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DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 1 Direito de Família é um ramo do direito privado, embora sofra intervenção estatal, devido à importância social da família, suas normas são cogentes (de ordem pública), sua instituição jurídica são direitos-deveres, é direito extrapatrimonial ou personalíssimo. A CF/88 em seu artigo 226 trouxe importantes mudanças ao Direito de Família, sendo eles: 1. Reconhecimento da união estável como entidade familiar; 2. Reconhecimento da família monoparental (formada por ex. pela mãe e filhos); 3. Igualdade entre gêneros, extirpando o “pátrio poder” que referencia ao patriarcalismo, trazendo á tona o poder familiar exercido igualmente entres os conjugues.; 4. Igualdade entre os filhos havidos ou não dentro do casamento, ou por adoção. Existem, pois, outras formas de constituição de família que embora não reguladas, já possuem reconhecimento tanto na doutrina como na jurisprudência. Uniões simultâneas: Ainda é um tema bastante controvertido no ordenamento brasileiro, decorrente de uma cultura monogâmica. Porém, em alguns jugados os tribunais reconheceram o direito a alimentos e pensões, nos casos em que fora verificado a união estável simultânea. Uniões de pessoa do mesmo sexo: Outro tema que ainda gera certa polemica, porém caminha para sua regulamentação. O STF reconheceu a união de pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, sendo, portanto protegida pelo Estado. Unipessoal: O estado reconhece as famílias que são compostas por apenas um indivíduo, protegendo inclusive seu único bem da penhora. Súmula 364 STJ. O objetivo do direito de família é a própria família. Inúmeros são os sentidos de família, na seara jurídica encontramos três acepções fundamentais (sentido amplíssimo, lata e restrita): Amplíssimo: todos os indivíduos que estiverem ligados pelo vínculo da consanguinidade ou da afinidade, chegando a incluir estranhos. Amplo (lato sensu): além dos conjugues e seus filhos , abrange os parentes da linha reta ou colateral, bem como os afins (parentes de outro conjugue). Restrito (stricto sensu): A família se reduziria aos pais e sua prole. Família nuclear. Casamento É o vínculo jurídico entre o homem e a mulher (desde 2011 o STF reconhece como legítimo o casamento entre pessoas do mesmo sexo) que visa o auxílio mutuo material e espiritual, de modo que haja uma integração fíisiopsíquica e a constituição de uma família. Existem três grandes teorias a respeito da natureza jurídica do casamento, a teoria contratualista originária do direito canônico, que via o casamento não só como sacramento, mas também como um contrato natural, decorrente da natureza humana, sendo, pois um contrato civil, regido por normas comuns a todos os contratos, aperfeiçoando-se apenas pelo simples consentimento dos nubentes. Já a concepção institucionalista originária na França, vê o casamento como uma instituição social, refletindo uma situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas cujas normas, efeitos e forma encontram-se preestabelecidas pela lei. Finalmente a doutrina eclética ou mista (natureza hibrida), trás a concepção de que o casamento é um ato complexo, ou seja, é concomitantemente contrato (na formação) e instituição (no conteúdo), é a mais aceita teoria em nosso direito e ordenamento jurídico. Temos, pois, como finalidade a instituição da família matrimonial, que é uma unidade que se origina do casamento e pelas inter-relações existentes entre marido e mulher e entre pais e filhos, art. 1.513 cc, a procriação e educação da prole, sendo consequência lógico-natural e não essencial do matrimonio, pois a falta de filhos não afeta o casamento, tem-se a legalização das relações sexuais, pois há dentro do casamento a satisfação do desejo sexual, que é normal e inerente á natureza humana, a prestação de auxilio mútuo, tendo como princípio o desejo de DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 2 pessoas que se uniram com desejos de enfrentar juntos a realidade e as expectativas da vida, e o estabelecimento de direitos e deveres entre os conjugues dividindo-se em patrimoniais e não patrimoniais, podendo ser citado como dever: o de fidelidade, coabitação, mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos, respeito e consideração mútuos, direção da sociedade conjugal, como direito dos conjugues está o de livremente o marido e a mulher dispor dos seus bens de acordo com o art. 1.642,cc. Pressupostos e requisitos de existência, validade e regularidade do casamento. Para que o ato nupcial seja válido e eficaz, precisa preencher certas condições imprescindíveis a sua existência jurídica, a sua validade e a sua regularidade. I. Condições necessárias à existência jurídica: 1.1. Diversidade de sexos: Art. 1.514,cc: “O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”. A resolução nº 175, de 14/05/2013, do CNJ, dispõe sobre a habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas do mesmo sexo. 1.2. Consentimento: A ausência total de consentimento torna inexistente o casamento. Ocorre quando um dos nubentes deixa de declarar a vontade de casar-se, por coação absoluta, por demência, embriaguez ou hipnose. 