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Fichamento: Sedução no Discurso - Gabriel Chalita

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Capítulo 1 – O direito de seduzir e a sedução no Direito
	O capítulo inicia com uma introdução ao assunto principal do livro que é a interação e comunicação entre a acusação e a defesa. Porém é importante ressaltar, antes de tudo, a prática dos profissionais no campo do Direito. Eles devem seguir e obedecer à lei, mas como ciência humana, não basta só analisar e aplicar é lei. O Direito vai além, para promover justiça. 
	O Direito, como ciências humanas, possui vários elementos, e um dos mais importantes é a fala, tanto para a defesa quanto para acusação. O autor aborda em seu livro o discurso jurídico entre defesa e acusação. Mostrando a eficácia de um bom argumento e do poder de sedução das partes em relação à acusação ou absolvição do individuo. Entende-se por sedução um processo emocional, não somente baseado em provas lógicas, mas também em artifícios retóricos.
1- Delimitação do Objeto de Pesquisa 
 
O livro se limita ao estudo do Direito Penal, por ser o Direito uma ciência muito vasta e complexa. Como o próprio autor diz, o direito penal é argumentativo em sua própria essência, ou seja, deve valer-se muito mais da argumentação e não somente das provas materiais e técnicas. Dessa maneira, é fundamental saber a arte de argumentar. É notório, que o discurso tem papel relevante na apresentação diante dos jurados.
2- Sedução, o tema
O Beijo da Mulher Aranha, de Manuel Puig, apresenta a história de dois companheiros de cela, um prisioneiro político (Valentim) e o outro homossexual ( Molina ) que primeiramente vivem em mundos completamente distintos. Esse romance mostra todo um jogo de palavras, os capítulos da obra são compostos por diálogos. A medida que os companheiros se conhecem melhor , eles vão revelando um pouco de si . Molina tenta seduzir Valentin, e para tanto usa da sedução, com isto consegue fazer com que Valentin encare a sua realidade. Essa concepção de ‘’seduzir’’ é traduzido melhor por ‘’ tirar do caminho’’, ou seja, muda o universo da pessoa, transformando-o para o de si próprio. É isso o que os advogados e promotores devem fazer : transportá-los a seu imaginário.
 	 - O estimulo dos sentidos
A característica principal do discurso é a comunicação direcionada aos sentidos, que deve ser subjetivos e terem sonoridade. Molina utiliza do discurso para exercer poder sobre o emocional de Valentin, na cena que ele relata e descreve uma jovem no zoológico, causando emoções no prisioneiro político. 
 - O poder da imaginação
 É necessário, também, um estímulo a imaginação do receptor. O emissor deve tomar cuidado, para formar palavras que o receptor recrie em sua mente aquilo que ouve.
- A linguagem Kitsch
Essa linguagem é usada por Molina, presente em seu ‘’sentimentalismo barato’’, ou seja, linguagem coloquial. O uso de palavras eróticas faz com que Valentin sinta afeição por aquilo que sua razão repudia. A mudança de um homem racional para uma pessoa emotiva é evidente na cena em que Valentim chora ouvindo Molina cantar bolero.
 	 - Identificação e Aproximação
 O receptor tem maior envolvimento quando se identifica com as personagens , o que caracteriza o terceiro ponto fundamental do discurso sedutor: promover a identificação. Esse processo é de muita importância no Tribunal de Júri , tanto para a acusação quanto para a defesa é importante que os jurados se identifiquem com suas respectivas histórias. Dessa maneira, fica mais fácil para os membros do júri simpatizarem com a sua causa. 
A partir do momento de identificação, os universos de Molina e Valentin passam a se aproximar.
 	- As mensagens implícitas
 	Molina relata uma história á Valentim sobre o amor entre duas pessoas de universos completamente opostos, ou seja, tenta mostrar que esse amor é possível em realidades diferentes. Através de uma mensagem implícita, Molina diz o que podia ter sido feito baseado em argumentos lógicos que sustentasse a sua tese.
 	
- Conhecimento de universo pessoal do receptor
 Molina utiliza de um filme político para atrair atenção de Valentin, usando um universo conhecido pelo receptor. O objetivo não é somente a identificação, já mencionada anteriormente, mas também a reflexão. No entanto, esta história é a que menos encanta Valentim, pode-se inferir que o que mais seduz o receptor é algo diferente, o que não exclui que o emissor conheça o universo pessoal do receptor.
