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COMO FUNCIONAM AS COOPERATIVAS?
Júlio César Zanluca
As Sociedades Cooperativas estão reguladas pela Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das Cooperativas.
Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, economicamente organizada de forma democrática, isto é, contando com a participação livre de todos e respeitando direitos e deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE COOPERATIVA 
A sociedade cooperativa apresenta os seguintes traços característicos: 
1)                  É uma sociedade de pessoas.
2)                  O objetivo principal é a prestação de serviços.
3)                  Pode ter um número ilimitado de cooperados.
4)                  O controle é democrático: uma pessoa = um voto.
5)                  Nas assembléias, o “quorum” é baseado no número de cooperados.
6)                  Não é permitida a transferência das quotas-parte a terceiros, estranhos à sociedade, ainda que por herança.
7)                  Retorno proporcional ao valor das operações.
8)                  Não está sujeita à falência.
9)                  Constitui-se por intermédio da assembleia dos fundadores ou por instrumento público, e seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial e publicados.
10)              Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado o uso da expressão “banco”.
11)              Neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial.
12)              Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.
Saliente-se que a cooperativa existe com o intuito de prestar serviços a seus associados, de tal forma que possibilite o exercício de uma atividade comum econômica, sem que tenha ela fito de lucro.
FORMAÇÃO DO QUADRO SOCIAL E ASSOCIADOS 
O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados pela mesma, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no estatuto (art. 29 da Lei 5.764/71).
CAPITAL SOCIAL 
O capital social será fixado em estatuto e dividido em quotas-parte que serão integralizadas pelos associados, observado o seguinte: 
a)         o valor das quotas-parte não poderá ser superior ao salário mínimo; 
b)         o valor do capital é variável e pode ser constituído com bens e serviços; 
c)         nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do total das quotas-parte, salvo nas sociedades em que a subscrição deva ser diretamente proporcional ao movimento financeiro do cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem comercializados, beneficiados ou transformados ou ainda, no caso de pessoas jurídicas de direito público nas cooperativas de eletrificação, irrigação e telecomunicação; 
d)         as quotas-parte não podem ser transferidas a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança.
DENOMINAÇÃO SOCIAL 
Neste tipo societário será sempre obrigatória a adoção da expressão “Cooperativa” na denominação, sendo vedada a utilização da expressão “Banco”.
ADMINISTRAÇÃO 
A sociedade cooperativa será administrada por uma diretoria ou conselho de administração ou ainda outros órgãos necessários à administração previstos no estatuto, composto exclusivamente de associados eleitos pela assembleia geral, com mandato nunca superior a quatro anos sendo obrigatória a renovação de, no mínimo, 1/3 do conselho de administração.
FORMA CONSTITUTIVA 
A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da assembleia geral dos fundadores, constantes da respectiva ata ou por instrumento público.
OBRIGATORIEDADE DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
A NBC T 10.8, em seu item 10.8.2.1, estipula que a escrituração contábil é obrigatória, para qualquer tipo de cooperativa. Portanto, mesmo uma pequena cooperativa (por exemplo, uma cooperativa de pescadores), deve escriturar seu movimento econômico e financeiro.
COOPERATIVA DE TRABALHO
Considera-se Cooperativa de Trabalho a sociedade constituída por trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de trabalho. 
A regulamentação das referidas cooperativas é determinada pela Lei 12.690/2012.
 COOPERATIVAS SOCIAIS 
A Lei 9.867/1999 dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, constituídas com a finalidade de inserir as pessoas em desvantagem no mercado econômico, por meio do trabalho, fundamentadas no interesse geral da comunidade em promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos.
COOPERATIVAS DE CRÉDITO 
As cooperativas de crédito têm por objetivo fomentar as atividades do cooperado via assistência creditícia. É ato próprio de uma cooperativa de crédito a captação de recursos, a realização de empréstimos aos cooperados bem como a efetivação de aplicações financeiras no mercado, o que propicia melhores condições de financiamento aos associados.
TRIBUTAÇÃO
IRPJ
Os resultados (sobras) decorrentes dos atos cooperativos não são tributáveis pelo IRPJ, conforme Lei 5.764/71, art. 3.
DIPJ – DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÔMICO-FISCAIS DA PESSOA JURÍDICA 
A cooperativa, assim como as demais pessoas jurídicas, é obrigada á entrega da DIPJ anual. O fato de operar somente com operações cooperativadas (não tributáveis pelo Imposto de Renda) não a desobriga de apresentar a declaração respectiva.
SOCIEDADES COOPERATIVAS DE CONSUMO – TRIBUTAÇÃO INTEGRAL DOS RESULTADOS 
As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e fornecimento de bens aos consumidores, sujeitam-se, a partir de 1998, às mesmas normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais pessoas jurídicas, mesmo que suas vendas sejam efetuadas integralmente a associados (art. 69 da Lei 9.532/97).
COOPERATIVAS DE CRÉDITO – OPÇÃO OBRIGATÓRIA PELO LUCRO REAL 
As cooperativas de crédito, cuja atividade está sob controle do Banco Central do Brasil, são obrigatoriamente tributadas pelo lucro real, conforme Lei 9.718/98, art. 14.
CSLL
A partir de 01.01.2005, as sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
ICMS
Havendo circulação de mercadorias ou prestação de serviços tributáveis, a cooperativa estará sujeita ao ICMS, de acordo com a legislação estadual em que efetuar as operações.
IPI
A cooperativa é considerada estabelecimento industrial quando executa qualquer das operações consideradas como industrialização. Neste caso, deverá recolher o IPI correspondente á alíquota aplicável a seus produtos, dentro dos moldes exigidos pelo Regulamento respectivo.
ISS
A Cooperativa será contribuinte do ISS somente se prestar a terceiros serviços tributados pelo referido imposto.  
A prestação de serviços a cooperados não caracteriza operação tributável pelo ISS, já que, expressamente, a Lei 5.764/71, em seu artigo 79, especifica que os atos cooperativos não implicam operação de mercado, nem contrato de compra e venda.
PIS
As cooperativas deverão pagar o PIS de duas formas: 
1)      SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO, mediante a aplicação de alíquota de 1% sobre a folha de pagamento mensal de seus empregados. 
2)      SOBRE A RECEITA BRUTA, a partir de 01.11.1999 (data fixada pelo Ato Declaratório SRF 88/99), com exclusões da base de cálculo previstas pela Medida Provisória 2.113-27/2001, art. 15.
COFINS 
Ficou revogada a isenção da COFINS, prevista na Lei Complementar 70/91, para as cooperativas. 
Portanto, a partir de 01.11.1999 (data fixada pelo Ato Declaratório SRF 88/99), as cooperativas deverão recolher a COFINS sobre a receita bruta.
PIS E COFINS NÃO CUMULATIVO
Observe que, para as cooperativas de produção agropecuária e as de consumo, estasestarão sujeitas ao PIS e à COFINS não cumulativa (Leis 10.637/2002 e 10.833/2003).
DCTF – ENTREGA PELA COOPERATIVA 
As cooperativas, mesmo não tendo incidência de Imposto de Renda sobre suas atividades econômicas, estão sujeitas à apresentação da DCTF.
Veja maiores detalhamentos sobre a tributação das cooperativas nos seguintes tópicos do Guia Tributário On Line:
Sociedades Cooperativa s
	634
	O que são sociedades cooperativas?
As sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei n o 5.764, de 1971 que definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas.
São sociedades de pessoas de natureza civil, com forma jurídica própria, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados e que se distinguem das demais sociedades pelas seguintes características (Lei n o 5.764, de 1971, art. 4 o ):
adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
variabilidade do capital social, representado por cotas-partes;
limitação do número de cotas-partes para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade;
inacessibilidade das quotas partes do capital à terceiros, estranhos à sociedade;
retorno das sobras liquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da assembléia geral;
quorum para o funcionamento e deliberação da assembléia geral baseado no número de associados e não no capital;
indivisibilidade do fundos de reserva e de assistência técnica educacional e social;
neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, ao empregados da cooperativa;
área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.
NOTAS:
A sociedade cooperativa deverá também (Princípios Cooperativos):
ser constituída pelo número mínimo de associados, conforme previsto no art. 6 o da Lei n o 5.764, de 1971 (v. pergunta 635), ressaltando-se que as cooperativas singulares não podem ser constituídas exclusivamente por pessoas jurídicas, nem, tampouco, por pessoa jurídica com fins lucrativos ou com objeto diverso das atividades econômicas da pessoa física;
não distribuir qualquer espécie de benefício às quotas-partes do capital ou estabelecer outras vantagens ou privilégios, financeiros ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros, excetuados os juros até o máximo de doze por cento ao ano atribuídos ao capital integralizado (Lei n o 5.764, de 1971, art. 24, § 3 o , e RIR/1999, art. 182, § 1 o );
permitir o livre ingresso a todos os que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade, exceto aos comerciantes e empresários que operam no mesmo campo econômico da sociedade, cujo ingresso é vedado (Lei n o 5.764, de 1971, art. 29 e §§);
permitir a cada associado, nas assembléias gerais, o direito a um voto, qualquer que seja o número de suas quotas-partes (Lei n o5.764, de 1971, art. 42).
