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Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES
Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Departamento de Economia 
Universidade Federal de Minas Gerais
Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional – CEDEPLAR
Doutorado em Economia
Texto Para Discussão Nº 001
Notas sobre o Efeito Multiplicador 
das Exportações no Desenvolvimento Regional
Tânia M. Fialho
Junho de 2008
SUMÁRIO 
1. Introdução......................................................................................................... 4
2. O Modelo da Base de Exportação................................................................. 6
3. A Dinâmica de Interação entre Exportações e Substituião de Importações: A contribuição de Jane Jacobs.................................................................................... 12
4. Conclusão.................................................................................................................... 15
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 16
Resumo:
O presente Texto para Discussão procura fazer uma reflexão sobre a importância da Teoria da Base de Exportação para o entendimento do processo de desenvolvimento das regiões. Nesse sentido procura discutir as principais contribuições da teoria do Desenvolvimento Regional, voltadas, especificamente, para a teoria da base de exportação, como um dos elementos determinantes do crescimento das cidades/regiões. As principais implicações da discussão aquí apresentada dizem respeito aos efeitos positivos gerados pela base exportadora sobre a economia local/regional, e a capacidade de sustentação do crescimento econômico. 
Palavras chave: 
Desenvolvimento Regional, exportações, efeito-multiplicador. 
 
Introdução
Até a década de 1970, o debate em torno do Desenvolvimento Regional e Urbano centrava-se sobre dois eixos principais: a Teoria da Localização, que seguia a tradição da Teoria Microeconômica Neoclássica, e as Teorias do Desenvolvimento Regional, inspiradas na Teoria Keynesiana. Entretanto, os fatos que marcaram a economia a partir dos anos 80, expressos, especialmente, na reestruturação produtiva e na globalização, impõem uma revisão crítica dessas vertentes teóricas, com a emergência da denominada Nova Geografia Econômica, norteada pela perspectiva de organização de uma teoria capaz de sintetizar as diversas correntes da economia regional e urbana até então existentes. 
A Teoria Clássica da Localização, de inspiração alemã, representada por expoentes como Von Thünen (1826), Alfred Weber (1969), Walter Christaller (1966) e August Lösch (1954), utilizava dos fundamentos da teoria microeconômica neoclássica para atribuír importância fundamental aos custos dos transportes como fator determinante da localização espacial das atividades econômicas, especialmente da localização ótima da firma, além de destacarem, nesse processo, o papel desempenhado por outros fatores como custo de mão-de-obra, economias de escalas e de aglomeração, renda fundiária e hierarquia urbana. 
Esse arcabouço teórico, ganha, em meados da década de 1950, a importante contribuição de Walter Isard (1956), que sintetiza e aperfeiçoa essas diversas perspectivas teóricas, resultando no que se convencionou denominar de “Regional Science”. � 
Entretanto, a natureza estática que norteava a Teoria da localização, fundamentada na localização ótima da firma em função da maximização de lucros, restringia a compreensão clara dos aspectos dinâmicos da concentração locacional ou aglomeração das atividades econômicas. Assim é que, em meados da década de 1950 surge um novo conjunto de estudos que busca enfatizar a importância de fatores dinâmicos para o desenvolvimento regional e superar as restrições impostas pelo caráter estático que a Teoria da Localização imputava à análise. 
Inspiradas nas tradições marshalliana e keynesiana, as Teorias do Desenvolvimento Regional emergem a partir de meados da década de 1950, reunindo análises focadas na dinâmica espacial do crescimento das regiões. Nesse eixo teórico destacam-se, dentre outros, os trabalhos Douglas North (1955) e Allan Pred (1966) que analisam a importância do dinamismo da base de exportação para a economia regional. Perroux (1967), Parr (1999), Boudeville (1969) e Paelinck (1977) associam a idéia de desenvolvimento regional à polarização do espaço geográfico, e consideram que a dinâmica do crescimento econômico é, por natureza, uma dinâmica polarizada. As assimetrias do processo de desenvolvimento regional é outro tema relevante dentro desse conjunto de teorias, analisadas, especialmente, através dos conceitos de causação circular cumulativa de Myrdal (1957) e de efeitos para frente (forward linkages) e para trás (backward linkages) de Hirschman (1958). 
