados são:
▪ Renda
▪ Emprego
▪ Produto nacional
▪ Desemprego
▪ Investimento
▪ Estoque de moeda
▪ Poupança
▪ Taxa de juros
▪ Consumo
▪ Balanço de pagamentos
▪ Nível geral de preços
▪ Taxa de câmbio
O foco principal dessa análise é estabelecer relações
entre os agregados e propiciar a melhor compreensão das
interações entre eles. Dessa forma, coloca em segundo plano
o comportamento das unidades econômicas individuais.
Atualmente, podemos entender que as diferenças entre
microeconomia e macroeconomia são cada vez menores,
pois esta última também estuda mercados de bens e servi-
ços, mão-de-obra e títulos de empresas.�
Mas, para entender os diferentes mercados macroeco-
nômicos, é necessário também entender o comportamento
das empresas, dos consumidores, dos trabalhadores e dos
investidores que compõem os diferentes mercados.
Dessa forma, a macro e a microeconomia interagem na
economia como um todo, sendo uma dependente da outra.
Dentro da análise econômica, pode-se dizer, ainda, que a
microeconomia é a base da macroeconomia.
A Figura 1.4 a seguir apresenta as interações antes cita-
das – a micro e a macroeconomia fazem parte da economia
como um todo e interagem entre si.
Figura 1.4 – Diagrama da economia
Economia
21
�
Microeconomia
�
Macroeconomia�
A economia também faz parte de outras áreas do
conhecimento que estão interligadas com as ciências eco-
nômicas, como veremos na Figura 1.5, a seguir. As princi-
pais são a política, a história, a geografia e a demografia.
Figura 1.5 – Inter-relação entre a economia e as outras ciências
Aspecto
econômico
Aspecto
político e
social
�
Aspecto
histórico
�
Aspecto
geográfico e
demográfico
�
Fonte: Adaptado de VASCONCELLOS, 2001.
Sendo assim, entendemos que há uma grande dificul-
dade de fazer uma análise econômica que não envolva as
outras áreas das ciências sociais, o que resulta na impossi-
bilidade de separar os acontecimentos econômicos do extra-
�
22
�econômicos.�
(1.5)
Limitações da
teoria microeconômica
A teoria microeconômica está baseada em explicações e
previsões de certos fenômenos econômicos que precisam
ser estudados. Uma teoria é desenvolvida para explicar
fenômenos observados num conjunto de regras básicas e
premissas. Dessa forma, a teoria microeconômica começa
com premissas que vão sendo levantadas com base nos
modelos que são construídos, os quais nada mais são que a
representação matemática de uma teoria usada para fazer
previsões.
A limitação teórica está em que nenhuma teoria, seja em
economia, química ou em qualquer outra ciência, é perfei-
tamente correta. Por exemplo, as empresas tentam o tempo
todo obter o máximo de lucro possível, mas o que vemos
na realidade é que elas não maximizam os seus lucros o
tempo todo, mesmo sendo esse seu objetivo principal.
A teoria microeconômica estuda os acontecimentos
relacionados ao comportamento, ao crescimento e à evo-
lução de empresas e indústrias, em que testar e aperfei-
çoar as teorias é fundamental para validar os modelos que
foram propostos como fundamento para premissas bási-
cas e limitadas.
Análise positiva e normativa
A teoria microeconômica é desenvolvida como base em tes-
tes para explicar fenômenos específicos e, assim, realizar
previsões, para as quais são utilizadas as questões positi-
vas e as normativas.�
As questões positivas estão relacionadas com as expli-
cações e previsões voltadas a certo fenômeno. Para poder-
mos planejar o futuro, precisamos da análise positiva,pois
com ela avaliamos quantitativamente os resultados futu-
ros das previsões que foram realizadas. Por exemplo: Qual
será o impacto de uma cota de importação para os calça-
dos estrangeiros? Qual será o impacto de um aumento no
imposto do arroz? As questões positivas tentam, desse
modo, ver o mundo como ele é (descritivas).
As questões normativas indicam como o mundo deve
ou deveria ser (prescritivas). Uma análise normativa uti-
liza-se de julgamentos de valor. Por exemplo: devemos
permitir a fusão de duas firmas? ou Será que as drogas
devem ser proibidas?. Normalmente, antes de respon-
der a questões normativas, é importante ter as respostas
das análises descritivas. As questões normativas se rela-
cionam com as respostas sobre o que será melhor, qual a
opção entre a e b, ou n situações. O que seria melhor para a
empresa? Para o país? Considera o dilema entre eqüidade
e eficiência na escolha entre um aumento no imposto dos
calçados e a imposição de restrições à importação de cal-
çado estrangeiro. A análise normativa envolve um plano
de ação específico, além do quantitativo, e envolve julga-
mento de valorc.
24
c. A maioria dos julgamentos de valor envolvidos nas
decisões de política econômica se resume à seguinte
ponderação: “eqüidade versus eficiência econômica”
(PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 6).�
(1.6)
Por que estudar
microeconomia?
A microeconomia é utilizada para entender as escolhas
dos consumidores (o que comprar) e dos produtores (o que
produzir).
Para lançar um novo produto no mercado, a empresa
deve inicialmente fazer uma pesquisa para saber como os
consumidores vão responder a ele e a partir daí começar a
planejar toda a estratégia de produção. Podemos exempli-
ficar esse processo através da tomada de decisão de uma
empresa de carros. Digamos que a Honda pretende colocar
um novo modelo no mercado: o Honda Civic Automático.
Nesse caso, faria uma análise que contemplaria as seguin-
tes variáveis:
aceitação do consumidor e demanda do novo modelo
custos de produção
estratégia de preços
análise de riscos
decisões organizacionais
regulamentação governamental
Somente depois de analisar todas essas variáveis é que
a empresa conseguiria avaliar se o novo modelo de carro
seria viável e quais as possibilidades de esse novo produto
ter sucesso.�
(1.7)
O que é um mercado?
Um mercado é um campo definido na teoria em que com-
pradores e vendedores interagem e determinam o preço
de um produto ou de um conjunto de produtos. Podemos,
assim, dizer que compradores e consumidores interagem,
originando os mercados.
Os parâmetros do mercado devem ser determinados
antes que ele possa ser analisado. É necessário conhecer o
mercado antes de entrar nele.
Quais compradores e vendedores devem ser incluídos
em um determinado mercado?
Para responder a essa pergunta, devemos definir os
limites dos mercados, tanto em termos geográficos como
de gama de produtos.
O profundo conhecimento do mercado é fundamental
porque ele representa mais que uma indústria; está no cen-
tro da atividade econômica.
Entendendo os mercados, podemos saber por que um
número reduzido de empresas concorre entre si em alguns
mercados, enquanto em outros há um grande número de
concorrentes.
Mercados competitivos versus
mercados não competitivos
Um mercado competitivo possui muitos compradores e
vendedores. Nesse modelo, nem comprador, nem vende-
dor pode influenciar individualmente nos preços. Em um�
mercado perfeitamente competitivo, o preço de mercado
geralmente prevalecerá. Este, para a maioria das mercado-
rias, flutua ao longo do tempo e, no caso de muitas merca-
dorias, tais flutuações podem ser rápidas. Essa afirmação
se aplica principalmente aos mercados competitivos, os
quais estabelecem um único preço. O ouro, cujas cotações
são facilmente encontradas no jornal, é um exemplo.
Um mercado não competitivo pode ser aquele com mui-
tos produtores, os quais, em conjunto, afetam o preço do
produto no mercado. Eles podem estabelecer vários preços
para o mesmo produto. Um exemplo são as marcas de óleo
de cozinha, que podem vender o mesmo produto de diferen-
tes marcas, com preços diferentes no mesmo supermercado.
�
( . )
Ponto final	
Neste capítulo, foram abordados conceitos básicos de eco-
nomia e microeconomia. Entendemos que a ciência eco-
nômica existe exclusivamente em função de os recursos
serem escassos. Por escassez entendemos o fato de que não
existem insumos suficientes para a produção de todos os
bens e serviços desejados pelas pessoas.
Foram aqui apresentados tópicos relacionados:
▪ à importância do estudo da economia;
▪ à origem da economia;
▪ ao(s) estudo(s) sobre como é a tomada de decisão por
parte de consumidores e compradores;
▪ à forma como a microeconomia valida as suas teorias;
▪ à análise positiva e normativa;
▪ ao que é um mercado e os tipos de mercados: competi-
tivos e não competitivos.�
Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
No capítulo 2 da obra de Mankiw (2006), e no primeiro capí-
tulo da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá
saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo.
