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Organização Mundial do Comércio

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
PRO-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
LEONARDO FELIPE GINO GAIOTTO
ARTIGO ACADÊMICO – PIRI/APS: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO (OMC)
CAMPINAS
2018
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO E SUAS NEGOCIAÇÕES
Leonardo Felipe Gino Gaiotto
Orientador: Profº Ricardo Luigi
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar o desenvolvimento do sistema multilateral de comércio a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, abrangendo desde a criação do GATT em 1947 até as mais recentes negociações em pauta já no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Em primeiro lugar, as regras básicas presentes no GATT criaram uma série de dificuldades à participação efetiva dos países subdesenvolvidos o sistema multilateral de comércio, em especial no acesso aos grandes mercados. Por conseguinte, a OMC (Organização Mundial do Comércio), criada para liberalizar e supervisionar o comércio internacional, desde sua criação (GATT) que foi um acordo não muito bem sucedido até seu momento atual, visando esclarecer suas 8 Rodadas, seus objetivo e resultados. Para isso, foram utilizados artigos acadêmicos, livros e teses.
Palavras-Chave: OMC; Comércio Internacional; Rodadas
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo falar sobre a OMC, desde sua criação começando pelo GATT, um breve acordo não muito bem sucedido, explicando detalhadamente sobre a CNMF e sua aplicação. O artigo apresenta também todas as rodadas realizadas pela OMC, explicando sobre os principais acordos e as consequências de cada um deles. 
O GATT
O Acordo Geral sobre Aduanas e Comércio ou Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, criado em 1947, tem como objetivo harmonizar as políticas aduaneiras dos Estados signatários entre seus 22 membros fundadores, os quais são África do Sul, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Ceilão, Chile, China, Cuba, Checoslováquia, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Líbano, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Reino Unido, Rodésia do Sul e Síria. Sua criação foi o primeiro passo para o surgimento da futura Organização Mundial de Comércio. Sendo um conjunto de normas e concessões tarifárias, o GATT foi criado com o objetivo principal de alavancar a liberalização comercial e combater práticas protecionistas, e, de modo provisório, regular as relações comerciais internacionais. 
AS REGRAS DO GATT
De acordo com Mesquita (2013), geralmente, os instrumentos de política comercial viram a aumentar os preços e reduzir a quantidade dos produtos importados, sejam eles por meio de tarifas, quotas ou outros tipos de barreiras à importação, ou a reduzir os preços e aumentar a oferta doméstica por meio de subsídios. Em ambos os casos, as condições de concorrência são distorcidas de forma a aumentar a participação da produção doméstica no consumo: no primeiro, com preço de equilíbrio maior do que ocorreria se o mercado fosse aberto às importação; no segundo, o preço pode ser igual ao do mercado internacional, ou mesmo menos, o que equivale a um subsídio à exportação. No limite, as importações são proibidas e os preços no mercado doméstico são completamente desvinculados do mercado internacional. 
Segundo Mesquita (2013) o GATT admite a proteção do mercado doméstico. Sendo assim, ideia é que essa proteção seja moderada, previsível e permita o funcionamento, ainda que de maneira atenuada, do princípio das vantagens comparativas. 
Isso se traduz em quatro regras gerais: (1) cláusula de nação mais favorecida, para equalizar as condições de concorrência entre os fornecedores externos; (2) tratamento nacional, para que, uma vez superados os obstáculos na fronteira, o produto importado não seja discriminado em relação ao doméstico; (3) proteção exclusivamente por meio de tarifas e (4) transparência, para assegurar previsibilidade. Essas quatro regras gerais são detalhadas ou complementadas por uma série de artigos que tem como objetivo impedir ou disciplinar as medidas protecionistas mais comuns no período entre guerras. 
CLAÚSULA DA NAÇÃO MAIS FAVORECIDA (CNMF)
De acordo com Thorstensen (2011), desalinhamentos cambiais têm um forte peso para o sistema multilateral de comércio. Quando países apresentam desalinhamentos persistentes, eles acabam afetando um dos princípios mais importantes do GATT, a cláusula da nação mais favorecida (CNMF), prevista no artigo I GATT:
Qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por uma Parte Contratante em relação a um produto originário de ou destinado a qualquer outro país, será imediata e incondicionalmente estendido aos produtos similar, originário do território de cada uma das outras Partes Contratantes ou ao mesmo destinado. Este dispositivo se refere aos direitos aduaneiros e encargos de toda a natureza que gravem a importação ou a exportação, ou a elas se relacionem, aos que recaiam sobre as transferências internacionais de fundos para pagamento de importações e exportações, digam respeito ao método de arrecadação desses direitos e encargos ou ao conjunto de regulamentos ou formalidades estabelecidos em conexão com a importação e exportação bem como aos assuntos incluídos nos §§ 2 e 4 do art. III.(GATT, 1947)
De acordo com Thorstensen (2011), a Cláusula da Nação Mais Favorecida está entre os mais importantes princípios do GATT. Sobre ela encontra-se o mecanismo multilateral do livre-comércio mundial, que por definição, veda a conclusão de acordos bilaterais e induz à redução geral e recíproca das tarifas de importação. 