Mais recentemente, o interesse por questões relacionadas aos determinantes do crescimento econômico leva ao surgimento da denominada Nova Geografica Econômica que destaca os efeitos cumulativos da mobilidade dos fatores produtivos no processo de reorganização espacial e da concentração produtiva regional, tendo como uma das referências teóricas mais importantes, The Spatial Economics, de Fujita, Krugman e Venables (1999).
No contexto desses diversos enfoques, o propósito desse estudo é fazer uma reflexão sobre Teoria do Desenvolvimento Regional, focalizando, principalmente, a contribuição dada por um de seus grandes elementos, a Teoria da Base de Exportação, para o entendimento do processo de desenvolvimento das regiões. 
O trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: a seção 2 aborda o modelo de base de exportação nas concepções de North e Pred; a seção 3 apresenta a contribuição de Jane Jacobs, enquanto na seção 4 são delineadas algumas conclusões. 
O Modelo da Base de Exportação
Formalizada originalmente por Douglas North (1955), a Teoria da Base atribui as exportações e a interação espacial dos agentes econômicos, papel fundamental como principal determinante do processo de desenvolvimento e crescimento regional, pela geração de efeitos dinâmicos de multiplicação e aceleração, sobre os demais setores da economia, especialmente sobre aquelas atividades que atendem a demanda por bens e serviços da população local. 
Ao analisar, historicamente, o crescimento econômico regional dos Estados Unidos, North (1977) refuta a Teoria da Localização pela pouca evidência empírica que apresenta em relação ao processo de desenvolvimento das regiões norte-americanas, especialmente no que diz respeito à sequência de estágios� que deveríam ser percorridos por uma região para alcançar a etapa final de maturidade econômica, correspondente à especialização em atividades terciárias e a produção voltada para a exportação. North constata que, em lugar da evolução gradual dos estágios de desenvolvimento preconizados pela Teoria Locacional, “Muitas regiões pioneiras dos Estados Unidos desenvolveram-se, a princípio, em torno de um ou dois produtos exportáveis e só diversificaram sua base de exportação depois que ocorreu a redução dos custos de transportes” (North, 1977, p: 298), destacando, assim, que o crescimento regional dependia, fundamentalmente da capacidade de produção da região de bens destinados à exportação. 
Em síntese, o argumento central subjacente à essa perspectiva teórica é de que, a expansão da base exportadora gera efeitos multiplicadores sobre as atividades locais, dinamizando os diversos setores da economia como as organizações voltadas para a comercialização, os setores financeiros e de transportes, mão de obra qualificada, o surgimento de indústrias complementares� e o desenvolvimento e aprimoramento tecnológico, o que melhora a competitividade dos produtos exportadospela região. A medida em que as exportações se tornam mais dinâmicas e lucrativas, a renda e a poupança regional são ampliadas, o que determina novos investimentos na própria indústria de exportação, bem como nas indústrias locais. Nesse sentido, a base de exportação tem um papel decisivo na determinação do nível de renda regional e no desenvolvimento das ativdades locais. 
Seguindo a lógica do multiplicador keynesiano clássico, o efeito multiplicador da base exportadora é formalizado considerando uma cidade ou região que comporta atividades que atendem a demanda de exportação e atividades voltadas para o atendimento da demanda doméstica. Assim, considerando: 
X = renda gerada pelo setor de exportação (considerada exógena) 
 = fração renda (X) que é gasta em bens que não pertencem à base de exportação
Y = renda regional
Essa renda inicial X, gerada pelo setor exportador, conduz, numa segunda rodada da economia, a um consumo de 
X em produtos não pertencentes à base de exportação, o que por sua vez, conduz, numa terceira rodada, à um gasto com esses bens correspondente a 
X, sendo esse processo repetido sucessivamente. Esse efeito multiplicador determinaria, portanto, a renda regional Y, ou seja:
	
 Temos, portanto, uma série geométrica, dado que 
< 1, ou seja:
 Substituindo na equação de Y, obtêm-se�:
O que demonstra a renda Y sendo determinada por um efeito multiplicador sobre a renda gerada no setor expotador.
