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resumo Np2 Pato Especial

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Np2 Pato Especial.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE.
 Transtornos de personalidade: Histriônico, dependente, borderline, esquizoide, paranoide, antissocial (sociopata), impulsivo, obsessivo, ansiosa, esquizotípico, narciso.
Transtornos de Personalidade
Artigo de João Sérgio Siqueira Telles
Observando a classificação dos transtornos de personalidade oferecida pela DSM4 (1), com facilidade chegamos à conclusão que eles abrangem praticamente todas as modalidades do comportamento humano. Os transtornos de personalidade, e é também a própria DSM4 quem o afirma, se fundem por um lado com o comportamento dito "normal" e por outro com a doença: " (...) considerando tais patologias pelo que chama de "perspectiva dimensional", seria possível vê-las como variações mal-adaptativas de traços de personalidade que - por um lado - imperceptivelmente se fundem uns com os outros e com a normalidade, e, por outro, como disfunções da personalidade num continuum com os transtornos gerais do Eixo I" .
Por isso mesmo, por ser um diagnóstico que tenta descrever distúrbios psíquicos que se colocam num espaço entre o "normal" e o "patológico", o diagnóstico de "transtorno de personalidade" não é de fácil aplicação. Mais do que qualquer outra patologia mental, eles nos colocam as complexidades inerentes do diagnosticar em psiquiatria, desvelando a responsabilidade social deste ato, no qual está implícito o exercício de um poder. São problemas para os quais devemos ter a maior atenção, desde que fomos para eles alertados por Foucault (2).
Darei aqui uma notícia de como a psicanálise encara os "transtornos de personalidade", os quais chamamos de "transtorno de caráter". Em seguida me deterei naquele tipo de distúrbios mais ligado às atuações e à deliquência e, finalmente, farei alguns comentários sobre o que se convenciona chamar "novas formas de subjetivação", que poderiam ser enquadradas dentro dos "transtornos de caráter".
Para melhor falar dos "transtornos de personalidade", vamos voltar um passo atrás e nos perguntar o que é a "personalidade".
Fenichel (3) diz que o caráter ou a personalidade é o modo habitual de conduta de uma pessoa. Essa conduta, por sua vez, é a resultante final de uma série de complexas operações referentes aos modos habituais de adaptação do ego ao mundo externo, ao id e ao superego.
Assim, a personalidade, o caráter, a conduta são todos aspectos ligados ao ego, são resultantes de sua impossível tarefa de se equilibrar entre as exigências de três senhores, o id (impulsos internos), o super-ego (exigências morais) e a realidade.
Por dizerem respeito ao funcionamento do ego, os transtornos de caráter não foram matéria de especial interesse para Freud, que se dedicava mais ao mapeamento e descrição do inconsciente. Mesmo assim, eles fez as primeiras descrições do quadro. Já em 1905, em "Três ensaios sobre uma teoria da sexualidade"(4) diz ele: "O que descrevemos como o 'caráter' de uma pessoa é construído em grande parte com um material de excitações sexuais e se compõe de instintos que foram fixados desde a infância, de construções alcançadas por meio da sublimação, e de outras construções, empregadas para eficazmente conter os impulsos perversos que foram reconhecidos como inutilizáveis. A disposição sexual perversa multiforme da infância pode assim ser considerada a fonte de várias de nossas virtudes, na medida em que, através da formação reativa, estimula o desenvolvimento delas".
Em 1913, descreve o "A Disposição à Neurose Obcessiva" (5), em torno de três traços do caráter do obcessivo - ordem, economia e obstinação. O que fica claro aí é a existência de diferentes processos na instalação da neurose e na formação ou no transtorno do caráter. Diz Freud: "No campo do desenvolvimento do caráter, estamos sujeitos a encontrar as mesmas forças instintuais que encontramos em operação nas neuroses. Mas uma nítida distinção teórica entre as duas se faz necessária pelo único fato de que o fracasso da repressão e o retorno do reprimido - peculiares aos mecanismos da neurose - acham-se ausentes na formação do caráter. Nesta a repressão não entra em ação ou então alcança sem dificuldades seu objetivo de substituir o reprimido por formações reativas e sublimações. Daí os processos da formação de caráter serem mais obscuros e menos acessíveis à análise que os neuróticos".
Posteriormente, com a Segunda Tópica, Freud revê a formação do carater à luz de suas descobertas sobre a melancolia. Diz: "Alcançamos sucesso em explicar o penoso distúrbio da melancolia supondo [naqueles que dele sofrem] que um objeto que fora perdido foi instalado novamente dentro do ego, isto é, que uma catexia de objeto foi substituída por uma identificação. Nessa ocasião, contudo, não apreciamos a significação plena desse processo e não sabíamos quão comum e típico ele é. Desde então viemos a saber que esse tipo de substituição tem grande parte na determinação da forma tomada pelo ego, e efetua uma contribuição essencial no sentido a construção do que é chamado de seu 'caráter'.(...) De qualquer maneira, o processo, especialmente nas fases primitivas de desenvolvimento, é muito frequente, e torna possível supor que o caráter do ego é um precipitado de catexias objetais abandonadas e que ele contem a história dessas escolhas de objeto". (6)
Assim, do ponto de vista analítico, o que marcaria uma grande diferença entre os transtornos de personalidade (ou de caráter) e os demais quadros, é que, nestes distúrbios, o conflito inconsciente, ao invés de ser reprimido e retornar como sintomas psíquicos, ele produz uma formação reativa que vai alterar o ego, que passa a ter determinadas características específicas, sem que isso necessariamente traga angústia ou seja vivido como patológico, desde que estas alterações são, na maioria das vezes, ego-sintônicas.
Assim, com a descrição do "caráter", passamos a entender que o caráter é, ele mesmo, um "transtorno", pois constatamos que determinados padrões de conduta na vida diária têm origem defensiva, seriam uma adaptação aos conflitos inconscientes, uma tentativa de resolvê-los do melhor modo possível. Essa alteração no ego poderá apresentar duas possibilidades. Ou vai favorecer a descargas pulsionais, quando teremos carateres "sublimados" ou vai impedir tais descargas, quando teremos carateres "reativos" (os evitatórios, que gerarão quadros fóbicos, ou os opositores, que gerarão quadros obcessivos com formações reativas). Tais alterações no ego o rigidificam, tirando-lhe toda flexibilidade e a liberdade.
Fenichel organiza os transtornos de personalidade em três categorias: a) os decorrentes de uma conduta patológica frente ao id (frigidez e pseudoemotividade, defesas contra angústia, racionalização, idealização, traços anais, orais, fálicos, uretrais, castração, caráter fálico e genital), b) os decorrentes de uma conduta patológica frente ao superego (defesas contra culpas, masoquismo moral, dom juanismo, falta aparente de sentimento de culpa, criminalidade e má identificação, atuação, neurose de destino) e c) os decorrentes de uma conduta patológica frente a objetos externos (fixações em etapas prévias do amor, inibições sociais, ciumes, ambivalência, pseudo sexualidade).(3)
São praticamente os mesmos distúrbios descritos na DSM4, reorganizados dentro do referencial psicanalítico. Vemos, como naquela outra classificação, que neste grande grupo de transtornos temos aqueles que se aproximam bastante dos padrões tidos como "normais", assim como aqueles que se afastam mais significativamente.
