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Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 1 1.- NOÇÕES DE DIREITO ROMANO: -Propriedade (“dominium”, “proprietas”): relação direta e imediata entre o titular e a coisa (objeto ou pessoas livres sujeitas à “patria potestas”, definido como “in re plena potestas”. Propriedade Quiritária 1- Titular cidadão romano 2- Coisa corpórea “in commercio” (exceto terreno provincial) 3- Aquisição por meio reconhecido pelo “ius civile” Formas de Aquisição 1- Aquisição originária 2- Usucapião (ex: vender e não entregar) 3.a- “Res mancipi” - ”mancipatio” e a “in iuri cessio” 3.b- “res nec mancipi”- “traditio” Propriedade Pretoriana Propriedade bonitária (“in boni esse”), cujo domínio era concedido pelo pretor, em contraposição à propriedade quiritária. Formas e meios de aquisição 1- “Exceptio rei venditae et traditae” - proteção do comprador contra o antigo proprietário que se recusa a entregar a coisa vendida, com intenção de usucapí-la (reivindicatória atual). 2- “Actio Publiciana”- reconhecimento ficto de usucapião da coisa comprada sem as formalidades legais e solenes, mas que cuja coisa caiu em mãos de terceiro. * Confere a posse definitiva a quem não era proprietário quiritário (exemplo:- execução do devedor insolvente, sucessão pretoriana, doação). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 2 -Propriedade de terrenos provinciais- propriedade do povo romano administrado pelo Senado ( praedia stipendiaria) e propriedade do Imperador (praedia tributaria), cujo gozo era concedido pelo Estado ao particular= “POSSESSIO VEL USUSFRUCTUS” ( ususfructus). -Propriedade de Pelegrinos-domínio concedido ao estrangeiro (faltava o requisito da cidadania e, por isso, não eram passíveis de propriedade)-”DOMINIUM” para permitir a defesa processual da coisa, imitando a da propriedade quiritária. -Co-Propriedade- propriedade por duas ou mais pessoas (actio communi dividundo) ou adjudicação pelo maior pagamento. -Posse- é um fato, enquanto que a propriedade é um direito. “POSSESSIO NATURALIS”= detenção (corpus) “POSSESSIO AD INTERDICTA”= posse (corpus e animus)-fato tutelado pelo “ius civile”. AQUISICÃO DE PROPRIEDADE ROMANA: ORIGINÁRIA e DERIVADA. -Aquisição Originária - Ocupação - Invenção - União de coisas - Especificação - Aquisição dos frutos -Aquisição Derivada -”mancipatio”(venda) -”in iuri cessio” (cessão de direito) -”traditio”(tradição) Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 3 -USUCAPIÃO (“usucapio”)- modo especial de aquisição da propriedade quiritária, pelo exercício prolongado da posse- terreno= dois anos e outros (coisas, paterfamílias)=um ano REQUISITOS PARA “USUCAPIO” 1- “Res in commercio” (não podiam a “res furtivae” e a “res vi possessae” (posse violenta) 2- possessio civilis (posse com ânimo de dono) 3- “iustus titulus” ou “iusta causa usucapionis” (ato jurídico precedente= compra, doação, lote, pagamento de dívidas). 4- Boa fé inicial do possuidor (irrelevante a má fé superveniente) 5- “tempus” (prazo=dois ou um ano) PRESCRIÇÃO a- “Praescriptio longi temporis (réu possuidor) b- “Praescriptio longissimi temporis” (réu proprietário) PRESCRIÇÃO: é meio de defesa processual. A- “PRAESCRIPTIO LONGI TEMPORIS”- defesa do réu possuidor, que paralisava a pretensão do autor contra o réu, em virtude deste possuir a coisa durante muito tempo (dez anos presentes ou vinte ausentes), justo título e boa fé do possuidor. B-”PRAESCRIPTIO LONGISSIMI TEMPORIS”- perda do direito do proprietário por falta de exercício (o proprietário não merece proteção judicial), pelo prazo de quarenta anos (início), alterado para trinta anos, independentemente de boa fé e justo título do possuidor = impedia que o proprietário propusesse ação reivindicatória, porém não se concedia a propriedade ao possuidor. Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 4 -DIREITOS REAIS SOBRE A COISA ALHEIA:- (“iura in re aliena”) A-DIREITOS REAIS DE GOZO Servidões prediais e pessoais, enfiteuse e superfície. B-DIREITOS REAIS DE GARANTIA Fidúcia, penhor e hipoteca. -SERVIDÕES PREDIAIS (“servitutes praediorum”) = servidão entre dois prédios (mudando o titular, permanece a servidão ao novo titular): servidão de passagem, de trânsito, de canais de fontes, de esgoto, de não construir acima de certa altura etc.) -SERVIDÕES PESSOAIS (“servitutes personarum”) = estabelecidos um favor de determinadas pessoas:- usufruto, uso, habitação e o trabalho de escravos. -SUPERFÍCIE- direito de usar as construções introduzidas em terreno alheio, cuja propriedade pertencia ao proprietário do terreno, por longuíssimo tempo (direito alienável gratuito ou oneroso e transmissível aos herdeiros) -ENFITEUSE- direito de usar e gozar de púdio rústico alheio, por tempo ilimitado, mediante pagamento de foro anual. -FIDÚCIA- (“Fiducia cum creditore”) - transferência da propriedade, com a obrigação de o credor devolver a coisa quando recebesse o pagamento da dívida (o credor era dono da coisa, podia usar/gozar) -PENHOR-(“pignus”)-transferência da posse ao credor até pagamento de dívida, sem formalidades e seguido de entrega. Se o acordo previa que os frutos da coisa pertencessem ao credor, dava-se a anticrese (“antichresis”); se não, configurava furto (penhor). -HIPOTECA- (“hypotheca”)- a coisa dada ficava vinculada ao pagamento da dívida, sem que houvesse a transferência da propriedade ou da posse da coisa. A posse e domínio somente seria transferida ao credor no caso de não haver pagamento da dívida. Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 5 2.