- O desfecho
Ocorre relação carnal entre Molina e Valentim, o que demonstra a passagem deste para o universo daquele. No final da narrativa há uma inversão dos universos pessoais, Molina morre ao ingressar em uma luta revolucionária. Já Valentim continua na cadeia, e sofre delírios pensando nos dois em uma aventura no Haiti.
Capítulo 2 - A vida desfila diante do juro
 Neste capítulo, são relatados filmes norte-americanos para exemplificar a sedução no júri. Os filmes estadunidenses foram escolhidos, pois são encontrados em grande abundancia, e também, porque apresentam uma versão romanceada dos tribunais, dando a oportunidade de mostrar os elementos da argumentação. As diferenças existentes entre o processo penal brasileiro e o americano devem ser ignoradas , pois o objetivo é a análise do discurso. 
Filme 1:
 O filme é ‘’Tempo de Matar’’, passado na cidade de Canton, Estado de Mississipi, na década de 30.
Resumo do filme:
 Uma menina negra está voltando para casa, é abordada por dois jovens brancos baderneiros, que estão visivelmente embriagados. Estes jovens agridem a menina com uma lata de cerveja, a jovem cai desmaiada. Eles amarram-na pelos pés e pelas mãos e a estupraram. Depois tentam enforcar a garota, mas o galho da árvore quebra. Então, a arremessão em um rio. Depois de um tempo a menina é encontrada pelos irmãos. O xerife, homem negro, prende os dois jovens, pois encontra o sapato da menina na caminhonete deles. O pai procura um advogado branco para conselhos. Os dois jovens são retirados da cadeia para a audiência preliminar, então Carl Lee (pai) atira nos dois jovens. Os brancos queriam a pena de morte e os negros a absolvição. No discurso final procurador e advogado se manifestam. O procurador afirmou que o réu tirou a justiça do judiciário, e tomou-a por suas próprias mãos, e agora como réu confessou ser culpado. A parte mais envolvente e explícita da sedução é no discurso da defesa. O advogado relata a história que ocorreu com a menina, pedindo para que os jurados fechem os olhos, e no final da defesa ele diz: ‘’Imaginem que ela é branca. ’’. Tal frase causou dois sentimentos: nos jurados brancos o de dever de justiça e solidariedade, e nos jurados negros um sentimento de justiça que compensasse os negros pelos acidentes ocorridos anteriormente. O advogado confundiu, seduziu e manipulou o júri.
 	Outra questão de racismo é relatada no livro. O jogador de futebol americano O. J. Simpson, de família pobre, tornou-se um astro negro, milionário. Sua mulher foi encontrada , em 1995 , morta em sua residência, junto com suposto amante, que foi esfaqueado barbaramente ao lado da mulher. A polícia descobriu, interrogando os vizinhos, que O. J. Era um ciumento doentio, e que agredia a mulher. Preso, Simpson foi julgado e inocentado, tendo que somente pagar uma multa para as duas famílias. Essa decisão foi amplamente contestada pela opinião publica. Exemplo disso foi a matéria publicada pelo jornal ‘’ Zero Hora’’, de Porto Alegre; alegando que o jogador ganhou o julgamento, pois o júri era composto por maioria negra, tornando o caso uma questão social também.
Filme 2:
 	O segundo filme relatado é ‘’Filadélfia’’, na cidade de Philadelphia, no Estado da Pensylvania, na década de 80.
Resumo do filme:
 Um advogado jovem foi demitido onde trabalhava sob alegação de incompetência. Andrew Beckett, sentindo-se injustiçado, pois sabia que a demissão era consequência de sua doença, AIDS. Contratou Joe Miller para processar os patrões por demissão injusta. Joe Miller de início se esquiva em aceitar, pois o mesmo tinha preconceitos contra o homossexualismoe a AIDS. No entanto, os dois tentam acabar com a intolerância e a ignorância que permeava a sociedade.
 No pronunciamento preliminar, Miller expõe suas argumentações: 1) Beckett era um advogado brilhante; 2)Sofrendo de uma doença que o enfraquecia, optou por não contar para ninguém; 3) Os patrões descobriram que ele tinha AIDS; 4) Os patrões tomaram a decisão de afastá-lo. O advogado afirma que este comportamento pode parecer sensato, mas é contra os direitos morais. Portanto eles violaram a lei.
