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CENTRO UNIVERSITÁRIO
UNA DE BOM DESPACHO
IVANILDA BARBOSA ESTRELA FRANCO
A RESSIGNIFICAÇÃO DO EU COM LAÇOS EXTRA APRISIONAMENTO AOS RECUPERANDO DA APAC
BOM DESPACHO
2018
IVANILDA BARBOSA ESTRELA FRANCO
A RESSIGNIFICAÇÃO DO EU COM LAÇOS EXTRA APRISIONAMENTO AOS RECUPERANDO DA APAC
Trabalho apresentado ao curso de Psicologia, do Centro Universitário Una De Bom Despacho, como requisito para obtenção de pontos na disciplina Psicologia Social e Comunitária, 6º período.
Professor: 
 
BOM DESPACHO
 2018
“Tempo virá. Uma vacina preventiva de erros e de violência se fará e as prisões se transformarão em escolas e oficinas. E os homens imunizados contra o crime, cidadãos de um novo mundo, contarão às crianças do futuro, estórias absurdas de prisões, celas, altos muros, de um tempo superado.” 
(Cora Coralina) 
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO........................................................................................................06
2.ROTEIRO DO PLANO DE AÇÃO............................................................................07
 2.1 Título....................................................................................................07
 2.2 Identificação do/a cursista....................................................................07
 2.3 Objetivos da ação................................................................................07
 2.3.1 Objetivo Geral...................................................................................07
 2.3.2 Objetivos específicos........................................................................07
 2.3.3 Justificativa.......................................................................................07
3. Descrição da ação.................................................................................................08
 3.1 Objetivo...............................................................................................08
4. Elementos de base................................................................................................09
 4.1 Subjetividade.......................................................................................09
 4.2 Subjetividade e prisão..........................................................................10
 4.3 Perda da liberdade...............................................................................10
 4.4 Abandono familiar................................................................................12
 4.5 Mortificação do eu................................................................................12
 4.6 Perda da Identidade.............................................................................14
5. Discriminação das atividades por objetivos.......................................................16
 5.1 Primeiro objetivo..................................................................................17
 5.2 Segundo objetivo.................................................................................18
 5.3 Terceiro Objetivo..................................................................................18
6. Espaço onde deve ou pode ser realizada cada atividade................................19
7. Mídias para a comunicação.................................................................................20
8. Tempo necessário à realização de cada etapa/atividades.................................20
9. População beneficiada.........................................................................................20
10. Recurso humano necessário.............................................................................20
11.Descrição dos/as responsáveis pelas atividades e suas responsabilidades.20
12. Recursos financeiros necessários...................................................................20
12.1 Material / serviços de cessão pública................................................20
12. 2 Material / serviços com ônus............................................................21
13. Monitoramento e Avaliação...............................................................................21
14. Cronograma das atividades..............................................................................21
Referências...............................................................................................................23
1. INTRODUÇÃO
A presente proposta de intervenção parte do princípio que, compreender a subjetividade do sujeito é o primeiro passo para a desmistificação do rótulo atribuído aos recuperando da APAC (Associação de Proteção e Assistência ao condenado). Como alternativa à superlotação dos presídios, bem como as situações precárias e a desumanização neles, a APAC surge com o objetivo de promover a humanização das prisões sem perder a sua finalidade punitiva e com o propósito de diminuir a reincidência no crime, oferecendo alternativas para a recuperação do indivíduo. Todo trabalho feito pelo Psicólogo da APAC, é pautado no Código de Ética da Psicologia e nos Direitos Humanos, favorecendo assim, todo direito de uma nova chance e reintegração, mas ao mesmo tempo sempre cumprindo com o objetivo da APAC, garantindo o direito do recuperando a reintegração social, e a devolução de sua identidade na sociedade. Tendo em vista a metodologia da APAC, que é caracterizada por uma disciplina rígida, onde o respeito, a ordem, o trabalho e o envolvimento da família são conceitos fundamentais e pelo seu lema que é “Matar o criminoso e Salvar o homem”, o objetivo desse trabalho é a ressignificação do eu com laços extra aprisionamento, um plano de ação que irá resgatar a subjetividade desses recuperados através das suas histórias, de pessoas importantes nas suas vidas e seus projetos para o futuro, para que eles se sintam como indivíduos novamente e não como criminosos.
