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Capitulo 18 - Materiais Cerâmicos

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....:::..,. Jl .,;
CAPITULO 18 MATERUUSCERÂMICOS
Prof. Arq, ENIO JOSÊ VERÇOSA
PUC do Rio Grande do Sul
Revisão do
Prof. João Fernando Dias
Universidade Federal de Uberlândia
18.1. GENERALiDADES
,8.,. ,. Pedras Artificjê)is. Costuma-se chamar pedras artificiais a uma série ..de materiais
que substituem as pedras em suas aplicações ou têm aparência geral semelhante. isso não
obsta, entretanto, que esses materiais tenham diversas qualidades completamente diferen-
ciadas das apresentadas pelas pedras.
As pedras artificiais pertencem, normalmente, a dois grandes grupos: os materiais de
cerâmica e os de cimento. Neste capítulo serão estudados os primeiros.
18.1".2. História. A indústria da cerâmica é uma das mais antigas do mundo, em vista
da facilidade de fabricação e abundância de matéria-prima - o barro. Já no período
neolítíco o homem pré-histórico calafetava as cestas de vime com o barro. Mais tarde
verificou que podia dispensar o vime, e fez potes só de barro. Posteriormente, constatou
que o calor endurecia esse barro, e surgiu a cerâmica 'propriamente dita, que, nessa fase da
humanidade, foi largamente empregada para os mais diversos fins. Mais tarde, com o uso
de barros diversos, deve ter usado argilas com mais baixo ponto de fusão, e surgiram os
vidrados e vitrificados. No ano 4000 a.C. os assírios já obtinham cerâmica vídrada,
Nova etapa da cerâmica começou quando os sernitas inventaram o torno de oleiro,
que permitiu melhor qualidade, rapidez e acabamento.
Já no século VII os chineses fabricavam a porcelana, mas, enquanto isso, no resto
do mundo só se fabricava a cerâmica vermelha e amarela, até que, na Inglaterra do século
XVIII, surgiu a louça branca. A partir daí houve grande desenvolvimento dessa indústria,
baseada na tecnologia moderna e nos estudos de laboratórios especialízados, como o de
Sêvres (França), Stoke-on- Trent (Grã-Bretanha), Instituto Max-Plank (Alemanha),
Armour Research Foundation, Institutos de Pesquisas Cerâmicas das Universidades de
Pensilvãnia, Alfred e Ohio, Surgiram tipos especiais de fomos, a possibilidade de cerâmica
de dimensões exatas, a rnoldagem a seco, porcelanas de alta resistência ete.
18.1.3. Definição. Chama-se cerâmica à pedra artificial obtida pela moldagem, secagem
e cozedura de argilas ou de misturas contendo argilas. Em certos casos, pode ser suprimida
alguma das etapas citadas, mas a matéria-prima é a argila. Nos materiais cerâmicos a argila
fica aglutinada por urna pequena quantidade de vidro, que surge pela ação do calor de-
cocção sobre os componentes da argila.
te
.~.;
MATERIAIS cEFlÃMICOS I 527
Argilas são materiais terrosos naturais que, quando misturados com água, adquirem
a propriedade de apresentar alta plasticidade. Durante muito tempo se conceituou que
argilas eram substâncias or.iginárias da caulin ita (A12 03 2Si02 2H2 O). e o resto era impu-
reza amorfa. Hoje se sabe que 'as argilas do constituidas essencialmente de partículas cris-
talinas extremamente pequenas, formadas por um número restrito de substâncias. Essas
substâncias são chamadas argila-minerais. Uma argila pode ter um ou mais argilo-minerais.
De acordo com a ABNT, as argilas são compostas de particulas coloidais de diârne-
tro inferior a 0,005 mIO, com alta plasticidade quando úmidas e que. quandc secas,
formam torrões dificilmente desagregáveis pela pressão dos ded~s.
18.1.4. Argilo-Minerais. Os argilo-rninerais são silicatos hidratados de alurn ínio, ferro e
-nagnésio, comumente com alguma porcentagem de álcalis e de alcalíno-terrosos. Junto
com esses elementos básicos vem sílica, alumina, rnica, ferro, cálcio, rnagnésio, matéria
orgânica ete. Como se vé, estão incluídos os elementos formadores de vidro.
Eles são a mistura de substâncias miner~is resultante da desagregação do feldspato
das rochas igncas, por ação da água e gás carbónico. Como as rochas ígneas e os feldspatos
são de diversos tipos, há também diversos tipos de argilo-minerais. Ocorrem, então depó.
sitos de natureza extremamente variada. Não existem duas jazidas de argila rigorosamente
iguais. Às vezes há diferenças acentuadas até numa mesma jazida.
Como ilustração, basta ver-se a classificação de Grim para os argílo-minerais.
Embora seja uma classificação bastante genérica, que implica muito maior subdivisão
posterior, ainda é bastante extensa.
1. Amorfos: grupo das alofanas.
2. Cristalinos:
a.. de duas camadas:
eqüidimensional: grupo da caulinita;
alongada: grupo da aloisita;
b. de três camadas:
rede expansiva:
_ eqüidimensional: grupos de montomorilonita e da vermiculita;
- alongada: grupos da saponita e da montronita;
rede não expansiva: grupo da ilita;
c. de camadas mistas regulares: grupo da clorita;
d. estruturas em cadeia: grupos da atapulgita, da sepiolita e da paligorsquita.
18.1.5. Tipos de Depósitos de Argila. As argilas podem ocorrer:
a. na superf ície das rochas, como resultado da decomposição superficial das
mesmas;'
....-
528 I MATERIAIS,DE CONSTRUÇÃO
b. nos veios e trincas das rochas;
c. nas camadas sedimentares, onde foram depositadas por ventos e chuvas.
As argilas são chamadas residuais quando o depósito é no próprio local onde houve
a decomposição da pedra, e sedimentares quando o depósito fica longe do local onde
estava a pedra.
No transporte por água, a argila fica estratificada; no transporte por vento, não fica
estratíficada, ma> porosa; é o chamado loess. Folhelho é argila estratificada; pode ser
plástico ou duro.
O depósito natural de argila é chamado barreira. Para sua exploração, é retirada
ínícíalrnente a camada superficial, que quase sempre apresenta grande porcentagem de
matéria orgânica. Abaixo fica a argila mais pura, aproveitável, que é, então, empregada na
indústria da cerâmica,
18.1.6. Tipos de Argiia. De maneira geral, podem-se ter:
a. argilas de cor de cozimento branca: caulíns e argilas plásticas;
b, argilas refratárias: caulíns, argilas refratárias e argilas altamente alumínosas;
c. argilas para produtos de .grês;
d. argilas para materiais cerârnicos estruturais, amarelas ou vermelhas.
As argilas são classificadas em gordas e magras, conforme a maior ou menor quan·
tidade de colóídes, Por essa razão, as argilas gordas são muito plásticas, e, devido à
alurnina, deformam- se muito mais no cozimento. As argilas magras, devido ao excesso de
sílica, são mais porosas e frágeis.
18.1.7. Estudo Rápido dos Componentes. O caulim é argila com amplo predomfruo da
caulinita, pó branco que é a matéria- prima da porcelana. A caulinita é a forma mais pura
de argilo-minerais, mas geralmente está misturada com grãos de areia, óxido de ferro e
outros elementos. Conforme sua pureza, é usada para porcelana, louças, azulejos, refratá-
ÜOS Oll outros materiais. .
O nome caulirn é de origem chinesa (Kao-Liang: colina elevada). Seco, é untuoso ao
tato. Umedecída, a caulinita é muito plástica. Ao secar, apresenta alta retração. Pura, é
infusível, mas as substâncias estranhas dão-lhe uma pequena fusibilidade, com a formação
de algum vidro, o que vem a dar a dureza das cerâmicas,
O óxido de ferro, normal nas rochas ígneas, mistura-se geraLrnente com a cauliníta e
dá a cor vermelha ou amarelada da maioria das argilas. Em outros casos forma pintas ou
manchas. Ele reduz a sua propriedade de ser refratária.
A sflica livre (areia) reduz a plasticidade e o trincamento, mas também diminui a
retração e facilita a secagem .. Diminui a resistência mecânica, mas, paradoxalmente, o
pouco que funde no cozirnento é que dá o vidrado endurece dor.
A alumina livre, conforme o tipo, pode aumentar ou dimínuír o ponto de fusão. Ela
reduz a piasticidade e a resistência mecânica, mas também diminui as deformações.
Os álcalis baixam o ponto de fusão e dão porosidade, o que vem facilitar a secagem
e o cozímento, mas também reduzem a plasticidade.
r
i
MATERIAIS CERÃMICOS I ·529
o cálcio age como fundentc e clareiaa cerâmica.
Os sais solúveis são pernícíosos, porque dão eflorescências de mau aspecto.
A matéria orgânica; embora dê mais plasticidade, torna a argila mais porosa. É ela
que toma a argila escura antes do cozirnento, não obstante a cor ..•.ermell-t" reapareça
depois da cocção. ,
A água é elemento integrante das argilas sob. três formas:
a. água de constituição, também chamada abso.rvida ou de inchamento, que faz
parte da estrutura da molécula; .
b. água de plasticidade, ou absorvida, que adere à superfície das partículas
coloídaís;
c. água de capilaridade, também chamada água livre ou de poros, que preenche
os poros e vazios.
Os elementos antes citados, e muitos outros, se 'encontram em proporções as mais
diversas nas argilas. .
Como se vê, há inúmeros fatores variáveis nas argilas, tanto assim que se pode dizer
que não há duas argilas iguais. Em conseqüência disso é que se encontram, entre as
cerâmicas, materiais tão diferentes como a porcelana fina, os azulejos, os tíjolos.. O grês
cerâmico,' os refratá;ios etc. Entre elas há materiais absolutamente impermeáveis e
também filtros. Há leves e pesados, fracos e resistentes etc.
18.2. PROPRIEDADES
18.2.1, Propriedades Importantes. As propriedades mais importantes das argilas são a
plasticidade, a retração e o efeito' do calor.
Nas cerâmicas, o interesse se situa no peso, resistência mecânica, resistência ao
desgaste, absorção de água e duração.
18.2.2. Plasticidade das Argilas. Um corpo plástico é definido como o que pode ser
continuamente deformado, sem que sobrevenha a ruptura. Não possui limite de elastici-
dade e também não pode ser encruado a frio. É esse o caso das argilas molhadas.
