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A ADOÇÃO DO PARTIDO NA ARQUITETURA

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A ADOÇÃO DO PARTIDO NA ARQUITETURA
Questões para entender o conceito e a ferramenta.
Partido é um dos pilares do projeto de arquitetura. O outro pilar é o conhecimento. 
OTAKE. Fachada Principal do Hotel Unique, São Paulo
Rocha Jr
Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro[2: Daniel Pinheiro é arquiteto. Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza. Mail to: daniel@unifor.br.]
1 Apresentação
A adoção do partido arquitetônico é um dos desafios do projeto de arquitetura. A adoção do partido na Arquitetura, de Laert Pedreira Neves (1989), é uma das obras de referência da disciplina de Projeto Arquitetônico. 
Em algum momento do resumo que apresentamos utiliza idéias de outras obras e autores. Quando isso ocorre, para distinguir da obra de Laert Neves e respeitar o direito autoral pela produção científica dos outros autores, cita-se a referência diretamente no corpo do texto. Quando não há citação é porque se trata de idéia contida no livro de Neves.
Uma outra fonte importante é a nota de aula do prof. Rocha Júnior cujo título é A adoção do partido arquitetônico (2002) que ambos os autores utilizam na disciplina de projeto arquitetônico.
Para começar, utiliza-se um conceito provisório: 
Partido Arquitetônico é um juízo estético, plástico, científico, filosófico, religioso ou intuitivo que balisa a arte de projetar e construir. Juízo é aquilo que se afirma ou nega de um objeto, nesse caso, objeto arquitetônico. A sentença, entretanto, pode ser verbal ou não verbal.
Exemplo verbal: Brasília (objeto arquitetônico) é como uma cruz que marca um território ou uma posse (aquilo que se afirma). Não é o trabalho de um ladrilhador (aquilo que se nega).
Exemplo não verbal (Ver figura).
2 Para entender os casos
Para simplificar, utilizam casos e, a partir deles, se apresenta o conceito. Os exemplo foram divididos em categorias de juízo: beleza plástica; juízo científico etc.
2.1 Arquitetura bela
A arquitetura é, ao mesmo tempo, o prefacio e o posfácio da edificação, mas nem todo mundo sabe dizer com precisão como se entrelaçam os significados dessas expressões. Também, de um certo modo, existe um vínculo entre arquitetura e belo ou agradável. Mas não é a beleza da construção que qualifica, que identifica o trabalho do arquiteto. A colméia é uma construção magnífica. Mas o que distingue o trabalho pior arquiteto da colméia mais perfeita é que o arquiteto, antes de tudo construiu a obra na própria cabeça (Ver MARX, 1983). A arquitetura não é exatamente a providência de uma construção bela como quer Lemos (1980). Mas a beleza plástica é parte da arte de projetar em arquitetura.
Surge, então, dúvidas a respeito da subjetividade dos julgamentos da construção bela. Não é fácil separar as obra humana bela das outras, para que sejam eleitas e distinguidas como trabalhos de arquitetura. Por medida de prudência metodológica, Carlos Lemos divide as construções em três grandes grupos:
a) as obras levantadas segundo um critério artístico qualquer que varia com o tempo, o lugar, a cultura, enfim, varia com a história.
Exemplos: Qeops, Quefren, Miquerinos, as pirâmides do México, alguns templos greco-romanos, catedrais românticas, góticas, renascentistas etc. (Ver figuras).
b) as obras erguidas sem um desejo específico de se fazer arte, mas admiradas, por pouco elementos da sociedade a elas contemporâneas ou mesmo por terceiros a posterior e como verdadeiras fontes de prazer estético;
Exemplos: Mercado da Carne de Aquiraz, obra popular interpretada e admirada pelos critérios eruditos, “arquitetura sem arquitetos”. Construção bela sem que tenha havido intenção plástica a priori regida pelos cânones ditos civilizados. Ex.: Mercado da Carne de Aquiraz.
