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Guia de Estudo - Sociologia

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Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
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Guia de Estudo 
 
 
 
 
Sociologia 
 
 
 
 
 
Graduação Geral 
 
 
 
2009 
Porto Velho/RO 
24/03/2009 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
 
WALACE SOARES OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUIA DE ESTUDO 
SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientar alunos das disciplinas semipresen-
ciais e a distância das Faculdades São Lu-
cas e São Mateus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Velho/RO 
2009 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
 
Faculdade São Mateus 
Faculdade São Lucas 
 
Coordenação de Educação a Distância - EAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Ensino São Lucas 
Rua. Alexandre Guimarães, 1927 – Areal 
Porto Velho – RO – 78.916-450 
Fone: (69) 3211-8009 
 
 
Faculdade de Tecnologia São Mateus - FATESM 
Rua. Alexandre Guimarães, 1927 – Areal 
Porto Velho – RO – 78.916-450 
Fone: (69) 3211-8009 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Velho/RO 
2009 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
 
 
 
DIRETORA GERAL 
Maria Eliza de Aguiar e Silva 
 
VICE-DIRETORA 
Eloá de Aguiar Gazola 
 
COORDENADOR DE EAD 
José Lucas Pedreira Bueno 
 
SUPERVISORA PEDAGÓGICA 
Hélia Cardoso Gomes da Rocha 
 
DESGIN INSTRUCIONAL 
Humberta Gomes Machado Porto 
 
REVISOR DE TEXTO 
Hevio Tavares de Carvalho 
Wibison Menezes Silva 
 
SUPERVISORA DE TECNOLOGIA 
Sara Luíze Oliveira Duarte 
 
ADMINISTRADOR DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM 
Marque Onel dos Santos Souza 
 
DESIGN/DIAGRAMAÇÃO 
Diênife Silva de Miranda 
 
 
 
 
O AUTOR 
 
WALACE SOARES OLIVEIRA - woliveira@saolucas.edu.br 
 
 
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina - U-
EL/PR em 2003. Pós-Graduado em Metodologia do Ensino Superior pela 
FACCAR/PR. Mestre em Educação pela UEL/PR. Atualmente trabalha como 
Professor Universitário e atua na área de educação a distância como professor 
conteudista. 
 
 
 
 
 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
ÍCONES 
Realize. Determina a existência de atividade a ser realizada. 
Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser reali-
zada. Fique atento a ele. 
Pesquise. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais in-
formação. 
 
Pense. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a 
um questionamento. 
 
Conclusão. Todas as conclusões sejam de ideias, partes ou unidades do curso 
virão precedidas desse ícone. 
 
Importante. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como um 
sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada. 
 
Hiperlink. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impres-
so ou endereço de Internet. 
 
Exemplo. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplifi-
car um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado. 
 
Sugestão de Leitura. Indica textos de referência utilizados no curso e também 
faz sugestões para leitura complementar. 
 
Aplicação Profissional. Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada 
ao que está sendo estudado. 
 
Checklist ou Procedimento. Indica um conjunto de ações para fins de verifica-
ção de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma 
tarefa. 
Saiba Mais. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a 
possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. 
 
Revendo. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente 
 
 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
Conteúdo 
 
1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 7 
2 A DISCIPLINA ................................................................................................. 8 
2.1 Ementa .................................................................................................. 8 
2.2 Interdisciplinaridade .............................................................................. 8 
2.3 Considerações Iniciais .......................................................................... 8 
2.4 Objetivos ............................................................................................... 9 
2.5 Metodologia ......................................................................................... 10 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA ................................................ 12 
UNIDADE 2 - O TRABALHO E A SOCIEDADE ANTIGA ................................. 21 
UNIDADE 3 - O TRABALHO E A SOCIEDADE MEDIEVAL ............................ 32 
UNIDADE 4 - A SOCIEDADE E O CONCEITO DO TRABALHO: IDADE 
MODERNA E CONTEMPORÂNEA .................................................................. 57 
UNIDADE 5 - KARL MARX .............................................................................. 77 
UNIDADE 6 - EMILE DURKHEIN ..................................................................... 89 
UNIDADE 7 - MAX WEBER ............................................................................. 96 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 106 
 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
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1 APRESENTAÇÃO 
 
Seja bem-vindo (a), 
Este é o seu Guia de Estudos da Disciplina de Sociologia, ministrada de 
forma semipresencial no seu curso de graduação. 
O nosso programa é baseado em uma das mais modernas propostas meto-
dológicas de ensino contemporâneo, a EAD. Organizado de forma dinâmica e ca-
paz de focar sua atenção para o melhor aproveitamento e desenvolvimento de 
suas habilidades. Utiliza instrumentos pedagógicos eficazes, possibilitando-lhe 
elaborar conceitos e construir a sua crítica, desenvolvendo sua atitude política com 
uma educação aliada a construção da cidadania. 
 A educação, enfim, toda a prática docente implica numa prática social, vi-
sando à inserção do indivíduo na sociedade a que pertence, portanto, política, sem 
tendências partidárias, mas conscientizadora, buscando um cidadão pleno em sua 
autonomia. Qualquer que seja a profissão escolhida, você estará inserido em uma 
sociedade, como parte integrante dela e com responsabilidades. 
Como vivemos a globalização de uma maneira jamais vista, temos a neces-
sidade de estabelecer um diálogo com todos os instrumentos transformadores da 
sociedade que pertencem a esse processo que chamamos de globalização. Por-
tanto, o mundo virtual não pode ser nosso desconhecido, muito menos a possibili-
dade das relações humanas que esse mundo tem como instrumento. 
A sociologia é uma ciência nova, com pouco mais de um século, mas a sua 
essência visa à observação crítica, não só do mundo, mas das relações dos gru-
pos sociais que convivem e formam a sociedade que fazemos parte. 
Justamente, por isso, essa unidade tem sua importância! Tornar-se consci-
ente do mundo real, implica num processo mais doloroso do que simplesmente a 
perda da inocência, ele é a proposta da construção de um novo ser humano. 
Então, desafio proposto inicie a caminhada sem perder o foco que o seu 
sucesso alcançado será sempre pelo trabalho!! 
 Prof. Ms. Walace Soares de Oliveira. 
 Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
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2 A DISCIPLINA 
 
2.1 Ementa 
 
Conceitos de Sociologia desenvolvidos através da interpretação da rela-
ção do trabalho e do poder, na construção das relações sociais das socieda-
des; Bibliografia, conceitose objetos de estudo dos clássicos fundadores da 
Sociologia. 
 
2.2 Interdisciplinaridade 
 
A mesma será desenvolvida de maneira interdisciplinar, inter-
relacionando os tópicos básicos da estatística com a matemática, cálculos nu-
tricionais, epidemiologia e os tópicos básicos, metodológicos e ergonômicos da 
elaboração e apresentações de relatórios acadêmico-científicos. 
Nesta perspectiva, o ensino-aprendizagem ganha significado e prática e 
é enriquecido com os múltiplos sentidos explorados e com os resultados práti-
cos que se constitui com resultado das atividades das disciplinas. 
 