Juntando-se água lentamente a uma argila, notam-se duas fases. No início ela se
desagrega facilmente, e no fim ela fica mole demais. O ponto em que se limitam essas
fases, ou seja, quando a argila não mais se desagrega, mas ainda não é pegajosa, é chamado
ponto de maior plasticidade. Esse ponto varia com a argila. Assim, a quantidade de água
necessária pode ser de 10% para as argilas gordas até 50% para as argilas magras.
Na realidade, o que ocorre é.que as partículas coloidais sempre têm grande atração,
daí a plasticidade, mas essa atração pode ser anulada se a película de água intermediária é
excessiva. Nesse caso, então, desaparecem a atração e a plasticidade.
É sabido também que as argilas de superfície Sã0 mais plásticas que as profundas,
que receberam grande pressão. E que' há substâncias que aumentam ou diminuem a
plasticidade das argilas'. Esses fatos são aproveitados para correções na fabricação.
A plasticidade depende, também.do tamanho, formato e comportamento dos grãos
e da presença de outros materiais, além dos argilo-rninerais,
;;30 ! MAT'ERIAIS, De CONSTRUÇÃO
18.2.3. Retração. Num bloco de argila seca, quando exposto ao ar, inicialmente, a
velocidade de evaporação da água é igual à que teria urna superfície de água igual à do
bloco. Depois, avelocidade de evaporação vai diminuindo, porque as camadas externas,
ao secarem, vão recebendo a água dás camadas internas por capílarídade, de modo que o
conjunto tende a se hornogeneizar continuamente. Por isso as quantidades de água vindas
das camadas internas são cada vez menores.
Em todo eose processo, no lugar antes ocupado pela água vão ficando vazios e,
conseqüentemente, o conjunto retrai-se. Essa retração é proporcional ao grau de umidade
e varia também com a composição da argila: quanto mais caulinita, maior a retração. No
caulirn, a retração é da ordem de 3 a 11%. e nas argilas para tijolos, mais magras, vai de 1 a
6%.
Um efeito negativo da retração é que, como ela não é absolutamente uniforme, o
bloco pode vir li se deformar.
Todos os fatores que aumentam a plasticidade (o que é bom) também aumentam a
retração (o que é ruim).
18.2.4. Efeitos do Caior Sobre as Argilas. Aquecendo-se uma argila entre 20 e 150°, ela
somente perde a água de capilaridade e amassamento. De 150 a 6000, ela pe rd e água
adsorvida, e a argila vai-se enrijecendo. Até aqui só houve alteração física.
Mas, a partir dos 600°, começam as' alterações químicas, em três estágios. Num
primeiro estágio há a desidratação química; a água de constituição também é expulsa,
resultando o endurecimento, e as matérias orgânicas são queimadas. O segundo estágio é a
oxidação; os carbonetos são calcinados e se transformam em óxidos. A partir do terceiro
estágio, que inicia pelos 9500, há a vitrificação, A sílíca de constituição e a das areias
formam uma pequeno: quantidade de vidro, que aglutina os demais elementos.. dando
dureza, resistência fi cornpactação ao conjunto: aparece a cerâmica propriamente dita.
A qualidade de um artigo cerârnico depende, acima de tudo, da quantidade de vidro
formado. É ínfima nos tijolos comuns e grande nas porcelanas.
18.2.5. Propriedades das Cerâmicas. É bastante extensa a faixa de variação de proprie-
dades das cerâmicas, dependendo da constituição, cozimento, processo de rnoldagem etc.
Em relação ao peso, por exemplo, há cerâmicas mais leves do que a água, e outras de
grande peso.
Volume aparente é o volume de água deslocado por uma peça já saturada por 24
horas de imersão. Peso específico aparente é a relação entre o peso da peça seca ao ar e
seu volume aparente.
A resistência ao desgaste depende muito da quantidade de vidro formado.
A absorção de água depende da cornpactação, das constituições iniciais etc.
Chama- se absorção ou porosidade aparente à percentagem de aumento de peso que
a peça apresenta após 24 horas de irnersão em água.
A experiência demonstrou que os produtos cerãmicos são tanto mais resistentes
quanto mais homogênea, fina e cerrada a granulação, e quanto melhor o cozimento, afora
a vitrificaçãojá citada.
A resistência mecânica depende muito da quantidade de água usada na moldagern.
O excesso de água lava as partículas menores, que mais facilmente fundirão para formar o
vidrado.
I<c •. ,··c ..•.
MATERIAIS CERÃMICOS I 531
18.2.6. Fatores de 'Pesagregação das Cerâmicas. As cerâmicas podem desagregar-se e
isso é normalmente conseqüência de agentes físicos externos, agentes químicos internos e
agentes mecânicos.
Os agentes físicos mais perniciosos são a umidade, vegetação e fogo. Os dois pri-
meiros' agem através dos poros, e deduz-se daí a importância da porosidade; a porosidade
é um índice da qualidade' do produto ~ de sua duração. O fogo é também altamente
prejudicial para a cerâmica comum; esta tem sua resistência à compressão diminuída à
medida que aumenta a temperatura. Como os componentes se 'dilatam desuniformemente,
o calor pode facilmente desagregar uma peça. A cerâmica também se ressente do efeito da
gelividade, citado para as pedras.
Os agentes químicos internos também podem ser altamente perniciosos. Assim, por
exemplo, uma cerâmica com sais solúveis. A umidade absorvida do ar pode vir a dissolver
esses sais, os quaís virão a se cristalizar na superfície, ocasionando o que se chama
eflorescêncía, que, além de dar má aparência, pode até ocasionar o deslocamento e queda
do revestimento. . .
Os agentes mecânicos, por seus esforços, podem vir a destruir as peças. Geralmente
as cerâmicas têm maior resistência à compressão do que à flexão e demais solicitações.
Decorre daí seu emprego naquele tipo de solicitação. As cerâmicas também devem ter boa
resistência ao choque, que é tão comum no transporte e no uso.
18.2.7. CI<!Ssificação dos Materiais de Cerâmica Usados na Construção. A classificação
que se segue é apenas prática, embora não seja muito acadêmica.
Na construção civil são usados:
a. materiais cerâmicos secos ao ar;
b. materiais cerãmicos de baixa vitrífícação;
c. materiais cerâmicos de alta vitrificação, que, por sua vez, se subdividem em
materiais de louça e materiais de grês cerâmico;
d: refratários.
18.3. FABRiCAÇAo DA ClERAMICA
18.3.1. Preparação dos Materiais Cerâmicas. De maneirageral, a preparação dos mate.
riais cerâmicos obedece às seguintes fases:
extração do barro;
preparo da matéria-prima;
moldagem;
secagem;
cozimento;
esfriamento.
Em muitos casos há também a vitrificação especial.
532 ! iViATERI4\.IS DE CONSTRUÇÃO
i8.3.2. Extração do Barro. Cada tipo de cerâmica requer um tipo próprio. de barro.
Assim sendo, antes de mais nada se deve proceder à escolha do barro, porque, como foi
visto, o teor de argila, a composição granulométrica, a profundidade da barreira, a umi-
ôade e diversos outros fatores influem no resultado a obter. Essa é uma das razoes da
grande variêdade de materiais de cerâmica à venda.
A qualidade do barro deve ser verificada para se ver, por exemplo, se ele não tem
muito carbonato de cálcio ou compostos sulfurosos, os quais originam cerâmica muito
fendílhada, Se for muito suja, ou seja" com matérias orgânicas tais como raizes mortas, a
cerâmica será muito porosa. Se tiver muita cai, esta poderá vir a queimar quando receber
umidade, estourando o reboco ou parede. A formação de vidro, da qual depende a dureza,
varia também com a constituição, como se viu, e assim por diante.
A importância do tipo de barro é tal que muitas vezes as indústrias preferem
barreiras localizadas a grande distância das fábricas, que são instaladas onde há abun-
dância de energia, transporte e mão-de-obra.
18.3.3. Preparo da Matéria-Prima .. Extraída, a argila deve ser preparada para a indus-
trialização. Esse preparo pode ter as mais variadas formas.
Assim, por exemplo, já na própria jazida pode ser feita a seleção em lotes de mesma
qualidade (composição, dureza, plasticídade etc.). .
Segue-se sempre o que se chama apodrecimento da argila. A argila é levada para
depósitos ao ar livre, onde é revolvida sumariamente e passa por um período de descanso.
Tem por finalidade principal a fermentação das partículas orgânicas, que também ficam
coloídaís, aumentando a plastícídade, O apodrecimento também serve para corrigir o
efeito das pressões sobre as argilas. Certas porcelanas sofrem apodrecimento até de vários
anos.
Conforme a exigência, também é feita a eliminação de impurezas grosseiras e maior
classificação, o que se consegue. por Ievigação, sedimentação, centrífugação, flotação,
aereação etc.
Segue-se a formação da pasta propriamente dita, que se inicia pela maceração,
continua com a correção e termina com o amassarnento.
A maceração é feita para se obterem menores partículas, grãos finos e, com isso,
maior plasticidade, melhor contato entre os componentes etc, Muitas vezes é feita por
processos rudimentares. A argila é colocada em caixas, onde é revolvida por força humàna
(com pás, picaretas etc.) ou por animais que fazem girar pás no interior da massa. Se não
houve eliminação das impurezas antes, é nesta fase que são retirados galhos, pedras ou
outros corpos que estejam misturados com a argila; nesse caso, as máquinas não são de
utilidade nas indústrias rudimentares, Caso já tenha havido a eliminação dessas impurezas,
podem-se usar britadores, mOÍlL<lOS,desintegradores e pulverizadores, cada um dos quais
correspondendo a um grau de moagem.
A correção é feita para dar à argila a constituição que se deseja. Por exemplo, para
se obter cerâmica fina, deve-se lavar, deixar sedimentare depois filtrar, eliminando- se, por
esse processo, os grãos graúdos, Noutros casos é adicionada areia fina, para diminuir a
retração e aumentar o rendimento, obtendo-se produtos mais grosseiros, Existem ácidos
orgânicos fracos e soluções alcalinas que são empregados para diminuir a plasticidade; há
também ácidos e alguns sais que podem aumentá- Ia.
,
L
MATEF!IAiS CERÀM!COS ! 533
A argila muito pura retrai-se demais e deforma-se: quanto mais colóides tiver, maior
será a retração. Por isso, usa-se misturar-lhe areia, argila já cozida e depois moída etc.,
para baixar a proporção de grãos finos. Em compensação, uma argila muito magra fica
com poucos colóides, muito porosa e toma-se quebradiça, absorvendo depois muita umi-
dade. A esta correção chama-se lotearnento do barro.