c) Edificações nascidas ao acaso, obra de pessoas destituídas de senso estético que a ninguém agrada são difíceis de imaginar. Toda edificação feita por homens tem um mínimo de intenção plástica. Mesmo um abrigo provisório como barracos, galpões. (ver foto de casa de 27m2 In: VIVA FAVELA. Arquitetura de pedreiro. www.vivafavela.com.br. Acessado em 3 de março de 2003)
2 Definição de arquitetura
Visando a uma metodologia de ensino, Carlos Lemos trata do binômio ciência-arte contida nas definições da arquitetura, procurando ver com mais ênfase só os condicionantes não estéticos que necessariamente mantêm relações entre si quando agem na criação arquitetônica. Para isolar a questão estética, Lemos utiliza a noção de partido arquitetônico para definir arquitetura.
“Arquitetura é toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com determinada intenção plástica, para atender a necessidades imediatas ou a expectativas programadas por aquilo que chamamos de partido” (LEMOS, 1980: 41-42).
Portanto, para Lemos (1980) se não há partido, não há arquitetura. Trata-se de um juízo complicado, discutível, mas útil. E o partido arquitetônico é: 
a) Conseqüência formal derivada de uma série de condicionantes ou de determinantes; seria o resultado físico da intervenção sugerida;
b) A idéia preliminar de edifício projetado.
Portanto, para Lemos, tanto o partido pode ser a posteriori, “conseqüência formal”, como a priori, “idéia preliminar”. Ao dar o mesmo nome à idéia e a conseqüência formal do trabalho de edificar, todo espaço antrópico edificado tem, por definição, um partido, quer porque nasceu de um partido ou resultou num partido.
A doação do Partido Arquitetônico é o método dessa idéia preliminar, contendo, em essência, as informações que ensinam o modo como percorrer o caminho que leva ao ato de projetar, independente de qual seja o tipo específico de projeto (conceituar e definir são exercícios difíceis).
O método, isto é, os procedimentos adotados servem como referencial de análise e diretriz de manobra ou manipulação das variáveis do projeto de arquitetura. Seve ao arquiteto que o utiliza na síntese arquitetônica.
3 Principais determinantes ou condicionantes do partido arquitetônico 
Admitindo-se projetar é o ato de idealizar, inventar, imaginar o objeto que ainda será construído. Na ótica arquitetônica, projetar é um ato criativo não verbal. Projetar é a invenção metódica, sistemática, crítica, tecno-científica do edifício a ser construído e da plástica da obra. 
O projeto é o documento dessa invenção. 
Arte, ciência, técnica ou qualquer outro produto do trabalho humano jamais é a partir do nada. Quem cria a partir do nada, para a tradição judeu-cristã, é Deus. O arquiteto tem rotinas e procedimentos. 
A arquitetura como profissão é metódica e produto de um longo tempo de trabalho. Porque é metódica, pode-se ordenar o pensamento do arquiteto. E o partido arquitetônico é um ponto de partida, uma inspiração.
Para Lemos (1980), o projeto de arquitetura já nasce condicionado pelo conhecimento dos agentes que criarão e pelas condições materiais e formais em que o projeto será feito. O arquiteto nunca é absoluto na projetação do objeto. Os condicionantes do projeto de arquitetura são:
a)      técnica construtiva;
b)      materiais, métodos e recursos humanos;
b) o clima e tempo;
c) condições físicas e topográficas (geomorfologia) do sítio;
d) programa de necessidades, usos, costumes, conveniência do empreendedor;
e) forma de financiamento da obra; 
f) legislação.
