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Resumo para estudo. Clarcson Santana Maia de Medeiros Direitos das Obrigações Relação jurídica entre duas pessoas, sempre uma relação de crédito e débito. Também é chamado de direitos pessoais. Direitos obrigacionais, sempre há em ambos os polos as duas figuras a de credor e de devedor. Todos os contratos pertencem ao Direito obrigacional. Fontes das obrigações: Fontes indiretas: Atos ilícitos: art. 186 c/c art. 927, todos do CC. Aqui seria uma responsabilidade extracontratual. Negócio jurídico bilateral: Contrato. (duas ou mais vontades) Declarações unilaterais de vontades. (apenas uma vontade.) Aqui há uma responsabilidade contratual Títulos de créditos: são documentos que trazem em seu bojo, com caráter autônomo, a existência de uma relação obrigacional de natureza privada. Fonte Direta: Lei. Parte da doutrina acredita que é fonte direta das obrigações ou previsão legais. Elementos da Obrigação Civil São os pressupostos de existência da obrigação civil. Pressupostos sine qua non (sem o qual não existe). Elementos subjetivos: Existência de devedor (sujeito passivo) e credor (sujeito ativo). Elementos objetivos: Imediato: Prestação de dar, fazer, ou não fazer alguma coisa. Mediato: a prestação em si, a coisa, o dinheiro, o objeto. Elemento imaterial: Vínculo jurídico: elo que liga um devedor ao credor. Um contrato, a lei, etc. Should: debito -> cumprimento espontâneo da obrigação. Haftung: responsabilidade -> cumprimento forçado da obrigação. A prestação da obrigação moral não importa ao direito. Não há vinculo jurídico na prestação obrigacional moral. Ex de prestação moral: dar bom dia, ir à missa. Ao nascer a responsabilidade o credor poderá apenas ir atrás do patrimônio do devedor. Conceito de obrigação civil: relação jurídica que une o credor ao devedor, pelo qual o sujeito passivo vai se comprometer a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, perante o sujeito ativo, e se não o fizer, nascerá a responsabilidade, que se trata da possibilidade de o sujeito ativo solicitar na justiça o cumprimento forçado da obrigação pelo sujeito passivo, que será garantido pelo seu patrimônio. Obrigações Civis: Obrigação moral: é aquela em que não há vínculo jurídico, havendo somente os sujeitos ativo e passivo e a responsabilidade obrigacional. Ex.: dar bom dia. Obrigações Civis: são aquelas em que há os sujeitos, a responsabilidade obrigacional, e o vínculo jurídico. Obrigação natural: É obrigação que também possui há sujeitos, responsabilidade e vínculo jurídico. Fica no meio termo entre a moral e a civil. Vínculos jurídicos: Somente representado pelo “should”, pelo cumprimento espontâneo. Desta forma ele também terá o direito do cumprimento espontâneo. Nunca aparecerá o “haftung”, a responsabilidade, e possibilidade de exigência desta obrigação na jurisdição. Nunca poderá ser exigido o cumprimento forçado. O não cumprimento espontâneo de uma obrigação natural, não cabe ao devedor repetir o indébito. Ex.: dívida prescrita. Aqui só há a should, a possibilidade de cumprimento espontâneo, uma vez que não há mais a possibilidade de realização da pretensão jurídica. Neste caso não há a possibilidade da repetição do indébito, pois era um débito, em outras palavras: se alguém devia algo que já tava prescrito e pagou, por mais que tivesse prescrito, não poderá solicitar que devolva o dinheiro (repetição do indébito ou repetitio indebiti), pois a dívida existia, o que não existia era a pretensão para cobrá-la, em suma, pagou porque quis. Se o devedor pagar a obrigação natural, surge para o credor a soluti retentio, e o devedor não poderá exigir a repetitio indebiti (devolução do dinheiro). Outros exemplos de obrigação natural: gorjeta, intermediação em algum negócio jurídico sem