Buscar

Mercado de Capitais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 212 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 212 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 212 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

José Wladimir Freitas da Fonseca
MERCADO
DE CAPITAIS
2009
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito 
dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
F676 Fonseca, José Wladimir Freitas da. / Mercado de Capitais. / 
José Wladimir Freitas da Fonseca. — Curitiba : IESDE 
Brasil S.A. , 2009.
212 p.
ISBN: 978-85-387-0802-5
1. Mercado de capitais. 2. Política monetária. 3. Bolsa de valores. 
I.Título.
CDD 332.6
Doutor em Ciências Econômicas pela Université de 
Toulouse. Mestre em Desenvolvimento Econômico pela 
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em 
Engenharia Econômica pela Universidade São Judas Tadeu 
(USTJ). Graduado em Ciências Econômicas pela Faculdade 
Católica de Administração e Economia (FAE). Atualmente é 
Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná. Tem 
experiência na área de Economia, atuando principalmente 
nos seguintes temas: Technologie, Transfert.
José Wladimir Freitas da Fonseca
Sumário
A atividade econômica para compreender o mercado de capitais ....13
Introdução ..................................................................................................................................................13
Os problemas econômicos básicos, a demanda e a oferta .......................................................13
Teoria elementar de funcionamento do mercado .......................................................................18
O equilíbrio do mercado ........................................................................................................................24
Renda nacional e equilíbrio ..................................................................................................................25
A renda nacional com o governo .......................................................................................................33
Considerações finais ................................................................................................................................36
Conceitos, funções e história da moeda .......................................................41
Introdução ..................................................................................................................................................41
Conceito e funções da moeda .............................................................................................................41
Demanda de moeda: a teoria keynesiana .......................................................................................44
Oferta de moeda ......................................................................................................................................49
Considerações finais ................................................................................................................................51
O Sistema Financeiro Nacional e a política monetária ............................55
Introdução ..................................................................................................................................................55
Breve histórico da formação do Sistema Financeiro Nacional .................................................55
A estrutura do Sistema Financeiro Nacional ..................................................................................56
Espécies de moedas usadas pelo público .......................................................................................64
Objetivo da política monetária e a demanda agregada ............................................................66
Considerações finais ................................................................................................................................70
A taxa de câmbio e o mercado cambial ........................................................75
Introdução ..................................................................................................................................................75
Determinação da taxa de câmbio – uma primeira abordagem ..............................................75
Demanda de exportação e importação ...........................................................................................79
O mercado de câmbio e suas especificidades ...............................................................................83
Considerações finais ................................................................................................................................89
Os mercados financeiros: monetário, crédito, capitais e cambial .......93
Introdução ..................................................................................................................................................93
O mercado monetário: generalidades ..............................................................................................93
O mercado de crédito ...........................................................................................................................102
O mercado de capitais ..........................................................................................................................104
O mercado cambial ...............................................................................................................................106
Considerações finais ..............................................................................................................................107
O mercado acionário e a bolsa de valores ................................................111
Introdução ................................................................................................................................................111
O mercado de títulos e o mercado de ações ................................................................................111
A bolsa de valores: histórico e generalidades ..............................................................................116
Os índices de bolsas de valores: o que são e quais os principais índices ...........................121
Considerações finais ..............................................................................................................................125
Avaliação de ações: uma análise fundamentalista ................................131
Introdução ................................................................................................................................................131
Critérios gerais de análise....................................................................................................................131
Análise fundamentalista: os principais índices ............................................................................132
O modelo básico de desconto ...........................................................................................................139
Considerações finais ..............................................................................................................................141
Fundamentos dos mercados futuros ..........................................................149
Introdução ................................................................................................................................................149
Mercado futuro: sua história e definições .....................................................................................150
O mercado futuro e seu funcionamento .......................................................................................153
Quem é quem no mercado futuro ...................................................................................................156O comportamento (posição) de cada integrante .......................................................................158
Considerações finais ..............................................................................................................................161
A Bolsa de Mercadoria & Futuros e os derivativos .................................165
Introdução ................................................................................................................................................165
História e conceitos da BM&F ............................................................................................................165
Principais jargões do mercado de opções: definições ..............................................................174
Considerações finais ..............................................................................................................................178
As operações na Bolsa de Mercadoria & Futuros: o funcionamento ..183
Introdução ................................................................................................................................................183
A estrutura dos sócios da BM&F ........................................................................................................183
Considerações finais ..............................................................................................................................193
Gabarito .................................................................................................................199
Referências ...........................................................................................................207
Apresentação
Todos os dias nos deparamos com informações sobre 
índice das bolsas de valores de São Paulo, Nova York, 
Japão; projeções sobre o crescimento da renda nacional; 
política de câmbio, política monetária e política fiscal, sem 
nos darmos conta que são verdadeiros termômetros e ins-
trumentos da atividade econômica de um país.
Trazer esse conjunto de informações ao curso Técno-
lógico é sem dúvida de grande importância e isso se deve 
a dois fatores. 
O primeiro deles é que as informações sobre o com-
portamento das bolsas de valores, mercados futuros, po-
líticas econômicas e tantas outras informações dessa dis-
ciplina estão concentradas somente naqueles que atuam 
nas corretoras de valores e nas próprias bolsas, o que torna 
o conhecimento restrito a poucos. Trata-se de informações 
valiosas e que devem estar ao alcance de todas as pessoas 
e principalmente aos técnicos em administração, pois são 
esses profissionais que poderão auxiliar na tomada de de-
cisão de suas empresas.
O segundo fator está relacionado à própria relevân-
cia do tema. Numa sociedade capitalista, onde os países 
não vivem isoladamente e o mundo está cada vez mais 
planificado, no sentido de estarem mais próximo uns dos 
outros, o mercado de capitais se posiciona de forma cen-
tral no desenvolvimento da atividade econômica. 
Nesses termos, este livro foi escrito com a preocupa-
ção de apresentar ao aluno o entendimento sobre o Mer-
cado de Capitais, disciplina de extrema relevância para 
tomada de decisões das empresas, bem como para com-
preender a economia de um país. 
Sendo assim, a fim de proporcionar maior flexibilida-
de ao estudo da matéria, este livro está subdividido em 
dez capítulos que estão interligados com um objetivo 
comum: conhecer as diversas especificidades do mercado 
de capitais
No primeiro capítulo, a maior preocupação foi pre-
parar o terreno para o entendimento sobre o mercado de 
capitais. Para isso, entendemos que o ponto de partida foi 
apresentar os princípios básicos das ciências econômicas, 
tendo como foco central seu maior desafio que é o binô-
mio necessidades ilimitadas versus recursos escassos, além 
de apresentar a formação da demanda e da oferta. Foi ne-
cessário, também, conhecermos de perto de que maneira 
a renda nacional se forma, além de sua importância para a 
análise do crescimento econômico.
No segundo capítulo, a preocupação maior foi levar 
ao leitor os principais conceitos e funções da moeda na 
medida em que as transações no mercado de capitais se 
fazem a partir do momento em que se estabelece uma re-
lação entre aqueles que possuem reservas monetárias (os 
agentes superavitários) e aqueles que precisam dessas re-
servas para financiar seus gastos (os agentes deficitários). 
O terceiro capítulo apresenta a estrutura do Sistema 
Financeiro Nacional e a política monetária. A relevância 
desse capítulo para o conjunto do livro está relacionada 
aos agentes do SFN que regulam e participam do mercado 
de capitais bem como estabelecem políticas econômicas.
No quarto e quinto capítulos, entramos na estrutu-
ra dos mercados financeiros onde se discute o mercado 
cambial e os demais mercados. Dar uma atenção maior ao 
mercado cambial no quarto capítulo se deve ao fato de 
que esse mercado está relacionado à política de relações 
internacionais, extremamente importante num mundo 
cada vez mais globalizado.
A partir do sexto capítulo até o último, apresentamos 
as principais especificidades das bolsas de valores e de 
mercadorias de futuros, tendo como foco central seu fun-
cionamento, bem como suas particularidades. 
Certamente, nenhum trabalho dessa natureza se 
torna exequível sem a existência de alguns colaborado-
res. Assim, gostaria de expressar minha gratidão para com 
aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para 
que esse trabalho chegasse ao seu final. Em primeiro lugar 
a Deus e aos meus pais, cujos ensinamentos me possibili-
taram alcançar meus objetivos de vida. Aos meus colegas 
e alunos da Universidade Federal do Paraná que foram 
fonte inesgotável de aprendizado e de conhecimento.
A minha mãe Iris de Freitas da Fonseca.
13
A atividade econômica para 
compreender o mercado de capitais
Introdução
Por meio do conhecimento da economia é que se forma uma visão mais ampla e 
crítica de todo o funcionamento do mercado de capitais, permitindo que se responda 
às diversas questões que envolvem poupança, investimento, desenvolvimento, avalia-
ção e riscos.
O objetivo deste capítulo é conhecermos um pouco da economia sob dois aspec-
tos: o primeiro deles está relacionado aos problemas básicos da economia e à formação 
de preços no mercado tendo como base inicial a formação da demanda e a formação 
da oferta (individual e total); o segundo aspecto está relacionado à renda nacional e ao 
equilíbrio, tendo como foco central o consumo, a poupança e o governo.