Objetivos do partido arquitetônico. O partido tem um papel instrumental. É uma ferramenta de projeto que permite ao projetista fazer o registro gráfico da idéia preliminar do edifício. É o espaço do dialogo com o cliente interno e externo, expressando a idéia proposta, o atendimento da expectativa e da viabilidade da solução. Compatibiliza a idéia da edificação e a interpretação arquitetônica com as diversas implicações de ordem tecnológica (estrutura, instalações, técnicas construtivas, materiais para construção, problemas especiais etc), legais e econômicas inerentes à solução. 
A busca da compatibilização pode ensejar modificações no partido, na idéia, inclusive alterações substanciais no próprio partido. Quando é difícil conciliartécnica, interesses, normas, e é no partido que os ajustes podem ser melhores encaminhados.
O partido pode ser produto acabado em si mesmo, que cumpre seu papel de expressão de idéias. Quando a finalidade da síntese arquitetônica é a especulação sobre a busca de alternativas possíveis e de variáveis conhecidas, ele serve, neste caso, como instrumento de consulta arquitetônica, de especulações de possibilidades viáveis para a tomada de decisões sobre um empreendimento arquitetônico a ser realizado.
3.1 Ordem de procedimentos
O projeto de arquitetura é um ato criativo complexo. Mas se poderia, a partir de Lemos, tentar enumerar alguns passos ou condutas da rotina da arquitetura. Os protocolos indicados por nós não são necessariamente seguidos nessa ordem no cotidiano, há muitas outras variações. Mas o que nos interessa é a ordem que facilita o projeto do estudante. Vejamos os protocolos.
Primeiro Protocolo: Indução[1] que conduz o pensamento desde o ponto inicial, o de querer elaborar o projeto, assimilando e acomodando os dados, informações e conhecimentos.[3: [1] Indução é operação mental que consiste em se estabelecer uma lei universal ou uma posição geral a partir de certo número de dados particulares ou de proposições de menor generalidades. Dedução é processo pelo qual com base em uma ou mais premissas, se chega a uma conclusão necessária, em virtude da correta aplicação das regras lógicas.]
2o Criação. A mente desencadeia o processo de síntese arquitetônica (matéria, forma, conceitos da obra), dando resposta à pergunta à demanda do projeto. Essa demanda também é chamada de pergunta-de-partida.
3o Desenvolvimento da idéia. Ë um trabalho indutivo e criativo; científico, técnico ou artístico. A idéia arquitetônica esboçada na etapa anterior é aperfeiçoada até chegar ao projeto em arte final.
3.2 Os procedimentos de rotina
As rotinas têm uma ordenação simples. Vão das coisas mais gerais como conceitos, usos, plástica e coleta de dados para as mais particulares como detalhes: pormenores arquitetônicos. Vão do mais simples como os dados e informações ao mais complexo: compatibilização, estudos de viabilidade técnico-financeira.
3.2.1 Etapas do projeto
Métodos e Técnicas de Coleta de Dados. Coleta de dados, informações e análise teórica, física e ambiental ocorrem porque antes de ser arquitetura, uma sintaxe não-verbal, plástica, o projeto é uma sintaxe verbal que em lógica se chama “frases de base” ou “protocolos”. Do ponto de vista semiótico, o projeto é a passagem da linguagem verbal para a linguagem plástica não-verbal.
Os dados e informações podem ser coletados dos seguintes modos:
a.       discussão com os clientes;
b.      discussão com especialistas;
c.       pesquisa bibliográfica;
d.      visita a organizações similares[2].[4: [2] Lemos fala da coleta de dados “pela intuição do projetista que interpreta a sociedade e propõe uma dada forma de organização da vida no espaço arquitetônico”. A intuição não é uma forma de conhecimento importante na contemporaneidade. Vive-se a sociedade do conhecimento e da informação. Intuição é a forma mais elementar do conhecimento, pelo menos para Platão, Aristóteles, Kant, Hegel. ]
Estudo preliminar. Transpor para o papel, na linguagem do desenho, a solução arquitetônica correspondente à formulação conceitual do projeto, partido arquitetônico. 
