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Leitura e Produção de Texto Autoria: Kate Mamhy Oliveira Kumada Tema 01 Leitura, Texto e Sentido seç ões Como citar este material: KUMADA, Kate Mamhy Oliveira. Leitura e Produção de Texto: Leitura, Texto e Sentido. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. Tema 01 Leitura, Texto e Sentido SeçõesSeções Tema 01 Leitura, Texto e Sentido Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Ler e compreender: os sentidos do texto, das autoras Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias, editora Contexto, Livro- Texto 225, 2013. Roteiro de Estudo: Kate Mamhy Oliveira Kumada Leitura e Produção de Texto 5 Conteúdo Nessa aula você estudará: • A leitura como um processo de interação autor-texto-leitor. • As estratégias necessárias para se realizar uma boa leitura. • Como ocorre a construção de sentidos durante a leitura de textos. CONTEÚDOSEHABILIDADES 6 Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Por que uma boa leitura exige que o leitor seja um sujeito ativo? • Quais estratégias de leitura permitem ao leitor interagir dialogicamente com o texto? • Quais são os fatores que influenciam na compreensão da leitura? • Como ocorre a produção de sentidos durante a leitura? CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA Leitura, Texto e Sentido Savioli e Fiorin (2006, p.4) definem sabiamente que a leitura se refere a uma tarefa que exige grande “sensibilidade”. Contudo, os autores afirmam que essa é uma qualidade que pode ser desenvolvida e para tanto não é necessário ler um texto várias vezes, mas sim dirigir corretamente a atenção durante sua leitura. Em concordância com essa reflexão, vale a pena compreender quais são os elementos nos quais você deve prestar maior atenção para se tornar um bom leitor. Você já deve ter observado que as práticas de leitura e também de escrita exigem muito mais que o saber estritamente linguístico, ou seja, mais do que o conhecimento das técnicas de estruturação e decodificação de letras e palavras. Ler, compreender e interpretar textos demanda desde o reconhecimento da interação autor-texto-leitor até a produção de sentidos construída a partir: 1. de conhecimentos prévios (seja de ordem linguística, enciclopédica ou interacional); 2. da contextualização e 3. da identificação da intertextualidade (quando houver) e de gêneros textuais. De acordo com Koch e Elias (2013, p. 10), a concepção de leitura supracitada se concentra na interação autor-texto-leitor, e está em consonância com uma “concepção interacional 7 (dialógica) de língua” e de linguagem. Nesta concepção interacional, tanto o autor quanto o leitor participam ativa e conjuntamente da construção do texto. No entanto, Clark (2000) destaca que há diferentes estudos sobre o uso da linguagem, entre os quais alguns estão concentrados na linguagem como um processo individual e outros, na linguagem como um processo social. Sobre isso, Koch e Elias (2013) revelam três concepções de leitura, a saber: o foco no autor, o foco no texto e o foco na interação autor-texto-leitor. Na concepção sob o foco no autor, aquele que escreve espera que o leitor receba a mensagem/informação da mesma maneira como fora mentalizada inicialmente. Nessa abordagem, o leitor exerce um papel passivo diante do texto, visto que sua única tarefa é “captar” as ideias e intenções prescritas pelo autor, subentendendo que esse é um processo “lógico” e direto, conforme ilustra a Imagem 1.1. 1.1 Imagem com esquema sobre a relação entre autor, texto e leitor a partir da concepção de leitura sob o foco no autor. Fonte: Pessoal. Essa imagem retrata o esquema de relação direta da emissão do texto pelo autor e da recepção do mesmo pelo leitor a partir da concepção de leitura sob o foco no autor. É uma concepção de transferência direta de conhecimentos através do texto, sem considerar aspectos sociais, culturais e linguísticos presentes em cada sujeito, ou seja, sem mediações. O leitor também é considerado um sujeito passivo na concepção de leitura sob o foco no texto, em que “[...] o texto é visto como simples produto de codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código LEITURAOBRIGATÓRIA 8 utilizado” (KOCH; ELIAS, 2013, p. 10). Nessa teoria, apenas com base no domínio do código linguístico, o sujeito seria capaz de ler e compreender qualquer texto. No entanto, sabe-se que para ler e compreender um texto, seja ele sobre futebol ou sobre astronomia, é preciso ir além da sua decodificação, alçando