2.3 Considerações Iniciais 
 
A sociologia é uma disciplina que você usará no seu cotidiano como ins-
trumento para compreender o mundo que acontece a sua volta. Não se esque-
ça que tudo está interligado, nada acontece isoladamente na sociedade. Hoje, 
os fatos históricos acontecem e são observados em tempo real, não importan-
do a sua posição geográfica. Esse é um dos fenômenos do desenvolvimento 
da mídia e dos meios de comunicação e principalmente no papel deles naquilo 
que chamamos de mundo globalizado. 
Nós somos atores sociais de uma peça que ainda não foi terminada, a 
sociedade hoje, por toda a sua tecnologia e aparato, é capaz de mostrar uma 
guerra em tempo real, tivemos esse exemplo há pouco tempo. As tropas ame-
ricanas que invadiram o Iraque para destituir Saddan Housseim do poder foram 
acompanhadas por repórteres de todo o mundo que transmitiram ao vivo, pela 
 Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
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primeira vez um conflito armado. Jamais na história da humanidade, um conflito 
armado foi visto dessa maneira, ao vivo. 
A crise mundial econômica, que mostra a fragilidade a qual o sistema 
capitalista está exposto e que faz parte de sua essência é característica da 
própria maneira a que o mesmo se apresenta no seu processo histórico que, 
por sinal, ainda não foi concluído. 
Tradicionalmente, apesar de todo legado tecnológico e avanços nos 
meios de produção e das ciências, o grande produto do capitalismo é a desi-
gualdade social. Justamente por isso, o seu maior estudioso, Karl Marx, já em 
seus escritos políticos e não econômicos, afinal ele enxerga o capitalismo não 
somente como um ser econômico, mas muito maior em que abrange também a 
política, define a desigualdade como um conflito humano aperfeiçoado pelo 
capitalismo durante a história humana. 
O nosso Guia de Estudos apresentará inicialmente o tema “Trabalho”, 
para podermos construir os conceitos básicos da sociologia; depois trabalha-
remos com os três Clássicos da Sociologia: Marx, Weber e Durkheim e dare-
mos continuidade com os temas mais contemporâneos, como: Cidadania e Di-
reitos Humanos, Classes Sociais, Ideologia e Cultura, Movimentos Sociais e 
Globalização. 
O convite está feito, permanecer na escuridão e ser levado como gado 
que se tange ou desvendar os mistérios da sociedade e ser “Senhor do seu 
Destino...” 
 
2.4 Objetivos 
 
Ao final do curso você deverá ser capaz de: 
 Promover a construção de indivíduos críticos autônomos e participativos na 
sociedade pela a elaboração de uma reflexão constante sobre as relações 
sociais e entre os diferentes grupos sociais e a estrutura da sociedade. 
 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
 
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2.5 Metodologia 
 
As atividades ao longo do curso no Ambiente Virtual de Aprendizagem 
serão ativas possibilitando ao aluno a construção de conhecimentos específi-
cos na área de sociologia. 
 
 
Está pronto para iniciarmos nossa jornada? 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
 
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DISPARADA 
(GERALDO VANDRÉ - 1966) 
Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar 
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão 
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar 
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar 
E a morte, o destino, tudo, a morte o destino, tudo 
Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar 
Na boiada já fui boi, mas um dia me montei 
Não por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse 
Que qualquer querer tivesse porem por necessidade 
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu 
 
Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte 
Muito gado, muita gente, pela vida segurei 
Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei 
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo 
E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando 
As visões se clareando, ate que um dia acordei 
 
Então não pude seguir valente em lugar tenente 
O dono de gado e gente, porque gado a gente marca 
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente e diferente 
Se você não concordar não posso me desculpar 
Não canto pra enganar, vou pegar minha viola 
Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar 
 
Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei 
Não por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse 
Que qualquer querer tivesse, por qualquer coisa de seu 
Por qualquer coisa de seu, querer mais longe que eu. 
 
 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
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UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA 
 
Ao final do estudo dessa unidade você deverá ser capaz 
de: 
 
 Compreender a Sociologia como ciência e sua importância 
para as práticas sociais; 
 Compreender o conceito e a diferença de Sociedade Primiti-
va e Sociedade Moderna; 
 Compreender o conceito de Sociedade Pré-histórica baseada 
no trabalho e suas relações sociais. 
 
APRESENTAÇÃO 
Oi! Venha comigo e vamos construir conhecimentos. 
Quero que você perceba que a necessidade de leitura e aten-
ção são muito importante para você conseguir entender tudo o 
que estaremos mostrando nesse curso. 
Esse é o nosso contrato firmado aqui, nós daremos todo 
o aparato pedagógico e tecnológico. O seu compromisso é 
toda a atenção e disponibilidade durante as aulas, nos exercí-
cios propostos e pesquisas a serem feitas. No final do curso o 
prêmio é seu, conhecimento ninguém rouba, não pode ser de-
sapropriado, enfim, é o seu tesouro. 
 
O QUE É SOCIOLOGIA 
A disciplina que você está acompanhando é sociologia, 
então, vamos fazer algumas observações sobre a disciplina 
dessa unidade. Equivocadamente pensamos na sociologia 
como a ciência que estuda a sociedade, na realidade, não é 
somente a sociedade que ela estuda. Ela é a ciência que estu-
da a sociedade através de sua organização. Preciso que você 
reflita sobre o que é sociologia e qual a importância dos sabe-
res desta área para nossas vidas. Pense sobre o que você leu 
e viu até aqui, tente entender, e não decorar. Aquilo que você 
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entende, não esquece. Pode ser um exemplo rústico, mas é 
muito válido. Você sabe o que é reflexão? Leia o quadro abai-
xo e pense muito sobre o que você leu: 
 
SENSO COMUM X CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
A idéia inicial da maioria das coisas que temos vem da-
quilo que é chamado de “senso comum”. A sua construção é 
feita pela cultura popular e pela crença passada de geração 
para geração.Com ele, na maioria das oportunidades, constru-
ímos opiniões equivocadas por não se basearem na verdade 
ou na comprovação. Por isso, o senso comum é carregado de 
preconceitos e equívocos. Quando nos utilizamos da pesquisa, 
da comprovação e do pensamento formal, estamos construin-
do conhecimento científico. Essa é a nossa intenção, introduzi-
lo ao conhecimento científico e, é assim que você fará em 
nossas aulas: pesquisas, comprovações dentro do pensamen-
to formal, uma introdução ao conhecimento científico. 
A idéia de você conhecer a diferença entre o formal e o 
informal é justamente que a partir de hoje, você deverá come-
çar a produzir pensamentos e críticas baseadas no conheci-
mento científico. O senso comum é para aqueles que usam na 
maioria das vezes, a opinião alheia e acabam tendenciosos a 
conceitos preconceituosos para exprimir o seu pensamento, 
 
Que é refletir: não basta pensar em algo uma vez, o impor-
tante é fazê-lo várias vezes. Lembre-se de uma vaca co-
mendo, ela é um ser ruminante, portanto rumina, isso signi-
fica que o seu aparelho digestivo é diferente do nosso, tem 
outro processo de digestão. Cada vez que ela engole o ali-
mento ele vai ao seu estômago e volta para outra mastiga-
ção, várias vezes, onde toda vez que isto acontece, o ali-
mento volta mais degradado, diferente do que foi da vez 
anterior. Refletir é como ruminar, pensamos várias e várias 
vezes, algo com alternativas diferentes até elaborarmos o 
que nos agrade. Assim sendo, refletir é como ruminar pen-
samentos. 
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ora, o que eles fazem é reproduzir o pensamento de outros e 
jamais produzem a sua opinião própria. 
 
Vou ilustrar o que dissemos para que você entenda melhor. 
Em qualquer seleção de emprego ou mesmo para a sua con-
vivência em sociedade, você deve ter uma postura crítica, 
saber entender o mundo em que vive, pelas relações sociais 
que fazemos a partir dos diferentes grupos sociais que com-
põem a sociedade. Deverá dar a sua opinião, sustentá-la e 
justificá-la perante o outro. Caso se torne repetitivo e não 
conseguir argumentar além de tal ponto mostrará a fragilida-
de de seu argumento. Como ele foi baseado na opinião de 
outro, não conseguirá ir além daquilo que ouviu, pois não 
adquiriu conhecimento suficiente. 
 