O arnassamento serve para preparar a argila para a' moldagem, com a qual muitas
vezes se confunde ou é simultâneo. Conforme o tipo de barro e o tipo de moldagern, é
usada ou não água. Ele é feito por processos manuais ou mecânicos.
Conforme a' importância da indústria são usadas mais ou menos máquinas, para
desenvolver algum tipo de tratamento. Há, por exemplo, os desagregadores(servem para
quebrar os torrões duros), cilindros (para quebrar pedras), moinhos (para moer) e marom-
bas (cilindros, horizontais ou verticais, no interior dos quais existem pás ou hélices que
hornogenefzam a mistura e a levam para a moldagem).
18.3.4. Moldll08m. É a operação de dar a forma desejada à pasta de cerâmica. Há
quatro processos básicos de moldagem:
a. rnoldagem a seco ou semí-seco (com 4 a 10% de água);
b. moldagern com pasta plástica consistente (com 20 a 35% de água);
c. moldagern com pasta plástica mole (com 25 a 40% de água);
d. moldagem com pasta fluida (com 30 a SO% de água).
o uso de um-ou de outro processo depende do tipo e características da matéria-
prima, do formato e constituição do produto acabado e do tipo de forno a ser empregado.
18.3.4.1. Moldagem com Pasta Fluida. É o chamado processo de barbotina. A cerãmi-
ca é dissolvida em água e a solução, vertida em moldes porosos de gesso. Depois da depo-
sição, a água é absorvida e a argila adere às paredes. Quando seca, a peça se retrai e se
descola. É o processo usado para porcelanas, louças sanitárias, peças para instalação
elétrica e peças de formato complexo.
18.3.4.2. Moldagem com Pasta Plástica. É o processo mais antigo. A cerâmica; bastante
pastosa, é moldada em moldes de madeira ou no torno-de oleiro. Hoje em dia há proces-
sos mais modernos que os manuais, mas não dão produto de mesma qualidade. É usado
para vasos, tijolos brutos, pratos, xícaras etc. Um processo manual de fazer tijolos, por
exemplo, emprega- caixilhos individuais de madeira. A pasta é coiocada à mão, sobre o
molde recoberto de areia. Os produtos ficam com uma camada superficial áspera.
18.3.4.3. Moldagem com Pasta Plástica Consistente. É usada a extrusão, que consiste
em forçar a massa a passar, sob pressão, através de um bocal apropriado, formando uma
fita uniforme e contínua Depois a coluna é cortada no comprimento desejado. Geral-
mente o corte é feito por urna guilhotina formada de arames presos a UIJ1 esquadro de
madeira ou metal. Como o processo incorpora muito ar, que se irá dilatar na cozedura,
causando o fendilhamento ou' até a desagregação da peça, às vezes é acoplada uma câmara
de vácuo. Isso irá diminuir a porosidade. A moldagem por esse processo é a usual para
tijolos, tijoletas, tubos cerâmicos, telhas e refratários.
534 / I\(iATERIAIS'OE CONSTRUÇÃO
18.3.4.4. Moldagem a Seco. É feita por prensagem. A argila é moldada quase seca, mas
então, para adquirir a forma desejada, deve ir a prensas muito possantes. As prensas
variam de 5 a 700 MPa. Essa moldagem é usada para ladrilhos, azulejos, refratários,
isoladores elétricos e para tijolos e telhas de superior qualidade. Embora com.a vantagem
da simplicidade de operações, da produção em massa e redução do tempo de secagem,
exige capital inicia! elevado e renovação constante das matrizes, e é limitado a formatos
adequados -.Os produtos são de qualidade muito boa, pois não há bolhas, e a quantidade
de água usada é mínima. E já foi visto que, em igualdade de outras condições, as proprie-
dades mecânicas de uma argila são inversamente proporcionais à quantidade de água usada
na sua plastífícação.
Muitas vezes se faz passar a argila primeiro por extrusão, formando-se tijolões, que
posteriormente são pulverizados. Então, a massa resultante recebe a forma definitiva por
prensagern. Com isso se melhora a densidade, a porosídade, a resistência mecânica etc,
18.3.5. Secagem. A secagem étão importante como o cozirnentc, porque, após a mol-
dagem, ainda permanecem de 5 a 35% de água. O tijolo comum, por exemplo, conserva
cerca de 1 kg de água após a moldagern. Se a argila for levada ainda úmida para o forno, a
umidade interior ficará retida pela crosta externa, aparecendo tensões internas e o conse-
qüente fendilhamento. Por isso se faz a secagem prévia, controlada, e de grande impor-
tância. Se a secagem não for uniforme, aparecerão distorções nas peças, mas, se for muito
lenta, a produção tornar-se-à antieconõrnica. A secagem pode levar de 3 a 6 semanas para
as argilas moles, ou até só uma semana para as argilas rijas, quando feita ao ar, por
secagem natural. Outros processos são mais rápidos e constantes. Influi muito a estação
do ano: no inverno a produção diminui bastante.
A secagem resultará em retração das peças e, conseqüentemente, em deformação, se
não for bem conduzida. Essa retração ocorre enquanto evapora a água absorvida. Já a
água dos poros não causa deformação, porque é substituída imediatamente por ar.
Há quatro processos básicos de secagem:
a. secagem natural: é o processo comum nas olarias, mas é demorado. e exige
grandes superfícies. Ela é feita em telheiros extensos, ao abrigo do sol e com ventilação
controlada. Às vezes, é realizada em depósitos quase fechados, de madeira, colocados em
torno e acima do fomo, do qual aproveitam o calor;
b. secagem por ar quente-úmido: o material é posto nos secadores, onde recebe
ar quente com alto teor de umidade, até que desapareça a água absorvida. Aí então recebe
só ar quente, para perder a água de capilaridade. Com isso as deformações são mínimas;
c. secadores de túnel: são túneis de alguma extensão, pelos quais se faz passar o
calor residual dos fornos (de 40 a 150°). As peças são colocadas em vagonetas, que
percorrem lentamente o túnel no sentido da menor para a maior temperatura;
d. secagem por radiação infravermelha: é pouco usada, em razão do custo e por'
só servir para peças delgadas. No entanto, dá alto rendimento e pouca deformação, É
usada para peças de precisão.
18.3.6. Cozimento. É talvez a parte mais importante da fabricação dos materiais cerâ-
mícos, Durante o cozímento ocorrem reações químicas as mais diversas; algumas são
MATERlt. "CeRÂMICOS I 535
rápidas, outras exigem tempo; algumas' devem completar-se,. outras devem ser evitadas;
ilgumas devem ocorrer no início, outras no fim. Disso resulta que o problema é com-
plexo, e influi não somente a temperatura alcançada, mas também a velocidade de aque.
cimente:', de esfriarnento, atmosfera ambiente, tipo de forno, combustível usado ele.'
Como a quantidade de combustível necessário é geralmente grande,há interesse em
obter-se o máximo rendimento, diminuindo-se a perda por irradiação.
() principal cuidadono cozimento deve ser o de dar uniformidade de calor ao forno,
senão umas peças ficarão mais queimadas do que as outras. Outro cuidado deve ser o de se
obterem as temperaturas ideais exatas.
Para cerâmica de melhor qualidade, o usual é que o material vá duas vezes ao forno:
aquecimento e reaquecimento. No primeiro aquecimento resulta o que se chama biscoito;
o reaquecimento fixa o vidrado. A finalidade principal disso é evitar o emprego de
temperaturas muito altas de uma só vez. E também porque, entre um e outro cozirnento,
se .aproveita para dar o vidrado nas peças esmaltadas, do' que resultará melhor fixação, sem
fixar a umidade porventura ainda existente no interior.
O cozimento é feito em fornos contínuos e em fornos intermitentes. Nos primeiros
a produção é contínua; nos segundos, deve ser cozido um lote de cada vez. Os fomos
intennitentes podem se~ de calor ascendente ou descendente; os fornos contínuos podem
ter ou a carga ou a zona de fogo móvel.
Os fornos intermitentes apresentam muitos inconvenientes, como o elevado
consumo de combustível e de mão-de-obra e o desgaste da estrutra devido às variações
sucessivas de calor e frio, que desgastam as parcelas; apresentam, todavia, a vantagem de
custo de instalação pequeno e facilidade de execução.
A seguir serão vistos os tipos mais usados de fornos.
18.3.7. Fomos de Mada. É um tipo intermitente, de chama ascendente, bastante
rústico e só empregado em instalações provisórias para fabricação de tijolos. Não há fomo
propriamente dito. Os tijolos são empilhados em forma de pirâmide truncada (Fig. 18.1)
de 8 a 10m de lado por 5 a 6 m de altura. São empilhados em cutelo, deixando espaços
entre si e formando colunas entre as quais ficam espaços maiores. Nestes últimos é
colocado o combustível. Depois tudo é coberto com barro e palha, e o fogo é aceso. O
controle da temperatura é feito por agulheiros (orifícios) na cobertura, o que vai aumen-
tar a combustão. Para tijolos, o cozírnento leva de 6 a 10 dias, e o arrefecimento leva mais
urr.~ semana. Cada. fornada pode conter de 50 a 500 milheiros de tijolos. É um processo
Fig.18.1
53S ! iIIlAtERiA!~ DE CONSTRUÇÃO
rudimentar, norque não é possível um controle da uniformidade e estado da combustão;
um terço da produção de cada fornada é geralmente perdido, porque há muitas peças mal-
cozidas ou supercozídas.
18.3.8. Fomo Intermitente Comum. É o tipo mais encontrado nas pequenas olarias do
Rio Grande do Sul, porque é fácil e barato de construir. Geralmente de forma retangular
ou quadrada (às vezes circulares), com lados de 5, 10 m ou até mais e altura de 3 a 6 m.
Na base ficam as fornalhas formadas por urna ou mais abóbadas em arco, afastadas de
.15em umas das outras. Sob a fornalha fica o cinzeiro. Sobre ela o material é empílhado,
deixando-se espaços para a passagem do calor e do fumo. O conjunto pode ser coberto
com barro e palha, deixando-se também agulheiros para controlar a tiragem ou, corno é
mais comum, coberto com abóbadas de tijolos reforçadas com cintas de ferro. Neste caso
há economia de barro e mão-de-obra, mas periodicamente a abóbada desaba e deve ser
refeita. As Fígs. 18.2 e 18.3 dão exemplos desses fomos. Em Qualquer caso, depois de
aceso o forno, a porta é iacradà com uma parede de tijolos -e argila, e a tiragem é
controlada ou por agulheiros no barro, ou por orifícios que comunicam C0IT! a chaminé.