	Segundo Thorstensen (2011) juntamente com o princípio da CNMF, cada parte contratante é obrigada a conceder o mesmo tratamento tarifário a todas as demais partes contratantes. Além disso, qualquer vantagem e ou privilégio relacionado a importações e exportações concedido por uma parte contratante a outra deverá ser “imediata e incondicionalmente” estendido a todas as partes contratantes. Em síntese, é um princípio de não discriminação entre nações. Esse princípio visa trazer ao sistema dois importantes benefícios, de acordo com Thorstensen (2011): 
	
Em primeiro lugar, o sistema garante que nenhum país terá uma vantagem comercial em suas relações com outra parte contratante, o que poderia resultar em tensões e em desvio de comércio. Trata-se de uma garantia ampla, que engloba qualquer tipo de benefício que possa ser concedido por uma parte contratante a outra. O objetivo é evitar uma alocação arbitrária dos fluxos de comércio entre partes contratantes, que poderia prejudicar os benefícios trazidos pela concorrência no comércio internacional.
E em segundo lugar, visa a proteger a estabilidade do sistema. Uma vez que o produtor sabe que ele irá defender a mesma barreira tarifária ao exportar para um determinado país, independente de onde ele exporte, ele será capaz de decidir o melhor local para produzir, sem levar em consideração as tarifas aplicadas. O princípio também traz previsibilidade e promove um ambiente propício para os exportadores escolherem o local que oferece as melhores vantagens comparativas. Nessa linha de raciocínio, o princípio NMF é um dos principais pilares do sistema multilateral de comércio, estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, em resposta à turbulência econômica dos anos 1930, fortalecida por medidas protecionistas e arbitrárias implementadas na época.
Thortensen (2011) também menciona que os desalinhamentos e possíveis manipulações cambiais trazem outra variável à equação, sem relação direta com fatores de concorrência. A taxa de câmbio de um país e sua variação a partir de um nível considerado de equilíbrio pode apresentar uma “vantagem ou privilégio” no comércio bilateral de determinados países, se comparados a outras taxas de câmbio apresentando diferentes níveis de desalinhamento. Isso ocorre devido aos efeitos dos desalinhamentos cambiais nas tarifas aplicadas por cada país. 
De acordo com Thorstensen (2011), nos anos 1970, devido à queda do sistema de câmbio fixo, controlado pelo FMI, e sua substituição por taxasde câmbios flutuantes, as partes contratantes do GATT manifestaram sua preocupação com as consequências que o novo sistema poderia trazer ao comércio multilateral. Em particular, o real acesso a mercado enfrentado por exportadores em um sistema de câmbio flutuante foi ressaltado: 
“1. The CONTRACTING PARTIES, while not questioning the floating exchange rate system and the contributions it has made, acknowledge that in certain circumstances exchange market instability contributes to market uncertainty for traders and investors and may lead to pressures to increased protection; these problems cannot be remedied by protective trade action” (Exchange Rate Fluctuations and their Effect on Trade – Fortieth Session of the CONTRACTING PARTIES, Action taken on 30 November 1984 – L/5761)	
	Segundo Thorstensen (2011), em resposta à essa publicação, o FMI publicou ainda em 1984 um estudo reunindo diversas análises quanto ao impacto da volatilidade cambial sobre o fluxo de comércio internacional (FMI, 1984, WT/GC/444). O estudo traz evidências inconclusivas sobre a relação entre volatilidade cambial sobre os fluxos de comércio mundiais, podendo ser positiva ou negativa, dependendo da possibilidade de os estados terem acesso a mecanismo de hedge para estabilização. O estudo ressalva, no entanto, que economias menores, com pautas concentradas de exportação e acesso restrito a mecanismos de estabilização, poderiam sofrer impactos maiores. 