 Podemos começar por aqui: 
Assista a esse pequeno vídeo e reflita sobre o que é o 
mundo globalizado e a sociedade em que vivemos hoje. 
 
http://www.miniature-earth.com/me_portugues.htm 
 
CAPITALISMO E O TRABALHO 
Bom, devemos levar em consideração que a sociologia 
é uma ciência muito recente e, principalmente, uma ciência 
contemporânea, que nasce da grande transformação da soci-
edade que o mundo passou pelo processo conhecido por Re-
volução Industrial e com o estabelecimento do Capitalismo 
como processo econômico e político. Dessa forma, compreen-
der a sociedade é compreender as relações sociais produzidas 
pelos diferentes grupos que compõem a sociedade. 
Então iremos introduzir a sociologia para você através 
de um tema muito peculiar a ela, o Trabalho. Desenvolveremos 
uma sequência histórica sobre esse tema; da pré-história até 
nossos dias, e principalmente a relação entre trabalho, estrutu-
ra política e estrutura econômica, formando a sociedade e 
suas relações. 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
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COMO TUDO COMEÇOU 
 Para começarmos a nossa caminhada, devemos com-
preender antes de qualquer coisa, que “o ser humano é um 
animal que nasceu para dar errado”, pois, nos primórdios da 
vida na terra, ele era uma presa, não um predador. Mas, tem 
características que o diferencia dos outros animais e que o 
levou a ter um desenvolvimento específico, tornando-o quem 
ele é hoje. 
Você já deve ter assistido a algum documentário que 
mostra as savanas africanas com seus animais das mais di-
versas espécies (zebras, guinus, girafas.) migrando em busca 
de água. Durante essa migração, essas espécies estão expos-
tas a todo tipo de predadores (leões, guepardos, leopardos, 
hienas e outros.). Ao longo dessa saga, milhares de animais 
nascem e morrem, mas a natureza tem uma peculiaridade inte-
ressante a ser ressalvada aqui e que mostra uma das grandes 
diferenças entre os seres humanos e os outros animais. 
Nela, todo animal que nasce tem um determinado tem-
po para levantar, mamar e seguir sua mãe na proteção da ma-
nada. Afinal de contas eles só têm uma chance de sobrevi-
vência, que é junto à manada, pois sozinhos são presas cer-
tas. Justamente por viverem a lei do mais forte. Caso não le-
vantarem ou forem atrás de suas mães para mamar, elas os 
deixarão ali para morrer e seguirão com a manada, sem re-
morso ou culpa. Na vida, a disputa é para não ser a caça, en-
fim, sobreviver. Assista a esse documentário e entenderá o 
objetivo do comentário acima: 
 
http://www.youtube.com/watch?v=9dGneR20rYs&N
R=1 
 
O ser humano é essencialmente um animal social, como os 
animais que vivem em manadas ou bandos, mas além do 
sentido de coletividade ele tem o de individualidade. Diferen-
te dos outros animais, o ser humano tem consciência da 
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HOMEM, UM ANIMAL SOCIAL 
Assim, por ter um mundo tão inóspito a sua volta, o ser 
humano busca em si e no grupo a condição para sua sobrevi-
vência. O mais interessante é que a história da humanidade 
pode ser observada através do trabalho e das relações que ele 
organiza na estrutura social. É o que será mostrado para você 
em nossas aulas. Para organizar melhor o seu pensamento e 
para que possamos trabalhar mais adequadamente, utilizare-
mos dois conceitos de sociedade e mostraremos como a dife-
rença deles nos orientará na compreensão da sociedade em 
que vivemos. 
 
SOCIEDADE PRIMITIVA 
Uma das definições mais usadas para Sociedade Primi-
tiva: são grupos sociais simples organizados em estruturas 
familiares – famílias, clãs, no máximo tribo. Tem como caracte-
rística principal ser um grupo social baseado no cooperativis-
mo. Não há classes sociais, a divisão social do trabalho é feita 
por sexo e idade. Não há a idéia de posse, de propriedade, 
tudo é de uso comum a todos. 
O trabalho é uma relação harmoniosa com o meio-
ambiente, essas sociedades são coletoras, pescadoras e ca-
çadoras mantendo uma rotatividade em busca da melhor co-
morte, da sua finitude e isso é algo que o leva a viver em 
grupo, buscando a sua proteção. Mas, ele também tem a 
consciência de ser único. Para nós o que importa nesse 
momento é exatamente essa característica tão marcada na 
sociedade humana, que é o grupo social. 
 
O “filhote” humano nasce frágil e precisa de um tempo muito 
grande para ter um mínimo de autonomia. Justamente, por 
isso, necessitamos do grupo social, inicialmente chamado 
de família, que é quem cuida da preservação da espécie, 
nos dá a idéia de identidade. É o grupo social, enfim, que 
nos leva a uma integração social maior.Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
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lheita, pesca e caça. Por isso, normalmente essas sociedades 
são adeptas ao nomadismo. Quando se esgota uma fonte de 
alimento busca-se outra, sem exaurir totalmente aquela. Não 
se colhe, pesca ou caça além do necessário. 
Para a sobrevivência, o tempo de trabalho é mínimo, em 
média 3 horas por dia. O resto do tempo é livre para outras 
atividades. 
O comércio é praticamente inexistente, troca ou 
bo se faz somente entre tribos diferentes, pois, sendo o traba-
lho coletivo e cooperativo o seu produto é dividido entre todos. 
 
SOCIEDADE MODERNA 
Definimos Sociedades Modernas como grupos sociais 
complexos organizados em estruturas inicialmente semelhante 
à pólis, que vão se modernizando e sendo chamadas de cida-
des. O sentimento no é individualista. A sociedade é dividida 
em classes, basicamente classes dominantes e dominadas. A 
propriedade existe e a sua posse se dá pela elite e pelo Esta-
do. 
O trabalho visa à produção em grande escala, se pro-
duz para o comércio tendo como uma de suas características a 
exploração, inicialmente a mão-de-obra usada é a escrava 
passando para a servil e depois o proletariado, em toda, a ex-
ploração é uma marca. 
O comércio aumenta cada vez mais, na Idade Antiga ele 
é a base econômica junto à agricultura e pecuária, mas tam-
bém uma forma de troca de culturas. Na Idade Média ele pas-
sa a ser insípido, quase não evolui das feiras dos feudos, so-
mente com as Cruzadas, que retoma e muda o foco da Bur-
guesia e a leva para um novo rumo. 
 
TRABALHO NA PRÉ-HISTÓRIA 
Agora queremos que você tenha um poder de imagina-
ção muito grande. Imagine o período Paleolítico, nele inicia-se 
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a jornada humana para a conquista do mundo, aliás, já comen-
tamos aqui que esse mundo era extremamente hostil ao ser 
humano. Por isso, a necessidade de se organizar em grupos 
sociais e criar seus utensílios para aumentar a sua capacidade 
contra esse mundo, que o tinha mais como caça do que como 
caçador. 
 
O grupo social é o local em que se desenvolve as rela-
ções, tanto afetivas como a própria transmissão do conheci-
mento. É nele que é desenvolvido o sentimento humano e 
também a tecnologia e que depois passa de geração a gera-
ção. Assim inicia-se o grupo familiar, mas, além disso, o grupo 
social vai se constituindo como a grande diferença entre a vida 
e a morte do ser humano. Solitário, ele é uma presa fácil, em 
grupo ele é um predador dos mais inteligentes e vorazes. A 
inteligência e o grupo social humano são componentes essen-
ciais para a sua conquista do mundo. 
 
TRABALHO NAS CAVERNAS 
Dessa forma, o trabalho é coletivo e visa sempre o gru-
po, todos trabalham para todos. A divisão é dada por sexo e 
idade, mas mesmo assim, trabalha-se o mínimo por dia para a 
satisfação das necessidades de todos. Inicialmente herbívoros 
e, portanto, coletores, comíasse o que a natureza oferecia. 
Preste atenção na sua arcada dentária, seus molares 
são predominantes. Somos herbívoros por natureza, mas, não 
 
Ao descer das copas das árvores e ficar em pé, o ser hu-
mano além de se por ereto (em pé), estimulou todo o seu 
sistema nervoso e com o polegar oposto aos outros dedos 
de sua mão, a transformou numa verdadeira ferramenta de 
precisão. Dessa forma, sendo estimulado constantemente, 
ele foi produzindo cada vez mais ferramentas e utensílios 
que o ajudaram no seu dia-a-dia e a fazer coisas cada vez 
mais difíceis. 
Guia de Estudo - Sociologia 
 
 
 
 
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era o suficiente, nos adaptamos a necessidade e com o passar 
do tempo, adaptamos outras atividades para aumentar a oferta 
de alimentos: a caça e a pesca, logo a carne entra em nossa 
dieta. Dessa forma, o ser humano acaba se fixando a terra, 
pois deixa de ser nômade, porque aprende a plantar e a do-
mesticar os animais. Dessa maneira não tem que buscar mais 
o alimento ou caçá-lo, até porque a coleta e a caça o obriga a 
migrar quando acaba. 
 
