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RESUMÃO NEUROCIÊNCIAS – NP2 PLASTICIDADE NEURAL Definição: A neuroplasticidade ou plasticidade neural é definida como a capacidade do sistema nervoso modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência, e a mesma, pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural (configuração sináptica) ou funcional (modificação do comportamento). A neuroplasticidade, também conhecida por plasticidade neuronal ou maleabilidade cerebral, é a capacidade de mudança e reorganização dos neurônios de acordo com mudanças ambientais, experimentais, sociais, físicas e lesões mais graves. O processo contínuo de mudança cerebral, de “reorganização” dos circuitos neurais, e da recepção de novas atitudes ou pensamentos, é o que se chama neuroplasticidade. TIPOS: Existem 5 tipos de neuroplasticidade: axônica, dendrítica, somática, sináptica e regenerativa. Vamos entender cada um deles: Plasticidade axônica: Essa é a plasticidade inicial (e a mais fundamental) do desenvolvimento do cérebro. Ocorre entre 0 e 2 anos de idade. Dentro da plasticidade axônica, existe o período crítico, que consiste no momento em que há mais ação da neuroplasticidade no sistema nervoso central. Ela ocorre em crianças, pois é a fase onde existem mais descobertas sobre a vida, o ambiente e o seu próprio corpo. Plasticidade dendrítica: Caracterizada pelas alterações de tamanho, comprimento, disposição e densidade das espinhas dendríticas, a plasticidade dendrítica ocorre principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento. Espinhas dendríticas são os “fiozinhos” que fazem a conexão e transmissão de informação entre os neurônios. O axônio é o rabinho do neurônio e os dendritos são os “galhinhos” que ficam tanto na cabeça do neurônio quanto no final do axônio. São eles que recebem e liberam os neurotransmissores, que fazem a real comunicação entre os neurônios, enquanto o resto do neurônio repassa a mensagem de forma elétrica. Plasticidade somática: Refere-se capacidade de regular a proliferação e a morte das células nervosas. Esta é uma capacidade presente apenas no sistema nervoso do embrião, e não sofre influência do meio externo. Plasticidade sináptica: Equivale à capacidade das sinapses de se fortalecer ou enfraquecer, em resposta aos estímulos externos e internos. Plasticidade regenerativa: É a regeneração de axônios afetados. Tem maior ação no sistema nervoso periférico, que é responsável por conectar o sistema nervoso central com outras partes do corpo humano. Neuroplasticidade e sua utilização na clínica: A função da neuroplasticidade pode ser utilizada em algumas área da saúde, como a fisioterapia e a psicologia.Nessas áreas, alguns exercícios são feitos para estimular as funções motoras e prevenir futuras perdas de cognição decorrentes de alguma lesão, fazendo com que as funções neuronais mudem e se adaptem. Pode ser utilizada também para induzir, ajudar ou até mudar certos hábitos considerados ruins. Esses exercícios estimulam as sinapses e promovem um crescimento dos axônios para, assim, aumentar a plasticidade do cérebro. Esse tipo de exercício deve ser iniciado logo após a lesão (caso ocorra), quando o paciente já estiver estável, com atividades mais passivas e, aos poucos, ir aumentando de intensidade. Em casos sem lesões neurais, como necessidade de mudanças de atitudes, é possível tratar com psicólogos que podem ajudar na readaptação do cérebro para realizar a mudança proposta. Muitas pessoas subordinam a capacidade doentia da depressão – sim, é uma doença. Quando uma pessoa se encontra em um quadro depressivo, suas sinapses estão acostumadas com pensamentos e sentimentos negativos e mudar isso é trabalhoso. Não se baseia apenas em “aumentar a autoestima” ou “pensar positivo”, a condição precisa ser tratada com um profissional qualificado e, em alguns casos, com medicação. É um processo que leva tempo, mas com a ajuda correta e a continuidade do tratamento, a mudança pode ocorrer. EVOLUÇÃO DA NEUROPSICOLOGIA • Trepanação : 4000 a.C. • O coração , e não o cérebro, como