Atividades
1. Conforme Mankiw (2006, p. 33), por que a economia é con-
siderada uma ciência? 
2. Por que, conforme Mankiw (2006, p. 33), os economistas
formulam hipóteses?
3. Segundo Mankiw (2006), um modelo econômico deveria
descrever exatamente a realidade?
4. Explique o problema fundamental com o qual a economia
�
�se preocupa, segundo Vasconcellos (2001).
5. Diferencie, segundo Mankiw (2006), a análise positiva da
normativa.
�
29�
(2)
Demanda e
oferta de mercado�
�
Jacqueline A. H. Haffner
�
(
�
)
�
Neste capítulo, vamos estudar como funcionam os
mercados. Verificaremos, aqui, que a oferta e a demanda
são as forças que movimentam as economias de mercado.
Conhecendo a teoria da oferta e da demanda, pode-
remos entender como esses dois movimentos do mercado
determinam a quantidade produzida de cada bem e o
preço pelo qual será vendido.
É muito importante saber como funciona a oferta e a
demanda de mercado para poder planejar a política eco-
nômica do governo e os efeitos das políticas públicas na�
economia, já que a oferta e a demanda nos apresentam
informações de como o comportamento das pessoas inter-
ferem nos mercados e de como interagem com ele.
Quando chove muito no verão, o preço das diárias nos
hotéis cai em todo país. Quando esquenta muito no verão,
as diárias dos hotéis aumentam substancialmente. O que
esses acontecimentos nos apresentam? São efetivamente
exemplos da ação da oferta e da demanda.
(2.1)
Demanda
A demanda estuda o comportamento dos consumidores. A
curva da demanda mostra informações sobre a quantidade
de uma mercadoria que os consumidores estão dispostos
a comprar por dado preço unitário, considerando-se cons-
tantes outros fatores que não o preço.
A equação que mostra a relação entre preço e quanti-
dade pode ser assim apresentada:
�
34
�
QD = QD(P)
A representação gráfica da curva da demanda se dá
colocando no eixo vertical o preço e no eixo horizontal a
quantidade, como apresentado a seguir na Figura 2.1:�
Figura 2.1 – A curva da demanda
O eixo vertical mede o preço (P)
pago por unidade em reais.
O eixo horizontal mede a quanti-
dade (Q) demandada em número
de unidades por período de tempo.
Quantidade
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
O determinante do consumo é a renda individual dos
consumidores. A curvada demanda tem inclinação nega-
tiva, confirmando que eles estão dispostos a comprar sem-
pre maiores quantidades a um preço menor, posto que, à
medida que o produto se torna mais barato e a renda real
do consumidor aumenta, o consumo aumenta. Exemplo:
Demanda por suco de laranja:
Se o preço do suco de laranja aumentar R$ 0,70 a unidade,
você compraria menos suco de laranja.
Você poderia substituí-lo por suco de limão.
Se o preço caísse R$ 0,30 a unidade, você compraria mais
suco de laranja.�
Dessa forma, podemos afirmar que a quantidade
demandada cai quando aumenta o preço se eleva quando
o preço cai. Essa é uma relação aplicável à maioria dos bens,
isto é, o fato de a curva de demanda relacionar-se nega-
tivamente com o preço. Esta é traçada mantendo muitas
variáveis constantes e se inclina para baixo porque, coeteris
paribus, preços menores indicam uma maior quantidade
demandada.
Expandindo esse conceito, a demanda, ou procura (que
pode ser representada por uma tabela numérica, um grá-
fico ou uma função matemática), é definida como as várias
quantidades voluntariamente compradas por período de
tempo a cada um dos vários possíveis preços de um pro-
duto. Um esquema ou lista de compras seria um exemplo
que tem como base na lei da demanda, a qual estabelece
que, quando o preço de um produto ou serviço aumenta,
menores quantidades do produto/serviço serão compradas
e vice-versa. Isso pode ser observado na Tabela 2.1 a seguir.
Tabela 2.1 – Demanda por feijão
�
Preço do feijão
�
Quantidade comprada
�
36
�(R$/kg)
1,75
1,50
1,25
1,00
0,75
0,50
0,25
�(1.000 kg/ano)
6,62
12,50
18,75
25,00
31,25
37,50
43,75�
Na Tabela 2.1, ao preço de R$ 1,75, somente 6,62 milhões
de quilos são comprados anualmente pelos consumidores.
Se o preço cai para R$ 1,00, as compras anuais aumentam
para 25 milhões de quilos. A relação inversa entre o preço
do feijão e a quantidade comprada baseia-se no conceito
de “utilidade marginal decrescente”. O termo marginal sig-
nifica “adicional ou sucessivo” e o conceito de utilidade é
satisfação que um bem ou serviço proporciona. O conceito
de utilidade marginal decrescente também se refere à idéia
de que a cada unidade de um bem, consumida sucessi-
vamente pelo consumidor, adiciona menos à sua total
satisfação que a unidade anteriormente consumida. Esse
fenômeno é aparente, não importando qual seja o bem ou
serviço em questão. Por exemplo: peças de sapatos, copos
de suco, quilos de arroz etc.
A Figura 2.2 a seguir mostra como os dados apresen-
tados na tabela anterior (Tabela 2.1) podem ser representa-
dos graficamente.
Figura 2.2 – A curva da demanda
�
D = 50 – 25P
�
D
�
37
�
0
�
5
�
10
�
15
�
20
�
25
�
30 35 40
�
50
�
Quantidade comprada�
A lei da demanda afirma que, tudo o mais mantido
constante, a quantidade demandada de um bem aumenta
quando o preço do bem diminui.
Outros fatores que influenciam a demanda
Além dos preços, existem outros fatores que influenciam a
demanda. São eles:
▪ Renda: está diretamente relacionada com o consumo.
De acordo com as variações na renda, podemos ter
dois tipos de resultados – o consumo pode diminuir ou
aumentar, como podemos observar nos itens a seguir:
Um aumento na quantidade demandada e con-
seqüentemente um aumento no consumo desse
bem provocados pelo aumento da renda do(s)
consumidor(es), se demais fatores se mantiveram
constantes é denominado de bem normal.
Se, quando a renda aumenta, somente ela, e todos os
demais fatores se mantêm constantes, a quantidade
demandada diminui, e o consumo do bem diminui
é denominado bem inferior.
▪ Preços dos bens substitutos e complementares influen-
ciam diretamente no consumo, como explicado a seguir:
Bens substitutos: dois bens para os quais, tudo o
mais mantido constante, um aumento no preço de
um deles aumenta a demanda pelo outro. O objetivo
final do consumidor é a satisfação pessoal. Se existe
um produto semelhante ao que gostaria de consu-
mir, ele irá substituí-lo rapidamente. Um exemplo
é a substituição da manteiga pela margarina, caso
ocorra aumento de preço da manteiga.�
Bens complementares: são aqueles cujo aumento
no preço de um dos bens leva a uma redução na
demanda. É o consumo realizado em conjunto,
como no caso do café com leite, em que o aumento
do preço de um dos produtos leva à queda no con-
sumo do outro.
▪ Gostos e expectativas dos consumidores também in-
fluenciam o consumo. Por meio das propagandas, as
preferências podem ser manipuladas, as campanhas
vinculadas na mídia podem ser um incentivo para o
consumo ou podem levar a uma redução na demanda
de um determinado bem.
A função geral da demanda pode ser representada:
qdi = f(pi , ps , pc , R, G)
Em que:
qdi = quantidade procurada (demandada) do bem i
pi = preço do bem i
ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes
pc = preço dos bens complementares
R = renda do consumidor
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor
Demanda individual e demanda de mercado
O esquema de demanda apresenta a relação entre o preço
de um bem e a quantidade que é demandada.
A curva de demanda individual mostra como um
preço menor aumenta a quantidade demandada (a curva
de demanda se inclina para baixo). É a representação grá-
fica do consumo individual dos consumidores.�
A demanda de mercado apresenta um somatório de
todas as demandas individuais por um dado bem ou ser-
viço. A curva de demanda de mercado é obtida soman-
do-se, na horizontal, as curvas de demanda individuais.