Dentre estes últimos vamos ver aqueles que se caracterizam pelo comportamento atuador e delinquencial, que podem chegar eventualmente ao comportamento francamente criminoso. Estes pacientes não têem capacidade de viver o conflito de forma autoplástica, quer seja com a produção de um sintoma psíquico, quer seja como uma alteração em seu ego. Eles lidam com seu conflito de forma aloplástica, fazendo sofrer aqueles que lhe estão próximos.
Nesta forma aloplástica de lidar com o conflito, eles se expressamem condutas que na grande maioria das vezes infringem a lei, o que evidencia um contato precário com a realidade, pois não devemos esquecer que a realidade não se impõe por si, não é uma mera questão de percepção. A realidade decorre das redes simbólicas e imaginárias que lançamos sobre o real. No que diz respeito ao ser humano, isso se dá através do Complexo de Édipo, que constitui o aparelho psíquico propriamente dito, a subjetividade, a estruturação do sujeito.
Devemos lembrar que o desejo mais primitivo, mais central é aquele de retornar a uma fusão com a mãe, numa relação de completude narcísica sem nenhuma falha. Este desejo será ressignificado através da organização do complexo de castração e do complexo de édipo. Para tanto a função paterna é fundamental. É ela que vai exercer a instauração da lei, o que vai se opor ao gozo do corpo da mãe. Sem isso, o desejo não se organiza e o princípio da realidade não vigora. Ao ser exercida a castração simbólica, a lei se instala e dá acesso à possibilidade de subjetivação, na medida em que corta a simbiose fusional criança-mãe, estabelece a perda do objeto e a possibilide de representá-lo, instaura o simbólico e a possibilidade de contato com a realidade.
Esse processo não se organiza para os psicóticos, que continuam no gozo do corpo da mãe, tendo portanto vetado o acesso à própria subjetivação e à realidade. Os neuróticos e os "normais" atravessam a castração simbólica. Os perversos fazem uma monobra onde a castração é simultaneamente reconhecida e negada (denegação). Desta forma, a lei é driblada, quer seja na fantasia, ligando-se ao mundo interno e às identificações sexuais, quer seja na conduta, o que leva a afrontar diretamente outras leis, agora as leis que regem a convivência social. São estes os "sociopatas", os que praticam delinquências e crimes.
De modo geral, podemos dividir os atuadores delinquentes em dois grandes grupos: 
Aqueles que seriam os efetivos sociopatas e aqueles que se aproximariam dos "criminosos em consequência de um sentimento de culpa", descritos por Freud (8). Os primeiros são os que não estabelecem uma identidade com os meios de adaptação construtivos e socialmente úteis, não conseguem desenvolver os controles que permitem adiar a realização do desejo dentro da realidade, não conseguem reprimir a agressividade. Haveria uma dificuldade no estabelecimento da lei, da castração simbólica, o que levaria a falhas na formação do superego ou do ideal do ego, ligadas a falhas identificatórias com o genitor do mesmo sexo, traumas por graves carências afetivas em fases primitivas, impossibilidade de metabolizar tensões a nível psiquico, o que libera um arcaico movimento de descarga motora, fora do simbólico.
Nos segundos, os "criminosos em consequência de um sentimento de culpa", um patológico sentimento de culpa, devido a um super-ego sádico, os leva a ter determinadas condutas que desencadeiam punições as mais variadas, inclusive as legais, como na situação citada por Freud, o assassino que mata para ser preso e punido. A punição provocada por eles mesmos daria um alívio para os insuportáveis sentimento de culpa.
Platão, citado por Freud (9), diz que que o homem virtuoso se contenta em sonhar aquilo que o homem perverso realmente executa. Ou seja, os desejos inconscientes comuns a todos estão repletos de fantasias de assassinato e incesto, como se evidenciam, por exemplo, no complexo de Édipo. A grande diferença entre o "homem virtuoso" e o "homem perverso" é que no primeiro tais desejos são reprimidos pelo superego e sublimados seguindo as exigências do ideal do ego, coisa que não acontece no segundo, cujo aparelho psiquico apresenta falhas nestas duas instâncias, devido a graves distúrbios no relacionamento com as figuras primárias.
Jean Michel Labadie, citado por Chartier, observa como é curiosa a atitude do analista frente a criminalidade.Em sua opinião, os analistas, "grandes profissionais da violência interna", se desinteressaram dos criminosos porque o crime sexual e sangrento está no próprio cerne de suas concepções originárias da neurose. Assim o analista tem muito mais contato com as fantasias agressivas, homicidas do que com aqueles que efetivamente executam estas fantasias. (10). De fato, o tratamento do delinquente é algo inabordável pela psicanálise clássica, o que não impede que alguns procurem adaptar os preceitos analíticos a este dificil tipo de paciente.
Abordarei agora o que muitos chamam de "novas formas de subjetivação", que poderiam ser entendidas como novos transtornos de caráter, como as personalidades borderline ou narcísicas. Essa possibilidade de aparecerem novas "formas de subjetivação", com subsequentes novas patologias, não é propriamente uma novidade, se lembrarmos que já Fenichel, há muitos anos, dizia que a incidência dos transtornos de caráter pareciam prevalescer sobre as neuroses, fato que atribuia - tal como fazemos agora - às mudanças sócio-culturais que levavam a alterações nas formas sintomáticas por uma diminuição da repressão. Diz ele: "Atualmente desaparece a diferença entre sintoma e personalidade, atualmente os transtornos são mais pervasivos, menos definidos, muitas vezes mais incômodos para as pessoas próximas de quem os sofre do que propriamente para as próprias. A fórmula segundo a qual 'o que foi reprimido irrompe sob uma forma estranha ao eu' deixou de ser válida, porquanto a forma, frequentemente, nao é estranha ao ego, ao ponto que o fracasso da defesa é menos manifesto, frequentemente, que a elaboração da mesma"(11). p. 519
Birman, enfoca as novas subjetivações em torno da chamada "cultura do narcisismo", como vista por Lasch, ou da "cultura do espetáculo" descrita por Debord, onde um ego inflado, em exclusivo auto-centramento, procura uma estetização de si mesmo, ignora o outro. A alteridade deixa de existir como um valor, exceto o de uso para engrandecimento do próprio ego. A mídia teria importância na medida em que proporciona um culto à imagem e à aparência, criando um lugar onde todos querem estar endeusados e engrandecidos.
As "depressões", "síndromes do pânico" (essas duas grandes vedetes dos consultórios atuais) e as toxicomanias decorreriam da frustração narcísica. A necessidade de manter a satisfação narcísica alimentaria o narcotráfico e a própria ênfase atual da psiquiatria na farmacologia, a seu ver, seria uma contrapartida, um movimento próximo ao do narcotráfico, por enfatizar a crença na possibilidade de ter rápidas e fáceis satisfações químicamente condicionadas, ignorando a importância do mundo simbólico do paciente (12).
Vejo a grande incidência dos distúrbios narcísicos atuais de uma forma um tanto diferente. Se entendemos o narcisismo como o momento de fusão com o objeto primário, as disfunções narcísicas apontam para a existências de sujeitos nos quais a castração simbólica não operou adequadamente, deixando-os permanentemente numa atitude de adição frente a suprimentos narcísicos dos quais não podem abrir mão, sem os quais não podem subsistir. Esses suprimentos narcísicos poderão ser fornecidos pela droga ou pelo outro, ao qual há uma aderência, uma dependência fusional pouco reconhecida.
Nesses casos não há o reconhecimento de uma efetiva alteridade, pois o sujeito não se discrimina inteiramente do objeto, está nele entranhado sem o reconhecer e sem se reconhecer. Aparentemente ele "usa" o outro, na verdade ele necessita vitalmente deste outro, não poderia existir sem ele.