No preparo de tijolos esses fornos cozem, de cada vez, de 25 a 100 milheiros, levando de
7 a 8 dias para queimar e de 4 a 6 dias para arrefecer, dependendo das condições
atmosféricas. Devido à sua forma retangular, as peças colocadas nos cantos apresentam .
menor cozímento, o que ainda dá uma pequena porcentagem (± 10%) de desperdício. O
combustível comumente usado é a lenha.
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Fig. 18.l.
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Fig. 18.3.
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MATERl.o,lS CERÂMicas / 537
1S.3.9. Forno Semicontínuo. Os fornos ditos sernicontínuos (Fig. 18.4) não passam de
dois ou mais fornos intermitentes (geralmente quatro) colocados justapostos. Enquanto
um forno está queimado, o outro arrefece, no outro se faz a carga e descarga e o último
está secando. Com isso o calor irradiado por um está sendo aproveitado para os outros, e
o combustível dá mais rendimento.l
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Fig. 18..4.
18.3.10. Fomo Intermitente ds Chama InllertidCl. Nesses fornos os gases da combustão
sobem até a cúpula do forno, e depois atravessam as peças em cozímento, vindo de cima
para baixo. Sua construção é semelhante à dos intermitentes comuns, e dá maior rendi.
mento por quantidade de combustível empregado, embora ainda só aproveite 20% para o
cozimento propriamente dito. O restante é gasto nos aquecimentos periódicos das
paredes, ou perdido por irradiação ou levado pelos gases da combustão. As Figs. 18.5 e
18.6 são exemplos desse tipo de fomo.
Fig, 18,5 Fig. 18.6
18.3.11. Forno de Mufia. Às vezes, há interesse em que a chama não entre em contato
direto com as peças. Nesses casos se usa rnufla,ou seja, uma caixa interna ao redor da qual
circula o calor (Fig. 18.7). Se essa necessidade só for eventual, as peças poderão ser
colocadas em caixas refratári~ nos outros tipos de fornos.
538 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
18.3.12. Fomo Combini!do. Consta de dois fomos sobrepostos (Fig, 18.7), sendo o
aquecimento direto no superior e por chama invertida no inferior. É usado quando se faz
biscoito (forno superior) e vidrado (fomo inferior).
18.3.13. O;:Cfi'lOS (lje Cuba. Os. fomos de cuba são usados para muito pequena produção.
São semelhantes aos intermitentes comuns com abóbada, com diferença no tamanho.
!Fig. 18.7 Fig. ,8.8
.18.3.14. Fomo de Honmann. O forno de Hoffmann (Fig. 18.9), inventado em 1858, é
um forno contínuo obtido pela justaposição e entrosamento de diversos fornos intermi-
tentes. É 'encontrado em algumas grandes olarias do Rio Grande do Sul. Baseia-se em dois
princípios: uso de ar quente das câmaras em fogo para ir fazendo o pré-aquecirnento das
câmaras seguintes e produção continua. Resulta urna economia de 50% de combustível
em relação aos fomos intermitentes.
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fig.18.9 ft
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MATERiAiS CERÂMicas / 539
Geralmente tem a forma ob!onga, mas existem também nas formas circular e
quadrada. Consta, em linhas gerais, de um túnel dividido em 14 até 24 celas, porém cem
interligação para a circulação de ar. O número das celas depende do tempo em que o
material deve ficar enformado, e é feito de modo a dar duas cargas por dia. Essas celas são
chamadas laboratórios (L) e são ligadas a um conduto interno F, chamado câmara de
fumo. A ligação é feita por registros, controlados pela parte superior. A câmara de fumo
dirige os gases para as chaminés. Cada cela tem' cerca de 3m de largura por 2 de altura, e
possuem agulheiros (A) na parte superior. Nesses agulheiros, com tampa, é possível intro-
duzir o combustível e também controlar a uniformidade do fogo. O. conjunto é gemi-
mente coberto por um telheiro, muitas vezes usado como câmara de secagem.
Para entender seu funcionamento, suponha- se o fogo queimando nas câmaras 5 e
13. Nessa ocasião, todas as portas das câmaras para o exterior, exceto as de números i, 2,
9 e 10, devem estar lacradas com tijolo e barro. Todas as câmaras devem estar cornu-
meadas, exceto entre as de números.2 e 3, 10 e 11. Nestas, a passagem do ar é cortada. As
câmaras 1 e 9 devem estar sendo carregadas; as câmaras 2 e 10 devem estar retirando
material pronto. O ar entra pela abertura das câmaras 1, 2,9 e 10, e vai-se aquecendo em
contato com as peças já cozidas nas câmaras 16, 15 e 14., 8, 7 e 6. Esse aquecimento é
devido ao calor que extrai das peças já cozidas, e que, por isso. resfriam. Em 13 e 5 está-se
procedendo a combustão, por intermédio da lenha ou carvão introduzido aceso pelos
agulheiros. Depois disso, o ar quente resultante da combustão passa pelas câmaras 12 e
l l, 4 e 3, onde transmite seu calor às peças cruas, pré-aquecendo-as. N as câmaras 3 e 11
deve estar aberto o registro de ligação com a câmara de fumo, que se encarrega ele faze! a
tiragem. Terminado o- ciclo, lacram-se as portas 1 e 9, abrem-se os registros das celas 4 6
12, abrem-se as portas 3 e 11, fecham-se as comunicações entre as celas 3 com 4 e 11
com 12, abre-se a comunicação entre as ceias 2 com 3 e 10 com J 1 e acende-se o fogo
nas celas 14 e 6. Fecham-se os registros das celas 3 e l l.
Os fornos são dimensionados para u.•.m ciclo por dia, o que corresponderá, como foi
dito, a duas cargas diárias.
Cada cela pode receber entre 10 e 20 rnilheiros de tij olos, e o material é queimado
combastante uniformidade. Há, porém, inconveniente de as paredes sofrerem alternativas
de frio e calor, com o conseqüente desgaste.
O material a cozer é colocado nas celas na forma de medas, deixando-se espa-
ços vazios sob os agulheiros. O combustível usual é a lenha, mas também ~rve o carvão
em pó.
18.3.15. Fomo de Tú;'si. O forno de túnel, inventado em 1877, é um forno contínuo
bastante superior aos anteriores, por apresentar melhor rendimento térmico e economia
de mão-de-obra às vezes superior a 2/3.
É um longo túnel (Fig.18.10);. em que a câmara de queima fica aproximadamente
no centro. O material é introduzido, sobre vagonetas móveis, em uma extremidade. Vai
sofrendo um pré-aquecímento, passa pela zona de fogo e depois vai resfriando até sair do
túnel.
A movimentação dos carrinhos pode ser feita por correntes, ou, como é o caso
comum, eles são empurrados por um êmbolo de velocidade mínima O comprimento do
540 / I\IiATERiAI~ DE CONSTRUÇ.1i.O
êmbolo é quase o mesmo de cada vagoneta; toda vez que ele alcança o seu comprimento
máximo, é recuado e colocada nova vagoneta, que vai. por sua vez, empurrar a anterior.
O ar movimenta-se contra a corrente do material. Com isso arrefece o material de
"Saída, e pró-aquece o material que está entrando. A seção do forno deve ser pequena,
apenas o suficiente para o material. a fim de diminuir as perdas de calor. Às vezes, na
câmara de fogo constroem-se muflas para evitar o contato direto com a chama.
CORTE
Fig. 18.10
Nesse tipo de forno, o combustível usual é O óleo, mas pode ser projetado para
lenha. carvão, gás, eletricidade ete. Seus principais inconvenientes são a elevada despesa
inicial de instalação e a necessidade de que seja sempre o mesmo tipo de material a cozer.
Quando se deseja mudar o material a ser cozido, devem ser feitas adaptações na veloci-
dade, na chama ete., o que atrasa a produção.
18.4. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DE CERÂMiCA
18.4.1. Considerações Gerais
18.4.1.1. Variedades de Produtos. Os produtos cerâmicos são representados, no mercado
de materiais de construção, por uma imensa variedade conforme a origem, a matéria-prima
e o processo de fabricação, e a finalidade a que se presta determinado produto. Poderiam ser
agrupados conforme a finalidade em: produtos para alvenaria (de vedação e estrutural),
para cobertura e para canalizações, esses normalmente denominados cerâmica vermelha,
ou estrutural, ou ainda produtos básicos de cerâmica; produtos de revestimento (de parede
internaiexterna e de piso), produtos de acabamento e utilitãrios (cantoneiras, cabideiros,
louças sanitárias e acessórios), estes denominados cerâmica branca ou de louça, cerâmica
de grês, ou cerâmica de alto grau de vitrificação conforme o caso, e produtos especiais.
como as cerâmicas refratárias (normalmente para alvenarias).
Não obstante toda a evolução experimentada no setor de cerâmica no Brasil,
notadamente no campo das cerâmicas de revestimento, ainda se observam resquícios de
urna indústria conservadora no tocante às cerâmicas vermelhas, e que necessita de uma
grande evolução para acompanhar o ritmo de desenvolvimento da construção civil,
enfoque cada vez maior na racionalização e na qualidade, quer seja dos materiais ou dos
processos.
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~
MATERIAIS CERÂMICOS /541
o ideal seria que tivéssemos no mercado produtos que atendessem. às exigências
mínimas para determinada utilização. e que tarito os fabricantes como os usuários dos
produtos se vissem amparados por esses parârnetros mínimos. Não se trata aqui de engessar
a cri atividade ou potencial idade do fabricante em criar novos produtos, mas sim induzi-Io a
criar dentro de um padrão mínimo de desempenho e de características.
A isso poderíamos denominar norma de padronização e de especificação (veja capítulo
1), o que vem sendo implementado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT. Entretanto, a velocidade de preparação e revisão das normas brasileiras ainda é
lenta comparada com as necessidades da construção civil. Somente a título de ilustração, as
normas relativas aos tijolos maciços, em vigor desde 1943, foram revisadas somente em
1983: e a de blocos cerâmicos (tijolos furados). também revisada em 1983, voltou a ser
revista em 1992.