 	Na vez do advogado de defesa, ela relatou que o comportamento de Andrew, oscilava entre bom e medíocre. Alegando que o mesmo se ocultou, não relatando a sua doença aos seus patrões, ademais quando houve a demissão, os sócios ainda desconheciam que Andrew tinha AIDS.
 	 No segundo diálogo, Joe interroga uma testemunha, o qual tinha uma firma que Beckett tinha trabalhado. Ao indagar o dono da firma sobre o trabalho do advogado, o mesmo diz ter sido satisfatório.
Pouco depois da morte de Andrew Beckett, o veredico dá a causa a ele e aplica uma multa á empresa. O filme é abordado no livro, pois mostra a qualidade e a isenção do júri diante de um portador do vírus HIV, que era símbolo do homossexualismo.
Filme 3:
O terceiro filme é ‘’ Questão de Honra’’, passa na cidade de Washington, na década de 60.
Resumo do filme:
O filme conta a história de um soldado que foi morto, dois outros são acusados, tendo o tenente Daniel Kaffee como defesa. Com as investigações acerca do assassinato, descobre que os soldados são obrigados a obedecer a ordens superiores, que muitas vezes passam do limite da dignidade.
Há um diálogo ilustrativo, mostrando o tenente Kaffee ensaiando com os acusados, o tenente argumenta que o júri é composto por sete homens e duas mulheres que podem ter alguma identificação com o fato.
Kaffe descobre os infortúnios que ocorrem dentro do batalhão, fortes punições e represálias duríssimas, que acontece com quem infringe alguma regra ou contra quem possa denunciar tais acontecimentos. Como não conseguia testemunha, Kaffee teve a ideia de chamar o próprio general. Em um processo de sedução, Kaffee faz com que o general fique tomado pela raiva, passando a não mais raciocinar sobre as perguntas dirigidas a ela. Em um momento de pressão o general afirma ter mandado os soldados matarem os companheiros. Ele é preso em flagrante. O que fica claro nesse discurso é que as provas muitas vezes ultrapassam o limite das argumentações lógicas, é necessários utilizar de atitudes, palavras planejadas e sentimento.
Filme 4:
O quarto filme é ‘’Assassinato em Primeiro grau’’, passa na cidade de São Francisco, na década de 30.
Resumo do filme:
Um jovem, Henri Yong, rouba cinco dólares para alimentar sua irmã que estava faminta, no entanto o estabelecimento também funcionava como correio, e nos EUA roubar correios é crime federal. Ele é preso, enviado a Alcatraz. Lá ele tenta fugir , mas o plano fracassa , sendo condenado á solitária, onde permanece por três anos (o máximo permitido é 19 dias). O jovem sofria agressões físicas diariamente, gerando um ódio pelo colega de cela que o tinha delatado. No horário de almoço Henri mata esse homem na frente de 200 testemunhas e tem que responder por seus atos no tribunal do Júri.
 A acusação argumenta sobre o perigo que Henri apresenta. A defesa mostra que não foi somente Henri que deve ser julgado e sim todo o sistema penitenciário de Alcatraz, pois o réu não tinha esse perfil de assassino ao entrar na penitenciária, e após ter ficado algum tempo muda todo o seu caráter. O júri recomenda averiguações na cadeia, descobrem várias irregularidades, o diretor é exonerado, as solitárias proibidas até o fechamento de Alcatraz em 1963. Henri morre em sua cela dias antes da apelação. O Advogado de defesa teve o apoio de toda comunidade que já estava indignada com o que estava acontecendo na cadeia.
Capítulo 3 - Um caso brasileiro
O capítulo inicia-se com a analise de um julgamento realizado no Foro Regional de Pinheiros, na cidade de São Paulo, em 9 de novembro de 1994. O acusado era Nivaldo José da Silva. O presidente do júri foi Sérgio Rui da Fonseca; a promotora de justiça, Eloísa de Souza Arruda Mendes Damasceno; e André Veras Garcia foi o defensor. 
Resumo do julgamento
Na formação do júri, os sete jurados sorteados não possuíam vínculos de parentesco – entre si ou com a vítima, o réu, os advogados de defesa e de acusação – e foram aceitos tanto pela defesa quanto pela acusação. Em seguida, o juiz-presidente informa ao réu que ele não é obrigado a responder às perguntas que lhe seriam feitas. Assim, começa o interrogatório, fazendo um sumário da acusação.
