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www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 1 SIMULADO III – XVI EXAME DE ORDEM Ana, de 14 anos e três meses, resolveu ir a uma boate, no intuito de comemorar o aniversário de uma de suas amigas. Apesar da entrada ser permitida apenas aos maiores de 18 anos, o segurança da boate não pediu documento de identificação à menina nem as suas amigas, que aparentavam ser maiores de idade. Após consumir doses de tequila, Ana começou a flertar com Otávio, de vinte e oito anos de idade, e disse ao rapaz que tinha dezesseis anos de idade. Depois de breve conversa, Otávio convidou a adolescente a ir com ele a um motel, o que, de pronto, foi recusado por ela. Ainda assim, no intuito de conseguir o seu intento, Otávio constrangeu Ana, mediante grave ameaça, a com ele praticar atos libidinosos em um ambiente reservado da boate. Após satisfazer a sua lascívia, praticando atos libidinosos e conjunção carnal com Ana, Otávio foi embora do local. Ana, então, contou o ocorrido a suas amigas, informando ter sido vítima de crime. Augusto, pai de Ana, sabendo do ocorrido, foi à Delegacia e relatou a prática delitiva, dando as características do autor, segundo informação prestada pelas pessoas da boate. Ana foi submetida a exame de corpo de delito cujo laudo pericial atestou a prática dos atos libidinosos, dentre eles a conjunção carnal. Após as investigações, com o inquérito devidamente instruído, o Delegado a frente do caso remeteu-o ao Ministério Público que, apesar de ter recebido o procedimento administrativo há mais de 03 meses, não se manifestou acerca do caso. Em virtude da inércia do órgão ministerial, Augusto resolveu procurar o representante do Parquet que, apesar de tê-lo ouvido, manteve-se inerte. Inconformado e com a cópia de todo o inquérito policial, no qual foi indiciado Otávio como autor da prática delitiva, Augusto contrata seus serviços advocatícios para que sejam adotadas as providências judiciais cabíveis em desfavor do indiciado. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por Augusto, redija a peça processual que atenda aos interesses de sua cliente, considerando recebida a pasta devidamente instruída, com todos os documentos pertinentes, suficientes e necessários, inclusive procuração com poderes especiais e rol de testemunhas. (Valor 5,0) PADRÃO DE RESPOSTA Endereçamento correto (Valor 0,5) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA _____ Indicação correta de oferecimento da Queixa-Crime Subsidiária pelo representante legal, nos termos dos artigos 29, 30, 41 e 44 do Código de Processo www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 2 Penal, bem como artigo 100, §3º, do Código Penal, além do artigo 5º, LIX, da Constituição Federal. (Valor 0,5) Ana, menor, neste ato representada por AUGUSTO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº ____, inscrito no CPF sob o nº ____, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o art. 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, na forma dos artigos 29, 30 e 41 do Código de Processo Penal, e art. 100, § 3º do Código Penal, além do artigo 5º LIX da Constituição Federal, oferecer QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA em face de OTÁVIO, nacionalidade, estado civil, profissão, identidade número __________, inscrito no CPF sob o nº __________, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. Preliminar (Valor 0,2) - Indicar que, embora se trate de crime de ação penal pública, o Ministério Público quedou-se inerte, fazendo surgir a legitimidade do representante da ofendida para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública, na forma dos artigos 5º LIX da Constituição Federal, 100, § 3o., do Código Penal, além dos artigos 29 e 30 do Código de Processo Penal. 1. Da Preliminar Preliminarmente, embora seja o crime ora imputado ao Querelado infração de ação penal pública incondicionada, conforme parágrafo único do art. 225, do Código Penal, verifica-se que o membro do Ministério Público recebeu os autos do inquérito policial, devidamente instruído, há mais de três meses, sem que, até a presente data, houvesse qualquer manifestação. Assim, permanecendo inerte o representante do Parquet, surge para a vítima, a legitimidade para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública, na forma dos artigos 5º LIX da Constituição Federal, 100, § 3o, do Código Penal, além dos artigos 29 e 30 do Código de Processo Penal. Ainda cabe ressaltar que, em sendo a vítima menor, desprovida de legitimidade processual, deve a mesma ser representada por seu representante legal, o que ocorre na presente. Exposição dos fatos (Valor 0,3) 2. Dos Fatos Conforme consta no inquérito policial, cuja cópia instrui a presente, o querelado, Otávio, no dia ___/___/____, na boate ______________, situada no endereço ________, onde também se encontrava a querelante, que possui quatorze anos de idade, após ter flertado com a mesma e recebido desta a recusa em acompanhá-lo ao www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 3 motel, a