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Obrigações cumulativas, alternativas e facultativas
	
	
	 
	
 
As obrigações cumulativas podem ser chamadas também de conjuntivas. São necessariamente obrigações compostas ou objetivamente complexas. Dá-se, assim, a obrigação cumulativa ou conjuntiva sempre que, havendo mais de um objeto a que o devedor se obriga, todos devem ser cumpridos, sob pena de inadimplemento absoluto da obrigação. 
A obrigação cumulativa poderá ser uma obrigação de dar, de fazer ou de não fazer. É o caso, por exemplo, em que Júlio se obrigue a entregar a Pedro uma bicicleta e um animal de carga. A obrigação somente estará cumprida com o cumprimento cumulado dos objetos. Perceba-se que os objetos são ligados pela conjuntiva E, motivo pelo qual trata-se de uma obrigação conjuntiva ou cumulativa.
As obrigações alternativas podem ser chamadas também de disjuntivas. Salientamos que também se trata de uma obrigação composta ou complexa, por possuir dois ou mais objetos. Contudo, nesse caso, diferentemente da obrigação cumulativa, temos dois ou mais elementos objetivos ligados pela disjuntiva ou, vale dizer, o devedor se obriga a realizar uma das prestações postas na obrigação. Por exemplo, se Marcos obriga-se a fazer a declaração de imposto de renda ou entregar um relógio para João. Observe-se que as prestações são completamente distintas, a começar pelo fato de que uma tem como elemento objetivo obrigacional fazer e a outra, dar. Contudo, cumprindo qualquer das prestações o devedor se desobriga.
Tal qual a obrigação de dar coisa incerta, o que falta na obrigação alternativa é a estrita concentração do objeto. Desse modo, para que se dê a concentração objetiva da obrigação na obrigação alternativa, deve-se dar a escolha, que é instrumento de concentração objetiva da obrigação; é através da escolha que se revela, também na obrigação alternativa, o objeto que desonerará o devedor.
Portanto, na obrigação alternativa, a escolha caberá, em regra, ao devedor, salvo expressa convenção em sentido contrário. Sendo assim, se a obrigação de Marcos consistia em entregar dez determinados relógios ou fazer duas determinadas piscinas para João, caberá a Marcos escolher quais das prestações irá cumprir. Não pode, contudo, obrigar o credor a receber parte de uma prestação e parte de outra (art. 252, § 1º, CC). Nesses casos, quando a obrigação consistir em prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. Ou seja, se a obrigação se perfaz pela entrega mensal de certos lotes de uma coisa ou outra, a escolha poderá se dar a cada período (art. 252, § 2º, CC).
Havendo complexidade subjetiva passiva e, por conseguinte, pluralidade de sujeitos para a escolha, e não dispondo a obrigação expressamente qual deles deverá optar e, ainda, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação (art. 252, § 3º, CC). Da mesma maneira, a escolha caberá ao juiz se o terceiro competente para fazê-la não quiser, ou não puder exercê-la, desde que as partes não tenham convencionado de maneira distinta (art. 252, § 4º, CC).
Pode ocorrer, ainda, na obrigação alternativa, que uma das prestações se torne inexeqüível. Por exemplo, se Marcos se obriga a entregar o cavalo trovão (um grande campeão de grandes prêmios) ou uma motocicleta certa e determinada e, por força de um raio, o cavalo acaba por morrer, tornou-se inexeqüível a obrigação quanto ao primeiro objeto. Nesse caso, não haverá a possibilidade de o devedor escolher o objeto, eis que apenas um deles ainda pode ser entregue. Sendo assim, não cabendo a escolha para concentrar a obrigação, diremos que ocorreu uma concentração objetiva compulsória da obrigação, vez que o débito subsistirá quanto ao objeto que ainda existe (art. 253, CC).
Aqui é de se notar, ainda, a incidência da regra geral para o inadimplemento, ou seja, se ocorre o inadimplemento com hipótese de não incidência da culpa pelo devedor, este apenas devolverá os valores que eventualmente já foram pagos pelo credor; sendo o devedor culpado, no entanto, será, ainda, devedor das perdas e danos. 
No caso do inadimplemento culposo, se a escolha cabia ao devedor e não se puder cumprir nenhuma das prestações, ficará o devedor obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. Ou seja: se Marcos se compromete à entrega de determinado animal ou automóvel e o animal perece por negligência de Marcos (admitindo-se, para o caso, a regra geral de escolha pelo devedor), ocorrendo o mesmo com o automóvel em momento posterior, Marcos pagará o valor do automóvel, mais perdas e danos.