SEDENTARISMO 
Quando passa a domesticar os primeiros animais e a 
plantar as primeiras culturas visando a sua alimentação, esse 
ser humano já conseguiu não só estabelecer o conhecimento 
que lhe permitiu observar que poderia plantar e colher, mas 
também passa a ficar menos sujeito a fome. Agora o alimento 
não depende somente de ir buscar ou de caçá-lo, mas também 
de plantá-lo e esperar que cresça e esteja pronto para a co-
lheita. Esse alimento saciará sua fome, pois está colhido e es-
tocado para o momento de escassez. Afinal, agora ele o pro-
duz e não está à mercê dos campos de colheita ou de ca-
ça/pesca. 
 
TECNOLOGIA 
O primeiro grande produto humano é a tecnologia, on-
de a conjunção de cérebro, polegar oposto, curiosidade e ne-
cessidade, fizeram esse ser transformar em seu destino. 
A cada produção de sua mente ele potencializava a sua 
força para fazer além daquilo que podia. Ora, não podia correr 
como um guepardo caçando na savana, mas poderia alcançar 
a caça à distância e rapidez através de um arco e flecha. Não 
podia mover uma pedra, pois não tinha a força de um mamute, 
mas, com uma alavanca e uma base movia pesos antes im-
possíveis num esforço descomunal. Tudo isso era possível 
pela sua inteligência que produzia e principalmente a tecnolo-
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gia. 
Assista a sequência abaixo para entender melhor o que 
estamos explicando: 
 
 
 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=BBZt0Q4UJkA&feature=relate 
 
O ser humano já registra nas paredes das cavernas as suas 
aventuras sobre essa terra inóspita, suas caçadas, seus 
grupos, os diferentes animais que encontra. Chamada de 
arte rupestre, esse registro marcado nas paredes das caver-
nas é uma primeira forma de passar de geração para gera-
ção a história e cultura daquele grupo social. 
 
 
Encerra-se aqui a primeira unidade, queremos que 
perceba como foi construída, a lógica da estrutura 
apresentada até agora para sua compreensão e reflexão. 
Nesta unidade, mostramos para você que o ser humano é 
antes de qualquer coisa um animal social, não tenha 
preconceitos, realmente somos animais, mas é essa aptidão 
para a socialização que nos torna humanos. 
Aquilo que vai nos dar a certeza da finitude da vida, 
que chamaremos de morte. O afeto que nos une em laços 
de amizade e familiares. A descoberta da nossa inteligência 
e utilização cada vez maior dela e nossa transformação. 
Os conceitos de Sociedade Primitiva e Sociedade Moderna, 
para podermos comparar e perceber como esses conceitos 
alteram todo o sentido daquilo que chamamos de sociedade. 
E finalizando com a introdução da importância do 
trabalho na vida humana e da sociedade. Veja quanta coisa 
interessantevimos juntos nesse passo de nossa jornada. 
Continuemos caminhando. 
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UNIDADE 2 - O TRABALHO E A SOCIEDADE AN-
TIGA 
 
Ao final do estudo dessa unidade você deverá ser capaz 
de: 
 
 Compreender o conceito de poder, religião e sociedade da 
Idade Antiga baseada no trabalho e suas relações sociais; 
 
APRESENTAÇÃO 
 
RELIGIÃO I 
As civilizações antigas, principalmente com a consciên-
cia da pequenez do ser humano, guiam-se pelas religiões e 
essas darão o tom das organizações sociais criando condutas 
e normas, tanto que a forma da lei mais antiga conhecida é o 
Código de Hamurabi, que foi fixado na porta de cada templo 
para que todos pudessem conhecê-lo. Em relação às ciências 
e ao conhecimento, também há certa ligação com a religião, 
principalmente pelo seu caráter politeísta e há de se conside-
rar, a ligação inicial das religiões com os astros e o firmamen-
to, o que propiciou um estudo matemático, astrológico e astro-
nômico muito forte no mundo antigo, possibilitando a constru-
ção de observatórios e o desenvolvimento da pesquisa. Como 
 
Preste muita atenção, aqui há o início da história humana 
propriamente dita. As civilizações da Idade Antiga entram 
naqueles dois grupos discutidos por nós das sociedades 
primitiva e moderna, com as diferenças das características 
de valores e moral de cada tipo de sociedade. Aqui, além 
das sociedades estarem iniciando um grau de grupo social 
mais complexo, também iniciam regras morais que orientam 
a sua convivência, principalmente baseadas nas religiões, 
onde inicia-se também a escrita e outras formas de conhe-
cimento mais elaboradas. 
Zigurates: templos 
onde eram feitas 
observações astro-
nômicas relacio-
nando os astros a 
religião 
POLITEÍSMO: 
Crença em mais 
de uma Divindade. 
 
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exemplo citamos os zigurates. 
 
SERVIDÃO COLETIVA E ESCRAVIDÃO 
Segundo Vicentino (2002), com o fim do coletivismo 
primitivo, resultou em duas formas principais de organização 
socioeconômica: as sociedades baseadas nos regimes de ser-
vidão coletiva (sociedades asiáticas); e as sociedades escra-
vistas (principalmente grega e romana). 
Afinal, as aldeias e vilas neolíticas, ou seja, os lugares 
em que a agricultura era intensificada geraram a transforma-
ção para as cidades dos grandes povoamentos humanos da 
antiguidade. Sempre a beira dos grandes rios ou em locais de 
abundância de água iniciou-se as primeiras grandes civiliza-
ções humanas da Antiguidade. Dessa forma, banhados pelos 
rios Tigres e Eufrates, rio Nilo, rio Indo e o rio Amarelo, estabe-
leceram-se as culturas mesopotâmica, egípcia, indiana e chi-
nesa. 
 
PODER E RELIGIÂO 
Em relação ao poder, não podemos fazer distinção en-
tre Estado e religião, nesse momento histórico um justifica o 
outro. São estruturas que se confundem, estabelecendo dessa 
maneira, a relação de poder das elites dominantes. Como e-
xemplo observe a estrutura da sociedade egípcia: 
O Faraó tinha amplos poderes, pois era a personifica-
ção de deus-vivo e sua numerosa família. 
Mesmo tendo se estabelecido à beira de fontes de á-
gua, a grande maioria ficava em regiões semi-áridas, o que 
necessitava de irrigações, construções de diques e grandes 
obras hidráulicas. Justamente por esses fatores a sociedade 
era organizada em torno do Estado, criando uma produção 
comunitária, mas baseada num controle muito rigoroso por 
parte do mesmo. 
Sendo ele o gerenciador de todos os bens, feitorias ba-
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seado numa servidão coletiva, o que significava que o indiví-
duo explorava a terra, mas não independentemente, e sim, 
como servo do Estado. Assim o comércio, artesanato e outras 
formas de trabalho eram secundários. É o que Marx chamou 
de modo de produção asiático ou sistema de servidão coletiva. 
 
PODER E RELIGIÃO 
A Aristocracia privilegiada era composta por sacerdotes, 
funcionários do Estado (burocratas, escribas e militares) e no-
bres descendentes das grandes famílias dirigentes e a figura 
maior que no Egito era o Faraó ou nas outras esse represen-
tante é conhecido como rei, mas em todos a ligação do repre-
sentante se mistura com o Estado e a religião como se fosse 
uma única estrutura. 
 