corretagem, dívida de jogos (art 814 do CC). Direitos patrimoniais Direitos reais (coisas): Relação jurídica entre pessoa e objeto. É numerus clausus (exaustiva). Os direitos reais são criados por lei. Efeitos erga omnes. Quando se é proprietário de um imóvel, é o proprietário perante todas as pessoas. O titular tem o direito de sequela: Possibilidade de o proprietário ir buscar (jurisdição e não autotutela) a coisa e reivindicá-la, nas mãos de quem a detenha, é uma ação imprescritível enquanto for proprietário, mas e o usocapião? No usocapião, ele já não é mais proprietário, desta forma não pode mais reivindicar. São os casos previstos em lei: penhor, hipoteca, anticrese, alienação fiduciária. Direitos obrigacionais (pessoais): Relação jurídica entre pessoas. Ilimitados, podendo se relacionar da forma que bem entender, pois o surgimento do direito pessoal, via de regra, só interessa aos dois, desde que lícito. É numerus apertus (exemplificativa). Não é exaustiva, e sim exemplificativa. Efeitos inter-partes. Os direitos obrigacionais e direitos reais coexistem. Há uma relação entre eles, como no caso de empréstimo mediante uma hipoteca de um bem imóvel, ou ainda em um empréstimo mediante alienação fiduciária, em caso da compra de um carro por exemplo. Nestes casos, há uma relação de direitos obrigacionais, entre as pessoas (física e jurídica), e há uma relação de direito real entre a pessoa jurídica e o bem móvel ou imóvel que está sendo dado em garantia para o cumprimento da obrigação pessoal firmada. Em casos em que há a garantia com um patrimônio bem móvel ou imóvel, não é possível a utilização do direito de sequela por parte do detentor da propriedade. Obs.: é possível a compra de um bem imóvel hipotecado, porém, junto com a posse do bem imóvel, com a compra o novo comprador adquire também a hipoteca do mesmo, desta forma, o adquirente de um imóvel hipotecado poderá vir a perder o imóvel, se o devedor não quitar a dívida. Obrigações reais Se situam entre os direitos reais e os direitos pessoais. Também conhecidos como obrigações propter-rem (através da coisa) ou obrigações reipersecutórias (perseguir a coisa). Nesta o credor vira o devedor não por vontade, mas por ter uma relação jurídica com o objeto. Ex.: obrigação condominial. Tem que pagar o condomínio só por ter a posse daquele imóvel condominial. Não foi uma obrigação que ele desejou. Veio junto com o a relação. A partir de um momento que não tem mais a posse ou propriedade de um determinado objeto, deixa-se de ter a obrigação real, ou obrigação propter rem, e a nova pessoa que estiver na propriedade do objeto é que terá essa obrigação real, ainda que haja cobrança dessa obrigação real relacionada a período anterior à sua aquisição da propriedade do objeto. Não se pode opor uma obrigação pessoal em relação ao condomínio. Direito de vizinhança: também é direito real. Obrigações com eficácia real: Esta permite que o credor vá atrás do objeto caso não haja cumprimento de uma obrigação. Pode ser um contrato de doação com cláusula de retorno: faz doação, com clausula dizendo que se o donatário falecer primeiro que o doador, a doação voltará ao patrimônio do doador. Neste caso ainda que haja uma nova relação obrigacional entre o donatário e outro terceiro, e o bem passe a fazer parte do patrimônio do terceiro, e o donatário venha a falecer, o doador do bem, que atualmente está em posse de terceiro, poderá ir atrás do bem, retornando este bem para o patrimônio do doador, e o terceiro deverá ir atrás dos sucessores do referido donatário, para solucionar o pro. Classificação das obrigações Pode ser feita de vários ângulos: Quanto ao vínculo jurídico: Civil: já vista Moral: já vista Naturais: já vista Quanto ao objeto: De dar: entrega de um determinado objeto. De fazer: prestação de um