Deve-se aliar a isso, ainda, o desconhecimento ou a desconsideração da existência
dasnormas, não somente pelos fabricantes como também pelos técnicos do setor, e áinda os
consumidores, possibilitando dessa forma a oferta e utilização de produtos que apresentam
adequabilidade e qualidade aquém da necessária em diversos serviços da construção civil;
o resultado deságua normalmente no desperdício, resserviços, aparecimento de fenômenos
patológicos, e com isso todos os segmentos ';nvolvidos perdem.
Então, o primeiro passo para a aquisição de um determinado produto seria a
apresentação de. uma especificação mínima que este deveria atender; ocorre, como já dito,
que no mercado via.de regra não se encontram produtos que atendam a estas especificações,
criando no mínimo uma situação insólita para o engenheiro responsável por determinada
obra: "não existe no local o produto desejado"! Como proceder então?
Na seqüência serão apresentados vários dos produtos fabricados com a matéria-prima
de cerâmica, suas características principais. utilizações, normas técnicas quando existirem,
e, alguns casos, procedimentos auxiliares para a seleção de produtos por comparação que,
na falta de conformidade dos produtos, pelo menos permitem urna avaliação técnica para o
julgamento em questão.
18.4.2. Materiais Cerâmicas Secos ao Ar
18.4.2.1. Resistência dás Argilas Secas ao Ar. A prática e os ensaios tecnoi6gicos
demonstraram que a resistência das argilas secas simplesmente ao ar depende da pro-
porção entre os diversos componentes, ou seja, da sua composição granulométríca; não
depende, pois, da quantidade de caulim somente. A argila que melhor resistência à
compressão apresenta é a que tem cerca de 60% de argilo-rninerais, ficando os 40%
restantes igualmente distribuídos entre silte, areia fina e areia média. As propriedades
são inversamente proporcionais ao grau de umidade usado na plastificação, o
também é verdadeiro para as argilas cozidas.
Adobe. Dos materiais cerârnicós secos ao sol, apenas o adobe e as argamassas de
têm alguma importância na construção. O adobe é argila simplesmente seca ao ar,
cozimento e usada em construções rústicas. Ele pode resistir a tensões de compressão
7 MPa, o que é um bom índice; mas tem o inconveniente de, ao receber água, tornar-
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MATERIAIS CER,6.fvllCOS I 543542 I MATERiAIS DE CONSTRUÇÃO
se novamente plástico. Por isso as paredes desse material devem ser revestidas por camada
isolante de umidade, para que tenham alguma duração.
Devido à alta resistência, a argila também é bastante empregada como argamassa de
assentamento de üjo1os. As vantagens e desvantagens são as mesmas citadas acima.
usual é o intermitente' nas pequenas olarias, e o fomo de Hoffrnann (ou variantes) nas
grandes olarias. A temperatura de cozirnento é da ordem de 900-1 OOO~
18.4-.3.2. Fabricação dos Tijolos Comuns. Os tijolos comuns são fabricados, geralmen-
te, pelos processos mais econômicos possíveis. O barro varia com ·0 produto que se quer
obter, mas não há, cornumente, necessidade de material de qualidade superior. A correção
da argila, quando feita, é mínima, porque acarretaria urna despesa maior. Procura-se
sempre barro sem carbonatos calcários, que aumentam a fusibilidade e fazem aparecer
gretas. O barro deve também ser limpo, sem muitos detritos orgânicos, que dão
dadeexcessiva. Gravetos e pedras, evidentemente, são detritos indesejáveis.
A moldagem é com pasta plástica consistente, em máquinas de fieira.
tualrnente podem ser feitos tijolos com rnoldagern manual, com pasta plástica.
A secagem é feita em grandes telheiros, que aproveitam o calor do forno. É comum.:
e aconselhável que esses telheiros sejam cercados por tábuas horizontais graduáveís,
lhantes a venezianas, para melhor controle da secagem.
O cozimento pode ser feito em qualquer dos tipos de fomos antes descritos, mas o
18.4.4. Tijolo Maciço de Barro Cozido. Também chamado de tijolo comum (ou tijolinho),
pode ser caracterizado corno um tijolo de baixo custo de fabricação (geralmente é moldado
manualmente em moldes de madeira, nas chamadas olarias) e normalmente utilizado em
alvenaria de vedação. Quando se deseja utilizã-lo com fins estruturais, ou em alvenarias
com o aparelho aparente (chamado de tijolo à vista, é fabricado manualmente mas com
mais esmero, ou mais modernamente em máquinas que imprimem certo esforço no barro
em fôrmas metálicas - chamado popularmente de maquinado), ele deve apresentar
características e desempenho condizentes, como: formato regular, arestas firmes e vivas,
absorção e resistência adequadas, logicamente um produto de melhor qualidade quando
comparado com o tijolo comum.
O ideal para a especificação de.um tijolo (ou outro produto qualquer), para determinada
utilização, é recomendar o atendimento às normas brasileiras. Ocorre que, via de regra, não
se encontram no mercado produtos de conformidade com as mesmas (leia também
bibliografia: 18.4, ·18.5, 18.7), mais por falta de exigência dos técnicos e consumidores e
menos por falta de condições de produzi-los, mas há que se dar um crédito e um certo
tempo para que os fabricantes se adequem a uma nova realidade.
No caso de se estar trabalhando com as especificações brasileiras, deve-se verificar se
as condições exigíveis para os produtos, nas normas correspondentes, estão satisfeitas; caso
não se encontrem produtos que atendam às exigências, devem ser reunidas todas as partes
interessadas no empreendimento (construção) e acordar outra especificação, para não
inviabilizar a continuidade dos serviços, e documentá-Ia por escrito, para não comprometer
a responsabilidade técnica do engenheiro. Por outro lado, porém, não se devem dispensar
procedimentos de avaliação que permitam selecionar um dentre os vários produtos
disponíveis no mercado.
Podem ser adotados, por exemplo, os seguintes procedimentos para a avaliação dos
tijolos maciços:
a - verificar se existe a marca do fabricante na peça. Uma visita ao local de fabricação
também pode fornecer informações importantes ligadas aos cuidados e controles que são
ou não utilizados pelo fabricante.
b - formato: regular ou não.
c - dimensões: dimensões médias, medidas individuais (amostra) e desvio relativo
obtido .. As dimensões médias indicam qual 0 produto que se enquadra na
especificação, qual o maior ou qual o menor, e, conseqüentemente, as dimensões que serão
usadas para determinar a quantidade de produtos a adquirir. O desvio relativo máximo irá
mostrar, dentre os produtos disponíveis.tquais os mais uniformes, influindo nas condições
. le aplicação, na qualidade final dos serviços e também no custo, pois poderá demandar
ou menos tempo, e também argamassa, para a execução de determinado serviço.
d - resistência: à observação da quantidade de peças quebradas no lote considerado
ser um indício do nível de resistência, pois os únicos esforços sofridos pelas peças até
são os ligados aos procedimentos de transporte. Pode-se, ainda, forçar o tijolo contra
quina viva (de uma mesa, por ex.), e comparar o esforço necessário para quebrá-Io
o exigido por outras peças.
18.4.3. Produtos Básicos de Cerâmica (Balxa Vltrlflcaçãc).
18.4.3.1. Produtos Cerâmicas Comuns. Os produtos de barro comum usados correntemente
na construção civil são os tijolos, as telhas e as tijoleiras.
Conforme a qualidade da argila empregada, resultarão diversas qualidades de
produtos. Eles vão desde os de baixa resistência (0,5 MPa) até os de alta resistência
(12 WiPa); vão desde os facilmente pulverizáveis até os de massa compacta. Por isso é
difícil estabelecer limites entre a cerâmica comum e a cerâmica de qualidade superior. O
construtor deve considerar primordialmente a procedência para ter certeza sobre a qua-
lidade. Sob esse título - cerâmica comum - serão vistos apenas os materiais de porosida-
de relativamente alta, superfícies ásperas, que foram fabricados apenas com pequena
prensagem.
No recebimento desses materiais deve-seter algum cuidado. Partidas recebidas em
obra com grande porcentagem de quebra indicam material fraco: não devem ser aceitas:
Ao se percutirem, as peças devem dar o som Iimpo característico do bom cozimento: o
som cavo indica peç.a crua, e o som muito agudo indica peça supercozida, o que nem
sempre é desejável.
A cor da peça pouco indica. Varia com a argila e o cozírnento. O barro calcário dá
cor amarela, o barro ferroso dá cor vermelha,e a existência de sulfato de cálcio clareia a
cor. Se o combustível usado no cozimento tiver muito oxigênio, a cor do material tenderá
ao vermelho, mas, se fOI redutor, rico em óxido de carbono, tenderá para o amarelo.
Note-se, todavia, que as cores desmaiadas ou miolos escuros indicam material cru, e cores
muito carregadas indicam excesso de vítríficação.
CürI10 esses materiais têm porosidade alta, apresentam grande absorção, e também a
sua duração, quando expostos, não alcança a dos materiais de alta prensagem.
e
MATERIAIS CERÂMICaS I 545544 / MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
e - exame da massa e da queima: as partes quebradas obtidas no teste de resistência
permitem o exame visual da fratura (seção transversal que se apresenta após a quebra),
onde se pode observar a presença de materiais indesejáveis (gravetos, pedras), vazios, e
ainda a uniformidade da queima (diferença de tonalidade da cor; por ex., miolo escuro é
sinal de peça malqueimada). Ainda com relação à queima, pode-se verificar a que nível
esta foi levada (se foi suficiente para transformar a argila em cerâmica ou não), molhando-
se a fratura e macerando-a (friccionando-a com os dedos, por ex.), e observando se ocorre
desagregação da massa, se chega a manchar os dedos, ou, em caso crítico, se a massa do
tijolo volta a ser uma pasta de barro, denotando então queima insuficiente.
f - absorção: pode-se comparar o tempo de absorção de urna determinada quantidade
de água (por ex., uma caneca de café), colocada na superfície, que receberá a argamassa de
assentamento.
Estes procedimentos podem ser aplicados na própria obra, ou no local de fornecimento
dos produtos, exigindo tão-somente urna trena graduada, ou um metro de pedreiro, lápis,
prancheta de mão e conhecimento técnico por parte do inspetor, permitindo pelo menos um
selecionamento com alguns critérios que não sejam somente o preço e condições de aquisição.
subitem 4.5 ~ Classificação:
4.5.1 - Tijolos comuns: São de uso corrente e podem ser classificados em A, B e C, conforme
sua resistência à compressão (ver 5.1.1). . •
4.5.2 - Tijolos especiais: Podem ser fabricados em formatos e especificações acordadas
entre as partes. Nos quesitos não-explicitados no acordo, devem prevalecer as condições
desta Norma. .