sede da alma : 3000 a.C. • Hipócrates : o cérebro envolvido com as sensações e inteligência ( 460 a 377 a.C.) • Galeno e a descoberta dos ventrículos cerebrais. ( 200 – 130 a.D.) • Renée Descartes : pai da ação reflexa ( 1641) • Franz Gall: frenologia (1800) • Phineas Gage e seu médico John Harlow • Pierre Broca: descoberta do centro da fala (1861) • Carl Wernick : descoberta da área da interpretação da fala ( 1870) • Santiago Ramon y Cajal: descoberta do neurônio como unidade fundamental do sistema nervoso (1887) • Charles Scott Sherrington: trabalho que fala da ligação da medula espinhal com o cérebro e com os músculos. • Aloysius Alzheimer: o primeiro a reconhecer a doença neurodegenerativa (1900) • Graves Wilder Penfield: mapa topográfico do corpo humano no córtex cerebral (1920) • Bernard Katz: a transmissão sináptica (1970) • Roger Walcott Sperry: a lateralização da função cerebral (1974) MEMÓRIA Memória é o processo de aquisição, retenção e evocação de informações. ETAPAS PARA A MEMORIZAÇÃO DE UM EVENTO QUALQUER 1. Aquisição 2. Seleção 3. Retenção 4. Esquecimento 5. Consolidação 6. Evocação TIPOS DE MEMÓRIA 1. Quanto ao tempo de duração ou retenção: a) ultrarrápida: dura frações de segundos a alguns minutos. b) curta duração: dura minutos ou horas. c) longa duração: dura horas, dias ou anos • Memória de Curto Prazo (MCP): Capaz de armazenar informações por períodos de tempo um pouco mais longos, mas também de capacidade relativamente limitada. • Memória de Longo Prazo (MLP): Capaz de estocar informações durante períodos de tempo muito longos, talvez até indefinidamente. 2. Quanto à natureza: a) memória explícita ou declarativa. b) memória implícita ou não declarativa. c) memória operacional • MEMÓRIA EXPLÍCITA: É aquela que reúne tudo que só podemos evocar por meio de palavras. a) episódica: quando envolve eventos com datas, isto é, relacionados no tempo. b) semântica: quando envolve conceitos atemporais. • MEMÓRIA IMPLÍCITA: É aquela que não precisa ser dita com palavras e que nos faz lembrar de muitas outras coisas. a) memória de representação perceptual: é aquela que corresponde à imagem de um evento. b) memória de procedimentos: é aquela que diz respeito aos hábitos e habilidades. c) memória associativa: relaciona-se a algum tipo de resposta ou comportamento, associado a um estímulo. • MEMÓRIA OPERACIONAL: É aquela que armazenamos temporariamente informações úteis para o raciocínio imediato e para a resolução de problemas. ÁREAS E ESTRUTURAS NEURAIS ENVOLVIDAS NO MECANISMO DE MEMÓRIA: 1. Córtex cerebral a) Lobo frontal b) Áreas parietais de associação 2. Amígdala 3. Hipocampo LOCAIS DE CONSOLIDAÇÃO DOS VÁRIOS TIPOS DE MEMÓRIAS • Memória de curta duração: córtex frontal • Memória de longa duração: hipocampo • Memória explícita: hipocampo e lobo temporal • Memória de procedimentos: gânglios basais e cerebelo • Memória episódica: hipocampo • Memória semântica: córtex cerebral CAUSAS DE DÉFICIT DE MEMÓRIA • Estresse, emocional, preocupações e ansiedade. • Traumatismo craniano, ablação cirúrgica, TPM, toxidade, anóxia, isquemia, eletroconvulsoterapia, amnésia funcional. • Deficiência de ácido fólico, neoplasias, hematoma subdural, distúrbios da tireóide, síndrome da fadiga crônica, desequilíbrio hormonal, meningite, distúrbios do sono, encefalite límbica, esquecimento senil benigno. • Lesão cerebral, demência vascular, demência frontal, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson, Esclerose Múltipla. FATORES RELACIONADOS A PERDA DE MEMÓRIA: • Álcool, Drogas,Medicamentos, Fumo, Cafeína MUDANÇAS NA MEMÓRIA COM O ENVELHECIMENTO • O que poderia mudar: a) aparentemente torna-se mais difícil aprender coisas novas. b) torna-se-ia mais difícil a concentração da atenção nas coisas mais importantes. c) as informações não seriam processadas com tanta rapidez d) haveria dificuldades para encontrar as palavras certas. • O que não muda: a) a memória de longo prazo muda muito pouco. b) a capacidade de sintetizar informações e formar opiniões sólidas devido às experiências passadas. ALTERAÇÃO DA MEMÓRIA • AMNÉSIA: ausência de lembranças evocáveis. • HIPOMNÉSIA: diminuição de lembranças evocáveis. • HIPERMNÉSIA: quando as lembranças são evocadas com muita vivacidade e exatidão. • PARAMNÉSIA: distúrbios da qualidade da evocação da memória TIPOS DE AMNÉSIA: • Amnésia retrógrada, onde a pessoa lembra somente dos fatos ocorridos após o trauma, mas não é capaz de lembrar-se do que aconteceu antes dele. • Na amnésia anterógrada ocorre o contrário, ou seja, o paciente não lembra das coisas ocorridas depois do trauma, mas se lembra claramente das coisas feitas ou aprendidas antes. • A amnésia global transitória é caracterizada por não ter causas que possam ser identificadas claramente, embora haja estudos sugerindo tratar-se de ataque isquêmico transitório ou enxaquecas. Esta variedade de amnésia tem normalmente muito boas chances de cura, amnésia que depende do tempo, isto é, passageira. PARAMNÉSIAS • Ilusões mnêmicas: são lembranças fictícias, ou seja, a recordação de alguma coisa irreal. • Alucinações mnêmicas: são criações imaginativas com aparência de reminiscências e lembranças, porém não correspondem a nenhuma imagem de épocas passadas. • Fabulações: consiste no relato de temas fantásticos que, na realidade, nunca aconteceram. • PSICOPATOLOGIA DA MEMÓRIA • A memória no Transtorno Bipolar. • A memória na depressão. • A memória na esquizofrenia. • A memória na epilepsia. ESTRATÉGIAS DE TREINAMENTO DA MEMÓRIA: - ESTRATÉGIAS INTERNAS: 1. Estimulação através de jogos e exercícios.; 2. Imagem visual.; 3. Método dos lugares.; 4. Método de associação.; 5. Método de elaboração.; 6. Método de organização.; 7. Método de repetição. - ESTRATÉGIAS EXTERNAS: 1. Planejamento dos compromissos.; 2. Anotações.; 3. Recados.; 4. Lista dos afazeres.; 5. Uso de agendas.; 6. Uso de recursos eletrônicos. LINGUAGEM E OUTRAS FUNÇÕES DE ALTO NÍVEL A área de Broca e área de Wernicke Em 1861, o neurologista francês Paul Broca identificou um paciente que era quase totalmente incapaz de falar e tinha uma lesão nos lobos frontais, o que gerou questionamentos sobre a existência de um centro da linguagem no cérebro. Mais tarde, descobriu casos nos quais a linguagem havia se comprometido devido a lesões no lobo frontal do hemisfério esquerdo. A recorrência dos casos levou Broca a propor, em 1864, que a expressão da linguagem é controlada por apenas um hemisfério, quase sempre o esquerdo. Esta visão confere com resultados do procedimento de Wada, no qual um hemisfério cerebral é anestesiado. Na maioria dos casos, a anestesia do hemisfério esquerdo, mas não a do direito, bloqueia a fala. A área do lobo frontal esquerdo dominante que Broca identificou como sendo crítico para a articulação da fala veio a ser conhecida como área de Broca (BEAR, 2002) Em 1874, o neurologista Karl Wernicke identificou que lesões na superfície superior do lobo temporal, entre o córtex auditivo e o giro angular, também interrompiam a fala normal. Essa região é atualmente denominada área de Wernicke. Tendo estabelecido que há duas áreas de linguagem no hemisfério esquerdo, Wernicke e outros começaram a mapear as áreas de processamento da linguagem no cérebro e levantaram hipóteses acerca de interconexões entre córtex auditivo, a área de Wernicke, a área de Broca e os músculos requeridos para a fala. "O modelo neurolingüístico de Wernicke considerava que a área de Broca conteria os programas motores de fala, ou seja, as memórias dos movimentos necessários para expressar os fonemas, compô-los em palavras e estas em frases. A área de Wernicke, por outro lado, conteria as memórias dos sons que compõem as palavras, possibilitando a compreensão." (LENT, 2002, p. 637) Assim, se essas duas áreas fossem conectadas, o indivíduo poderia associar a compreensão das palavras ouvidas com a sua própria fala. Atualmente, o modelo de Wernicke teve que ser corrigido quando se observou que pacientes com lesões bem restritas à porção posterior do giro temporal superior (a área de Wernicke) apresentavam na verdade uma surdez lingüística e não uma verdadeira afasia de compreensão. A área de