serviço. Não fazer: obrigaçõesnegativas, comprometimento de se abster. Liquidez: Líquidas: são aquelas certas quanto a existência e determinadas quanto ao objeto. São as únicas que podem ser exigidos o cumprimento. Ilíquidas: são aquelas que são certas quanto à existência e indeterminadas quanto ao objeto, necessitando a transformação em líquidas, isto é, a determinação do objeto para que possam ser exigidas. Modo de execução: Simples: são aquelas cuja prestação é única. Ex. pagar x, ao credor A. Cumulativas: são aquelas representadas por mais de um objeto (prestações), e o devedor só cumprirá a obrigação quando cumprir todas as prestações. São representadas pela partícula “E”. Art 313, 314: Não se pode exigir do devedor outro objeto ainda que de menor valor, e nem do credor pode exigir que receba outro objeto ainda que que de maior valor. Se a obrigação é da prestação por inteiro, não se exige que se receba pelo credor parte desta, só se recebe inteiro. Não cabe consignação em pagamento de prestação que não seja inteira. Alternativas: são aquelas que embora haja mais de um objeto, o devedor cumpri a obrigação, cumprindo com apenas uma das obrigações. Representada pela partícula “OU”. Pode pertencer tanto ao devedor, quanto ao credor. Facultativas: é uma prestação são aquelas em que há um único objeto, porém, se não puder, por algum motivo, realizar aquela prestação, haverá a previsibilidade do cumprimento de outra obrigação. Ex1: se A contrata um carro de B, B tem que entregar o carro a A. porém, se não o puder fazer por um motivo específico, e assim estiver expresso no contrato, B poderá entregar uma moto. O carro ficaria “in obligatione” e a moto ficaria “in facultate solutione”. A obrigação não é de entregar a moto, e sim entregar o carro, mas por um motivo externo, o carro não pode ser entregue, e a moto, nesta situação, resolveria a obrigação. Tem que ter um motivo que vá dar a possibilidade de utilizar um “soldado de reserva”, neste caso, a moto. Ex2: se deixar um carro em uma concessionária para venda, e após um período não vender, a concessionária devolverá o carro. A devolução do carro não era a obrigação, e sim a venda, desta forma o dinheiro da venda o carro estaria “in oblicatione”, e a devolução do carro “in facultate solutione”. De execução: Instantâneas: o momento de conclusão do contrato coincide com o momento de execução do mesmo. Quando nasce já são cumpridas. No momento que surge já é cumprida. Momentos do contrato: Conclusão (nascimento do contrato: acordo de vontades) e Execução (cumprimento das obrigações). Ex.: Compra e venda a vista, no momento que o contrato nasce, já se executa a obrigação. Diferidas: são aquelas que surgem em um contrato em que o momento de conclusão é um, e o momento de execução é outro. Ex. compras a prazo. Continuadas: são aquelas em que o momento de execução se protrai no tempo, isto é, será posterior, e serão vários. Ex.: compra parceladas. Elementos: Puras: quando não tem nenhum empecilho quanto à sua eficácia. Condicionais: quando tem um empecilho quanto a um evento futuro e incerto. A termo: quando tem um empecilho quando a um evento futuro e certo. Modais (encargo): quando com a obrigação há um ônus. Pluralidade dos sujeitos: Divisível: quando divisível for o seu objeto. Indivisível: quando indivisível for o seu objeto, ou ainda quando o bem for divisível, mas por alguma razão PREVISÃO LEGAL OU CONTRATUAL, estipula-se a indivisibilidade deste bem. Quanto ao fim: De meio: são aquelas em que o devedor se compromete a ser diligente para tentar atingir determinado resultado, mas ainda que não atinja este resultado ainda não necessariamente surgirá a responsabilidade. Neste caso a responsabilidade será subjetiva. De resultado: nesta há o comprometimento de determinado fim. Ex. carro em