Observe:
n
Dmercado = Σ dconsumidores individuais
i=1
para i = 1, 2, 3, ...n
Deslocamento da curva de demanda
As mudanças no consumo fazem com que a curva de
demanda se desloque. Um aumento na quantidade deman-
dada a um preço dado desloca essa curva para a direita.
Por outro lado, qualquer mudança que diminua a quan-
tidade que os compradores desejam comprar a um dado
preço desloca a curva de demanda para a esquerda.
Podemos entender, dessa forma, que os movimentos
da curva de demanda apresentam dados sobre o que acon-
tece com a quantidade demandada de um bem quando seu
preço varia mantidos constantes todos os outros determi-
nantes da demanda. É importante ressaltar que, quando
um determinante da demanda muda, a curva de demanda
se desloca para a esquerda ou para a direita de acordo com
o consumo.
A seguir, a Figura 2.3 é apresentado o movimento da
curva de demanda considerando um aumento de consumo
de sorvete.�
Figura 2.3 – Aumento de demanda
S
P2
P1
�
Q1 = Q2
�D1
�D2
�
Quantidade de sorvete
�
Se há um aumento no consumo de sorvete devido ao
clima, com aumento da temperatura, por exemplo, a curva
de demanda irá se deslocar para a direita. Se acontecesse o
contrário, uma diminuição do consumo por causa de uma
queda na temperatura, a curva de demanda se deslocaria
para a esquerda.
A seguir, a Figura 2.4 apresenta os deslocamentos da
curva de demanda.
Figura 2.4 – Aumento e diminuição da demanda
�
P
�
Deslocamento para a direita
Aumento da demanda
D0
�
D1
�
P
�
Deslocamento para a esquerda
Diminuição da demanda
D1
�
D0
�
0
�Q
�0
�Q�
Na teoria da demanda, temos um caso diferente no con-
sumo, que foge ao que apresentamos até aqui: são os chama-
dos bens de Giffen. À medida que a renda dos consumidores
se eleva, há uma redução relativa dos preços que teorica-
mente deveriam levar a um aumento na procura, mas nessa
situação acontece o contrário. Dessa forma, os bens de Giffen
seriam uma exceção dentro da teoria do consumidor.
Um exemplo apresentado por Vasconcellos2 relata a
seguinte situação em relação aos bens de Giffen em uma
comunidade inglesa muito pobre. Ocorreu uma queda no
preço da batata. Como a populaçãogastava a maior parte
da renda com esse produto, o seu poder aquisitivo aumen-
tou e como estavam saturados de batata, passaram a gastar
com outros produtos. O preço da batata caiu, bem como a
quantidade demandada (curva positivamente inclinada –
Figura 2.4).
(2.2)
Oferta
O comportamento dos vendedores é visto pela oferta de
mercado. Assim, podemos entender que a quantidade ofere-
cida de um bem ou serviço é a quantidade que os vendedo-
res podem vender e têm interesse de colocar no mercado.
O esquema de oferta e curva de oferta mostra como o
preço de um bem e a quantidade oferecida se relacionam.
Quando o preço sobe, o mercado oferece quantidades cada
vez maiores de produtos. Se o preço se altera, a quantidade
oferecida de um bem muda.
À medida que os preços vão se elevando, aumenta a
quantidade oferecida. Assim, a curva de oferta se inclina�
para cima. Podemos dizer que a curva de oferta se rela-
ciona positivamente com o preço.
A equação que representa a relação ofertada e o preço
é a seguinte:
QS = QS(P)
Lei da oferta
A quantidade oferecida de um bem aumenta quando o seu
preço aumenta. Resumindo, oferta é definida como a quan-
tidade de produto que está voluntariamente sendo ofere-
cida para venda a um preço específico. Da mesma forma
que a demanda, o conceito de oferta pode ser representado
por uma tabela numérica, por um gráfico ou por uma fun-
ção matemática. Dessa forma, a oferta pode ser definida
como as várias quantidades voluntariamente oferecidas
para venda por um período de tempo a cada um dos vários
possíveis preços do produto.
Tabela 2.2 – Oferta de carne de porco
�
Preço da carne de porco
(R$/kg)
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
�
Quantidade Ofertada
(1.000 kg/ano)
1,56
9,38
17,19
25,00
32,80
40,63
48,44�
Conforme a tabela mostrada, ao preço de R$ 0,25 por
quilo, os vendedores estão dispostos apenas a oferecer 1,56
milhão de quilos para venda anualmente. Para tentar ven-
der mais do que essa quantidade em um período igual,
produtores poderiam incorrer em maiores custos do que
poderiam obter com a venda do produto ao preço de R$
0,25. Contudo, se o preço aumentar para R$ 1,00, cada vare-
jista (cada produtor), poderia se esforçar mais para vender,
mesmo a custos elevados, maiores quantidades do pro-
duto, desde que esses valores sejam cobertos pelo aumento
do preço. Para o mercado total de carne de porco, o acrés-
cimo de R$ 1,00 no preço poderia resultar em uma oferta
de venda de 25,00 milhões de quilos anualmente. O con-
ceito de oferta, então, está baseado no relacionamento posi-
tivo entre o preço e a quantidade oferecida para venda.
Graficamente, podemos representar a oferta como:
Figura 2.5 – Curva de oferta
�
44
�
S
S = – 6,25 + 31,35P
�
0
�
5 10
�
15
�
20
�
25
�
30
�
35
�
40
�
50
�
Quantidade ofertada�
Determinantes da oferta individual e de mercado
Os determinantes da quantidade ofertada pelos empresá-
rios são:
▪ preço;
▪ preços dos insumos;
▪ tecnologia;
▪ expectativas.
Essas variáveis determinam se os empresários estão
dispostos a produzir e a vender um produto, já que o obje-
tivo principal do empresário é o lucro. O interesse de entrar
no mercado está condicionado aos possíveis ganhos que
serão obtidos com a venda de um determinado produto.
A quantidade disponível no mercado depende dos
fatores que determinam a quantidade oferecida pelos ven-
dedores individuais:
▪ o preço do bem;
▪ os preços dos insumos usados na produção;
▪ a tecnologia disponível;
▪ as expectativas;
▪ o número de vendedores.
Variáveis que afetam a oferta de um bem ou serviço:
qi0 = f(pi , pfp , pn , T, M)
Onde:
qi0 = quantidade ofertada do bem i
pi = preço do bem i
pfp = preço do fatores e insumos de produção (matéria-
prima, mão-de-obra etc.)�
pn= preço de outros n bens, substitutos na produção
T = tecnologia
M = metas e objetivos do empresário
Deslocamento da curva de oferta
A curva de oferta se movimenta sempre que um dos
seus determinantes (exceto o preço) se modifica. Quando
aumenta a quantidade oferecida a qualquer preço, a curva
de oferta se desloca para a direita. Já quando ocorre uma
redução da quantidade oferecida a qualquer preço a curva
de oferta se desloca para a esquerda.
A Figura 2.6, a seguir, apresenta o deslocamento da
curva de oferta.
Figura 2.6 – Aumento e diminuição da oferta
�
Deslocamento para a direita
�
S0 S1
�
Deslocamento para a esquerda
S1
�
S0
�
46
�
0
�
Q
�
0
�
Q�
( . )
Ponto final
Os princípios da demanda e da oferta são decisivamente
os mais importantes conceitos na economia. No entanto,
eles são também alguns dos princípios econômicos menos
entendidos pelos não-economistas e freqüentemente apli-
cados incorretamente. Demanda e oferta são ferramentas
indispensáveis para compreender o que está acontecendo
no mercado. No planejamento, são instrumentos impor-
tantes para melhorar uma situação vigente e prever o que
provavelmente vai acontecer no futuro. Devido ao uso exa-
gerado dos termos demanda e oferta nas conversas do dia-
a-dia e também na mídia popular, a maioria das pessoas
pensa que conhece o que está envolvido nesses conceitos.
Assim, neste capítulo, procuramos definir esses termos de
maneira clara e objetiva, bem como oferecer exemplos de
como eles são usados na economia.
Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
No segundo capítulo da obra de Mankiw (2006) e no
segundo capítulo da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006)
o leitor poderá saber mais sobre o assunto proposto neste
capítulo.�
Atividades
Suponha que um clima excepcionalmente quente ocasione
um deslocamento para a direita da curva da demanda de
sorvete. Por que razão o preço de equilíbrio do sorvete
aumentaria?