Wernicke seria, então, responsável pela identificação das palavras e não da compreensão do seu significado. DISTÚRBIOS DA FALA E DA COMPREENSÃO Damos o nome de afasia a alguns dos distúrbios da linguagem falada causados por acidentes vasculares cerebrais na sua fase aguda. Entretanto, nem todos os distúrbios da linguagem podem ser chamados de afasia. São chamados de afasia apenas aqueles que atingem regiões realmente responsáveis pelo processamento da linguagem e não distúrbios do sistema motor, do sistema atencional, e outros que seriam apenas coadjuvantes do processo. Ao contrário de um doente que não consegue falar devido a paralisia de um nervo facial, os portadores de afasia podem apresentar problemas de linguagem sem ter qualquer problema no funcionamento muscular facial. Segundo Lent (2002), as afasias são classificadas em afasia de expressão, de compreensão e de condução, de acordo com os sintomas do paciente e com a região cerebral atingida. A afasia de Broca é também chamada de afasia motora ou não-fluente, já que as pessoas têm dificuldade em falar mesmo que possam entender a linguagem ouvida ou lida. Pessoas com esse tipo de afasia têm dificuldade em dizer qualquer coisa, fazendo pausas para procurar a palavra certa (anomia). A marca típica da afasia de Broca é um estilo telegráfico de fala, no qual se empregam, principalmente, palavras de conteúdo (substantivos, verbos, adjetivos), além da incapacidade de construir frases gramaticalmente corretas (agramatismo). É provocada por lesões sobre a região lateral inferior do lobo frontal esquerdo. A afasia de compreensão ou afasia de Wernicke atinge uma região cortical posterior em torno da ponta do sulco lateral de Sylvius do lado esquerdo. Os pacientes não conseguem compreender o que lhes é dito. Emitem respostas verbais sem sentidos e também não conseguem demonstrar compreensão através de gestos. Apesar de possuir uma fala fluente, ela também não tem sentido pois não compreendem o que eles mesmos dizem. Enquanto na afasia de Broca, a fala é perturbada, mas a compreensão está intacta, na afasia de Wernicke, a fala é fluente, mas a compreensão é pobre. A afasia de condução é provocada por lesão do feixe arqueado, feixes que conectam a área de Broca com a área de Wernicke. Os pacientes seriam capazes de falar espontaneamente, embora cometessem erros de repetição e de resposta a comandos verbais. OUTROS DISTÚRBIOS Afasia é apenas uma das desordens que resulta de lesões do cérebro. Neurologistas catalogaram um grande número de desordens. Abaixo temos uma pequena lista de algumas delas: • Alexia: inabilidade adquirida de compreender a linguagem escrita. • Agrafia: inabilidade adquirida de produzir linguagem escrita apesar da presença da linguagem oral, da leitura e de controle de movimentos normal • Apraxia: inabilidade de ter movimentos propositais apesar da compreensão normal das instruções, da força, do reflexo e da coordenação normais. • Agnosia visual: perda da habilidade de reconhecer ou identificar a presença de objetos, apesar nas funções visuais estarem intactas. Uma forma específica da agnosia visualfoi registrada como propagnosia, inabilidade de reconhecer faces. • Síndrome da negligência: a tendência a ignorar coisas numa região particular do espaço ignorando o módulo sensorial responsável pelos estímulos provenientes daquela região. Pacientes com uma forma dessa síndrome chamada síndrome da negligência unilateral ignoram as informações provenientes do lado esquerdo ou direito do corpo e podem até esquecer de barbear essa parte do rosto ou de vestir esse lado do corpo. A ESPECIALIZAÇÃO DOS HEMISFÉRIOS Apesar do nosso cérebro ser divido em dois hemisférios não existe relação de dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto, utilizando-se dos milhões de fibras nervosas que constituem as comissuras cerebrais e se encarregam de pô-los em constante interação. O conceito de especialização hemisférica se confunde com o de lateralidade (algumas funções são representadas em apenas um dos lados, outras no dois) e de assimetria (um hemisfério não é igual ao outro). Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de 95% dos seres humanos, mais isso não quer dizer que o direito não trabalhe, ao contrário, é a prosódia do hemisfério direito que confere à fala nuances afetivas essenciais para a comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é também responsável pela realização mental de cálculos matemáticos, pelo comando da escrita e pela compreensão dela através da leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e no reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa também do reconhecimento de faces, mas sua especialidade é descobrir precisamente quem é o dono de cada face. Da mesma forma, o hemisfério direito é especialmente capaz de identificar categorias gerais de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as categorias específicas. O hemisfério direito é melhor na detecção de relações espaciais, particularmente as relações métricas, quantificáveis, aquelas que são úteis para o nosso deslocamento no mundo. O hemisfério esquerdo não deixa de participar dessa função, mas é melhor no reconhecimento de relações espaciais categoriais qualitativas. Finalmente, o hemisfério esquerdo produz movimentos mais precisos da mão e da perna direitas do que o hemisfério direito é capaz de fazer com a mão e a perna esquerda (na maioria das pessoas). MUDEZ: Uma pessoa pode ser muda por não ter aprendido a usar a fala ou porque, em alguma fase de seu desenvolvimento, foi acometida de distúrbio que acarretou a mudez. Mudez é a condição do indivíduo incapaz de falar. Entre a condição normal e a mudez existe uma gama de distúrbios da fala (afasias), geralmente decorrentes de transtornos do sistema nervoso central, nos centros coordenadores da compreensão e da conversão das idéias em símbolos aptos para a transmissão verbal. PRAXIAS O desenvolvimento da criança é acompanhado pelo aumento e aprimoramento das formas de comunicação, que não são apenas verbais, mas também gestuais e pelo uso de objetos, os quais requerem habilidades motoras e a organização dos movimentos, orientados para uma finalidade. Durante muito tempo, os termos motricidade fina, grossa e global foram usados para se referir a habilidades que são muito mais amplas que isso. Hoje a neurociência específica que a execução dos atos motores intencionados, portanto, dos atos voluntários coordenados e orientados conforme uma intenção específica é denominada PRAXIA. Podemos dizer então que PRAXIA é a sequência harmônica dos movimentos necessários para a execução de atos motores mais ou menos complexos, com uma intenção e objetivo determinados por um contexto. No período pré-escolar a criança tem uma grande evolução nas suas habilidades práxicas. Torna-se hábil na coordenação dos movimentos como lançar e agarrar uma bola, e também na execução dos gestos relacionados às sus atividades de vida diária, como se vestir ou comer sozinha. Está relacionado ao desenvolvimento do esquema corporal. A criança, quando tem alguma alteração do desenvolvimento, que em geral é de ordem neurológica, pode apresentar diversas alterações que podem prejudicar a aquisição de habilidades, inclusive de escrita. TIPOS DE PRAXIAS: 1. Praxia ideomotora: “Refere-se à atividade gestual em um contexto de comunicação. Envolve, assim, gestos simbólicos como dar tchau, mandar um beijo, imitar gestos ou fazer mímicas. Por isso, incentivar a criança pequena a realizar estes gestos ou mímicas auxilia no desenvolvimento desta habilidade, que é relevante para a aquisição de outras habilidades motoras.”. Pessoas que sofrem de apraxia ideomotora mostram incapacidade de planejar ações motoras completas. 