Projeto em arte final. Solução final ou desenvolvimento da idéia expressa no partido, produzindo o projeto executivo com predicados funcionais, dimensionais, tecnológicas, plásticas apropriados à demanda que ele deve atender.
3.2.2 Tema
Do tema (objeto do projeto de arquitetura. Por exemplo: um bar, uma clinica etc.) derivam todos os passos da elaboração do projeto. O tema é o objeto de solicitação inicial do cliente. Cabe ao arquiteto dar solução arquitetônica ao tema. 
Às vezes o arquiteto não sabe nada sobre o tema objeto do trabalho. Ele não é obrigado a saber. As informações sobre o tema ele obterá na primeira etapa da adoção do partido arquitetônico.
O tema tem aspectos conceituais. O conceito é a tentativa de dizer o que alguma coisa é (conceitos ontológicos) ou como funciona (conceitos técno-científicos).E as informações básicas conceituais são o embasamento sobre o qual se assentam todas as idéias do partido arquitetônico. 
A formulação de conceitos e o estabelecimento referências teórica sobre o tema podem ser fruto do trabalho exaustivo, complexo de elucidação de as dúvidas importantes[3]. Ou pode-se evitar o trabalho conceitual por qualquer razão seja ela comercial, prática ou outra qualquer.[5: [3] Neste ponto, Lemos (1980) volta a tratar a arquitetura a partir da intuição. Ele fala de temas intuídos pela mente do projetista, que filosofa sobre a vida, a sociedade e as pessoas e suas atividades, numa atitude prospectiva. Esse arquiteto solitário, intuitivo e idealista pode ter dificuldade de sobreviver na contemporaneidade. ]
As informações referentes aos conceituais do projeto, quando o arquiteto estiver preparado para isto, ou sobre o ambiente do sítio devem ser obtidas sistematicamente. A rotina, o planejamento da própria arte de projetar previne erros. As informações indispensáveis são, em princípio, a caracterização da clientela, o programa arquitetônico, pré-dimensionamento da edificação, conceitos, se houver.
4 A rotina do projeto
Um bom projeto hoje é melhor do que um projeto perfeito amanhã.
Cada passo que será apresentado em seguida presume que os termos do contrato de prestação de serviço já foram solucionados e o início do projeto foi autorizado pelo cliente. Um outro pressuposto da metodologia é que o terreno já foi escolhido. Estando isso claro,vejamos, portanto, a rotina.
Primeiro passo, conceituar o objeto (“que-é” e/ou “como-funciona”). O conceito-chave do projeto passa pela demanda do cliente e pela capacidade do arquiteto de interpretá-la. A busca de novos conceitos auxilia o projetista a soluções inovadoras. Por exemplo, a drogaria (drogstore) é uma loja de varejo que negocia fármacos e conveniência.
Segundo passo, elaborar os pressupostos do projeto. Pressuposto é uma suposição a que o arquiteto adere e que é condição de possibilidade do trabalho. Por exemplo, farmácia é um mau negócio. Mas a venda de medicamentos gera fluxo para o comércio de conveniência. Portanto, numa drogaria, a farmácia ficará no fundo da loja. A loja de conveniência ficará na entrada da loja. As “ruas” da conveniência devem ser perpendiculares à farmácia.
Terceiro passo, formular hipóteses sobre os cenários futuros da edificação. Refletir sobre o que acontecerá no futuro com a obra: riscos,custos de manutenção, novos usos, reformas e ampliações etc. 
Quarto passo, identificação do cliente e dos usuários. Vale a pela propor um roteiro preliminar de anamnese. 
a.      Quem é o cliente?
O cliente pode ser externo ou interno. Pode ser o usuário ou não. O cliente, no entanto, é sempre aquele com que se faz o acordo comercial ou aqueles que o arquiteto, por dever de ofício, deve atender. O cliente de um arquiteto que trabalha no controle urbano de uma prefeitura municipal é o arquiteto que encaminha um processo; faz uma consulta. Ou um cidadão comum em busca de informações sobre a “estruturação urbana”, uso e ocupação do solo etc.
b.      Precisamente, o que ele quer que o arquiteto faça? 