2.ROTEIRO DO PLANO DE AÇÃO
2.1 Título: A ressignificação do eu com laços extra aprisionamento aos recuperando da Apac.
2.2 Identificação do/a cursista: 
Nome: Alice, Ivanilda, Jenniffer, Juliana, Larissa Gabriela, Sérgio e Thainá.
Cargo: Psicólogas Comunitárias.
Função: Gestoras de Projeto Social.
Local de realização do projeto: Apac de Santa Luzia.
Nome do/a professor/a: Tayane Rogéria Lino.
Data de realização: fevereiro / março / abril de 2019.
2.3 Objetivos da ação:
2.3.1 Objetivo Geral: 
Promover aos recuperando da APAC oportunidade para a (re)significação do eu com laços extra aprisionamento, visando um egresso bem-sucedido em sua reinserção familiar. 
2.3.2 Objetivos específicos:
Identificar as dificuldades que os recuperando encontram para se reintegrar à família. 
Analisar os impactos subjetivos ocasionados pelo modelo de prisão tradicional.
Desenvolver a auto estima desses indivíduos através de técnicas que serão elaboradas.
2.3.3 Justificativa:
Dentre as maiores perdas que o sujeito pode ter, a da subjetividade é uma das principais, pois causa insegurança, queda na autoestima e consequentemente a mortificação do eu. Para o recuperando da APAC as consequências que levam a perda da subjetividade começam a partir do aprisionamento, pois é nesse momento que ocasiona se, a perda da liberdade, a exclusão social e para a maioria, o abandono familiar. 
Contudo sabendo que o ser humano se encontra em constante processo de mudança e de construção de conhecimento a partir de suas relações consigo e com o outro. E que os recuperandos são convidados a experimentar um constante ir e vir às vivências do passadoe do presente, otimizando esforços para o processo de mudança de significados e objetivos. O regresso do recuperando ao seio familiar precisa ser edificado, como via de mão dupla, pois a família também precisa se preparar para recebê-lo. Fortalecer o elo entre recuperando e família é ascender sua autoestima.
3. Descrição da ação: 
3.1 Objetivo: Promover a ressocialização dos recuperando com a ampliação dos laços extrafamiliares.
Fazer uma entrevista psicológica individual com cada recuperando, com o objetivo de entender as suas relações com a família, bem como outros laços sociais, através de cartas escritas pelos recuperandos para seus entes queridos.
Através dos dados obtidos nas entrevistas focar nos recuperando que não tem uma boa relação extra aprisionamento, para assim poder ser trabalhada a recuperação desses laços.
Realizar uma dinâmica de grupo, uma roda de conversa onde os recuperando possam interagir com os visitantes e também um projeto para o fortalecimento desse vínculo.
4. Elementos de base:
4.1 Subjetividade
	A subjetividade humana surge do contato entre os humanos e dos humanos com a natureza, isto é, esse mundo interno que possuímos e suas expressões são construídas nas relações sociais (BOCK, p. 185). 
Nesse contexto compreende-se que a subjetividade do sujeito se dá a partir das relações que ele tem com o outro, no decorrer de sua vivencia pois, “a subjetividade está em circulação nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos: ela é essencialmente social, e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares” (GUATTARI, 1986).
Essa construção se dá de forma gradativa como nos afirma Bock (2007):
[...] a subjetividade é histórica, constrói-se ao longo da vida do sujeito, e por isso não pode refletir o imediato. O sujeito tem sua própria história e é a partir dela que reflete a realidade. Assim, para que ocorra mudanças, determinadas historicamente, mas como processo subjetivo, não basta o processo de assimilação através da linguagem e do pensamento (entendidos como sendo sempre mediados pelos sentimentos). Seria simplista afirmar que a apropriação das determinações por parte do sujeito, a sua apreensão racional, e suficiente para a ocorrência do processo de ressignificação, ou de transformação dos sentidos (p. 107).