Poderíamos pensar o que levaria ao aparente aumento desta patologia. Seria - como muitos dizem - a decadência do nome-do-pai, da lei, o que resultaria numa castração simbólica evitada? Estaria isso ligado à constatação de uma generalizada desorganização familiar, quer seja através da aceitação social cada vez maior do divórcio nas sociedades do primeiro mundo, quer seja pela desagregação condicionada pela miséria econômica vivenciada nos confins do império global, como é nosso caso? O fato é que em ambas situações a família não estaria mais exercendo sua função primordialde lugar onde se estrutura a subjetividade, onde se constitui o sujeito humano, onde a função materna e a função paterna tomam corpo e são exercidas, proporcionando as matrizes identificatórias essenciais, mediando os padrões culturais da sociedade para as novas gerações.
Esse mundo da patologia narcísica é alimentado pela midia e pela sociedade do consumo. A mídia, especialmente a toda-poderosa televisão, nos bombardeia initerruptamente com imagens de sucesso sexual e financeiro, mostrando um novo olimpo, onde desfilam os atuais deuses cheios de beleza, juventude, dinheiro e fama. Ela promete a acesso a este olimpo, desde que sigamos suas instruções de consumo, insistemente propagadas através da publicidade. Isso tem um efeito altamente nocivo. Sabemos que a publicidade em si é enganosa, é uma falácia. Para vender seu produto, apela para a fantasia de todos, promete a realização de secretos desejos inconscientes. Sabemos de tudo isso, mas, como diz Mannoni (13), "mesmo assim", seguimos as instruções de consumo, na impossível esperança de atingir o paraíso prometido. Quando se esgota a denegação e a realidade se impõe, resta apenas uma grande frustração com as promessas não cumpridas, um aumento das feridas narcísicas, um imenso incremento da inveja frente aos felizes habitantes do olimpo.
Dizendo de outra forma, a televisão impõe padrões narcísicos absolutamente irrealísticos veiculados massivamente através da publicidade, frente aos quais todos nós reagimos desenvolvendo uma forma de pensar perversa, como disse Mannoni..
Frente ao narcisismo inevitavelmente ferido pela realidade, só restam duas alternativas. A primeira é tentativa desesperada de restaurá-lo, numa insana procura de subsídios narcísicos. Drogas, relações fusionais, negação da alteridade, intolerância, projeção do insuportável, o querer acreditar que tudo se resolve facil e rapidamente. Às vezes me parece que a psiquiatria, como diz Birman, talvez inadvertidamente, entre por esta via, acreditando tudo poder fazer com as drogas, dispensando a dimensão humana, subjetiva, simbólica do paciente. A segunda é a que a psicanálise oferece, indo na contra-mão do espírito do tempo, nadando contra a atual maré. É proporcionar o confronto com a inevitável ferida narcísica da castração, única via para uma integração maior do psiquismo e um contato mais efetivo com a realidade interna e externa de cada um. Não deve nos produzir muita admiração, constatar que os compradores de ilusão, e eles são legião, não se interessam muito por tal mercadoria.
1) Segundo a DSM4, os transtornos de personalidade estão assim classificados:
 A- os que parecem "esquisitos ou excêntricos": 1)Paranoide (padrão de desconfianças e suspeitas, os motivos dos outros são interpretados como malévolos), 2) Esquizóide (padrão de distanciamento dos relacionamentos sociais, faixa restrita de expressão emocional), 3) Esquizotípica (padrão de desconforto agudo em relacionamentos íntimos, distorções cognitivas, perceptivas e comportamento excêntrico);
 B - os que parecem "dramáticos, emotivos e erráticos": 4) Personalidade anti-social (padrão de desconsideração e violação dos direitos dos outros)
 5) Personalidade borderline (padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos, aliados a impulsividadse), 6) Personalidade histriônica (padrão de excessiva emotividade e busca de atenção), 7) Personalidade narcisista (padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia);
- C - os que parecem ansiosos e medrosos: 8) Personalidade esquiva (padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliações negativas, 9) Personalidade dependente (padrão de comportamento submisso e aderente, relacionado com excessiva necessidade de proteção), 10) Personalidade obcessiva-compulsiva (padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e controle) e 11) Personalidade sem outras especificações (quadros mistos).
- SÍNDROMES RELACIONADAS AO USO SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (ABUSO E DEPENDÊNCIA).
Síndromes relacionadas a substâncias psicoativas.
Uma forma particular dos seres humanos se relacionarem com substâncias químicas que possuem uma ação definida no S.N.C. caracterizam os quadros de abuso e dependência ao álcool e outras drogas.
DEFINIÇÕES IMPORTANTES:
DROGA PSICOATIVA: qualquer substância química que quando ingerida, modifica uma ou várias funções do S.N.C. Os efeitos produzidos pela ingestão de drogas são psíquicos e comportamentais.
DROGAS PSICOATIVAS: álcool, maconha, cocaína, café, chá, nicotina, heroína, etc...
ABUSO DE DROGAS: quando o uso de uma ou mais substância psicoativas é lesivo ou excessivo em desacordo com os padrões culturais e com a prática médica vigente.
DEPENDÊNCIA A DROGAS: estado mental e físico decorrente da interação entre um organismo e a droga psicoativa. Ser dependente de uma ou mais droga sempre inclui uma compulsão em usar a droga para obter seu efeito psíquico ou para evitar o desconforto provocado pela sua ausência.
DEPENDÊNCIA FÍSICA: é um estado em que o corpo está adaptado ao uso da droga e apresenta transtornos físicos quando o uso é interrompido.
DEPENDÊNCIA PSÍQUICA: compulsão ao uso da droga buscando a obtenção do prazer ou diminuição do desprazer.
TOLERÂNCIA: refere-se à diminuição do efeito de uma droga após administrações repetidas. É necessário o uso cada vez maior da droga para que o efeito inicial seja conseguido
Chamamos de síndrome de abstinência o conjunto de manifestações que ocorre quando o uso da droga é interrompido. Essa sintomatologia caracteriza-se por ansiedade, desconforto geral, raiva, insônia, náuseas, tremores sudorese, podendo nos casos graves ocorrer convulsões, coma e morte. Para cada tipo de droga há diferentes sinais e sintomas de abstinência.
INÍCIO DO ABUSO E DEPENDÊNCIA A DROGAS
Não há um fator que possa ser determinante no início do uso das drogas. O que se observa é que na adolescência freqüentemente o uso está relacionado com a curiosidade, excitação de estar fazendo algo errado, ser aceito no grupo, sensação de fazer parte de uma subcultura, expressão de hostilidade e independência em relação aos pais, redução de tensão, solidão, tristeza, etc.
DESENVOLVIMENTO DA DEPENDÊNCIA A DROGAS
Quando a dependência de uma droga começa a se estabelecer é comum o aumento e a freqüência das tomadas até que se estabeleça um plateau, no qual se estabiliza a dose. Paralelamente há um aumento de preocupação de como conseguir a droga, em conseqüência intensifica-se uma redução dos interesses não relacionados à droga. O indivíduo passa a maior parte do tempo pensando em localizar, adquirir e consumir a droga. Há uma negligência de outros aspectos da vida. A diminuição da auto-estima associada à redução de outros interesses, a perda de vínculos sociais, à deterioração dos cuidados consigo mesmo, a perda do auto-respeito, sentimentos de vazio, solidão, o envolvimento com atividades criminosas. Ainda fazem parte desses componentes a desnutrição, o descuido com a higiene, a promiscuidade que torna esses indivíduos vulneráveis a contrair sífilis e AIDS.