Os problemas econômicos básicos, 
a demanda e a oferta
A essência dos problemas econômicos está em equacionar o binômio: “necessida-
des ilimitadas versus recursos escassos”.
A partir dessa verdade, as sociedades enfrentam o problema de racionar os recur-
sos, o que constitui na procura de melhor administrá-los.
A melhor administração dos recursos implica na plena utilização e por suposto sua 
melhor combinação como, por exemplo, a questão do plástico como gerador de energia 
e não como material para reciclagem. Por outro lado, a utilização plena dos recursos quer 
dizer que não se pode justificar o desemprego ou subemprego de qualquer parcela da 
população mobilizável para fins produtivos ou ainda a existência de ociosidade na utili-
zação dos equipamentos de produção e outros recursos patrimoniais. 
14
A busca da melhor combinação quer dizer que as sociedades enfrentam o pro-
blema de melhor combinar os fatores humanos e patrimoniais, bem como canalizar os 
fatores disponíveis para os setores que possam produzir exatamente aqueles bens e 
serviços que melhor atendam aos desejos da coletividade.
Dessa forma, é com a eliminação da ociosidade e a incorporação dos contingen-
tes desempregados nos fluxos de produção e a promoçãoda ótima combinação dos 
recursos disponíveis que as economias se tornam capazes de atender com maior efici-
ência as necessidades e desejos da coletividade.
O que significa, então, limite máximo da eficiência produtiva e as melhores alter-
nativas para a canalização dos recursos limitados? Essa eficiência máxima implica a 
mobilização de todas as possibilidades de produção da economia enquanto as melho-
res alternativas dependem de opções sociais e políticas do governo.
Sejam quais forem as opções, sempre haverá um limite máximo: o aumento da 
produção de uma dada classe de bens implica a redução da produção de uma outra 
classe, a não ser que tenha ocorrido um aumento nos recursos acumulados. Por 
exemplo: suponha uma economia que disponha de certo volume de capital, certa 
quantidade de terra, trabalho, capacidade tecnológica e empresarial. No entanto, 
mesmo com um volume de produção diversificado, jamais poderá alcançar quanti-
dades infinitas.
Aceitando que, mesmo com o melhor treinamento da mão-de-obra, com a melhor 
tecnologia, as melhores terras férteis e com a capacidade de produção máxima, seu re-
sultado será sempre limitado em função da escassez desses recursos.
Supondo que uma determinada economia produza no limite máximo de sua 
capacidade dois produtos. Diante da constatação anterior, o emprego máximo de 
sua capacidade em um dos produtos revela a redução do outro – a possibilidade de 
produção.
Na realidade, as cidades enfrentam a escassez dos recursos produtivos quando 
devem optar pela pavimentação de ruas, construção de novos edifícios públicos, ex-
tensão das redes de água e iluminação, entre outros. O programa com certeza deve 
deixar de lado algum investimento importante devido à escassez de recursos, como 
vimos anteriormente.
O caso notável da antiga URSS que optou pela tecnologia de ponta pelo custo 
do conforto das moradias, o pequeno desenvolvimento dos bens de consumo direto 
como os duráveis e não-duráveis. Vejamos mais claramente este exemplo com o grá-
fico a seguir:M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
15
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Gráfico 1 – O caso notável da URSS: alimento versus armamento
0 10 20 30 40 50 60
70
80
A
B
C
D
10
20
30
40
50
60
Canhões
Manteiga O 
au
to
r.
O gráfico acima mostra exatamente esse problema das opções. Ao decidir, por 
exemplo, produzir mais canhões (saindo do ponto B para o ponto C do gráfico), a eco-
nomia de um país, neste caso a extinta URSS, diminui sua produção de manteiga (que 
representa os alimentos). A recíproca também é verdadeira. Ao aumentar a produção 
de manteiga (saindo do ponto C para o ponto B do gráfico), ela diminui a produção de 
canhões (armas), aumentando assim a produção de alimentos.
Em função do binômio recursos escassos versus necessidades ilimitadas, chega-
mos a constatação do primeiro e fundamental problema que as ciências econômicas 
tem que enfrentar.
Dessa forma, a partir da plena utilização dos recursos produtivos e das opções, 
podemos, com o auxílio de um gráfico, entender melhor essa problemática. Tal gráfico 
chama-se Curva de Possibilidades de Produção.
Como seu nome já declara, esse gráfico nos revela as possibilidades máximas de 
produção de um país num determinado período de tempo – funcionando, para simpli-
ficar, sempre com dois produtos.
Aproveitando o mesmo gráfico anterior, mas agora pensando em dois produtos 
quaisquer (X e Y), vejamos os pontos notáveis deste gráfico denominado curva de pos-
sibilidade de produção.
16
Gráfico 2 – Curva de possibilidades de produção
o
P
Q
R
Produto X
Produto Y o a
ut
or
.
Os pontos notáveis da curva de possibilidades
 Ponto O: pleno desemprego – no ponto O, a economia estaria operando em 
pleno desemprego, o que significa a não-utilização dos recursos disponíveis – 
produção igual a zero. No entanto essa situação somente se apresenta ao nível 
teórico ou em casos extremos, como: guerras, grandes catástrofes etc.
 Ponto P: capacidade ociosa – no ponto P, a economia estaria operando numa 
situação prática muito comum que é com certa capacidade ociosa. Nesse 
ponto estaria a economia com máquinas paradas, subutilização, parcela da 
população desempregada etc.
 Ponto Q: pleno emprego – no ponto Q, a economia estaria numa situação 
ideal, mas dificilmente alcançável. Embora represente um dos objetivos da po-
lítica econômica do governo, essa situação é mais teórica.
 Ponto R: nível impossível de produção – o ponto R evidencia um ponto 
fora da curva de possibilidade, dessa forma um ponto impossível de ser 
atingido. No entanto, esse ponto poderá ser alcançado em períodos futu-
ros, desde que ocorram deslocamentos positivos da curva de possibilidades 
preestabelecida. 
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
17
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Deslocamentos das curvas de possibilidades de produção
As curvas de possibilidade de produção movimentam-se ao longo do tempo, so-
bretudo em épocas em que surgem novas técnicas, novos recursos, novas possibilida-
des de produção que não se conhecia. Um exemplo clássico é a Revolução Industrial.
É possível ocorrer dois tipos de deslocamento das curvas: os deslocamentos po-
sitivos e os negativos.
Enquanto o deslocamento positivo ocorre em função da expansão ou melhoria 
dos recursos disponíveis (o que resulta de situações normais), o deslocamento nega-
tivo ocorre em função da diminuição ou desqualificação dos recursos disponíveis que 
resulta de situações anormais.
Vejamos abaixo os dois tipos de deslocamentos: o positivo e o negativo
 Deslocamento positivo – a revolução da microeletrônica na metade dos anos 
1970 que possibilitou o aumento do emprego dos recursos e uma maior inser-
ção da mão-de-obra técnica em todo o sistema produtivo.
Gráfico 3 – Deslocamento positivo da curva de possibilidades de produção
0 Produto X
Produto Y
O
 a
ut
or
.
 Deslocamento negativo – a guerra iniciada também nos anos 1970 em Mo-
çambique (na África) onde a destruição foi quase que total, fazendo com que 
os recursos disponíveis chegassem quase a zero.
18
Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção
0
Produto X
Produto Y
O
 a
ut
or
.
Teoria elementar de funcionamento do mercado
Teoria elementar da demanda – 
a demanda do indivíduo por uma mercadoria – bem ou serviço
A quantidade de uma mercadoria que um indivíduo pretende comprar durante 
um determinado período de tempo é função ou depende do preço da mercadoria em 
questão; da sua renda monetária; do preço das outras mercadorias e do gosto e prefe-
rência. Assim podemos escrever a demanda da seguinte forma: 
Qdx = f (Px; R; Py; G)
Onde:
Px = preço do bem em questão.
R = renda do consumidor (seu salário).
Py = preço dos outros bens (substitutos ou complementares).
G = gosto ou preferência do consumidor, assim como seus hábitos de consumo.
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
19
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Pela variação do preço da mercadoria, sob a consideração de que mantemos 
constante a renda desse indivíduo, os seus hábitos e o preço de outras mercadorias 
(supondo a condição ceteris paribus)1, chegamos à função de demanda do indivíduo 
pela mercadoria. 
Equação2: Qdx = a – b Px 
Suponha que a função demanda para um indivíduo referente à mercadoria x 
é Qdx = 8 – Px, ceteris paribus. Substituindo os vários preços da mercadoria x na 
função demanda, nós obtemos os valores da demanda individual mostrados na 
tabela abaixo.
Tabela 1
Preço (Px) 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Quantidade (Qdx) 0 1 2 3 4 5 6 7 8
A função de demanda do indivíduo (dx) pela mercadoria x mostra asquantidades 
alternativas dessa mercadoria x que ele está propondo comprar para as várias alterna-
tivas de preço dessa mercadoria, quando se mantêm todos os demais fatores constan-
tes. Vejamos graficamente como isso pode ficar:
Gráfico 5 – Demanda de um indivíduo para uma mercadoria
O
 a
ut
or
.