	Portanto para compreender a subjetividade do sujeito faz-se necessário conhecer os espaços sociais que frequenta e como ele se relaciona com esses cenários. A subjetividade, consiste em um “mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais” (BOCK, 2001 p. 28).
Ainda Bock, (2001):
A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social (p.28).
	Em meio a essa dinâmica, a subjetividade do sujeito, vai sendo construída tendo como fomentadores, os cenários em que esteja inserido. Essa experimentação é que o faz, um ser único e singular. 
Para confirmar esse escore Garcia, (2009), traz as seguintes considerações:
Subjetividade é aquilo que diz respeito ao modo como cada um pensa, reflete, sente, percebe, age e interage com o mundo objetivo. As especificidades de cada sujeito dentro destas dinâmicas farão vir à tona os frutos dos processos de sociabilidade vividos ao longo da vida, podendo ser interrompidas e reconstruídas novas subjetividades, acumulando sobre este sujeito novos jeitos de ser, estar, sentir e de se apresentar ao mundo, à sociedade (p. 58).
Nesse contexto fica claro que a subjetividade do sujeito se movimenta de acordo com sua construção social. Contudo percebe-se que a sociedade que é passível de ser modificada pelo sujeito, é a mesma que o transforma. 
Em corroboração Bock, (2001) acentua que: 
A subjetividade individual representa a constituição da história de relações sociais do sujeito concreto dentro de um sistema individual. O indivíduo, ao viver relações sociais determinadas e experiências determinadas em uma cultura que tem ideias e valores próprios, vai se
constituindo, ou seja, vai construindo sentido para as experiências que
vivência. Este espaço pessoal dos sentidos que atribuímos ao mundo se configura como a subjetividade individual. (p. 121).
A dialética objetividade/subjetividade deve ser considerada como facilitadora ou não desse processo. As relações vividas vão sendo integradas de maneira contraditória; assim, o diferente, o novo, move o constituído, mas este não representa uma resposta imediata. E um processo que integra o externo na desintegração do constituído (p. 108).
Nessa dinâmica de construção e desconstrução, sociedade x sujeito, dependendo do contexto em que o indivíduo esteja inserido, sua subjetividade poderá se transformar a ponto de ter seu “EU” desmistificado.
4.2 Subjetividade e prisão
Com o objetivo da sociedade em disciplinar os indivíduos, surgiram as instituições totais, que de acordo com Goffman (1987), são estabelecimentos fechados que funcionam em um regime de internação, ou seja, um grande grupo de internados que vivem em tempo integral regidos pela equipe dirigente que exerce o gerenciamento administrativo nesse estabelecimento. Um desses estabelecimentos são as prisões, que em suas maiorias tem um caráter repressivo ocasionando a mortificação do eu.
Para Oliveira, (2009):
As prisões e o sistema carcerário, produzem subjetividades encarceradas e substituem a figura do infrator pela do delinquente. Há o aniquilamento dos corpos e a desfiguração da própria imagem, com a subtração do eu pela engrenagem penal. As instituições de montagem (prisão, etc.) são máquinas de produção de subjetividades estigmatizadas, perigosas, encarceradas (p.150),
Considerando que a subjetividade do sujeito é construída e transformada em consonância com o meio em que esteja inserido, a “prisão marca estes sujeitos e faz surgir neles uma subjetividade fortemente fragilizada, impregnada de indignação e de revolta, mantendo-os aprisionados a um eterno medo de deslizes e recaídas” (GARCIA, p. 56).
Ainda Garcia (2009):
Ao dar entrada no sistema prisional, uma subjetividade se desfaz completamente e uma outra se impõe, imprimindo no sujeito uma nova subjetividade, caracterizada pela submissão, enquanto mecanismo de defesa. Possibilidade de sobrevivência e de autodefesa dentro do sistema, gerido por imperativos de obediência, vigilância e truculência. (p. 58).