DIFERENCIAÇÃO ENTRE PSICOSES TÓXICAS, PSICOSES INDUZIDAS POR DROGAS E PSICOSES FUNCIONAIS (ESQUIZOFRENIAS, PSICOSES AFETIVAS) DESENCADEADAS POR DROGAS.
PSICOSES TÓXICAS: Quadros psicóticos causados diretamente pela ação da droga sobre o cérebro. Caracterizam-se por serem de curta duração (horas ou no máximo dias) que entram em remissão à medida que a droga é eliminada do sistema nervoso. Esses quadros incluem rebaixamento do nível da consciência, confusão mental, ilusões e alucinações visuais, medo e perplexidade. Os alucinógenos são as drogas que mais freqüentemente produzem esse quadro. (LSD) e as anfetaminas. A maconha e a cocaína em altas doses podem produzir psicoses tóxicas.
PSICOSES INDUZIDAS POR DROGAS: duram dias ou no máximo semanas. Ocorrem geralmente após período de uso intenso da droga. Podem se manifestar com quadros paranóides, quadros com forma de mania, com forma esquizofrênica ou polimorfos.São geralmente causados por cocaína (pó inalado ou injetado ou o crack fumado), por anfetaminas, alucinógenos e raramente pela maconha.
O diagnóstico diferencial com as psicoses funcionais pode ser difícil. A psicose pode ter sido desencadeada pelo abuso da droga e uma duração mais prolongada da sintomatologia (mais de um mês), a ocorrência no futuro de outros episódios psicóticos independente da exposição à droga e no caso da esquizofrenia, a presença de sintomas residuais deficitários (retraimento social, distanciamento afetivo ou afeto incongruente) mesmo meses depois de passado o quadro psicótico agudo, falarão a favor de uma psicose funcional.
ALCOOLISMO
O álcool é uma substância que induz a tolerância e a dependência física. O abuso do álcool caracteriza-se por um padrão patológico de ingestão repetitiva de bebida alcoólica, trazendo repercussões sobre a saúde física, sobre o bem estar psicológico, e sobre o funcionamento familiar e profissional.
SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA AO ÁLCOOL S. D. A.
DEFINIÇÃO: estado psíquico e físico resultante da ingestão repetitiva de álcool, incluindo uma compulsão para ingerir bebida alcoólica de modo contínuo ou periódico, havendo a perda do controle. O fenômeno da tolerância geralmente está presente.
Fenômenos característicos da S.D.A.
1-       EMPOBRECIMENTO DO REPERTÓRIO: o padrão de ingestão do álcool é cada vez mais estereotipado e repetitivo.
2-       RELEVÂNCIA DA BEBIDA: a gratificação é obtida apenas do álcool.
3-       AUMENTO DA TOLERÂNCIA AO ÁLCOOL
4-       SINTOMAS REPETITIVOS DE ABSTINÊNCIA
5-       ESQUIVA OU BUSCA DE ALÍVIO PARA OS SINTOMAS DE ABSTINÊNCIA: beber pela manhã para evitar o desconforto de uma abstinência incipiente.
6-       COMPULSÃO PARA BEBER: perda de controle.
7-       REINSTALAÇÃO MAIS RÁPIDA DA TOLERÂNCIA APÓS A ABSTINÊNCIA: a tolerância que por anos demora em se instalar reinstala-se com rapidez em alcoolista após meses de abstinência.
8-       NEGAÇÃO: o alcoolista crônico nega que o álcool seja um problema na sua vida. “O alcoolismo pode ser definido como a perda da liberdade de escolher beber e não beber, assim como com quem e onde beber”.
 Referência: DALGALARRONDO, P. (2000) Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Cap. 33. Pg. 344.              Porto Alegre: Artes Médicas.
 
OS TRATAMENTOS EM SAÚDE MENTAL
Os Tratamentos em Saúde Mental.
Chegamos até aqui com o conhecimento de várias formas possíveis de manifestação de  sofrimento psíquico. Com isso é preciso estar consciente que cada ser humano vai exigir um projeto terapêutico, uma forma de tratar. No seu livro intitulado Psiquiatria Dinâmica, Gabbard descorre sobre as formas possíveis de tratar.
Começando com a psicoterapia de grupo que tem se mostrado como uma intervenção positiva nos serviços de saúde mental. Os cuidados e indicações incluem a observação da formação do grupo que deve ser heterogênea, o grau de adesão de cada integrante do grupo. Os aspectos transferenciais e contratransferências devem ter um manejo altamente qualificado por parte do psicoterapeuta para um bom andamento do grupo.
A psicoterapia de casal e família também exigirá do profissional um manejo técnico adequado e especialmente com famílias de pacientes psicóticos, dependentes químicos, mostra-se um recurso importante. Sabemos que quando um membro da família adoece toda a família sofre uma grande desestruração. Ter um espaço para um trabalho junto à família é fundamental.
Outro recurso importante no tratamento são os psicofármacos que devem ser prescritos pelo psiquiatra. Deixamos claro que somos contra a medicalização da vida. Sabemos que atualmente o uso dos psicofármacos tem sido feito de maneira indevida, mas em muitos momentos do tratamento de pacientes psicóticos torna-se um recurso imprescindível para a ajuda na remissão de sintomas e aumento da qualidade de vida.
Um bom profissional trabalha em equipe e planeja em conjunto com outros profissionais qual a melhor estratégia de atendimento para cada paciente. Pode-se combinar o tratamento medicamentoso, psicoterápico individual e familiar, por exemplo.
Vale ressaltar que todos os recursos disponíveis na rede pública como os Centros de Convivência, as oficinas terapêuticas e de geração de renda são dispositivos na comunidade que visam à reinserção social.
Referências.
Tratamentos em saúde mental: terapia de grupo, terapia familiar/casal e farmacoterapia.
GABBARD, G. (1998). Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed. Cap. 5. P 96 a 110.
 
PSICOSES ORGÂNICAS
AS PSICOSES EXÓGENAS
Existem muitos quadros psicopatológicos provocados pela ação de agentes externos. Recebem o nome genérico de Psicoses exógenas. As alterações fisiopatológicas causais podem ser transitórias ou provocar lesões histopatológicas não reversíveis. No caso em que as alterações fisiopatológicas são transitórias o quadro psíquico não é mais que um grupo de sintomas dentro da síndrome total da afecção causal (o delírio febril é uma enfermidade infecciosa, por mais chamativo que seja nunca é mais do que um aspecto da doença), por isso se denomina a essas síndromes de psicoses sintomáticas e as formas clínicas que adotam: Tipos de reação exógena. No caso da psicose ser consequência de alterações orgânicas do cérebro, os sintomas são crônicos e estáveis e estas psicoses recebem o nome de psicoses orgânicas e a síndrome de base que lhe é comum de síndrome psicorgânica.
 TIPOS DE REAÇÃO ORGÂNICA 
As síndromes psíquicas agudas e passageiras que irrompem no curso das enfermidades somáticas (infecções, metabólicas e tóxicas) constituem-se como resposta do organismo a agressões externas e são chamadas de reações exógenas. O quadro clínico está vinculado na sua aparição a doença orgânica causal, porém os sintomas psíquicos não são constantes na mesma doença. Assim a septicemia em alguns indivíduos não produz nenhum sintoma psíquico e em outros indivíduos produz um quadro psicótico.