0 Qdx
Px
7
8
1
2
3
4
5
6
7 81 2 3 4 5 6
Dx
1 Ceteris Paribus: Trata-se de uma expressão que considera cada efeito, cada variável (PX, PY, Y e G/P), separadamente, fazendo a hipótese de que tudo o mais 
permaneça constante. Exemplo: se estamos variando o PX, então ceteris paribus para todas as demais, ou seja, PY, Y e G/P não variam, não alteram.
2 A equação da demanda possui o formato de uma reta, trata-se portanto da equação da reta. Nesse sentido temos : “a” representando o intercepto da equação 
e “b” representando o coeficiente angular ou a declividade da reta. Como se trata de demanda, este (–b) mostra sua declividade negativa.
20
A curva de demanda nos mostra que, num determinado tempo, se o preço de x é 
$7, o indivíduo se propõe a comprar uma unidade de x num período especificado (esse 
período pode ser uma semana, um mês, um ano ou qualquer outro período de tempo 
relevante). Se o preço de x é de $6, o indivíduo se propõe à compra de 2 unidades de x 
no período de tempo especificado, e assim por diante. Desse modo, os pontos da curva 
da demanda representam alternativas que se apresentam ao indivíduo em determina-
dos pontos do período de tempo que se considera.
A lei da demanda decrescente
No quadro e no gráfico anterior da demanda, observamos que quanto mais baixo 
o preço de x maior a quantidade de x procurada pelo indivíduo. Esse relacionamento 
inverso entre preço e quantidade procurada se reflete na inclinação negativa da curva 
de demanda, como verificamos no gráfico anterior – a isso nos referimos usualmente 
como lei de demanda decrescente.
A demanda do mercado por uma mercadoria
A demanda do mercado ou a demanda agregada por uma mercadoria nos mostra as 
quantidades alternativas nas quais essa mercadoria é procurada num período de tempo, 
em vários preços alternativos, por todos os indivíduos que compõem o mercado.
A demanda do mercado por uma mercadoria depende, assim, de todos os fatores 
que determinam a demanda individual e, ainda, do número de compradores dessa 
mercadoria existentes no mercado.
Geometricamente, a curva da demanda do mercado por uma mercadoria é 
obtida pelo somatório horizontal de todas as curvas de demanda individuais por essa 
mercadoria.
Ex: se existem dois indivíduos idênticos no mercado, um deles com a demanda pelo 
bem x dado por Qdx = 8 – Px, a demanda do mercado Qdx é obtida como se segue:
Tabela 2
Px $ Qd1 Qd2 Qdx
8 0 0 0
4 4 4 8
0 8 8 16
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
21
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
0
4
8
4 8 Qd1 0
4
8
4 8 Qd2 Px 0
4
8
4 8 Qdx
d2d1
+
Px Px
=
12 16
Dx=d1+d2
Demandas individuais Demanda do mercado
O
 a
ut
or
.
Figura 1 – Soma das demandas . 
Podemos observar que a demanda do mercado é a soma das demandas individuais.
Teoria elementar da oferta
A oferta de uma mercadoria por produtor individual
A quantidade de uma mercadoria que um único produtor se propõe a vender 
num determinado período de tempo é função ou depende do preço da mercadoria 
e do custo de produção dos produtores em geral. Para se obter a função de oferta de 
um produtor e a curva de oferta de uma mercadoria, alguns fatores que influenciam 
o custo de produção devem ser mantidos constantes (a condição ceteris paribus). 
Essas condições são as seguintes: a tecnologia, o suprimento dos insumos neces-
sários para a produção da mercadoria e, para mercadorias agrícolas, as condições 
climáticas. 
Qsx = f (Px; custo de produção; tecnologia; condições climáticas).
Obs.: O custo de produção é dado por mão-de-obra, matéria-prima, materiais 
secundários, energia elétrica consumida na produção.
Mantendo-se assim, todos esses fatores e variando apenas o preço da mercado-
ria, chegaremos à função oferta e à curva de oferta de um produtor individual para a 
mercadoria.
Supondo que um produtor individual tenha como função de oferta para a mer-
cadoria x: 
Qsx = –40 + 20 Px, ceteris paribus. 
22
Onde :
Qsx = Quantidade de oferta do produto x 
Px = Preço do produto x
Pela substituição dos preços correntes de x na função de oferta, chegamos ao 
quadro de oferta do produtor mostrado na tabela a seguir:
Tabela 3
Px Qsx
6 80
5 60
4 40
3 20
2 0
Transpondo para o gráfico cada par ordenado de valores, chegamos à curva de oferta 
do produtor. Como no caso da demanda, os pontos da curva de oferta representam alter-
nativas que se apresentam para o produtor em um determinado período de tempo.
Gráfico 6 – Curva de oferta do produtor
O
 a
ut
or
.
0 Qsx
Px
1
2
3
4
5
6
8020 40 60
Sx
A forma da curva de oferta
Na tabela e no gráfico da oferta, vemos que quanto mais baixo o preço de x, menos 
a quantidade de x será ofertada pelo produtor. O inverso, naturalmente, também é 
verdadeiro. Essa relação direta entre preço e quantidade ofertada reflete uma curva M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
23
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
de oferta crescente. No entanto, embora a curva de oferta seja geralmente crescente, 
a sua inclinação poderá ser muitas vezes zero, infinita ou mesmo negativa, não sendo 
prudente fazermos uma generalização.
A oferta de mercado para uma mercadoria
A oferta de mercado ou oferta agregada de uma mercadoria nos dá as quanti-
dades alternativas da mercadoria ofertada num período de tempo, aos vários preços 
alternativos, por todos os produtores dessa mercadoria que operam no mercado. A 
oferta de mercado da mercadoria depende de todos os fatores que determinam a 
oferta dos produtores individuais e do número de produtores dessa mercadoria que 
operam no mercado. Vejamos um exemplo:
Se existem 100 produtores idênticos no mercado, cada um dos quais com uma 
função de oferta da mercadoria x dada por Qsx = – 40 + 20Px ceteris paribus, a oferta de 
mercado Qsx é obtida da seguinte forma:
Qsx = – 40 + 20Px cet. par. sx = do produtor individual
Qsx = 100 (Qsx) cet. par. sx = de mercado
Qsx = (– 40 . 100) + (20Px . 100) ou Qsx = (– 40 + 20Px) . 100
Qsx = – 4 000 + 2 000Px
Construindo a tabela:
Para Px = 6
Qsx = – 4 000 + 2 000 . 6
Qsx = 8 000
Para Px = 5
Qsx = – 4 000 + 2 000 . 5
Qsx = 6 000
Para Px = 4
Qsx = – 4 000 + 2 000 . 4
Qsx = 4 000
Para Px = 3
Qsx = – 4 000 + 2 000 . 3
Qsx = 2 000
Para Px = 2
Qsx = – 4 000 + 2 000 . 2
Qsx = 0
Tabela
Px Qsx
6 8 000
5 6 000
4 4 000
3 2 000
2 0
24
Gráfico 7 – Curva de oferta de mercado para uma mercadoria
O
 a
ut
or
.
0 Qsx
Px$
1
2
3
4
5
6
8 0002 000 4 000 6 000
Sx
O equilíbrio do mercado
O equilíbrio se refere às condições do mercado, as quais, uma vez atingidas, 
tendem a persistir. Em economia isso ocorre quando a quantidade demandada de 
um bem no mercado, na unidade de tempo, iguala a quantidade ofertada do bem ao 
mercado nessa mesma unidade de tempo. Geometricamente, o equilíbrio ocorre na 
intercessão das curvas de demanda e oferta do mercado. O preço e a quantidade para 
os quais existe esse equilíbrio são conhecidos, respectivamente como preço e quanti-
dade de equilíbrio.
Se utilizarmos os exemplos anteriores, ou seja, da demanda do mercado e da 
oferta do mercado, podemos determinar o preço de equilíbrio e a quantidade de 
equilíbrio para a mercadoria x como se segue:
Px Demanda (Qdx) Oferta (Qsx)
6 2 000 8 000
5 3 000 6 000
4 4 000 4 000 Equilíbrio3 5 000 2 000
2 6 000 0
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
25
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Gráfico 8 – Equilíbrio do mercado – oferta X demanda
O
 a
ut
or
.
0 Qx
Px
1
2
3
4
5
6
8 0002 000 4 000 6 000
Sx
Dx
e
No ponto “e”, de equilíbrio, não existe nem excesso nem escassez da mercadoria 
e o mercado é normal. Ceteris paribus, o preço e a quantidade de equilíbrio tendem a 
persistir ao longo do tempo. Acima desse ponto temos excesso de oferta. Por outro 
lado, abaixo desse ponto temos excesso de demanda.
A outra forma de conhecermos o equilíbrio é a forma matemática 
Qdx = Qsx.
Renda nacional e equilíbrio
Em função das necessidades ilimitadas e dos recursos serem escassos, a econo-
mia dos países registram, em determinados momentos, elevados níveis de produção, 
investimento e consumo. Por outro lado, em alguns momentos, observa-se um baixo 
volume de produção, desemprego elevado, baixo consumo e desestímulo ao investi-
mento: é a situação de crise econômica. Esse hiato que se estabelece entre a produção 
obtida com o uso de fatores em desemprego, e aquela que potencialmente se poderia 
obter com o pleno emprego dos fatores de produção disponíveis, representa um custo 
social que deveria ser evitado.