conhecimentos e recursos como, por exemplo, os conhecimentos prévios sobre o assunto, sobre o gênero linguístico do texto, sobre quem o escreveu, onde foi publicado, entre outros. Desse modo, em contraposição ao modelo passivo de leitor apregoado nas concepções sob foco no autor e foco no texto, a concepção de leitura com foco na interação autor-texto-leitor compreende a leitura como uma “atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos” (KOCH; ELIAS, 2013, p. 11), onde são considerados todos os conhecimentos (não exclusivamente o linguístico) adquiridos pelo leitor. Nesse sentido, observe a Imagem 1.2, que busca representar esse processo dialético entre o autor e o leitor durante a construção do texto, ideia defendida pela concepção de leitura baseada na interação autor-texto-leitor. 1.2 Imagem com esquema sobre a relação entre autor, texto e leitor a partir da concepção de leitura sob o foco na interação autor-texto-leitor. Fonte: Pessoal Essa imagem retrata o esquema de relação dialética de construção (e não de transferência) do texto a partir da interação entre o autor com o texto e, por conseguinte, com o leitor. Indicando que os sentidos do texto são criados na ação conjunta, através da ativação dos conhecimentos do autor e do leitor. LEITURAOBRIGATÓRIA 9 No esquema representado na Imagem 1.2, o sentido de um texto não se dá de forma direta, transferido sem mediações. Ao invés disso, o sentido do texto é criado na ação conjunta, através da ativação dos conhecimentos do autor e do leitor. Por essa razão, a leitura como interação autor-texto-leitor defende o papel do leitor ativo e crítico, capaz de processar, criticar, avaliar, desfrutar ou rechaçar o texto em questão. Para isso, esse “leitor enquanto construtor de sentido”, deve se valer de estratégias de leitura, tais como seleção, antecipação, inferência e verificação (KOCH; ELIAS, 2013, p. 13). Segundo Koch e Elias (2013, p. 13) a “estratégia de seleção” implica uma leitura mais dinâmica do texto, selecionando e discriminando elementos (ir)relevantes. Já a “antecipação” envolve as hipóteses elaboradas a partir de nossos conhecimentos prévios sobre o autor, o meio de veiculação do texto, o gênero textual, o título e a distribuição e configuração de informações no texto. Para ilustrar a estratégia de antecipação de leitura, você pode elaborar hipóteses sobre o texto a partir de seus conhecimentos prévios sobre o autor como, por exemplo, analisar quem é o autor, se ele é um autor é renomado ou desconhecido, se tem um estilo crítico, sério, humorístico, se tem propriedade para falar sobre o assunto, entre outros. No caso do meio de veiculação do texto, cabe, por exemplo, analisar qual o meio de divulgação, se é um meio confiável, neutro, partidário, etc. Já no que tange ao gênero textual, mesmo antes da leitura do texto, é possível verificar o gênero (se é uma receita, uma bula de remédio, uma poesia, etc.) e, a partir daí, realizar suposições sobre as intenções desse texto (é um texto informativo, crítico, caricato, etc.). O próprio título pode revelarhipóteses do leitor sobre o texto, por exemplo, ao analisar se o título faz referência a um assunto polêmico ou desconhecido, se é do seu interesse ou não, entre outras. Outra estratégia de leitura se refere à “inferência” e envolve a leitura do texto nas entrelinhas, ou seja, a interpretação de informações que estão implícitas (por exemplo, ao inferir quem é o personagem principal na história, ou então, qual era a intenção do autor ao escrever determinado texto), mas que foram baseadas em pistas fornecidas pelo próprio texto ou pelos conhecimentos do leitor sobre o assunto. Na “estratégia de verificação”, as hipóteses e as inferências serão ou não confirmadas após a leitura e análise total do texto. A prática de tais estratégias pode conduzi-lo para uma leitura mais aprofundada sobre o texto, propiciando, dialogicamente, a interação entre o leitor e o texto proposto pelo autor. Ainda assim, Koch e Elias (2013, p. 19) enfatizam que a dedicação de maior ou menor atenção, maior ou menor interação, está intrinsecamente relacionada aos objetivos de leitura. Afinal, você atribui diferentes níveis de atenção conforme os seus diferentes níveis de interesse LEITURAOBRIGATÓRIA 10 pela leitura. De acordo com as autoras, a leitura pode apresentar vários objetivos, tais como o de informar (jornais, revistas), elaborar um trabalho acadêmico (dissertações, teses, livros), distrair (poemas, contos, romances), consultar (dicionários, catálogos), entre outros. Ademais, cada sujeito estabelece uma relação distinta com o texto lido, uma vez que todo leitor traz consigo suas vivências e conhecimentos resultando, consequentemente, em uma pluralidade de leituras e sentidos. Imagine, por exemplo, a frase abaixo dita em diferentes contextos: Mariana está com um problema de coração. Hipoteticamente, o enunciado poderia ser visto por um médico que, com base no lugar social que ocupa, em suas vivências e conhecimentos, poderia interpretar que Mariana possui uma doença no órgão humano coração. Por outro lado, uma psicóloga, pautada em outras experiências e saberes, poderia julgar que se trata de um problema emocional, típico de um “coração partido”, ou seja, de uma desilusão amorosa, constituindo assim duas leituras distintas para um mesmo texto, a oscilar conforme o posicionamento do sujeito que o interpreta. De acordo com Koch e Elias (2013, p. 39), a leitura e a produção de sentidos são guiadas pelo processamento textual que, por sua vez, é ativado a partir de estratégias sociocognitivas. Tais estratégias sociocognitivas envolvem três grandes sistemas de conhecimento, a saber: • O conhecimento linguístico: envolve o aspecto gramatical (verbos, adjetivos, pronomes, etc.) e o aspecto lexical da língua, incluindo vocabulário e suas regras de funcionamento (sintaxe). • O conhecimento enciclopédico (ou de mundo): baseado nos conhecimentos gerais de mundo, inclusive vivências pessoais. A importância do conhecimento enciclopédico denota que quanto maior o contato do leitor com outros textos e vivências, melhor será sua compreensão de textos, pois essa bagagem cultural e teórica lhe permite fazer articulações entre ideias, especular e fazer inferências mais amplas sobre o texto. • E o conhecimento interacional: baseado nas formas de interação por meio da linguagem, faz referência aos conhecimentos ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural (ou conhecimento de gêneros textuais). Nesse nível de conhecimento deve ser observado, por exemplo, o conhecimento comunicacional da adequação de LEITURAOBRIGATÓRIA 11 variante linguística utilizada em um (con)texto. Assim, uma carta a um professor poderia apresentar marcadores como “Prezado Professor” e “Atenciosamente”, enquanto uma carta para um amigo poderia iniciar simplesmente por “Querido amigo” e encerrar com “Abraços”. Sobre as variedades linguísticas e a adequação de linguagem, Marcos Bagno (1999) realiza uma analogia entre a língua e a roupa. Para o autor, da mesma forma como você não deve utilizar uma roupa de banho para uma entrevista de emprego, pois isso é considerado inadequado para a ocasião, utilizar uma linguagem informal para um contexto formal também soa inadequado. Contudo, uma roupa de banho na praia é vista como adequada, bem como uma escrita informal utilizada com familiares ou amigos de infância. Logo, a escrita de um texto trata-se de uma construção de sentidos estabelecida a partir do contexto e do leitor a que se destina. A adequação da variante linguística e do gênero textual também faz parte do conhecimento interacional exigido para a produção de sentidos durante a leitura. Diante do exposto, você pode perceber como o leitor constitui-se enquanto personagem ativo na produção de sentidos durante a leitura. Mas, conforme salientado anteriormente, a atividade de leitura sugere a relação intrincada entre autor, texto e leitor, o que pressupõe também a influência do autor e do texto na compreensão da leitura. Considerando a participação do autor na leitura, Koch e Elias (2013, p. 28) destacam que “um texto não se destina a todos e a qualquer leitores, mas pressupõe um determinado tipo de leitor”. Ao elaborar um texto, o autor pensa em um público de leitores específico, ponderando os fatores de compreensão necessários, desde a seleção de determinados elementos linguísticos (expressões e léxicos relacionados ao tempo, cultura, região, entre outros), passando pelo conhecimento do contexto no qual o texto foi produzido, até a bagagem cultural que será exigida. Em outras palavras, se o autor pressupõe um público- alvo, ele adapta sua linguagem e seu conteúdo a esse interlocutor que, de certa forma, irá interagir com seu texto. Vale destacar a problematização de Brum (2012) ao questionar quantas vezes o aluno é solicitado, em sala de aula, a ler textos que não foram produzidos para eles. A autora sugere, implicitamente, que talvez esteja nessa incompatibilidade a dificuldade