Se, por determinação expressa, a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos (art. 255, CC).
E, por óbvio, se todas as prestações se tornam inexeqüíveis sem culpa do devedor, vale dizer, com excludente de culpabilidade civil, para resolver a obrigação basta que o devedor devolva os valores eventualmente já pagos pelo credor (art. 256, CC).
As obrigações facultativas não são mencionadas em nosso Código, assim como não o foram no Código Civil de 1916. Devemos notar que estiveram presentes no projeto de Código Civil de Teixeira de Freitas e estão dispostas no Código Civil argentino.  Consoante Maria Helena Diniz:
A obrigação facultativa, ou obrigação com faculdade alternativa, como preferem os alemães, não está prevista em nosso Código Civil, mas pela definição do artigo 643 do Código Civil argentino infere-se que é aquela que, não tendo por objeto senão uma só prestação permite a lei ou o contrato ao devedor substiuí-la por outra, para facilitar-lhe o pagamento.
Nos dizeres de Pontes de Miranda: 
A obrigação pode ser com facultas alternativa: só se deve uma prestação, não há o dever-se uma ou outra, nem, com mais forte razão, o deverem-se duas ou mais; só uma prestação se deve e a só uma se é obrigado, apenas o devedor pode liberar-se mediante outra prestação, sem precisar do assentimento do credor, porém de tal jeito que apenas se substitui a única prestação devida. Daí chamar-se faculdade de substituição. Tal é o caso de quem contrata para pagar em dólares, mas acrescenta-se que, se o devedor o entender, poderá prestar o preço em cruzeiros.
Quando tratamos de obrigações facultativas, estamos tratando de uma obrigação sem complexidade objetiva. Esclarecemos que, à primeira vista, a obrigação facultativa fica muito próxima da obrigação alternativa. No entanto, a fundamental distinção dentre as duas modalidades obrigacionais está na complexidade objetiva, que é característica da obrigação alternativa, mas não da obrigação facultativa.
Enquanto na obrigação alternativa têm-se dois ou mais objetos, devendo haver escolha do devedor ou do credor, conforme o caso, para que se dê a concentração objetiva da obrigação, na obrigação facultativa há apenas um objeto, mas o devedor deixa consignado que poderá se desonerar da obrigação entregando outro objeto.
Vamos exemplificar para melhor compreensão. Suponhamos que Marcos se obrigue à entrega de 1.000 sacas de café ou de uma carroça a João. Perceba que a disjuntiva ou, no caso em tela, revela uma obrigação alternativa ou disjuntiva, que se concentrará com a escolha que, como já dito, cabe, em regra, ao devedor. 
Pode ocorrer, no entanto, que Marcos se obrigue à entrega de 1.000 sacas de café, mas deixe consignado e pactuado com João que ele, Marcos, se achar mais conveniente ou oportuno, poderá se desonerar da obrigação com a entrega de uma carroça. Note que, neste segundo caso, não há alternativa, mas sim uma faculdade do devedor que poderá, a seu exclusivo critério (com prévia concordância do credor), entregar objeto distinto daquele que haviaavençado no início. 
Dessa distinção decorre que o credor, caso pereça o objeto da obrigação sem culpa do devedor, não poderá exigir que o devedor entregue o objeto facultativo. Isso porque não ocorrerá concentração objetiva compulsória da obrigação, vez que se trata de obrigação simples e não complexa. Ou seja, na obrigação facultativa o credor não tem qualquer direito sobre o objeto facultativo, eis que este consiste em faculdade do devedor. 
Fábio Vieira Figueiredo - Advogado. Doutorando e mestre em Direito Civil comparado pela PUC-SP. Pós-graduado em Direito Empresarial e Contratual. Professor e coordenador do Núcleo de Prática e Pesquisa Jurídica da Universidade Municipal de São Caetano do Sul - USCS, professor da Universidade São Judas Tadeu - USJT e da Faculdade Professor Damásio de Jesus - FDDJ. Professor e coordenador pedagógico os cursos preparatórios para concursos do complexo Jurídico Damásio de Jesus. Autor e coordenador de diversas coleções da Editora Saraiva.
DINIZ Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Vol 2. São Paulo: Saraiva, p. 127. 
PONTES DE MIRANDA, F. C., op. cit., § 2.707. “Facultas alternativa

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