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Relatórios Na administração pública – e em todos os campos em que a gestão esteja envolvida – os relatórios constituem as peças mais frequentes. Os relatórios orais, em geral expostos em reuniões, acabam por servir como base para a tomada de decisões, que serão formalizadas por outros documentos; e, por vezes, registrados em atas. Já os relatórios escritos, embora não tenham modelo único, devem obedecer às formalidades e configurações próprias de cada área. Um relatório de auditoria, por exemplo, tende a seguir as normas e os modelos fornecidos pela área e pelas instâncias, como é o caso da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Contas da União. Relatórios das áreas de engenharia, igualmente, tenderão a ser compostos por aquilo que é exigido no campo do conhecimento e nas normas a serem empregadas no setor. Um relatório de viagem, por sua vez, tenderá a ser mais simples, tendo como conteúdo uma breve exposição do que motivou o evento, seguido das ações do servidor ou grupo de servidores, acompanhado de resultados obtidos. Em todos os casos – com maior ou menor previsão formal de uma área do conhecimento – o redator deve saber o quanto deve se estender em detalhes ou o que deve e pode pular, em um relato. Um exemplo anedótico é o de Júlio César que, em 47 a.C., após vencer uma batalha contra um dos inimigos de Roma, enviou o seguinte relato ao Senado: Veni, vidi, vici (em português: Vim, vi e venci). Com essas três palavras, havia vários recados, entre eles o do poderio militar de César, que queria intimidar alguns de seus compatriotas, na guerra civil que então se travava no centro do império. Mas um relatório redigido dessa maneira fica no campo da anedota. Ou, no máximo, como contraponto à necessidade de exposição e argumentação que deve conter uma exposição de profissional vinculado ao serviço público no Brasil. Claro que a personalidade de cada um influenciará nas escolhas quanto à extensão e brevidade do documento. Entretanto, para o uso institucional, o elaborador deve ter em mente que o avaliador (superior imediato, controle interno, Controladoria-Geral da União ou Tribunal de Contas da União) tem parâmetros previsíveis, que são, por exemplo, aqueles contidos no art. 37 da Constituição Federal: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...).” A legalidade terá sido cumprida, se, anteriormente ao trabalho realizado, tiverem sido segui- dos os próprios parâmetros administrativos para a autorização da viagem, aquisição de passagens e respectivas diárias. Mas não se encerra nisso. Por isso, a motivação da viagem deve ser, sempre, destacada. Essa razão pode ser alcançada ou relembrada com uma pergunta: “Por que foi realizada a viagem tal, pelo profissional Qual, na data X?” Uma pergunta com “para quê” (finalidade) também pode servir de auxiliar para se encontrar tal motivo. Se bem respondida essa questão, também outros princípios da administração pública terão sido observados. Se havia uma motivação significativa, a moralidade foi observada. Se a missão cumprida teve origem em uma necessidade real de um grupo, município ou esta- do, também a impessoalidade foi cumprida. Restam dois princípios para os quais o relator deve estar atento: o da eficiência e o da publicidade. Para estes, haverá mais atenção. A eficiência poderá ser avaliada com a notícia de que a missão tenha sido efetivamente cumprida. Ou se, dos atos levados a cabo pelos profissionais, são esperados desdobramentos verificáveis. A eficiência diz respeito ao cumprimento do objetivo pretendido. Por isso, é fundamental, no início do relato, noticiar qual o objetivo do profissional quando foi participar do evento. O outro princípio, o da publicidade, é mais delicado. Não basta que um dado tenha sido publicado, ou que se tenha fornecido acesso a um documento da administração pública, pela Lei de Acesso à Informação. É preciso que a comunicação seja acessível a quem lê, que o vocabulário empregado seja compreensível, que os períodos sintáticos sejam de uma dimensão que permita a clareza. Para que o princípio da publicidade seja cumprido, o redator deve utilizar uma linguagem que seja compreensível pelos leitores (avaliadores com poder formal de aprovar ou rejeitar prestações de contas), os quais não são necessariamente especialistas na matéria tratada em seminários, cursos, palestras e eventos. Exemplo de disposição gráfica de relatório RELATÓRIO Nº XX, DE 2014/SIGLA/ANTT Ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa ementa. I – [DO TÓPICO ABORDADO NO RELATÓRIO] Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. I.1 – Desdobramento em subtópico 1 Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. I.1 – Desdobramento em subtópico 2 Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. I.1 – Desdobramento em subtópico 3 Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. II – CONCLUSÃO Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Parágrafo típico. Local e data [Nome de quem elabora] Cargo Fonte: BOMFIN, João Bosco Bezerra. Curso de Redação Oficial. Brasília, 2017.
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