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Semiótica e Comunicação – Elementos
Agora, vamos tentar rever alguns pontos já comentados em sala de aula e aprofundar alguns elementos que constam de nosso primeiro texto. O importante aqui, como tudo em Semiótica, é não nos apegarmos a uma série de detalhes que podem, na verdade, nos jogar em um verdadeiro labirinto. Como disse em sala de aula, aqui não nos interessa – e nem mesmo interessa ao autor do texto – manter a divisão artificial entre significação e comunicação, por exemplo. O importante, aqui, é tentarmos compreender a relação básica que se estabelece entre Comunicação e Semiótica, ou melhor, o modo como a Semiótica percebe a Comunicação – deixando ainda mais claro (ou escuro), queremos aqui entender o ponto de vista da Semiótica sobre a Comunicação. Essa é, portanto, nossa questão, isto é, nosso objetivo mais importante para, daí, seguirmos em frente. Vamos, então, passo a passo, reler os principais pontos do texto que começamos a discutir em nosso último encontro. 
O primeiro ponto importante é nos lembrarmos do axioma fundamental da Comunicação. Portanto, atenção aqui, estamos começamos a refletir sobre a Comunicação! Ora, o axioma fundamental da Comunicação – lembrando que axioma pode ser entendido como a máxima, a norma fundamental – consiste no fato de que não se pode não comunicar. Tudo isso parece simples, mas convém refletir mais detalhadamente sobre esse aspecto que, como axioma, irá nos guiar todo o semestre. Como discutimos antes, o princípio aqui é que não conseguimos não nos comunicar. Mesmo um bebê, quando nasce, ao chorar já nos comunica o próprio impacto do nascimento, o trauma de deixar o útero materno e, finalmente, ingressar em outro mundo completamente diferente. Neste caso, quando nos apresentamos ao mundo – imaginem-se saindo de casa – vocês irão, literalmente, ler uma luz vermelha nas esquinas colocada nos semáforos. Ora, essa luz está indicando que, no que diz respeito aos carros, eles têm de parar ao passo que o verde, que acende em oposição ao vermelho, indica que os veículos podem prosseguir. Mesmo não prestando atenção muito clara a tudo isso, estamos lendo cores. Fato óbvio e importante: cores podem, portanto, ser lidas! Isso, apesar de muito simples, é interessante, pois coloca algo fundamental: lemos o mundo como um todo, não apenas palavras.
Pensemos em outras situações: ainda usando a ocasião anterior, a de que saímos de casa para dar um passeio, lemos todas as publicidades afixadas em vários locais públicos. Eles comunicam por meio de vários códigos (essas linguagens) como, por exemplo, através de imagens, de traços, de cores e de palavras, naturalmente. Quando vemos pessoas na rua também sem perceber (mas automaticamente) lemos tais pessoas: lemos se usam ou não óculos (o que pode produzir ou não efeitos comunicativos, como o de um certo status intelectual), lemos como elas estão se vestindo, lemos o modo como andam, lemos o modo como se comportam. Como discutimos, se lhes pergunto, por exemplo, quais são os professores da Estácio, mesmo que eles não apresentam a tarja “professor” afixada a suas roupas, vocês saberão, quase sempre, quais são tais professores. Isso porque ser professor, ser um sujeito social, implica um tipo específico de comportamento, de andar, de conversar com alunos nas escadas, de carregar livros etc. Todas essas coisas são lidas naturalmente por vocês! Nunca paramos pra pensar, mas nossa experiência de mundo é sempre de leitura sobre esse mundo!
Então, usando (provisoriamente) uma definição insuportavelmente simples da comunicação, podemos perceber que as coisas, as pessoas, o mundo, em geral, estão difundindo informações sobre eles na medida em que têm sempre um aspecto – ou vários aspectos – que são interpretados, isto é, lidos por cada um de nós. Fundamental aqui é entender que todas as coisas do mundo acabam apresentando certo significado para nós. Isso acontece, pois lemos o mundo, isto é, fazemos uma interpretação de tais coisas. Seja como for, a leitura do mundo vai muito além da mera e tradicional leitura de palavras! Esse é um ponto chave, na medida em que expõe a complexidade de nossos processos comunicacionais, isto é, nos comunicamos, portanto, por meio de palavras, de imagens e mesmo do timbre de nossa voz. Conseguimos, especialmente no caso de nossas relações com familiares, descobrir – imediatamente – o humor de nossos pais ou parentes e mesmo amigos por meio do timbre de sua voz. Lemos, assim, timbres de vozes! Quanto ao exemplo do vídeo (lembram-se dele?), quisemos expor apenas o fato de que, em dada situação social, fazemos vários tipos de leitura: naquela, acredito, lemos as palavras, ou melhor, apenas parte das sentenças e o corpo do sujeito. Naquele caso, se o sujeito que pedia informação deixasse, por exemplo, de prestar atenção, necessariamente haveria um ruído tão grande que a comunicação poderia, no limite, se romper. 
Outro exemplo, talvez mais importante, foi a da peça publicitária sobre a fralda. Importante no sentido de que tal exemplo pôde expor como, em certas situações, o significado é construído a partir de imagens, definido por meio de palavras e solucionado através de outras imagens! Não foi isso que aconteceu? Recordando: temos uma imagem belíssima de um menino; ora, na nossa sociedade (talvez em todas?), a criança é símbolo de pureza, ternura, fragilidade. Por outro lado, o menino está vestido com roupas de imperador romano; a figura do imperador traz consigo a ideia, a representação, de força, poder, imposição. Então, temos – atenção: estamos lendo imagens! – neste caso, a aproximação paradoxal de duas ideias que se contrapõem – a pureza da criança e a violência da figura do imperador. O paradoxo (a contradição) dessa imagem tende a criar, diga-se de passagem, certa tensão na cabeça do leitor. Para resolvê-la, buscamos saídas no interior da própria imagem, não é isso? Como? Descobrimos no canto superior à esquerda um pequeno jogo de palavras “não deixe o seu bebê mandar na sua noite”, o que vai, no caso, explicar toda a situação. Ou seja, as palavras (o código, isto é, a linguagem verbal) atuam no sentido de definir, esclarecer o paradoxo (contradição) criado pela imagem do menino usando as roupas de um césar. 