- Sumário	
O juiz disse que nos autos, no dia 22 de agosto de 1990, por volta das 15 horas, na Rua Fragata da Constituição, na cidade de São Paulo, o réu disparou um projétil de arma de fogo contra Edson de Souza Lopez, causando a morte do homem . Segundo o apurado, a vítima devia ao réu uma quantia de CR$15.000, 00. No dia do fato, a vítima foi à residência do réu disposta a receber seu crédito, e resolveu levar uma televisão como garantia. Ao deixar o local, Edson viu-se surpreendido pelo cano de uma arma de fogo, que foi disparada contra a sua pessoa. Razão pela qual Nivaldo da Silva se encontra diante de um julgamento. Logo, o juiz dirigiu-se ao réu, perguntando se diante aos fatos gostaria de dizer algo.
Depois de ouvir o réu, o juiz relatou o processo sucintamente aos jurados. Ele deixou bastante claro que o Ministério Público acusa Nivaldo da Silva de homicídio doloso qualificado, conforme o artigo 121, parágrafo 2º , inciso IV, do Código Penal. 
Como a defesa e a acusação abrem mão da leitura de peças do processo, o juiz passa a ouvir as testemunhas. Encerrado os interrogatórios, a promotoria fala em primeiro lugar.
-Acusação
Eloísa de Souza Arruda Mendes Damasceno começou cumprimentando o juiz-presidente e elogiando o advogado do réu. Em seguida dirigiu-se ao conselho de sentença, afirmando que a atividade do jurado é regularizada pela lei, e o principal requisito é que a pessoa seja de reconhecida idoneidade. Além disso, a promotora disse que o juiz de fato é representante da sociedade, colaborando, assim, com a Justiça. Por dever da lei, a promotora lê o libelo-crime acusatório. 
Logo, ela ressaltou a importância da prova técnica. O laudo de exame necroscópico revela que a vítima veio a falecer em virtude de traumatismo craniano motivado pela perfuração da bala. Ainda, é válido declarar que a vítima foi atingida com um tiro pelas costas, não havendo, então, nenhuma indicação de luta. Posteriormente, a promotora refutou o depoimento da irmã da vítima, já que a testemunha alegou ter ouvido por meio de outras pessoas que Edson foi armado a casa de Nivaldo. Por fim, alegou que se o réu conseguisse desarmar a vítima em uma situação de luta, o tiro teria sido de curta distância, contrariando o laudo. E mais, a arma não foi encontrada. 
-Defesa
O advogado iniciou seu discurso ao dizer que não teve, e não teria, e nunca faria parte de uma defesa falsa. Depois, afirma que se a vítima se apropriou da televisão, sem a autorização do réu, é uma prova da discussão. O advogado prosseguiu relatando que o réu estava em sua casa no período da tarde, já que trabalho dele era noturno. Encontravam-se a esposa e duas filhas, quando a vítima adentrou em seu domicílio. Essa parte da história, no entanto, segundo o advogado, não está nos autos do processo, porque o réu estava muito nervoso. Ele continuou dizendo que, de um lado, há o réu, homem de 30 anos, casado, pai de família. Por outro lado, a suposta vítima, um rapaz de 17 anos, violento, desempregado e que tinha dinheiro suficiente para adquirir um revólver. Assim, não havia como a vítima deixar a arma na mão do réu e sair andando com a televisão. Finalmente, o advogado alega que o réu agiu em legítima defesa. 										Na réplica, a promotora recomendou que os jurados raciocinassem sempre com base nas provas apresentadas nos autos. Elaainda argumenta que o réu, ao fugir, configura aceitação da culpa.								Na tréplica, o advogado reforçou a tese de legítima defesa. Ele também trouxe à consideração dos jurados a informação de que o réu foi hospitalizado e de que, em função disso, qualquer vestígio de ferimento causado pela luta corporal teria sido eliminado pela própria ação médica. 						Apresentados os quesitos, o conselho de sentença foi convocado para o veredicto – lido, em seguida, pelo juiz. Decidiu-se absolver Nivaldo José Silva.			Considerações acerca do julgamento: a acusação argumentou bem, principalmente com base no laudo da perícia. A promotora interveio nos momentos em que classificou a atuação do defensor como emocional. 				A defesa, por sua vez, optou por uma abordagem que privilegiou o conceito de proximidade. O advogado procurou fazer com que os jurados se transportassem para o lugar do réu e sentissem a mesma situação de constrangimento e violência. A despeito de uma tese tecnicamente correta, a acusação pecou ao desmerecer pequenos detalhes da história e, além disso, optou por uma posição de superioridade. O defensor, por outro lado, ganhou a simpatia dos jurados pela sedução do envolvimento. 