Utilize as curvas da oferta e da demanda para ilustrar de
que forma cada um dos seguintes fatos afetaria o preço e
a quantidade de manteiga comprada e vendida (explique
graficamente):
Aumento no preço da margarina
Aumento no preço do leite
Redução nos níveis de renda média
A seguir, são apresentadas quatro situações. Para cada
uma delas, explique o que aconteceu com a oferta e com a
demanda e suas conseqüências sobre os preços e quantida-
des de equilíbrio.
Redução da renda dos argentinos de modo a influenciar
o mercado de turismo catarinense.
�
48
�
P
�
d
d1
q/t�
Efeito da doença da “vaca-louca” sobre a demanda pela
carne bovina brasileira.
P
d1
d
q/t
Efeito da compra da Varig pela GOL sobre o mercado de
aviação civil.
P
o1
o
49
q/t�
Intensificação do uso de irrigação nas lavouras de soja.
P
o
o1
q/t
Assinale os fatores mais importantes que afetam as quan-
tidades procuradas:
Preço e durabilidade do bem.
Preço do bem, renda do consumidor e custos de
produção.
Preço do bem, preços dos bens substitutos e comple-
mentares, renda e preferência do consumidor.
Renda do consumidor e custos de produção.
Preço do bem, preços dos bens substitutos e comple-
mentares, custos de produção e preferência dos consu-
midores.
O leite torna-se mais barato e seu consumo aumenta.
Paralelamente, o consumidor diminui sua demanda de
chá. Leite e chá são bens:
complementares.
�
b.
d.
e.
�substitutos.
independentes.
inferiores.
de Giffen.�
(3)
Equilíbrio de mercado�
�
Jacqueline A. H. Haffner
�
(
�)
�
No capítulo anterior, entendemos como fun-
ciona a oferta e a demanda e definimos como essas forças
movimentam as economias de mercado.
Neste capítulo, vamos trabalhar com o equilíbrio de
mercado, isto é, faremos análises de como ele se comporta
com diferentes mudanças na oferta e na demanda.
De acordo com o comportamento do equilíbrio de mer-
cado, teremos que fazer novos planejamentos, tanto em
relação à demanda quanto à oferta, já que, se o mercado�
se encontra fora do equilíbrio, pode haver um excesso de
demanda ou de oferta, e isso certamente vai influenciar
nos preços de mercado.
(3.1)
Oferta e demanda em conjunto
O ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam
é chamado de ponto de equilíbrio ou equilíbrio de mercado.
O ponto em que a quantidade do bem que os com-
pradores desejam e podem comprar é exatamente igual à
quantidade que os vendedores desejam e podem vender é
o chamado preço de equilíbrio. Preço de equilíbrio é o preço
que iguala oferta e demanda, às vezes, é chamado de ajus-
tamento do mercado.
Dessa forma, o ponto no qual as curvas se cortam é o
ponto de equilíbrio e quantidade, a quantidade de equilí-
brio, sendo que esta é a quantidade oferecida e a quanti-
dade demandada registradas na situação em que a oferta e
a demanda coincidem.
Essas informações podem ser mais bem compreendi-
das na Figura 3.1, a seguir, na qual estão representadas as
curvas de oferta e demanda de mercado e o ponto de equi-
líbrio entre as duas.�
Figura 3.1 – Equilíbrio entre a oferta e a demanda de mercado
�
80
60
40
20
�
Equilíbrio
�
Oferta
Demanda
�
0
�
5
�
10
�
15
�
20
�
Quantidade
Fonte: VASCONCELLOS, 2001.
Na Figura 3.1, o preço de equilíbrio é R$ 60; a esse preço
são oferecidas dez unidades do produto no mercado.
Existem situações em que os mercados se encontram
fora do equilíbrio, fenômeno que pode acontecer por
excesso de oferta, que é a situação em que a quantidade
oferecida é maior do que a demandada, ou por excesso de
demanda, que é a situação em que a quantidade deman-
dada é maior do que a oferecida.
Na Figura 3.2, que se segue, são apresentadas informa-
ções de um mercado fora do equilíbrio, sendo que nesse
caso há um excesso de oferta:�
Figura 3.2 – Excesso de oferta
Excesso
de oferta
O
80
60
40
D
20
�
0
�
5
�
10
�
15
�
20
�
Quantidade
Fonte: VASCONCELLOS, 2001.
Na Figura 3.2, o preço de R$ 80 está acima do preço
de equilíbrio porque a quantidade oferecida, 15 unida-
des, está acima da quantidade demandada, que é 5. Nesse
caso, devem-se baixar os preços para aumentar as quanti-
dades demandadas para 10 unidades a um preço de R$ 60
e, assim, atingir o equilíbrio.
Na Figura 3.3 a seguir, temos outro exemplo de um
mercado fora do equilíbrio, nesse caso por excesso de
demanda.�
Figura 3.3 – Excesso de demanda
Excesso
de demanda
O
80
60
40
D
20
�
0
�
5
�
10
�
15
�
20
�
Quantidade
Fonte: VASCONCELLOS, 2001.
Nessa figura, o preço de R$ 40 está abaixo do preço de
equilíbrio porque a quantidade demandada, 15 unidades,
está acima da quantidade oferecida, que é 5. Nesse caso,
devem-se aumentar os preços para diminuir as quantida-
des demandadas para 10 unidades a um preço de R$ 60 e,
assim, atingir o equilíbrio.
Ainda existem dois casos em que o equilíbrio é afe-
tado: o primeiro é quando há um aumento na demanda, e
o segundo quando há uma redução na oferta, como apre-
sentado nas Figuras 3.4 e 3.5.�
Figura 3.4 – Como um aumento na demanda afeta o equilíbrio
80
O
40
20
D2
D1
�
0
�5
�10
�15
�20
�
Quantidade
Fonte: VASCONCELLOS, 2001.
A Figura 3.4 mostra que um determinado livro tem
grande aceitação no mercado, o que faz com que a demanda
aumente, deslocando o ponto de equilíbrio. O ponto de
equilíbrio inicial indicava um preço de R$ 20 para 5 unida-
des. Com o aumento do consumo do produto, 10 unidades,
a curva de demanda se desloca para a direita, o que pro-
voca um aumento no preço, que passa para R$ 40.�
Figura 3.5 – Como uma redução na oferta afeta o equilíbrio
�
80
�
O’
�
O
60
40
�
20
�
D
�
0
�
5
�
10
�
15
�
20
�
Quantidade
Fonte: VASCONCELLOS, 2001.
A Figura 3.5 apresenta um mercado de livros que sofre
uma queda na oferta desse bem, o que faz com que esta
diminua e desloque o ponto de equilíbrio. O ponto de
equilíbrio inicial indicava um preço de R$ 40 para 15 uni-
dades. Com a queda na oferta do produto, 10 unidades, a
curva de oferta se desloca para a esquerda, o que provoca
um aumento no preço, que passa para R$ 60.�
( . )
Ponto final
Neste capítulo, vimos que o ponto de equilíbrio acontece
quando a demanda se iguala à oferta. Também definimos
que, nesse ponto, os preços e a quantidade são o preço e
a quantidade de equilíbrio. O chamado preço e quantidade
de equilíbrio são observados no ponto em que as curvas de
oferta e de demanda se interceptam, ou seja, no ponto em
que, dado o preço prevalecente, as quantidades deman-
dadas e ofertadas se igualam. Isso quer dizer que, nesse
ponto, temos a disposição máxima de pagar por aquela
quantidade de produto (demanda). Por outro lado, nesse
preço, temos o preço mínimo pelo qual os produtores estão
dispostos a produzir aquela quantidade (oferta).
Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6 ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
No capítulo 2 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo
2 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá
saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo.�
Atividades
O aumento do poder aquisitivo, basicamente determinado
pelo crescimento da renda disponível da coletividade, pode
provocar a expansão da procura de determinado produto.
Marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as
falsas, a respeito do preço do equilíbrio.
�
(
(
(
�)
)
)
�Deslocar-se-á da posição de equilíbrio inicial para
um nível mais alto, se não houver possibilidade de
expansão da oferta do produto.
Deslocar-se-á do ponto inicial para uma posição mais
baixa, se a oferta do produto permanecer inalterada.
Permanecerá inalterado, pois as variações de quanti-
�
dades procuradas se realizam ao longo da curva ini-
cialmente definida.