Ás vezes “cliente” chama o arquiteto, mas ele não quer um projeto. Apenas deseja conversar sobre os sonhos de consumo dele. Quer especular preço de serviço. Quer avaliar um imóvel. Quer saber a opinião do arquiteto sobre a cada que ele mesmo construiu sozinho etc. 
Note bem: Os dois primeiros passos são importantes para a determinação do valor do serviço do arquiteto, contratação e autorização do início do trabalho conforme os termos do Código de Defesa do Consumidor.
c.       Ele sabe o que deseja? 
d.      Ele já projetou, como leigo, a edificação? 
Algumas vezes o cliente quer, por exemplo, que o arquiteto desenvolva uma planta baixa que ele fez. Ou quer um projeto “igual” aum outro que ele viu em algum lugar etc.
e.      O que ele consegue dizer sobre o que deseja? 
Os leigos têm dificuldade de visualizar um espaço ou de descrever o que desejam. Nesse caso, pode-se recorrer a imagens, visitas a outra edificação similar ou a revistas, por exemplo, para viabilizar a comunicação entre o profissional e o leigo.
Cuidado! Seja zeloso com o cliente que tem muito medo de perguntar ou de revelar a ignorância dele. Deixe-o perguntar, deixe-o falar se V. deseja perceber o desejo dele.
f.        Quem vai viver (usar) a edificação?
A identificação do cliente e usuários ou grupos de usuários serve para detectar as exigências funcionais básicas que deverão ser atendidas pelo arquiteto. Quanto mais detalhada for a caracterização da clientela, mais profundo será o nível de informação a disposição do projetista e mais segurança terá para elaboração do projeto.
Função, no planejamento arquitetônico, é a atividade principal ou o conjunto das atividades necessidades vitais atendidas num espaço arquitetônico. 
A atividade é uma ação desenvolvida para satisfazer a uma ou mais necessidades humana. A função cozinhar de uma residência, por exemplo, envolve várias atividades, como, as de armazenar alimentos duradouros e perecíveis, de limpeza e preparo dos alimentos e de cocção.
A caracterização das funções decorre servirá de referência básica para a definição dos ambientes ou elementos do programa arquitetônico.
Quinto passo, o programa de necessidades ou programa arquitetônico ou ainda simplesmente programa é a relação articulada conceitualmente pelo partido de compartimentos, ambientes e elementos arquitetônicos previstos para o edifício. As fontes de informação do programas são as interações entre arquiteto e cliente.
O programa é um conjunto de protocolos. Ele traduz, sob a forma de um elenco de elementos arquitetônicos, os espaços onde se desenvolverão os materiais, técnicas, funções e atividades previstas para o tema, levando-se em conta as características da clientela e do conceito do objeto arquitetônico. 
Cada função-atividade pode ser representada no programa por apenas um ambiente arquitetônico ou pode-se conjugar várias dessas funções no mesmo ambiente.
Na prática profissional do arquiteto ocorrem as seguintes situações: a do cliente que sabe exatamente o que quer do projeto e já realizou a programação, tendo o programa elaborado nos termos de um leigo. Ou ele discute exaustivamente com o arquiteto os diversos aspectos envolventes do programa. e o arquiteto se incumbe de elaborá-lo.
Na elaboração do programa, ordene-o considerando: a) bloco de funções que tem ligações entre si; b) em cada bloco, destaque os espaços,cômodos ou outra coisa que deverá ser projetada; c) uma boa prática é ordenar o programa seguindo uma ordem que pode ser começar pela portas até o último espaço; d) o pré-dimensionamento é muito importante, mas se não puder ser feito, indique as variáveis antropométricas que serão utilizadas pelo pré-dimensionamente.