Dos tipos de reações exógenas são as principais o delirium, o estado crepuscular e a obnubilação da consciência.
O DELIRIUM
É o tipo de resposta que com muita freqüência se dá nas doenças infecciosas durante os episódios de aumento da temperatura e que vulgarmente descrevemos como “está delirando de febre”. Os sintomas fundamentais do delirium são: obnubilação da consciência, desorientação, alucinações e transtornos ocasionais da afetividade. Pode dar-se em diversas ordens e combinações, porém mais freqüentemente seguem três fases:
PRIMEIRA FASE: início dos sintomas. O doente já estando com um mal estar prévio, acusa inquietação psicomotora, nenhuma postura lhe satisfaz, começa a ter mudanças bruscas de humor, ri e chora com facilidade, iniciam-se os sintomas de obnubilação (fadiga mental, dificuldade de compreensão). Os sonhos adquirem grande vivacidade e não distingue bem o acontecido do sonhado.
SEGUNDA FASE: Acentuam-se os sintomas da fase anterior, especialmente a obnubilação e a inquietação psicomotora, que se converte em agitação. O típico dessa segunda fase é o surgimento de ilusões e alucinações. Primeiramente as ilusões, associadas com objetos e pessoas da habitação, aos quais incluem traços fantásticos em relação com seu estado de ânimo. O paciente se crê rodeado de pessoas, animais, máquinas, chamas, árvores, em grande profusão. As alucinações e o estado de ânimo mudam com freqüência e com elas a conduta do doente, que permanece como em êxtase ou grita e tenta saltar da cama. Nessa fase ainda é possível relacionar-se com o doente mediante fortes estímulos e assim tranqüiliza-lo momentaneamente, depois do que volta a ficar imerso em seus sintomas.
TERCEIRA FASE: Consiste em uma acentuação da anterior, as alucinações são bem mais intensas e constantes e é impossível se relacionar com o doente, que em pleno quadro de agitação psicomotora, gesticula, grita, tenta mover-se em completa independência do que ocorre a sua volta.
FIM DO DELIRIUM: O curso do delirium é paralelo ao da enfermidade causal, acentuando-sequando esta se agrava e terminando quando a doença somática cede. A desaparição do delirium pode ocorrer por crises, muitas vezes depois de um sono reparador, ficando o paciente livre das alucinações e agitações, porém com certo grau de obnubilação (pensamento lento, dificuldade de associações, compreensão torpe, diferenças no juízo e raciocínio e certo grau de desorientação) que pode durar horas ou dias. 
 O ESTADO CREPUSCULAR
 Nos estados crepusculares exógenos, como nos estados crepusculares epilépticos e de outra origem, verifica-se um estreitamento do campo da consciência, porém essa diminuição perceptiva não é fundamentalmente do tipo da obnubilação, senão derivada de uma situação interna psíquica, super saturada afetivamente, que deforma o percebido, centrando o foco de atenção sobre uns poucos objetos e não se desviando deles. A carga afetiva dominante pode ser de angústia, medo ou raiva decorrendo disso atos impulsivos violentos, como fugas desenfreadas ou atos bruscos de agressão. Muito freqüentemente o estado crepuscular adquire o caráter de uma terrível agitação, com marcada periculosidade. Sua apresentação é às vezes repentina e pode ceder também de maneira brusca. A duração do estado crepuscular é muito variável desde minutos até horas, e em raros casos de dias inteiros.
 OBNUBILAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
A obnubilação da consciência forma parte das síndromes de cada um dos quadros das reações exógenas. Está presente em quase todos os episódios agudos das psicoses sintomáticas, porém em algumas delas forma o componente principal da reação psicopatológica. Seus graus variam dentro de limites muito amplos, desde uma simples dificuldade de percepção do mundo externo até o coma. Subjetivamente é vivenciado pelo paciente como uma tendência a deixar-se dormir, desinteresse e dificuldade de percepção, compreensão e associação. Os casos mais leves caracterizam-se por labilidade e fadiga da atenção, sendo necessário estimular o paciente freqüentemente caso desejemos manter contato com o doente. A percepção e a identificação são imprecisas e não deixam marcas, sendo esta umas das razões das amnésias lacunares que podem ficar como resíduo da obnubilação. A compreensão é lenta e a dificuldade é proporcional a profundidade do transtorno, por isto o paciente não consegue associar idéias e a iniciativa e produtividade psíquica estão quase nulas. Diante de todas essas dificuldades o obnubilado tende a não compreender o ambiente, fica adormecido, porém com fortes estímulos pode-se estabelecer contatos momentâneos com ele.
TRATAMENTO GERAL DAS PSICOSES SINTOMÁTICAS.
Sendo os tipos de reações exógenas ou psicoses sintomáticas, conseqüência direta de uma enfermidade orgânica, é o tratamento desta que levará a desaparição da psicose. Como tratamento específico da síndrome psicopatológica pode ter eficácia a administração de vitamina B1 e B6 em doses elevadas duas vezes ao dia.
A SÍNDROME PSICOORGÂNICA
Quando no cérebro produzem-se alterações anatomopatológicas, a síndrome resultante é chamada psicose orgânica, e o quadro clínico é distinto se as lesões são difusas e generalizadas ou estão localizadas e afetam zonas circunscritas do cérebro. Na síndrome psicoorgânicas os transtornos de memória são muito chamativos. O quadro clínico distingue três grupos de alterações: das funções intelectuais, da afetividade, da conduta e do caráter.
FUNÇÕES INTELECTUAIS – Memória apresenta todas as possíveis variantes de alteração, desde o mero esquecimento de nomes de pessoas até amnésias lacunares ou profundas. Atenção: lábil, com rápida fadiga, o que impede a concentração, o paciente não escuta, se distrai com facilidade. A orientação pode estar alterada por conseqüência da amnésia de fixação. Inteligência diminuída. Perda da capacidade de abstração.
TRANSTORNOS DA AFETIVIDADE – Se altera o estado fundamental de ânimo, que adota um colorido variado desde a euforia até a depressão. É freqüente o matiz hipocondríaco da depressão
TRANSTORNOS DO CARÁTER E DA CONDUTA – Se combinam com os sintomas descritos. O doente evolui para uma caricatura de sua personalidade anterior, acentuando-se todos os seus defeitos de caráter (torna-se egoísta, avaro, irritável, agressivo) e por isso e pela falta de crítica e carência de inibições pode apresentar sérios transtornos de conduta como agressões, furtos, atentados sexuais, etc. que impedem muitas vezes a convivência social e exige internação.
PSICOSES NOS TUMORES INTRACRANIANOS
Nos tumores intracranianos produzem-se duas síndromes psiquiátricas, uma do tipo geral devido à hipertensão intracraniana e outra que depende da localização do tumor, tendo, pois o caráter de síndrome focal.
SINTOMAS PSÍQUICOS DA HIPERTENSÃO INTRA CRANEANA
A hipertensão intracraniana tem uma sintomatologia psíquica que acompanha e em ocasiões precede a sua sintomatologia somática, sendo a combinação das duas que orienta o diagnóstico.
SINTOMAS CARDINAIS da hipertensão intracraniana: fundo de olho, edema com estasis papilar e posterior atrofia, com a correspondente perda da agudeza visual. Cefaléia intensa e localizada, cujas exacerbações acompanham-se de náuseas e vômitos.