Suponha que a demanda e a oferta para determinado bem
Y sejam expressas pela tabela a seguir:
�
Quadro da demanda
�
Quadro da oferta
�
Preço (R$)
50
55
60
65
70
75
�
Quantidade
25
22,5
20
17,5
15
12,5
�
Preço (R$)
50
55
60
65
70
75
�
Quantidade
0
1,7
3,3
5
6,7
8,3
�
(continua)�
(conclusão)
�
80
85
90
95
100
�10
7,5
5
2,5
0
�80
85
90
95
100
�10
11,7
13,3
15
16,7
�
Identifique o preço de equilíbrio.
Suponha que o preço atual fosse de R$ 70,00. Seria de se
esperar que o preço subisse ou caísse, após analisar o
ponto de equilíbrio do gráfico?
62�
(4)
Comportamento
do consumidor�
�
Jacqueline A. H. Haffner
�
(
�
)
�
O objetivo deste capítulo é evidenciar o
comportamento do consumidor e qual o seu papel na eco-
nomia. É importante saber o que cada consumidor busca
no mercado para satisfazer suas necessidades e como rea-
liza suas escolhas.
A teoria do comportamento do consumidor envolve o
conhecimento dos inúmeros aspectos que moldam o com-
portamentodos indivíduos, particularmente aqueles rela-
cionados aos processos de tomada de decisão. São muitas as�
variáveis que influenciam esse comportamento, que se rela-
cionam a preferências, restrições orçamentárias ou escolhas.
(4.1)
Teoria do comportamento
do consumidor
A teoria do comportamento do consumidor visa apresentar
informações que levem ao entendimento de como o consu-
midor se comporta diante de variáveis específicas.
Um exemplo é o tíquete para a compra de leite forne-
cido por algumas empresas. O questionamento que deve-
mos fazer é: como esse programa de salários indiretos
poderá ajudar as famílias que o recebem?
O tíquete será trocado por leite ou será utilizado em
outro tipo de consumo? O consumo do leite vai aumentar
com essa política das empresas?
O fundamental nessa teoria é entender como o consu-
midor se comportará no que se refere ao consumo.
Preferências do consumidor
Cada consumidor tem suas preferências e o que interfere
nisso é a imensa variedade de produtos que existem no
mercado e os gastos individuais do consumidor. Por isso, é
difícil definir suas preferências, já que cada um tem uma
forma específica de consumo, de acordo com as suas neces-
sidades, expectativas e renda.
Na Tabela 4.1 a seguir, são apresentadas as preferên-
cias de seis consumidores. Podemos observar que cada um
tem escolhas de consumo diferentes.�
Tabela 4.1 – Cestas de mercado
�
Cesta de
mercado
A
B
C
D
E
F
�
Unidades
alimentação
10
5
30
20
10
15
�
Unidades
vestuário
20
40
10
30
25
40
�
Nesta tabela, podemos observar que o consumidor a
consome 10 unidades de alimentação e 20 de vestuário; o
b consome 5 unidades de alimentação e 40 de vestuário; o
c consome 30 de alimentação e 10 de vestuário; o consu-
midor d consome 20 unidades de alimentação e 30 de ves-
tuário; o e consome 10 unidades de alimentação e 25 de
vestuário; e, por último, o f consome 15 de alimentção e 40
de vestuário.
O que o consumidor quer
Partindo do princípio de que os consumidores têm diferen-
tes escolhas, que variam de acordo com as suas necessida-
des, gostos e limitações orçamentárias, podemos apresentar
as três premissas básicas do que o consumidor quer.
Segundo Pindyck e Rubinfeld3, as premissas básicas são:
As preferências são completas. Indica que dois consu-
midores poderiam comparar e ordenar todas as cestas
de mercado.�
As preferências são transitivas. Tal premissa assegura
que as preferências dos consumidores sejam racionais.
Todas as mercadorias são boas, isto é, desejáveis, de tal
forma que, não se levando em consideração os preços,
os consumidores sempre preferem quantidades maio-
res de uma mercadoria, em vez de menores.
Essas três premissas compõem os alicerces da teoria
do consumidor. Elas não esclarecem totalmente as prefe-
rências dos consumidores, mas nos dão as coordenadas de
como o consumidor se comporta na hora de consumir.
Curvas de indiferença
Por meio das curvas de indiferença, podemos representar
graficamente as preferências do consumidor, o qual terá
de escolher entre uma cesta ou outra ou se mostrar indife-
rente entre as cestas que lhe são oferecidas.
Dessa forma, podemos dizer que uma curva de indi-
ferença representa todas as combinações de cestas de
mercado que fornecem o mesmo grau de satisfação a um
consumidor, que o deixará totalmente satisfeito.
O consumidor se mostrará inteiramente indiferente em
relação às cestas de mercado representadas pelos pontos ao
longo da curva. Essas curvas de indiferença se referem a
todas as combinações de bens e serviços que deixam o con-
sumidor igualmente satisfeito. Elas são convexas, jamais se
interceptam e possuem inclinação para baixo, como vere-
mos na Figura 4.1.
Na seqüência, apresentamos na Figura 4.2 as curvas de
indiferença e a satisfação do consumidor dadas as diferen-
tes cestas de consumo.�
Figura 4.1 – Curvas de indiferença e suas propriedades
A
�
C
B
�U2
U1
�
Bem X
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
Figura 4.2 – Curvas de indiferença e as escolhas do consumidor
69
�
50
40
30
�
H
�
B
�
A
�
E
�As cestas B, A e D proporcionam a
mesma satisfação.
▪ E é preferida a qualquer cesta em U1.
▪ Cestas em U1 são preferidas em H e G.
�
20
�
G
�
D
�
U1
�
10
�
10
�
20
�
30
�
40
Alimento
(unidades por semana)
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.�
Além das curvas de indiferença, existe o mapa de indi-
ferença, que é a representação gráfica de um conjunto de
curvas de indiferença que apresentam as preferências
de um consumidor. Na Figura 4.3, são mostradas infor-
mações sobre o mapa de indiferença e preferências do
consumidor.
Nessa figura, é possível verificar que: qualquer cesta
de mercado sobre a curva U4 é preferível em relação a qual-
quer cesta sobre a curva U3; qualquer cesta na curva U2 é
preferível a qualquer cesta sobre a curva U2, qualquer cesta
na curva U2 é preferível a qualquer cesta sobre a curva U1.
Dessa forma, as preferências do consumidor podem
ser inteiramente representadas nas curvas de indiferença
ou no mapa de indiferença, que mostram as combinações
que deixam o consumidor totalmente satisfeito.
Figura 4.3 – Mapa das curvas de indiferença
70
U4
U3
U2
U1
�
0
�
Bem X
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.�
Taxa marginal de substituição
A inclinação da curva de indiferença é chamada taxa margi-
nal de substituição (TMS), que serve para medir a quantidade
de uma determinada mercadoria, da qual um consumi-
dor estaria disposto a desistir para obter maior número de
uma outra mercadoria.
A inclinação negativa de uma curva de indiferença de
um consumidor é a medida de sua taxa marginal de substi-
tuição entre dois bens, como definido na fórmula a seguir.
TMS = –∆V/∆A
Na Figura 4.4, observamos a taxa de substituição de ves-
tuário por alimento, ou seja, a quantidade de vestuário de
que se abre mão para se obter uma unidade de alimento.
Figura 4.4 – Taxa marginal de substituição
Observação: A quantidade de vestuário de que se abre mão
para se obter uma unidade de alimento diminui de 6 para 1
�
16
14
12
�
–6
�
A
�Pergunta: Essa relação também é válida ao se abrir mão de
alimento para obter vestuário?
�
10
8
�
1
�
–4
�B
�
6
4
2
�
–2
�D
�
–1
�
E
�
1
�
F
�
1
�2
�3
�4 5
Alimento
(unidades por semana)
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.�
Nesse caso, a taxa marginal de substituição nos apre-
senta os seguintes dados:
A cesta básica A percorre a curva até a cesta básica B; a
TMS de alimentação por vestuário é TMS = –∆V/∆ A –
(–6)/1 = 6.
Quando começamos pela cesta de mercado B e percor-
remos a curva até a cesta de mercado D, a TMS cai para
4. Ou seja, o consumidor está disposto a desistir de
apenas quatro unidades de vestuário para obter uma
unidade a mais de alimento.
Se iniciarmos pela cesta básica d e seguirmos até a E, a
TMS será igual a 2.