	635
	Como se classificam as sociedades cooperativas?
Nos termos do art. 6 o da Lei n o 5.764, de 1971, as sociedades cooperativas são consideradas:
singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos;
cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais;
confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades.
NOTA:
As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados (Lei n º 5.764, de 1971, art. 7 o );
	636
	Quais os objetivos sociais de uma sociedade cooperativa?
Estas sociedades poderão, com o fim de viabilizar a atividade de seus associados, adotar qualquer objeto, respeitadas as limitações legais no sentido de não exercerem atividades ilícitas ou proibidas em lei.
Os objetivos sociais mais utilizados em sociedades cooperativas são: cooperativas de produtores; cooperativas de consumo; cooperativas de crédito; cooperativas de trabalho; cooperativas habitacionais; cooperativas sociais.
	637
	Qualquer pessoa jurídica poderá ingressar nas sociedades cooperativas?
Não. Somente excepcionalmente é permitida a admissão de pessoas jurídicas como associadas de cooperativas.
Para ingressar em uma cooperativa, a pessoa jurídica deverá ter por objeto as mesmas atividades econômicas que os demais associados pessoas físicas (ou atividades correlatas).
São também admitidas nas cooperativas as pessoas jurídicas sem fins lucrativos (Lei n o 5.764, de 1971, art. 6 o , inciso I).
	638
	Quais as pessoas jurídicas que têm seu ingresso permitido nas sociedades cooperativas?
Em situações específicas é possível o ingresso de pessoa jurídica nas sociedades cooperativas de pescas e nas cooperativas constituídas por produtores rurais ou extrativistas que pratique as mesmas atividades econômicas das pessoas físicas associadas.
Exemplo :
As microempresas rurais, os clubes de jovens rurais e os consórcios e condomínios agropecuários que praticarem agricultura, pecuária ou extração, desde que não operem no mesmo campo econômico das cooperativas.
Ressalte-se que nas cooperativas de eletrificação, irrigação e telecomunicações, poderão ingressar as pessoas jurídicas que se localizem na respectiva área de operações (Lei n o 5.764, de 1971, art. 29, §§ 2 o e 3 o ).
	639
	Quais as formalidades exigidas para se constituir uma sociedade cooperativa?
As formalidades de constituição não diferem, quanto aos procedimentos, daqueles que se adotam para outros tipos de pessoas jurídicas.
A constituição será deliberada por assembléia geral dos fundadores, que se instrumentalizará por intermédio de uma ata (instrumento particular) ou por escritura pública, neste caso lavrada em Cartório de Notas ou Documentos.
Na prática, as sociedades cooperativas são constituídas por ata da assembléia geral de constituição, transcritas no "livro de atas" que, depois da ata de fundação, servirá como livro de atas das demais assembléias gerais convocadas pela sociedade (Lei n o5.764, de 1971, arts. 14 e 15).
	640
	As sociedades cooperativas dependem de autorização para funcionamento?
Não. Dispõe o art. 5 o , inciso XVIII, da Constituição Federal, que a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
	641
	Quais são os livros comerciais e fiscais exigidos das Sociedades Cooperativas?
Estando as sociedades cooperativas sujeitas à tributação pelo IRPJ quando auferirem resultados positivos em atos não cooperativos (RIR/1999, art. 182) e, devendo destacar em sua escrituração contábil as receitas, os custos, despesas e encargos relativos a esses atos - operações realizadas com não associados, conclui-se que, nestes casos, as cooperativas deverão possuir todos os livros contábeis e fiscais exigidos das outras pessoas jurídicas.
Além disso, em conformidade com o art. 22 da Lei n o 5.764, de 1971, a sociedade cooperativa também deverá possuir os seguintes livros: a) Matrícula; b) Atas das Assembléias Gerais; c) Atas dos Órgãos de Administração; d) Atas do Conselho Fiscal; e) Presença do Associados nas Assembléias Gerais.
	642
	Como será formado o capital social da sociedade cooperativa?
Dispõe o art. 24, da Lei n o 5.764, de 1971, que o capital social será subdividido em quotas-partes e subscrição pode ser proporcional ao movimento de cada sócio.
Para a formação do capital social poder-se-á estipular que o pagamento das quotas-partes seja realizado mediante prestações periódicas, independentementede chamada, em moeda corrente nacional ou bens.
A legislação cooperativista prevê que a integralização das quotas-partes e o aumento do capital social poderão ser feitos com bens avaliados previamente e após homologação em Assembléia Geral ou mediante retenção de determinado porcentagem do valor do movimento financeiro de cada sócio.
Por outro lado, o art. 1.094 do novo Código Civil estabelece que capital social, será variável, a medida do ingresso e da retirada dos sócios, independentemente de qualquer formalidade homologatória, ou seja, basta que o interessado em associar-se se apresente, comprove sua afinidade ao escopo da sociedade cooperativa e comprometa-se a pagar o valor das quotas-partes que subscrever, nas condições que lhe forem oferecidas.
Na saída, é suficiente que se apresente como retirante e receba o valor de suas quotas e o que mais tiver de direito, consoante às regras vigentes na entidade.
O Código Civil traz como novidade a dispensa da sociedade cooperativa de formar o capital social inicial com quotas-partes dos sócios, ou seja, o início da atividade econômica da sociedade poderá ocorrer sem lhe seja oferecido qualquer recurso inicial.
	643
	As quotas-partes subscritas e integralizadas na sociedade cooperativa são transferíveis?
O Código Civil determina, inovando, que as quotas são intransferíveis a terceiros estranhos à sociedade cooperativa, ainda que por herança.
A transferência é possível ao herdeiro se este for também associado, visto que a operação de transferência entre associados é permitida (Código Civil – Lei n o 10.406, de 2002, art. 1.094, IV).
	644
	O que são atos cooperativos?
Denominam-se atos cooperativos aqueles praticados entre a cooperativa e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para consecução dos objetivos sociais, nos termos do art. 79 da Lei n o 5.764, de 1971.
O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria.
Assim, podemos citar como exemplos de atos cooperativos, dentre outros, os seguintes:
a entrega de produtos dos associados à cooperativa, para comercialização, bem como os repasses efetuados pela cooperativa a eles, decorrentes dessa comercialização, nas cooperativas de produção agropecuárias;
o fornecimento de bens e mercadorias a associados, desde que vinculadas à atividade econômica do associado e que sejam objeto da cooperativa nas cooperativas de produção agropecuárias;
as operações de beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado nas cooperativas de produção agropecuárias;
atos de cessão ou usos de casas, nas cooperativas de habitação;
fornecimento de créditos aos associados das cooperativas de crédito.
	645
	O que são atos não cooperativos?
Os atos não-cooperativos são aqueles que importam em operação com terceiros não associados. São exemplos, dentre outros, os seguintes (Lei n o 5.764, de 1971, arts. 85, 86, e 88):
a comercialização ou industrialização, pelas cooperativas agropecuárias ou de pesca, de produtos adquiridos de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais;
de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos sociais;
de participação em sociedades não cooperativas, públicas ou privadas, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares;
as aplicações financeiras;
a contratação de bens e serviços de terceiros não associados.
	646
	Como deverão ser contabilizadas as operações realizadas com não associados?
O art. 87 da Lei n o 5.764, de 1971 estabelece que as sociedades cooperativas devem contabilizar em separado os resultados das operações com não associados, de forma a permitir o cálculo de tributos. No mesmo sentido, dispõe o PN CST n o 73, de 1975 e o PN CST n o 38, de 1980.
Outrossim, a MP n o 2.158-35, de 2001, em seu art. 15, § 2 o , dispõe que os valores excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS, relativos às operações com os associados, deverão ser contabilizados destacadamente, pela cooperativa, devendo tais operações ser comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com identificação do adquirente, de seu valor, da espécie de bem ou mercadoria e das quantidades vendidas.
PRIMEIRA PARTE As Formas Primitivas da Cooperação
O espírito de cooperações e solidariedade é profundamente humano, tão antigo como o da luta pela vida e vamos encontra-lo nas sociedades mais primitivas. Segundo Charles Gide, estudioso do cooperativismo, a origem da cooperação está na própria origem da humanidade, no seu modo de ser, de viver e de agir diante das necessidades vitais. A ajuda mútua e a cooperação também são encontradas nas formas de organização do trabalho coletivo e no domínio da Cida econômica. Em todas as épocas de vida da humanidade encontram-se exemplos de trabalho e economia coletiva que se aproxima às atuais cooperativas.