SINTOMAS PSÍQUICOS: os mais freqüentes são o torpor e lentidão intelectual com ligeira inibição da psicomotricidade. O paciente move-se pouco, lentamente e fala pausadamente. Dificuldade de compreensão, labilidade da atenção. Não há amnésia e a desorientação é do tipo apático. Os sintomas variam de um dia para outro em intensidade
SINTOMAS PSÍQUICOS DE LOCALIZAÇÃO
O lugar do tumor faz variar a sintomatologia psíquica, sendo um elemento importante para presumir a localização do mesmo.
TUMORES FRONTAIS-Os transtornos da afetividade são os mais chamativos - depressão-euforia. É mais freqüente a euforia que é pouco adequada as circunstâncias.
TUMORES TEMPORAIS – Afetam a área da linguagem, sendo a sintomatologia dessa índole mais intensa no hemisfério esquerdo do que do direito. Existem tumores temporais que cursam sem sintomas neurológicos e sua sintomatologia psíquica mimetiza qualquer psicose endógena. Essas formas são as que provocam erros diagnósticos fatais.
TUMORES OCCIPTAIS – Sintomas psíquicos inespecíficos de deterioração: diminuição da capacidade intelectual, depressão e amnésia de fixação, levando o doente a suprir a falta de memória com a fabulação.
TRANSTORNOS PSÍQUICOS DOS TRAUMATISMOS CRANIANOS
Nos traumatismos cranianos temos que distinguir duas classes completamente diferentes de síndromes psíquicas: uma devido ao traumatismo e seus efeitos físicos, com a correspondente alteração funcional dos neurônios. Outra devido ao impacto psíquico do acidente e suas conseqüências. Esta segunda síndrome é estudada entre as neuroses traumática. Deteremos-nos agora na síndrome fisiopatológica ainda que em muitos casos ambas as síndromes estão combinadas. As síndromes traumáticas cerebrais dividem-se em agudas - de apresentação imediata depois do trauma, com ou sem perda total da consciência, de breve duração e geralmente de recuperação total. E crônicas em que por existir lesões neuronais irreversíveis uma vez cessando os sintoma da fase aguda (durante a qual é muito difícil prever a cronificação dos sintomas), persistem sintomas do tipo demencial orgânico de diversas índoles.
	SÍDROMES AGUDAS E SUBAGUDAS
	-ESTADO CREPUSCULAR TRAUMÁTICO
	ESTUPOR TRAUMÁTICO
	-COMOÇÃO CEREBRAL
	COMA TRAUMÁTICO
	ESTUPOR PÓS-TRAUMÁTICO
	DELIRIUM PÓS-TRAUMÁTICO
	PSICOSES EM OUTRAS ENFERMIDADES CEREBRAIS
	CORÉA DE HUNTINGTON
	ESCLEROSE MÚLTIPLA
	ENFERMIDADE DE WILSON ATAXIA DE FRIEDREICH
	PSICOSES SIFILÍTICAS
	PSICOSES DA VELHICE: ARTERIOESCLEROSE
	 DEMENCIA SENIL
	 ENFERMIDADE DE ALZHEIMER
	 DOENÇA DE PICK
Referências 
DALGALARRONDO, P. (2000). Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais.                
 Porto Alegre: Artes Médicas. Cap. 35. P.226 a 236.
Referencias bibliográficas para aulas de Psicopatologia Especial (2018):19/10/18:
Transtornos de personalidade
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 22, p. 257 - 276.
Organização Mundial da Saúde. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
Síndromes relacionadas a substâncias psicoativas
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 33, p. 344 - 351.
26/10/18:
Síndromes relacionadas ao consumo de alimentos
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 33, p. 339 - 343.
Síndromes Mentais Orgânicas
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 36, p. 368 - 388.
Próxima aula:
Tratamentos em saúde mental: terapia de grupo, terapia familiar/casal e farmacoterapia.
GABBARD, G. Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 1998. Cap. 5, p. 96 - 110.
Condições necessárias para o psicólogo que realiza o trabalho com os usuários dos serviços de saúde mental e familiares.
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, Técnica e Clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. Cap. 41, p. 451 - 458.
Referencias bibliográficas para aulas de Psicopatologia Especial (2018):
19/10/18:
Transtornos de personalidade
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 22, p. 257 - 276.
Organização Mundial da Saúde. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
Síndromes relacionadas a substâncias psicoativas
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 33, p. 344 - 351.
26/10/18:
Síndromes relacionadas ao consumo de alimentos
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 33, p. 339 - 343.
Síndromes Mentais Orgânicas
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 36, p. 368 - 388.
Próxima aula:
Tratamentos em saúde mental: terapia de grupo, terapia familiar/casal e farmacoterapia.
GABBARD, G. Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 1998. Cap. 5, p. 96 - 110.
Condições necessárias para o psicólogo que realiza o trabalho com os usuários dos serviços de saúde mental e familiares.
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, Técnica e Clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. Cap. 41, p. 451 - 458.
Questionário prova PATO ESPECIAL
Síndromes relacionadas a substancias psicoativas
Defina o que são substancias psicoativas e quais são os principais termos associados ao uso de SB?
Uma substância psicoativa é qualquer substância química que, quando ingerida, modifica uma ou várias funções do SNC, produzindo efeitos psíquicos e comportamentais, As substâncias psicoativas produzem, de modo geral, uma sensação de prazer ou excitação. Os principais termos são:
A intoxicação é definida como uma síndrome reversível específica (alterações comportamentais ou mentais, como prejuízo do nível de consciência e outras alterações cognitivas, beligerância, agressividade e/ou humor instável) causada por substância psicoativa recentemente ingerida.
Fissura (correspondente ao craving, em inglês) é o termo que se dá ao desejo intenso de usar uma substância. Essa palavra(fissura) era utilizada apenas pelos usuários de substâncias, mas atualmente foi incorporada pela terminologia técnica.
A tolerância refere-se à diminuição do efeito de uma substância após repetidas administrações. O organismo passa a necessitar de quantidades cada vez maiores da substância para que se obtenha o mesmo nível inicial de seu efeito. As substâncias que produzem tolerância tendem a gerar mais dependência física; entretanto, há substâncias químicas que produzem rápida tolerância (como o LSD), mas que não ocasionam dependência física significativa.
A síndrome de abstinência é o conjunto de sinais e sintomas que ocorrem horas ou dias após o indivíduo cessar ou reduzir a ingestão da substância que vinha sendo consumida geralmente de forma pesada e contínua (APA, 2002).
Defina dependência e como ela se desenvolve? 
A dependência física é um estado de adaptação do corpo manifestado por distúrbios físicos quando o uso da substância é interrompido. Um dos indicativos da dependência física é a ocorrência de tolerância e a síndrome de abstinência que surge quando o dependente fica sem usar a substância.
 O que é a Síndrome de Dependência de Álcool e quais são seus aspectos característicos?
Já a síndrome de dependência de álcool (SDA) é definida como um estado psíquico e físico resultante da ingestão repetitiva de álcool, incluindo a compulsão para ingerir bebidas alcoólicas de modo contínuo ou periódico, havendo a perda do controle. O fenômeno de tolerância geralmente está presente. 
Para Sonenreich (1971), o alcoolismo deve ser definido como a perda da liberdade de escolher entre beber e não beber, assim como com quem e onde beber. Há certa concordância de que alcoolismo deva ser diagnosticado com base em três dimensões:
1. Dimensão física. Verificam-se aqui as alterações de saúde física decorrentes do uso repetitivo do álcool, produzindo, por exemplo, gastrite, esofagite, hepatite, pancreatite, cirrose, neuropatia periférica, síndrome de abstinência ao álcool, delirium tremens, síndrome de Wernicke-Korsakoff, alterações cognitivas e demência alcoólica, etc.