Se começarmos pela cesta de mercado e e seguirmos
para F, a TMS será igual a 1.
À medida que maiores quantidades de uma mercado-
ria são consumidas, espera-se que o consumidor pre-
fira abrir mão de cada vez menos unidades de uma
segunda mercadoria para poder obter unidades adi-
cionais da primeira mercadoria.
À medida que percorremos a curva de indiferença
da Figura 4.4 e o consumo de unidades de alimento
aumenta, deve diminuir o desejo do consumidor de
possuir unidades adicionais desse bem. Ou seja, ele
estaria disposto a desistir de cada vez menos unida-
des de vestuário para obter uma unidade adicional de
alimento.
Os consumidores preferem, geralmente, uma cesta de
mercado balanceada a uma cesta cujo conteúdo total
seja de apenas um tipo de mercadoria.�
As curvas de indiferença nos apresentam informaçõesda disponibilidade que o consumidor tem para substituir
um bem por outro. A escolha pode ser influenciada pela
proximidade de um bem a outro. São os chamados substi-
tutos perfeitos, que são representados por linhas retas, como,
por exemplo, substituir Coca-Cola por Pepsi. Já a necessi-
dade de possuir o complemento de um bem faz com que o
consumo seja realizado em pares, como é o caso dos comple-
mentos perfeitos, que são representados por curvas com for-
mato de ângulos retos. Por exemplo: a luva direita e a luva
esquerda.
As Figuras 4.5 e 4.6 apresentam bens que são substitu-
tos perfeitos e complementos perfeitos, respectivamente.
Figura 4.5 – Substitutos perfeitos
73
4
3
2
1
�
0
�
1
�
2
�
3
�
4
�
Pepsi
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.�
Figura 4.6 – Complementos perfeitos
4
3
2
1
�
0
�
1
�
2
�
3
�
4
�
Luva esquerda
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
74
(4.2)
Restrições orçamentárias:
o que o consumidor pode gastar
A restrição orçamentária delimita todas as combinações que
o indivíduo pode adquirir devido à sua renda e aos preços.
Todos os consumidores têm suas preferências, mas
elas não explicam inteiramente como o consumidor vai se
comportar. As restrições orçamentárias dele influenciam
suas escolhas, já que, havendo limitação orçamentária,
haverá restrição na quantidade de produtos que poderá
ser comprada.�
A linha do orçamento indica todas as combinações de
A e V para as quais o total de dinheiro gasto seja igual à
renda disponível. Ainda, esboça informações sobre o con-
sumidor e as combinações das quantidades de dois bens
que podem ser adquiridos com uma renda limitada.
Para duas mercadorias, a seguinte expressão repre-
senta o que o consumidor poderá comprar:
PAA + PVV = I
A linha do orçamento está composta pelas seguintes
variáveis:
▪ I = renda fixa do consumidor
▪ A = quantidade de alimentos adquirida pelo consu-
midor
▪ V = quantidade de vestuário adquirida pelo consumidor
▪ PA e PV = preços das mercadorias no mercado
▪ PAA = o preço do alimento multiplicado pela quanti-
dade corresponde à quantidade de dinheiro gasta com
alimentação
▪ PVV = o preço do vestuário multiplicado pela quanti-
dade corresponde à quantidade de dinheiro gasta com
vestuário
A Figura 4.7 apresenta a linha de orçamento que repre-
senta o consumo de dois bens: carne e batata. À medida
que o consumidor se movimenta ao longo da linha de
orçamento, gasta menos com uma mercadoria e mais com
outra; nesse caso, troca carne por batata.
A inclinação da linha do orçamento indica a quanti-
dade de mercadoria que pode ser substituída por outra
sem que se altere a quantidade de dinheiro que o consu-
midor gasta com esses produtos.�
A inclinação da linha do orçamento é calculada por:
Inclinação = – PA/PV
Figura 4.7 – Linha do orçamento
125
100
75
Restrição orçamentária
25
�
76
�U = 100
�
0
�
25
�
50
�
75
�
100
�
125
�
Batatas
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
Na Figura 4.8, podemos observar uma linha de orça-
mento que é cortada por duas curvas de indiferença. Nesse
caso, as possibilidades de consumo se situam na curva A,
em que a linha do orçamento corta a curva; neste ponto,
o consumidor estará consumindo o máximo da sua capa-
cidade; já na curva B, estará consumindo menos do que
poderia.�
Figura 4.8 – Linha do orçamento
B
A
U2
U1
Bem 1
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
Restrições orçamentárias: efeitos
das modificações na renda e nos preços
Vimos até aqui que o consumidor faz escolhas constan-
temente e sempre prefere consumir mais diferentes pro-
dutos. A limitação ao consumo é a restrição orçamentária,
ou seja, a renda do consumidor limita o consumo. Dessa
forma, ele sempre deve otimizar esse processo de modo a
obter o máximo grau de satisfação com sua renda.
Na figura a seguir, podemos observar os efeitos das
modificações na renda sobre a linha de orçamento, em que
um aumento na renda desloca a linha do orçamento para
a direita e uma redução na renda desloca a linha para a
esquerda.�
Figura 4.9 – Efeitos das modificações na renda sobre a linha de orçamento
R$
Um aumento da renda
do consumidor desloca a
linha do orçamento para
a direita.
80
60
Uma diminuição da renda
do consumidor desloca a
linha do orçamento para a
esquerda.
20
�
L3
�
(I = $)
�L1
�
(I = $)
�L2
(I = $)
�
0
�20
�40
�60
�80
�R$
�
Alimentos
(unidades por semana)
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
78
Segundo a Figura 4.9:
Uma mudança na renda (mantidos os preços inaltera-
dos) causa um deslocamento paralelo na linha do orça-
mento original (L1).
Quando a renda de R$ 80 (L1) aumenta para R$ 160, a
linha do orçamento passa a ser L2 (ficando à direita de
(L1).
Se a renda diminui para R$ 40, a linha se desloca para
a esquerda (L3).
Por outro lado, as mudanças nos preços produzem efei-
tos sobre a linha de orçamento, ou seja, o que o consumi-
dor pode comprar é determinado não somente pela sua
renda, mas também pelos preços.�
No caso apresentado, a seguir, na Figura 4.10, temos as
seguintes informações, segundo Pindyck e Rubinfeld4:
Uma mudança no preço de um dos
renda constante) provoca uma rotação na linha de
orçamento.
Quando o preço de um alimento cai de R$ 1 para R$ 0,50,
a linha de orçamento gira de L1 até L2.
Se o preço aumenta de R$ 1 para R$ 2, a linha de orça-
mento gira de L1 até L3.
Uma mudança no preço de um dos
renda constante) provoca uma rotação na linha de
orçamento.
Quando o preço de um alimento cai de R$ 1 para R$ 0,50,
a linha de orçamento gira de L1 até L2.
Se o preço aumenta de R$ 1 para R$ 2, a linha de orça-
mento gira de L1 até L3.
79
Figura 4.10 – Efeitos das modificações nos preços sobre a linha de orçamento
�
R$
80
60
�
Um aumento no preço do
alimento para R$ 2 modifica
a inclinação da linha do
orçamento e causa sua
rotação para esquerda.
�
40
20
�
L3
(PA= 2)
�
L1
�
(PA= 1)
�
Uma redução no preço
do alimento para R$ 0,50
muda a inclinação da linha
do orçamento e causa sua
rotação.
L2
(PA= 1/2)
�
0
�20
�40
�60
�R$
Alimentos
(unidades por semana)
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.�
Podemos concluir que o consumidor sempre tenta
fazer a escolha ótima de consumo de acordo com a renda
limitada que possui, os preços de mercado, as suas expec-
tativas e gostos de consumo.
A escolha do consumidor
Vimos, ao longo deste capítulo, como o nosso consumidor
se comporta de acordo com as suas preferências, como se
localiza ao longo das curvas de indiferença e o que está dis-
posto a deixar de consumir de uma mercadoria para con-
sumir outra (taxa marginal de substituição) e, por último,
as restrições orçamentárias, isto é, como a renda interfere
no consumo, assim como as mudanças nos preços.
O problema que tentaremos resolver agora se rela-
ciona com a escolha do consumidor. O que vai proporcio-
nar maior grau de satisfação ao consumidor, ou seja, como
pode escolher a curva de indiferença mais alta possível
dada certa restrição orçamentária? Em síntese, neste item,
pretendemos compreender como a teoria da escolha do
consumidor descreve a tomada de decisões por parte dos
consumidores. Essa parte da teoria explica por que o con-
sumidor elege entre comprar um produto ou outro.