Essa concepção motivou opiniões divergentes na literatura, como a de Tibeout (1977 p: 317), que destaca a necessidade de relativizar a importância das exportações “como única fonte de variação da renda regional”. No curto prazo, outras variáveis como investimento, despesas governamentais e expansão do setor imobiliário, dentre outras, podem ser tão ou mais importantes que as exportações para a determinação da renda de uma região. Além disso, há que se considerar que a importância relativa das exportações na determinação da renda regional, depende do tamanho da região sob consideração. No contexto de grandes regiões, onde existem outros fatores dinâmicos relevantes na determinação da renda, o papel desempenhado pelas exportações é menor do que em pequenas regiões�, onde as economias de escala são inexistentes e o volume de produtos fora da base é mínimo. Nesse sentido, o autor ressalta que o aumento do tamanho da região e, por conseguinte do seu mercado interno, implica no decréscimo da importância das exportações como elemento principal da determinação da renda. 
Embora passível de objeções, o mecanismo do efeito multiplicador na sua formulação original constituiu-se no ponto de partida para análises subsequentes diversas. Neste contexto, a contribuição de Pred (1966), ao examinar as causas e formas de expansão das cidades selecionadas dos Estados Unidos, em períodos de industrialização rápida, foi incorporar à análise a idéia de causação circular cumulativa que aflora da relação entre o crescimento urbano e as mudanças nas estruturas produtivas da cidade. 
O argumento desenvolvido esse autor, parte do pressuposto de que a instalação de uma ou mais indústrias de grande escala em uma cidade ou região, gera um efeito multiplicador inicial derivado do crescimento das demandas locais, provocado tanto pelas novas indústrias instaladas, quanto pelo poder de compra da força de trabalho. Essas novas demandas fazem vicejar novos negócios, serviços, comércio e construção civil, além de induzir encadeamentos para trás (backward linkages) e para frente (forward linkages) na base produtiva local, através da produção de insumos para as indústrias instaladas ou da utilização dos produtos dessas indústrias, como insumos, em seus processos produtivos. A combinação desses efeitos – novo emprego industrial e efeito multiplicador inicial – provoca mudanças na estrutura ocupacional da cidade, com o aumento da população e a emergência de uma escala urbana maior, capaz de acomodar novas atividades produtivas ou a ampliação da capacidade instalada das atividades existentes. 
As facilidades geradas com a nova escala instalada possibilitam que um segundo ciclo de crescimento seja iniciado, com a implantação de novas indústrias, o surgimento de novo efeito multiplicador inicial e a conquista de uma nova escala local ou regional. Esse processo prolonga-se, de uma maneira circular e cumulativa, até ser contido pelas deseconomias de aglomeração ou, caso seja relaxada a hipótese de isolamento local, pelas maiores vantagens competitivas de outras cidades ou regiões. 
Esse ciclo circular e cumulativo pode, ainda, ser impulsionado por um efeito multiplicador secundário que emerge do emprego não industrial, especialmente do efeito associado à atividade da construção civil e de criação de infra-estrutura urbana, o que provoca um aumento no emprego em consequência da dinamização e diversificação do setor terciário e da ampliação do setor público. Com o crescimento da escala da economia local, o setor terciário torna-se mais diversificado e requintado, determinando a ampliação das funções de centralidade�, expressa no modelo de Chistaller (1966). 
Um segundo ciclo de efeitos surge, simultaneamente, a partir da rede de relações que se estabelece entre os trabalhadores da indústria e do setor teciário. O contato “face to face” oportuniza a transmissão e o intercâmbio de informações, conhecimento, idéias e habilidades, possibilitando o aperfeiçoamento tecnológico e o surgimento de invenções. A transformação dessas invenções em novos produtos requer a construção de novas unidades produtivas ou a ampliação das existentes, resultando no aumento do emprego e da população, levando à ampliação do intercâmbio e aumentando as possibilidades de inovação e invenção. Dessa forma, conforme observa Pred (1966, p: 28), esse “processo circular continua, talvez até mesmo, a um rítmo mais acelerado, até ser desviado ou impedido”.