•No povo romano encontram-se as origens das formas de economia coletiva. Conserva-se até hoje a posse ou a utilização para todos os habitantes, da pastagem comunal, da floresta comunal e da criação em comum de gado;
•Os babilônios formaram organizações semelhantes às nossas associações de arrendamento de terras.
•Em todos os povos germânicos, a vida agrária se desenvolver desde os primórdios sobre bases cooperativas. Até os tempos modernos foram mantidas associações que datam da antiguidade, cujo fim era a realização de certos objetivos comuns, como por exemplo: associações de drenagem, de irrigação, de diques, de serrarias. Através da história dos povos, os homens, que são seres eminentemente gregários, sentiram a necessidade da cooperação para melhor poderem assegurar a sua sobrevivência, prover a sua prosperidade e conquistar os seus objetivos.
As Origens do Cooperativismo Moderno
As origens históricas do cooperativismo moderno têm como referência a sociedade inglesa do século XIX, que vivia o impacto das transformações no mundo do trabalho, em decorrência da Revolução Industrial. O advento da ERA DAS MÁQUINAS modifica profundamente as relações de produção e a conseqüente necessidade de divisão do trabalho. A economia, que desde a Idade Média era exercida por corporações profissionais, nas quais o artesão exercia sua atividade em casa ou numa dependência anexa, passou por uma mudança radical. Em que as corporações perderam seu lugar a favor do sistema capitalista de produção. No século XIX a mecanização no setor têxtil sofre impulso extraordinário na Inglaterra, com o aparecimento da máquina a vapor, aumentando a produção de tecidos em grande escala. Estradas são construídas, surgem as ferrovias e se desenvolvem outros setores, como o metalúrgico. Novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade substituem o carvão. Com o avanço da industrialização e urbanização, muitas famílias que desenvolviam o trabalho de forma artesanal nas antigas corporações e manufaturas, se viam obrigadas a vender força de trabalho, em troca de salário para sobreviver.
O resplendor do progresso instaurado no século XIX não oculta os graves problemas sociais, enfrentados pela classe trabalhadora, com a exploração do trabalho e das condições subumanas de vida:
•Extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas;
•Condições insalubres de trabalho;
•Arregimentação de crianças e mulheres como mão-de-obra mais barata;
•Trabalho mal remunerado. A mecanização da indústria, ao mesmo tempo em que fazia surgir a classe assalariada promovia o desemprego em massa, conseqüentemente, a miséria coletiva e os desajustes sociais. A intranqüilidade social tornou-se campo fértil para a formação das mais variadas oposições ao liberalismo econômico. Surgiram as primeiras organizações dos trabalhadores (sindicatos, associações de operários, cooperativas de ajuda mútua, comitês de fábrica) desencadeando movimentos de reivindicação e reclamando por uma mudança social,econômica e política. Estas iniciativas configuravam-se como uma possibilidade de transformação do contexto de deterioração generalizada da classe trabalhadora. Foram as primeiras expressões de denúncia, de autodefesa e de sobrevivência diante da condição social em que viviam. É neste contexto que nasceu o embrião do cooperativismo moderno. Representou, sobretudo, a organização dos trabalhadores para fazer frente às conseqüências sociais e econômicas do capitalismo do século XIX.
Os Precursores do Cooperativismo
As primeiras idéias cooperativistas surgiram, sobretudo, na corrente liberal dos socialistas utópicos do século XIX e nas experiências que marcaram a primeira metade do século X. Generalizava-se, nessa época, grande entusiasmo pela tradição de liberdade e, ao mesmo tempo, o ambiente intelectual dos socialistas estava impregnado de ideal de justiça e fraternidade. Foi nesse quadro intelectual, somado à realidade constituída pelo sofrimento da classe trabalhadora, que se criou o contexto propício ao aparecimento das cooperativas: nasceram da necessidade e do desejo da classe trabalhadora em superar a miséria pelos seus próprios meios (ajuda mútua). Estes pensadores surgiram na Inglaterra e na França, isto é, nos países pioneiros do progresso intelectual e do desenvolvimento industrial da época Moderna. Dentre os socialistas que maior influência exerceram sobre o cooperativismo, destacam-se: Robert Owen (1772-1858). Nasceu na Inglaterra e é considerado o pai do cooperativismo. Combateu o lucro e a concorrência, por considerá-los os principais responsáveis pelos males e injustiças sociais. Investe em inúmeras iniciativas de organização dos trabalhadores. Preocupado com as condições de vida do proletariado inglês, funda escolas para filhos de operários. Charles Fourier (1772 – 1858). Nasceu na França e foi idealizador das cooperativas integrais de produção, criando comunidades onde os associados tinham tudo em comum. Essas comunidades eram chamadas de falanstérios. Luis Blanc (1812 – 1882). Francês, foi um grande político que se preocupou com o direito ao trabalho, defendendo a liberdade baseada na educação geral e na formação moral da sociedade.
Charles Gide (1847 – 1932). Francês, professor universitário, é conhecido mundialmente por suas obras sobre economia, política e cooperativismo. Fundador da “Escola de Nimes” na França, que muito contribui com a produção do conhecimento sobre o cooperativismo mundial. Philippe Buchez (1792 – 1865). Nasceu na Bélgica, buscou criar um cooperativismo autogestionado, independente do governo ou de ajuda externa. Na França ele tentou organizar “associações operárias de produção”, que hoje são chamadas de cooperativas de produção. Willian King (1786 – 1865). Também inglês, tornou-se médico famoso e se dedicou ao cooperativismo de consumo. Engajou-se em prol de um sistema cooperativista internacional. John Bellers (1654 – 1725). Nasceu na Inglaterra e tentou organizar cooperativas de trabalho, para terminar com o lucro e as indústrias inúteis;
Todos esses pensadores contribuíram para a formação de concepções, princípios e políticas de ação das cooperativas modernas, ao defenderem: a)A idéia de associação e ênfase na união em atividades sociais e econômicas; b)A cooperação como força de ação emancipadora da classe trabalhadora, através da organização por interesses de trabalho; c)Esta organização se faz por iniciativa própria, cujo controle e administração deve seu democrático e autogestionado. A primeira cooperativa “os pioneiros de Rochdale” A história dos operários tecelões da cidade de Rochdale – “Pioneiros de Rochdale” – situada no condado de Lancashire na Inglaterra – tem sido a grande referência para o cooperativismo moderno. A Inglaterra no início do século XIX passava por uma série crise, reflexo da luta entre os tecelões, os antigos condados herdados dos senhores feudais e a era industrial. Prejudicados pelo novo modelo econômico que substituiu o trabalho artesanal pela produção industrial, os trabalhadores tiveram que enfrentar os problemas básicos de sobrevivência humana: falta de moradia, acesso à educação, saúde e alimentação e o alto índice de desemprego, em virtude da mão-de-obra excedente. Diante dessa situação tão difícil os trabalhadores passaram a buscar alternativas visíveis, que pudessem garantir a sobrevivência e o sustento de suas famílias. Diante dos problemas que já se tornavam angustiantes em toda Europa, um grupo de operários tecelões ingleses – 27 homens e uma mulher – sob influência dos primeiros intelectuais socialistas, decidem fundar a cooperativa de consumo denominada “ROCHDALE SOCIETY OF EQUITABLE PIONEERS”, registrada em 24 de outubro de 1844, na cidade de Rochdale, Inglaterra. Tradicionalmente reconhecidos como os pioneiros, os tecelões cooperadores começaram a juntar os primeiros fundos necessários para realizar seu projeto de vida:
•Abrir um armazém comunitário para a venda de provisões, roupas, etc.;
•Comprar e construir casas destinadas aos membros que desejam amparar-se mutuamente para melhorar sua condição doméstica e social;
•Iniciar a manufatura dos produtos que a cooperativa julgar conveniente, para o emprego dos que se encontram sem trabalho ou daqueles que sofrerem reduções salariais.
•Para garantir mais segurança e bem-estar, a cooperativa comprará ou alugará terra que será cultivada pelos membros desempregados;
•Organizar as forças de produção, de distribuição, de educação e desenvolver a administração democrática e autogestionária do empreendimento. Os objetivos e forma de organização social do trabalho e economia da cooperativa de Rochdale transformaram-se, posteriormente, em Princípios do Cooperativismo Mundial.