O MUNDO GREGO 
Enquanto o primeiro momento do mundo antigo era 
marcado pela transição do neolítico e o surgimento das primei-
ras fundições de metais como o cobre. Os gregos vão aprimo-
 
As culturas mesopotâmicas e egípcias eram baseadas em 
estruturas religiosas muito fortes, que controlavam ou tinham 
uma forte influência no Estado, por isso, o imperador ou fa-
raó eram considerados deuses vivos, pois personificavam o 
Estado e a religião, não podendo fazer diferenciações dessa 
condição, sendo assim chamados, Estados Despóticos. 
 
Na base, havia a esmagadora parte da população represen-
tada pela massa camponesa e por um pequeno número de 
escravos de guerra. 
 Aqui encontramos uma diferença interessante e que deve-
mos ressaltar, atente-se para ela. Depois da supremacia 
mesopotâmica e egípcia no mundo antigo chegamos ao pe-
ríodo chamado de Antiguidade Clássica, que é a marca oci-
dental desse mundo antigo, representado pelas culturas 
gregas e romanas. 
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rar o Estado, a organização social, criam a filosofia, a cultura 
num todo, mas, principalmente a arquitetura, escultura e o tea-
tro; também a metalurgia, usando o ferro que fora descoberto 
pelos hititas. Os romanos vão aprimorar as estratégias de 
guerra, conquistar os gregos e quase a totalidade do mundo 
antigo, mas principalmente aprimoraram a herança política dos 
gregos, estabelecem a república e nos legar como herança 
concreta o Direito. 
Na estrutura social grega é que a diferença em relação 
às outras civilizações antigas se mostra mais aparente e dife-
renciada, facilitando até o nosso entendimento sobre a sua 
evolução. 
É importante que esses pontos fiquem claros para que 
possamos compreender o que veremos pela frente. 
Inicialmente as estruturas sociais gregas vieram dos 
genos, organização de famílias numerosas e coletivas basea-
das no patriarcarlismo que estabeleciam uma unidade econô-
mica, social, política e religiosa da sociedade grega, com a 
característica peculiar do coletivismo, não havendo o conceito 
de propriedade particular, sendo o pater o seu líder máximo, 
exercendo funções políticas, jurídicas, militares e religiosas. A 
hierarquia era estabelecida pelo grau de parentesco do indiví-
duo com o pater. As guerras por terras e poder une genos dife-
rentes que passam a se chamar de fratrias. 
 
A PÓLIS OU CIDADE ESTADOS 
Exatamente por essasuniões as estruturas sociais fo-
ram sendo alteradas, principalmente as relações de produção 
com a terra e a hierarquia de poder. Agora o foco na proteção 
 
A união das fratrias reorganizou socialmente a estrutura so-
cial e constituiu as tribos. Não devemos esquecer que essa 
é uma época de guerras constantes que levaram as tribos 
também a se unirem e dessa união estabeleceram-se as 
polis ou cidades-estados. 
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passa a ser uma questão de sobrevivência, então a necessi-
dade de se produzir para o consumo vem resguardada pela 
proteção da colheita e da pólis. 
 
DIVISÕES SOCIAIS 
Dessa forma a terra deixa de ter um caráter coletivo, 
passando os melhores lotes para os parentes mais próximos 
do pater, e esse grupo dominante passa a ser chamado de 
eupátridas (os bem-nascidos). Os parentes mais distantes 
ficaram com as demais, os georgóis (agricultores), aqueles 
mais distantes ainda ficaram sem nada nessa divisão e foram 
chamados de thetas (marginais). 
Essas divisões organizaram uma nova estrutura social e 
econômica em que, marcados principalmente por uma agricul-
tura aliada a um comércio mais atuante e voltado não somente 
para as suas necessidades, mas crescendo de um mercado 
doméstico para o mercado local e deste para o mercado exte-
rior, fazendo do comércio não somente uma transação comer-
cial, mas principalmente uma troca cultural. 
 
POLÍTICA SEM RELIGIÃO 
Você deve estar se perguntando, o que havia de tão di-
ferente nos gregos em relação aos outros povos. Se ainda 
não percebeu, iremos revelar agora. Em relação ao poder, di-
ferente de todo o mundo antigo, a religião grega não tem uma 
influência dogmática como os outros povos. Entre eles a religi-
ão não está ligada ao Estado, à forma de poder, mas sim, à 
idéia comunitária, nessas divisões sociais ela foi exercendo um 
papel diferente e se distanciou do poder de forma predominan-
te. 
Além de não haver uma teologia tão forte quanto às ou-
tras religiões do mundo antigo ou do cristianismo, baseada na 
oralidade e na tolerância, e com deuses com características 
extremamente humanas, não dava à religião a força que tinha 
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em outros povos da antiguidade. Justamente por isso, a 
tura do poder grego se estabelece permitindo uma construção 
política baseada nas diferentes divisões sociais, favorecendo 
as elites dominantes a tomarem o poder da forma que foi exe-
cutado. 
 
CIDADÃO 
A pólis organizada no cidadão (elite) é a base da 
cracia moderna que temos hoje no mundo. Ela foi à primeira 
forma de organização em que o cidadão, enquanto entidade 
coletiva e conceito de grupo social tinha um papel social defi-
nido dentro daquilo que conhecemos por sociedade. Sua 
grande característica era o caráter político e social muito forte, 
sendo essa uma das características da sociedade grega. Que 
se dava da seguinte forma: a pólis é primeiramente uma cons-
trução política preocupada com a organização, conservação e 
proteção do grupo social organizado, que chamamos de soci-
edade. 
 
ÁGORA 
A sociedade grega é discriminatória e excludente, o ci-
dadão só pode ser da elite, a escravidão é uma regra, a mu-
lher não tem posição social significante e a ela cabe somente a 
reprodução e os afazeres domésticos. Nesses conceitos é ba-
seada a democracia grega, que até o início do século XX esta-
va ligada a um sistema de governo de privilégios. As cidades-
estados gregas que eram pouco mais de cem, estavam dividi-
das politicamente da seguinte forma: as oligarquias (governo 
 
 
Os cidadãos se reuniam na ágora (praça) em assembléia 
(reunião para discussão e deliberação dos problemas da 
pólis), onde cada cidadão tinha direito a voz e voto. A pala-
vra política com o seu significado vem daí: gr. politikê (sc. 
tékhné) '(ciência) dos negócios do Estado; a administração 
pública'. 
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da elite para elite) ou a democracia (governo que mantinham o 
privilégio da elite e uma pequena abertura às outras classes). 
Assim encontrávamos Esparta representando a tradição da 
oligarquia e Atenas representando a democracia. 
 
ROMA 
Dividida em 4 classes básicas a sociedade romana era 
formada de tal maneira: 
 
DIVISÃO DA SOCIEDADE ROMANA 
Patrícios – cidadãos de Roma, possuidores de terra e 
gado, que constituíam a aristocracia; 
Plebeus – parcela da população que passou ao convívio 
romano; eram livres, mas não podiam ser cidadãos, nem for-
mar famílias legalmente reconhecidas; 
Clientes – indivíduos ligados a alguma família patrícia, 
através de obrigações econômicas, morais e religiosas. Traba-
lhavam para os patrícios e acatavam as decisões políticas de 
seus protetores; 
Escravos – sem direito de qualquer espécie, o escravo 
vinha da derrota das guerras; 
Inicialmente os romanos tiveram uma monarquia, mas 
não se adaptaram e muito menos os patrícios (elite) aceitaram 
o poder na mão de uma única pessoa. Dessa forma deram um 
golpe e instalou-se a república, forma de governo baseada 
num senado composto por patrícios sendo que somente eles 
podiam deliberar toda a política. As outras classes sociais fica-
ram excluídas das decisões políticas. 
 