na leitura de textos por alguns alunos na escola. Ademais, ao pensar em fatores de compreensão da leitura, é oportuno ressaltar os aspectos materiais e fatores linguísticos do texto que podem favorecer ou dificultar sua compreensão. Os aspectos materiais estão relacionados à própria apresentação visual do texto, por exemplo, o tamanho e a clareza das letras, a cor ou o contraste da cor do papel LEITURAOBRIGATÓRIA 12 e das letras, parágrafos muito longos, escolha da fonte empregada, entre outros. Por outro lado, os aspectos linguísticos se detêm em elementos como a ausência ou inadequação de pontuação, a escolha do léxico, as estruturas sintáticas complexas, a ausência de nexo para indicar causa/efeito, entre outros (KOCH; ELIAS, 2013, p. 28). Um exemplo de texto que apresenta problemas na ordem dos aspectos materiais e fatores linguísticos é a bula de remédio, rebuscada de termos técnicos e de difícil compreensão linguística por muitos, geralmente caracterizada por apresentar extensas instruções distribuídas em letras pequenas. Outro fator de influência na produção de sentidos durante a leitura do texto está nas circunstâncias da escrita (contexto de produção) e nas circunstâncias da leitura (contexto de uso). Tais circunstâncias estão relacionadas ao contexto de produção e de uso, considerando a época ou o local onde o texto foi produzido e quando e onde será lido, podendo ser reescrito ou mesmo traduzido de diferentes formas. Como você pode notar, a leitura envolve diversos conhecimentos e elementos que podem contribuir ou não para a produção de sentidos de um texto. Tais conhecimentos e elementos estão presentes no autor, no texto e no leitor que participa ativamente de sua construção. Portanto, uma boa leitura e uma boa produção de textos devem, necessariamente, considerar a interação autor-texto-leitor, as estratégias de leitura,os fatores de compreensão e o contexto na produção de sentidos. LEITURAOBRIGATÓRIA 13 LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo A leitura, a produção de sentidos e o processo inferencial, de Sandra Patrícia Ataíde Ferreira e Maria da Graça Bompastor Borges Dias. Revista Psicologia em Estudo, set/dez. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v9n3/v9n3a11.pdf>. Acesso em: 2 out. 2013. O artigo se norteia por uma concepção de leitura interacional entre autor, texto e leitor e focaliza as estratégias de inferência feitas pelo leitor. Acesse o site Portal Prof. Jorge Junior e faça o download do texto Leitura e produção de sentido, de Jorge da Silva Junior. Disponível em: <http://portal.profjorge.com.br/2013/02/ leitura-e-producao-de-sentido.html>. Acesso em: 2 out. 2013. O texto explora a produção de sentido baseada na postura dialógica do leitor perante o texto, incluindo o sentido do texto construído a partir de recursos como a intertextualidade. Confira a entrevista com a Profa. Isabel Solé, feita pela Revista Nova Escola. Para Isabel Solé, a leitura exige motivação, objetivos claros e estratégias, de Rodrigo Ratier. Nova Escola, jan. 2010. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/ fundamentos/isabel-sole-leitura-exige-motivacao-objetivos-claros-estrategias-525401. shtml>. Acesso em: 2 out. 2013. Enquanto grande referência nos estudos sobre leitura, Solé faz apontamentos sobre estratégias que facilitam ou não a prática da leitura em sala de aula, e o que fazer para formar bons leitores nesse contexto. Leia o artigo A interação entre autor/texto/leitor nas práticas de leitura do ensino médio, de Luciane da Silviera Brum. Revista Novas Letras, 2012. Disponível em: <https://sites.google. com/site/revistanovasletras/edicao-2012/a-interacao-entre-autor-texto-leitor-nas-praticas- de-leitura-do-ensino-medio>. Acesso em: 2 out. 2013. O artigo apresenta as principais 14 teses sobre a interação autor-texto-leitor na prática de leitura, considerando a participação do leitor através da ativação de conhecimentos linguísticos, de mundo e textual. Vídeos Ingedore Koch e Vanda Elias. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=4O9BY4nG6eA>. Acesso em: 2 out. 2013. As autoras Ingedore Koch e Vanda Elias apresentam os livros Ler e compreender e Ler e escrever, discorrendo sobre a importância da compreensão dos processos e estratégias de leitura e escrita para ler e escrever bem. Texto: construção de sentidos – Língua Portuguesa – Super Aulas. Disponível em: <http:// www.youtube.com/watch?v=wnUIbeMgwMQ>. Acesso em: 2 out. 2013. O vídeo retrata a importância da construção de sentidos na atividade de leitura, exemplificando tal processo através de diferentes gêneros textuais (texto jornalístico, carta, crônica, poema, entre outros). A construção de sentidos na leitura. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=ZbQxEWAE5xA>. Acesso em: 2 out. 2013. O vídeo exibe uma síntese sobre a leitura e a construção de sentidos na qual é abordada a interação autor-texto-leitor, destacando o leitor como um participante ativo nesse processo de leitura e interpretação do texto. LINKSIMPORTANTES 15 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: De acordo com Koch e Elias (2013, p. 28), a “bula” de remédios é um texto que reve- la difícil compreensão em decorrência de seus aspectos de inteligibilidade, visto que é um texto composto de termos técnicos (que possui uma linguagem difícil) distri- buídos em instruções extensas e de letras pequenas. Considerando sua experiência com textos escritos, elenque pelo menos um exemplo de texto de difícil leitura com o qual você já teve contato. Com suas pró- prias palavras, justifique a dificuldade de leitura encontrada. Questão 2: Considerando uma concepção de leitura a partir da interação autor-texto-leitor, é cor- reto afirmar que: a) A leitura exige apenas a existência de um leitor alfabetizado que consiga decodificar os enunciados. b) O leitor deve simplesmente captar a representação mental do autor, junto com suas intenções. c) Que o objetivo da leitura deve ser sempre acadêmico, pois somente assim o leitor dedicará maior tempo, atenção e interação ao texto. AGORAÉASUAVEZ 16 d) A leitura exige do leitor um posicionamento ativo, crítico e dialógico para a construção de sentido. e) Os saberes linguísticos não são relevantes, pois o importante são os conhecimentos enciclopédicos e de mundo. Questão 3: Em contraposição às concepções de lei- tura sob o foco ________________ e sob o foco ________________, na concepção de leitura com foco __________________ o autor e o leitor são vistos como atores/ construtores sociais envolvidos dialogica- mente na construção de sentidos através da interação texto-sujeitos. Considerando seu aprendizado sobre as concepções de leitura e analisando o enun- ciado acima, a alternativa que melhor com- pleta as lacunas é: a) no processo individual; no processo social; nas estratégias sociocognitivas. b) no autor; no texto; na interação autor- texto-leitor. c) no conhecimento linguístico; no conhecimento enciclopédico; no conhecimento interacional. d) na antecipação; na inferência; na verificação. e) na circunstância de escrita; na circunstância de leitura; no contexto de produção e uso. Questão 4: A sabedoria popular afirma que “para bom entendedor, meia palavra basta”. Pensando em um bom entendedor de textos, ou seja, um bom leitor, considere qual estratégia de leitura está em evidência na sabedoria popular. a) A seleção. b) A antecipação. c) A inferência. d) A verificação. e) Nenhuma das alternativas acima. Questão 5: Os conhecimentos de um leitor para o outro podem variar e isso influencia diretamente na produção de sentidos de um dado texto. Assim, considerando seu aprendizado so- bre a pluralidade de leituras e de sentidos, analise o fragmento de texto a seguir: “A cozinheira está sem paladar” Fonte: FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo: Ática, 2006, p. 12. AGORAÉASUAVEZ 17 AGORAÉASUAVEZ A respeito da frase acima, analise as afir- mações a seguir: I. O enunciado só pode ser compreendido se o leitor conhecer o conto A Branca de Neve. II. Dito durante o jantar, após experimen- tar a primeira colher de sopa, esse texto pode significar que a sopa está sem sal. III. Dito para o médico no consultório, pode significar que a cozinheira está acometida por alguma doença. Assinale: a) Se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. b) Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. c) Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. d) Se nenhuma afirmativa estiver correta. e) Se todas as afirmativas estiverem corretas. Questão 6: Há mais de 500 anos, o escrivão português Pero Vaz de Caminha escreveu uma exten- sa carta ao Rei de Portugal, onde buscou descrever as terras brasileiras “recém-des- cobertas”. Considerando a produção de sentido do texto, justifique por qual razão a carta de Caminha não pode ser utilizada como um texto de descrição das atuais ter- ras brasileiras. Questão 7: Analise o texto a seguir e indique e justi- fique qual é o estranhamento que o texto causa ao leitor: Excelentíssima Mamãe, Peço, por obséquio, a vossa atenção comrelação à educação do menor Pedrinho e a outorga do direito do mesmo em testemunhar episódios de desenhos de forma ilimitada e irrestrita. Destarte, diante dos precedentes de mau comportamento do menor, solicito a vossa excelência suspender o direito supracitado. Atenciosamente Seu outro filho Zequinha Questão 8: Dentre as estratégias de leitura, destacam- se a seleção, a antecipação, a inferência e a verificação. Considerando tais estratégias, analise o texto a seguir e descreva pelo me- nos uma antecipação (ou hipótese), uma inferência e uma verificação que você fez durante sua leitura. Visto que as inferências são realizadas a partir de pistas fornecidas 18 pelo texto, indique os trechos que você utili- zou para sustentar sua inferência e sua ve- rificação. O galo e a raposa Era um galo do mato, muito quietinho no seu canto, que não incomodava nin- guém. Ciscava o quintal, cantava no galho mais alto da goiabeira quando saía o sol e vi- via de olho no mato, com medo de algu- ma raposa que pudesse aparecer. Um dia, logo depois da alvorada, ele re- parou que alguma coisa estava se me- xendo na capoeira mais próxima. Na mesma hora o galo deu uma corridi- nha, sacudiu as asas para ajudar o pulo e saltou, mais que depressa, para o alto da goiabeira. Foi só ele se acomodar e apareceu, como sempre muito esperta, Dona Ra- posa. - Bom dia, compadre Galo – a raposa disse, muito gentil. - Bom dia, comadre Raposa – respon- deu o galo, muito desconfiado! - Mas o que é isso, compadre Galo? Pode descer da sua árvore! Não precisa ter medo de mim... O compadre não está sabendo que foi decretada a Paz entre os animais? Nosso rei Leão resolveu que de agora em diante não há mais animais inimigos... O gato anda aos beijos com o rato, o lobo aos abraços com o carneiro... - Ora veja, comadre – disse o galo. – É verdade, mesmo? - Pois é isso, compadre Galo. O compa- dre não sabia, não? - Não sabia não, comadre Raposa, não sabia não... - Pois desça do seu poleiro que isso não é mais necessário, compadre Galo. Ve- nha aqui para baixo pra me dar um abra- ço. Faço questão de lhe dar um abraço... - Eu também, comadre Raposa. Faço questão de lhe dar um abraço. Desço já. Aliás, nossa festa vai ser completa... Es- tou vendo daqui de cima dois cachorros perdigueiros, daqueles que antigamente caçavam raposas, e que vêm chegando decerto para abraçar a comadre tam- bém... - Pode deixar, compadre Galo. A festa fica pra outra vez. Lembrei que tenho um compromisso e que estou atrasada... E a raposa ganhou a estrada mais do que depressa, sem esperar para ver se era verdade o que o galo estava dizendo. E o galo ficou se rindo no alto da goia- beira, satisfeito da vida, pois se há uma coisa divertida é enganar quem é metido a enganador... Fonte: ROCHA, Ruth. Almanaque da Ruth Rocha. 1. Ed. 14 imp. São Paulo: Ática, 2008, p. 32-33. AGORAÉASUAVEZ 19 Questão 9: Um dos fatores que podem influenciar na construção de sentidos durante a leitura de um texto se refere aos objetivos de leitura. Você aprendeu que para cada texto depo- sitamos um interesse diferente, ou seja, te- mos um objetivo de leitura que pode ser, por exemplo: 1. para nos manter informa- dos; 2. para realizar trabalhos acadêmicos; 3. por prazer ou distração; 4. para consulta; 5. por “obrigação” ou 6. porque nos são ca- sualmente apresentados. Isso posto, apre- sente pelo menos quatro exemplos de lei- turas, identificando em quais objetivos elas se encaixam. Questão 10: Durante a leitura do livro O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, o estudante Roberto considerou o autor realmente “maquiavéli- co”, pois entendeu que a obra induz a uma grande perversidade com relação ao povo. Já o professor aposentado Sérgio consi- dera que Maquiavel apenas descreveu de forma realística uma sequência de fatos históricos. Assim como no exemplo referido, você já aprendeu que outras obras podem apre- sentar diferentes interpretações conforme o leitor que dela se apropria. Justifique como isso é possível, ou seja, como pode haver duas leituras distintas de uma mesma obra. AGORAÉASUAVEZ 20 Neste tema você aprendeu que a leitura trata-se de uma prática social compreendida através da interação autor-texto-leitor. Você viu também que para ser um leitor ativo é preciso dialogar com o texto a partir de determinadas estratégias de leitura, tais como seleção, antecipação, inferência e verificação. Aprendeu ainda que a produção de sentidos durante a atividade de leitura pode variar conforme os objetivos de leitura e a influência dos conhecimentos linguísticos, enciclopédicos e interacional, por essa razão é possível vislumbrar a pluralidade de leituras e de sentidos durante a leitura. Além disso, há aspectos que podem favorecer ou não a leitura, entendidos como aspectos materiais, fatores linguísticos e as circunstâncias de escrita. Indubitavelmente, todas essas considerações podem lhe servir como guia para uma leitura dinâmica e repleta de sentidos. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO 21 REFERÊNCIAS BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. 51 ed. CLARK, H.H. O uso da linguagem. Cadernos de Tradução (9):49-71, UFRGS, Porto Alegre. Tradução de Nelson de Oliveira Azevedo e Pedro M. Garcez. 2000. FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo: Ática, 2006. KOCH, I.V.; ELIAS, V.M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2013. GLOSSÁRIO Conhecimento enciclopédico: no contexto de leitura e produção de textos, conhecimento enciclopédico envolve o conhecimento de mundo do sujeito, suas leituras, suas experiências com práticas sociais de letramento e suas vivências ou familiaridade com o assunto, entre outros. Estratégias sociocognitivas: são estratégias acionadas no momento da leitura para a produção de sentidos, envolvem os conhecimentos linguísticos (vocabulário, regras de funcionamento, elementos de coesão, entre outros), conhecimentos prévios (estabelecidos a partir do contato com uma diversidade de textos e vivências) e o conhecimento interacional (fundamentado nas formas de interações sociais baseadas na linguagem). 22 Questão 1 Resposta: A questão desvela a importância de refletir sobre as possíveis dificuldades de leitura. Esse diagnóstico, embasado em suas próprias vivências com a leitura de textos, propiciará a compreensão de estratégias necessárias para favorecer próximas leituras. Nesta questão, deve ser observado se o solicitado foi atendido, indicando pelo menos um exemplo de texto de difícil compreensão, no seu ponto de vista. Nesse sentido, pode-se eleger uma grande diversidade de textos (livros, propaganda, tirinha, charge, poema) e ainda que não se utilize a referência ao conteúdo apresentado no Tema 1 desta disciplina, deverá identificar as dificuldades encontradas na leitura e que, provavelmente, estarão associadas aos aspectos materiais (tamanho e clareza das letras, a cor, a textura do papel, o comprimento das linhas, a disposição dos parágrafos) ou fatores linguísticos (o próprio idioma, o vocabulário utilizado, a estrutura sintática, a ausência de nexo). Questão 2 Resposta: Alternativa D GABARITO Fonte: no contexto de leitura e produção de textos, a fonte se refere ao tipo de letra utilizado na construção de textos, que pode interferir diretamente em sua legibilidade. Lexical: referente ao vocabulário. Variante linguística: também denominada “variação” ou “variedade” linguística, o termo faz alusão às diferenças linguísticas que emergem de vários grupos sociais regulados,seja por elementos culturais, regionais ou sociais. Nesse sentido, há, por exemplo, as variedades regionais “aipim”, “mandioca” e “macaxeira”, utilizadas para o mesmo elemento. Ou ainda, considerando variedades linguísticas de grupos sociais, é possível comparar a norma culta ensinada pela escola e a variedade linguística rural utilizada por determinado grupo social. GLOSSÁRIO 23 Questão 3 Resposta: Alternativa B Questão 4 Resposta: Alternativa C. A inferência envolve a leitura nas entrelinhas do texto, ou seja, aquilo que não está explícito, mas indicado através de pistas que exigem de um bom leitor conhecimentos externos ao texto. Questão 5 Resposta: Alternativa A Questão 6 Resposta: A questão busca resgatar os conhecimentos sobre a circunstância da escrita (contexto de produção) e a circunstância da leitura (contexto de uso). Tais circunstâncias estão relacionadas ao contexto de produção e de uso, considerando a época ou o local onde o texto foi produzido e quando e onde será lido, podendo ser reescrito ou mesmo traduzido de diferentes formas. Desse modo, para a produção de sentido do texto, o bom leitor deve ativar seus conhecimentos enciclopédicos e considerar que a carta de Caminha foi escrita em outra época, com público e finalidade específicos àquele momento histórico. Assim, a carta de Caminha pode ser utilizada como texto de registro histórico, e não como documento de descrição das atuais terras brasileiras (como fora