2. Praxia ideatória: Com o desenvolvimento da praxia ideomotora, a criança passa, então, a fazer uso de objetos como, por exemplo, encher o copo com água, abotoar a roupa e se pentear. A praxia ideatória exige, assim, não apenas a coordenação, mas sobretudo, a capacidade de realizar um movimento que tem uma sequência, uma finalidade, o qual obedece a ordem necessária, com harmonia, precisão e eficiência. Por isso, é importante incentivar a criança a realizar atividades como tomar banho (nas crianças pequenas sob supervisão), se vestir, usar talheres, etc. 3. Praxia construtiva: Reflete a capacidade de percepção visual adequada para uma ação apropriada, implicando na habilidade de reproduzir ou construir figuras, desenhando ou montando-as. O desenvolvimento da praxia construtiva tem grande importância na habilidade que requer o uso do lápis, no desenho e na escrita, atividades comum para a criança. Esta habilidade envolve a síntese visual (discriminação dos detalhes ou das partes que constituem o todo0, a elaboração de uma representação mental (integração do objeto em algo unificado que pode ter um significado) e a reprodução (execução que demanda um planejamento e o controle dos atos motores). Assim, tem grande importância nas habilidades que requerem o uso do lápis, no desenho e na escrita, atividades comuns para a criança. IMPLICAÇÕES NAS CIÊNCIAS COGNITIVAS Existem redundâncias consideráveis no sistema nervoso. A existência de processamento paralelo é amplamente aceita na neurociência e acredita-se que ele seja necessário devido a rapidez e complexidade do processamento da informação no cérebro das criaturas vivas. O poder da computação paralela pode ser observado nos modernos computadores seriais que demoram muito mais que o cérebro humano para processar informações visuais. Nos últimos anos, reconheceu-se que computadores com processamento paralelo são necessários para acelerar o processamento de imagens, aproximando-o da velocidade do cérebro humano. Esse é um dos caminhos pelo qual a neurociência pode ajudar as ciências cognitivas. A psicologia cognitiva tem se esforçado para modelar as atividades intelectuais com elementos que interajam numa maneira neurologicamente plausível. Esses modelos estão ajudando a mostrar como a cognição pode ser estruturada através dos princípios básicos de operação da mente. COGNIÇÃO Formação do processo cognitivo, Estratégias para a formação do processo cognitivo, Uso dos órgãos dos sentidos para o processo cognitivo. COGNIÇÃO SOCIAL: A cognição social não é mais do que um estudo da forma como processamos a informação (Adolphs, 1999). Neste processamento está inclusa a forma como codificamos, armazenamos e recuperamos informação de situações sociais. Componentes da Cognição social: a) percepção emocional; b) percepção social; c) teoria da mente; d) estilo de atribuição. ESTRUTURAS NEUROLÓGICAS ENVOLVIDAS NA COGNIÇÃO SOCIAL E OS COMPORTAMENTOS ANTISSOCIAIS • . Córtex pré-frontal • . Amígdala • .Ínsula FORMAÇÃO RETICULAR Denomina-se formação reticular a uma agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhose tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico. A formação reticular tem, pois, uma estrutura que não corresponde exatamente à sustância branca ou cinzenta, sendo, de certo modo, intermediária entre elas. Trata-se de uma região muito antiga do sistema nervoso. Pesquisas cito-arquitetônicas mostram que a formação reticular não tem estrutura homogênea, podendo-se delimitar grupos mais ou menos bem definidos de neurônios, que consistem nos núcleos da formação reticular. Que são: Núcleos da rafe; Lócus ceruleus; Substância cinzenta periquedutal; Área tegmentar ventral. Do ponto de vista cito-arquitetural, a formação reticular pode ser dividida em uma zona magnocelular, de células grandes que ocupam seus 2/3 mediais, e uma zona parvocelular, de células pequenas que ocupam o terço lateral. A zona magnocelular dá origem às vias ascendentes e descendentes longas e pode ser considerada a zona efetuadora da formação reticular. Do ponto de vista bioquímico, a formação reticular não é homogênea, havendo neurônios vários tipos de neurotransmissores, destacando-se as monoaminas, como a noradrenalina, a serotonina e a dopamina. CONEXÕES DA FORMAÇÃO RETICULAR: A formação reticular possui conexões amplas e variadas. Além de receber impulsos que entram pelos nervos cranianos, ela mantém relações nos dois sentidos com o cérebro, cerebelo e a medula: - Conexões com o cérebro: a formação