Após o domínio grego no mundo antigo, Roma se estabele-
ce como a última grande civilização a dominar esse período. 
Tal quais os gregos, os romanos basearam o seu modo de 
produção predominantemente na escravidão, que com cada 
passo que se dava na construção desse grande império, 
necessitava-se de mais mão de obra escrava. 
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PIRÂMIDE SOCIAL 
Assim, a pirâmide social é a representação da estrutura 
da sociedade que nos mostra como ela se organiza, principal-
mente tendo o trabalho como orientação. A importância está 
exatamente na relação que envolve o trabalho com a econo-
mia, a política e, consequentemente com as relações sociais 
entre as diferentes classes que compõem a sociedade. Dessa 
maneira podemos identificar como cada sociedade vivia no 
seu tempo. A primeira pirâmide social, a da Idade Antiga é re-
presentada classicamente pela sociedade greco-romana, mas 
ela mostra todo o período. A divisão da sociedade ainda não é 
chamada de classe social, ela tem mais a representatividade 
de castas, cisto que não permite mobilidade social. Justamente 
por isso o mais importante é observar não há mistura e quando 
isso ocorre é o fim da sociedade romana. Observe a pirâmide 
abaixo: 
 
 
O DIREITO 
Para os romanos a religião também ficou separada da 
política, o que fortaleceu a república e a política. O legado 
principal de Roma, deixado como herança ao ocidente foi sua 
legislação e construção do Direito. Foramas lutas de classes 
que fizeram com que as leis se adequassem às necessidades 
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da sociedade, aliás, que as leis fossem registradas de forma 
escrita e que todos soubessem delas, garantindo aos poucos, 
as conquistas da plebe em relação à sua participação política. 
Cabe aqui uma ressalva importante: dos conflitos 
ais que Roma enfrentou. A rebelião comandada por um escra-
vo chamado de Spartacus de 73 a.C. a 71 a.C. ameaçou a es-
trutura romana, envolvendo aproximadamente 120 mil escra-
vos contra o império. 
As duas culturas mais importantes para o mundo oci-
dental nos deixaram heranças que organizaram a nossa soci-
edade: A cultura grega nos deu toda a nossa orientação cultu-
ral: modo de pensar, arte estética, enfim, um padrão chamado 
cultura; a cultura romana nos deu a república e o direito. É por 
essa herança que organizamos o nosso pensamento, da nos-
sa referência estética, os ideais políticos e humanos, enfim, a 
construção da nossa sociedade na sua essência. 
Relacionado ao legado romano, o direito é o que nos o-
rienta em relação ao jurídico e à organização republicana. O 
sistema jurídico romano se organizou na evolução das suas 
crises sociais em relação às diferentes classes, buscando na 
forma da lei a orientação. 
 A idéia da separação do que é público, daquilo que é 
privado, deve-se ao Estado grego aprimorada pelo Estado ro-
mano. Dessa maneira o Direito romano se divide segundo Vi-
centino em: 
 
 
Veja uma das cenas finais do filme Spartacus, em que 
mesmo sabendo da sentença de morte, os escravos que 
lutaram pela liberdade não aceitaram entregar seu líder 
para os romanos, então todos foram crucificados, esse fato 
é verídico. Filmado por Stanley Kubrick este filme é consi-
derado um dos melhores da história do cinema. 
 
 http://www.youtube.com/watch?v=drxeH6_8QCs 
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Jus Naturale – Direito Natural, o entender filosófico do direi-
to. 
Jus Gentium – Direito das Gentes, compilação e organiza-
ção das leis abrangentes, isto é, que não levam em conta as 
nacionalidades. 
Jus Civilis – Direito Civil, conjunto de leis aplicáveis aos 
cidadãos de Roma. 
 
 
 
 
Vamos encerrando nossa Unidade II, perceba o início 
da evolução humana. Após dominar coisas básicas, mas 
extremamente difíceis e importantes e o ser humano cami-
nha a passos gigantescos na terra. 
Dominou com a sua inteligência aquilo que todos os 
outros animais temiam: o fogo. Com o polegar oposto trans-
formou a sua mão numa ferramenta de precisão que o per-
mitiu desenvolver cada vez mais seu cérebro. Deixa de ser 
um aglomerado de pessoas ou praticamente uma matilha 
humana, para iniciar a sociedade. 
Mas também ao criar esse esboço de sociedade, cria 
o poder (política, nobreza e elite) e a religião (moral e leis 
que nos controlam, através do desconhecido e místico). Vo-
cê deve ter percebido como o poder político se misturou com 
o religioso em quase todo o mundo antigo, aonde se con-
fundiu, exceto no mundo greco-romano. No que tange a polí-
tica na Grécia e Roma Antigas, referências da cultura oci-
dental, era como os demais. Percebemos, porém, que acon-
tece naturalmente uma separação de ambas, com a influên-
cia menor da religião conforme a sociedade vai se organi-
zando e o pensamento grego (filosofia) se estruturando. 
Com a criação da Pólis e conseqüentemente da ci-
dadania criou-se uma sociedade mais politizada e participa-
tiva na organização social, compreendendo a importância da 
função social separadamente da religião. 
O mundo romano reorganiza os conceitos gregos e, 
além da República, cria o Direito que expressa e organiza as 
leis fora da religião, tirando assim um dos principais papéis 
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desta. E tudo isso nos foi apresentado naquilo que chama-
mos de trabalho, pois é através dele que compreendemos a 
sociedade em que estamos inseridos, pois as relações soci-
ais de uma época são organizadas e orientadas pela relação 
social do trabalho em uma sociedade. As relações de poder 
são apresentadas nessas relações sociais: senhores X es-
cravos e outras. O fim da escravidão também foi o fim da 
Antiguidade, não foi o causador, mas teve grande influência. 
 Observe quanta coisa importante e desmistificadora 
a Idade Antiga nos trouxe, e como até hoje utilizamos esses 
conceitos em várias coisas. Vamos continuar nossa jornada 
e aprender mais. 
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UNIDADE 3 - O TRABALHO E A SOCIEDADE ME-
DIEVAL 
 
Ao final do estudo dessa unidade você deverá ser capaz 
de: 
 
 Compreender o conceito de Poder, Religião e Sociedade da 
Idade Média baseado no Trabalho e suas relações sociais; 
 
APRESENTAÇÃO 
 Antes de começar, iremos fazer uma ressalva importan-
te para sua compreensão a qual não deve ser esquecida e va-
le para todos os períodos já estudados até aqui e que estuda-
remos ainda. As referências e as construções de estilo de 
pensamento são do mundo Ocidental, mesmo que você obser-
ve que a maior parte do mundo antigo estudado seja no orien-
te (Babilônia, Egito, Hebreus, Hititas, Persas, Sumérios e ou-
tros.). 
 
 
BURGUESIA E A EUROPA 
Para a nossa disciplina esse período tem a sua impor-
tância, por ser um momento em que se inicia a caminhada de 
 
 
No mundo medieval veremos um embate grande en-
tre ocidente e oriente, entre cristianismo e islamismo, que 
será crucial para a determinação do mundo em que vivemos 
hoje. 
Muitos historiadores acreditam que haveria uma probabili-
dade enorme de o mundo ter outros conceitos religiosos, 
políticos e econômicos, caso as cruzadas fossem vencidas 
pelos mulçumanos e seu império se estendesse pelo globo 
a fora. Foi determinante para a hegemonia do mundo oci-
dental a vitória cristão-européia nas cruzadas, afirmando e 
expandindo as suas idéias. 
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uma classe em busca do seu espaço na estrutura social, que é 
justamente a burguesia. Ela começa a enriquecer, tem o 
tal, mas não tem status quo e também está longe do poder 
dentro da estrutura de sociedade em que vive. Em seu cami-
nho na busca pelo poder, ela percebe a necessidade de modi-
ficar conceitos que já existem e são muito fortes, mas, mesmo 
sendo fortes, não é o desejo nem a realidade da maioria. 
sim, a burguesia inicia uma longa jornada buscando incentivar 
as artes e conhecimentos para poder transformar a sociedade 
que quermudar. 
O mundo europeu era a periferia de outros mundos 
to mais desenvolvidos, com tradições e histórias mais antigas. 
Afinal, com uma população relativamente pequena, produção 
precária, comércio ínfimo e praticamente isolado de todas as 
rotas comerciais importantes, sem o contato com o oriente fi-
cava isolada de tudo e provavelmente manteria um atraso por 
mais tempo. Foram as cruzadas que trouxeram a Europa para 
o mundo e fizeram com que a Europa descobrisse aquilo que 
já existia, o comércio. 
Dessa forma, para você ter uma idéia, mesmo sendo 
um período significativo com a supremacia da Europa no final 
da Idade Média em relação ao resto do mundo, principalmente 
do mundo mulçumano, a Europa não era a superpotência que 
conhecemos hoje. 
 