 Fujita, Krugman e Venables (1999, p: 28) apontam que a contribuição de PRED foi considerar que, no modelo do efeito multiplicador, a “parcela de renda gasta localmente não é uma constante, mas depende do tamanho do mercado local”. Assim, 
 aumenta com o crescimento da economia local/regional, ampliando o multiplicador, o que propicia um maior aumento da renda Y, reiniciando o ciclo de forma circular e cumulativa. Dessa forma, o modelo do multiplicador de base é extendido, considerando que a fração da renda gasta em produtos não-base é uma função crescente da renda da região do período anterior, ou seja: 
	
Para pequenas economias, temos: 
 
t = (
t-1 
que, substituindo na equação da renda resulta em: 
 
No caso de grandes economias, considera-se 
 constante, uma vez que aproxima-se muito de 1, isto é: 
 
t = 
Portanto, pode-se reescrever a equação da renda como: 
 
 
Disso deduz-se que 
t encontra-se no seguinte intervalo:
Se o tamanho da base aumenta, a partir de um nível muito baixo, o aumento das exportações leva ao aumento da renda regional numa proporção maior do que o aumento da parcela da renda gasta localmente. Assim, a partir de um determinado nível da parcela de renda gerada pelo setor exportador, inicia-se um processo cumulativo, cujo aumento da renda daí resultante leva a um efeito multiplicador proporcionalmente maior. Se ao contrário, o tamanho da base declina de um nível muito alto, ela reduz primeiro proporcionalmente, e o processo cumulativo desse declínio determina uma queda no multiplicador. 
Não obstante essa importante contribuição de Pred, algumas fragilidade do modelo do multiplicador de base são apontadas por Fujita, Krugman e Venables (1999), com destaque para sua reduzida aderência ao mundo real e a exogeneidade da base exportadora. Segundo esses autores a “influência do tamanho do mercado sobre a parcela do gastolocal, embora real, não parece ser grande o bastante para gerar o tipo de dinâmica apresentada” (p:31 ). Além disso, considerar o tamanho da base de exportação como variável exógena, não é muito adequado, visto que a empiria mostra que, em diversas regiões, o processo de crescimento cumulativo das cidades emerge a partir da retroalimentação do setor exportador e não simplesmente da substituição de importações. Importa também considerar que, embora a equação do multiplicador de base embora possa ser adequada para avaliar as regiões isoladamente, não parece apropriada à análise econômica no nível global, já que todas as transações são feitas localmente, o que torna a equação indefinida. 
A dinâmica de Interação entre Exportações e Substituição de Importações: A Contribuição de Jane Jacobs
	
O modelo téorico de Jane Jacobs (1969) contido em “The Economy of Cities” é um marco no debate sobre o crescimento econômico dos centros urbanos, ao avançar na análise do efeito multiplicador e considerar fatores como a diversificação da estrutura produtiva local e a interação dos processos de substituição de importações e exportações como importantes elementos, interdependentes e explicativos do crescimento das cidades. 
Jacobs (1969) parte da concepção de que o crescimento da renda regional tem no dinamismo da base exportadora e no processo de substituição de importações seus principais determinantes. Para explicar esse processo, considera uma economia local composta dos seguintes setores: 1) produção de bens de intermediários (P); 2) produção de bens de consumo (C); 3) produção para exportação (E); e 4) importações ( I ) que atende aos três setores mencionados, conforme pode ser visualizado no diagrama abaixo. A produção para a exportação, ocorre portanto, através dos setores de produção de bens intermediários e de importação de bens de capital. 