reticular projeta fibras para todo o córtex cerebral, por via talâmica e extratalâmica. - Conexões com o cerebelo: existem conexões nos dois sentidos, entre o cerebelo e a formação reticular. -Conexões com a medula: dois grupos principais de fibras ligam a formação reticular à medula (fibras rafe-espinhais e trato retículo-espinhal). - Conexões com núcleos dos nervos cranianos: os impulsos nervosos que entram pelos nervos cranianos sensitivos ganham a formação reticular através de fibras que a ela se dirigem. FUNÇÕES DA FORMAÇÃO RETICULAR: As análises das conexões da formação reticular nos mostram que estas são extremamente amplas. Isso nos permite concluir que a formação reticular influencia quase todos os setores do sistema nervoso central, o que é coerente com o grande número de conexões. As suas principais funções são: AS SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES SÃO: Controle da atividade elétrica cortical e regulação do sono. A formação reticular é capaz de ativar o córtex cerebral a partir do SARA, sistema ativador reticular ascendente. A ação se faz através de conexões da formação reticular com os núcleos inespecíficos do tálamo. A formação reticular contém mecanismos capazes de regular o sono de maneira ativa. O sono, do ponto de vista eletroencefalográfico, não é homogêneo, comportando vários estágios. Entre estes está o sono paradoxal (REM), assim denominado porque embora o indivíduo se encontre profundamente adormecido, seu traçado eletroencefalográfico é dessincronizado, semelhante ao do indivíduo acordado. Durante o sono paradoxal há um relaxamento muscular e os olhos se movem rapidamente e é nessa fase que ocorrem os sonhos. O sono paradoxal é ativamente desencadeado a partir de grupos neuronais situados na formação reticular, entre os quais o locus ceruleus. Controle eferente da sensibilidade: Sabe-se que até certo ponto o sistema nervoso é capaz de selecionar informações sensoriais que lhe chegam, eliminando ou diminuindo algumas e concentrando-se em outras, fenômeno chamado de atenção seletiva. Isto se faz por um mecanismo ativo envolvendo fibras eferentes ou centrífugas capazes de modular a passagem dos impulsos nervosos nas vias aferentes específicas. Esse controle eferente da sensibilidade se faz principalmente por fibras originadas na formação reticular, como as fibras que inibem a penetração no sistema nervoso central de impulsos dolorosos, caracterizando as vias de analgesia. Controle da motricidade somática: A formação reticular tem influência sobre neurônios motores medulares, ativando-os ou os inibindo através do trato córtico-espinhal. Aferências das áreas motoras do córtex cerebral, através da via córtico-retículo-espinhal, controlam a motricidade voluntária dos músculos axiais e apendiculares proximais. Aferências do cerebelo enquadram-se nas funções exercidas por ele, como regulação automática do equilíbrio, do tônus e da postura, agindo também sobre os mesmos grupos musculares. Controle do sistema nervoso autônomo: O sistema límbico e o hipotálamo são os dois centros supra-segmentares mais importantes para o controle do sistema nervoso autônomo e têm projeções para a formação reticular, a qual, por sua vez, liga-se a neurônios pré-ganglionares do sistema nervos autônomo, estabelecendo assim o principal mecanismo de controle da formação reticular sobre esse sistema. Controle neuroendócrino:Estímulos elétricos da formação reticular do mesencéfalo causam a liberação de ACTH e do hormônio antidiurético. Controle da respiração:Informações sobre o grau de distensão dos alvéolos pulmonares continuamente são levadas ao núcleo do trato solitário pelas fibras aferentes viscerais gerais do nervo vago. Desse núcleo os impulsos nervosos passam ao centro respiratório, localizado na formação reticular do bulbo. Controle vasomotor: Situado na formação reticular do bulbo, o centro vasomotor coordena os mecanismos que regulam o calibre vascular, do qual, é dependente da pressão arterial, influenciando também o ritmo cardíaco POR QUE O CASO DE PHINEAS GAGE É RELEVANTE? Este pequeno