oficina. Responsabilidade objetiva. Ainda podem ser: Principais: são aquelas que buscam fundamento jurídico de sua validade dentro delas próprias. Acessórias: são aquelas que buscam fundamento jurídico de sua validade em outras obrigações. Segue a regrinha de que a obrigação acessória segue a principal. Obrigações de Dar. O Código Civil começa com as obrigações de dar. A obrigação de dar se traduz na obrigação da entrega de um determinado objeto. Para que haja o cumprimento da obrigação de dar, é necessário a existência desse objeto. Conceitos úteis: Perda do objeto: objeto não mais existir. Deterioração do objeto: avaria, perda parcial do objeto. A transferência de propriedade de bens móveis: tradição, que é a entrega de determinado objeto. Art. 1267 do CC. Desta forma, não se transfere com a realização do negócio jurídico, e sim pela tradição, entrega deste. Se vou a uma loja e compro algo, que só vai chegar daqui a 10 dias, a propriedade daquele objeto não é minha, e só será minha após ele ser entregue. Se vou em uma loja compro algo no crediário e levo o objeto para casa, a propriedade daquele objeto já é minha, ainda que eu não pague nenhuma das parcelas estabelecidas no contrato. A propriedade de bens imóveis só serão transferidas com o registro no cartório de bens imóveis. Art. 1245 do CC. Obrigações de dar podem ser: “Res perit in domino” – a coisa perece com seu proprietário. Dar coisa certa: diante de objeto que é individualizado, particularizado. O objeto da coisa certa é infungível. Dar coisa propriamente dita: são as que existem em contratos de compra e venda. Há a transferência do objeto a ser entregue. São aquelas em que o objeto pertence ao devedor, e através da tradição, passa a pertencer ao credor. O objeto inicialmente pertence ao devedor. Perda do objeto antes da tradição: Com culpa do devedor (art. 234, 2ª parte): nasce responsabilidade. O credor tem direito às perdas e danos. (art. 402). O credor poderá cobrar do devedor todo o prejuízo que lhe sobrevier, com o não cumprimento daquela obrigação. Sem culpa do devedor (art. 234, 1ª parte): não nasce responsabilidade. A obrigação estará extinta. A obrigação resolve-se. Isto significa que se houver adiantamento de valores, este tem que ser devolvido. Volta-se ao “statu quo ante”. O prejuízo da perda do objeto será do proprietário: “res perit in domino”. Deterioração do objeto antes da tradição: Com culpa do devedor (art. 236): nasce responsabilidade. Pode-se arguir perdas e danos. O credor terá duas alternativas: Recusa o objeto deteriorado. + PeD. Aceita o objeto deteriorado abatido o equivalente à deterioração. + PeD. Sem culpa do devedor (art. 235): não nasce responsabilidade. O credor pode: Aceitar o objeto deteriorado com o abatimento proporcional no preço. Resolver (extinguir) a obrigação e não querer o objeto, uma vez que não fora comprado objeto deteriorado. As partes voltam ao statu quo ante. O objeto continua pertencendo ao devedor. OBS. do art. 237: Aos melhoramentos no objeto até antes da tradição, logo, o objeto ainda pertence ao devedor da obrigação, pode ser exigido um aumento do preço do objeto ao credor, que pode aceitar ou não esse aumento, uma vez que este não fora o objeto do negócio jurídico. Se não aceitar, a obrigação extingue-se, resolve-se, e ambos voltam ao “statu quo ante”. De restituir: são obrigações que não há transferência de propriedade. Oriundas, por exemplo, de contratos de comodato. O objeto, sempre vai pertencer ao credor. Perda do objeto antes da tradição (não há tradição, pois não há transferência de propriedade, e sim da posse, mas o código usa este termo.): Com culpa do devedor (art. 239): nasce responsabilidade. Cobrança de perdas e danos. Sem culpa do devedor (art. 238): não nasce responsabilidade. Obrigaçãoestá