Dessa forma, o objeto da macroeconomia é estudar os elementos que determi-
nam o nível de produção, de emprego e o de preços, numa situação de curto prazo.
26
Renda e dispêndio
Para compreendermos o conceito de renda nacional de equilíbrio, é preciso saber 
a distinção entre renda e dispêndio.
Enquanto a renda mede o fluxo de pagamentos dos fatores de produção, o 
dispêndio mede o fluxo dos gastos em bens e serviços de consumo e investimentos 
da economia.
No entanto, os dispêndios tornam-se pagamentos que remuneram os fatores que 
produzem os bens e serviços, demonstrando dessa forma que renda e dispêndio re-
presentam medidas diferentes, mas de um mesmo fluxo. Com isso a renda nacional de 
equilíbrio é aquela em que a remuneração dos fatores de produção coincide com os 
gastos em bens e serviços de consumo e investimentos.
É possível ampliar um pouco mais os conceitos acima, esclarecendo, ainda, que o 
dispêndio corresponde à demanda agregada, ao passo que a produção corresponde 
à oferta agregada.
A oferta agregada e demanda agregada
Através do aumento da produção física, aumento dos preços, ou a combinação de 
ambos, as empresas respondem aos acréscimos de demanda do sistema econômico. 
Assim, enquanto a oferta agregada representa a oferta total de bens e serviços, a de-
manda agregada representa a procura total por tais bens e serviços.
Passaremos ao estudo do equilíbrio do fluxo econômico, partindo-se inicialmente 
sem governo e sem a comunicação com o resto do mundo para, num momento se-
guinte, incluirmos o governo e as relações externas.
O equilíbrio sem o governo e sem relações externas
A oferta total baseia-se na expectativa dos empresários quanto às possibilidades 
de vendas. As firmas responderão a qualquer estímulo da procura e, quando a oferta se 
igualar à procura, o ponto de equilíbrio terá sido determinado. Isso pode ser expresso 
da seguinte forma:
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
27
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Y = C + I
Onde: 
Y = produção ou oferta
C = consumo
I = investimento
Y é a produção dos empresários ou a oferta. 
C + I é o total da procura (lembrando da hipótese inicial onde não há governo, nem 
comércio internacional), visto que os bens e serviços são procurados ou para serem con-
sumidos pelos indivíduos ou procurados pelas próprias firmas para serem investidos.
A quantia a ser investida ou a procura de investimentos também é uma decisão 
feita pelos empresários autonomamente. A decisão de consumir ou poupar, no entan-
to, será feita pelos consumidores individuais.
Quanto ao consumo, este é determinado pela renda do indivíduo, que quanto 
maior, maior será seu gasto. No entanto, qual parcela será gasta em consumo e qual 
parcela será poupada? Embora dependa exclusivamente da vontade do indivíduo, essa 
parcela destinada ao consumo chamamos de propensão marginal a consumir, ao passo 
que a parcela destinada à poupança chamamos de propensão marginal a poupar.
Tanto a parcela destinada ao consumo como a parcela destinada à poupança 
podem ser expressas, numa única função, denominada função consumo.
A função consumo representa a soma do consumo dos indivíduos de uma comu-
nidade, dado certos níveis de renda possíveis.
Gráfico 9 – A função consumo
O
 a
ut
or
.
(Y)
C
100
200
300
400
500
600
500200 300 400
C=CO+b(Y)
100 600
28
C = nível de consumo
Y = nível de renda
C0 = consumo mínimo de coletividade
b = propensão marginal a consumir
Representando na abscissa (Y) os níveis de renda, e na ordenada (C) os níveis de 
consumo é possível determinar a função consumo. 
A função consumo é uma função linear que demonstra que mesmo para uma 
renda igual a zero, haverá um consumo mínimo da coletividade (C0) para a sua sobre-
vivência. Outra maneira de verificar esse consumo mínimo é conceber a hipótese de 
que este se origina de poupanças anteriores – ou seja, sempre haverá esse mínimo de 
consumo – que representa uma constante na função consumo.
Ainda há a propensão marginal a consumir (b), que demonstra a relação entre um 
acréscimo no consumo desejado em decorrência de um acréscimo na renda da coleti-
vidade: representando o coeficiente angular da reta (função consumo):
b = C
Y 
Assim, a função consumo será a soma daquela constante com a propensão mar-
ginal a consumir da renda: 
C = C0 + b(Y)
Análise do exemplo:
A constante C para o caso acima apresentado pode ser verificada diretamente no 
gráfico onde para um nível de renda igual a zero C será igual a 100 unidades monetá-
rias. Vejamos:
Nível de renda Consumo
Y C
0 100
100 150
200 200 a partir desse ponto, sempre haverá 
uma poupança positiva
300 250 
400 300M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
29
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Nível de renda Consumo
500 350
600 400
Quanto à propensão marginal a consumir, expressa por b, esta pode ser definida a 
partir dos diversos níveis de renda e consumo diante dos seus respectivos acréscimos, 
se não vejamos:
b =
 C
 Y
 logo temos que b = 
C2 – C1
Y2 – Y1
b = 150 – 100
100 – 0
b = 
50
100
 = 0,5
Disso podemos expressar nossa função consumo para o exemplo apresentado: 
C = 100 + 0,5 (Y)
Observemos com atenção o ponto onde o consumo se iguala à renda. Este denota 
que toda a renda, para esse nível, será despendida em consumo. No entanto, a partir daí, 
haverá uma poupança, que pode ser demonstrada no gráfico a seguir. 
Através de uma reta de inclinação de 45º diante da origem, que transforma dis-
tâncias horizontais (renda) iguais a distâncias verticais (consumo e poupança), pode-
mos vislumbrar a parte que cabe à poupança. Vejamos:
Gráfico 10 – Poupança
(Y)
C
100
200
300
400
500
600
500200 300 400
C=CO+b(Y)
100 600
Y=C
poupança=150
consumo=350
0
O
 a
ut
or
.
30
Ao longo da reta Y = C, sempre teremos um consumo igual à renda. Comparando-se 
essa reta com a função consumo, podemos determinar a poupança e o consumo. Por 
exemplo, com uma renda de 500, o consumo será de 350 ( C = 100 + 0,5 (500) = 350). A 
poupança é dada pela diferença entre a função consumo e a reta de 45º ( nesse caso a 
poupança será igual à renda menos o consumo, isto é, 500 – 350 = 150).
A hipótese é de que a propensão marginal a consumir (b) sempre será menor que 1 
(um), de modo que haverá sempre uma propensãomarginal a poupar maior que zero.
O equilíbrio
Voltando ao equilíbrio, este será determinado quando a oferta for igual à procura 
ou quando a poupança for igual aos investimentos:
Y = C + I (1)
C = C0 +b(Y) (2)
Substituindo 2 em 1 temos:
Y = C0 +b(Y) + I
Y - b(Y) = C0 + I
Y (1 – b) = C0 + I
Y=
(C0 + I)
(1 – b) 
logo 
Y=
(C0 + I)
(1 – b)
Onde:
C0 = consumo mínimo de coletividade
b = propensão marginal a consumir
I = investimento
Exemplo: digamos que o nível de investimento planejado é igual a 30 (determi-
nado exogenamente, ou seja, determinado autonomamente pelos empresários) e a 
função consumo é a mesma do exemplo anterior [C = 100 + 0,5 (Y)]), a renda de equi-
líbrio será:M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
31
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Y=
(C0 + I)
(1 – b)
 
Onde:
C0 = 100
I = 30
b = 0,5
Substituindo: 
Y=
 (100 + 30)
(1 – 0,5)
Y = 260
Graficamente podemos obter o nível de renda de equilíbrio quando a oferta total 
for igual à procura total. Para obtermos a procura total, somamos os investimentos à 
função consumo.
Gráfico 11 – Nível de renda de equilíbrio 
O
 a
ut
or
.
(Y)
C+I
100
200
300
400
500
600
500200 300 400
C=100+0,5(Y)
100 600
Y=C+1
C + I
0 260
260
130
C, I, P
130
Assim, teremos a reta C + I, que representa a procura total, onde no ponto em que 
ela corta a reta de 45º, teremos o ponto de equilíbrio, onde Y, na abscissa, é igual a C + 
I na ordenada e, consequentemente, a oferta total será igual à procura total.
Com uma renda de 260, o consumo será de:
C = 100 + 0,5 (260) = 230 e a poupança será de 260 – 230 = 30. O investimento 
planejado também é de 30; então P = I e a economia está em equilíbrio.
32
Voltando à renda nacional de equilíbrio, estamos prontos para definir a função 
poupança. Pudemos vislumbrar anteriormente que a poupança é na verdade a parcela 
da renda nacional não gasta em bens e serviços de consumo. Dessa forma a função 
poupança pode ser obtida da seguinte forma:
Y = C + S; mas C = C0 + bY, então
Y = C0 + bY + S ; fazendo a poupança igual à renda menos o consumo:
S = – (C0 + bY) + Y
S = – C0 – bY + Y logo:
S = – C0 + Y(1 – b)
Onde :
S = poupança
C0 = consumo mínimo de coletividade
Y = nível de renda
b – 1 = Propensão marginal a poupar
É importante notar, antes de mais nada, que a diferença (1–b) é a propensão mar-
ginal a poupar, onde a poupança é uma função crescente do nível de renda, porque a 
propensão marginal a poupar é positiva. Notemos, ainda, que a função poupança é a 
imagem espelhada da função consumo, ou seja: a baixos níveis de renda, a poupança 
é negativa, refletindo assim o fato de que o consumo excede a renda; inversamente, a 
níveis suficientemente altos de renda, a poupança torna-se positiva e assim reflete o 
fato de que nem toda a renda é gasta em consumo.