A partir do momento que o indivíduo é aprisionado, dá se início um novo ciclo em sua vida. Em consequência a drásticas mudanças, pouco a pouco ele vai perdendo a sua subjetividade. 
De acordo com Garcia (2009):
As subjetividades encarceradas são produzidas em série, etiquetadas, destituídas de corpo próprio, de ideais e do próprio eu, e substituídas pelo corpo da pena, pelas normas e pelas subjetividades potencialmente perigosas (p. 150).
Essa transformação é ocasionada pela perda de liberdade, começando pela sua separação do mundo externo, pela perda do próprio nome e de sua identidade. Pelo fato de todos ali terem que usar o mesmo uniforme e serem vistos somente como criminosos, por ser obrigado a realizar uma rotina que é muito diferente do que ele tinha antes. 
Garcia (209), considera esse processo como sendo:
Subjetividade reconfigurada a partir da entrada na prisão, onde a subjetividade pré-existente se fragmenta, dando início ao processo de carregamento mecânico e impositivo da então particular subjetividade do preso, que um dia se tornará o egresso do sistema prisional, nosso objeto principal de compreensão e exposição textual. Uma nova subjetividade com seus significadosfísicos, emocionais, psíquicos, políticos. (p. 57).
Isso fatalmente gera uma grande mudança nas crenças que esse indivíduo terá em seu respeito próprio, em relação a pessoas importantes para ele e sobretudo na sociedade. 
4.3 Perda da liberdade
No presídio, todos os aspectos da vida do recluso são realizados em um mesmo ambiente e sob uma mesma autoridade. As refeições, os dias de visita e o horário de entrada e saída nas celas são meticulosamente programados. As regras são estabelecidas hierarquicamente e atingem todo o universo prisional. (GOFFMAN, 1974). 
Assim, além da privação da liberdade, o ambiente prisional acaba por ser mais uma forma de punição e justificativa da precarização do sistema, e não como um espaço que permita, de fato, uma “ressocialização”. A imposição de regras acaba, muitas vezes, por limitar o poder de exercer escolhas cotidianas fazendo com que o detento responda somente aos estímulos ambientais.
4.4 Abandono familiar
A família é considerada um grupo primário tão antigo quanto a própria história da espécie humana, e dessa forma, suas funções, características e papéis, foram se modificando ao longo do tempo, sob o peso de inúmeras alterações socioeconômicas, culturais e políticas. 
Todavia, a família ainda mantém forte influência na educação, socialização e no processo de desenvolvimento físico, psicológico e emocional para todos que a constitui. Assim, como consequência do rompimento dos vínculos familiares devido ao aprisionamento, ocorre o abandono familiar que é compreendido como processo de descaso e desamparo causado a um indivíduo por um ou mais membros de sua família. Ademais, acrescente-se as questões de gênero, visto que no contexto do aprisionamento feminino o abandono familiar é situação recorrente, diferentemente da realidade vivenciada pelos homens presos, os quais, em sua maioria, recebem apoio familiar durante todo o cumprimento da pena. 
Sabe-se também que em situação de vulnerabilidade, física, mental ou social, o apoio familiar é primordial para manutenção da qualidade de vida e/ou na recuperação do indivíduo. Todavia, comumente a significação dada a família associa se ao suporte afetivo, emocional, responsável pela harmonia e equilíbrio do indivíduo. 
A compreensão da família enquanto alicerce de vida é explicado pelo o fato do ser humano desenvolver suas primeiras experiências enquanto membro da sociedade no seio familiar. Portanto, é preciso considerar que, para um presidiário, a família se revela a base reguladora, e o seu empenho em sair da prisão está diretamente relacionado e influenciado pelo suporte que recebe. Pois, a presença familiar é considerada porto seguro, capaz de ofertar suporte emocional, educativo, econômico e social indispensáveis no período de aprisionamento. 
O abandono familiar é referido como um sentimento de sofrimento, trazido pelo processo de aprisionamento, o que impede a pessoa de viver e conviver plenamente e de permanecer inserido na sua família, no seu grupo e na sua cultura, rompendo assim o contato vital com o mundo. 