- INTRODUÇÃO AO DIREITO REAL – O direito das coisas é a parte do Direito Civil que por mais longo tempo se manteve fiel à tradição romana e aos princípios individuais que traçaram a história da humanidade, proclamando a intangibilidade do domínio- verdadeiro resquício da propriedade quiritária do direito romano (propriedade absoluta). Inicialmente, a propriedade do solo compreendia, além da superfície, também a de seus acessórios, o espaço aéreo e o subsolo. Alterações: CÓDIGO DE MINAS Decreto 24642/34 DL 1985/40 Lei 2004/53 Lei 3924/61 - separaram a propriedade do solo e das jazidas (monopólio da União) - pesquisa e lavra do petróleo, hidrocarbonetos e gases raros – monopólio da União DL 227/67 - jazidas arqueológicas ou pré-históricas distintas da propriedade particular -deu nova redação ao Código de Minas - DL 1985/40 CÓDIGO DE ÁGUAS Decreto 24643/34 quedas de água, fontes de energia elétrica não integram a propriedade da terra CONSTITUIÇÕES FEDERAIS CF/69 e CF/88 mantiveram a distinção da propriedade da superfície da das jazidas, fontes de energia, estabeleceu a função social da propriedade (CF/88) IMÓVEIS Compromisso de compra e venda sem cláusula expressa de arrependimento confere direito real que permite a Ação de Adjudicação Compulsória, caso o vendedor se recuse a outorgar a escritura definitiva (Lei 649/49, Lei 6014/73; DL 58/37 e Decreto 3079/38). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 6 DIREITOS REAIS DE GARANTIA Penhor não só dos bens móveis rural, agrícola ou pecuário, mas estendido também à caução de títulos de créditos, máquinas e aparelhos industriais, sal, salina, créditos hipotecários, pignoratícios (Decreto 24.778/34) e estabelecimentos de ensino (DL 7780/45) - DL 413/69 CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO DAS COISAS -CIENTÍFICO - Direito Romano ampliado pela Doutrina -LEGAL - direito atual, conforme situação jurídica regulada pela legislação - OBJETO DE NOSSOS ESTUDOSDIREITO REAL (“jus in re”) é o direito SOBRE A COISA, exercido de modo exclusivo por seu titular, que pode exigir a observância relativa desse direito contra tudo e contra todos (“erga omnes”), indiscriminadamente. Difere do DIREITO PESSOAL (“jus ad rem”) à medida em que o direito pessoal confere ao seu titular a exigência de determinada prestação APENAS contra o sujeito passivo (agressor/ devedor). 2.b.) CARACTERÍSTICAS, NATUREZA JURÍDICA, OBJETO e ELEMENTOS. - CARACTERÍSTICAS DO DIREITO REAL: 1.) ADERÊNCIA À COISA: sujeita a coisa ao seu titular, de forma que o titular pode exigir os direitos sobre a coisa, independentemente de quem quer que tenha praticado a agressão, pouco importando se preexistia contrato ou acordo ou se o agressor conhecia ou não a titularidade da coisa. O DIREITO É SOBRE A COISA; não contra um determinado agressor. 2.) DIREITO DE SEQUELA: direito de perseguir a coisa onde estiver ou com quem estiver. É o pressuposto da aderência do direito à coisa. 3.) EXCLUSIVIDADE DA TITULARIDADE: cada direito real permite apenas uma única titularidade; de maneira que se alguém já detém a titularidade, não comportar- se-á outro titular do mesmo direito. Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 7 O direito real tem uma ÚNICA e EXCLUSIVA TITULARIDADE, que pode ser exercida por uma ou mais pessoas ao mesmo tempo, de modo não controvertido ou disputado (o TÍTULO é UM só). 4.) AMPARO POR AÇÃO REAL: a proteção judicial do direito real é feita através de ação real. A tutela judicial mediante AÇÃO REAL confere algumas vantagens inexistentes na ação pessoal, como, por exemplo: -a) MAIOR PRAZO PRESCRIONAL (o máximo de 20 anos em alguns casos, enquanto que a ação pessoal prescreve no máximo em 5 anos); -b) SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL - desnecessidade de extinção de uma ação e ajuizamento de nova ação, quando a ação for indevidamente ajuizada em face de parte ilegítima; i.é., suficiente que a ação ajuizada tenha sido adequada à tutela do direito exigido, prosseguindo a mesma ação em face da parte que for legítima e que integrará o pólo passivo no estágio em que se encontrar, ainda que a parte legítima não tenha quaisquer vínculos com a pessoa inicialmente demandada. -C) DISPENSA DA RECONVENÇÃO - a ação real tem natureza dúplice, o que, em razão da exclusividade do titular, deverá haver um sucumbente (vencido) independentemente da apresentação da Reconvenção, quando cabível. A Contestação, na ação real, tem efeitos também de Reconvenção (inversão de pólo passivo em ativo). 5.) EXISTÊNCIA EM NÚMERO LIMITADO: os direitos reais existem em “numerus clausus”, não comportando interpretação ampliativa. Vale dizer, são direitos reais apenas aqueles que a lei especifica (POSSE, PROPRIEDADE, REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS e REAIS DE GARANTIA). 6.) SUCEPTIBILIDADE DE POSSE OU QUASE-POSSE: são reais os direitos que podem ser apreendidos ou fruídos (tocar, ver, sentir, perceber). Refere-se às coisas corpóreas/materiais (posse) ou incorpóreas/imateriais (quase-posse); que possuem existência física (posse) ou abstrata (quase-posse:- por exemplo, os Direitos Autorais). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 8 -FATO (Savigny) NATUREZA JURÍDICA DA POSSE -DIREITO (Ihering) -ESTADO DE FATO (Clóvis) OBJETO -bens corpóreos (móveis/imóveis) -bens incorpóreos (direitos) 2.c.) TEORIA OBJETIVA E TEORIA SUBJETIVA DA POSSE. - TEORIA OBJETIVA: Defendido por Ihering, para quem seria POSSUIDOR aquele que apresentasse APARÊNCIA da propriedade; sendo suficiente o “CORPUS”, já que o “animus” deve estar implícito. É a teoria adotada pelo Código Civil Brasileiro (art. 485, CC) para fins de PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. - TEORIA SUBJETIVA: Segundo Savigny, para que seja considerado POSSUIDOR, necessário haja ânimo de dono, que tenha o poder de disposição. Significa que, além do “CORPUS”, é preciso ter também o “ANIMUS DOMINII” (aparência + intenção = possuidor). É a teoria que rege a aquisição da propriedade pelo exercício prolongado da posse (usucapião). 