A contribuição do cooperativismo no desenvolvimento nacional
A contribuição do cooperativismo, segundo a Recomendação 127/6 da Organização Internacional do Trabalho, com sede em Genebra,na Suíça, constata que “nos países em vias de desenvolvimento econômico, social e cultural, como meio para”:
•Melhorar a situação econômica, social e cultural das pessoas com recursos e possibilidades limitadas, assim como para fomentar seu espírito de iniciativa;
•Incrementar os recursos pessoais e o capital nacional mediante estímulo da poupança e sadia utilização do crédito;
•Contribuir para a economia, através do controle democrático da atividade econômica e de distribuição eqüitativa dos excedentes;
•Possibilitar emprego mediante ordenada utilização de recursos;
•Melhorar as condições sociais e completar os serviços sociais nos campos da habitação, saúde, educação e comunicação;
•Ajudar a elevar o nível de conhecimento geral e técnico de seus sócios. Numerosas são as cooperativas que contribuem para trazer soluções aos grandes problemas com que se confrontam os países e a humanidade. “Pelo valor dessa contribuição que, ao longo dos anos, o cooperativismo transformou-se em alternativa viável, na geração de trabalho e renda à população de muitos países, e vem cumprindo sua função no desenvolvimento dos setores urbano e rural”. E, sem dúvida, a qualidade da contribuição do cooperativismo no desenvolvimento local, regional e nacional dependerá da capacidade e responsabilidade das pessoas cooperantes, que são a razão de ser da organização cooperativa.
Cooperativas – Panorama Mundial
A cooperação que, em todos os lugares, reponde à necessidade do ser humano é, na verdade, um conceito universal. As cooperativas estão presentes em todos os países e em todos os sistemas econômicos e culturais. Segundo o relatório do Banco Mundial “seria difícil encontrar um sistema mais eficaz do que o cooperativo para encorajar e estimular a participação ativa das populações, na realização de programas de desenvolvimento”. Em vários países, as cooperativas apresentam as mais diversas realizações, conforme exemplos citados abaixo:
•No Japão, as cooperativas ocupam um lugar relevante no desenvolvimento das regiões rurais;
•Nos Estados Unidos foram as cooperativas que levaram a energia elétrica ao mundo rural no decorrerda última geração;
•Na Romênia, as cooperativas de turismo e viagem são as primeiras do país, pela importância de sua rede e pelo número de estações de férias;
•Na Índia, cerca de metade da produção açucareira vem de cooperativas;
•Na região baixa da Espanha, as cooperativas de Mondragon fazem parte, em escala nacional, dos maiores fabricantes de refrigeradores e de equipamentos eletrodomésticos;
•Na Itália, as cooperativas operárias de diversos setores são reconhecidas como o setor de ação mais eficaz, na luta contra o desemprego;
•No Canadá, um habitante em três é membro de uma cooperativa de crédito, e mais de 75% da produção de trigo e outros cereais do país passam pelas mãos de cooperativas de comercialização;
•Nos mercados de distribuição de produtos alimentares da Europa, as cooperativas de consumo estão na frente em vários países e: Finlândia e Suíça ocupam os primeiros lugares;
•Entre os cinqüenta maiores sistemas bancários do mundo, cinco são cooperativos. Destacam-se França, Alemanha, Holanda, Estados Unidos e Japão;
•Nos países escandinavos, as cooperativas agrícolas têm de longe a maior parte do mercado da maioria dos produtos, às vezes mais de 90%;
•Na França, Polônia e Filipinas funcionam, com muito sucesso as cooperativas escolares. O movimento cooperativista internacional conta com mais de 760 milhões de pessoas: por isso, é um importante movimento sócio-econômico mundial.
SEGUNDA PARTE Noções Fundamentais de Cooperativismo
O cooperativismo enquanto organização sócio-econômica, não de sustenta sobre uma noção ou teoria social específica, mas sobre um conjunto de idéias e noções tais como: mutualidade, união de esforços, solidariedade, associação entre pessoas em função de objetivos comuns, e não exploração do homem pelo homem, justiça social, democracia e autogestão. A idéia central da organização cooperativa baseia-se, antes de mais nada, nas idéias e convicções de seus próprios membros, empenhados numa ação comum, a fim, de se dedicarem à atividade produtiva, econômica e social, ou a serviços úteis e benéficos a todos os que fazem parte da associação. A natureza da cooperação e do cooperativismo já foi objeto de inúmeras descrições e definições. É preciso, portando, que sejam bem claras as noções fundamentais que sustentam o cooperativismo, pois será função delas que e orientará qualquer atividade.
O Que é Cooperação?
É o método de ação pelo qual indivíduos, famílias ou comunidades, com interesses comuns, constituem um empreendimento. Neste, os direitos de todos são iguais e o resultado alcançado é repartido entre seus integrantes, na proporção de sua participação nas atividades da organização.
O Que é Cooperativismo?
O cooperativismo é um movimento internacional, que busca constituir uma sociedade justa, livre e fraterna, em bases democráticas, através de empreendimentos que atendam às necessidades reais dos cooperantes, e remunerem adequadamente a cada um deles.
O Que é Cooperativa?
Durante o congresso do Centenário da Aliança Cooperativa Intenacional – ACI, realizado em 1995 na cidade de Manchester – Inglaterra, a definição de cooperativa ficou assim estabelecida: “Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida”. Conforme orientação para constituição de cooperativas da organização das Cooperativas Brasileiras – OCB, cooperativa é “uma sociedade de, no mínimo (20) pessoas físicas, com um interesse em comum, economicamente organizada de forma democrática, isto é, com a participação livre e igualitária dos cooperantes, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos”.
O Que é Cooperante?
O cooperante também denominado de associado e/ou cooperado, é o trabalhador urbano ou rural, profissional de qualquer atividade sócio-econômica, que associa para participar ativamente de uma cooperativa, assumindo as responsabilidades, direitos e deveres que são inerentes.
Quais são os Valores do Cooperativismo?
As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.
Os Princípios do Cooperativismo
O termo quer dizer “o momento em que alguma coisa tem origem”. No cooperativismo foi construído sobre pilares da cooperação que destacam a união do social (associação de pessoas – autogestão) e do econômico (empresa coletiva – remuneração do trabalho e participação dos trabalhadores nos resultados). Os princípios básicos do cooperativismo, aprovados em 1884 sofreram reformulações ocorridas em 1845 e 1854. Diante das transformações sociais e tecnológicas do mundo do trabalho, os princípios que norteiam a constituição de cooperativas foram revistos e atualizados às exigências da sociedade moderna. Em sucessivos congressos da Aliança Cooperativa Intenacional – ACI, órgão que congrega o cooperativismo mundial, realizados em 1937 (Paris – França), 1966 (Viena – Áustria) e 1995 (Manchester – Inglaterra), os princípios do cooperativismo foram assim estabelecidos:
TEXTOS DE ROCHDALE CONGRESSO DA ACI 1937 CONGRESSO DA ACI
1 Adesão livre Adesão livre Adesão livre (social, política e racial)
2 Gestão democrática Gestão democrática
Distribuição de sobras e do público em geral. a) ao desenvolvimento da cooperativa b) aos serviços comuns c) aos associados “pro rata” das operações.
3 Retorno “pro rata” das operações
Retorno “pro rata” das operações Taxa limitada de juros ao capital
4 Juros limitados ao capital
Juros limitados ao capital Taxa limitada de juros ao capital
5 Vendas a dinheiro Venda a dinheiro
Constituição de um fundo para educação dos cooperados e do público em geral
6 Educação dos membros Desenvolvimento da educação em todos os níveis
Ativa de um fundo entre as cooperativas, em plano local, nacional e internacional
7 Cooperativização global Neutralidade política, religiosa e racial
Atuais Princípios do Cooperativismo
CONGRESSO DO CENTENÁRIO DA ALIANÇA COOPERATIVA INTERANCIONAL – ACI – MANCHESTER – INGLATERRA – 1995
1. Adesão voluntária e livre As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminação de sexo, ou de ordem social, política e religiosa. 2. Gestão democrática pelos membros As cooperativas são organizadas democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau, os membros têm igual direito de voto (uma pessoa – um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática. 3. Participação econômica dos membros Os sócios contribuem eqüitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam esse capital democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: a)Desenvolvimento da cooperativa, possibilitando o estabelecimento de fundos de reserva, parte dos quais, pelo menos, será indivisível; b)Benefício aos associados na proporção de suas operações com a cooperativa e; c)Apoio a outras atividades aprovadas em assembléia. 4. Autonomia e independência As cooperativas são organizadas autônomas, de ajuda mútua, controlada pelos seus membros, se estas. Firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem ao capital externo, devem faze-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros, e mantenham aautonomia da cooperativa. 5. Educação, formação e informação As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, os representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento de suas cooperativas. Informam ao público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. 6. Intercooperação As cooperativas trabalham em conjunto, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais aumentando a força do movimento cooperativo. 7. Preocupação com a comunidade As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades, através de políticas aprovadas pelos seus membros.