	De acordo com Thorstensen (2011), o estudo não analisou o efeitos dos desalinhamentos persistentes sobre os mecanismos de política comercial como, por exemplo, as tarifas. O desalinhamento das taxas de câmbio é causa de instabilidade no sistema tarifário da OMC. Sem mecanismos de adaptação e relativização, a previsibilidade que se buscou na OMC com o estabelecimento de tarifas máximas de importação (tarifas consolidadas) é afetada, trazendo incertezas para os operadores econômicos. 
	Seguno Thorstensen (2011), uma forma de visualizar o grau das incertezas trazidas ao sistema pelo desalinhamento cambial pode ser desenvolvida a partir de uma metodologia de “tarificação” do câmbio e seu uso no perfil das tarifas aplicadas de cada país. O exercício também pode apontar o nível tarifário realmente enfrenado pelas exportações de um determinado país a algum outro membro.
	
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO
Após a Segunda Guerra Mundial, instituições mercantilistas dedicadas à cooperação social internacional foram criadas pelos Acordos de Bretton Woods: o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Organização Internacional do Comércio (OIC). Esta não se materializou devido a ratificação da Carta de Havana – que delimitava seus objetivos e funções – pelos Estados Unidos e a saída para a regulação no comércio foi o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), até quando no fim do século XX, uma organização intergovernamental foi estabelecida, a OMC. Tal impasse é resolvido com a adoção, por 23 países, inclusive os Estados Unidos, do segmento da Carta de Havana relativa às negociações de tarifas e regras sobre o comércio. O nome dessa parte da Carta mudou de Política Comercial para General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) ou Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio. 
Dentro do contexto internacional, a OMC, criada em janeiro de 1995, é a coluna mestra do novo sistema internacional do comércio. A OMC engloba o GATT, Acordo Geral de Tarifas e de Comércio, concluído em 1947, os resultados das sete negociações multilaterais de liberalização de comércio realizadas desde então, e todos os acordos negociados na Rodada Uruguai, concluída em 1994.
Desde então, o Acordo que estabelece a OMC determinou os objetivos da nova organização. Os termos negociados foram os seguintes: “As Partes reconhecem que as suas relações na área do comércio e das atividades econômicas devem ser conduzidas com vistas à melhoria dos padrões de vida, assegurando o pleno emprego e um crescimento amplo e estável do volume de rende real e demanda efetiva, e expandindo a produção e o comércio de bens e serviços, ao mesmo tempo que permitindo o uso ótimo dos recursos naturais de acordo com os objetivos do desenvolvimento sustentável, procurando proteger e preservar o ambiente e reforçar os meios de fazê-lo, de maneira consistente com as suas necessidades nos diversos níveis de desenvolvimento econômico” (GATT, 1994).	
A OMC tem basicamente quatro funções (GATT 1994): 1 – facilitar a implantação, a administração, a operação e os objetivos dos acordos da Rodada Uruguai, que incluem: setores diversos como agricultura, produtos industriais e serviços; regras de comércio como valoração, licenças, regras de origem, antidumping, subsídios e salvaguardas, barreiras técnicas, e empresas estatais; supervisão dos acordos regionais e sua compatibilidade com as regras do GATT; propriedade intelectual; e novos temas como meio ambiente, investimento e concorrência; 2 – constituir um foro para as negociações das relações comerciais entre os estados membros, com objetivo de criar ou modificar acordos multilaterais de comércio; 3 – administrar o Entendimento (Understanding) sobre Regras e Procedimentos relativos às Soluções de Controvérsias, isto é, administrar o “tribunal” da OMC; 4 – administrar o Mecanismo de Revisão de Políticas Comerciais (Trade Policy Review Mechanism) que realiza revisões periódicas das Políticas de Comércio Externo de todos os membros da OMC, acompanhando a evolução das políticas e apontando só temas que estão em desacordo com as regras negociadas.
Com tais objetivos e funções, o sistema multilateral de comércio vem se consolidando nos últimos anos, através da OMC, que conta atualmente com 132 membros e cerca de 30 membros em processo de acessão. As atividades vêm se desenvolvendo dentro de 4 conselhos, cerca de 35 comitês, além dos grupos de acessão de novos membros. 
RODADAS OMC
RODADA GENEBRA: sendo ela a primeira das rodadas, conta-se ela como sendo o encontro dos 23 países em Genebra, responsável pela criação do GATT e alta redução de tarifas. 
RODADA ANNECY; RODADA TORQUAY; RODADA GENEBRA II; RODADA DILLON: as 4 rodadas que seguem tiveram o mesmo objetivo, sendo ele acordo de tarifas. Somente a Rodada Genebra II foi um pouco diferente, no qual também abordou o tema tarifas, porém, foram as Tarifas de Admissão do Japão.