3.- CLASSIFICAÇÃO, AQUISIÇÃO, OBSTÁCULOS E EFEITOS DA POSSE. 3.a.) CLASSIFICAÇÃO DA POSSE: - POSSE JUSTA: adquirida/exercida SEM violência física (pacificamente), SEM clandestinidade (às claras) ou SEM precariedade (legitimamente e em nome próprio). - POSSE INJUSTA: adquirida/exercida mediante violência física (à força), clandestinidade (às escondidas, de forma sorrateira), OU com precariedade (abuso Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 9 de confiança). Somente se convalesce quando cessada a violência, clandestinidade ou precariedade ou, então, ao cabo de um ano e um dia. - POSSE DE BOA FÉ: o possuidor DESCONHECE os vícios da posse; i.é, NÃO SABE que a posse foi adquirida através de violência, clandestinidade ou precariedade. A existência de JUSTO TÍTULO (transmissão “inter-vivos”) pressupõe a posse de boa fé, mantendo a mesma qualidade da posse pela qual foi transmitida por “causa-mortis”. O possuidor de boa fé tem direito (1)à PERCEPÇÃO DOS FRUTOS COLHIDOS (os frutos pendentes e os colhidos com antecipação devem ser restituídos ao legítimo possuidor, a partir da cessação da boa fé), (2)às DESPESAS FEITAS COM A PRODUÇÃO DOS FRUTOS, (3)à RETENÇÃO DA COISA PELAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS (essenciais à manutenção da coisa) E PELAS BENFEITORIAS ÚTEIS (aquelas que valorizam a coisa ou aumentam sua utilidade) ENQUANTO NÃO FOREM INDENIZADAS PELO LEGÍTIMO POSSUIDOR e (4)à INDENIZAÇÃO OU LEVANTAMENTO (retirada) DAS BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS (aquelas tendentes ao deleite ou lazer), este se não causar prejuízo à coisa (pela introdução unicamente de benfeitorias voluptuárias, não se defere direito de retenção da coisa pelo possuidor de boa fé). O possuidor de boa fé não responde por perdas e danos ao legítimo possuidor, uma vez que exerceu a posse como se legítimo fosse e cuidando da coisa como se sua veramente fosse. A restituição é feita conforme se encontra a coisa. - POSSE DE MÁ FÉ: o possuidor CONHECE os vícios que maculam a posse; ou seja, o possuidor SABE que a posse foi adquirida mediante violência, clandestinidade ou precariedade, mesmo que não tenha sido ele a praticar tais vícios ou mesmo que não tenha sido ele a adquirir a posse dessas maneiras. O ônus da prova da posse de má fé compete ao opositor (legítimo possuidor), pelo princípio geral de que “todos são bons até prova em contrário”. O possuidor de má fé tem direito apenas (1) ao RESSARCIMENTO DAS DESPESAS FEITAS COM A PRODUÇÃO DOS FRUTOS (NÃO tem direito a nenhum fruto: responde ao legítimo possuidor pelos frutos pendentes, pelos colhidos e pelos não colhidos por sua culpa) e (2) ao RESSARCIMENTO DAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS (NÃO tem direito de retenção da coisa enquanto Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 10 não indenizado pelas benfeitorias necessárias e, logicamente, também NÃO tem direito de retenção da coisa pelas benfeitorias úteis ou voluptuárias; que, aliás, não se lhe conferem nem mesmo direito à indenização - as benfeitorias úteis e voluptuárias beneficiam ao legítimo possuidor (o possuidor de má fé as perde em favor do legítimo possuidor, exceto se comprovada a má fé também deste - má fé concorrente, quando o legítimo possuidor sabia da agressão e não adotou nenhuma providência para cessá-la, pautando-se com omissão - vedação do enriquecimento sem causa). Ao contrário do possuidor de boa fé, além de o possuidor de má fé quase não ter direitos (tem direito apenas a ressarcimento de despesas de produção de frutos e das benfeitorias necessárias), o possuidor de má fé pode ser compelido a REPOR AS COISAS NO “STATUS QUO ANTE” (restituir a coisa como era antes de apossá- la) se assim exigir o legítimo possuidor que não cocorre commá fé; bem como o possuidor de má fé “RESPONDE PELAS PERDAS E DANOS (lucros cessantes e danos emergentes) experimentados pelo real possuidor, independentemente de dolo ou culpa, exceto se provar que as perdas e danos ocorreriam ainda que a coisa estivesse em poder do legítimo possuidor (força maior ou caso fortuito irresistível). - POSSE DIRETA: o possuidor exerce a posse pessoalmente, de perto, de fato. - POSSE INDIRETA: o possuidor exerce a posse de longe, através de interposta pessoa em seu nome, às suas ordens ou mediante sua autorização. - POSSE JURÍDICA: a lei lhe reconhece o direito, posse civil, no sentido legal. - POSSE DE FATO: o possuidor está investido na posse, exercendo-a diretamente em seu próprio nome ou quando exerce mera detenção (exercício da posse em nome de outrem; por ordem, autorização, permissão ou tolerância do legítimo possuidor). - POSSE “AD INTERDICTA”: confere amparo legal, viabiliza a proteção possessória ao proprietário/possuidor. - POSSE “AD USUCAPIONEM”: exercício da posse com ânimo de ser dono, com intenção de ter a coisa para si. Conduz ao usucapião, gera propriedade. - POSSE NOVA: exercício da posse conta com MENOS de um ano e um dia. Quando o esbulho ou turbação da posse for considerada posse nova, confere ao Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 11 legítimo possuidor a concessão liminar de reintegração ou de manutenção da posse, nas ações correspondentes. - POSSE VELHA: posse exercitada por MAIS de um ano e um dia. Impede que o legítimo possuidor retome liminarmente (antes que o réu seja ouvido ou tome conhecimento da ação através da citação) a posse perdida total (esbulho) ou parcialmente (turbação); ou seja, o possuidor ilegítimo (réu com posse velha) só restituirá a posse ao real possuidor APÓS o trânsito em julgado da ação possessória. - “JUS POSSIDENDI”: direito À posse, direito do proprietário (confere a posse ao titular da propriedade). - “JUS POSSESSIONIS”: direito DE posse, confere ao possuidor a proteção de sua posse, tem por finalidade as ações possessórias. - COMPOSSE: exercício da posse SIMULTANEAMENTE por duas ou mais pessoas, ao mesmo tempo, sobre a mesma coisa, de forma conjunta. A titularidade da posse é exercida por duas ou mais pessoas em comum. 