Vimos anteriormente que, na função consumo, a propensão a consumir era repre-
sentada pelo próprio coeficiente b e este sempre será menor que 1 (um).
A PMS (propensão marginal a poupar), corresponde ao coeficiente da variação 
absoluta na poupança pela variação absoluta na renda da coletividade. Dessa forma, 
considerando a PMC (propensão marginal a consumir) e a PMS, sua soma sempre será 
igual a 1 (PMC + PMS = 1).
Vejamos graficamente essa nova função em nosso exemplo:
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
33
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
Gráfico 12 – A renda nacional com a função poupança
O
 a
ut
or
.
(Y)
C
100
200
300
400
500
600
500200 300 400
C=CO+b(Y)
100 600
Y=C
0
-100
S= –CO+(1–b)Y
poupança=150
consumo=350
A renda nacional com o governo
Estudamos até o presente momento as variáveis fundamentais para a renda de equi-
líbrio, mas não incluímos participação do governo nesse processo. Dessa forma, o objetivo 
agora é introduzirmos a variável governo para a determinação da renda de equilíbrio.
O governo pode afetar a renda de equilíbrio de duas formas: em primeiro lugar, 
pode ocorrer através das compras governamentais de bens e serviços, que represen-
tam um componente da demanda agregada; em segundo lugar, os impostos e transfe-
rências que afetam a relação entre produto e renda.
Vejamos então como ficam as equações apresentadas com a entrada do governo:
Considerando o lado esquerdo da identidade contábil abaixo como sendo a des-
pesa da relação e o lado direito a alocação da renda:
34
C + I Y C + S
C + I + G Y C + S + (IR – T)
Onde:
O sinal significa identidade e não simplesmente igualdade3
C = consumo
I = investimento
Y= equilíbrio
S = poupança
IR = impostos
T = transferências
Para que não haja confusão com o I de investimentos, vamos fazer com que os 
impostos sejam representados por IR e as transferências por T.
Note que as compras do governo G representam as despesas, enquanto os im-
postos IR, menos as transferências T, representam a alocação da renda.
Daqui para frente o consumo não mais depende da renda simplesmente, mas sim 
da renda disponível Yd, que é a renda líquida disponível para a despesa das famílias 
depois de pago os impostos e recebidos os pagamentos de transferências do gover-
no. Dessa forma, a função consumo do indivíduo será a renda recebida (por exemplo 
seu salário) mais as transferências que o governo faz menos os impostos pagos (nesse 
caso o imposto de renda). Consiste pois na renda menos os impostos, mais transferên-
cias, Y + T – IR. A função consumo fica:
C = C0 + bY logo C = C0 + bYd . Como a renda disponível é Y + T – IR temos: 
C = C0 + b(Y + T – IR)
Onde: 
C = consumo
C0 = consumo mínimo de coletividade
b = propensão marginal a consumir
Y = nível de renda
T = transferências
IR = impostos
3 Em matemática o sinal igual significa que um valor é o mesmo que o outro. Por outro lado o sinal identidade significa que um termo da equação é a imagem 
idêntica a outros dois termos. Diferente da igualdade. Nas equações que exprimem a demanda agregada, a renda nacional e o produto nacional normalmente 
nos referimos a identidade ou seja, pode-se dizer que, ao mesmo tempo, Y é idêntico a C+I+G e a C+S + (IR –T).
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
35
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
No entanto, como os impostos representam uma parcela da renda, podemos 
dizer que os impostos IR são na verdade (iY), com isso podemos substituir na equação 
anterior. Vejamos:
C = C0 + b(Y + T – IR) logo C = C0 + b(Y + T – iY)
Simplificando a expressão temos:
C = C0 + bT + bY – biY
C = (C0 + bT) + b(1 – i)Y
Podemos observar, a partir dessa equação, que a presença do governo sob a forma 
de transferências T eleva a despesa de consumo autônoma pela propensão marginal a 
consumir, da renda disponível b, vezes o montante das transferências. A presença do 
imposto de renda, ao contrário, reduz a despesa de consumo a cada nível de renda. A 
redução surge porque o consumo de uma família está mais relacionado à renda dispo-
nível do que à renda propriamente dita e o imposto de renda reduz a renda disponível 
relativa àquele nível de renda.
Enquanto a propensão marginal a consumir da renda disponível permanece 
sendo b, a propensão a consumir da renda agora é
b(1 – i)
Onde:
1 – i = parcela da renda que resta depois de pagos os impostos
Renda de equilíbrio
Após todas essas considerações estamos prontos para determinar o equilíbrio:
sendo a Y = C + I + G temos:
Y = (C0 + bT) + b(1 – i)Y + I + G 
36
logo
Y = (C0 + bT + I + G) + b(1 – i)Y
Onde:
Y = nível de renda
C0 = consumo mínimo de coletividade
bT = gastos induzidos pelastransferências líquidas
I = investimentos
G = compras do governo
b (1 – i)= propensão a consumir da renda disponível
Y = nível de renda
Ao observarmos a equação acima, percebemos que o governo faz muita diferen-
ça. Eleva os gastos autônomos do montante das compras do governo, G, e dos gastos 
induzidos pelas transferências líquidas, bT. Ao mesmo tempo, o imposto de renda di-
minui o multiplicador.
Podemos substituir o primeiro termo da equação por A, que representa os gastos 
autônomos, então teremos: 
A = C + I + G + bT
Y = A + b(1 – i)Y resolvendo a equação em Y teremos:
A = – b(1 – i)Y + Y
A = – bY + biY + Y logo temos que A = Y( 1– b(1 – i) )
Y= 
A
[1 – b(1 – i)]
Considerações finais
Três pontos merecem ser destacados: o primeiro refere-se aos problemas bási-
cos da economia. Dado que os recursos são efetivamente escassos e as necessidades 
são ilimitadas, esse é de fato o maior desafio dos países. O segundo ponto refere-se à 
formação dos preços no mercado, que ocorre quando a oferta e a demanda se inter-
ceptam estabelecendo um nível de preços que pode perdurar por algum tempo ou M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
37
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
podem mudar face o comportamento do consumidor ou dos ofertantes. O terceiro 
ponto refere-se à formação da demanda agregada e seu equilíbrio. Percebemos que 
para uma economia obter uma expansão na sua demanda agregada, não depende 
unicamente do governo, mas de todos os agentes envolvidos no sistema econômico; 
são eles: as famílias (indivíduos) que vão gastar suas rendas para adquirir bens e servi-
ços e pouparem; as empresas que vão investir para ofertarem produtos e serviços e fi-
nalmente o governo, que desempenha o papel de demandante de produtos e serviços 
e, portando, realiza gastos e ofertante de produtos e serviços gerando renda.
Texto Complementar
Keynes e a economia de Pleno Emprego
(KEYNES, 1988)
Keynes foi quem usou primeiro esse tipo de análise de curto prazo em 1936, che-
gando a uma importante conclusão quanto ao funcionamento de uma economia.
Lembrando da competição perfeita onde havendo desemprego, os preços dos 
fatores caíriam, o que faria com que os empresários contratassem o excedente, le-
vando a economia automaticamente ao nível de pleno emprego.
Keynes sugeriu que a economia poderia, perfeitamente, estabilizar-se num 
ponto aquém do nível de pleno emprego, visto que os preços, principalmente da 
mão-de-obra, são inflexíveis para baixo. Em outras palavras, mesmo havendo de-
semprego, os operários não se ofereceriam para trabalhar por menos do que o sa-
lário estabelecido.
Keynes chamou a atenção de todos para o fato de que, para a economia chegar 
ao nível de pleno emprego, é necessário que a procura agregada aumente. 
Atividades
O maior desafio das Ciências Econômicas é resolver o problema do binômio 1. 
escassez de produtos e necessidades ilimitadas. Nesse sentido, a curva de 
possibilidades de produção é um bom exemplo do quanto esse binômio é di-
fícil de se resolver. Imaginado um país que produza apenas trigo e educação, 
38
é possível afirmar que a produção de trigo será satisfeita na mesma medida 
em que a construção de novas escolas?
Considerando que o preço de equilíbrio de um produto, por exemplo o kg de 2. 
arroz, ocorre quando a curva de oferta de um produtor intercepta a curva de 
demanda de um indivíduo, como ocorre o preço de equilíbrio se pensarmos em 
todo o mercado de arroz?
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
39
A
 atividade econôm
ica para com
preender o m
ercado de capitais
A função consumo é uma função linear que demonstra que mesmo para uma 3. 
renda igual a zero, haverá um consumo mínimo da coletividade. Nesse caso, se 
uma comunidade onde não há renda alguma podemos pensar que essa função 
consumo também terá um consumo mínimo?