4.6 - Características visuais: Os tijolos não devem apresentar defeitos sistemáticos tais
como trincas, quebras, superfícies irregulares, deformações e desuniforrnidade na cor.
4.7 - Características geométricas:
4.7.1 - Formas e dimensões nominais em mm (conf. NBR 8041 e NBR 7170):
Comprimento Largura Altura
190
190
90
90
57
90
18.4.4. i. Normas Brasileiras Para o Tijolo Maciço Cerâmica. Apresenta-se na seqüência
um resumo das normas brasileiras indicadas para este produto, com os objetivos de cada
urna delas e alguns dados da especificação. Não obstante, lembramos ao leitor a importância
da leitura do texto completo das normas e sua correta interpretação.
4.7.3 - Tolerância de fabricação: As tolerâncias máximas de fabricação para os tijolos comuns
devem ser de 3 mrn para mais ou para menos, nas três dimensões.
No seu item 5 - Condições específicas:
subitem 5.1 - Características mecânicas:
5.1.1- Resistência à compressão: A resistência à compressão, mínima, dos tijolos deve ser
verificada conforme a NBR 6460 e atender aos valores indicados na Tabela 2 da NBR 7170,
conforme a categoria considerada (veja a seguir).
a - NBR 5711/fev/82 - Tijolo modular de barro cozido. - Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza os tijolos modulares de barro cozido a serem
empregados na construção coordenada modularmente.
b - NBR 6460/jun/83 - Tijolo maciço cerâmico para alvenaria - verificação da resistência
à compressão. - Método de ensaio -
Objetivo: Esta norma prescreve o método para verificação da resistência à compressão
em tijolos maciços cerâmicos para alvenaria, especificado na NBR 7170.
c - NBR 7170/jun/83 - Tijolo maciço cerâmica para alvenaria - Especificação-
Objetivo: Esta norma fixa as condições exigíveis no recebimento de tijolos maciços
de barro cozido destinados a obras de alvenaria, com ou sem revestimento.
d - NBR 8041/jun/83 - Tijolo maciço cerâmico para alvenaria - forma e dimensões.>-
Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza as dimensões de tijolos cerâmicas a serem utilizados
em alvenaria, com e sem revestimento.
Categoria Resistência à compressão (MPa)
A
B
C
1,5
2,5
4,0
Item 6 - Inspeção: Toda partida deve ser dividida em lotes, conforme 6.2 e 6.3
6.2 - Inspeção por medição direta: ...verificar em lotes não superiores a 10.000 tijolos.
6.3 - Inspeção por ensaio:' As condições específicas dos tijolos são verificadas por dupla
amostragem (I." e 2.') conf. Tabela 3. .
Como exemplo: para lotes constituídos de mais de 3.001 e menos de 35.000 tijolos, a
quantidade de amostras para ensaios deve ser de 13 peças para a 1.' arnostragern, e se
necessário mais 13 para a 2.a•
Para proceder à inspeção e à análise de aceitação e rejeição, consulte a NBR 7170.
Sobre a NBR 7170 - Especificação, ressaltamos o seguinte:
No seu item 4 - Condições gerais:
subitern 4.2 - Identificação: Deve trazer a identificação do fabricante sem que prejudique
seu uso.
subitern 4.3 - Fornecimento: Devem ser fornecidos em lotes ou sublotes identificáveis,
constituídos de tijolos de mesmo tipo e qualidade, essencialmente fabricados nas mesmas
condições.
das formas do tijolo maciço e dos blocos cerãmícos, conforme as normas
546/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
18.4.5. Bioco Cerâmico. Também chamado de tijolo baiano, é o bloco fabricado com
matéria-prima (barro) em uma linha de produção bem definida, com preparação da matéria-
prima em equipamentos como desagregadores, homogeneizadores e laminadores, consistindo'
em uma matéria-prima de qualidade superior à utilizada na fabricação dos tijolos comuns,
são moldados em marombas saindo da boquilha (matriz) em fieiras contínuas, onde são
cortados nos tamanhos desejados quanto ao seu comprimento. Ocorre que a variedade de
matrizes existentes no mercado é muito grande, e como conseqüência os tipos de blocos,
encontrando-se variações nas texturas das faces dos blocos, na quantidade e tipo de
na espessura das paredes e também nas dimensões, o que acaba limitando o domínio
profissional de engenharia sobre este tipo de produto.
Entretanto, da mesma forma como indicamos para o tijolo maciço (veja 18.4.4), o
ideal seria que a definição do tipo de bloco já acompanhasse os projetos (memorial descritivo
Bloco cerâmica com furos na horizontal
Tijolo Maciço
Bloco cerâmica com furos na vertical
MATERIAIS CERÂMICOS I 547
e especificações) de determinada obra, onde as características desejadas ali estariam
discriminadas, ou estaria indicada a norma brasileira que o produto deveria obedecer.
Resta de imediato o consolo de que os movimentos mundiais para a globalização da
economia, a busca da qualidade, da redução de desperdícios, a competitividade, enfim,
impulsionem os segmentos 'inter-relacionados na indústria da construção civil a atingirem
níveis de qualidade cada vez melhores, tanto para os produtos, como para os serviços. Neste
quadro, o consumidor comum também terá papel importante, na medida em que souber
diferenciar o bom do mau produto, ou serviço, dando a ele o justo valor.
,Considerando então a existência da especificação do produto de acordo com as normas
brasileiras, o engenheiro responsável pela obra deve solicitar ao proprietário a contratação
dos serviçosde uma empresa idônea de controle de qualidade de materiais de construção
civil, a qual realizará ensaios para 'a verificação do desempenho do produto considerado
tendo em conta as normas correspondentes.
Caso não se encontrem produtos que atendam aos requisitos, deve-se proceder
conforme indicado em 18.4.4. (parág. 3:), itens: (a), (b), (c), no item (d) a observação de
peças quebradas, no item (e) a observação da uniformidade da cor, relacionada com a
uniformidade da massa e da queima, e, finalmente, o teste sonoro, batendo contra o bloco e
escutando o som emitido, q'le deve ser um som firme, próximo do som metálico, para
indicar um bom cozimento.
18.4.5.1. Normas Brasileiras Para o Bloco Cerâmica. São apresentadas aqui as normas
brasileiras para este produto, com os objetivos de cada uma delas, e alguns dados da
especificação correspondente. Da mesma forma que no caso do tijolo, lembramos ao leitor
a importância da leitura do texto completo das normas e sua correta interpretação.
a - NBR 64611jun/83 - Bloco cerâmico para alvenaria"":' verificação da resistência à
compressão. - Método de ensaio -
Objetivo: Esta norma prescreve o método para verificação da resistência à compressão
em blocos cerâmicos para alvenaria.
'b - NBR 7171/nov/92 -·Bloco cerâmico para alvenaria, - Especificação _
Objetivo: Esta norma fixa as condições exigíveis no recebimento de blocos cerâmicas
serem utilizados em obras de alvenaria, com ou sem revestimento.
c - NBR 8042/nov/92 - Bloco cerâmico para alvenaria - formas e dimensões.
, Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza as formas e dimensões de blocos cerâmicas a serem
utilizados em alvenaria, com ou sem revestimento.
.d - NBR 8043/jun/83 - Bloco cerârnico portante para alvenaria -- determinação da área
líquida.
Objetivo: Esta norma prescreve o método para determinação da área líquida de blocos
portantes para alvenaria.
Sobre a NBR 7171-Especificação, ressaltamos o seguinte:
~.• -"'l~.:-.-"'. " " .-.--- ..---- -_.__ .. -
548/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
No seu item 3 - Definições:
3.2 - Dimensão nominal: Dimensão especificada para as arestas (veja Tabela 1 da NBR
7171 ).
3.3 - Dimensão real: Dimensão obtida para as arestas do bloco através da média das
dimensões de 24 blocos, conforme 4.7.2.
Item 4 - Condições gerais:
4.2 - Identificação: O bloco cerârnico deve trazer a identificação do fabricante, sem que
prejudique seu uso.
4.3 - Fornecimento: O bloco cerârnico deve ser fornecido em lotes constituídos de blocos
de mesmo tipo e qualidade, essencialmente fabricados nas mesmas condições.
4.5 + Classificação: Os blocos podem ser de vedação ou estruturais.
4.5.1 - Blocos devedação: São blocos que não têm a função de suportar outras cargas
verticais além da do seu peso próprio e pequenas cargas de ocupação. Podem ser classificados
em comuns e especiais.
4.5.1.1 - Blocos de vedação comuns: São blocos de uso corrente, de classe 10 (veja Tabela
3 da NBR 7171, a seguir).
4.5. i.2 - Blocos de veóação especiais:
4.5.1.2.1 Os blocos podem ser fabricados em dimensões especiais mediante contrato por
escrito entre produtor e consumidor, desde que respeitadas as demais especificações contidas
na NBR 7171.
4.5.1.2.2 No caso específico de blocos de vedação com largura inferior ao valor mínimo
de 90 mrn, estabelecido na Tabela 1, a resistência mínima à compressão fica estipulada em
2,5 MPa, e as demais dimensões do bloco, altura e comprimento não podem ser inferiores
aos valores definidos na Tabela 1 (NBR 7171).
4.5.2 - Blocos estruturais: São blocos projetados para suportarem outras cargas verticais
além da de seu peso próprio, compondo o arcabouço estrutural da edificação. Podem ser
classificados em comuns.e especiais.
4.5.2.1 - Blocos estruturais comuns: São blocos de uso corrente, classificados conforme
sua resistência à compressão definida em 5.3 (veja Tabela 3 da NBR 7l71, a seguir).
4.5.2.2 - Blocos estruturais especiais: Podem ser fabricados em formatos e dimensões
especiais acordados entre as partes. Nos quesitos não-explicitados no acordo, devem.
prevalecer as condições da NBR 7171 e da NBR 8042.
4.6 - Características visuais: Os blocos não devem apresentar defeitos sistemáticos, tais
como: trincas, quebras, superfícies irregulares ou deformações que impeçam seu emprego
na funçãoespecificada.