♦ É uma união de pessoas
∗ É uma sociedade simples, regida por legislação específica
◊ É uma sociedade empresária
♦ Objetivo sem fins econômicos
∗ Objetivo principal é a prestação de serviços econômicos ou financeiros
◊ Objetivo principal é o lucro
♦ Número ilimitado de associados
∗ Número ilimitado de associados, salvo incapacidade técnica
◊ Número ilimitado ou não de acionistas
♦ Cada pessoa tem um voto
∗ Cada pessoa um tem voto
◊ Voto proporcional ao capital
♦ Assembléias: quorum é baseado no número de associados
∗ Assembléias: quorum é baseado no número de associados
◊ Assembléias: quorum é baseado no capital
♦ Não tem quotas de capital
∗ Não é permitida a transferência das quotaspartes a terceiros, estranhos à sociedade
◊ Transferência das ações a terceiros
♦ Não gera excedentes
∗ Retorno dos excedentes proporcional ao volume das operações
◊ Lucro proporcional ao capital
A cooperativa é uma das formas avançadas de organização da sociedade civil. Proporciona o desenvolvimento sócio-econômico aos seus integrantes e à comunidade; resgata a cidadania através da participação, do exercício da democracia, da liberdade e autonomia, no processo de organização da economia e do trabalho.
Os Símbolos Internacionais da Cooperação (INSERIR SÍMBOLOS)
Pinheiro — antigamente o pinheiro era tido como um símbolo da imortalidade e da fecundidade, pela sua sobrevivência em terras menos férteis e pela facilidade na sua multiplicação. Círculo — o círculo representa a vida eterna, pois não tem horizonte, nem começo, nem fim. Verde — o verde-escuro das árvores representa o princípio vital da natureza Amarelo — o amarelo-ouro represente o sol, fonte permanente de energia e calor. Assim nasceu o emblema do cooperativismo: um círculo abraçando dois pinheiros, para indicar a união do movimento, a imortalidade de seus princípios, a fecundidade de seus ideais e a vitalidade de seus adeptos. Tudo isso marcado na trajetória ascendente dos pinheiros que se projetam para o alto, procurando crescer cada vez mais. Bandeira — a bandeira, que leva as cores do arco-íris, constitui o símbolo internacional do cooperativismo, aprovado pela Aliança Cooperativa Internacional — ACI, em 1932. o cooperativismo, ao adotar essa bandeira, leva a mensagem de paz e da unidade, que supera as diferenças políticas, econômicas, sociais, raciais e religiosas de povos e nações. Luta por um mundo melhor, onde a liberdade individual, a dignidade e justiça social sejam os valores norteadores da sociedade humana.
Sistema de Representação do Cooperativismo REPRESENTAÇÃO INTERNACIONAL
Aliança Cooperativa Internacional — ACI A Aliança Cooperativa Internacional — ACI, fundada em Londres no ano de 1895, é uma associação formada pelos órgãos de representação do sistema cooperativista de cada país membro da ACI, atualmente, com 75 países filiados, tem sua sede em Genebra, na Suíça. Organização das Cooperativas da América — OCA A Organização das Cooperativas da América — OCA, foi fundada como organismo de integração, representação e defesa do cooperativismo dos organismos de integração, representação e defesa do cooperativismo dos países da América, em 1963, na cidade de Montevidéu, no Uruguai. A OCA, integrada por vinte países, mantêm relações com movimentos cooperativistas e com organizações internacionais, sejam elas governamentais ou não. Tem como sede permanente a cidade de Bogotá, na Colômbia.
Organização das Cooperativas Brasileiras — OCB A criação da OCB foi concretizada durante o VI Congresso Brasileiro de Cooperativismo, realizado em Belo Horizonte — Minas Gerais, no ano de 1969. a primeira diretoria efetiva da OCB foi eleita em 1970. nesse período, a sede da OCB funcionou em São Paulo. Somente dois anos após o encontro de Belo Horizonte, em dezembro de 1971, implantou-se o Sistema OCB juridicamente. Em meados de 1972, a sede definitiva da Organização foi instalada em Brasília — DEA representação do sistema cooperativista nacional cabe à OCB, sociedade civil, órgão técnico-consultivo, estruturado nos termos da Lei. 5.764/71. Organização das Cooperativas do Estado — OCE Todos os estados brasileiros têm a sua OCE. Essa organização congrega e representa todos os ramos do cooperativismo no respectivo estado e presta serviços às filiadas, conforme o interesse e as necessidades das mesmas. As Organizações das Cooperativas de cada estado têm voto na eleição da Diretoria e Conselho Fiscal da OCB. Confederações de Cooperativas Três ou mais Federações ou Cooperativas Centrais podem constituir uma Confederação. Federações ou Cooperativas Centrais
Três ou mais cooperativas podem constituir uma Federação ou Cooperativa Central. Cooperativa Vinte ou mais pessoas podem constituir uma cooperativa. As cooperativas podem filiar-se a uma ou mais Centrais ou Federações.
O Cooperativismo Goiano
Breve Histórico
O Cooperativismo em Goiás tem suas origens ligadas ao processo de ocupação e expansão da fronteira agrícola na década de 1940. O seu nascimento está ligado ao processo de interiorização do país e de uma nova divisão do trabalho objetivava reconstruir uma economia mais voltada para um mercado interno. Em seu início esse cooperativismo se caracteriza pelo alto grau de dependência dos Governos Federal e Estadual. A Constituição do Estado de Goiás, de 1946, em seu artigo 36, estabelecia imunidade tributária para todas as cooperativas. Esta se caracteriza na primeira forma de incentivo do cooperativismo no Estado de Goiás. O fomento das atividades cooperativas, por longo tempo, esteve situado na Secretaria de Agricultura do Estado, através do seu Departamento de Assistência ao Cooperativismo. Esse órgão desenvolveu alguns trabalhos de educação cooperativista que resultaram nas primeiras cooperativas goianas. Muitas delas nasceram de iniciativas politicas e fortemente atreladas ao Estado, o que implicava em vida curta na maioria das vezes. No entanto, o Estado exerceu uma função importante e salutar de fomento, papel este continua tendo importância desde que se realize com uma estreita sintonia com os segmentos organizados. A historia tem nos mostrado que se isso não acontece estaremos fadados a repetir algumas experiências negativas.
As Primeiras Experiências
As primeiras cooperativas surgiram em Goiás a partir de 1949, porém todas tiveram vida curta. O Governo desenvolveu um projeto com objetivo de trazer imigrantes para Goiás, não somente com a intenção de povoar o Estado, mas também de incrementar novas técnicas de produção agrícola na região.
As três primeiras cooperativas em território goiano foram constituídas por imigrantes italianos e poloneses. No município de Rio verde foi Instalada a Cooperativa Italiana de Técnicos Agricultores, em março de 1949, com objetivo de assentar 5000 famílias em uma área de 150.0 ha. Essa cooperativa foi fundada na Itália e se estabeleceu em Goiás já com um quadro social de 400 agricultores italianos. Desses apenas 106 cooperados chegaram à região e, devido às dificuldades encontradas, abandonaram o projeto, as terras e a própria cooperativa um ano após sua criação.
Duas outras cooperativas foram fundadas nesse mesmo período e tinham em seu quadro os imigrantes poloneses, que em maio de 1949 fundaram, na cidade de Itaberaí a Cooperativa Agropecuária de Itaberaí. Essa cooperativaassentou 51 famílias de "deslocados de guerra". Em outubro de 1957 a entidade deixou de existir. Em 1949 foi fundada outra cooperativa de imigrantes poloneses na fazenda
Córrego Rico, situada na região entre as cidades de Inhumas e Itaberaí, com o nome de Cooperativa Rural de Córrego Rico, que durou até 1957.
	Sudoeste goiano
	Nas demais regiões do Estado o cooperativismo ligado às
Na década de 50 surgiram várias cooperativas de crédito rural, e na década de 60 surgiram as primeiras cooperativas de consumo e as agropecuárias. Contudo, somente na década de 70 houve nova fase de estruturação do Cooperativismo goiano, onde as cooperativas agrícola ressurgem com um novo projeto econômico de organizar a produção de grãos nas terras férteis, principalmente do Sul e atividades agropecuárias não se sustentou com a mesma força.
	ligado ao setor rural, é que nascem as cooperativas de eletrificação rural
	
A partir de 1970 a realidade do crédito rural e a agricultura mecanizada propiciaram o nascimento de cooperativas com estruturas empresariais mais sólidas e preocupadas com a formação dos dirigentes e do corpo técnico par atender o cooperado. O pensamento empresarial-cooperativista nasceu nesse período. O ramo que melhor soube utilizar essa relação, graças à especificidade do seu produto, foi o agropecuário. Vale lembrar que é nesse período, ainda estreitamente Infelizmente os demais segmentos do cooperativismo ligados ao consumo, ao crédito e ao ensino, principalmente, não obtiveram as mesmas condições de desenvolvimento.