3.b.) AQUISIÇÃO DA POSSE: a.)MODOS 1.APREENSÃO - DESLOCAMENTO dos bens móveis; - USO dos bens imóveis 2.DISPONIBILIDADE - compra e venda, doação, permuta, outros contratos que transfiram a posse b.)QUEM PODE ADQUIRIR - o próprio interessado ou seu representante legal - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação (constituto possessório) Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 12 3.c.)OBSTÁCULOS À AQUISIÇÃO DA POSSE CIVIL - permissão ou tolerância não gera posse civil - posse violenta ou clandestina convalesce em ano e dia - posse do principal presume também a dos acessórios 4- EFEITOS DA POSSE: - USO DOS INTERDITOS - legitimidade para ajuizamento das ações possessórias - PERCEPÇÃO DOS FRUTOS - direito do possuidor de boa fé - RESPONSABILIDADE PELAS DETERIORAÇÕES - obrigação do possuidor de má fé - RETENÇÃO DA COISA PELAS BENFEITORIAS - direito do possuidor de boa fé, quanto às benfeitorias necessárias ou úteis enquanto não indenizado. Exercido através dos Embargos de Retenção, na fase executiva da Ação Possessória - USUCAPIÃO - aquisição da propriedade pelo exercício prolongado da posse de boa fé ou de má fé - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - transfere ao contestante o ônus da prova. Exceção do princípio de processo civil que incumbe ao autor provar suas alegações - POSIÇÃO FAVORÁVEL - prevalência da posse nas ações possessórias (“jus possessionis” ou da propriedade nas ações específicas ao proprietário “jus possidendi”) Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 13 5- PROTEÇÃO POSSESSÓRIA - EXTRAJUDICIAIS - ATOS DE DEFESA - ATOS DE DESFORÇO - JUDICIAIS - MANUTENÇÃO - REINTEGRAÇÃO - INTERDITO PROIBITÓRIO - PUBLICIANA - IMISSÃO DE POSSE - EMBARGOS DE TERCEIRO - EMBARGOS DE OBRA NOVA/ NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA - SUMÁRIA DE POSSE 5.a.) PROTEÇÕES POSSESSÓRIAS EXTRAJUDICIAIS: Intentadas IMEDIATAMENTE À AGRESSÃO, independentemente de tutela judicial, praticando atos NECESSÁRIOS E SUFICIENTES para repelir a ofensa (meio e intensidade compatíveis e proporcionais à agressão) - exceção permitida no caso de esbulho ou de turbação para a LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE (exceção do comando legal de vedação da “justiça pelas próprias mãos”). - ATOS DE DEFESA: proteção intentada exclusivamente pelo possuidor. - ATOS DE DESFORÇO: proteção intentada pelo possuidor com o auxílio de terceiros. 5.b.) PROTEÇÕES POSSESSÓRIAS JUDICIAIS (NCPC, arts.554/587): Tutela judicial (ação/processo) pleiteada pelo possuidor quando não mais for possível a defesa da posse extrajudicial. O juízo competente, nos casos de bens IMÓVEIS, será sempre o da SITUAÇÃO DA COISA (Comarca onde se localiza o imóvel). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 14 - AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE: ação de força nova turbativa. Cabível quando ocorrer TURBAÇÃO DA POSSE (perda parcial da posse, perda da posse sobre parte da coisa como um todo). Se a ação for ajuizada quando a turbação for considerada posse NOVA, cabe concessão de MANDADO LIMINAR (ordem para manter o autor na posse, determinando que o réu restitua-lhe a posse ANTES que tenha oportunidade de se manifestar nos autos), COM ou SEM justificação prévia. A concessão LIMINAR depende do requisito OBJETIVO (turbação ocorrente há MENOS de um ano e um dia:- se a posse for VELHA, o juiz está PROIBIDO de conceder liminar, ainda que esteja previamente convencido do merecimento e, se conceder a liminar ainda assim, cabe MANDADO DE SEGURANÇA em razão da lesão do direito líquido e certo ofendido) e do requisito SUBJETIVO (além de a turbação ser posse NOVA, o Juízo deve estar convencido da urgência dessa tutela: presença do “fumus boni juris” e “periculum in mora”, apreciados subjetivamente pelo juiz da causa). Se a turbação for considerada posse VELHA, a ação tomará o RITO ORDINÁRIO (a manutenção poderá ser concedida somente APÓS o trânsito em julgado da Decisão). É possível a cumulação de pedidos compatíveis ou decorrentes da causa, inclusive a fixação de pena pecuniária para o caso de nova turbação. - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE: cabível quando ocorrer ESBULHO (perda total da posse; perda da posse sobre toda a coisa; não mais há o exercício da posse, nem mesmo sobre qualquer parcela da coisa). São aplicáveis as mesmas disposições processuais previstas para a Ação de Manutenção de Posse. - INTERDITO PROIBITÓRIO: cabível quando ocorrer grave, concreta e iminente AMEAÇA À POSSE ou ao seu exercício. É proteção preventiva e, por conseguinte, não cabe concessão liminar (produz efeitos APÓS o julgamento) e infirma ao réu uma obrigação de não fazer (não mais praticar a ameaça apontada), podendo ser fixada pena pecuniária para nova transgressão (o pedido deve constar da Petição Inicial, cujo “quantum” pode ser reduzido pelo juiz). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 15 - PUBLICIANA: ação dominial cabível para retomada da posse perdida quando a propriedade já tiver sido adquirida pelo usucapião ainda não declarado por sentença judicial. -IMISSÃO DE POSSE (CPC antigo, art. 381): Ação de rito ordinário que objetiva a OBTENÇÃO DA POSSE (aquisição inicial da posse) por aquele que detenha o título de PROPRIETÁRIO, cuja posse foi intransigentemente negada. Discute-se a PROPRIEDADE (“jus possidendi”) e inexiste o requisito da posse. O julgado traçaexecução para entrega de coisa certa. -EMBARGOS DE TERCEIRO (NCPC, art.674ss): Objetiva a liberação da constrição judicial (penhora, arresto, seqüestro, apreensão) de bem/direito que pertença a quem não é parte no feito onde efetivada. EFEITO: suspende o curso da ação principal, a menos que os embargos não versarem sobre a totalidade da constrição. PRAZO: processo de conhecimento, até a prolação da sentença; processo de execução, até 5 dias da arrematação ou adjudicação, desde que não assinado o respectivo auto. _______________________________________ DIREITOS REAIS: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso. Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 16 CLASSIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL PLENA: todos os poderes da propriedade estão concentrados no titular. LIMITADA: um ou alguns dos poderes da propriedade são transferidos a outrem, temporariamente e em caráter real. RESOLÚVEL: sob condição resolúvel ou termo certo, em caráter real (ex. retrovenda – 3 anos, sob condição resolutiva, fideicomisso) AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL: 1) USUCAPIÃO 2) TRANSCRIÇÃO IMOBILIÁRIA: Regra geral, para cada imóvel há, apenas, um Cartório de Registro de Imóveis competente para abertura de Matrícula, onde lançar-se-ão Registros e Averbações à sua margem. ATRIBUTOS a. prioridade ou preferência b. especialidade objetiva c. legalidade d. continuidade e. força probante f. constitutividade g. publicidade 3) ACESSÃO NATURAL: ILHAS (meio da testada, lado da formação, desdobro de braço do rio) ALUVIÃO AVULSÃO (indenização ou remoção – 1 ano) ABANDONO DE ÁLVEO 4) ACESSÃO ARTIFICIAL: CONSTRUÇÃO e PLANTAÇÃO – pertencem ao proprietário do solo, com indenização ao construtor/plantador de boa fé, Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 17 exceto se a construção/plantação exceder o valor do solo, caso em que o construtor/plantador adquire a propriedade do solo, mediante indenização (má fé do construtor/plantador: sem indenização, exceto se o proprietário concorrer com má fé) USUCAPIÃO CONCEITO: Usucapião é modo de aquisição da propriedade e de outros direitos (usufruto, uso, habitação, enfiteuse, servidões prediais) através da POSSE PROLONGADA da coisa, com observância dos requisitos legais. HISTÓRICO: DIREITO ROMANO (Lei das XII Tábuas, Direito Quiritário, Justiniano, Imperador Teodósio) DIREITO ATUAL - A prescrição passou a ser uma maneira de adquirir e de perder o direito de propriedade de uma coisa ou de um direito pelo efeito do tempo (TEORIA MONISTA - CC Francês que influenciou o direito contemporâneo. TEORIA DUALISTA - Prescrição é energia extintiva e o usucapião é energia aquisitiva) - O CC brasileiro adotou a Teoria Monista. OBJETIVO (fundamento): Visa garantir a estabilidade e segurança da propriedade, fixando um prazo, além do qual não se pode mais levantar dúvidas ou contestações a respeito e sanar a ausência de título do possuidor, bem como os vícios intrínsecos do título que esse possuidor tiver. REQUISITOS: PESSOAIS REAIS FORMAIS Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 18 REQUISITOS PESSOAIS: Refere-se à pessoa do possuidor, em relação ao proprietário (impedimento/suspensão/prescrição:- arts. 118/170 e 172, CC). IMPEDEM o usucapião (se a posse for iniciada numa dessas condições, obsta o usucapião e sua marcha se interrompe): 1) entre cônjuges, na constância do matrimônio, 2) entre ascendente e descendente, durante o pátrio poder, 3) entre tutelados/curatelados e seus tutores/curadores, durante a tutela/curatela, 4) em favor do credor pignoratício, do mandatário e pessoas equiparadas, contra o depositante, devedor, mandantes, pessoas representadas, os seus herdeiros, quanto ao direito/obrigações relativas aos bens confiados ã sua guarda, 5) contra os absolutamente incapazes (menores de 16 anos; loucos, surdos e mudos que não puderem expressar vontade; ausentes - art. 5º, CC) -Orlando Gomes defende a tese de inexistir impedimento ao usucapião contra os absolutamente incapazes, ante a atuação do representante legal que deve promover a defesa da propriedade, 6) ausentes em serviço público da União, Estado ou Município, 7) contra os que servem na Armada e Exército, em tempo de guerra, 8) pendente de condição suspensiva, 9) quando não vencido o prazo, 10) pendendo ação de evicção, 11) havendo protesto, citação pessoal feita ao devedor, 12) havendo ato extrajudicial ou judicial que reconheça o direito do devedor ou o constitua em mora. Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 19 REQUISITOS REAIS - Referem-se aos bens e direitos insuceptíveis de usucapião. Não podem ser objeto de usucapião:- 1) coisas que estão fora do comércio (ar, luz solar, água - “in natura”), 2) bens públicos, 3) condomínio/composse; exceto quando excluído o estado de comunhão, # quando a inalienabilidade de um bem decorre de ATO NEGOCIAL que NÃO envolva o usucapiente, NADA impede a aquisição por usucapião. # USUCAPIÃO DE DIREITO: somente usucapião de direitos REAIS que recaiam sobre bens PRESCRITÍVEIS (servidão, enfiteuse, usufruto, uso e habitação). # As SERVIDÕES NÃO APARENTES NÃO SÃO SUCEPTÍVEIS DE USUCAPIÃO, porque são estabelecidas mediante TRANSCRIÇÃO IMOBILIÁRIA. REQUISITOS FORMAIS - Elementos necessários e comuns ao instituto:- 1) Posse mansa, pacífica e contínua, com “animus dominii”; 2) Lapso de tempo fixado na lei e preenchimento dos requisitos específicos, conforme a espécie cabível; 3) Sentença judicial declaratória. ESPÉCIES DE USUCAPIÃO: EXTRAORDINÁRIO (CC, 1238) ORDINÁRIO (CC, 1242) ESPECIAL - URBANO (CC, 1240) - RURAL (CC, 1239) - COLETIVO (Estatuto da Cidade) - FAMILIAR (CC, 1240-A) EXTRAJUDICIAL (NCPC, 1071) Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 20 1) USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO: -decurso do prazo de 15 anos (10 anos, se for moradia habitual ou ter realizado obras ou serviços de caráter produtivo) -não depende de título e boa fé da posse exercida pelo usucapiente -possível a soma do tempo de posse exercida pelo antecessor 2) USUCAPIÃO ORDINÁRIO: -existência de justo título, -posse de boa fé, -Prazo: 10 anos (5 anos, se adquirido onerosamente com registro no CRI cancelada posteriormente e desde que estabelecido sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico) -possível a conversão da posse de má fé do antecessor desconsiderando-se tal tempo, a fim de que a posse do sucessor seja de boa fé, desde que a aquisição da posse tenha se dado a título singular (inter vivos). 3) USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO (art. 183, §§ 1º a 3º, CF/88):- -área igual ou inferior a 250 m2, -não ser proprietário de outro imóvel, -utilização do instituto por uma única vez, -prazo de 5 (cinco) anos de posse, -imóvel essencial para moradia do usucapiente e sua família, -posse de boa fé, não sendo necessário o justo título. OBS.: Lei 10.257/2001 (rito sumário) – a) possível somar a posse do antecessor causa mortis, desde que residente no imóvel por ocasião da abertura da sucessão; b) possível usucapião coletivo de área superior a 250m2 não demarcada, podendo Profª Suely Mitie Kusano – DIREITODAS COISAS 21 somar o tempo de posse do antecessor a qq título; c) justiça gratuita inclusive perante CRI (idem Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001) 4) USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL (art. 191, Parágrafo Único, CF/88):- -usucapião “pro labore”, -área igual ou inferior a 50 hectares, -não ser proprietário de outro imóvel, -utilização do instituto por uma única vez, -prazo de 5 (cinco) anos de posse, -tornar a terra produtiva, dela retirar seu sustento e nela ter sua moradia, -posse de boa fé, não sendo necessário o justo título, -usucapiente brasileiro (aquisição limitada para estrangeiro). 5) USUCAPIÃO COLETIVO (Estatuto da Cidade – L.10.257/2001, art.10 ss.) – aquisição da propriedade por várias pessoas de baixa renda e não proprietários de outro imóvel, de área superior a 250m2, onde instalada a moradia, por posse de pelo menos 5 anos (independe de boa fé e pode haver a soma do tempo de posse do antecessor) e frações não identificadas (condomínio indivisível, salvo mediante deliberação de, no mínimo, 2/3 dos condôminos e no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio) – rito sumário. OBS.: CC,1228, §4º e §5º: Ação de Adjudicação com Indenização: quando a área for extensa, possuída por várias pessoas com posse ininterrupta e de boa fé, nela realizado obras ou serviços de interesse social e econômico relevante, adquirirão a propriedade mediante pagamento de indenização em resposta a reivindicatória. 6) USUCAPIÃO FAMILIAR (CC, 1240-A): - Prazo: 2 anos - Objeto: imóvel urbano de até 250m2 Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 22 - Requisitos: copropriedade/composse anterior com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, uso essencial para moradia, não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural, utilização única de uma ação de usucapião familiar. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL (NCPC, 1071): mediante requerimento assinado pelo advogado representante, instruído com uma ata notarial, planta e memorial descritivo do imóvel, certidões negativas e outros documentos, apresentará o pedido ao registro de imóveis em cuja circunscrição esteja localizado o imóvel usucapiendo, onde será protocolado, autuado e tomadas todas as providências necessárias ao reconhecimento da posse aquisitiva da propriedade imobiliária e seu registro em nome do possuidor (semelhante à retificação consensual de matrícula imobiliária – tramitação aproximada de 90 a 120 dias) – não impede ação judicial de usucapião no caso de indeferimento da usucapião extrajudicial. PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL: 1) ALIENAÇÃO 2) RENÚNCIA 3) ABANDONO (3 anos – Município/DF (urbano), União (rural) – cessada a posse e não satisfeitos os ônus fiscais) 4) PERECIMENTO 5) DESAPROPRIAÇÃO _____________________________________ RESTRIÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE: 1) CONFISCO 2) DESAPROPRIAÇÃO – DIRETA – INDIRETA – REFORMA AGRÁRIA – ESTATUTO DA CIDADE 3) REQUISIÇÕES – ADMINISTRATIVA Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 23 – MILITAR – ELEITORAL 4) TOMBAMENTO 5) POSTURAS ADMINISTRATIVAS 6) SERVIDÕES ADMINISTRATIVAS 7) DECORRENTES DO DIREITO CIVIL / DE VIZINHANÇA PROPRIEDADE MÓVEL: 1) USUCAPIÃO a)EXTRAORDINÁRIO: 5 anos b)ORDINÁRIO: 3 anos, justo título e boa fé 2) OCUPAÇÃO: assenhorar-se de coisa alheia, sem caracterização de ato defeso em lei. 3) ACHADO DE TESOURO: dividido entre o descobridor e o proprietário do imóvel particular ou aforado (será só do proprietário do imóvel se achado por ele, decorrente de pesquisa que ordenou ou por terceiro não autorizado). 4) TRADIÇÃO: entrega da coisa pelo alienante proprietário (o negócio jurídico, por si só, não transfere a propriedade, mas se a posse foi transferida ao adquirente e o alienante adquirir posteriormente a propriedade, a tradição aperfeiçoa a propriedade, exceto se nulo o negócio jurídico). 5) ESPECIFICAÇÃO: espécie nova a partir do trabalho em matéria prima – propriedade do proprietário da matéria prima (inclusive quando o especificador for de má fé), exceto se a espécie nova for mais valiosa que a matéria prima ou não puder reduzir à forma anterior, quando de boa fé o especificador. Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 24 6) CONFUSÃO (mistura homogênea – indissolubilidade dos ingredientes) COMISTÃO (mistura não homogênea – separável por procedimento elaborado) ADJUNÇÃO (ajuntamento – separável por catação) DIREITO DE VIZINHANÇA 1) USO ANORMAL DA PROPRIEDADE: objetiva segurança, saúde e sossego dos vizinhos, podendo exigir demolição, reparação necessária ou caução por dano iminente. Cabimento das ações de Nunciação de Obra Nova com ou sem Embargos de Obra Nova (extrajudicial, liminar, cautelar preparatória ou incidental), Demolitória (ação provisional satisfativa – CPC, 888, VIII), Cominatória ou de Dano Infecto. 2) ÁRVORES LIMÍTROFES: árvores ou plantas que ficam exatamente na linha divisória de propriedades distintas pertencem a ambos os vizinhos – as raízes e os ramos que ultrapassarem o plano vertical podem ser cortados desde que não prejudique a planta, os frutos caídos pertencem ao proprietário do solo particular onde caírem. 3) PASSAGEM FORÇADA: direito de passagem ao dono do prédio que se acha encravado, sem saída para via pública, fonte ou porto pelo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem. O dono do prédio serviente tem direito à indenização. Se ocorrer alienação parcial do prédio e havendo encravamento, o alienante vizinho fica obrigado a conceder passagem ao adquirente da parcela alienada (extingue a outra passagem anterior fornecida por outro vizinho, para constranger o alienante à passagem atual – NCCB, 1285, §3º). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 25 4) PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES SUBTERRÂNEAS DE SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA: idem passagem forçada indenizada pelo prédio mais acessível, devendo ser feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, podendo ser removida para outro local do imóvel às custas do serviente (se as instalações oferecerem grave risco, o proprietário serviente pode exigir as obras de segurança pelo proprietário dominante, se não alterar a localização). 5) LIMITES ENTRE PRÉDIOS: AÇÃO DEMARCATÓRIA – o proprietário tem direito de exigir de seu vizinho que com ele proceda à DEMARCAÇÃO, AVIVENTAR RUMOS APAGADOS ou RENOVAR MARCOS DESTRUÍDOS, repartindo-se proporcionalmente as despesas (jurisdição voluntária – Ação Demarcatória Simples). # Havendo confusão nos limites, a ação transforma-se para jurisdição contenciosa – Ação Demarcatória Qualificada, conferindo-se a propriedade do excedente ou evitando a perda verificada: 1) Àquele que tiver a posse, 2) Sendo a posse contestada ou não provada, o excedente/diminuição repartir- se-á proporcionalmente entre os titulares, se houver divisão cômoda, 3) Se a divisão não for cômoda, adjudicar-se-á a um dos proprietários, definido pela indivisão, mediante indenização ao proprietário prejudicado. # Os muros, cercas, valas entre prédios, até prova em contrário, é dos confinantes. 6) DIREITO DE CONSTRUIR: o proprietário pode edificar no seu imóvel as construções que lhe aprouver, desde que observadas as posturas municipais e o direito do vizinho: a) não pode deitar goteiras (as calhas não podem desaguar no vizinho) a menos de 10cm da divisa; b) janela, sacadas, terraços a menos de 1,5m da divisa, com visão direta – o prazo para exigir o fechamento é de 1a1d após a conclusão da obra (após esse prazo, o prejudicado nãopoderá construir janela, sacada ou terraço a Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 26 menos de 1,5m da divisa com visão direta, nem impedir ou dificultar o escoamento das águas pluviais, com prejuízo para o prédio vizinho) – aberturas com visão perpendicular distante 75 cm da divisa; c) não cabe ação contra frestas ou seteiras não maiores de 10 X 20cm construídas a mais de 2m de altura do piso, mas pode, a qualquer tempo, vedar-lhe a abertura; d) na zona rural, a edificação deve estar a pelo menos 3m do terreno vizinho; e) parede divisória urbana pode ser madeirada ou travejada, se agüentar, mediante indenização pela meia parede e meio chão – se o alicerce não aguentar, o outro deve levantar novo alicerce ou parede, prestando caução pelos riscos a que expõe a obra anterior); f) o 1º que construir poderá, definindo a largura e profundidade do alicerce, avançar meia espessura, sem perder o direito à indenização pelo travejamento; g) quaisquer dos confinantes pode altear a parede divisória, reconstruindo o alicerce para suportar o alteamento e arcando com as despesas sozinho ou pela metade, se o vizinho adquirir a meação também da parte aumentada; h) o condômino de parede-meia não pode encostar chaminés, fornos, aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais, exceto chaminés ordinárias ou fogões de cozinha comum; i) ao vizinho são proibidas construções ou escavações que possam poluir, inutilizar ou suprimir água de poço ou nascentes; j) não é permitida a execução de obra ou serviço suscetível de provocar desmoronamento ou deslocamento de terra ou que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão após as obras acautelatórias; k) o vizinho deve tolerar que o outro adentre em seu imóvel, desde que previamente avisado, para reparação da obra; construção; limpeza de esgoto, goteiras, aparelhos higiênicos, poços, nascentes; aparo de cerca viva; resgatar coisas ou animais de sua posse ou propriedade (se vizinho entregar a coisa/animal, pode impedir a entrada do outro). Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 27 # O exercício do direito de vizinhança prescreve em 10 anos (sem previsão de prazo menor), sem prejuízo do direito de reparação de danos daí decorrentes, cuja prescrição é de 3 anos. 7) DIREITO DE TAPAGEM: os tapumes divisórios presumem-se comuns, podendo ser exigido do vizinho que concorra com o pagamento das despesas para construção e conservação do tapume, que pode ser sebes vivas ou árvores divisórias, cercas de arame ou madeira, valas, alvenaria, etc, desde que impeçam a passagem de animais de grande porte (a obrigação de cercar é do proprietário de animais de pequeno porte ou que exija tapume especial). 