constrangeu, mediante grave ameaça, à prática de atos libidinosos, dentre os quais conjunção carnal. Após o seu intento, foi embora do local. Ana relatou de imediato o ocorrido às suas amigas, que informaram ao seu pai, que compareceu em sede policial requerendo a instauração do inquérito policial que instrui a presente. Com as investigações, foi indiciado o ora querelado, em face de quem encontram-se presentes os indícios suficientes de autoria. Da mesma forma, encontra-se demostrada a materialidade do crime através do laudo pericial de fls. _____. O inquérito foi remetido ao representante do Ministério Público que, até a presente data, quedou-se inerte. Direito (Valor: 2,0) - Desenvolvimento fundamentado acerca da ocorrência do crime de estupro qualificado e da inércia por parte do representante do Ministério Público. (Valor: 2,0) 3. Do Direito Da narração dos fatos acima elencados, e de tudo que consta das peças de informação que instruem a presente queixa-crime, verificam-se demonstradas a prova da infração e os indícios suficientes de autoria, demonstrado evidente intenção do agente em praticar, mediante violência ou grave ameaça, conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso. É sabido que o art. 213 do Código Penal prevê a figura do estupro, no qual o agente, constrange, mediante violência ou grave ameaça a vítima a praticar com ele conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso. Percebe-se que o ora querelante agiu com o dolo específico, de forma livre e consciente, consistente na intenção de praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso com a querelante. Ressalte-se possuir este delito a qualificadora indicada no parágrafo 1º do art. 213 do Código Penal, uma vez que a vítima possui idade entre 14 e 18 anos, aumentando-se assim a pena base do agente que passa a ser de reclusão de 08 a 12 anos. Assim, a conduta descrita demostra a vontade livre e consciente do querelado para a prática da conduta descrita no art. 213, §1º do Código Penal, devendo o acusado/querelado ser responsabilizado pela prática delitivacomo causa da mais lídima justiça. Restam, portanto, configurados, no caso concreto, todos os elementos do crime do estupro qualificado e, diante da inércia por parte do representante do Ministério Público, não restou alternativa a querelante, através do seu representante legal, senão ingressar com a presente ação penal, no intuito de não deixar impune o ocorrido. www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 4 Pedidos (Valor: 1,3) - Notificação do representante do Ministério Público (Valor: 0,3) - Pedido de condenação do querelado pela prática de crime de estupro qualificado. (Valor: 0,5) - Pedido de arrolamento e intimação das testemunhas indicadas no rol. (Valor: 0,5) 4. Dos Pedidos Diante do exposto, requer a querelante seja recebida a presente queixa-crime subsidiária em face do querelado, citado o querelado para responder aos termos da presente ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para que seja o querelado condenado como incurso nas penas do art. 213, §1º do Código Penal. Requer, desde logo, a intimação do representante do Ministério Público, bem como a intimação e inquirição das testemunhas abaixo arroladas. Termos em que, Pede deferimento. Estrutura correta (indicação de local, data, assinatura e rol de testemunhas) (Valor: 0,2) Comarca, Data Advogado, OAB. Rol de testemunhas: 1. 2. 3. 01. Márcia, Delegada de Polícia, no curso de uma investigação criminal, representou ao Juiz competente pela interceptação telefônica de alguns membros de uma perigosa associação criminosa, já que havia indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal e a prova não podia ser realizada por outro meio disponível. Presentes os requisitos da interceptação telefônica, o Magistrado decretou a referida medida cautelar. Todavia, após o decurso do prazo de 15 dias, não houve nenhum tipo de representação pela prorrogação da interceptação telefônica, tão pouco qualquer tipo de requerimento pelo Parquet ou renovação pelo magistrado, embora o relatório com o resultado da escutas e respectivas degravações já estivesse acostado aos autos. Durante o prazo de interceptação, os advogados dos investigados acabaram tomando ciência da existência da referida medida, razão pela qual compareceram em sede policial requerendo vistas do inquérito policial, especificamente sobre o conteúdo da interceptação, pedido este que foi negado por Márcia, ante o caráter sigiloso do procedimento pré processual. Diante dessas informações, pergunta-se: a) Márcia agiu corretamente? (Valor: 0,6) www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 5 b) Caso o inquérito policial estivesse com as interceptações em andamento, embora já com a degravação parcial das conversas decorrentes da interceptação telefônica, poderiam os advogados acessarem o procedimento? (Valor: 0,65) A mera citação do dispositivo legal não confere a pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA a) Márcia não agiu corretamente, uma vez que, encontrando-se encerrada a interceptação telefônica e