 
	
Supondo que um produtor de bens intermediários torna-se um exportador, o aumento das exportações, além de provocar um acréscimo no emprego e na renda local, aumenta a capacidade de importação da economia, elevando portanto as importações. A parcela que é acrescida nas importações é direcionada à ampliação do setor exportador, ao atendimento do crescimento da demanda de bens de consumo - que ocorre em função do crescimento da renda e do aumento da população local – e ao provimento do setor de produção de bens intermediários. Esse efeito dinâmico, que o aumento das exportações gera sobre a economia local, é concebido pela autora como “efeito multiplicador das exportações”, similar ao apresentado nas análises precedentes. Sob o efeito do multiplicador das exportações, o setor de produção de bens intermediários cresce e diversifica, pressionando o crescimento das economias de urbanização que, por sua vez ampliam as possibilidades de implantação de novas empresas exportadoras, gerando novo surto de crescimento. Entretanto, Jacobs pondera que o efeito multiplicador do crescimento das exportações de uma cidade ou região não é grandeza fixa no tempo e no espaço, mas assume valores diversos em função das características e do contorno da base produtiva local. Uma vez instalada essa dinâmica de crescimento, e considerando que esse processo continua indefinidamente, as cidades passam a apresentar taxas de crescimento sustentadas, porém lentas, se baseadas apenas nesse efeito. 
Como visto, a análise do efeito multiplicador das exportações desenvolvida por Jacobs comporta, de uma forma geral, as mesmas características delineadas no modelo de Pred, descrito no ítem anterior. O avanço de Jacobs, em relação as análises precedentes foi a introdução no debate da idéia de um efeito multiplicador oriundo do processo de substituição de importações, que deve ser considerado como uma fonte poderosa a determinar o rápido crescimento das cidades.
Jacobs pondera que a importação de bens e serviços promove a difusão dos produtos na base produtiva local, favorecendo o aprendizado tecnológico e oportunizando o aperfeiçoamento e a diversificação do setor produtivo da cidade​/região, que passa a produzir bens similares aqueles até então importados. Essa substituição de parte das importações, amplia a base produtiva local, gerando efeitos positivos sobre o crescimento do emprego e da renda, impulsionando, por conseguinte a demanda doméstica. Inicia-se, assim, um efeito multiplicador que tem origem no processo de substituição de importações. 
Entretanto, Jacobs aponta diferenças importantes entre esses dois efeitos. No caso do efeito multiplicador das exportações, parte da renda obtida com o crescimento do setor exportador é dispendida com importações de bens de produção que retroalimenta o setor exportador e, com bens de consumo para a economia local. No caso do efeito multiplicador do processo de substituição de importações nada é direcionado, direta ou indiretamente, para o setor exportador. Toda a renda obtida com o processo de substituição de importações é revertida para a economia local, já que a renda anteriormente dispendida com importados passa a ser gasta com os produtos substitutos produzidos localmente, o que dinamiza a economia da cidade, aumentando a população empregada, ampliando as economias de urbanização e potencializando o efeito multiplicador. Dessa forma a autora justifica que “o efeito multiplicador da substituição de importações é muito mais potente do que o efeito multiplicador oriundo do crescimento das exportações, porque a importação substituida vai para o incremento da economia local” (Jacobs, 1969, p: 154). 
A interação entre os processo de substituição de importações e crescimento das exportações e seus consequentes efeitos multiplicadores, explicam porque algumas cidades crescem proporcionalmente mais que outras. Como os dois processos são completamente integrados, qualquer obstrução na produção do setor exportador, atinge o processo de substituição de importação das cidades, afetando os efeitos multiplicadores e, portanto, o crescimento da cidade. Uma cidade ou região que já desfruta do efeito multiplicador das exportações, inicia um processo de substituição de importações, que conduz, por conseguinte, a uma alteração de sua pauta importadora. A mudança da pauta de importação, por sua vez, favorece a diversificação da economia local, ampliando as economias de urbanização, o que impõe a ampliação das escalas mínimas de eficiência da cidade, propiciando o aumento das exportações. Nesse contexto, o ciclo de crescimento é reiniciado numa dimensão maior que a anterior. 
Entretando, há que destacar que, no modelo delineado por Jacobs, o crescimento das cidades ou regiões são interdependentes, já que a exportação de um local representa as importações de outro, o que determina que uma cidade só cresce se as demais também crescerem. Conforme já destacado anteriormente, o efeito multiplicador das exportações, per si, imprime à cidade um crescimento mais lento do que quando leva-se também em conta o efeito multiplicador do processo de substituição de importações. Assim, a motivação do rápido e contínuo crescimento das cidades parece residir na capacidade da economia local/regional de realizar o processo de substituição de importações, que propicia o desenvolvimento de novas tecnologias e a diversificação da base produtiva local, ampliando-a. 