RODADA KENNEDY: apesar de também manter o foco em redução de tarifas, essa rodada teve uma lógica diferente das outras, sendo a mais ambiciosa até o momento: com a identificação de problemas durante a Rodada Dillon referentes à ampliação do número de aderentes ao GATT, a primeira tentou resolvê-los revendo e esclarecendo algumas regras do acordo e concedendo benefícios aos países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, que passavam a ter cada vez mais força. Porém, novas pautas foram acrescentadas: agricultura e barreiras não tarifárias, abrindo precedência para a rodada seguinte ampliar ainda mais a pauta de discussões.
RODADA DE TÓQUIO (1973-1979): ainda no mesmo viés de tendência da Rodada Kennedy, as negociações de redução tarifária foram realizadas seguindo uma fórmula de redução e exceções, com uma forte pressão dos países em desenvolvimento; porém o conflito de interesses mais profundo se encontrava ainda entre os países da Comunidade Europeia, os EUA e o Japão, no que se referia a estas questões. Apesar de tudo, a inovação real da Rodada foi a abrangência de seu escopo. Por conta disso, o foco foi transferido para questões mais voltadas à legislação comercial, embora nem todos os assuntos levantados o decorrer da rodada houvessem sido levantados na Declaração Ministerial de Tóquio, sendo que em quatro áreas (padrões técnicos, valorização alfandegária, licenças de importação, restrições quantitativas - cotas) textos preliminares haviam sido preparados até 1973; e duas outras (salvaguardas e subsídios e medidas compensatórias) havia ocorrido alguma discussão; e outras três áreas (legislação anti-dumping, aviação civil e compras governamentais) surgiram no decorrerda rodada. Apesar de nem todas as negociações terminarem com um consenso entre as partes sobre regras que deveriam terem sido adotadas e de muitas outras terem obtido pouquíssimo avanço durante as negociações, a adoção de uma agenda mais diversificada favoreceu a criação de negociações “cruzadas”, ou seja, os países, dentro de um sistema de package deal, são incentivados a ver as negociações como um todo cedendo em páreas de menos interesse visando um maior benefício em outras áreas. 
A primeira tentativa para resolver questões pendentes da Rodada de Tóquio – aquelas que, conforme mencionado, foram levantadas, mas não tiveram conclusão ou avanço efetivo – ocorre na Conferência Ministerial de novembro de 1982, em meio a uma recessão econômica mundial. Nesse cenário era do interesse de todos, com exceção da Comunidade Europeia (sempre relutante frente à instauração de rodadas), que uma nova Rodada fosse instituída, embora cada parte tivesse em mente agendas bem diferentes das outras. 
Enquanto o Japão e os EUA procuravam apenas uma regularização de situações postas e uma liberalização comercial por meio da redução tarifária, os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento queriam pôr em pauta assuntos referentes a agricultura, têxteis e preferências. Os EUA enfrentavam outro problema para a definição da agenda: uma mudança dos temas em que ele próprio possuía interesse. O país havia perdido suas vantagens comparativas em alguns temas tradicionais e apresentava cada vez mais vantagens em novos temas como as medidas comerciais relacionadas a investimentos, a serviços e a propriedade intelectual. Este último tema era visto com certo receio pela maioria das outras partes do GATT.
Em 1983 a maioria dos países desenvolvidos pressionava para a realização de uma nova rodada, mas os países em desenvolvimento se recusavam a permitir seu início antes que os temas pendentes da Rodada de Tóquio fossem resolvidos, e o sistema de preferências revisado. 
RODADA URUGUAI (1986-1993): sendo ela a oitava de uma série de negociações comerciais multilaterais, um tipo de negociação coletiva muito especial que somente se viabilizou, em 1947, quando entrou em vigor o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Lançada em Punta Del Este, em setembro de 1986, após quatro anos de discussões e preparação, a Rodada não pôde ser concluída em Bruxelas, em dezembro de 1991, tendo sido prorrogada por mais dois anos. Vale ressaltar o contexto econômico em que se situa, bem como o quadro legal e institucional em que a Rodada se processa.