2. Dimensão psicológica. Irritabilidade, ansiedade, depressão, agressividade, insônia, perda de auto-estima, etc.
3. Dimensão social. Problemas no relacionamento matrimonial e familiar, dificuldades no trabalho e nos estudos (faltas, acidentes, desemprego, etc.), acidentes de trânsito, problemas legais, desmoralizado.
Os aspectos característicos da SDA são:
1. Empobrecimento do repertório.
O padrão de ingestão de álcool é cada vez mais estereotipado e repetitivo.
2. Relevância da bebida. O indivíduo não obtém gratificação de outras fontes, apenas do álcool.
3. Aumento da tolerância ao álcool.
A tolerância é cada vez maior, podendo diminuir nas fases terminais do alcoolismo.
4. Sintomas repetitivos de abstinência. O indivíduo vai acrescentando ao seu curriculum os vários episódios de abstinência ao álcool ou mesmo de delirium tremens.
5. Esquiva ou busca de alívio para os sintomas de abstinência. O indivíduo passa a apresentar o comportamento de beber logo pela manhã para aliviar o desconforto de uma abstinência incipiente.
6. Compulsão para beber. É entendida como sinônimo de perda do controle. Para Jellinek (1960), era o elemento central do alcoolismo.
7. Reinstalação mais rápida da tolerância após a abstinência. O fenômeno de tolerância, que inicialmente demora anos para se instalar, pode reinstalar-se com muita rapidez em alcoolistas após meses de abstinência.
Questões síndromes mentais orgânicas 
O que é Delirium? No que se difere de delírio?
No delirium, verificasse o rebaixamento do nível da consciência pela sonolência evidente ou por sinais indiretos, como desorientação temporal. O Delirium é um transtorno de base orgânica associado a alterações quantitativas de consciência, possibilitando o desenvolvimento de estado ´confusional´. 
Delírio: é uma alteração do juízo de realidade caracterizado por apresentar uma convicção subjetivamente irremovível e crença inabalável; além de apresentar insuscetibilidade às influências de correções quaisquer e; impossibilidade de conteúdo plausível.
Quais são as características psicopatológicas deste quadro?
Quadro clínico do delirium: 
Rebaixamento do nível da consciência e alteração da atenção.
Orientação: É muito frequente a desorientação alo psíquica (temporoespacial) nos quadrosde delirium.
Pensamento ilógico e desorganização do discurso.
Sensopercepção. Depende da alteração do nível de consciência. Frequentemente ocorrem ilusões visuais (mais em ambientes escuros) ou alucinações visuais e/ou táteis.
Humor. Em geral a ansiedade é intensa, podendo ocorrer estados de perplexidade, irritação, terror e pavor
Psicomotricidade. Ocorre mais frequentemente a agitação psicomotora, mas também podem ocorrer retração, hipersonolência e lentificação motora.
Alteração do ciclo sono-vigília. A insônia no período noturno é frequente nos quadros de delirium.
Quais são seus fatores gerais mais comuns?
	Nível de consciência alterado 
	Desorientação 
	Pensamento ilógico, confuso 
	Déficits cognitivos difusos 
	Déficit de atenção 
	Prejuízo da memória 
	Déficits de linguagem 
	Transtorno do ciclo sono-vigília 
	Labilidade afetiva 
	Alterações psicomotoras 
	Alucinações e outros transtornos da Sensopercepção 
	Delírios, pensamento delirante
	
Questões relacionadas consumo de alimentos
O que é Anorexia e quais são suas características?
A anorexia nervosa: caracteriza-se pela perda de peso auto induzida por abstenção de alimentos que engordam ou por comportamentos como vômitos e/ou purgação auto induzidos, exercício excessivo e uso de anorexígenos e/ou diuréticos.
Características: Do ponto de vista psicopatológico, o que é característico da anorexia nervosa é a distorção da imagem corporal; apesar de muito emagrecida, a paciente percebe-se gorda, sente que algumas partes de seu corpo, como o abdome, as coxas e as nádegas estão “muito gordas”. O pavor de engordar persiste como uma ideia permanente, mesmo estando a paciente com o seu peso bem abaixo do normal.
Caracteristicamente, o peso corporal é mantido em pelo menos 15% abaixo do esperado.
Defina Bulimia e aponte quais são suas características principais? No que difere esse quadro da compulsão alimentar?
Bulimia: A bulimia nervosa (BN) caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível de comida, sucumbindo a paciente a repetidos episódios de hiperfagia (“ataques” à geladeira, a uma sorveteria, etc.).
Caracteriza-se: ainda por preocupação excessiva com controle de peso corporal, levando a paciente a tomar medidas extremas, como vômitos, purgação, enemas diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do aumento de peso pela ingestão de alimentos, Os indivíduos com bulimia estão geralmente dentro da faixa de peso normal, embora alguns possam apresentar o peso levemente acima ou abaixo dessa faixa.
Compulsão alimentar: 
Critérios diagnósticos sugeridos pelo DSM-IV (apêndice B)
Episódios recorrentes de compulsão alimentar periódica (excesso alimentar + perda de controle)
Comportamentos associados à compulsão alimentar: (pelo menos 3)
	1. Comer rapidamente
	2. Comer até sentir-se cheio
	3. Comer grandes quantidades de comida mesmo sem estar com fome
	4. Comer sozinho por embaraço pela quantidade de comida
	5. Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após a compulsão
	Acentuada angústia pela compulsão alimentar
Frequência e duração da compulsão alimentar: média de dois dias/semana por seis meses. Não se utiliza de métodos compensatórios inadequados (ex. purgação) 
Indique quais são os aspectos relevantes do quadro de Obesidade?
A obesidade: é uma condição complexa, determinada por fatores genéticos, desenvolvimento psicológico, família e cultura. É mais frequente em indivíduos de baixo nível socioeconômico, mulheres, sociedades industrializadas e urbanas e culturas nas quais a atividade física não é predominante.
Embora haja muita controvérsia sobre se há de fato um perfil constante de personalidade no obeso, classicamente ele foi descrito, do ponto de vista emocional 
como imaturo e muito sensível à frustração. Seria um indivíduo que recorre à comida como forma de compensação do afeto de que carece e que sente que nunca o recebe de forma adequada.
Um ponto relevante é que os obesos têm dificuldade em diferenciar a fome de sensações desagradáveis, desconforto, ansiedade e disforias de modo geral. Todo mal-estar logo é falsamente percebido como fome.
Questões relacionada de terapia de grupo
Explique os principais pressupostos teóricos da psicoterapia de grupo?
A psicoterapia de grupo oportuniza aos pacientes o aprendizado de como eles funcionam em grupo – que papéis desempenham, que expectativas e fantasias inconscientes eles abrigam em relação a grupos e que obstáculos eles encontram ao se relacionarem com outras pessoas no trabalho e em casa. As dimensões singulares da experiência de grupo podem ser exploradas apenas parcialmente na psicoterapia individual. Particularmente, o contexto psicossocial no qual o grupo se dá não está disponível em uma terapia individual (Rutan e Stone, 2001).
Aponte para os principais aspectos técnicos no trabalho em psicoterapia em grupo quanto a composição do grupo e no trabalho da transferência, contratransferência e resistência?