O estar-indefeso, a falta de intimidade compartilhada e a pobreza de afetos e de comunicação tendem a mudar estímulos de interação social e de interesse com a própria vida. Torna-se pertinente considerar também o sofrimento vivenciado pelos familiares do preso, sobretudo no tocante aos réus primários, visto que o aprisionamento é fonte de vergonha, raiva, indignação e mágoa para os familiares e para o preso. 
De fato, quando algo inesperado ocorre com um membro da família, toda a família sofrerá a mudança. Isso se explica pela relação da função adaptativa da família ter início já em seu interior a ação de assumir determinados papéis relacionados pelos seus membros. 
Por fim julga-se oportuno sensibilizar os profissionais que trabalham nas unidades prisionais, para prática do acolhimento, com postura ética. Que implica na escuta atenta, no reconhecimento do seu protagonismo, no processo de saúde-doença e ressocialização, e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes. No cenário das penitenciárias acolher é um compromisso de resposta às necessidades das famílias e reeducando que procuram os serviços de saúde.
4.5 Mortificação do eu
Um corpo morre quando não é mais capaz de aguentar a mortificação a que é submetido, resultante de práticas autoritárias e totalitárias de vigilância e disciplina. Essa mortificação do eu se dá, a partir do momento em que se priva esse indivíduo, de ser afetado pelos acontecimentos do mundo, que acontece, quando esse sujeito passa pelo aprisionamento, por não ter seguido as leis e as normas da sociedade. 
No interior das instituições habitam não apenas as equipes dirigentes, mas também os internados, os prisioneiros, os que optam por uma vida solitária. Na passagem de uma vida no exterior para uma vida de confinamento espacial e social, o indivíduo passa por processos de modificação. Em qualquer dos casos, seja a institucionalização forçada ou por sua iniciativa, inicia-se um processo de mortificação do eu pelas concessões de adaptação, às novas regras institucionais. O indivíduo, é jogado entre a sua personalidade real, e a personalidade que para si se produz, não só pela equipe dirigente, como por toda a sociedade. 
O novato chega ao estabelecimento, com uma concepção de si mesmo, que se tornou possível, por algumas disposições sociais estáveis, no seu mundo doméstico. Ao entrar, é imediatamente despido do apoio dado por tais disposições. Na linguagem exata de algumas de nossas mais antigas instituições totais, começa uma série de rebaixamentos, degradações, humilhações e profanações do eu. 
O seu eu é sistematicamente, embora muitas vezes não intencionalmente, mortificado. Começa a passar por algumas mudanças radicais em sua carreira moral, uma carreira composta pelas progressivas mudanças que ocorrem nas crenças que têm a seu respeito e a respeito dos outros que são significativos para eles. 
Os processos pelos quais o eu da pessoa, é mortificado, são relativamente padronizados nas instituições totais. A análise desse processo poderá auxiliar-nos, a ver as disposições que os estabelecimentos comuns devem garantir, a fim de que seus membros possam preservar seu eu civil.
A barreira que as instituições totais colocam entre o internado e o mundo externo, assinala a primeira mutilação do eu. Na vida civil, a sequência de horários dos papéis do indivíduo, tanto no ciclo vital quanto nas repetidas rotinas diárias, assegura que o papel que desempenhe, não impeça sua realização e suas ligações em outro. Nas instituições totais, ao contrário, a participação automaticamente perturba a sequência de papéis, pois a separação entre o internado e o mundo mais amplo dura o tempo todo e pode continuar por vários anos. 
Por isso ocorre o despojamento do papel. Em muitas instituições totais, inicialmente se proíbem as visitas vindas de fora e as saídas do estabelecimento, o que assegura uma ruptura inicial profunda com os papéis anteriores e uma avaliação da perda de papel.
 O processo de admissão pode ser caracterizado como uma despedida e um começo, e o ponto médio do processo pode ser marcado pela nudez. Evidentemente, o fato de sair exige uma perda de propriedade, o que é importante porque as pessoas atribuem sentimentos do eu àquilo que possuem. Talvez a mais significativa dessas posses não seja física, mais sim o nome. Qualquer que seja a maneira de ser chamado, a perda do nome é uma grande mutilação do eu.