41
Conceitos, funções e história da moeda
Introdução
Através do controle da moeda, a autoridade monetária administra a liquidez na 
economia de um país controlando a taxa de juros. Ao mesmo tempo, a autoridade 
monetária deve assegurar que o volume de moeda seja suficiente para possibilitar as 
transações na economia (mercado de bens e serviços), de maneira que o potencial 
econômico do país seja atingido.
As autoridades monetárias são divididas em dois grupos. Aquela que exerce a 
função de fixar as diretrizes das políticas monetárias, creditícia e cambial do país (nesse 
caso encontramos o Conselho Monetário Nacional (CMN) que acaba transformando-se 
num conselho de política monetária. E aquela que atua como órgão executivo central 
do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as 
disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo 
CMN. Nesse caso trata-se do Banco Central. Ainda existem as autoridades de apoio, 
quais sejam: Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco do Brasil (BB), Banco Nacio-
nal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) e 
o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).
Nesse sentido, o objetivo deste capítulo é conhecer num primeiro momento as 
funções e os tipos de moeda para num segundo momento compreender como ocorre 
a demanda e a oferta de moeda através da teoria Keynesiana. 
Conceito e funções da moeda
A moeda pode ser definida como um instrumento ou objeto que por ser aceito 
pela população em troca de bens e serviços, passa a ser usado como meio de troca.
As funções da moeda são:
 um instrumento de troca;
 reserva de valor;
42
 unidade de conta ou denominador comum;
 padrão para pagamentos diferidos.
Como um instrumento de troca, a moeda possibilita a aquisição dos bens e servi-
ços, os quais o sistema produz. Do contrário, seria necessário utilizarmos a troca direta, 
escambo, troca de bens por bens.
Quanto a reserva de valor, a moeda não precisa ser gasta imediatamente, poden-
do ser guardada para uso posterior, pois ela é aceita por todos. No entanto isso serve 
para o indivíduo e não para toda a sociedade, na medida em que a reserva de valor da 
sociedade é sua produção de bens e serviços.
A moeda serve também para comparar o valor de diversas mercadorias, ou seja, ela 
possui o poder de equivalência. É possível somar um automóvel e um parafuso e outro 
bem qualquer e acharmos a sua equivalência em valor. Dessa forma, a moeda pode ser 
usada para fins contábeis.
A quarta função da moeda é o padrão para pagamentos diferidos, ou seja, a moeda 
serve para um pagamento a ser realizado no futuro. Na verdade essa função é a mesma 
da anterior, com a diferença que, enquanto aquela função ocorre no presente, o padrão 
diferido é em épocas diferentes.
As espécies de moeda ao longo da história 
Moeda metálica
Substituindo originalmente a troca direta, a moeda metálica era feita de ferro, 
bronze e cobre para mais tarde ser cunhada em ouro e prata. A princípio o ouro e a 
prata circulavam em lingotes, para mais tarde serem cunhadas pelo poder público.
Moeda de papel
A moeda de papel apareceu originalmente para tornar mais seguro o trans-
porte de moeda em grandes quantidades. Na verdade, enquanto a moeda metálica 
permanecia nos cofres dos bancos, o seu titular portava o recibo de depósito que 
poderia ser transferido a outro e assim por diante. No entanto, mais tarde, a moeda 
de papel libertou-se do encaixe metálico, assumindo duas formas: a moeda-papel 
e o papel-moeda.
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
43
Conceitos, funções e história da m
oeda
Papel-moeda
A moeda-papel, ou bilhete de banco conversível, era emitida por bancos privados ou 
do estado, que podia ser convertida em ouro e prata. A moeda-papel não é mais usada.
O papel-moeda, ou moeda de papel inconversível,denota a impossibilidade de 
conversão em ouro e prata. Essa moeda recebeu o curso forçado, ou seja, uma moeda 
conversível que se tornou inconversível e que não pode ser recusada como meio de pa-
gamento – é o dinheiro utilizado na atualidade, conhecido também por dinheiro-papel.
O papel-moeda não tem base metálica, por isso somente é aceita dentro do país. 
A sua conversibilidade em dinheiro estrangeiro, ou para pagamentos internacionais, é 
realizado através do câmbio.
Moeda escritural
A moeda escritural é a moeda mais utilizada atualmente pelas economias adian-
tadas. Conhecida também por moeda de banco, ela funciona mediante lançamentos 
de débito e crédito, na contabilidade bancária. Através dela é possível transferir impor-
tâncias do depósito ou conta do devedor para o credor, correspondendo apenas aos 
depósitos bancários à vista: haveres bancários, ou créditos bancários.
Os haveres bancários originam-se de um depósito de dinheiro anteriormente 
feito pelo emitente do cheque ou da ordem de pagamento; ou se originam de uma 
conta credora que o banco abriu em favor do emitente do cheque ou daquele que deu 
a ordem, ao conceder-lhe um empréstimo, um financiamento, um crédito. Na verdade 
uma pequena parte dos cheques ou das ordens de pagamento são convertidos em 
moeda de papel em todo o sistema bancário.
Moeda fiduciária, moeda manual e moeda divisionária
Recebem o nome de moeda fiduciária aquelas que não têm um valor intrínseco, 
cujo material o qual são feitas não representa nenhum material de valor como ouro 
e prata... Dessa forma, somente são aceitas porque seu valor de troca e liberatório re-
pousa na confiança do seu emitente. São elas: moeda-papel, papel-moeda e a moeda 
escritural.
A moeda manual, por sua vez, é a que pode ser portada, são elas: a moeda metá-
lica, a moeda-papel, o papel-moeda, a moeda divisionária.
A moeda divisionária é aquela de pequeno valor, que serve para fazer o troco, 
feita de metais pobres (níquel, cobre, alumínio), ou mesmo de papel vegetal.
44
Quase-dinheiro
Além do dinheiro, há, no mundo econômico, outras coisas que funcionam quase 
como se fossem dinheiro: o quase-dinheiro.
O quase-dinheiro realiza as mesmas funções do dinheiro, mas não é dinheiro, pois 
não tem o mesmo grau de liquidez deste, e muitas vezes exige um prazo para ser conver-
tido em dinheiro, além de uma despesa para sua conversão. São exemplos: os depósitos 
bancários a prazo e os títulos do mercado monetário como as letras do tesouro, os títulos 
de crédito emitidos pelas instituições financeiras, como suas letras de câmbio etc.
Demanda de moeda: a teoria keynesiana
Umas das razões pela qual as pessoas demandam moeda é que esta é necessária 
em qualquer economia em que pessoas e empresas vendem bens e serviços no mer-
cado em troca de moeda, e a empregam, por sua vez, para comprar bens e serviços 
oferecidos por outros. Esta é a essência da teoria clássica para a demanda de moeda, 
onde ela representa um meio de troca.
No entanto, na teoria keynesiana, a moeda torna-se muito mais que um simples meio 
de trocas, uma vez que as pessoas também procuram a moeda para fins especulativos e 
como uma segurança contra necessidades imprevistas das reservas de caixa. O desdo-
bramento da demanda de moeda em demanda para transações, demanda para precau-
ção e demanda para especulação desempenha um papel vital na teoria apresentada por 
Keynes para explicar a taxa de juro. Vejamos, então, cada uma dessas especificidades.
Demanda para transações
Todo o indivíduo precisa ter algum dinheiro para realizar as transações do dia a 
dia. A quantia que cada indivíduo ou empresa determinar ser necessária, dependerá de 
fatores tais como sua receita e despesas. Se uma pessoa recebe $100 a cada semana, e 
uma outra $200 a cada duas semanas. A primeira terá necessidade de um saldo médio 
de caixa, para fins de suas transações, menor do que a segunda, presumindo-se que 
ambas gastem suas rendas totais igualmente, no decorrer do tempo.
Vejamos outro exemplo: tomemos duas empresas onde a primeira tem suas vendas 
concentradas nos meses de dezembro e janeiro, mas sua produção está distribuída du-
rante todo o ano, ao passo que a segunda empresa tem suas vendas realizadas sincro-
nizadamente com sua produção durante todo o ano. Certamente a primeira empresa 
precisará de um saldo médio de caixa maior (reserva de dinheiro), para fins de transa-
ções, do que a segunda. Dessa forma, a demanda por transações de todas as pessoas e 
empresas pode ser dita como dependente do volume monetário das transações.M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
45
Conceitos, funções e história da m
oeda
A demanda para transações como uma função da renda
Dado que o volume monetário de transações para qualquer período inclui todas 
as espécies de transações com produtos intermediários e também todas as transações 
financeiras, ele excede o Produto Nacional Bruto (PNB) ou a renda nacional. No entanto, 
fazendo a suposição de que a proporção da renda nacional para o volume monetário 
de todas as transações é razoavelmente estável, podemos dizer que, numa primeira 
abordagem, a demanda para transações depende diretamente do nível de renda – po-
demos dizer ainda, para simplificar, que esta relação é linear.
Por exemplo: se as pessoas precisam de $1 para cuidar das transações represen-
tadas por $4 de renda, isso significa que os saldos de transações requeridos serão de 
$100 bilhões quando a renda estiver a nível de $400 bilhões (Lt = KtY logo Lt = ¼ x 400 
= $100), e serão iguais a $125 bilhões quando a renda alcançar o nível de $500 bilhões 
(Lt = KtY logo Lt = ¼ x500 = $125).