episódio histórico é parada obrigatória em muitas carreiras universitárias relacionadas à neurociência e comportamento, porque, de fato, foi um dos primeiros exemplos bem documentados sobre como alguns materiais do cérebro modificam não apenas as capacidades cognitivas, mas os aspectos da Psicologia que tradicionalmente são associados ao EU, ou seja, ao modo de ser e a essência do ser humano. Phineas Gage passou a ser outra pessoa, não através de um processo de aprendizagem e auto-reflexão, mas, por um acidente específico que mudou seu cérebro fisicamente. O cérebro se reorganizou para suprir a escassez de materiais causada pela explosão. Através dos efeitos colaterais foram observadas outras áreas em que se acreditava não estarem sujeitas ao mundo material, como a memória, por exemplo. De qualquer forma, o acidente com a barra de ferro serviu para sinalizar as bases biológicas em que se sustentam os processos psicológicos subjacentes como as emoções e a tomada de decisões. Além disso, o caso de Phineas Gage também serviu para reforçar a hipótese de que diferentes áreas do cérebro se ocupam com diferentes aspectos do comportamento . UMA POSSÍVEL SÍNDROME PRÉ-FRONTAL? Hoje em dia acredita-se que a mudança de personalidade de Phineas Gage poderia ser, na realidade, um exemplo de síndrome pré- frontal causada pela alteração do funcionamento dos lobos frontais. A zona frontal do cérebro tem um papel importante na ligação entre motivações presentes e objetivos futuros, incluindo a possibilidade de colocar objetivos a longo prazo, a capacidade de renunciar a recompensas imediatas a fim de favorecer projetos mais ambiciosos e as conseqüências que as próprias ações têm sobre as pessoas ao redor e na sociedade em geral. Isso explicaria que, depois de ter sofrido o acidente com a barra de ferro, o novo estilo de comportamento de Phineas se assemelhava, em alguns aspectos, com o repertório de comportamentos esperado de alguém com personalidade psicopática. Os Psicopatas também parecem mostrar uma dinâmica da ativação neuronal nos lobos frontais diferente do resto da população, mas, no caso de Gage, isto teria sido produzido pela reorganização dos neurônios do cérebro depois do ferimento. No entanto, é muito provável que ao menosuma parte da mudança de comportamento dele se deva ao impacto social que se seguiu quando passou a ser visto pelos outros como alguém que não tem uma parte do cérebro. Como sempre, é difícil separar os aspectos biológicos dos que são de natureza social e cultural. O mais provável é que, no fim das contas, tenha acontecido o mesmo que o personagem do romance de Mary Shelley, Frankenstein: foi a sociedade, e não a sua própria natureza, que o transformou em um corpo estranho. Plasticidade axônica: Essa é a plasticidade inicial (e a mais fundamental) do desenvolvimento do cérebro. Ocorre entre 0 e 2 anos de idade. Plasticidade dendrítica: Caracterizada pelas alterações de tamanho, comprimento, disposição e densidade das espinhas dendríticas, a plasticidade dendrítica ocorre principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento. Espinhas dendríticas são os “fiozi... Plasticidade somática: Refere-se capacidade de regular a proliferação e a morte das células nervosas. Esta é uma capacidade presente apenas no sistema nervoso do embrião, e não sofre influência do meio externo. Plasticidade sináptica: Equivale à capacidade das sinapses de se fortalecer ou enfraquecer, em resposta aos estímulos externos e internos. Plasticidade regenerativa: É a regeneração de axônios afetados. Tem maior ação no sistema nervoso periférico, que é responsável por conectar o sistema nervoso central com outras partes do corpo humano. Esses exercícios estimulam as sinapses e promovem um crescimento dos axônios para, assim, aumentar a plasticidade do cérebro. Esse tipo de exercício deve ser iniciado logo após a lesão (caso ocorra), quando o paciente já estiver estável, com atividade... POR QUE O CASO DE PHINEAS GAGE É RELEVANTE? UMA POSSÍVEL SÍNDROME PRÉ-FRONTAL?
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