O ponto de escolha não pode ser abaixo da restrição
orçamentária, porque pontos abaixo da restrição orçamen-
tária são pontos que mostram que a renda não está sendo
consumida totalmente, isto é, o consumidor, nesse ponto,
pode atingir uma curva de indiferença mais alta ou mais
à direita. Pontos acima da restrição orçamentária são o
que todo consumidor almeja consumir, ou seja, ele sem-
pre espera se localizarno ponto mais alto de consumo,
obtendo, assim, o maior grau de satisfação. Isso se relaciona
com as premissas do consumo “quanto mais melhor” e as�
necessidades infinitas dos consumidores, como demons-
trado a seguir na Figura 4.11:
Figura 4.11 – Maximização da satisfação do consumidor dada sua restrição
orçamentária
�
PV = R$ 2
�
PA = R$ 1
�
I = R$ 80
�
40
30
20
10
�
D
�
A cesta de mercado D
não pode ser consumida
dada a restrição
orçamentária do
consumidor
U3
Linha do orçamento
�
0
�
20
�
40
�
60
�
80
Alimentos
(unidades por semana)
�
81
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
O ponto ótimo do consumidor será aquele que deverá
estar sobre a linha de orçamento; não poderá se situar nem
à direita nem à esquerda da restrição orçamentária. A cesta
de consumo que vai maximizar a escolha do consumidor
deverá ser a sua combinação preferida de bens e serviços,
o que se relaciona com a escolha apropriada de combina-
ções de bens sobre a linha do orçamento. Concluindo, o
consumidor poderá escolher somente uma cesta com com-
binações de produtos que esteja localizada sobre a linha de
orçamento, como demonstrado na Figura 4.12:�
Figura 4.12 – Maximização do consumo
�
PV = R$ 2
�
PA = R$ 1
�
I = R$ 80
�
No ponto A, a linha do orçamento e a curva
de indiferença são tangentes, e nenhum nível
mais elevado de satisfação pode ser obtido.
30
�
20
10
�
A
�
No ponto A: TMS = PA/PV = 0,5
U
Linha do orçamento
�
0
�
20
�
40
�
60
�
80
Alimentos
(unidades por semana)
�
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
82
Na Figura 4.12, observamos que o ponto máximo que o
consumidor pode atingir de acordo com sua restrição orça-
mentária é o ponto A.
Certamente, o consumidor preferiria um ponto locali-
zado numa curva acima da do ponto A, mas sua restrição
orçamentária o impede de obter essa combinação.
A escolha do consumidor será maximizada no ponto
onde a taxa marginal de substituição será igual à razão
entre os preços:
TMS = PA/PV
A utilidade (U) que um consumidor oferece a um deter-
minado bem quando o consome também é determinante
no momento da escolha de consumo. As preferências pelo�
consumo de determinado bem estaria relacionada com a
utilidade que esse bem dá ao consumidor. Dessa forma, o
conceito de utilidade se relaciona com a satisfação que um
consumidor consegue com o consumo de um conjunto de
bens. Não é apenas aquilo que é útil, auxiliar ou prático.
Utilidade pode ser considerada a percepção do consumi-
dor. O que denominamos utilidade é uma ordenação das
preferências do consumidor.
Teoricamente, as curvas de indiferença mais elevadas
proporcionam mais utilidade para o consumidor, pois ele pre-
fere sempre pontos elevados de consumo. Além disso, todos
os conjuntos de cestas ao longo da mesma curva de indife-
rença proporcionam a mesma utilidade ao consumidor.
Ainda nessa análise, podemos observar dois aspectos
relacionados com o consumo e com a sua utilidade: a utili-
dade marginal (Um) e a utilidade marginal decrescente.
Nesse sentido, a primeira análise é focada na utili-
dade que o consumidor tem ao consumir uma unidade a
mais de um determinado produto, chamada de utilidade
marginal. Por exemplo, qual é a utilidade de comprar um
segundo par de sapatos?
A segunda análise se relaciona com a utilidade margi-
nal decrescente, em que o consumo chega num ponto que
não traz tanta satisfação para o consumidor, como no caso
anterior. Teoricamente, pressupõe-se que a maioria dos
bens tem utilidade marginal decrescente. Ainda, voltando
ao exemplo do sapato, poderíamos avaliar a utilidade de
comprar três pares de sapatos.
Resumindo: Na teoria econômica, a palavra marginal
sempre se refere à taxa por meio da qual um total está se
alterando. A utilidade marginal é definida como a mudança
na utilidade total devida ao acréscimo de uma unidade na
taxa de consumo do bem em questão.�
A função de utilidade pode ser assim definida:
U = f(Q1, Q2)
Na Figura 4.13, são apresentadas duas cestas de con-
sumo e a restrição orçamentária do consumidor. De acordo
com a teoria do consumidor, este sempre vai escolher a
cesta mais à direita, que vai oferecer maior satisfação no seu
consumo. Dessa forma, esse consumidor deveria mudar da
cesta atual para a cesta ideal para ter maior satisfação.
Figura 4.13 – Ponto ótimo do consumidor
�
84
�
Cesta ideal
Cesta atual
Vestuário
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
Essa figura representa o ponto ótimo do consumidor.�
( . )
Ponto final
Vimos, ao longo deste capítulo, a teoria do comportamento
do consumidor. Buscamos compreender como o consumir
se comporta e como realiza as suas escolhas de consumo.
Vimos as curvas de indiferença, as suas propriedades e os
mapas de indiferença do consumidor.
Além disso, procuramos, por meio da curva de
demanda, entender como o consumidor se comporta em
relação ao consumo de acordo com as suas preferências,
expectativas e restrições orçamentárias. Os aspectos teóri-
cos desenvolvidos ao longo deste capítulo nos auxiliam a
entender a realidade que procuramos explicar.
Resumindo: dadas as informações disponíveis dos
preços vigentes e da renda do consumidor, elaboramos
a restrição orçamentária – que tem como objetivo prático
apresentar as escolhas do consumidor, respeitando suas limi-
tações de renda –, bem como apresentamos um conjunto de
alternativas possíveis de consumo.
Indicações culturais
MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6 ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
No capítulo 21 da obra de Mankiw (2006) e no capítulo 2 da
obra de Pindyck e Rubinfeld (2006), o leitor poderá saber
um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo.�
Atividades
Segundo Vasconcellos (2001), quais são as quatro premissas
básicas sobre as preferências individuais? Explique o que
cada uma delas significa.
Baseando-se na obra de Vasconcellos (2001), trace uma
linha do orçamento e, em seguida, uma curva de indife-
rença para ilustrar a escolha maximizadora da satisfação
associada a dois produtos.
86�
(5)
Comportamento do consumidor –
elasticidades�
�
Jacqueline A. H. Haffner
�
(
�
)
�
A elasticidade é um conceito importante na teoria
do consumidor, pois refere-se à forma de medir a sensibi-
lidade de uma variável à variação de outra. Esta análise
pode dar uma resposta mais precisa de como compradores
e consumidores se comportam no mercado.
Na tomada de decisões, os profissionais se encon-
tram em situações em que é fundamental fazer uma aná-
lise das elasticidades para ter uma ferramenta a mais para
deliberar sobre alguma mudança a ser implementada na
empresa, tanto do ponto de vista da demanda quanto da
oferta de mercado.�
Se houver interesse em saber como aumentar uma fatia
de mercado por meio da redução dos preços de um pro-
duto e avaliar o impacto dessa redução sobre a quantidade
demandada do produto, devemos calcular a elasticidade-
preço da demanda.
Por outro lado, podemos nos interessar em saber a
resposta da demanda para uma variação na renda. Para
responder a essa questão, teríamos que analisar a elastici-
dade-renda da demanda. Outra análise que pode ser feita
é com relação aos preços, ou seja, nosso foco de análise
poderia estar em avaliar como a variação no preço de um
bem afeta o outro. Para obter essa informação, temos que
calcular a elasticidade-preço cruzada da demanda.
No que se refere à oferta de mercado, também pode-
mos calcular as elasticidades, quesão o resultado de uma
variação nos preços na oferta de mercado.