já estando o relatório policial acostado aos autos, possui o advogado regularmente constituído direito líquido e certo do advogado, conforme art. 7º, inciso XIV, da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da OAB) e Súmula Vinculante 14, que dispõe possuir o defensor acesso ao que já se encontra documentado no inquérito policial. É certo que o inquérito policial é procedimento sigiloso, conforme estabelece o art. 20 do CPP. Contudo, o sigilo do inquérito não alcança o advogado, que possui direito líquido e certo no sentido de acesso às diligências já realizadas e documentadas no inquérito policial. b) No caso da interceptação telefônica ainda estar em andamento, o advogado não poderia ter acesso aos autos, de forma a garantir a efetividade das investigações, conforme dispõe o art. 8º. da Lei 9.296/96. DIREITO PENAL – QUESTÃO 1 QUESITO AVALIADO A) A Autoridade Policial competente não agiu corretamente (0,1) / É direito do defensor ter acesso amplo aos elementos de prova já documentados em procedimento investigatório OU os advogados de defesa têm acesso a todas as provas constituídas no procedimento investigatório, desde que escritas (0,35) / Súmula Vinculante 24 do STF (0,1) / Art. 7º, XIV da Lei 8.906/94 (0,1) B) O advogado não poderia ter acesso aos autos (0,55) / Art. 8º da Lei 9.296/96 (0,1) 02. Paulo, juiz de direito da Comarca do Rio de Janeiro, capital do Estado do Rio de Janeiro, passava suas férias na cidade de Recife, capital do Estado de Pernambuco. Durante um evento festivo, em virtude de uma briga no salão de festa, entrou em luta corporal com Fernando, vindo a causar a morte do mesmo. Com base exclusivamente nas informações apresentadas, informe qual a competência para o processo e julgamento do crime cometido por Paulo, sabendo-se que o delito por ele cometido caracterizou, no caso concreto, o crime de homicídio, nos moldes do art. 121, caput, do Código Penal. (Valor: 1,25). A mera citação do dispositivo legal não confere a pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 6 A competência para processar e julgar o crime de homicídio praticado por Paulo, juiz de direito, é do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, nos termos do artigo 96, III da Constituição Federal em combinação com o art. 87 do Código de Processo Penal, ante a prerrogativa de foro inerente ao cargo exercido. Isso porque, conforme estabelecido no texto constitucional, compete privativamente ao Tribunal de Justiça ao qual está vinculado o Magistrado, processá-lo e julgá-lo pela prática de crimes comuns. Assim, o art. 96, III, da Constituição Federal excepciona a regra inserta no art. 5º., XXXVIII, do mesmo texto legal. Desta forma, apesar de Paulo ter praticado crime doloso contra a vida, não há em se falar na competência do Tribunal do Júri, pois tanto esta quanto a competência por prerrogativa de foro são matérias estabelecidas pela Constituição Federal, prevalecendo-se, nesse caso, a prerrogativa de função como forma de determinação da competência. DIREITO PENAL – QUESTÃO 2 QUESITO AVALIADO Tribunal de Justiça (0,6) / Rio de janeiro (0,4) / Art. 96, III da CF (0,15) / Art. 87 do Código de Processo Penal (0,1) 03. Marco foi preso em flagrante delito pelo crime previsto no art. 1º da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei 12.683/12. Depois da apuração, foi verificado, na realidade, que o crime ocorrido foi o de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 171, §3º do Código Penal. Ainda assim, o Ministério Público Federal ajuizou, na vara especializada de crimes de Lavagem de Dinheiro, denúncia em desfavor de Marco, denúncia esta que, embora narrando a conduta compatível com a apropriação indébita previdenciária, tipificou a mesma como o crime previsto no art. 1º da Lei 9.613/98. O Juiz da vara especializada recebeu a denúncia verificando os requisitos constantes no art. 41 do Código de Processo Penal. Diante da casuística apresentada, como advogado de Marco, qual seria a tese de defesa que poderia ser arguida em sede de resposta à acusação no intuito de corrigir a tipificação imposta de maneira incorreta? Justifique a sua resposta. (Valor: 1,25) PADRÃO DE RESPOSTADeverá ser utilizado o instituto da emendatio libelli previsto no art. 383 do Código de Processo Penal no intuito de corrigir o equívoco na tipificação prevista. Na emendatio libelli, na qual se enquadra a hipótese acima narrada, a denúncia encontra-se perfeitamente adequada aos fatos, apresentando apenas um erro na tipificação ou qualificação jurídica, sendo permitido ao juiz operar uma correção ou emenda. Muito embora o instituto da emendatio libelli esteja previsto no art. 383 do Código de Processo Penal, que se insere no capítulo referente à Sentença, os Tribunais vêm entendendo que não há qualquer óbice à sua aplicação até mesmo no momento do www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 7 recebimento da exordial, ou ainda, após a apresentação da resposta à acusação de que trata o art. 396 e 396-A do CPP, em especial nos casos em que a alteração para a tipificação adequada importe em