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TERRAS DEVOLUTAS PROPRIEDADE DA TERRA NO BRASIL 1500 a 1529 – ausência de regra inerentes a ocupação do solo brasileiro; 1530: Adoção regime Sesmarias controvérsia As terras brasileiras eram públicas (coroa) ou particulares (sesmeiros-donatários)? Lei de Terras (601/1850): Estabeleceu que o domínio da terra se adquiria pela compra e registro, bem como reconheceu o direito sobre as doações feitas anteriormente. Dessa forma, a titularidade das terras brasileiras ficou assim dividida: 1. Áreas cuja propriedade se adquiria pela compra e venda; 2. Áreas cuja propriedade se adquiriu pela doação/posse; 3. Áreas públicas. Áreas Públicas: 1. As terras que não haviam sido ocupadas a qualquer título, mantendo-se em sua forma original; 2. As terras pertencentes ao patrimônio estatal; 3. As terras que, anteriormente ocupadas, ou recebidas por doação ou concessão (sesmarias), eram retomadas pelo poder público em virtude do não cumprimento das obrigações do sesmeiro ; obrigações pelo beneficiário (advém daí o termo terras devolutas – devolvidas). Importante: Mais tarde a expressão terras devolutas passou a significar também, aquelas terras pertencentes ao poder público todavia não identificadas ou discriminadas Discriminar = Separar, Identificar TERRAS DEVOLUTAS – EVOLUÇÃO HISTORICO MESSIAS JUNGUEIRA – Devolutas são aquelas terras que não verteram para o domínio privado, deste excluído, evidentemente, o que estiver aplicado a qualquer uso público; ALTAIR DE SOUZA MAIA – Ao tempo do império entendia-se com terras ermas,. Sem aproveitamento, desocupadas, ou ainda aquelas devolvidas a coroa Portuguesa, pela ocorrência do comisso. Já no período Republicano, a ideia de terreno abandonado, sem ocupação, cedeu lugar a concepção de que as terras se consideravam devolutas. PAULO GARCIA – prefere definir o instituto pela sua origem etimológica, louvando-se em renomados cultores da língua portuguesa que explicam o termo DEVOLUTO quer dizer vazio, desocupado, sem dono. SILVIA OPTIZ E OSWALDO OPTIZ: “Terra Devoluta é aquela que não é definitivamente pública, nem definitivamente privada.” O vocábulo DEVOLUTO, trazia ínsita idéia de abandono. ALTAIR DE SOUZA MAIA – outro significado para terras devolutas, trata-se de devolução ao poder público daquelas terras concedidas a títulos de sesmarias, quando o sesmeiro inadimplisse as obrigações assumidas na expedição do título; MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO: O conceito de terras devolutas é residual, ou seja, as terras que não estão incorporadas ao domínio privado nem têm uma destinação a qualquer uso público são consideradas terras devolutas. LEI 601/1850 – LEI DE TERRAS A colonização portuguesa - sistema sesmaria para a distribuição de terras - criação da Lei de Terras em 1850; A Lei nº 601 de 18 de Setembro de 1850: “Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas por titulo de sesmaria sem preenchimento das condições legais. bem como por simples titulo de posse mansa e pacifica; e determina que, medidas e demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a titulo oneroso, assim para empresas particulares, como para o estabelecimento de colônias de nacionaes e de extrangeiros, autorizado o Governo a promover a colonisação extrangeira na forma que se declara D. Pedro II, por Graça de Deus e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que a Assembléa Geral Decretou, e Nós queremos a Lei seguinte..:” O termo literal da expressão devoluta originou das terras que eram consideradas improdutivas e que foram devolvidas ao Reino de Portugal; A Lei de Terras, tinha como principal objetivo conferir titulação a todos aqueles que não a tinham, mas que ocupavam áreas de terras, evitando com isso a perpetuação do regime de “posses” ilegítimas como meio originário de aquisição da propriedade imobiliária; ALTAIR DE SOUZA MAIA - passou a definir Terras Devolutas como aquelas que não estão aplicadas a qualquer uso público federal, estadual e municipal, que não estejam incorporadas no domínio privado; A CF de 1889 – As terras devolutas foram transferidas para os Estados, de acordo com limite territorial de cada unidade, cabendo á União apenas a porção do território indispensável á defesa da fronteira, fortificações, construções militares e estradas de ferro federais (art. 64); A CF de 1988, art. 20, II: são bens da União: as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; Art. 26, VI: incluem-se entre os bens dos Estados: as terras devolutas não compreendidas entre as da União. DOMÍNIO DAS TERRAS DEVOLUTAS UNIÃO: nas áreas elencadas no art. 20, inciso II, CF; ESTADO: onde estão situadas, conforme o art. 26, inciso IV, CF; MUNICÍPIO: se o Estado transferir o domínio. Obs: Via de regra, as Terras devolutas pertencem aos estados, excetos aquelas elencadas, no art. 20, II da CF; ESPÉCIES DE TERRAS DEVOLUTAS As que pertenceram à Coroa portuguesa pelo descobrimento; As que o Brasil adquiriu por compra ou permuta; As que, inicialmente pertencentes à Coroa portuguesa, foram alienadas e retornaram ao patrimônio público por terem caído em comisso e por falta de revalidação e falta de cultura. PROCESSO DISCRIMINATÓRIO Conceito: O processo discriminatório é aquele destinado a assegurar a discriminação e delimitação das terras devolutas da União e dos estados-membros, além de separá-las das terras particulares e de outras terras públicas. A discriminação das terras devolutas da União está prevista na Lei nº 6.383/76 Existem duas modalidades de processos discriminatórios: Administrativo; Judicial. PROCESSO DISCRIMINATÓRIO ADMINISTRATIVO Está regulado na Lei 6.383/76, nos art. 2º ao 17º - Instaurado por uma comissão especial, criada por ato do Presidente do INCRA. Compete a Comissão Especial formada por 3 membros: Presidente: bacharel em direito, agrônomo e um funcionário do órgão competente – poderes para representar a união ou o estado; O Presidente da Comissão Especial comunicará a instauração do processo discriminatório administrativo* a todos os oficiais de Registro de Imóveis da jurisdição. Uma vez instaurado o processo discriminatório administrativo, o Oficial do Registro de Imóveis não efetuará matrícula, registro, inscrição ou averbação estranhas à discriminação, relativamente aos imóveis situados, total ou parcialmente, dentro da área descriminada, sem que desses atos tome prévio conhecimento o Presidente da Comissão Especial. O procedimento inicia-se com: Autuação de memorial descritivo da área discriminada; Indicação dos registro imobiliários das propriedades; Rol das ocupações conhecidas; Esboço da gleba a ser discriminada; Quaisquer outras informações que possam interessar; Passado essa fase, o Presidente da CE convocará os interessado para no prazo de 60 dias apresentarem seus título, documentos, informações e rol de testemunhas, para comprovação da propriedade; A convocação é feita por edital; Autuada a documentação, a CE procederá a vistoria do imóvel, a fim de identificá-lo; Após segue a fase demarcatória para levantamento topográfico das terras discriminadas; Terminada essa fase o Presidente da CE lavrará o “Termo de encerramento” , e em seguida providenciará o registro em nome da União ou do Estado das terras devolutas. PROCESSO DISCRIMINATÓRIO JUDICIAL Está regulado pela Lei 6.383/76, art 18º ao 23º; Poderes para representar a União ou Estado; O procedimento judicial se dá em caso de: Dúvida sobre a legitimidade do título, apresentado por interessado particular; Não atendimento do edital de convocação – discordância do procedimento da discriminação; Procedimento for dispensado ou interrompido por presumida ineficácia; No caso dos notificados praticarem atentados no curso doprocesso, ou alteração de divisas, derrubada de vegetação, sem consentimento da CE; A competência para processar e julgar ação de discriminatória é da Justiça Federal - União; A competência para processar e julgar ação discriminatória é da Justiça Comum – Estados; O rito processual é sumário- questão de celeridade processual; O procedimento judicial inicia-se: Petição inaugural, instruída com memorial descritivo da área discriminada; citação por edital, diário oficial e imprensa local, intervalo de 08 a 15 dias entre 1ª e 2ª publicação; prazo de 60 dias para apresentação de títulos, documentos, informações e rol de testemunhas; Audiência de instrução e julgamento; Sentença proferida no ato ou no prazo máximo de 10 dias; A sentença homologatória serve como título do proprietário para o registro no CRC competente; Objetivo da discriminação das terras Separar as terras do Poder Público das que pertencem aos particulares, identificando-as, claramente, para efeito de registro nos CRCs e ao depois aliená-las ou aplicá-las nas finalidades previstas no Estatuto da Terra (art. 10); CONCLUSÃO Terras devolutas são terrenos públicos, ou seja, propriedades públicas que nunca pertenceram a um particular, mesmo estando ocupadas. Diferenciam-se destes por não estarem sendo aplicadas a algum uso público federal, estadual ou municipal, que não hajam sido legitimamente incorporadas ao domínio privado (Art 5º do Decreto-Lei n.º 9.760/46) enquanto que as terras públicas pertencentes ao patrimônio fundiário público são aquelas inscritas e reservadas para um determinado fim. O termo "devolutas" relaciona-se com a decisão de devolução dessas terras para o domínio público ou não, dependendo de ações judiciais denominadas discriminatórias.
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