As fases do Cooperativismo Goiano Primeira Fase – período compreendido de 1949 a 1956
Na Primeira Fase tem-se o surgimento de cooperativas dentro da política do Governo Federal e estadual em atendimento à expectativa da Marcha para o Oeste e do programa de assentamento dirigido aos imigrantes do pós-guerra. Essa política, no que concerne ao cooperativismo, foi um fracasso, mas o Governo conseguiu atingir seu objetivo de expansão das atividades econômicas no território goiano.
Segunda Fase – período de 1957 a 1970
Na Segunda Fase encontra-se o aparecimento de cooperativas ligadas ao crédito rural; o ressurgimento das cooperativas agropecuárias e, no setor urbano, das cooperativas de consumo. Nesse período surgiu um grande número de cooperativas em todas as regiões do estado.
No Norte, através de um programa estabelecido pelo Banco da Amazônia, criaramse várias cooperativas agropecuárias. Esse programa consistia em fornecer crédito somente àquele produtor que fosse cooperado. Com base nessa orientação, Inclusive encampada pelos órgãos do Governo Estadual, as entidades que nasceram não conseguiram estabelecer uma identidade da cooperativa com o quadro social. A maioria fracassou.
O movimento dos trabalhadores do campo, nesse período, fundou na região de Trombas e formoso a primeira organização popular cooperativista dentro do que se consignou chamar a "República Cooperativista de Trombas e Formoso". Essa cooperativa surgiu como fruto da luta dos trabalhadores rurais pela conquista da terra. O movimento surgiu em 1950 e terminou com o advento do Governo Militar em 1964.
Na década de 60, no Governo Mauro Borges, foi fundada a Cooperativa de Colonização do Combinado Agrourbano de Arraias. Essa experiência foi trazida de Israel, contudo não pôde ser plenamente executada porque o regime de 64 a destruiu. Em Goiás, tivemos apenas uma CIRA, Cooperativas Integral de Reforma Agrária, criada no início de 1970 em Colméia, organizada pelo INCRA, de acordo com as determinações do Estatuto da Terra.
Terceira Fase – a partir dos anos de 1970 até 2000
	modernização agrícola que chega às terras do Brasil central
	
A partir desse período o Cooperativismo Goiano , principalmente aquele identificado com o meio rural, entra na fase do desenvolvimento empresarial comprometido com a modernização da agricultura nos cerrados. O cerrado adquire importância nacional pela capacidade de contribuir com o abastecimento da economia em âmbito nacional. O aparecimento e a expansão das cooperativas agropecuárias, nascidas no Sul e Sudoeste do Estado, se identificam com o projeto econômico da
No meio urbano, assim como em todo o País, as cooperativas de consumo, crédito e escolares, principalmente, sofreram um processo de retração e muitas deixaram de existir. A retomada desses ramos ao processo de organização cooperativista somente acontece a partir da década de 80. No final dos anos 1980, após a realização do X Congresso cooperativista brasileiro, em 1988, reaparecem as cooperativas de crédito rural e mútuo, bem como das cooperativas de ensino. Estas últimas, como resposta às dificuldades do sistema de ensino e, as de crédito como conseqüência da aspiração de produtores rurais, principalmente, de constituírem seu próprio banco cooperativo. O crescimento das redes de supermercados nesse período foi um dos fatores que levaram as cooperativas de consumo a, praticamente, desaparecerem. Nos anos oitenta surgem também as cooperativas de trabalho, organizando categorias profissionais como médicos, odontólogos, taxistas, etc.
Quarta Fase – a partir do século XXI.
É possível, diante das circunstâncias evolutivas do cooperativismo goiano e das transformações econômicas e políticas dos últimos tempos, caracterizarmos que nesse novo milênio existe uma nova fase do cooperativismo. É praticamente a fase da influência cada vez mais marcante da intercooperação, da preocupação com a comunidade assim como da afirmação dos ramos de trabalho e crédito como os que mais responderam aos desafios da sociedade atual. Ambos os segmentos respondem à realidade do desemprego e das alterações profundas nas relações trabalhistas e da necessidade de investimentos no crédito pessoal. Agrega-se ao movimento cooperativista goiano, principalmente ao ligado às atividades agropecuárias a preocupação constante com a questão ambiental, vertente moderna da sociedade que encontra eco na administração cooperativa que se fundamente na perenidade dos nossos princípios e na preservação dos nossos recursos naturais. Se a sociedade se moderniza o cooperativismo dá respostas imediatas e consegue propor alternativas mais democráticas e duradouras não só para seus cooperantes mas para toda a sociedade.
	financiamento privado e suas altas taxas de juros
	
Embora, sob a ótica econômica, o cooperativismo agropecuário represente a maior força do Estado, esse novo milênio se caracterizará, sem sombras de dúvida, na afirmação de uma tendência urbana do cooperativismo goiano onde os ramos de trabalho, transporte e crédito irão se projetar cada vez mais como propostas para resolver o problema econômico das mais diferentes classes sociais. Caracterizamse também como ramos com uma identidade muita grande com os problemas atuais da sociedade brasileira. O microcrédito cooperativo pode ser a alternativa mais solicitada para as todas categorias profissionais que precisam realizar pequenas atividades empreendedoras e que querem fugir das grandes agências de
Por outro lado, de acordo com as afirmações do Governo Federal haverá um incentivo muito grande à Agricultura familiar assentada em pequenas unidades produtoras. Isso poderá propiciar o aparecimento de muitas cooperativas agrícolas fundadas por esses produtores rurais familiares.
Não podemos nos esquecer que em Goiás, existem cerca de 1500 associações de pequenos agricultores familiares que, se incentivados ao cooperativismo poderão se constituir em uma grande força política do movimento, pois representam mais de 20 mil associados. Um outro aspecto são os assentamentos rurais que abrigam mais de 25 mil famílias de agricultores que se organizam, independentemente, em suas cooperativas e se encontram fora do sistema OCB.
Atualmente o cooperativismo goiano conta aproximadamente com 500 cooperativas registradas na Junta Comercial do Estado agrega cerca de 80 mil cooperantes e oferece cerca de sete mil empregos diretos. Destas cooperativas 161 estão registradas na OCB-GO
A representação do sistemacooperativista em Goiás
O sistema cooperativista goiano está representado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Goiás - OCB/GO, cujo objetivo promover a defesa política e econômica das cooperativas do Estado, oferecendo serviços de apoio ao desenvolvimento sustentado das cooperativas e à integração de todos os ramos de atividade. A OCB-GO busca ser um elo entre as cooperativas, sem visar interesses políticos, partidários ou econômicos, porém, agindo no sentido de elevar sua representatividade. Tem trabalhado para fortalecer o sistema, contribuindo com outras organizações estaduais. Sua atuação tem elevado o nome do cooperativismo nos diversos segmentos da sociedade. É integrante à política da OCB-GO o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - SESCOOP/GO, órgão descentralizado, que tem por finalidade a formação profissional, monitoramento e promoção social da cooperativas em Goiás.
Goiás é um Estado que vem tendo participação cada vez mais importante na agricultura nacional e as cooperativas agropecuárias do Estado, como era de se esperar, devem seguir nessa linha: ganhando importância e se solidificando.
O setor urbano do cooperativismo goiano tem apresentado maiores índices de crescimento nos últimos anos. Esta deverá ser uma tendência natural daqui por diante. É conseqüência da concentração da população nas cidades e pelas condições impostas pelo modelo econômico, que tem alterado significativamente as relações de trabalho e emprego. Assim os ramos trabalho e crédito vêm se destacando nos últimos anos não só em termos de crescimento, mas, sobretudo, em organização e estruturação.