alteração da competência. Isso porque a emendatio nada mais é que uma mera correção, sem que qualquer alteração se opere na narrativa fática. OBS: Vide HC 115831/MA, rel. Min. Rosa Weber, 22.10.2013. (Informativo 725, STF) Ante a situação peculiar dos autos, a 1ª Turma denegou habeas corpus em que se arguia a possibilidade de o magistrado conferir definição jurídica diversa aos fatos narrados na peça acusatória em momento anterior à prolação de sentença, quando repercutisse na fixação de competência ou na delimitação de procedimento a ser adotado. Na origem, juiz federal de 1º grau, no ato do recebimento da denúncia, entendera que os fatos apurados se enquadrariam ao delito de estelionato previdenciário (CP, art. 171, § 3º) e não ao delito de lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98, art. 1º, V), e, assim, fixara sua competência. Desta decisão, o Ministério Público Federal interpusera recurso em sentido estrito, provido para determinar a remessa da ação penal a outro juízo federal, especializado em crimes de lavagem de capitais. Preponderou o voto da Ministra Rosa Weber, relatora, que indeferiu o pedido. Consignou que, em regra, a sentença seria a ocasião oportuna para a emendatio libelli (CPP, art. 383). Aduziu que, no entanto, seria admissível antecipar a desclassificação em hipótese de definição de rito e da própria competência. Sublinhou que, não obstante isso, o caso em apreço conteria peculiaridade, uma vez que existiria processo-crime, conexo a esta ação, em trâmite na vara especializada. Observou, ainda, que subtrair do magistrado a oportunidade de apreciar, na esfera de sua própria competência, o exame dos fatos narrados na denúncia como configuradores de lavagem de dinheiro tornaria inócua a especialização do juízo. Por fim, considerou que, acaso configurada a existência do esquema de fraudes e de lavagem de ativos, que já originara a outra ação penal, impenderia concluir ser mais conveniente que o mesmo juízo julgasse ambos os feitos, sobretudo para evitar decisões contraditórias. O Ministro Dias Toffoli registrou ser resistente às especializações havidas para tratar de um ou outro artigo ou tipo penal. Salientou que se teria, na espécie, conflito de competência entre dois juízos criminais. O Ministro Marco Aurélio enfatizou que o acusado defender-se-ia dos fatos, e não do seu enquadramento jurídico. DIREITO PENAL – QUESTÃO 3 QUESITO AVALIADO A tese de defesa será a arguição do instituto da emendatio libelli OU como advogado de defesa deve ser requerida a emendatio libelli (0,75) / o entendimento é no sentido de possibilidade de aplicação deste instituto em sede de Resposta à Acusação OU os Tribunais aceitam a arguição da emendatio libelli na fase inicial (0,40) / Art. 383 do CPP (0,1) www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 8 04. Fernando, Autoridade Policial de determinado município, representou em juízo pela prisão temporária de João, indiciado pela prática de crime de receptação qualificada, tipificado ao teor do artigo 180, §1º do Código Penal Brasileiro. O fundamento da representação pela Autoridade Policial foi na imprescindibilidade das investigações do inquérito policial, bem como, existência de fundadas razões de autoria do crime. O Magistrado, levando em conta a natureza do delito, decretou a prisão temporária pelo prazo de cinco dias. Apenas com base nas informações, pergunta-se: a) O Magistrado, ao decretar a prisão temporária, agiu corretamente? (Valor: 1,25) Justifique a sua resposta. A mera citação do dispositivo legal não confere a pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA a) O Magistrado agiu de forma equivocada, uma vez que o crime de receptação qualificada não consta no rol taxativo dos crimes passíveis de decretação da prisão temporária, estabelecido no artigo 1º, III, da Lei nº 7.960/89 (Lei de Prisão Temporária). É importante destacar que o crime de receptação qualificada, tipificado ao teor do artigo 180, §1º do Código Penal Brasileiro, ocorre quando o indivíduo adquire, recebe, transporta, conduz, oculta, tem em depósito, desmonta, monta, remonta, vende, expõe à venda, ou de qualquer outra forma utiliza, coisa que deve saber ser produto de crime, no exercício de atividade comercial ou industrial, em proveito próprio ou alheio. Trata-se de crime patrimonial, que pune o agente com pena de reclusão de 3 a 8 anos, e multa. Ainda que possa ser considerado de certa gravidade, o delito em tela não está previsto no rol como hipótese cabível de decretação da prisão temporária. Portanto, em que pese presente o requisito da imprescindibilidade para as investigações e a existência de fundadas razões da autoria de João, não poderia o Magistrado decretar a prisão temporária do agente. DIREITO PENAL – QUESTÃO 4 QUESITO AVALIADO A) O Magistrado agiu de forma equivocada (0,3) / O crime de receptação qualificada não enseja decretação de prisão temporária OU o crime de receptação qualificada não está inserido no rol taxativo da Lei 7.960/89 (0,8) / Art. 1º, III da Lei 7.960/89 (0,15)
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