resolvida, extinta, resguardados os direitos do credor até o dia da perda. Statu quo ante. Prejuízo fica com o credor. “Res perit in domino.” Deterioração do objeto antes da tradição (não há tradição, pois não há transferência de propriedade, e sim da posse, mas o código usa este termo.): Com culpa do devedor: nasce a responsabilidade. Cobrança de perdas e danos. O credor pode aceitar o objeto ou pode rejeitar o objeto e a obrigação resolve-se. Em ambos os casos o credor pode exigir perdas e danos. Sem culpa do devedor: não nasce responsabilidade. O credor deverá aceitar o objeto da maneira em que se encontra para diminuir o prejuízo pela deterioração do objeto, uma vez que o prejuízo pertence ao proprietário e ele é o proprietário. OBS dos arts 241 e 242: em casos de melhoramento do objeto sem culpa do devedor, o credor lucrará com o melhoramento não sendo possível o devedor solicitar indenização. Se houver o melhoramento com culpa do devedor, isto é, ele realizar o melhoramento, será regido pelos casos das benfeitorias do CC. Dar coisa incerta: quando o objeto pode ser substituído. O objeto é fungível. “Genus nunquam perit” – o gênero nunca perece. O devedor nunca poderá alegar perda ou deterioração do objeto antes da tradição, pois deverá arrumar outro, uma vez que é fungível. Desta forma, não importa a obrigação ser de dar coisa incerta propriamente dita ou de restituir coisa incerta, que independente da culpa ou não do devedor, ele deverá fazê-lo, não podendo alegar a perda ou deterioração sem culpa, tentando se eximir da obrigação. Art. 246. Toda obrigação pecuniária é obrigação de dar coisa incerta. Concentração ou escolha: momento em que o devedor vai no gênero e escolhe o objeto e disponibiliza para o credor. Apenas neste momento, a obrigação deixa de ser de coisa incerta e passa a ser coisa certa, e passa a ser tratado como tal para fins legais. Art. 245. A escolha é em regra do devedor, salvo quando o contrato disser diferente, não devendo entregar a coisa pior, e nem a melhor, logo, o critério é o mediano. Art 244. Obrigações de fazer Exige-se um comportamento do devedor. Ex.: contrato de prestação de serviço: Ao devedor assiste o direito de não cumprir a obrigação. Se por conduta deliberada do devedor ele se recusa a fazer uma obrigação que era personalíssima, a consequência será apenas perdas e danos. Se divide em: Obrigações de fazer fungíveis: Possibilidade de substituição do devedor. Descumprimento com culpa do devedor: perdas e danos. Possibilidade de requerer a execução específica ou a obtenção de um resultado prático equivalente, às custas do devedor, ou ainda a possibilidade de autotutela, isto é, poderá ele mesmo fazer, ou às suas expensas mandar fazer, e depois requerer em ação regressiva ressarcimento. (art. 249, e p. ú.) Descumprimento sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação (art. 248). Obrigações de fazer infungíveis (obrigações personalíssimas ou “intuito persone” – em razão da pessoa): Impossibilidade de substituição do devedor. Pode ser em razão da pessoa ou em razão do contrato. Descumprimento com culpa do devedor: perdas e danos (art 247). Só poderá pedir indenização, sendo possível solicitar que haja o cumprimento forçado, mediante a instituição de astreintes, mas este pode pagar multa e não fazer. Descumprimento sem culpa do devedor: a obrigação está em resolvida, e não se fala em perdas e danos (art. 248). OBS.: As obrigações civis quando da morte do devedor, serão passadas para seus sucessores, na medida da herança. V ou F? Verdadeiro em parte, pois de fato as obrigações são repassadas para os herdeiros, exceto as obrigações de fazer personalíssimas ou infungíveis, pelo óbvio. Então a resposta é F. Obrigações de não fazer. Quando o devedor se compromete a não fazer determinado ato. O