Sexto passo, diagrama funcional ou organizacional do programa e dos fluxos. Existe relação de maior ou menor grau de intimidade ou aproximação entre os cômodos ou elementos do programa. É importante compreender as relações dos elementos do programa, pois a compreensão é útil para a adoção do partido arquitetônico. Essas inter-relações caracterizam a funcionalidade existente entre esses elementos e condicionam as disposições espaciais deles no terreno e no edifício.
Há ferramentas de gestão que permitem a visualização das inter-relações entre os elementos do programa. As mais comuns são:
a) Funcionograma. Diagrama de funções-atividades que expressa as inter-relações dos elementos do programa;
b) Organograma. Diagrama que expressa as funções e as relações de hierarquia dos elementos de uma organização;
c) Fluxograma. Diagrama que expressa a noção de fluxo dos elementos considerados.
 Sétimo passo, pré-dimensionamento. As áreas e outras medidas relevantes de todos os elementos do programa devem ser indicadas. O pré-dimensionamento é ema referência que poderá ser alterado. 
O pré-dimensionamento é sempre estabelecido interpretando-se as exigências dimensionais, em área, das atividades que serão exercidas em cada compartimento listado no programa e das funções previstas.
O terreno é uma variável fundamental no pré-dimensionamento. As informações mais importantes são a escritura, onde constam as medidas oficiais do lote; a planta do terreno; as medidas das dimensões feitas no local que quase nunca coincidem com as medidas da escritura; relevo (altimetria); indicação do norte verdadeiro e/ou do norte magnético; direção e velocidade dos ventos; acessos ao lote; entorno; legislação pertinente.
A escolha do terreno. Há casos em que isto cabe ao arquiteto. Assim, ele deve obedecer a critérios de seleção previamente estabelecidos. Alguns aspectos técnicos devem ser observados na escolha como localização; medidas da superfície; relevo; orientação quanto ao sol e aos ventos dominantes; vias e meios de acesso urbanização; vizinhança; serviços públicos (água, energia, rede de esgoto, de águas pluviais, redes técnicas etc); usos permitidos e indicados pela legislação pertinente; custo do lote e da implantação da obra..
Oitavo passo, a planta do terreno deve conter as dimensões precisas do lote, norte, ventos, vias que limitam, nome oficial dessas vias, previsão de alargamento ou de instalação de serviços urbanos, medidas dos passeios, caixa da via e distância até as esquina mais próxima. E se as vias lindeiras ao lote não têm nome oficial, deve-se indicar a situação do lote até uma via próxima que tenha um nome oficial.
Certifique-se de que o relevo, com cotas de pontos de nível, quando o plano de curvas de níveis, quando inclinado, indicativas da altimetria. Alteração na topografia original como cortes, aterros, arrimos. Os acidentes geográficos como rio, lago, mar, cobertura vegetal, árvores, enchentes etc, quando houver, devem ser indicados.
Nono passo, conformação do relevo. Haverá sempre no planejamento arquitetônico uma relação muito íntima entre a conformação do terreno e a idéia arquitetônica do edifício. O arquiteto deve captar o grau de influência dessa variável física e saber usa-la adequadamente e de modo criativo nas decisões do projeto. A análise do relevo deve constar do programa. 
Décimo passo, insolação e iluminação naturais. A influência do sol decorre basicamente do excesso de iluminação Considerar também o uso racional das fontes de energia.
Referências
LEMOS, Carlos. O que é arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 1980. Coleção Primeiro Passo.
NEVES, Laert Pedreira A adoção do partido na Arquitetura. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBa., 1989.
Rocha Júnior. A adoção do partido arquitetônico. Fortaleza, Universidade de Fortaleza, Curso de Arquitetura e Urbanismo, 2002. Nota de aula
Daniel Pinheiro; Rocha Jr
28/02/2006

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