Isso pode ser expresso sob a forma de uma equação: 
Lt = KtY
Onde: 
Lt = é o total dos saldos para transações que depende do nível de renda
Kt = é a relação entre o volume de dinheiro para transação e o nível de renda 
individual nesse caso igual a 1/4. (1 = volume de dinheiro necessário visto acima e 4 
= nível de renda logo será 1/4 
Y = renda total nacional
Isso pode ser representado no gráfico a seguir:
Gráfico 1 – Demanda de moeda para transação em função do nível de renda
O
 a
ut
or
.
Y 
Lt
20
40
60
80
100
120
500200 300 4001000
125
140
KtY
Kt`Y
46
Se as condições institucionais e estruturais da economia fossem diferentes, $1 de 
saldos para transações representadas por $5 de renda, isso reduziria Kt para 1/5 e pro-
duziria a linha Kt’Y. Para a renda de $400 e $500, os saldos para as transações seriam de 
apenas $80 e $100. 
A demanda para transações e a moeda ociosa no período
Vimos anteriormente que a demanda de moeda para fins de transação varia dire-
tamente com o nível de renda. Agora veremos que a demanda de moeda para fins de 
transação varia inversamente com a taxa de juro.
Considerando um indivíduo que recebe $1.000 por mês e gasta sua renda unifor-
memente no decorrer daquele período. Para simplificar vamos admitir que cada mês 
tenha somente quatro semanas iguais. Primeiro, é importante notar que para este caso 
sua poupança é igual a zero. Podemos verificar também que a demanda por moeda 
no meio da primeira semana será de $875 enquanto, por exemplo, no meio da última 
semana será de $125. Sua demanda média mensal de moeda para transações é de 
$500. Se ele gasta uniformemente sua renda de $1.000 nas quatro semanas (1.000/4 = 
250) temos o que segue. No final da primeira semana será (1.000 – 250 = 750); no final 
da segunda semana (750 – 250 = 500); no final da terceira semana será (500 – 250 = 
250) ; no final da quarta semana será (250 – 250 = 0). A média mensal ocorre no meio 
do mês que é o saldo de 500; ou se preferir será (1.000 do início + 0 do final/2 = 500) 
Se não dividirmos o mês em mais que quatro semanas, o indivíduo em questão retém, 
para fins de transação em geral, $750 de moeda inteiramenteociosa durante a primei-
ra semana, $500 durante a segunda e $250 durante a terceira. 
Neste caso, a moeda ociosa, ao cabo de cada período, será atraída por uma taxa 
de juros em que o indivíduo estará disposto a aplicar no mercado financeiro.
Demanda de precaução
A demanda por precaução surge, fundamentalmente, por força da incerteza de 
receitas e despesas futuras. Os saldos de precaução permitem que as pessoas façam 
frente a aumentos imprevisíveis de seus gastos ou atrasos inesperados na entrada das 
receitas.
Esse tipo de demanda de moeda varia de acordo com a renda que se tenha. Os in-
divíduos precisam de mais dinheiro e estão dispostos a poupar uma maior parte desse 
dinheiro, quanto maiores forem os níveis de renda. 
Por outro lado a demanda por precaução também varia inversamente com a taxa 
de juro. A uma taxa de juro relativamente alta, o indivíduo pode ser tentado a assumir M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
47
Conceitos, funções e história da m
oeda
o risco de um saldo para precaução menor em troca da alta taxa de juro que pode ser 
auferida ao converter-se parte daquele saldo para precaução em haveres geradores de 
juros.
Embora a demanda por precaução possa ser formalmente distinguida da deman-
da para transação, o montante geral de moeda retida para fazer face a ambas as de-
mandas é visto, fundamentalmente, como uma função do nível de renda, e até certo 
ponto da taxa de juro também. 
Demanda para especulação
Preço dos títulos e as taxas de juro
Para podermos compreender a demanda por especulação faz-se necessário exa-
minarmos a relação entre a taxa de juro e o preço do mercado de um certo título1. 
Tomemos, por exemplo, uma obrigação negociável do governo dos EUA, o qual não 
corre qualquer risco de crédito – isto é, nenhum risco quanto aos juros e o principal 
não sejam pagos conforme o que foi compromissado, quer dizer, que nessa operação o 
valor do principal e o juros serão pagos. Embora não haja risco de crédito, existe ainda 
o risco de mercado, que é o risco de que a taxa de juro possa mudar.
Se i representa a taxa de retorno do título e com um vencimento especificado, R1, 
R2, ...Rn representa o número de unidades monetárias a ser pago sobre tais ações nos 
anos 1 até n, e S representa o montante do principal a ser pago no vencimento, no ano 
n; então o valor P corrente do mercado de tais títulos pode ser encontrado a partir da 
equação:
P = 
R1
(1 + i) 
+ 
R2
(1 + i)2 
+ 
R3
(1 + i)3 
+ 
Rn
(1 + i)n
P = 
S
(1 + i)n
Notemos que quanto mais alta for a taxa de juros, menor será o valor de mercado 
do título, e vice-versa. Assim, uma vez dado o fluxo de pagamentos de juros e o mon-
tante do principal (expresso na expressão acima) a ser pago no vencimento, o valor 
presente desse título somente poderá ser alterado por uma única razão: uma variação 
na taxa de juro – existe a razão do risco do crédito, a qual não consideraremos.
1 Um título é um documento que certifica a propriedade de um bem ou de um valor. O termo se aplica genericamente a todos os valores mobiliários.
48
Vejamos um exemplo: vamos imaginar que 
S = 1.000;
n = 10 meses 
i = 10% ao mês. 
Então P = 
1.000
(1 + 0,1)10
 = 385,54
Imagine agora que houve uma alteração na taxa de juros e ela tenha caído para 
5% ao mês. Temos então 
P = 
1.000
(1 + 0,5)10
 = 613,91
Dessa forma, combinando-se taxa de juro, vencimento e valor de mercado, 
vemos que o valor de mercado de um título de dívida está inversamente relaciona-
do à taxa de juro, e que qualquer variação dada na taxa de juros exerceria um efeito 
maior sobre aquele valor de mercado quanto mais distante a obrigação estivesse de 
seu vencimento.
Vejamos agora outro exemplo onde apenas variamos a distância da obrigação, 
ou seja, a variação de n. Considerando os mesmos valores e somente alterando o n 
temos: no primeiro caso P = 385,54 se considerarmos 10 meses. Mas se considerarmos 
20 meses temos:
P = 
1.000
(1 + 0,1)20
 = 148,64
Expectativas e a taxa de juros
Quem quer que compre um título está, até certo ponto, inevitavelmente especu-
lando com as futuras variações nas taxas de juros e enfrentando a possibilidade de um 
ganho ou uma perda financeira decorrente de tais variações. As pessoas que mudam 
de fundos de caixa para títulos ou ações esperam que a taxa de juro baixe e o valor 
daqueles papéis suba; elas encaram a presente taxa de juros alta, e o preço dos papéis 
como baixos – os que fazem a troca em sentido contrário têm expectativas opostas. O 
que ocorre é que os possuidores de riquezas desenvolvem um conceito do que é uma 
taxa de juros normal e consideram a taxa de juros corrente algumas vezes alta e outras 
baixa, dependendo do conceito de normalidade – com isso é que temos muitas vezes 
esses sentidos opostos nas transações com títulos.
Assim é possível estabelecer que quanto mais alta for a taxa de juro, menor o 
montante que os proprietários de acervos decidem manter sob a forma de moeda. 
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
49
Conceitos, funções e história da m
oeda
Combinando a demanda para transações, precaução e especulação para 
determinar a demanda total de moeda
Pudemos observar que as duas primeiras demandas (transação e precaução) de-
pendem diretamente do nível de renda. É de se esperar que, quanto maior a renda 
(seja das pessoas, seja da renda nacional), maior a necessidade de moeda para transa-
ção e por precaução.
Considerando que a taxa de juros, para quem possui moeda, representa um ren-
dimento, isto é, quanto se ganha com aplicações financeiras, há uma relação inversa 
entre demanda de moeda por especulação e taxa de juros. Quanto maior o rendimen-
to dos títulos (a taxa de juros), menor a quantidade de moeda que o aplicador retém 
em sua carteira, já que é melhor utilizá-la na compra de ativos rentáveis.
O motivo especulação (e, portanto, a influência da taxa de juros sobre a demanda 
de moeda) foi a contribuição de Keynes para a teoria macroeconômica.
Nesse sentido, quando somamos a demanda de moeda para transação, precau-
ção e especulação, de todos os agentes econômicos, temos a demanda total de moeda 
para toda a economia e, bem entendido, para cada um deles.
Oferta de moeda
Independentemente da demanda de moeda, o montante real de moeda que as 
pessoas e as empresas retêm, a qualquer tempo, evidentemente não pode exceder a 
oferta de moeda no sistema todo, naquele mesmo período de tempo – também não 
pode ser menor que a oferta de moeda do sistema.