Outro dado aparentemente simples: o texto é composto por quatro linhas que formam uma espécie de ponte que conecta o nosso olhar a outra imagem que, enfim, soluciona toda a situação criada pela imagem anterior e definida pelo texto. Trata-se da imagem de uma fralda – o que soluciona todas as questões que haviam sido colocadas antes do olhar tocar, finalmente, as fraldas. 
Já que lemos o mundo o tempo inteiro, é interessante observar que essa leitura – da qual extraímos a comunicação – permite com que o mundo pareça sensato. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que as coisas estão imersas em uma verdadeira rede de significados criados antes de nossa chegada, uma rede de significados que permite com que saibamos que um objeto específico pode ser chamado “cadeira”; que tal objeto permite com que nele nos sentemos, que tal objeto, no nosso caso, é colocado ao lado de dezenas de objetos semelhantes, construindo a ideia de uma conjunto de objetos que devem ser ocupados por alunos em uma situação específica – a pedagógica (ensino). Se alguém de outro planeta, um marciano, por exemplo, chegar aqui, ele ou ela não compreenderá nada, pois não está imerso nessa rede de significados no interior da qual vivemos. Essa rede de significados, construídos socialmente, que compõe um conjunto de ideias, de sentidos, de valores e que, portanto, molda nosso comportamento, pode ser chamada – de uma forma muito, muito simples – de cultura. Portanto, a comunicação e o sentido que trafega no seu interior devem sempre ser compreendidos a partir de um contexto específico, a cultura. Podemos, naturalmente, ampliar tal definição e ler os significados e a comunicação no interior da história, de classe social, da faixa etária. Enfim, todos esses contextos serão determinantes da produção do significadoe, portanto, na comunicação. Lembram-se de nossa discussão sobre os índios terena e bororo? Para os primeiros, as árvores podem ser cortadas, pois os terena são índios agricultores, cultivam o solo, plantam mandioca etc ao passo que os bororo são extrativistas, isto é, vivem da extração dos frutos da natureza, o que torna as árvores fundamentais para a sua vida. Portanto, o significado que as árvores têm nas duas culturas varia e varia muito!
Vocês estão vendo que, aqui, seguindo o texto do autor, estamos deixando de lado os pormenores entre significação e comunicação? Aqui, ao contrário, procuramos entender os dois processos como dinâmicas interligadas! Para os nossos objetivos, aqui, é fundamental observar que a comunicação sempre irá implicar um processo de extração de significados tanto em uma conversação normal, como essa que realizamos neste momento, quanto na situação em que extraio significado lendo o cinza de uma nuvem e deduzindo que irá chover. Mais do que interligar os dois fenômenos – comunicação e significação – estamos aqui observando que a comunicação implica, exige, requer a significação, isto é, quando me comunico, comunico-me repassando significados, sentidos, valores. A significação é essa fonte de sentidos que acionamos quando estamos nos comunicando. 
Vale enfatizar pela última vez: para os objetivos de nossas discussões, a comunicação pressupõe a significação. Quando me comunico, lido com significados!
Apenas um detalhe. Nos processos de comunicação tradicional, como esse que travamos aqui, temos o emissor, a mensagem e o receptor. O emissor irá se esforçar, no caso, para tornar sua mensagem acessível ao passo que o receptor irá lê-la, interpretá-la. Ora, quando lemos o céu, na verdade, o esforço fica a nosso critério, pois o céu, no caso, as nuvens, não está preocupado em se esforçar para tornar claro o significado de que irá chover! O esforça, aqui, cabe apenas ao destinatário. Ou seja, fazemos uma inferência, uma dedução a partir da cor das nuvens, de que irá chover. Nos dois casos, da comunicação normal ou da leitura do cinza das nuvens, a recepção sempre é muito importante na medida em que ela pode ser vista como o momento da emergência do significado, é o momento da atribuição do sentido, da leitura do mundo, da interpretação. Portanto, sem recepção, não há comunicação efetiva – a mensagem fica a meio caminho, a construção do sentido vai por água abaixo! Ora, minha leitura – processo da recepção! – é sempre feita, como já dissemos, a partir do contexto, isto é, da própria história de vida do receptor que irá, ao longo de sua existência, permitir com que absorver certos conhecimentos e não outros. A esse acúmulo de conhecimentos que temos em nossa mente em virtude de nossa própria história de vida, chamamos enciclopédia. Portanto, a leitura que fazemos de uma imagem, por exemplo, depende do conjunto de conhecimentos que temos - da história dessa imagem, de seu período histórico, da história de vida de seu autor. 
Agora, podemos encerrar, dizendo que o ato semiótico por excelência de qualquer ser humano consiste na compreensão de um sentido!! Quando chegamos ao sentido, estamos realizando um ato semiótico!! Portanto, e aqui é fundamental que vocês não respirem, a ponto de vista da Semiótica sobre a Comunicação é o do sentido – da produção, extração, repasse, recriação, o que quer que seja, mas sempre o que nos interessa semioticamente é como o mundo (pensado como uma universo comunicacional) produz e recria significado! Vemos a comunicação dos fenômenos do mundo (como o jornalismo e a publicidade e o cinema, por exemplo) não a partir da Teoria da Matemática, mas da perspectiva do sentido!!

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