4.7 - Características geométricas
4.7.1 - Formas e dimensões: Os blocos de vedação e estruturais comuns devem possuir
forma de um paralelepípedo retângulo, sendo suas dimensões relacionadas às Figs. 1 e
(veja logo após o item 18.4.4.1. deste capítulo) indicadas na NBR 7171 e NBR 8042.
figuras são orientativas quanto ao número de furos dos blocos, e não normativas.
4.7.1.1 - Dimensões nominais: Recomendam-se para os blocos de vedação ou estruturais
comuns, conforme as Figs. 1 e 2, as dimensões nominais indicadas na Tabela 1 (veja
7171 ou NBR 8042).
A título de ilustração, as dimensões nominais do bloco Tipo (medidas connecicas ..
comercialmente) 10 X 20 X 25 (cm) são: 90 X 190 X 240 (mm).
MATERIAISCERÂMicas I 549
Nota: As paredes externas dos blocos devem ter espessura mínima de 7 mm.
4.7.1.2 - Dimensões reais: As dimensões reais dos blocos devem ser determinadas
empregando-se régua metálica ou trena metálica com graduação de 1 mrn, medindo-se 24
blocos, colocados lado a lado (veja Figs. 3 e 4, NBR 717r).
'4.7.3 - Determinação do desvio em relação ao esquadro: Deve-se rnedi-lo, empregando-se
um esquadro metálico de (90 0,5) e uma régua metálica com graduação de !mm (conforme
Fig. 5 da NBR 7171, a seguir).
Figura 5 - Desvio em relação ao esquadro
4.7.4 - Determinação da planeza das faces: deve-se determiná-Ia empregando-se réguas
metálicas com graduação de 1 rnm (conforme Fig. 6 da NBR 7171, a seguir).
~
Figura 6 - Planeza das faces
., Condições específicas.
Tolerâncias de fabricação: Devem ser as indicadas na Tabela 2 da NBR 7171, a seguir.
550 I MATER!J).IS DE CONSTRUÇÃO
Tabela 2
DImensão Tolerância (mm)
Largura (L)
Altura (H)
Comprimento (C)
Desvio em relação ao esquadro (D)
Flecha (F) .
:!::3
:':3
:!:: 3
3
5.3 - Resistência li compressão: A resistência à compressão mínima dos blocos de vedação
ou estruturais, relacionada à área bruta, deve atender aos valores indicados na Tabela 3 da
NBR 7171, a seguir.
Tabela 3
Classe Resistência à compressão na área bruta (MPa)
10
15
25
45
60
70
100
i,0
1,5
2.5
d,S
6,0
7,0
10,0
5.4 -Absorção de água: Não deve ser inferior a 8% nem superior a 25%.
6. Inspeção: Toda partida deve ser dividida em lotes de 30.000 blocos ou fração conforme
6.2 e 6.3.
6.1 - Inspeção geral: As exigências quanto às características visuais devem ser verificadas
no lote inteiro.
6.2 - Inspeção por medição direta: As exigências quanto às dimensões nominais (ver 4.7.1.1
da NBR 7171), quanto ao desvio em relação ao esquadro e à planeza dos blocos (ver 5:1),
devem ser verificadas por dupla amostragem, sendo o número de amostras o indicado na
Tabela 4 da NBR 7171 (a seguir).
Tabela 4
Lotes Amostras
1.000 a 30.000
Primeira
13
Segunda
13
6.3 - Inspeção por ensaio: Deve ser efetuada apenas após a aprovação do lote por medição
direta.
6.3.1 - A resistência à compressão e a absorção de água devem ser verificadas por dupla
amostragern, sendo o número de amostras o indicado na Tabela 4.
7 -Aceitação e rejeição: Para proceder à inspeção e à análise de aceitação e rejeição, consulte
'aNBR 7171.
•
MATERIAIS CERÂMiCOS /55í
18.4.6. Telha Cerâmica
18.4.6.1. Telhas Comuns. A fabricação das telhas comuns é feita quase pelo mesmo processo
empregado para os tijolos comuns. O barro deve ser mais fino e homogêneo, nem muito
gordo nem muito magro, a fim de ser impermeável sem grande deformação no cozimento.
A moldagem varia. Pode ser feita por extrusão, seguida de prensagem, ou diretamente
por prensagem. As prensas são geralmente rotativas, como a prensa-revólver.Esta é uma
prensa com mesa rotativa. A massa é colocada no molde, seguindo-se um giro da mesa. e,
então, a massa é comprimida; mais outro giro e a telha é retirada. Há um fluxo contínuo.
• A secagem deve ser mais lenta que os tijolos, para diminuir a deformação.
O cozimento é feito nos mesmos tipos de fornos.
18.4.6.2. Tipos de telhas. As telhas cerâmicas podem ser agrupadas em dois tipos, as de
encaixe e as de capa e canal.
As de encaixe apresentam em suas bordas. saliências e reentrâncias que permitem o
encaixe (acoplarnento) entre elas, quando da execução do telhado.
Dentre as telhas de encaixe encontramos a telha tipo francesa, a romana e a termoplan
(veja ilustração a seguir).
Telha cerâmica Tipo ROMANA - vista superior e vista inferior
Telha cerâmica tipo TERMOPLAN - vista superior e vista inferiu r
552/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
A francesa é conformada por prensagem; possui, além dos encaixes laterais, um ressalto
na face inferior para apoio na ripa e outro, denominado orelha de ararnar, que serve para
eventual fixação à ripa.
A romana é conformada também por prensagem, apresentando uma capa e um canal
interligados (na mesma peça).
A termoplan é fabricada por extrusão, apresenta furos ao longo de seu comprimento
que permitem a passagem do ar, com o intuito de melhorar o desempenho térmico da telha.
Destas três telhas, somente a francesa está normalizada pela ABNT, e aguarda-se para
breve a normalização das outras duas.
As principais características geométricas dessas telhas de encaixe são apresentadas
na Tabela 1 (extraída da publicação IPT 1781-ISBN 85-09-0042-5), a seguir.
Tabela 1
Tipo de Dimensões nominais (mm) Massa Galga*
telha Comprimento Largura Espessura média (g) (mm)
Francesa 400 240 14 2600 340
Romana 415 216 10 2600 360
Termoplan 450 214 26** 3200 380
(*) galga = espaçam~nlo entre eixos de duas ripas consecutivas.
(") tomadaameia-larguradatelha,considerando-sea parededupladatelhae a camadainternadear.
As telhas cerâmicas de capa e canal apresentam formato de meia-cana, fabricadas
pelo processo de prensagem, caracterizadas por peças côncavas (canais) que se apóiam
sobre as ripas do telhado e por peças convexas (capas) que por sua vez se apóiam nos
canais. Os canais apresentam um ressalto na face inferior, para apoio nas ripas, e as capas
geralmente possuem reentrâncias com a finalidade de permitir o perfeito acoplamento com
os canais; tanto as capas quanto os canais apresentam detalhes (encaixes, apoios etc.) que
visam impedir o deslizamento das capas em relação aos canais.
São três os tipos de telhas de capa e canal: a colonial, a paulista e a plano
A colonial é oriunda das primeiras telhas trazidas para o Brasil pelos portugueses, daí
o seu nome; apresenta um único tipo de peça destinada tanto para os canais como para as
capas (estas sem reentrâncias).
A paulista apresenta a capa com largura ligeiramente inferior à largura do canal, o que
confere ao telhado um efeito plástico bastante diferenciado daquele verificado com o uso da
colonial.
A plan apresenta as formas acentuadamente retas, o que confere ao telhado
características arquitetõnicas totalmente distintas daquelas observadas com o uso das telhas
curvas.
A existência de um grande número de telhas derivadas da colonial causou uma certa
desordenação no mercado, tal era o número de variedades com forma aproximadamente
idêntica e com dimensões às vezes acentuadamente diferenciadas; com a finalidade de
contribuir para o redisciplinamento desse mercado, a ABNT e o INMETRO decidiram
normalizar apenas os três tipos mais consagrados de telhas de capa e canal (colonial, paulista
e plan), estabelecendo ainda um único comprimento e uma única galga para essas telhas.
•
MATERIAIS CERÂMiCOS I 553
Esta medida confere inegavelmente vantagens tanto para os projetistas como para os
construtores e também para os consumidores, destacando-se a padronização ·da galga,
facilitando os projetos de telhados e os trabalhos de carpintaria e favorecendo a manutenção·
ou reparação dos telhados já executados.
Apresentam-se a seguir os formatos das telhas normatizadas:
encaixe de ajuste inferior
encaixe de ajuste
FIGURA 1 - Fo~ae indicaçãodaspartesdatelha"cracesuperior)
apoiopararipa (.,.., "-_._-,,.",":)1 <'S~ li i~"
,~~J~~~. (B!aUG;E~!
G~Z.,'-' ;!-~c c;Z,YJ3:~~"-:-
FIGURA 2 - Formae indicaçãodaspartesdatelha(faceinferior)
554/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
NBR 9599/1986
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MATERIAIS CERÂMICOS í 555
NBR 9599/1986
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FIGURA I - Canal de telha tipo plan
FIGURA 2 - Capa de telha tipo plan
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5561 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
13
NBR 9598/1986
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FIGURA.l - Canal de telha tipo paulista
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NBR 9698/1986
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FIGURA 2 - Capa de telha tipo paulista
MATERIAIS CERÂMICOS 1557
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Oa.
«
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Oao
:::Ju,
Uloo;::
zo
CL
<C
Uloo:::Ju,
Tipo de telha Ângulo de inclinação (i) Declividade (d)
As principais características geométricas das telhas de capa e canal são apresentadas
na Tabela 2 (extraída da bibliografia 18.9), a seguir.
Tabela 2
Tipo de Comprimento Largura (mm) Altura (mm) Massa Galga
telha (mm) maior menor maior menor Espessura (g) (mm)
.Colonial 460 180 140 75 55 13 2.250 400
NBR 9600/1986 _R:;" Paulista/capa 460 160 120 70 70 13 2.000 400
Paulista/canal 460 180 140 70 55 13 2.150 400
E Plan/capa 460, . 160 120 60 60 13 2.290 400
E Planlcanal 460 180 140 45 45 13 2.280 400E
'"
.
558/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MATERIAIS CERÂMiCaS / 559
Desta forina, a quantidade de telhas por metro quadrado de telhado apresenta os
seguintes valores: francesa = 15 peças, romana = 16 peças, termoplan = 15 peças, colonial
= 24 peças, paulista = 26 peças, e plan = 26 peças.