Dessa forma, o equilíbrio no mercado requer que a oferta seja igual à demanda 
de moeda. Sendo M a oferta de moeda e L a demanda, o equilíbrio requer: M = L (não 
esquecendo que L é a soma de Lt (demanda de moeda para transação e precaução) e 
Ls (demanda de moeda para especulação)).
A oferta de moeda varia com o tempo de acordo com as decisões de orientação 
do Banco Central (Bacen) que a controla – na verdade o Bacen pode aumentar ou dimi-
nuir a oferta de moeda por meio da política monetária.
Por enquanto, vamos fazer a suposição de que a oferta de moeda é fixa indepen-
dente do nível de renda e independente da taxa de juros. Assim vejamos o gráfico a 
seguir:
50
Gráfico 2 – Equilíbrio da oferta e da demanda de moeda 
O
 a
ut
or
.
L, M
i
2
4
6
8
10
120105 110 115
equilíbrio
100
desequilíbrio
0 125 130 135
desequilíbrio
L
M
Dados a oferta de moeda e o nível de renda, há uma determinada taxa de juros à 
qual a soma das demandas de moeda para transação e para especulação será exata-
mente igual à oferta real de moeda – a taxa de juro que iguala a oferta e a demanda de 
moeda é a taxa de juro de equilíbrio.
Para o nosso exemplo, quando a oferta de moeda é fixada em 110, somente a 
uma taxa de juro de4% (por exemplo), será o montante de moeda demandada igual 
ao montante ofertado.
A uma taxa, por exemplo, de 6%, ocorre o desequilíbrio, onde a moeda demanda-
da é da ordem de 105 e a moeda ofertada ainda continua sendo 110. Dado que a oferta 
total de moeda deve ser retirada por alguém, o público verifica que em tal situação suas 
posses reais de moeda excedem o montante desejado. Depois de fazer as alocações dos 
100 requeridos para transações, as pessoas acham que os 10 remanescentes são mais 
do que elas haviam decidido reter como saldo ocioso a uma taxa de juro tão alta.
As pessoas se lançarão, por conseguinte, no mercado, com a finalidade de com-
prar títulos com a moeda em excesso. A demanda aumentada de títulos fará com que 
seus preços se elevem e seus rendimentos se reduzam. Isso continuará até que os 
preços daqueles títulos tenham sido forçados para cima até o determinado montante 
que é necessário para reduzir o seu retorno para 4%, aos quais as pessoas se sentirão 
satisfeitas por reter os 10 de saldos para especulação que realmente retêm.
Em contrapartida, em qualquer taxa abaixo, as pessoas manteriam uma quantia 
menor de títulos e uma outra maior em dinheiro – isso ocorre quando elas vendem os 
títulos para obter dinheiro. Um excesso de títulos no mercado faz baixar os preços e 
aumentar seus rendimentos. 
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
51
Conceitos, funções e história da m
oeda
Considerações finais
Procuramos neste capítulo compreender as funções da moeda, seus tipos e como 
ela é demandada no sistema. Tais questões mostraram a importância da moeda no 
crescimento da economia na medida em que a moeda é, antes de tudo, um facilitador 
de trocas de bens e serviços, sendo um meio de pagamento legalmente utilizado para 
realizar transações e quitar obrigações. Tudo aquilo que é geralmente aceito pelo pú-
blico em pagamento de bens, serviços e ativos de valor e no reembolso de dívidas é 
convencionalmente conhecido como moeda.
Texto Complementar
O cartão de crédito e a moeda
(MANKIW, 1999, p. 601)
Poderia parecer natural incluir os cartões de crédito como parte do estoque 
de moeda da economia. Afinal, as pessoas usam os cartões de crédito em muitas de 
suas compras. Portanto, os cartões de crédito não são um meio de troca?
Embora à primeira vista o argumento seja persuasivo, os cartões estão exclu-
ídos de todos os conceitos de moeda. A razão é que os cartões de crédito não são 
uma forma de pagamento, mas uma forma de deferir pagamentos. Quando você 
paga uma refeição com o cartão de crédito, o banco que emitiu o cartão paga ao res-
taurante o que lhe é devido. Mais tarde, você terá de reembolsar o banco (talvez, até, 
pagando um juro). Quando chega o vencimento de sua conta, você provavelmente 
a paga mediante um cheque a ser descontado de sua conta corrente. O saldo dessa 
conta é parte do estoque de moeda da economia.
Observe que os cartões de crédito são muito diferentes dos cartões de débito, 
que retiram automaticamente fundos de uma conta bancária para pagar compras. 
Em lugar de permitir a seu usuário adiar o pagamento de uma conta, o cartão de 
débito dá acesso imediato aos depósitos da conta bancária. Desse modo, o cartão 
de débito se assemelha mais a um cheque do que a um cartão de crédito. Os saldos 
das contas que estão por trás dos cartões de débito estão incluídos em alguma 
medida de quantidade de moeda.
Mesmo que os cartões de crédito não sejam uma forma de moeda, eles são im-
portantes na análise do sistema monetário. Pessoas que possuem cartões de crédito 
52
podem pagar muitas de suas contas de uma vez, no fim do mês, em vez de pagá-las 
esparsamente à medida que as compras são feitas. Em consequência, as pessoas 
que têm cartão de crédito mantêm, em média, menos dinheiro em mãos do que as 
pessoas que não têm cartão de crédito. Portanto, a introdução e a disseminação dos 
cartões de crédito podem reduzir a quantidade de dinheiro que as pessoas mantêm 
em mãos. 
Atividades
Como um instrumento de troca, a moeda possibilita a aquisição dos bens e 1. 
serviços, as quais o sistema produz. Do contrário, seria necessário utilizarmos a 
troca direta, escambo, troca de bens por bens. Nesse sentido a moeda assume 
a função de instrumento de troca. Por outro lado a moeda assume também a 
função de pagamentos diferidos. O que significa essa outra função?
M
er
ca
do
 d
e 
Ca
pi
ta
is
53
Conceitos, funções e história da m
oeda
Na teoria keynesiana, a moeda torna-se muito mais que um simples meio de 2. 
trocas (transação). Uma vez que as pessoas também procuram a moeda para 
fins especulativos e para precaução. Enquanto a moeda para fins especulativos 
mostra que a uma certa taxa de juros (taxa elevada por exemplo) as pessoas 
não reterão qualquer quantia de moeda em saldos para transação, o que pode-
mos dizer sobre a moeda como precaução?
Se a taxa de juros é elevada, as pessoas se lançam no mercado, com a finalidade 3. 
de comprar títulos com a moeda em excesso. Em contrapartida, o que acontece 
com a taxa baixa de juros?
55
O Sistema Financeiro Nacional 
e a política monetária
Introdução
Para o estudo do Sistema Financeiro Nacional faz-se necessária uma abordagem 
fundamentada nos princípios das instituições que o formam, particularmente aquelas 
representadas pelos bancos, uma vez que todo o processo de intermediação financeira 
é baseado nas suas origens. 
Nesse sentido, o objetivo deste capítulo é compreender a formação do Sistema 
Financeiro Nacional e a política monetária. Para tanto este capítulo está dividido em 
quatro partes: na primeira discutiremos as origens do Sistema Financeiro Nacional a 
partir de um breve histórico; na segunda parte apresentamos a estrutura do sistema 
nacional e sua importância na economia; na terceira discutimos os tipos de moeda em 
poder do público e, por fim, na quarta parte, discutiremos a política monetária.
Breve histórico da formação 
do Sistema Financeiro Nacional
Ao chegar ao Brasil, o Príncipe Regente D. João foi aconselhado pelo então minis-
tro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, D. Rodrigo (conde de Linhares), a instalar 
um “banco de troco” que tinha por finalidade fazer chegar aos cofres da Coroa o ouro 
disponível em poder do público.
Em 12 de outubro de 1808 foi criado o primeiro Banco do Brasil, definido como 
banco de depósitos, descontos e emissão. Além dessas atividades, havia outras ligadas 
à comercialização de pedras preciosas. As operações financeiras do governo já sedi-
mentavam seu escopo na incipiente instituição financeira.
56
O primeiro Banco do Brasil sofreu em sua estrutura os abalos provocados pela 
falta de austeridade da Coroa, no que concerne a sua política de gastos. A luta pela 
independência e o movimento de consolidação política contribuíram para a debela-
ção gradativa do Banco, e por decreto da Assembleia Legislativa, foi liquidado em 23 
de setembro de 1829. Essa liquidação se traduziu num ônus socioeconômico, pois o 
banco estava intimamente ligado às rotinas da população.
Mais tarde, em 1836, surgiram novas instituições, inclusive um novo Banco do 
Brasil, como também os primeiros bancos estrangeiros. 
A partir do século XX e pelo decreto 14.728 de 16 de março de 1921, foi instituída 
a Inspetoria Geral dos Bancos, subordinada ao Ministério da Fazenda, que tinha como 
propósito fiscalizar os bancos, além de normatizar as questões ligadas a exportações e 
operações cambiais.
Em 2 de fevereiro de 1945, foi criada a Superintendência da Moeda e do Crédito 
com a missão de controlar o mercado monetário e de iniciar a organização do Banco 
Central (conhecido hoje como Bacen).
O período pós-guerra foi marcado pelo crescimento industrial nos estados do sul, 
iniciando-se um processo de substituição de importações de bens de consumo durá-
veis.

Outros materiais