4.6 Perda da Identidade
Identidade Humana é o que nos identifica como seres únicos, é o que nos distingue de outros indivíduos, grupos de outro grupo e até uma civilização de outra. É a individualidade de cada ser humano, que nos diferencia enquanto espécie humana de outras espécies. O ser humano constrói sua identidade através de interações sociais com a sociedade. 
Morin (2006) sugere que busquemos a compreensão do mundo, do humano e da humanidade tendo como base os códigos de um conhecimentocomplexo, pois estes têm a pretensão de conceber, inseparavelmente, a dialógica da unidade e da diversidade humana. 
A cultura tem um papel importante na construção da identidade, a cada experiência vivenciada, as turbulências enfrentadas, se está formando o processo de identidade. Ela “constitui a herança social do ser humano: as culturas alimentam as identidades individuais e sociais no que elas têm de mais específico. Por isso, as culturas podem mostrar-se incompreensíveis ao olhar das outras culturas, incompreensíveis umas para as outras” (MORIN 2002, p. 64).
 A educação tem um papel primordial na construção da identidade, pois ela possibilita o desenvolver do ser humano na formação de sua identidade, permitindo uma melhor compreensão da humanidade. 
De acordo com a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), no seu artigo 1º, “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996).
Zaffaroni (2007) ao discorrer sobre o que chama de inimigo do direito penal, reflete que, “na medida em que se trata um ser humano como algo meramente perigoso e, por conseguinte, necessitado de pura contenção, dele é retirado ou negado o seu caráter de pessoa, ainda que certos direitos lhe sejam reconhecidos.”
Ao passar pelo cárcere, o indivíduo se encontra, muitas vezes, em uma situação de baixa autoestima, em decorrência da trajetória que foi vivenciada no interior deste, trazendo conflituosas relações de identidade, devido a ter o estigma de “ex-presidiário”, este causa um problema de identidade social, contribuindo para que simples decisões e atitudes se tornem complexas. 
Este estigma, “seria signos corporais, representando algo mal, “imoral”, que não deve ser aceito, ou seja, representa uma identidade deteriorada por uma ação social” (GOFFMAN 1963). Eis a trilha que enveredamos, no sentido de refletir sobre as consequências da travessia por uma instituição penitenciária, por um tempo prolongado, especialmente considerando as relações de identidade no ambiente prisional, e como a perda desta pode influenciar na “ressocialização” do egresso. 
Com isso, várias questões surgem, como objeto de reflexão. Quais são as práticas impostas que neutralizam o indivíduo no ambiente prisional? Existe forma de diferenciação neste ambiente? De que forma essas práticas influenciam a vida dos sujeitos pós-cárcere? Como se dá o processo de “ressocialização”. 
O fato de ter limitações para se produzir como seria o sistema prisional na “realidade”, não anula o fato para entendermos que o sistema prisional é um sistema social, onde entram em choque diversos conflitos de poder e identidade, diversas personalidades, tensões de convivência e violência tanto física quanto simbólica. 
5. Discriminação das atividades por objetivos:
5.1 Primeiro objetivo:
Atividade 1.1: Planejar e estruturar um modelo de entrevista semiestruturada para uma melhor riqueza de dados sobre as relações extra aprisionamento dos recuperando.
Atividade 1.2: Preparar o local, o dia e a hora de acordo com a disponibilidade dos recuperando para a realização das entrevistas psicológicas.
Atividade 1.3: Identificar através dos dados obtidos, os recuperando que não tem uma boa relação familiar ou social que será o foco desse plano de ação.
5.2 Segundo objetivo:
Atividade 2.1: Entrar em contato os familiares dos recuperandos, através de ligações telefônicas, marcando um dia específico para as visitas.
Atividade 2.2: Realização de visitas domiciliares do psicólogo e assistente social aos familiares dos recuperandos, com o intuito de os convidarem, para os encontros que serão realizados na Apac, explicando os objetivos dos mesmos.