sua função inicialmente), afinal, inúmeras mudanças históricas, culturais, políticas, sociais, entre outras, ocorreram no país. Questão 7 Resposta: A questão incentiva analisar criticamente um texto durante a atividade de leitura, além de exigir a apropriação do conteúdo trabalhado no Tema 1 sobre conhecimento interacional. O texto causa estranhamento, pois a escrita rebuscada de Zequinha é considerada “inadequada” em relação aos papéis dos interlocutores, ao conteúdo, à variedade da língua e ao propósito comunicacional do bilhete trocado entre um filho e uma mãe. O texto está mais próximo de um linguajar jurídico. GABARITO 24 GABARITO Questão 8 Resposta: A questão visa estimular a prática de uma leitura dialógica do texto. Para isso, deve-se explicitar os caminhos realizados durante a aplicação das estratégias de leitura. Lembrando que a antecipação pode ser feita com base no autor, meio de veiculação, gênero textual, título e distribuição das informações no texto, antes mesmo da leitura ser finalizada o leitor pode desenvolver algumas hipóteses. Nesse sentido, entre outras hipóteses, poderá indicar que conhece a autora do texto e assim sugerir que o texto é destinado ao público infantil, considerando as obras neste ramo feitas pela autora. Pode levantar hipóteses sobre o meio de veiculação: por se tratar de um almanaque, o leitor pressupõe ser um texto curto. Pode ainda levantar hipóteses sobre o título O galo e a raposa, criando a hipótese de que a história se passa em torno de dois personagens “um galo” e “uma raposa” ou ainda criando hipóteses de onde se passa tal história. Com relação às inferências, poderá inferir no primeiro e segundo parágrafos que o galo é o personagem principal, pois ele é o primeiro a ser apresentado. A própria descrição do galo pode favorecer as inferências do leitor sobre sua personalidade “quietinho”, “não incomodava ninguém”, “vivia de olho no mato, com medo de alguma raposa” (a verificação apresenta que ele tem tido medo da raposa, mas que também é perspicaz e não se deixa enganar). No terceiro parágrafo, a partir do excerto “um dia” e “algo estava se mexendo”, o leitor pode especular que há a introdução de uma situação problema (na verificação a inferência se confirma, pois surge o personagem da raposa para tentar ludibriar o galo). Ao cumprimentar a raposa de forma desconfiada, como sugere a leitura do texto, o leitor pode inferir que o galo não descerá da árvore como pede a raposa na continuação do texto (na verificação isso se confirma, pois o galo consegue despistar a raposa mentindo que os cães estão se aproximando). Mas a dúvida pode ser uma inferência do autor durante a leitura da fala do galo “- Ora veja, comadre - disse o galo. - É verdade mesmo?”, referindo-se à história de acordo de paz feito entre os animais. O leitor pode até inferir que o galo acreditará e descerá mesmo da árvore quando ele afirma “desço já”. Apesar disso, a verificação do texto mostra que o galo não desce da árvore, na verdade ele consegue, a partir de uma outra mentira, enganar a raposa que, a princípio, tentava iludi-lo. Questão 9 Resposta: A questão analisa a apropriação com relação aos objetivos de leitura enquanto um processo de favorecimento ou não na produção de sentidos. Aqui é possível citar uma gama de leituras, porém, muito provavelmente, será feita a descrição dos exemplos apresentados no Caderno de Atividades e no Livro-Texto. 1. para nos manter informados: 25 GABARITO jornais, revistas; 2. para realizar trabalhos acadêmicos: dissertações, teses, livros, periódicos científicos; 3. por prazer ou distração (poemas, contos, romances, gibis); 4. para consulta (dicionários e catálogos); 5. por “obrigação” (manuais, bulas) ou 6. porque nos são casualmente apresentados (outdoors, cartazes, faixas, panfletos). Questão 10 Resposta: Nesta questão, o que está em jogo não são exatamente as interpretações de cada leitor para a obra O Príncipe. Espera-se que se saiba estender o exemplo para outra obra qualquer e justifique que a construção de sentidos ocorre a partir da interação autor- texto-leitor, o que pressupõe a influência dos conhecimentos prévios do leitor no processo de leitura. A questão aborda de forma prática o entendimento acerca da proposta central do Tema 1, ou seja, compreender que os sentidos da leitura são constituídos a partir da interação autor-texto-leitor, e por essa razão há a pluralidade de leituras e a pluralidade de sentidos.
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