inadimplemento se dará quando o devedor faz o ato que se comprometeu não fazer. Possibilidade de reversão do descumprimento da obrigação de não fazer: Inadimplemento da obrigação sem culpa do devedor: a obrigação estará resolvida, extinta. (art 250) Ex.: realização de contrato entre vizinhos com a obrigação de não construir um muro maior que 1 metro. Prefeitura edita norma que diz que todos os muros têm que ser maiores que 1,5 m. devido a imposição da norma municipal há a obrigação de construir um muro maior que um metro, o que acarretará no descumprimento da obrigação de não fazer. Inadimplemento da obrigação com culpa do devedor: Se for reversível, poderá: Se exigir o cumprimento da obrigação, isto é, poderá exigir que este desfaça o ato que fez e que antes se obrigara a não fazer; + perdas e danos. Poderá mandar que outrem desfaça este ato, às custas do devedor; + perdas e danos. Utilizar de autotutela em caso de urgência, e mandar desfazer, às suas expensas, sendo ressarcido depois. + perdas e danos. Obrigações alternativas São aquelas que embora haja mais de um objeto, o devedor cumpre a obrigação cumprindo com apenas uma das obrigações. Representada pela partícula “OU”. O contrato vai determinar a quem a escolha da prestação pertence, se ao devedor ou ao credor, quando o contrato for omisso a escolha pertence ao devedor. Então a regra é que a escolha per pertence ao devedor (art. 252). Devedor “qui certat de damno vitando”. O devedor estará evitando um dano maior. Não se pode obrigar o credor a receber parte de uma prestação ou/e de outra. A obrigação de prestação periódica, a alternatividade de escolha se dará em cada uma das prestações. Se a escolha cabe mais de uma pessoa, a questão não pode ser resolvida pela maioria, apenas pela unanimidade. Neste caso, apenas o Juiz poderá decidir. Se for estabelecido que um uma pessoa vai realizar a escolha, e esta não quiser ou não puder, caberá ao juiz da causa realizar a escolha. (art. 251 e 252). Nas obrigações alternativas dar coisa certa: Escolha cabendo ao devedor: A perda de um dos objetos, independente de culpa do devedor, não acarreta nenhuma sanção ao devedor, haja vista que a obrigação continua para os outros objetos. (art 253). O devedor pode perder a maioria dos objetos da obrigação alternativa, restando pelo menos um para cumprir a obrigação. Perda do último objeto com culpa do devedor: o valor do último objeto + perdas e danos. (art 254). Perda do último objeto sem culpa do devedor: a obrigação se resolve. (art 256) Escolha cabendo ao credor: Perda do objeto sem culpa do devedor: o credor só poderá exigir o objeto que resta, não cabendo perdas e danos. Perda do objeto com culpa do devedor: ao credor pode escolher o valor do objeto perdido + perdas e danos, ou escolhe o objeto que resta. (art 255, 1ª p.). Se se perderem todos os objetos: Com culpa do devedor: o credor poderá exigir o valor de qualquer dos objetos + perdas e danos. (art 255, 2ª p.) Perda do último objeto sem culpa do devedor: a obrigação se resolve. (art 256) Obrigações Divisíveis A obrigação é divisível, quando divisível for o seu objeto. Por mais que a obrigação seja divisível, não se pode fracionar, a obrigação deve ser paga por inteira, pois caso contrário não há adimplemento da obrigação. Só é estudada se houver mais de um credor ou mais de um devedor. Regra geral: Concursu partes fiunt (art 257) Na obrigação divisível, esta obrigação será dividida em tantos quantos forem os devedores ou credores. Ex.: João e maria devem 1000 reais a Pedro. Logo Pedro pode cobrar 500 reais de João, e 500 reais de Maria. As obrigações não se comunicam. Exceções: obrigações indivisíveis, obrigações solidárias (não é presumida, apenas por força da lei ou expressa vontade das partes). Obrigação Indivisível Só é estudada se