(5.1)
Elasticidades da
oferta e da demanda
Nos capítulos anteriores, observamos que, por meio das
leis da oferta e da procura, é possível apontar a direção de
uma resposta em relação à mudança de preços. Tal análise
ocorre de acordo com parâmetros determinados na pró-
pria análise em questão, mas não informa o quanto a mais
os consumidores demandarão ou os produtores oferecerão
quando acontecem mudanças no mercado.
Dessa forma, quando ocorrem alterações no mercado,
tanto do lado da demanda quanto da oferta, temos interesse�
de saber qual será a resposta do mercado a essas mudanças.
As elasticidades são uma medida da sensibilidade de uma
variável em relação a outra e nos apresentam informações
de como a variação percentual de uma variável influenciará
em outra em resposta a uma variação de 1%.
(5.2)
Elasticidades da demanda
O que denominamos de elasticidade-preço da demanda (EP) é
a medida que mostra como a quantidade comprada é afe-
tada por mudanças nos preços do bem ou do serviço; ela
mede a reação dos consumidores às mudanças no preço.
O coeficiente de elasticidade-preço é definido como a
variação da percentagem na quantidade comprada dividida
pela variação no preço do produto. Em termos algébricos:
EP = (%ΔQ)/(%ΔP)
Em que:
▪ %ΔQ = variação percentual da quantidade demandada
▪ %ΔP = variação percentual do preço
Ou, segundo Pindyck e Rubinfeld5:
�
EP =
�
ΔQ/Q
ΔP/P
�
=
�
P ΔQ
Q ΔP
�
▪ Se EP é negativa, dizemos que o bem é comum.
▪ Se EP é positiva, dizemos que o bem é de Giffen.�
Para aplicar a teoria, podemos utilizar o seguinte exem-
plo: avaliar um aumento no preço do café. Vamos descre-
ver uma mudança de preço do café de R$ 2,00 para R$ 2,20.
Qual seria a elasticidade-preço da demanda por café se a
quantidade demandada de café é de 85 mil quilos por ano,
quando o preço é R$ 2,20, e é de 100 mil quilos por ano
quando o preço é R$ 2,00.
Segundo Stamford:
A mudança absoluta na quantidade foi de 15 mil quilos
(100 – 85) para baixo. Em termos percentuais isso equivale
a 15%, pois a quantidade era de 100 mil quilos a R$ 2,00
no preço inicial. Quando o preço aumentou para R$ 2,20
houve uma queda na quantidade demandada de 15% [100(85
– 100)%/100].
A mudança absoluta no preço foi de R$ 0,20 (2,20 – 2,00)
para cima. Em termos percentuais isso equivale a 10%, pois
o preço inicial era R$ 2,00 e aumentou para R$ 2,20 houve
um aumento de 10% [100(2,20 – 2,00)%/2,00].6
O percentual da variação pode ser calculado com o
seguinte raciocínio: se a quantidade era 100 e caiu para 85,
temos uma queda de 15. Então, se 100 equivale a 100%, a
quanto equivalerá 15?
�
100
15
�
100%
x%
�
O que resulta em: 100x = 100 . 15
�
x = 1.500/100
�
x = 15%.
�
Se o preço aumentou de R$ 2,00 para R$ 2,20, o
acréscimo foi de R$ 0,20. Se R$ 2,00 era 100% do preço,
quanto seria R$ 0,20?�
R$ 2,00
R$ 0,20
�
100%
x%
�
O que resulta em: 2x = 100.0,20
�
x = 20/2
�
x = 10%.
�
Assim, a elasticidade será calculada da seguinte forma:
Elasticidade-preço da demanda (EP) = 15%/10% = 1,5
Interpretação do coeficiente de elasticidade-preço da
demanda:
A elasticidade, nesse caso, foi de 1,5. Isso significa que,
dado um aumento de 10% nos preços de determinado
bem ou serviço, haverá um decréscimo de 15% da quan-
tidade procurada. Esses resultados nos apontam para um
bem elástico, ou seja, uma pequena variação no preço vai
alterar a sua demanda. Definiremos esse aspecto no item
seguinte, quando trataremos interpretação dos resultados
das elasticidades.
As elasticidades e os seus resultados
De acordo com os resultados das elasticidades, teremos
comportamentos diferentes por parte dos consumidores,
como explicado por Stamford a seguir:
a) Se a elasticidade-preço do bem for menor que 1%, dizemos
que a demanda por esse bem é inelástica. A variação percen-
tual na quantidade é menor que a variação percentual no
preço. Ou seja, os consumidores são relativamente insensí-
veis a variações no preço.�
b) Se a elasticidade-preço do bem for maior que 1%, dizemos
que a demanda por esse bem é elástica. A variação percen-
tual na quantidade excede a variação percentual no preço.
Ou seja, os consumidores são bastante sensíveis a variações
no preço.
c) Se a elasticidade-preço do bem for igual a 1%, dizemos que
a demanda por esse bem é de elasticidade unitária. A varia-
ção percentual na quantidade é igual à variação percentual
no preço. A demanda de uma mercadoria tem elasticidade
unitária quando um aumento de 1% no preço ocasiona um
decréscimo de 1% na quantidade demandada.7
Esses dados estão organizados na Tabela 5.1 a seguir:
Tabela 5.1 – As elasticidades e sua interpretação
94
�
Intervalo
ε = 0
0 < ε < 1
ε = 1
1 < ε < ∞
ε = ∞
�Nomenclatura
Perfeitamente inelástica
Inelástica
Elasticidade unitária
Elástica
Perfeitamente elástica
�
Fonte: SARAIVA, 2008.
Na Figura 5.1, podemos observar os dados apresenta-
dos anteriormente. O preço e a quantidade e a relação des-
tes com a demanda de mercado; entre os pontos A e C a
demanda é elástica, entre os pontos C e B a demanda é ine-
lástica e no ponto C a demanda é unitária.�
Figura 5.1 – Representação gráfica das elasticidades
�
P
�
D
�
C
�
Perfeitamente inelástica
Segmento AC = elástica
Segmento CB = inelástica
Ponto C = elasticidade unitária
Perfeitamente elástica
�
B
�
D´
�
Q
Podemos concluir que as curvas de demanda são
classificadas de acordo com a sua elasticidade. A elastici-
dade-preço da demanda nos traz informações sobre como
a demanda se comporta em relação a mudanças no preço.
Dessa forma, podemos considerar que a inclinação da
curva se relaciona absolutamente com os preços, ou seja,
quanto maior for a elasticidade-preço da demanda, mais
horizontal será a curva de demanda.
Na Figura 5.2, a seguir, observamos uma curva de
demanda totalmente elástica, inteiramente horizontal. Isso
ocorre à medida que a elasticidade-preço da demanda se
aproxima do infinito e a curva de demanda se torna horizon-
tal, refletindo o fato de que mudanças muito pequenas do
preço levam a grandes variações na quantidade demandada.�
Figura 5.2 – Curva perfeitamente elástica
�
P
�
D
�
EP = ∞
Quantidade
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.
96
No caso inverso, se a curva de demanda for muito verti-
cal, menor será a elasticidade-preço da demanda. Nesse caso,
a demanda se mantém a mesma qualquer que seja o preço.
Na Figura 5.3, a curva de demanda é perfeitamente
inelástica:
Figura 5.3 – Curva perfeitamente inelástica
EP = 0
�
Q
�
Quantidade
Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006.�
Disponibilidade de substitutos próximos
Os consumidores sempre estão buscando atingir o
máximo grau de satisfação. Assim, no momento em que
aumenta o preço de um produto, eles procuram um substi-
tuto próximo que ofereça o mesmo grau de satisfação. Por
esse motivo, podemos dizer que a elasticidade-preço da
demanda é fortemente influenciada pela possibilidade de
encontrar bens substitutos. Se existirem muitos produtos
substitutos, mais elástica é a demanda e se não existirem
bens que possam substituir o bem originalmente preten-
dido, a demanda é inelástica.
Isso acontece porque os bens que têm substitutos pró-
ximos podem ser trocados com maior facilidade pelos con-
sumidores. Um exemplo de bens elásticos seriam as fitas
cassete e os DVDs, que podem ser substituídos rapida-
mente pelos consumidores devido à proximidade que existe
entre os dois produtos. Se houver um aumento no preço dos
DVDs, o consumidor poderá adquirir fitas cassete, supondo
que o preço se mantenha constante, e assistir

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