1.3. Celebração por autoridade competente: Inexiste casamento se o consentimento é manifestado perante o qual não tem jurisdição para celebrar o ato matrimonial. II. Pressupostos de validade: 1.1. Condições naturais de aptidão física: são eles: a potência, a puberdade e a sanidade. Potência é a aptidão para a conjunção carnal (ressalvadas as exceções do art. 1.540), os nubentes deverão ter aptidão para a vida sexual, dois são os tipos de potência: potência de cópula e potência de gerar. Puberdade: a lei estabelece um limite de idade no qual, presumivelmente, todos se tornam puberis, o legislador fixou a idade núbil aos 16 anos, independente do sexo do nubente, se ambos os pretendentes não tiverem atingido a capacidade civil, será necessária a autorização dos representantes legais, havendo divergência entre os pais, o interessado poderá obter do juiz o suprimento judicial correspondente. ATENÇÃO: o art. 1.518, dispõe que até a celebração os pais ou representantes podem revogar a autorização, e o art. 1.520 trás duas exceções nos quais não precisa de autorização, nos casos de gravidez e para evitar o cumprimento de penal criminal. Quanto à sanidade, o código civil não previu como condição necessária á validade do casamento, o exame pré-nupcial não é obrigatório, salvo nos caso de casamento de colaterais de 3º grau (tios e sobrinhos), conforme o Dec-lei 3.200 de 1941. 1.2. Condições de ordem moral e social: São de duas ordens: 1- o grau de parentesco: Constitui obstáculo relativo ao casamento, sejam os parentes em linha reta (art. 1.521,I), ou linha colateral (art.1.521,IV), seja parentesco consanguíneo ou afim (art. 1.521,I,II). 2- Existência de casamento: A monogamia resulta a proibição de segundo casamento. III. Condições necessárias à regularidade do casamento. São as que se referem às formalidades do casamento, que é ato jurídico eminentemente formal. A lei lhe prescreve formalidade de observância obrigatória para sua regularidade. A inobservância desses pressupostos acarreta a inexistência jurídica, o ato fica privado de qualquer eficácia. DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 3 Após, será dado vistas ao MP p/ parecer 1.1. Da habilitação para o casamento: É fase preliminar, processo que ocorre peranteo Oficial de Registro Civil, na qual se verifica se os nubentes preenchem os requisitos para o ato nupcial. O requerimento de habilitação será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, que deverá constar os documentos descritos no art. 1.525, que após a audiência do MP, será homologado pelo juiz (art.1.526). Art. 1.527: Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente (o juiz), havendo urgência, poderá dispensar a publicação. Verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial extrairá o certificado de habilitação (art.1.531), com prazo decadencial de 90 dias, a contar da data de sua expedição. 1.2. Da celebração do casamento – Formalidades essenciais - : Requerimento à autoridade competente para designar dia, hora e local da celebração do matrimonio (art. 1.533), A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, PARENTES OU NÃO, dos contraentes, ou querendo as partes e consentido a autoridade celebrante, noutro edifício publico ou particular (art.1.534), presença real e simultânea dos contraentes ou de procurador especial, em casos excepcionais (arts. 1.535 e 1.542), das testemunhas (sendo 4 testemunhas nos casos em que um dos contraentes não souber ou não puder escrever, ou se celebrado em edifício particular §2º art. 1.534). O ato se convalesce com a lavratura do assento do matrimonio no livro de registro em 30 dias. IV. Formas excepcionais de celebração do casamento. 1.3. Casamento por procuração: O art. 1.542 prevê essa possibilidade, em que um dos contraentes não puder estar presente ao ato nupcial, se celebre o matrimonio por procuração pública desde que o nubente outorgue poderes especiais, indicando o nome do outro contraente de modo preciso e mencionando o regime de bens. A procuração tem eficácia de 90 dias, e poderá ser revogada até o momento da celebração do casamento. 1.4. Casamento nuncupativo: Art. 1.540. Dispensa o processo de habilitação, publicação de proclamas e a presença da autoridade, é celebrado pelos próprios nubentes na presença de seis testemunhas, que com eles NÃO TENHAM parentesco, tal forma excepcional só é possível mediante dois requisitos: (1) que um dos contraentes esteja em iminente risco de vida e (2) impossibilidade dos contraentes obterem a presença da autoridade celebrante ou de seu substituto. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judiciária competente, dentro de 10 dias, sob pena de inexistência do casamento, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: (a) que foram convocadas por parte do enfermo, (b) que este parecia em perigo de vida, mas em perfeito juízo e (c) que em sua presença declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. (art. 1.541). Após instaura-se um procedimento de jurisdição voluntária, com a participação do MP. Após o transito em julgado da sentença favorável, o juiz mandará registrá-la no livro de Registro de Casamentos. Se o enfermo convalescer e puder ratificar, ele mesmo deverá fazê-lo na presença da autoridade judiciária e do oficial de registro no mesmo prazo de 10 A lei não especifica os casos de urgência, mas a doutrina costuma citar as seguintes hipóteses: (1) moléstia grave de um dos nubentes que está prestes a morrer, (2) necessidade de viagens inadiáveis e (3) evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal, nos crimes contra os costumes. DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 4 dias, não sendo preciso à presença das testemunhas. A prova do casamento nuncupativo é a certidão da transcrição da sentença que o homologou. 1.5. Casamento no caso de moléstia grave – art. 1.539. Neste tem-se como pressuposto o estado de saúde de um dos nubentes, cuja gravidade o impeça de locomover-se e de adiar a cerimonia. Neste caso a legislação prevê que poderá solicitar a presença do celebrante e do oficial em sua casa ou onde estiver inclusive no hospital mesmo a noite, para celebrar o casamento, sendo necessária a presença de duas testemunhas, que saibam ler e escrever. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir casamento, será suprida por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial de registro por outro ad hoc, nomeada pelo presidente do ato, lavrando tudo em termo avulso, que será levado a assento em 5 dias contados da celebração do casamento, perante 2 testemunhas. 1.6. Casamento perante a autoridade diplomática ou consular – A lei de introdução ao cc prevê em seu artigo 7º,§2º que “ o casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas do pais de ambos os nubentes”. O cônsul ou diplomata estrangeiro só poderá realizar casamento quando ambos os contraentes forem co-nacionais, assim, 2 americanos residentes no brasil podem casar-se perante o cônsul de seu país. Assim também é possível que dois brasileiros contraiam casamento no estrangeiro, todavia a eficácia do ato no Brasil, está submetida a condição suspensiva, qual seja a realização do seu registro no território nacional em 180 dias, a contar da volta de u ou de ambos os cônjuges no brasil. 1.7. Casamento religioso com efeitos civis. Art. 226,§ 2º da CF/88. Quando da habilitação para o casamento, os nubentes indicando o desejo de contrair a cerimonia mediante entidade eclesiástica, o oficial de registro expedirá certidão, dela fazendo constar seu fim especifico e a entregará a um dos nubentes, mediante recibo que ficará nos autos da habilitação. Essa certidão será entregue a autoridade eclesiástica, que a arquivará, realizando, então o ato nupcial. Dentro de outro prazo decadencial de 30 dias, contado da celebração do casamento, o ministro religioso ou qualquer interessado deverá requerer o seu assento no registro civil. 1.8. Casamento religioso NÃO precedido de habilitação civil: art. 1.516,§2º. Poderá ser registrado a qualquer tempo, desde que os nubentes, juntamente com o requerimento de registro, apresentem prova do ato religioso e os documentos exigidos pelo art. 1.525, e supram a requisição do oficial, eventual falta de requisitos no termo da celebração religiosa. Processada a habilitação com a publicação dos editais, certificando-se o oficial da ausência de impedimentos matrimoniais e de causas suspensivas, fará o registro do casamento religioso. V. Dos impedimentos e causas suspensivas. Do impedimento: O impedimento matrimonial é a ausência de requisitos para o casamento. A incapacidade para o casamento não pode ser confundida com o impedimento matrimonial. Incapaz para o casamento é aquele que não alcançou requisito relativo à vontade ou à idade núbil, nos moldes dos arts. 1517 a 1520/CC. O impedido é aquele que, apesar de capaz para o ato jurídico, não pode escolher determinada pessoa para com ela estabelecer vínculo matrimonial. Aqui o legislado avisa, ‘não podem casar’. I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 5 V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. Das causas suspensivas: A denominação “causa suspensiva” deve-se ao fato de que sua arguição suspende a realização do casamento até que a causa seja eliminada. O casamento consumado com este tipo de infringência é válido, porém, a lei impõe penalidades de diversas naturezas. Aqui o legislador aconselha, ‘não devem casar’ – se não ouvido, haverá sanções. Art. 1.523 I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins. Quis o legislador evitar que o patrimônio oriundo da primeira união viesse a se confundir com o da segunda, prejudicando, assim, a prole do primeiro leito. O desrespeito a este preceito impõe as seguintes penalidades: obrigatoriedade do regime de separação de bens (art. 1641/CC) e a hipoteca legal se seus imóveis em favor dos filhos (art. 1489/CC). Do casamento nulo: Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - por infringência de impedimento. E em todos os casos de impedimento (art. 1.521) A decretação da nulidade pode ser promovida pelo Ministério Público, ou por qualquer interessado – CC, art. 1.549. A nulidade poderá ser decretada por meio de Ação direta de nulidade, e a sentença terá efeito ex tunc. Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 6 Do casamento anulável: Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; Convalesce quando: Art. 1551 do CC: se do casamento resultou gravidez; Art. 1553 do CC: Se o casamento for confirmado pelo menor ao completar 16 anos desde que assistido por seus representantes. Legitimidade para requerer anulação: Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. Prazo: Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:... § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; Convalesce quando: Em razão de gravidez; e § 2o do art. 1.555. Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. Prazo: Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; Merece atenção à hipótese de erro sob a pessoa do conjugue. Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. Prazo: decadencial de 3 anos, art. 1.560,III. Convalesce quando: Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvada as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557. IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; Surdos-mudos sem educação adequada que lhes possibilite manifestar sua vontade não podem casar; de igual modo, pessoa portadora de enfermidade mental ou física, toxicômano ou ébrio não podem casar. Prazo: decadencial de 180 dias V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; Convalesce quando: O vício estará convalidado se houver coabitação entre os cônjuges (artigo 1550, V). Prazo: de 180 dias (artigo 1560, §2º) a contar do momento em que o mandante tiver conhecimento da celebração. VI - por incompetência da autoridade celebrante. Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. Trata-se de casamento celebrado por quem é autoridade, mas está fora de sua circunscrição, é a incompetência ratione loci, em razão do lugar. Ex: Juiz de paz de PE celebra casamento na PB. DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 7 Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. , é a hipótese de teoria da aparência que preserva atos viciados para prestigiar a boa-fé daqueles que os celebraram. VI. Do regime de bens É facultado aos noivos escolherem o regime que melhor lhe prouver. O código dispõe de 4 modalidades de regime de bens, e permite que os nubentes possam misturar regras de vários deles , porém é necessário a figura do pacto antenupcial , que deverá ser feito por meio de escritura pública, sob pena de nulidade, é um ato formal, pessoa, nominal e típico. Seus efeitos iniciam-se a partir do casamento. Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. § 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. § 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedidomotivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. (princípio da revogabilidade) requisitos cumulativos. Regime de comunhão parcial de bens. È o regime legal do brasil. É considerado o comum por ser o adotado pela grande maioria dos nubentes no Brasil onde o pacto ainda é uma exceção. No silêncio dos nubentes em relação ao regime de bens a ser adotado, o casamento será regido pelo regime da comunhão parcial. Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. Entram na comunhão parcial os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento. Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. No caso de bens móveis há a presunção de que foram adquiridos na constância do casamento se não houver prova em contrário. DIREITO DE FAMÍLIA – ANOTAÇÕES – 2015.1[ ] 1ª av Elaborado por: Walkyria Bezerra 8 Excluem-se da comunhão os bens que cada cônjuge possuir ao casar, se mantém como bens pessoais, particulares, individuais, incomunicáveis ao outro cônjuge: Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar r(ex. maria herdou uma fazenda de 1 milhão de reais, vendeu e comprou 2 apartamentos de 500 mil, mesmo a compra sendo feita na constância do casamento, o bem será incomunicável pq foi sub-rogado); II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. A administração dos bens do casal cabe a ambos, porém, em caso de malversação, pode o juiz atribuir a administração a apenas um deles (art. 1.663, § 3º). A cessão de uso e gozo de bens, a título gratuito, depende da anuência de ambos os cônjuges. Independente se o o bem é móvel ou imóvel. É importante a leitura dos artigos, pois as aulas foram ministradas todas com base na letra da lei.
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