Outro dado importante para se garantir a estanqueidade à água dos telhados e a
indeslocabilidade das telhas é o ângulo de inclinação (i) ou a declividade (d) dos telhados;
na Tabela 4 (extraída da bibliografia 18.9) são apresentados os valores recomendados.
§
,,,,
I,,,-,
"
,
I,,
I
Francesa
Romana e termoplan
. Colonial e paulista
Plan
18sis22
17sis25
II si s·14
llSiS17
32% s d s 40%
30% s d s 45%
20% s d s 25%
20% s d s 30%
Nota: As declividades indicadas podem ser superadas, devendo-se nesse caso promover a
amarração das telhas à estrutura do telhado; tal amarração deve ser feita com arames
resistentes à corrosão (latão, cobre etc.), devendo então as telhas apresentar furacão na
"orelha de aram ar" ou em pontos apropriados; nas telhas de capa e canal, adicionalmente à
"amarreção dos canais, deve-se proceder ao emboçamento de algumas capas.
FIGURA I - Telha tipo colonial
Normas Brasileiras Para as Telhas Cerâmicas. Apresenta-se na seqüência um
resumo das normas brasileiras indicadas para este produto, com os objetivos de cada uma
; delas e alguns dados da especificação. Entretanto, lembramos ao leitor a importância da
leitura do texto completo das normas e sua COrreta interpretação .
. - NBR 8038/mar/87 - Telha cerâmica tipo francesa - forma e dimensões. -
Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza a fôrma e as dimensões, com as respectivas tolerâncias,
telha cerâmica tipo francesa, para coberturas de edificações em geral, conforme
especificado na NBR 7172.~~.íL --~-_ _---------------:-------------_""'''''''''';;:'''''''''''~
I'~J';)í",
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560/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
MATERIAIS CERÃMICOS /56í
b-NBR 9598/setl86 - Telha cerâmica de capa e canal tipo paulista - dimensões._
Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza a forma e as dimensões, com respectivas tolerâncias,
de telha cerâmica de capa e canal tipo paulista, para coberturas de edifícações em geral,
conforme especificado na NBR 9601.
c-NBR 9599/set/86 - Telha cerâmica de capa e cana! tipo plana - dimensões. _
Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza a forma e as dimensões, com respectivas tolerâncias,
de telha cerâmica de capa e canal tipo plan, para coberturas de edificações em geral, conforme
especificado na NBR 9601.
d-NBR 9600/set/86 - Telha cerâmica de capa e canal tipo colonial- dimensões. _
Padronização -
Objetivo: Esta norma padroniza a forma e as dimensões, com respectivas tolerâncias,
de telha cerâmica de capa e.canal tipo colonial, para coberturas de edificações em geral,
conforme especificado na NBR 9601.
e-NBR 9601fsetl86 - Telha cerâmica de capa e canal. - Especificação-
Objetivo: Estanorrna fixa as condições exigíveis para a aceitação de telhas' cerâmicas
de capa e canal destinadas à execução de telhados de edificações e abrange os tipos-plan,
colonial e paulista.
f-NBR 7172/mar/87 - Telha cerâmica tipo francesa. - Especificação-
Objetivo: Esta norma fixa as condições exigíveis para a aceitação de telhas cerâmicas
tipo francesa, destinadas à execução de telhados de edificações.
g-NBR 6462ímar/87 - Telha cerâmica tipo francesa - determinação da carga de ruptura à .
flexão, - Método de ensaio -
Objetivo: Esta norma prescreve o método para determinação da carga de ruptura à
flexão em telha cerâmica tipo francesa.
h-NBR 8947/jul/85 - Telha cerâmica - determinação da massa e da absorção de água.-
Método de ensaio -
Objetivo: Esta norma prescreve o método de determinação da massa e da absorção de
água em telhas cerâmicas.
i-NBR 8948/jul/85 - Telha cerâmica - verificação da impermeabilidade. - Método de
ensaio -
Objetivo: Esta norma prescreve o método para a verificação da impermeabilidade ejTI
telhas cerâmicas.
j-NBR 9602/setf86 - Telha cerâmica de capa e cana! - determinação da carga de ruptura
flexão. - Método de ensaio -
Objetivo: Esta norma prescreve o método para determinação da carga de ruptura
flexão em telha cerâmica de capa e canal, englobando os tipos plan, colonial e
conforme especificado na NBR 9601.
Deflexão ou torção apresentada por uma capa ou um canal, em relação a um plano que
tangencia suas arestas longitudinais, conforme ilustrado na figura seguinte.
empenamento
4 12----r
EMPENAMENTO
(DEFLEXÃO)
EMPENAMENTO
(TORÇÃO)
FIGURA - empenamenio em telha de capa e canal
Sobre as normas de especificação ressaltamos o seguinte:
Na NBR 960l-Especificação de telhas de capa e canal (os três tipos), temos no seu
3.5-Empenamento:
item 3-Definições temos:
~,:.~.o-.csioliação:Defeito que se manifesta na forma de escamação e/ou desagregação da
cerâmica em partes da telha.
.7:-Fissura:Abertura q)le atravessa total ou parcialmente o corpo da telha, na direção da
'espessura.
arba: Sobra de material presente nos bordos de uma capa ou de um canal,
prejudicando o encaixe entre as peças.
item 4-Condições gerais temos:
: A telha deve trazer na face inferior, gravadas em alto ou baixo-relevo, a
'do fabricante e a cidade de sua fabricação.
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562/ MATERlAIS DE CONSTRUÇÃO
4.4-Aspecto visual: A telhanão deve apresentar defeitos sistemáticos, tais como fissuras na
superfície que resultar exposta às intempéries, esfoliações, quebras e rebarbas.
4.5-Característica sonora: A telha deve apresentar um som semelhante ao som metálico
quando suspensa por uma extremidade e devidamente percutida (veja ilustração a seguir).
~'I
T ril
,111
,I,
:11
L
5-Condições específicas:
5.l-Massa: A massa máxima da telha seca, determinada de acordo com a NBR 8947, não
deve exceder os seguintes valores: 2.700 g (colonial), 2.750 g (plan) e 2.650 g (paulista).
5.2-Absorção: A absorção de água da telha, determinada de acordo com a NBR 8947, não
deve ser superior a 20%.
5.3-Impermeabilidade: Quando submetida ao ensaio para verificação da irnpermeabilidade
(NBR 8948), a telha não deve apresentar vazamentos ou formação de gotas em sua face
inferior, sendo porém tolerado o aparecimento de manchas de umidade.
5.4-Carga de ruptura à flexão: Determinada de acordo com a NBR 9602, não deve ser
inferior a 1.000 N (100 kgf).
6-Inspeção:
6. l-Constituição dos lotes: Toda partida deve ser dividida em lotes de 60.000 telhas, sendo
30.000 de cada (capa e canal); ...
6.2-Inspeção geral:
6.2.2-A fim de facilitar a inspeção geral, pode-se transformá-Ia em dupla amostragem,
sendo cada amostra constituída por 50 telhas (25 capas e 25 canais) extraídas aleatoriamente.
de cada um dos lotes constituídos de acordo com 6.1 (NBR 9601).
6.3-Inspeção por ensaios:
A inspeção aplica-se a partidas constituídas por 30.000 ou mais telhas e é feita por dupla
amostragem, sendo os lotes constituídos de acordo com o disposto em 6.1 da NBR 9601.
Por exemplo: para a I." amostra devem ser amostradas 6 telhas (3 capas e 3 canais) para as
seguintes verificações: dimensões, empenamento, massa e absorção de água; e 6 telhas
(idem) para: impermeabilidade e carga de ruptura à flexão.
Para proceder à inspeção e à anáiise de aceitação e rejeição, consulte a NBR 9601.
Na NBR 7172-Especificação de telha francesa, ressaltamos o seguinte:
MATERIAIS CERÃiVlICOS 1563
No seu item 5-Condições específicas:
5.I-Massa: A massa da telha seca não deve ser superior a 3,0 kg.
5.4-Carga de ruptura à f1exão: Não deve ser inferior a 700N (70 kgf).
6-Inspeção:
Para proceder à inspeção e à análise de aceitação e rejeição, consulte a NBR 7172.
18.4.7. Telhas eTijolos Aparentes
18.4.7.1. Caracterização. As telhas e tijolos aparentes são produtos de melhor quali-
dade, usados nos casos em que se deseje boa aparência, uniformidade na cor ele. Por isso
são feitos com mais cuidado, procurando-se dar maior resistência à abrasão, uniformidade
de tamanho etc. O processo usual de rnoldagem é a prensagem, tanto maior quanto
melhor se deseja o material. Geralmente apresentam um grau de vitrificação mais elevado.
Os tijolos desse tipo não se prestam para o revestimento, porque a aderência é muito
'pequena Se forem revestidos, deverão ter ranhuras nas superfícies.
A pasta deve ser de argila gorda, que é mais plástica. A correção da pasta é feita com
o pó obtido da mace ração de peças refugadas, peneirado. A moldagem é feita em prensas
potentes; quanto maior a prensagem, menos porosa será a peça. Muitas vezes o cozimento
é feito em duas passagens pelo forno.
Durante a fabricação, muitas peças são refugadas, porque a grande vitrificação leva
facilmente a deformações, o que causa o encarecimento Como se trata de material de
melhor qualidade, são separados em lotes, conforme a tonalidade e tamanho, os quais
variam muito sob a ação do cozirnento. Apresentam dilatação térmica muito pequena.
A absorção das peças prensadas não deve ir, usualmente, acima de lO-i5%. Em
conseqüência, não recebem bem o reboco. É bastante conhecido o fato de que os ladri-
lhos de cerâmica prensada, que são deste tipo de material, se soltam facilmente dos pisos
quando têm poucas garras na face inferior.
Peças coloridas são fabricadas normalmente. É condição indispensável que o corante
seja mineral. Atualmente há cerâmica nas cores vermelha, amarela, preta, pérola e verde.
18.4.7.2.' Tipos. Há grande variedade de .tijolos e telhas prensados (Fig. 18.20).
Os tijolos são fabricados nas mesmas medidas dadas para os tijolos comuns, e em
muitas variedades de tamanhos e formas, algumas especiais para arremates. Devido à
írnpermeabilidade, quando prensados mas destinados a receber reboco, os tijolos devem
ter ranhuras superficiais.
Ç-Ir1
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Fig. 18.20
564/ MATERIAiS' DE CONSTRUÇÃO
As telhas de cerâmica prensada são muito superiores

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