houver mais deum credor ou mais de um devedor. Obrigação é indivisível, quando indivisível for o seu objeto. O objeto pode ser indivisível além de por sua natureza (o objeto ser indivisível em si), ou ainda que divisível, ele passa a ser indivisível por determinação legal, ou as vontades das partes, ou por seu valor econômico. Regra geral: Com pluralidade de devedores: Ex.: Pedro e Maria devem um carro a João. Neste caso, uma vez que é uma obrigação indivisível, João poderá cobrar a obrigação por inteira (art 259) tanto a Pedro, quanto a Maria. Cobrando de qualquer um dos devedores, este devedor que pagou a obrigação será sub-rogado (substituição do credor dentro da mesma obrigação) e terá todas as prerrogativas e garantias que tinha o credor para cobrar do outro(s) devedor(es) (art 259 p. ú.). A sub-rogação não causa extinção da obrigação primária, surgindo uma nova obrigação, exceto ao devedor primitivo. Com pluralidade de credores: Ex.: A, B, e C são credores de um carro do devedor G. Qualquer um dos credores poderá exigir o todo dos credores. O devedor só cumpre a obrigação pagando a todos em conjunto ou pagando a um credor e este pagando caução de ratificação perante os demais credores. (art. 260). Se um dos credores receber o todo, os demais poderão exigir do credor a parte que lhe toca, mas a obrigação com o devedor primário não cumpriu a obrigação, ele estaria pagando mal, e quem paga mal, paga duas vezes. Se um dos credores der o perdão da dívida (remissão [missa] da dívida), os outros credores poderão exigir o todo, desde que dê ao devedor a cota parte que lhe foi perdoada. (art 262) Preso pode remir a pena. Haverá a remição [com Ç], que é a substituição da pena. A obrigação se torna divisível quando se está em frente a perdas e danos. Obrigações solidárias Solidariedade não se presume, é decorrente apenas por força de lei, ou por vontade das partes (previsão contratual). Se há solidariedade no polo passivo, isto é, pluralidade de credores, significa que a cada um dos devedores poderá ser exigida a dívida. Se há solidariedade no polo ativo, isto é, pluralidade de devedores, significa que cada um dos credores poderá exigir a dívida. Por que se tornar credor solidário? Parte da doutrina diz que a solidariedade ativa já deveria ter saído do CC, por estar em completo desuso. Já a solidariedade passiva é importantíssima, uma vez que é muito importante para uma garantia do cumprimento da obrigação. Solidariedade ativa: Dizer que há a solidariedade ativa, implica em dizer que qualquer credor poderá cobrar a obrigação inteira (art 267). O devedor cumpre a obrigação pagando a qualquer um dos credores. No momento do pagamento integral a qualquer um dos credores há a extinção da obrigação do devedor. Ex.: solidariedade ativa: conta conjunta (credores em relação àquela conta). Enquanto nenhum dos credores entrar em juízo, a obrigação poderá ser paga a qualquer um dos credores. (art. 268) Antes do cumprimento da obrigação, se algum dos credores falecer, se deixou herdeiro, estes somente poderão cobrar a sua cota parte, em nome próprio, exceto se a obrigação for indivisível, onde poderá cobrar o objeto todo, aplicando a regra da indivisibilidade. (art 270) Dúvida no art 269. Ora, se o credor não é obrigado a aceitar nada, incluindo aí, objeto mais valioso, senão a obrigação estipulada, como é que poderá ter pagamento parcial, e este se extinguirá até o montante pago? Nas obrigações solidárias ativas, havendo perdas e danos, tocantemente ao valor do objeto, os credores continuam sendo solidários. (art 271). O credor que tiver remitido (remissão) a dívida, responderá aos outros pela parte que coubessem a estes outros. (art. 272) Oposição de exceções (defesa em juízo): Gerais: oponíveis a qualquer pessoa. Ex.: caso que venha a gerar nulidade. Ato