Aspectos técnicos: Os psicoterapeutas de grupos devem estar continuamente atentos ao desenvolvimento de suposições básicas em seus grupos, de forma que possam interpretá-las e examiná-las antes que os grupos se tornem muito destrutivos para a tarefa. A transferência não examinada pode fazer um indivíduo deixar a psicoterapia; suposições básicas não examinadas podem conduzir à dissolução da terapia de grupo.
Composição do grupo: A composição de um grupo de terapia dinâmica pode variar consideravelmente, muito embora grupos heterogêneos sejam vistos como tendo vantagens sobre grupos homogêneos (Yalom, 1985). O consenso dos clínicos é de que grupos nos quais todos sejam similares raramente vão além de níveis superficiais de interação. Por outro lado, se um grupo é muito heterogêneo, ele pode ser disfuncional em decorrência da falta de uma base comum entre os pacientes. Ademais, alguns indivíduos podem se sentir isolados caso acreditem que são muito diferentes de todos os outros no grupo em virtude de sua idade, origem cultural ou condição socioeconômica. Enfim, se os membros do grupo têm níveis altamente variáveis de força do ego, o grupo pode não tomar forma devido à dificuldade de explorar questões psicológicas.
Transferência, contratransferência e resistência: Transferência, contratransferência e resistência são os pilares da psicoterapia dinâmica de grupo assim como do trabalho com o indivíduo. Entretanto, a própria modalidade de grupo altera significativamente a transferência. Primeiro, a intensidade das transferências do paciente pode ser diluída por seu redirecionamento a seus companheiros de terapia. A psicoterapia de grupo permite a formação de várias transferências simultâneas. O terapeuta, então, é munido de um laboratório no qual as relações objetais internas dos pacientes são exibidas de modo que todos, as vejam, por meio da externalização em relacionamentos com membros individuais do grupo. Embora transferências diferentes também se desenvolvam na terapia individual, elas tendem a aparecer ao longo de um período maior. O ambiente de grupo pode permitir que o terapeuta ganhe uma maior familiaridade com as relações objetais internas dos pacientes em um período muito mais curto.
A elaboração da transferência e da resistência constitui a essência da tarefa do terapeuta dinâmico, do mesmo modo que na psicoterapia individual. De fato, Ganzarain (1983) sugeriu que a elaboração é a característica-chave que distingue a terapia psicanalítica de grupo de outras formas de tratamento de grupo. Ele enfatizou, particularmente, a elaboração de ansiedades primitivas de tipo psicótico e seus mecanismos de defesa associados. As forças regressivas ativadas pela experiência de grupo levam o paciente ao contato com a ansiedade decorrente das posições esquizoparanoide e depressiva muito mais rápida e profundamente do que em um tratamento individual. A elaboração da transferência é também facilitada pelos estímulos de outros membros do grupo. Um paciente individualpode tentar validar uma impressão pessoal do terapeuta por meio de uma “checagem” com os outros membros do grupo. Quando os colegas, e não o terapeuta, confrontam as distorções inerentes à percepção transferencial, o paciente pode ter muito mais disposição em ouvir e aceitar um feedback.
 Indique quais são as indicações contraindicações para a psicoterapia em grupo?
Indicações: A terapia de grupo é geralmente efetiva para paciente com transtornos da personalidade, incluindo os de tipo histérico, obsessivo-compulsivo e alguns do tipo borderline, narcisista, passivo-agressivo e dependente, pois o contexto de grupo pode ser o único no qual esses pacientes recebem um feedback sobre como seus padrões de caráter afetam os outros. Muito das psicopatologias encontradas em pacientes com transtornos da personalidade envolve traços de caráter egossintônicos (i.e., comportamentos que causam sofrimentos a outros, mas não ao paciente). O feedback de seus pares na terapia de grupo muitas vezes ajuda esses pacientes a refletirem sobre seus padrões de comportamento, de forma que esses traços em algum momento se tornem egossintônicos (i.e., desconfortáveis para os próprios pacientes), o que é o primeiro passo para que se consiga motivação suficiente para mudar.
Contra indicações: Certas sintomatologias clínicas consensualmente são vistas como contraindicações à psicoterapia dinâmica de grupo, incluindo 1) baixa motivação, 2) desorganização psicótica, 3) adição ativa a substâncias, 4) transtorno da personalidade antissocial, 5) somatização grave, 6) disfunção cognitiva de base orgânica e 7) alto risco de suicídio (Yalom, 1985). Pacientes adictos e aqueles com características antissociais podem, contudo, ser tratados efetivamente em grupos homogêneos de natureza confrontativa (ver Caps. 12 e 17). Como no caso das indicações, um grupo em particular pode ser contraindicado para alguns pacientes devido a sua composição, mas eles podem, em vez disso, ser adequados para um grupo diferente.
 Quais são os principais aspectos teóricos da terapia de família/casal?
A técnica da terapia: das relações objetais para casais e famílias se desenvolve a partir da compreensão teórica. O objetivo global é ajudar o casal ou os membros da família a reinternalizar os conflitos que foram externalizados por meio de uma identificação projetiva (Scharff e Scharff, 1991; Zinner, 1976). Falando de forma prática, esse modelo teórico deve simultaneamente ajudar o casal a lidar com suas reais diferenças enquanto examina as projeções de cada cônjuge, de modo que, por fim, cada indivíduo se reaproprie das partes projetadas como um resultado da terapia (Polanski e Nadelson, 2003). Para alcançar esse objetivo, o terapeuta de relações objetais geralmente deve se encontrar com a família ou o casal para uma sessão de 50 minutos toda semana ou a cada duas semanas (Slipp, 1988).
Condições necessárias para um analista? (Zimerman)
A teoria é simples mas sua pratica é muito difícil, um bom analista está sempre lidando com uma situação desconhecida, imprevisível e perigosa, o analista deve possuir uma atitude psicanalítica (mercê de seus atributos naturais, e aqueles que se desenvolve pela análise pessoal, visto que essa última são condições mínimas do analista, frente as angústias e os imprevistos de uma longa viagem pelos meandros do inconsciente. 
Par analítico: a coisa mais importante não é aquilo que o analista e o paciente podem fazer, mas o que a dupla pode fazer juntos, sendo que o analista precisa ser temerário e reunir a tenacidade e a coragem que acompanham a temeridade, para poder insistir no direito de ser ele mesmo e a sua própria opinião a respeito dessa estranha experiência, pois que a incerteza não tem cheiro, não é palpável, mas ela existe em todo ser-humano.
Pessoa real: duas pessoas se angustiam na terapia, espera-se que uma menos que a outra 
Visualizar as partes diferentes do paciente: que a situação mental do paciente não seja vista como espaçada no tempo, o analista precisa ver como um mapa militar, no qual tudo está retratado em sua superfície plana, ligada com vários contornos.
	Guia para uma síntese para condições necessária para uma analista;
	Ouvir não e mesmo que escutar;
	Olhar é diferente de ver, enxergar;
	Entender não é o mesmo que compreender;
	Ter a mente saturada com a posse das verdades é bem distinto de um estado mental de amor pelas verdades;
	Simpatia não é o mesmo que empatia
	Recipiente não é o mesmo que continente;
	Ser ‘’ bonzinho’’ não deve ser confundido com ser bom;
	Adivinhar ou palpitar não é mesma coisa que intuir;
	Falar não é o mesmo que dizer;
	Saber não é o mesmo que , de fato, ser!!

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