Capítulo 4 – Ave Palavra
A palavra é, em si, o elemento maior da sedução, o principal recurso à disposição de advogados e promotores para exercerem suas funções. Frases bem articuladas podem garantir que os significados sejam transmitidos corretamente, no que diz respeito à objetividade. No entanto, a comunicação propiciada pela palavra e os efeitos produzidos por ela não se restringem apenas aos conteúdos objetivos: os significantes, em especial no âmbito da oralidade, fazem toda a diferença entre umas e outras consequências que a palavra pronunciada possa produzir. 				Neste capítulo analisa as principais qualidades que fazem da palavra oral um poderoso elemento de sedução. Além disso, sua utilização é baseada em técnicas que nasceram da própria experiência dos falantes, dos seres humanos, ao longo de milênios. Assim, utilizá-la bem, em todos os seus elementos, significa garantir a obtenção de resultados expressivos. 
A linguagem
A grande importância da linguagem pode ser constatada por meio do estudo de diversos aspectos do patrimônio cultural da humanidade, além da prática cotidiana do Direito, já que possui efeitos marcantes sobre os seres humanos em vários níveis. 		A fala é produzida por meio de complexas operações processadas pelo cérebro humano, meio mais utilizado e mais prático para a comunicação entre duas pessoas, mas é apenas uma das possibilidades de expressão individual. A comunicação pode ocorrer por meio de qualquer dos vários sistemas de transmissão e recepção de informações, além de envolver diversos campos do conhecimento e expressões de atitudes. 		Ao se dirigir aos jurados, os advogados e promotores buscam potencializar a emoção em seu discurso, de modo a potencializar também a reação emocional dos jurados. Da mesma forma, procuram manipular os sinais reflexos correspondentes àquilo que dizem. 										Os sinais exteriores das emoções e atitudes do falante são fundamentais, pois eles fazem parte da mensagem comunicada, estão incorporados a ela. Por isso, eles não podem contradizer o que exprimem as palavras. Esse sinais são um reflexo da alma da pessoa e, muitas vezes, recebem maior atenção do receptor do que as palavras proferidas no discurso.
A linguagem do silêncio
O livro de Chalita afirma que se calar também é uma forma de se comunicar. O silêncio pode ser utilizado tanto para seduzir um auditório - como no filme Tempo de Matar. 											É válido afirmar, no entanto, a Constituição Federal determina, em seu artigo 5º, inciso LXIII que “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”. Além disso, no parágrafo único do art. 186 do Código de Processo Penal, modificado pela Lei 10.792/2003, afirma expressamente que “o silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”. 					O silêncio funciona, portanto, como um signo, com significados que variam de acordo com o contexto, a forma e o momento do discurso em que se insere.
Argumentação
Os discursos disponíveis para convencer uma audiência a respeito de um assunto qualquer são a argumentação e a retórica. À primeira, refere-se ao que Aristóteles chamou de provas dialéticas. A palavra dialética serviu, durante muitos séculos, para nomear a própria lógica. Atualmente, para compreender como a palavra é utilizada no tribunal do júri é necessário duas formas de raciocínio: o dialético e o analítico.												 O raciocínio dialético é uma forma paralela ao raciocínio analítico. A principal diferença é que o primeiro trata da razoabilidade dos elementos que o discurso utiliza para se construir e comunicar algo, enquanto o segundo opera a partir de afirmações universais cuja validade reside justamente no fato de tratar de verdades genéricas. Nesse caso, o modo dialético é a forma de linguagem que se espera encontrar nos discursos jurídicos. 											Os debates, no tribunal do júri, estão voltados para a obtenção de determinada decisão dos jurados, ou seja, não estão voltados para atingir o conhecimento de certa verdade, mas para convencer um auditório sobre a culpa ou a inocência de alguém que é acusado de ter cometido um crime. 							A argumentatio, também determinada probatio (por Quintiliano) e confirmatio (por Cícero), eram consideradas, na Antiguidade, as partes mais importante da arte retórica, porque se destinava a estabelecer a credibilidade dos pontos de vista em questão. Elas consistiam na apresentação de provas, que Aristóteles classificou em artificias e inartificiais. O assim chamado genus artificiale refere-se às provas próprias da arte retórica, que são: 
Provas éticas: aquelas que dizem a respeito ao caráter digno de confiança do orados
Provas patéticas: aquelas capazes de motivar a sensibilidade do ouvinte.