Atividade 2.3: Procurar saber sobre outros laços que o recuperando também tinham antes de entrar para o regime prisional, para que também possam participar dos encontros.
Atividade 2.4: Propor envio de cartas como um meio de comunicação e aproximação dos recuperandos com os laços extrafamiliares com o objetivo de uma melhor interação no primeiro dia do encontro.
Atividade 2.5: Recolhimento das cartas redigidas e o envio a seus destinatários.
5.3 Terceiro Objetivo:
Atividade 3.1: Preparar o local para a recepção dos visitantes, para que possa ser realizada uma dinâmica com o objetivo de aproximar os recuperando de seus respectivos familiares e amigos. A dinâmica realizada terá como nome “Reconheci você”. Será separado quatro grupos com familiares e amigos de cada recuperando. Os recuperando estarão com os olhos vendados e cada familiar deverá dizer uma palavra positiva para o seu recuperando. O recuperando quando reconhecer a voz de seu familiar ou amigos deverá estender a mão, a venda poderá ser retirada e ele poderá ir abraçá-los. Será utilizada no final a música Tua família da banda Anjos de Resgaste.
Atividade 3.2: Realizar uma roda de conversa com o tema “histórias que transformam”, que terá como objetivo que cada recuperando fale sobre a sua trajetória no modelo prisional comum até a sua inserção na Apac e os seus planos para o futuro. O objetivo dessa roda de conversa é de propiciar que cada recuperando fale sobre as suas experiências que muitas vezes os familiares ou amigos não tenham conhecimento, e possibilitando a quebra de preconceitos se existentes.
Atividade 3.3: Confeccionar um mural com as fotos dos recuperando com os seus familiares e amigos com o objetivo de proporcionar uma manutenção do vínculo entre eles. Os familiares e amigos que fornecerão essas fotos, mas também na realização dos encontros estará disponível um fotógrafo.
Atividade 3.4: O psicólogo deverá fazer o fechamento dos encontros podendo usar alguma dinâmica de despedida dele para com os envolvidos no plano de ação. Espaço aberto para que todos possam dar seus depoimentos e o que acharam dos encontros.
6. Espaço onde deve ou pode ser realizada cada atividade:
Alguma sala específica para a realização das entrevistas psicológicas, e uma área para poder fazer a dinâmica e a roda de conversas.
7. Mídias para a comunicação:
Telefone para poder fazer o contato com as famílias dos recuperando para marcar as visitas domiciliares.
8. Tempo necessário à realização de cada etapa/atividades:
A ação durará 2 meses, haverá um encontro por semana com duração de 03 horas cada. Serão 8 semanas, totalizando 24 horas totais de projeto.
9. População beneficiada:
Os recuperando da Apac, seus familiares e amigos.
10. Recurso humano necessário. 
11.Descrição dos/as responsáveis pelas atividades e suas responsabilidades.
Psicólogo: Fazer o planejamento da intervenção e a sua realização através das técnicas já mencionadas.
Assistente Social: Trabalhar junto ao psicólogo no planejamento da intervenção e nas visitas domiciliares.
Familiares e amigos dos recuperando: Para participar dos encontros.
Fotógrafo: Para registar os momentos.
12. Recursos financeiros necessários (para contratação de pessoal, compra de material, compra de equipamento, obras, etc.)
12.1 Material / serviços de cessão pública:
Folha A4 e impressões das anamneses, telefone para ligações fixas locais e para celulares, envelopes e folhas pautadas para as cartas, aluguel de som para ser usado tanto na dinâmica e também para descontrair, canetas, pincéis e um quadro de mural de cortiça para as fotos. Lanches para os participantes durante todos os encontros = 2.500,00
12. 2 Material / serviços com ônus:
Pagamento dos honorários do psicólogo, do assistente social e do fotógrafo, sendo: Psicólogo 6.000,00; Assistente Social 640,00 e fotógrafo 350,00=6.990,00
Total:9.490,00
13. Monitoramento e Avaliação
O monitoramento da intervenção será realizado pelo presidente da Apac, que irá verificar se as ações planejadas estão sendo executadas por cada profissional.