O cooperativismo no Brasil
O movimento cooperativo começou a ser conhecido no Brasil por volta de 1841, quando o imigrante francês Benoit Juies de Mure tentou fundar, na localidade de Paimital (pertencente ao município de São Francisco do Sul e hoje ao município de Garuva, em Santa Catarina), uma colônia de produção e consumo — falanstério — com base nas idéias de seu compatriota Charles Fourier. Em 1847, também o médico francês Jean Maurice Faivre, sob inspiração de Fourier, fundou no Paraná a Colônia Tereza Cristina. No decorrer do século XIX, com a chegada de imigrantes alemães e italianos, essas iniciativas foram mais freqüentes. Muitas das comunidades que se formara no território nacional, em especial no Sul do pais tentaram resolver seus problemas de consumo, crédito, produção e educação, cri ando organizações comunitárias, aos moldes das que conheceram em suas pátrias de origem. Além das iniciativas já citadas, pode se mencionar ainda as de Rio dos Cedros — Santa Catarina e Ouro Preto — Minas Gerais (1889), Limeira — São Paulo (1891) e Camaragibe — Pernambuco (1894). Já no século )(X, em 1902, o jesuíta suíço Pe. Theodor Amstadt motivou os colonos de origem alemã a fundarem, em Vila Imperial, hoje Nova Petrópolis — Rio Grande do Sul, uma cooperativa Agrícola de Rio Maior, Cooperprima, no município de Urussanga. Nas décadas de 50 e 60, principalmente, o cooperativismo teve relativa expansão no Brasil, destacando-se o cooperativismo agropecuário. Atualmente, com mais de 5.600 cooperativas, o cooperativismo atua nos mais variados setores da economia, estendendo-se a diversos segmentos da sociedade brasileira, com relativa expressão de crescimento, no setor urbano.
Legislação cooperativista no Brasil
O Direito Cooperativo Brasileiro teve seu marco inicial em 1903, com o Decreto n0 979, que tratando dos Sindicatos Agrícolas, fez referência, no Artigo lº, sobre a organização das cooperativas. Em 1907, através do Decreto nº 1637, foi dado início ao tratamento legislativo das sociedades cooperativas, contudo, sem as efetivas previsões filosóficas e doutrinárias do cooperativismo mundial. O marco de maior importância para a consolidação jurídica das sociedades cooperativas, data de 1932, com o Decreto n0 2.239, assim expresso no Artigo Segundo: as sociedades cooperativas, qualquer que seja sua natureza, civil ou comercial, são sociedades de pessoas e não de capital, de forma jurídica “sul genens”. Durante o período de centralismo estatal (‘964 a 1971), o Decreto-Lei n0 59/ 1966 define a Política nacional de Cooperativismo e modifica as legislações anteriores. Neste período, regulamentado por vários Decretos-Leis, instituiu-se o Sistema Financeiro de Habitação, conseqüentemente o cooperativismo habitacional; criou-se as Cooperativas Integrais de Reforma Agrária (Estatuto da Terra); sujeitou as cooperativas de crédito, quanto à parte normativa, ao Conselho Monetário Nacional e, quanto à fiscalização, ao Banco Central do Brasil e; tratou de isenção do Imposto de Renda para as cooperativas. A Lei N0 5.764/71 caracteriza, para o direito cooperativo, as sociedades cooperativas como sociedades civis e não comerciais. Em 1982, a Lei no 6.981/82 alterou o Artigo 42 da Lei n0 5.764/71, ao vedar a representação por procuração, facultando uma abertura à organização de delegados e representantes dos associados, organizados em núcleos, comitês, pequenas comunidades, para melhor participarem das decisões da cooperativa Em sucessivos encontros e seminários, os cooperativistas brasileiros tentam assegurar maior autonomia, notadamente política, administrativa e financeira. Antecedendo a realização do X Congresso Brasileiro de Cooperativismo, promoveuse em todo país uma ampla consulta às bases cooperativas, em relação às principais aspirações dos cooperados. Entre as mais de 4.0 propostas apresentadas, a grande maioria dizia respeito a uma maior participação dos associados, em suas cooperativas, e ao fim da interferência estatal no setor. O desejo das cooperativas, aprovado no X congresso, foi levado e defendido pelas lideranças do cooperativismo na Assembléia Nacional Constituinte que, em conseqüência, fez referência às cooperativas. O cooperativismo brasileiro, pela primeira vez na sua história, figura na nova Constituição Brasileira. Trata-se de um grande avanço no que se refere à organização social e econômica da sociedade civil, em especial, à organização cooperativa. Capítulo I — Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos — Artigo 50 - item XVIII- “A CRIAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES E, NA FORMA DA LEI, A DE COOPERATIVAS, INDEPENDEM DE AUTORIZAÇÃO, SENDO VEDADA A INTERFERÉNCIA ESTATAL EM SEU FUNCIONAMENTO”.
Legislação Cooperativista Atual
O cooperativismo não postula privilégios; quer, sim, tratamento justo, por constituir uma grande expressão social e econômica na estrutura da sociedade, ao lado dos demais setores como bancos, indústria, comércio, trabalho profissional etc. E natural que seja regulado por lei, assim como todos os demais setores o são, dentro da ordem jurídica nacional. E a Lei n0 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a política nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Vale aqui transcrever alguns de seus artigos, aqueles diretamente relacionados com as orientações deixadas neste livro: Art. 40 - As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; I - variabilidade do capital social, representado por quotas-partes; I - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;
IV - inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI - “quorum” para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número de associados e não no capital;VII - retomo das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral; VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica, Educacional e Social; IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; X - prestação de assistência aos associados e, quando prevista nos estatutos, aos empregados da cooperativa; XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. Art. 5º - As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindose-lhes a obrigação do uso da expressão “cooperativa” em sua denominação. Parágrafo único - É vedado às cooperativas o uso da expressão “Banco”. Art. 6º - As sociedades cooperativas são consideradas: I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; I - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais; I - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. Parágrafo lº - Os associados individuais das cooperativas centrais e federações de cooperativas serão inscritos no Livro de Matrícula da sociedade e classificados em grupos, visando à transformação, no futuro, em cooperativas singulares que a elas se filiarão. Parágrafo 2º - A exceção estabelecida no item U, in fine, do “caput” deste artigo não se aplica às centrais e federações que exerçam atividades de crédito. Art. 7º - As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados. Art. 8º - As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar, em comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistências de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços. Parágrafo único - Para a prestação de serviços de interesse comum, é permitida a constituição de cooperativas centrais, às quais se associem outras cooperativas de objetivo e finalidades diversas. Pode-se ver, através desses poucos dispositivos legais aqui transcritos, a inserção de normas rochdaleanas, aquelas chamadas de imutáveis, caracterizadoras de uma cooperativa. Os próprios estudantes, como se fizessem um exercício, podem descobri-las naturalmente, sublinhando palavras e expressões.
	porte, levando-se em conta, especialmente:
	
Não transcrevemos a totalidade da Lei n0 5.764/71 porque, no momento desta edição, nova legislação está sendo discutida e votada no Congresso Nacional para substituí-la. Não trará inovações de essência, não modificará a doutrina cooperativista, apenas atualizará o trato das relações internas e externas da cooperativa dentro do universo jurídico que hoje regula a sociedade brasileira. É importante lembrar que desde outubro de 1988 o Brasil possui uma nova Constituição. Essa nova Carta trouxe algumas disposições que repercutem profundamente no ambiente cooperativista. Eis as principais: Artigo 5º (1) - Inciso XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. Artigo 21 - Compete à União: (3) - Inciso XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. Artigo 146 - Cabe à lei complementar: Inciso I - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especificamente sobre: c - adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Artigo 174 (2) - Parágrafo 20 - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. (3) - Parágrafo 40 - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXY na forma da lei. (4) - Artigo 187 - A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de trans- VI — o cooperativismo. (5) - Artigo 192 - O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar que disporá, inclusive, sobre: VIII - o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições de operacionalidade e estruturação própria das instituições financeiras. Destaquemos agora as principais referências constitucionais sobre o cooperativismo e seu significado, acompanhando a numeração (1) a (5) assinalada à esquerda do texto aqui transcrito: (1) É livre a constituição de cooperativas. Antes não era; era necessário obter o “referendum” ou chancela do Estado sobre os documentos constitutivos, através de órgãos do governo (SENACOOP - Secretaria Nacional de Cooperativismo e, anteriormente, do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A SENACOOP é hoje um órgão extinto. Àqueles órgãos cabia também fiscalizar as cooperativas. Hoje, não. Não há mais tutela do Estado sobre as cooperativas. Estas são livres para nascer e tomam-se plenamente responsáveis pelos seus atos - êxitos ou fracassos, como as demais organizações também livres. É o que chamamos de AUTOGESTÁO. (2) O Estado não apenas deixa de tutelar o cooperativismo; confere-lhe liberdade para existir e vê nele um instrumento útil ao reordenamento sócio-econômico. Daí as expressões “apoiará e estimulará” constantes na Constituição. (3) O Estado deseja uma atividade garimpeira bem ordenada em relação às pessoas e ao meio ambiente, e favorecerá a garimpagem organizada em sociedades cooperativas. As cooperativas de garimpo precisam, pois, mostrar ao Estado e à sociedade que elas podem de fato reordenar o setor garimpeiro, corrigindo as mazelas e desordens que os meios de comunicação tanto divulgam. (4) A política agrícola do Brasil não poderá mais ser um conjunto de normas de cima para baixo. Ela será discutida com representantes de vários segmentos, entre eles os produtores, os trabalhadores rurais e, é claro, as cooperativas, por constituírem dissociações organizadas de produtores e trabalhadores; (5) As cooperativas de crédito serão reguladas em lei (ainda se espera a lei que regulamentará o dispositivo constitucional), de modo que passem a ter condições de operacionalidade e estruturação própria das instituições financeiras. Isso deixa antever que as cooperativas de crédito no Brasil venham a poder realizar outros serviços que somente à atual rede bancária são permitidos. E as condições de funcionamento devem ficar mais claras para permitir às cooperativas de crédito maior segurança na descrição de suas atribuições e melhor estruturação para desempenhar seu papel em favor de seus cooperados. Nem todos os países do mundo conferem ao seu cooperativismo interno tanta autonomia como o Brasil. É bem verdade que ainda dependemos de leis regulamentadoras da nova Constituição, mas algumas conseqüências já estão bem claras:
•O cooperativismo é livre e o Estado assegura-lhe apoio e estímulo;
•Sendo livre, torna-se muito mais responsável perante a sociedade. Precisa adquirir cada vez mais a credibilidade do público pelos serviços que presta;
•Tem de gerir-se a si mesmo (AUTOGESTÃO) com todas as ferramentas da eficiência e eficácia utilizadas no mundo moderno. A autogestão passou a ser a palavra deordem no cooperativismo, a qual deve ser bem assimilada por todos os cooperados, a fim de que as cooperativas, agora plenamente responsáveis pelos seus próprios destinos, cumpram seus objetivos com a total participação de seu quadro social e sejam bem administradas pelos seus dirigentes.