8) ÁGUAS: o proprietário de baixo deve tolerar a passagem da água pluvial ou de nascente que venha de cima (conformação do solo e lei da gravidade), mas o de cima não pode agravar ou prejudicar o de baixo (canalização num só corpo aumenta o ímpeto do escoamento/ deitar goteira). FONTES ARTIFICIAIS (poços, olhos d’água escavado) – a passagem pelo terreno de baixo é mediante indenização. FONTE NÃO CAPTADA – o proprietário onde inicia a fonte não pode impedir o uso pelo vizinho de baixo, se não for captado ou o que sobejar (idem águas pluviais), vedada a poluição (contaminação, conspurcação) da água natural indispensável às primeiras necessidades (tratando-se de água servida, o proprietário deve promover a recuperação da água ou reparação dos danos, se impossível o desvio do curso artificial da água). ÁGUAS PLUVIAIS que correm por lugares públicos podem ser utilizadas por qualquer do povo, observados os regulamentos administrativos. O proprietário do imóvel onde caia a água pluvial não pode desviar o curso das águas remanescentes nem impedir o uso pelos prédios inferiores. SERVIDÃO DE AQUEDUTO (canalizar águas superabundantes para prédios rústicos que não sejam chácaras, sítios) mediante indenização ao proprietário prejudicado (idem à servidão urbana de aqueduto e águas pluviais – CA, art.38) – o Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 28 aqueduto não impede que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para sua segurança e conservação, nem impede que os vizinhos façam uso das águas do aqueduto para as primeiras necessidades. Se houver águas superficiais, outros poderão canalizá-las para recebê-las em seu prédio, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, correspondente ao valor das despesas para condução das águas até o ponto de derivação. ÁGUAS PÚBLICAS não podem ter seu curso desviado. A captação (montante) e o escoamento de águas servidas (juzante) da/para águas públicas sujeitam-se, em alguns Estados-Membros (SP) à outorga do uso da água, mediante pagamento de preço público (SP – DAEE) ou taxa. ÁGUAS PARTICULARES podem ter o álveo (curso da corrente) alterado, desde que mantenha o mesmo ponto de entrada e de saída para o prédio vizinho. O proprietário pode fazer barragens, açudes ou outras obras para represamento de água em seu prédio, responsabilizando-se pelos prejuízos que vierem a ser causados ao vizinho (reparação do dano, deduzido o valor do benefício obtido), não podendo suprimir o fornecimento normal da água aos demais prédios. DIREITOS REAIS DE FRUIÇÃO 1)SUPERFÍCIE (concessão gratuita ou onerosa para construir ou plantar em imóvel de propriedade alheia, transmissível gratuitamente aos herdeiros causa mortis – indenização ao superficiário somente se houve prévia estipulação) – direito de preferência ao superficiário no caso de venda da propriedade imobiliária. 2)SERVIDÕES: -PREDIAIS (usucapião para titulação da servidão aparente: ordinário em 10 anos/ extraordinário em 20 anos) -DE PASSAGEM ou DE TRÂNSITO -SUBTERRÂNEA -NÃO APARENTES (luz e/ou visão) Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 29 3)USUFRUTO: -IMPRÓPRIO (bens consumíveis) -CONVENCIONAL -LEGAL (dir. família) 4)USO 5)HABITAÇÃO 6) DIREITO DE LAJE DIREITOS REAIS DE GARANTIA 1)ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA (venda em leilão, no caso de inadimplemento do comprador) 2)PROMESSA DE VENDA (escritura pública registrada no CRI, sem cláusula de arrependimento: ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA) 3)PENHOR: -móveis -agrícola (equipamentos agrícolas) -pecuário (animais) -industrial ou mercantil -direitos e títulos de crédito -veículos (transporte ou condução – 2anos máximo) -legal (hospedagem, locação rústica ou urbana) 4)HIPOTECA: -convencional -legal (às p.j.dir.públ. interno, aos filhos quando os pais passar a outras núpcias sem inventário do casal anterior, ao ofendido para recebimento dos danos causados por delito e custas judiciais) -de vias férreas (registro no CRI do Município da estação inicial, vedada a venda das linhas ou fusão de empresas – execução hipotecária intimada ao Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 30 representante da União ou Estado para remir a estrada de ferro hipotecada, pagando o preço da arrematação/adjudicação) 5)ANTICRESE – garantia sobre os rendimentos de determinado imóvel, por prazo certo: supõe-se quitada a dívida, independentemente do valor recebido. ______________________________ CONDOMÍNIO ORIGEM 1) CONVENCIONAL 2) INCIDENTAL (ou eventual) – causas alheias à vontade dos condôminos (ex. herança a vários herdeiros) 3) FORÇADO (ou legal) – imposição da lei (ex. edilício) OBJETO 1) UNIVERSAL: todos os bens, frutos e rendimentos 2) PARTICULAR: restrito a efeitos ou a determinadas coisas do total NATUREZA 1) ORDINÁRIO (ou transitório):pode cessar a qualquer momento 2) PERMANENTE: não se extingue em razão da lei ou da natureza indivisível FORMA 1) PRO DIVISO: existência só jurídica, mas não de fato (ex. apto.) 2) PRO INDIVISO: comunhão de fato e de direito Profª Suely Mitie Kusano – DIREITO DAS COISAS 31 ESPÉCIES 1) PAREDES, CERCAS, MUROS E VALAS 2) COMPÁSCUO (pastagens) 3) EDILÍCIO- constituição: a) destinação do proprietário (venda antes ou depois de concluída a obra) b) incorporação imobiliária (alienação de unidades autônomas) c) por testamento (herança com esta configuração) d) constituição do regime pelos herdeiros ou proprietários ADMINISTRAÇÃO 1)SÍNDICO / SUB SÍNDICO 2)ADMINISTRADOR 3)ÓRGÃO CONSULTIVO (3 consortes para auxiliar síndico) 4)ÓRGÃO DELIBERATIVO (Assembleia Geral ou Extraordinária)
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