A avaliação da intervenção será realizada pelopsicólogo durante todas as atividades, e utilizará como parâmetro a participação dos beneficiados, na dinâmica e roda de conversas, conforme suas intervenções e\ou demonstração de interesse nos temas. Os participantes da intervenção também avaliarão as atividades, ao seu final, por meio de depoimentos pessoais.
14. Cronograma das atividades
	Data 
	Horário 
	Atividades desenvolvidas 
	Horas da atividade 
	Horas acumuladas 
	15/02
	13:00 às 16:00
	Planejar e estruturar um modelo de entrevista semiestruturada para uma melhor riqueza de dados sobre as relações extra aprisionamento dos recuperando.
	 3h
	 3h
	22/02
	13:00 às 16:00
	Identificar através dos dados obtidos, os recuperando que não tem uma boa relação familiar ou social que será o foco desse plano de ação.
	 3h
	 6h
	01/03
	13:00 às 16:00
	Realização das entrevistas psicológicas com os recuperando e análises dos dados.
	 3h
	 9h
	08/03
	13:00 às 16:00
	Entrar em contato os familiares dos recuperando, através de ligações telefônicas, marcando um dia específico para as visitas.
	3h
	 12h
	15/03
	13:00 às 16:00
	Realização das visitas domiciliares aos familiares dos recuperando.
	 3h 
	 15h 
	22/03
	13:00 às 16:00
	Procurar saber sobre outros laços que o recuperando também tinham antes de entrar para o regime prisional, para que também possam participar dos encontros.
Orientação aos recuperando sobre a escrita das cartas, distribuição do material e suporte caso necessário.
	 3h 
	 18h 
	29/03
	13:00 às 16:00
	Recolhimento das cartas redigidas e o envio a seus destinatários.
	 3h 
	 21h
	05/04
	13:00 às 16:00
	Realização da dinâmica e roda de conversas com os recuperando e seus familiares e amigos. 
Confeccionar um mural com as fotos dos recuperando com os seus familiares e amigos.
Culminância com relatos espontâneas sobre a realização das atividades propostas nos encontros.
	 3h 
	 24h 
REFERÊNCIAS
AITA, Elis Bertozzi; FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Subjetividade: uma análise pautada na Psicologia histórico-cultural. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 17, n. 1, p. 32-47, abr.  2011.   Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo. acessos em 06 out.  2018.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília: MEC, 1996.
MORIN, Edgar,1996. in MARTINAZZO, Celso José. IDENTIDADE HUMANA: UNIDADE E DIVERSIDADE ENQUANTO DESAFIOS PARA UMA EDUCAÇÃO PLANETÁRIA. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. Disponível em: http://uece.br/setesaberes/anais/pdfs/trabalhos/349-07072010-182735.pdf Acesso em 07 de outubro de 2018.
GARCIA, Lígia. A LIBERDADE SUFOCADA PELA SUBJETIVIDADE. In Estudos de Execução Criminal - Direito e Psicologia Organizadores: Rodrigo Torres Oliveira e Virgílio de Mattos. Belo Horizonte: TJMG/CRP, 2009.
GUATTARI, Félix. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro: Vozes, 1986. 
OLIVEIRA, Rodrigo Torres. Estado penal, novo inimigo interno e produção de subjetividades. In Estudos de Execução Criminal - Direito e Psicologia Organizadores: Rodrigo Torres Oliveira e Virgílio de Mattos. Belo Horizonte: TJMG/CRP, 2009.
BOCK Ana Mercês Bahia, GONCALVES, Maria da Graça Marchina, FURTADO, Odair (orgs.). Psicologia socio-histórica: uma perspectiva critica em psicologia /- 3. ed. - São Paulo: Cortez, 2007.
GOFFMAN, E. (1987). Manicômios, prisões e conventos.2. ed. São Paulo: Perspectiva.
LOURAU, R. (1993). Análise Institucional e práticas de pesquisa. Rio de Janeiro: UERJ.

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