Autogestão é Responsabilidade
Nas organizações cooperativas, quaisquer que sejam seus segmentos e objetivos sociais, elas existem em função das pessoas. Toda e qualquer cooperativa é uma organização com fins sociais e econômicos. Através de uma cooperativa são implementados, de forma coletiva, produtos e serviços para satisfazer determinadas necessidades de seu quadro social (cooperantes), com o objetivo de viabilizar a sua atividade. É a partir das necessidades conhecidas que a cooperativa desenvolve sua ação mercadológica buscando, em seus mercados, os resultados que constituirão, ou sustentarão, as atividades da cooperativa. O empreendimento cooperativo tem uma característica importante que a diferencia das empresas mercantis: a autogestão.
Por que a cooperativa é um empreendimento autogestionado?
Porque o cooperante será, necessariamente e sempre, o “dono” da organização, com todos os deveres, diretos e responsabilidades desse tipo de prática societária. O cooperante também é identificado como “usuário” das atividades desenvolvidas pela cooperativa; É identificado também como “trabalhador”, pois é ele que executa as atividades necessárias, para o alcance dos objetivos sociais e econômicos, de interesse comum. A administração de uma cooperativa exige competência técnica e profissional de seus dirigentes, cooperantes e empregados. O êxito da cooperativa depende da capacidade de administração autogestionada, e da capacidade de organização social e política de seus integrantes. Para alcançar o objetivo final da autogestão, são necessárias cinco condições básicas, conforme conclusão da I Convenção Nacional de Autogestão Cooperativista, realizada em Belo Horizonte — MG, no ano de 1992: 1.Um programa de organização do quadro social. (Comitês Educativos, Comissões, Núcleos, Conselheiros) que permite a efetiva participação dos cooperantes no processo decisório e planejamento democrático, na sociedade cooperativa.
2.Um programa de educação e capacitação cooperativa para dirigentes, cooperantes e empregados. O objetivo desse programa é dar condições às pessoas para conhecer os fundamentos do cooperativismo, sua história, propostas filosóficas, econômicas e sociais. A partir do conhecimento adquirido é possível uma prática social transformadora. 3.Transparência administrativa. É indispensável para qualquer programa de autogestão, que existam condições de transparência administrativa capazes de dar confiabilidade à gestão de cooperativa. 4.auto-sustentação econômico-financeira. O êxito de uma cooperativa também depende da sua capacidade de auto-sustentar econômica e financeiramente. Qualquer idéia de paternalismo deve ser afastada, desde o início. Para que a autosustentação seja legítima, é preciso que o potencial de cooperativa seja a soma do potencial de cada um dos cooperantes. Sem isso não há autonomia, não há autosustentação possível. 5.Processo permanente de comunicação. Para alcançar um objetivo comum, as pessoas precisam comunicar-se entre si e aferirem suas posições. Sem comunicação e troca de informações entre os dirigentes, cooperantes e empregados, o objetivo comum não será atingido. Para que esse intercâmbio de informações, conhecimentos e atividades possa acontecer de fato, é preciso criar instrumentos e mecanismos de comunicação, sejam eles através de jornal, rádio, impressos, palestras, debates, reuniões, etc.
A administração de uma cooperativa
A administração de uma cooperativa é de total responsabilidade de seus cooperantes. Para viabilizar esse processo são eleitos, em Assembléia Geral, o Conselho de Administração e Conselho Fiscal, que têm funções e atribuições específicas no Estatuto Social da cooperativa. Essa forma de administrar garante a autogestão e o processo participativo, pois são os integrantes da organização que tomam as decisões e definem o plano de atividades, quem vai administrar e em que período. O bom resultado da administração de uma cooperativa, depende da confiança recíproca entre os dirigentes eleitos e quadro social. Evidentemente, a questão essencial é o permanente processo de capacitação dos responsáveis eleitos, a fim de desempenhar seu papel de maneira efetiva e útil à sociedade.
Assembléia Geral
É o órgão supremo da cooperativa, que, conforme a legislação o Estatuo Social, tomará toda e qualquer decisão de interesse da sociedade. Além da responsabilidade individual, o cooperante tem a responsabilidade individual, o cooperante tem a responsabilidade coletiva que se expressa pela reunião de todos, ou da maioria, nas discussões e deliberações. Suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes. A Assembléia Geral ocorre durante o exercício social, nas seguintes ocasiões:
Assembléia Geral Ordinária (AGO)
É realizada obrigatoriamente uma vez por ano, no decorrer dos três primeiros meses após o termino do exercício social, deliberará sobre os seguintes assuntos, que deverão constar da Ordem do Dia: a)A Prestação de contas dos órgãos de administração, acompanhada do parecer do Conselho Fiscal, compreendido: relatório da gestão; balanço geral; demonstrativo das sobras apuradas, ou das perdas; plano de atividade da cooperativa para o exercício seguinte. b)Destinação das sobras apuradas ou o rateio das perdas, deduzindo-se, no primeiro caso, as parcelas para os fundos obrigatórios. c)Eleição e posse dos componentes do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e de outros, quando for o caso. d)Fixação de honorários, gratificações ou cédulas de presença para os componentes do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal. e)Quaisquer assuntos de interesse do quadro social.
Assembléia Geral Extraordinária (AGE)
Será realizada sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto da cooperativa, desde que mencionado no edital de convocação. E de competência exclusiva da AGE a deliberação sobre os seguintes assuntos: a)Reforma do Estatuto Social; b)Fusão, incorporação ou desmembramento; c)Mudança de objetivo da sociedade; d)Dissolução voluntária e nomeação do liquidante; e)Contas do liquidante.
Conselho de Administração
É o órgão superior na administração da cooperativa. O Conselho da Administração é eleito em Assembléia Geral e formado por cooperantes, no gozo de seus direitos sociais, com mandatos de duração e renovação, funções e atribuições estabelecidos pelo Estatuto Social. É de sua competência a decisão sobre qualquer interesse da cooperativa e de seus cooperantes nos termos da legislação, do Estatuto Social e das determinações da Assembléia Geral.
Conselho Fiscal
É constituído por três membros efetivos e três suplentes, eleitos em Assembléia Geral, para a função de fiscalização da administração, das atividades e das operações da cooperativa, examinando livros e documentos, entre outras atribuições. É um órgão independente da administração. Tem por objetivo representar a Assembléia Geral no desempenho de suas funções, estabelecidas no Estatuto Social, durante o período de 12 meses.
Organização do quadro social em comitês, núcleos ou comissões de cooperantes.
A Organização do Quadro Social (OQS), em grupos de trabalho e estudos (entidades de representação), fortalece o processo de autonomia e autogestão da cooperativa. O quadro social organizado permitirá avançar; no encaminhamento e discussão de questões de interesse da sociedade. A cooperativa, diante da sua especificidade, deverá elaborar a proposta de organização e de ação participativa do quadro social. Os objetivos da organização do quadro social são:
•Promover o cooperativismo e a cooperativa;
•Promover, de fato, a participação dos cooperantes na vida da cooperativa.
•Trazer a cooperativa mais próxima do cooperante, para desenvolver trabalhos e atividades do seu interesse;

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