 
 
Para você entender, vamos relembrar alguns conceitos bá-
sicos sobre o mundo medieval. Um conceito interessante é 
justamente a dominação da Igreja Católica por quase todo o 
período medieval e sua influência. Desde a estrutura social, 
a moral, a sua dominação sobre o conhecimento, as artes, 
enfim, a sua postura diante desse mundo que considerava 
como seu. 
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FEUDALISMO 
Outro conceito relacionado ao poder e à própria Igreja é 
o feudalismo: estrutura econômica, social, política e cultural. 
Foi a maior característica da sociedade européia no mundo 
medieval em substituição ao modo de produção escravista do 
mundo antigo, além das suas características consuetudinárias, 
agricultura rudimentar e de subsistência, comércio mínimo e o 
papel do servo nessa estrutura social ou modo de produção 
servil. 
 
A IGREJA 
Iremos explicar bem de que forma essa relação era 
mantida: a Igreja justifica a nobreza pela condição de herança 
divina, então são nobres e reis aqueles que herdaram de Deus 
essa condição e, são servos aqueles que são herdeiros de 
Adão, portanto, receberam como herança o castigo do traba-
lho. Por isso, inicialmente na cultura católica o trabalho e seus 
frutos não são valorizados, pelo contrário, são desqualificados. 
Da a união da Igreja com a nobreza, se mantém a condição de 
privilégios e exploração, só mudando os personagens do perí-
odo anterior. 
A terra, maior riqueza da Idade Média, está nas mãos 
da Igreja, que troca o direito de seu uso pelos nobres, por o-
bediência à religião. 
 
AS CRUZADAS 
As cruzadas além do aspecto religioso, há os aspectos 
políticos e comerciais. O seu início, a sua proposta, a sua du-
ração e o seu resultado mexerão com toda Europa, abrindo os 
horizontes europeus para um mundo até então inimaginável. 
Esse é um dos pontos mais interessantes e importantes, ao ir 
para a Terra Santa, para “libertá-la”, a Europa e principalmente 
os burgueses, descobrem um comércio fascinante jamais visto 
ou imaginado até então. 
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CONSTANTINOPLA 
Por último, a queda de Constantinopla, mesmo deca-
dente no momento de sua derrocada, foi um marco importan-
tíssimo de equilíbrio entre Oriente e Ocidente. 
 
PORQUE IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA 
A Igreja Católica é uma herança do mundo antigo, prin-
cipalmente do Império Romano. O cristianismo nasce durante 
o império romano, e é perseguido por muito tempo até que um 
dia, aliás, leia o que a lenda diz: 
 
Depois sob as ordens de Teodósio (378-395), em 391 
d.C. com Édito de Tessalônica em que declara a igreja Católi-
ca Apostólica Romana, a religião oficial de Roma – Católica 
porque é universal; Apostólica porque são os ensinamentos de 
Cristo pelos apóstolos e Romana pelo Império Romano, esta-
belecendo de forma definitiva por todo o mundo romano a Igre-
ja Católica como sua religião oficial. Por isso, na transição da 
Antiguidade para o Medieval, ela era a única instituição organi-
zada e estabelecida no mundo de então. 
Bom, então vamos discorrer agora por esses quatro 
pontos. 
 
A tradição cristã conta que, na véspera da batalha de Ponte 
Mívio, junto aos muros de Roma em 312, Constantino invo-
cou a ajuda do Deus cristão e teve uma visão celeste: uma 
cruz brilhante com os dizeres: “In hic signo vinces” (com este 
sinal vencerá). Após a vitória, em 313, Constantino, em gra-
tidão, baixou o Edito de Milão aos seguidores de Cristo, le-
galizando a nova crença. Foi Constantino também que con-
verteu o domingo em dia de descanso... O chamado „Édito 
de Milão‟, em virtude do qual o Império Romano reverte sua 
política de hostilidade ao cristianismo e outorgou completo 
reconhecimento legal de um dos fatos decisivos da história 
do mundo. (JOHNSON apud in VICENTINO 2002) 
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Baseados no teocentrismo, os ideais da Idade Média 
são conduzidos pela vontade de Deus e da estruturação do 
pensamento e conhecimento dentro da Igreja Católica, não 
existindo outra forma de atividade intelectual. No início do pe-
ríodo medieval, somente à Igreja cabia o conhecimento, toda a 
população era ignorante, junto com os reis e nobres. Tudo se 
justificava pela representação do divino, principalmente a posi-
ção social: 
 
 
 
 
Deus quis que, entre os homens, uns fossem senhores e 
outros servos, de tal maneira que os senhores estejam obri-
gados a venerar e amar a Deus, e que os servos estejam 
obrigados a amar e venerar o seu senhor... (Apud NAGERS, 
in VICENTINO, 2002) 
 
DESIGUALDADE SOCIAL DIVIDIDA 
Assim a Igreja encontra a justificativa para manter a de-
sigualdade social que vinha desde a Antiguidade, mas agora 
diferente, pois o escravo tinha um dono, e ela era contra a es-
cravidão. Na Idade Média, sai o escravo e entra o servo que 
não tem um dono, mas pertence à terra, que por sua vez per-
tence à Igreja. E visando manter a sociedade sobre sua guar-
da, a Igreja cede a terra e sua benção para justificar o título 
dos reis e da nobreza. E dessa forma, Igreja e nobreza se 
mantêm no poder trocando favores e dominando o povo pela 
ignorância e força. Aliás, a desigualdade se justifica na própria 
Bíblia e é cristalizada pelo povo que crê cegamente nela. Veja 
como está no gênesis que usaremos para poder explicar mais 
detalhadamente o seu significado: 
 
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1. 
Gênesis, 1 
 
No princípio, Deus criou os céus e a terra. 
 
2. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava 
sobre as águas. 
 
3. Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. 
4. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. 
5. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o 
primeiro dia. 
 
6. Deus disse: "Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras". 
7. Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas 
que estavam por cima.8. E assim se fez. Deus chamou ao firmamento CÉUS. Sobreveio a tarde e depois a manhã: 
foi o segundo dia. 
 
9. Deus disse: "Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num mesmo lugar, e 
apareça o elemento árido." E assim se fez. 
 
10. Deus chamou ao elemento árido TERRA, e ao ajuntamento das águas MAR. E Deus viu 
que isso era bom. 
 
11. Deus disse: "Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas 
que dêem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente." E assim foi 
feito. 
 
12. A terra produziu plantas, ervas que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores 
que produzem fruto segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu 
que isso era bom. 
 
13. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o terceiro dia. 
14. Deus disse: "Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sir-
vam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos, 
 
15. e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a terra". E assim se fez. 
16. Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à 
noite; e fez também as estrelas. 
 
17. Deus colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra, 
18. Presidissem ao dia e à noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que isso era 
bom. 
 
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19. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o quarto dia. 
20. Deus disse: "Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a 
terra, debaixo do firmamento dos céus." 
 
21. Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, 
segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era 
bom. 
 
22. E Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e 
que as aves se multipliquem sobre a terra." 
 
23. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quinto dia. 
24. Deus disse: "Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, 
répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie." E assim se fez. 
 
25. Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos igualmen-
te, e da mesma forma todos os animais, que se arrastam sobre a terra. E Deus viu que 
isso era bom. 
 
26. Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine 
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre 
toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra." 
 
27. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mu-
lher. 
 
28. Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. 
Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que 
se arrastam sobre a terra." 
 
29. Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as 
árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de ali-
mento. 
 
30. “E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a 
terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento." E assim se fez. 
 
31. Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Sobreveio à tarde e 
depois a manhã: foi o sexto dia. 
 
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1. 
Gênesis, 2 
Assim foram acabados os céus, a terra e todo seu exército. 
 
2. Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho. 
3. Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia repousara de toda a obra da Cria-
ção. 
 
4. Tal é a história da criação dos céus e da terra. 
5. No tempo em que o Senhor Deus fez a terra e os céus, não existia ainda sobre a terra nenhum 
arbusto nos campos, e nenhuma erva havia ainda brotado nos campos, porque o Senhor Deus 
não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem que a cultivasse; 
 
6. Mas, subia da terra um vapor que regava toda a sua superfície. 
7. O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro 
de vida e o homem se tornou um ser vivente. 
 
8. Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o 
homem que havia criado. 
 
9. O Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores, de aspecto agradável, e de frutos 
bons para comer; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. 
 
10. Um rio saía do Éden para regar o jardim, e dividia-se em seguida em quatro braços: 
11. O nome do primeiro é Fison, e é aquele que contorna toda a região de Evilat, onde se encon-
tra o ouro. 
 
12. (O ouro dessa região é puro; encontra-se ali também o bdélio e a pedra ônix.) 
13. O nome do segundo rio é Geon, e é aquele que contorna toda a região de Cusch. 
14. O nome do terceiro rio é Tigre, que corre ao oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates. 
15. O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. 
16. Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; 
17. Mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele 
comeres, morrerás indubitavelmente.” 
 
18. O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja 
adequada.” 
 
19. Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves 
dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o 
homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome. 
 
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20. O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os animais dos 
campos; mas não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada. 
 
21. Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-
lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. 
 
22. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para 
junto do homem. 
 
23. “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se cha-
mará mulher, porque foi tomada do homem.” 
 
24. Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que 
uma só carne. 
 
25. O homem e a mulher estavam nus, e não se envergonhavam. 
 
Gênesis, 3 
1. A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha 
formado. Ela disse a mulher: É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore 
do jardim?” 
 
2. A mulher respondeu-lhe: Podemos comer do fruto das árvores do jardim. 
3. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não comereis dele, 
nem o tocareis, para que não morrais.” 
 
4. “Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis! 
5. Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis 
como deuses, conhecedores do bem e do mal.” 
 
6. A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui 
apropriado para abrir a inteligência,tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu 
marido, que comeu igualmente. 
 
7. Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, 
ligaram-nas e fizeram cinturas para si. 
 
8. E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora 
da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio 
das árvores do jardim. 
 
9. Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe: “Onde estás?” 
10. E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; 
e ocultei-me.” 
 
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11. O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do 
fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?” 
 
12. O homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu 
comi.” 
 
13. O Senhor Deus disse à mulher: Porque fizeste isso?” “A serpente enganou-me,– respondeu 
ela – e eu comi.” 
 
14. Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os 
animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os 
dias de tua vida. 
 
15. Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e 
tu ferirás o calcanhar.” 
 
16. Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, 
teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.” 
 
17. E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da 
árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com 
trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. 
 
18. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. 
19. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; por-
que és pó, e pó te hás de tornar.” 
 
20. Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes. 
21. O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu. 
22. 
E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do 
bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do 
fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente.” 
 
23. O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha 
sido tirado. 
 
24. E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada 
flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida. 
 
 
 
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A JUSTIFICATIVA DIVINA PARA A DESIGUALDADE SOCI-
AL 
A narrativa acima é mais do que simplesmente a descri-
ção da criação do mundo por Deus, é também uma forma de 
mostrar porque uns nascem para mandar e outros para obe-
decer, justificando a idéia da herança divina, afinal, aos herdei-
ros de Deus, cabe comandar os herdeiros de Adão que tive-
ram como herança o trabalho. Que é considerado indigno ao 
homem, por causa do Pecado Original. 
É justamente por ele que a Igreja justifica a desigualda-
de social, num mundo em que a condição social é dada pela 
herança divina, pois os herdeiros de Adão terão que pagar o 
castigo do Pecado Original, onde o trabalho árduo para o seu 
sustento e de sua família é o pagamento junto da servidão à 
terra e seus senhores. 
 
O homem medieval acreditava que durante sua vida na 
terra ele viveria a expiação pela sua condição de herdeiro de 
Adão, mas o que lhe importava era a oportunidade de uma 
vida eterna no paraíso, se cumprisse as suas obrigações para 
com a Igreja, buscando assim, a salvação perto de Deus e 
longe do inferno e do demônio. 
 
MEIO DE PRODUÇÃO 
O “meio de produção” da Idade Média é o “trabalho ser-
vil”, baseado na permanência do servo à terra, do nascimento 
até a sua morte, jamais podendo sair do feudo. Assim, ele tem 
 
 
 
 
Assim se justifica a servidão que é praticamente uma escra-
vidão, mas, diferente, porque a escravidão tinha um senhor, 
um dono, o que era condenada pelos católicos. Justifica 
também a condição do rei e nobres que assim o são, porque 
Deus tem seus escolhidos para liderar os homens. Com is-
so, mudam-se os senhores do mundo, mas se mantém a 
condição de desigualdade. 
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um senhor que se mantém nessa condição enquanto for fiel ao 
Rei e a Igreja. 
Devemos observar que uma sociedade é composta pelo 
que chamamos de poder, que é a política; econômico, que é a 
relação de produção pelo trabalho. 
 Até aqui vimos, como o poder está durante quase todo 
o mundo medieval nas mãos da Igreja Católica e como o 
ceito de trabalho está ligado também a ela. 
Por não poder contar com escravos como acontecia no 
Império Romano, até porque iria contra a sua ideologia, a Igre-
ja, precisa manter a produção desse mundo e justificar a con-
dição social, além de controlar as pessoas. Fará isso muito 
bem justamente pela ignorância do povo, que se submeterá a 
servidão sem questionamento, acreditando nos dogmas da 
Igreja e que esse caminho, mesmo que penoso é melhor do 
que “queimar eternamente no inferno”. 
Por isso, inicialmente no mundo medieval, todo o co-
nhecimento é dado somente à Igreja, e assim mesmo, nem 
todos dentro dela têm acesso a esse conhecimento. O baixo 
clero aprenderá, ou melhor, decorará as missas e ladainhas 
em latim, sem na maioria das vezes falar o latim e conhecer o 
significado das palavras. 
 
A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO 
Outros conhecerão além do latim, o grego, esses serão 
a maioria dos copistas, mas também serão mão-de-obra para 
as bibliotecas confeccionando os livros, página por página. 
Agora o conhecimento, o acesso às bibliotecas, às discussões 
e produção do pensamento, serão para um seleto grupo e as-
sim mesmo, será direcionado para a discussão do Divino. 
Toda a forma de conhecimento é voltada para a refle-
xão do mundo a partir de Deus e sua criação, a herança do 
conhecimento greco-romano está nas bibliotecas dos mostei-
ros, onde os monges copistas traduzem do grego os clássicos 
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antigos e os transcrevem para o latim, a língua oficial da Igreja 
Católica. 
Em relação ao conhecimento, o pensamento grego de 
Platão e Aristóteles está reorganizado no pensamento teológi-
co católico: 
 A patrística baseada nos apóstolos Paulo e João, levou 
à criação da primeira escola filosófica do pensamento 
cristão com seu maior expoente, Santo Agostinho. Sua 
duração vai dos séculos II ao VIII e é considerada a 
formadora do pensamento católico através dos dogmas, 
com forte influência da filosofia grega principalmente de 
Platão.

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