praticado por absolutamente incapaz. Pessoais: oponíveis a pessoa específica. Ex.: defeito do negócio jurídico, como coação. Não se pode opor exceções pessoais aos demais credores solidários. Isto significa que se um contrato foi feito com pluralidade de polo ativo, e um dos credores coagiu o devedor à realização do contrato, e o outro credor do polo ativo, que nada teve a ver com a coação cobrar a dívida, esta exceção pessoal, o fato de ter sido coagido por um dos credores, não pode ser levantado para evitar o adimplemento da obrigação. (art. 273) O julgamento contrário a um dos credores não atinge os outros, já o julgamento favorável é aproveitado, exceto se este se fundar em exceção pessoal que o credor obtiver. (art 274) Solidariedade passiva: É a possibilidade de se ter vários devedores e um credor. O credor pode exigir o pagamento da dívida integral ou parcial a qualquer um dos devedores solidários. Neste caso, ao devedor haverá a sub-rogação da obrigação, o que implicará no direito de exigir a cota-parte de cada um dos outros devedores. Art 275, 283. O fato de o credor escolher um devedor para realizar a cobrança da obrigação, não implica a exoneração da solidariedade em relação aos demais. Art 275 p. ú. Se houver a remissão da cota-parte de um devedor, os demais devedores ainda serão devedores solidários, porém, o credor não poderá exigir a cota-parte que perdoou. O Credor pode também exonerar a solidariedade de algum devedor, caso em que este devedor responderá apenas por sua cota-parte, e os outros devedores solidários não mais poderão ser cobrados pela cota-parte do devedor exonerado. Art 282. O pagamento parcial por parte de um devedor, não se aproveita a nenhum dos outros devedores, exceto no caso de ser solicitado o pagamento integral de outro devedor, caso em que o valor parcial já pago será subtraído. Art. 277. Depois de surgir a obrigação solidária, qualquer cláusula, condição, ou obrigação adicional feito por um devedor, não atinge os outros devedores sem o consentimento destes. Art 278. Em caso de insolvência de um dos devedores, a sua cota-parte deverá ser dividida entre todos os outros devedores solidários, inclusive ao devedor que teve a remissão de sua dívida. Art. 283. Em caso de falecimento de um dos devedores solidários, os seus herdeiros serão obrigados a pagar individualmente a sua cota-parte, relativo à cota-parte do devedor solidário que faleceu. Porém, os herdeiros em conjunto, isto é, antes de haver a partilha da herança, onde há o espólio do falecido, ainda responderão de forma solidária aos outros devedores, podendo deles ser exigido o valor integral da obrigação. Há uma ressalva quanto à obrigação ser indivisível, caso em que o herdeiro poderá ser cobrado pelo todo. Art 276. Se o objeto se perder por culpa de todos os devedores, todos os devedores continuam solidários às perdas e danos. Se o objeto se perder por culpa de apenas um dos devedores, se tratando do valor do objeto, os devedores serão todos solidários, mas se tratando de perdas e danos, estes só serão exigidos do devedor que perdeu o objeto. Art 279. Os juros de mora serão devidos por todos os devedores solidariamente, porém o culpado responderá aos outros pelo que pagarem a mais. Art 280. Ao devedor que for cobrado, há a previsão de como defesa utilizar as suas exceções pessoais e as que forem comuns a todos, não podendo utilizar as exceções pessoais que forem de outro devedor. Art 281. Se a dívida toda foi contraída em razão de um dos devedores, em caso de se cobrar essa dívida de devedor diferente do que fora o motivo da contração da dívida, este devedor, ao se sub-rogar poderá cobrar a dívida integralmente apenas do devedor em razão do qual a dívida fora contraída. Art. 285.
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