Numa perspectiva crítica, o modelo de Jacobs apresenta alguns pontos frágeis que merecem ser destacados, não obstante o reconhecimento da maior completude dada pela autora à questão da importância das importações como força motriz do desenvolvimento regional. Um primeiro ponto que se apresenta frágil é a indefinição dos limites do “crescimento explosivo” das cidades que, na perspectiva de Jacobs, só poderia ser reduzido a partir da desaceleração do crescimento da base exportadora e da consequente redução da capacidade de importação da economia, que provocaria efeitos negativos sobre o desenvolvimento tecnológico e a capacidadede inovação local. Outro ponto a ser considerado, está relacionado ao tratamento simplista dado pela autora às economias de desaglomeração oriundas do processo de crescimento da cidade. Segundo Jacobs, os efeitos negativos das economias de desaglomeração poderíam ser minimizados com a criação de bens e serviços capazes de acompanhar o crescimento exuberante da cidade, o que demonstra ser uma solução insatisfatória, dado os altos custos que isto poderia representar. 
Conclusão
O presente trabalho procurou sistematizar os aspectos da teoria do desenvolvimento regional voltados, especificamente, para a teoria da base de exportação, como um dos principais elementos a determinar o crescimento da cidade/região. A evidência empírica apresentada pelos autores são sugestivas de que há uma relação causal entre o crescimento do setor exportador e o desenvolvimento regional, pelos efeitos dinâmicos que gera sobre as economias locais. É indubitável que em diversas regiões e países, muitas cidades se desenvolveram a partir dos efeitos positivos gerados pela base exportadora. Entretanto é possível encontrar exemplos históricos em que a base de exportação não foi capaz de engendrar um processo durável capaz de sustentar o crescimento das cidades, após a desaceleração do setor exportador. Esse parece ser o caso de empresas estrangeiras com pouca vinculação com a base produtiva local e que exportam todo o excedente que geram. 
Nesse contexto, como já mencionado na análise precedente, o crescimento duradouro e sustentável da cidade/região , parecer requerer muito mais que apenas o crescimento das exportações. Torna-se necessário, além daqueles elementos apontados por Jacobs, levar em conta outros fatores dinamizadores para a economia local, que não apenas as exportações. Além disso, se a base exportadora é a força motriz de todo o processo de desenvolimento local/regional, há que ser considerado o alto grau de vulnerabilidade externa que o modelo encerra. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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� O modelo formalizado por Isard (1956) em “Location and Space Economy” é considerado como um aperfeiçoamento da teoria weberiana, uma vez que ambos abordam a minimização de custos dos transportes como principal explicação para a escolha locacional e distribuição espacial das atividades econômicas. 
� A sequência dos cinco estágios de desenvolvimento de uma região são descritos em North (1977, p: 293 e 294).
� North (1977, p: 306 e 307 ) destaca 4 tipos de indústrias e/ou atividades complementares locais que surgem à partir da base exportadora: a) indústrias produtoras de matérias-primas; b) atividades de serviços para atendimento às atividades exportadoras; c) indústrias produtoras de bens voltadas para o consumo local e d) indústrias sem raizes em que os custos de transferência não são importantes como fator locacional. 
� Conforme Fujita, M; Krugman, P e Venables, A. J. (1999 p: 28)
� Tibeout (1977 p: 319 ) argumenta que “no curto prazo parece que a determinação da renda regional depende, somente parcialmente, das exportações da região. Quanto maior a região considerada menor será o papel das exportações”. 
� A idéia de centralidade de Christaller, corresponde ao adensamento de população e atividades econômicas em uma determinada região, que atua como um centro (lugar central) de fornecimento de bens e serviços serviços (comércio atacadista e varejista, serviços bancários, educacionais, administrativos , de diversão, etc) para o próprio local e áreas adjacentes. 
Professora Tânia Marta Maia Fialho
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Professora Tânia Marta Maia Fialho
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