Uma das principais metas da Rodada Uruguai foi a de reduzir os subsídios agrícolas. Houve muita discordância entre União Europeia e Estados Unidos, que foi apoiado pelo Grupo de Cairns, composto por quatorze países. Entre eles estavam Argentina, Austrália e Brasil . Os principais Acordos feitos nessa rodada foram: Acordo Constitutivo da Organização Mundial de Comércio (WTO); Protocolo de Marraqueche (acesso a mercados); Acordo sobre Agricultura; Acordo sobre Têxteis e Confecções; Acordo sobre Medidas de Investimento relacionadas ao Comércio; Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do Acordo Geral (Antidumping); Acordo sobre Salvaguardas; Acordo Geral sobre Comércio de Serviços; Acordos sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT), Valoração Aduaneira e Licenças para Importação; Acordos sobre Regras de Origem e Sobre Inspeção Prévia aos Embarques; Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias; Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio; Entendimentos sobre Regras e Procedimentos Referentes à Solução de Controversias (DSU).
RODADA DOHA (2001-2005): A Rodada Doha são negociações da OMC que visam diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento. As conversações centram-se na separação entre os países ricos, desenvolvidos, e os maiores países em desenvolvimento, estes representados pelo G20. O foco principal da Rodada foi buscar a liberalização comercial e o crescimento econômico, com ênfase nas necessidades dos países em desenvolvimento.
Primeiramente, a Rodada começou na cidade de Doha, e negociações subsequentes tiveram lugar em Cancún, Genebra, Paris e Hong Kong. 
As negociações da Rodada incluíam agricultura, acesso a mercados para bens não-agrícolas (NAMA), comércio de serviços, regras (sobre aplicação de direitos antidumping, subsídios e medidas compensatórias, subsídios à pesca e acordos regionais), comércio e meio ambiente (incluído o comércio de bens ambientais), facilitação do comércio e alguns aspectos de propriedade intelectual, além de uma discussão horizontal sobre tratamento especial e diferenciado a favor de países em desenvolvimento. Fora do mandato formal da Rodada, mas em paralelo a suas tratativas, eram discutidos aperfeiçoamentos das regras sobre solução de controvérsias. 
Deve-se ressaltar que o Brasil e diversos outros países em desenvolvimento entenderam que o centro das negociações da Rodada Doha deveria ser as negociações em agricultura, setor em que se concentram boa parte das exportações desses países. Vale lembrar também que, durante as rodadas negociadoras do antigo GATT, esse setor foi objeto de um esforço de liberalização significativamente modesto, quando comparado ao setor de bens manufaturados, razão pela qual ainda goza de elevada proteção contra importações em muitos países e está sujeito a disciplinas menos exigentes. Sendo assim, a Rodada de Doha deveria ter como objetivo a correção, tanto quanto possível, das distorções que prevalecem dentro do comércio agrícola, promovendo assim a eliminação dos subsídios à exportação, redução substancial e disciplinamento dos subsídios à produção (apoio interno), além de ampliar o acesso aos mercados desses bens. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos dizer que a OMC foi um exame do desenvolvimento das relações internacionais de comércio desde a última metade do século XX que, se a OMC configurou-se em um avanço institucional em relação ao GATT, os princípios que norteiam sua atuação continuam a alimentar desigualdades entre países ricos e pobres, como já ocorria com o GATT. Ressalta-se, finalmente, que a ampliação de poderes e atribuições representada pela OMC, na esteira do processo de expansão do capitalismo, contribui para a própria redefinição do papel dos Estados na regulação das economias nacionais frente a um cenário internacional marcado pela crescente complexificação.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Paulo Nogueira. Perspectivas da Rodada Uruguai: implicações para o Brasil. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141992000300009>. Acesso em: 22/05
BONATO, Adriana Breier. Cláusula da Nação Mais Favorecida: um estudo sobre as principais controvérsias que a envolvem no âmbito da OMC. Disponível em:<http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2009_2/adriana_bonato.pdf>. Acesso em: 15.abr.2017
LAMPREIA, Luis Felipe Palmeira. Resultados da Rodada Uruguai: uma tentativa de síntese. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141995000100016&script=sci_arttext>. Acesso em: 20/05
THORSTENSEN, Vera Helena. OMC - Organização Mundial do Comércio : as regras do comércio internacional e a nova rodada de negociações multilaterais. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edições Aduaneiras, 2001. 520p. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73291998000200003>. Acesso em: 20.abr.2017.
THORSTENSEN, Vera; MARÇAL, Emerson; FERRAZ, Lucas, Impactos do Câmbio nos Instrumentos de Comércio Internacional: O caso das Tarifas, Nota Técnica nº 4, IPEA, Brasília, agosto de 2011. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110822_nt004_dinte.pdf>. Acesso em: 26.nov.2018.

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