Provas reais: aquelas cujo efeito se baseia na coerência lógica da apresentação da coisa mesma incluem os indícios, os argumentos e os exemplos. 
Por sua vez, o genus inartificiale refere-se às provas obtidas sem os recursos da retórica, da formulação do discurso, ou seja, aos elementos previamente dados, anteriores ao caso específico em discussão. São, por exemplo, os testemunhos, as informações de jurisprudência, as opiniões doutrinárias e os documentos. 		A argumentação, portanto, faz parte do processo de sedução que ocorre nos discursos jurídicos e é construída em termos de relação entre vontades subjetivas, mais do que em termos de uma apresentação de dados objetivos. Ela, ainda, opõe-se à demonstração, na medida em que esta se fundamenta sobre a ideia de evidência. A argumentação demanda a utilização de técnicas capazes de provocar ou acrescer a adesão dos espíritos às teses que se apresentam ao seu descortino. 				Dessa forma, existe uma oposição entre argumentação e demonstração análoga. Esta se liga aos raciocínios lógico-formais, como os matemáticos, ao passo que a argumentação, não pressupondo a construção de sistemas mensuráveis em termos objetivos, com seus axiomas e suas regras de transformação, refere-se antes aos raciocínios persuasivos (ou sedutores), como são os discursos jurídicos e políticos, cuja validade é restrita a auditórios particulares – não pretendendo adquirir a universidade da demonstração. Assim, um grande orador é caracterizado pela habilidade, por meio da argumentação, de conquistar a heterogeneidade do público que o ouve. 
4. Retórica
A retórica pode ser definida como a arte de falar bem, isto é, a arte de usar todos os recursos da linguagem com o objetivo de provocar determinado efeito nos ouvintes.Surgiu nas cidades-Estado da Grécia Antiga, por volta do século V a.C., principalmente em Atenas, com os sofistas, pensadores pragmáticos e utilitaristas. O grande opositor dos sofistas, Sócrates, criticou a retórica com a afirmação de que se tratavade uma técnica superficial. Platão, no entanto, afirmava que a retórica era utilização dos recursos discursivos para que se obtenha a adesão dos espíritos. Já Aristóteles caracterizou-a como uma arte corretiva, instrutiva, sugestiva e defensiva.	Posteriormente, o romano Cícero expôs sua doutrina sobre a retórica em três livros, com a ideia central de que o orador perfeito seria o homem perfeito. Durante a Idade Média e a Renascença, a retórica fazia parte do trivium (juntamente com a gramática e a lógica), como indispensável requisito educacional. 				Ainda que a retórica seja usada na resolução de problemas ligados aos conflitos entre interesses individuais, também tem sido utilizada, ao longo do tempo, como um instrumento de controle social e manutenção do poder. Assim, a arte do convencimento inclui algumas características de manipulação com ideias largamente aceitas ou de fatos narrados de maneira a condicionar o auditório. Um exemplo disso é a propaganda, já que o importante é conquistar o consumidor. 					Além disso, o livro cita como Descartes modificou o modo de ver da utilização retórica, na maneira de conceber a razão em termos de subjetividade. O filósofo ainda descreveu os elementos necessários para exercitar a retórica:
Uma razão homogênea e universal, quer dizer, que ela esteja distribuída entre todos os seres humanos e que suas condições de “funcionamento” sejam uniformes.
A necessidade de compreensão, ou seja, uma disposição para acompanhar os argumentos e apreendê-los.
Uma objetividade sem suspeitas, isto é, que não possa ser questionada, desde que fundada sobre certezas sólidas, tais como as determinadas pelo método cartesiano.
Esses elementos, no entanto, foram radicalmente questionados pelos pensadores que Paul Ricoeur denominava como mestres da suspeita: Sigmund Freud, Karl Marx e Friedrich Nietzche. Com eles, a razão, a subjetividade consciente e os determinantes sociais do indivíduo foram destrinçados sem apego a pressupostos sobre os aspectos psicológicos da racionalidade e do poder de julgamento humano.Assim, a “crise da razão”, na virada do século XIX para XX, embora não tenha sido superada, esse problema traz esclarecimentos importantes sobre o uso da retórica. De todo modo, ainda que não se possa prescindir do desenvolvimento da retórica ao longo dos séculos, o seu uso no discurso jurídico evoca e requer a aplicação do mesmo espírito que inspirava os grandes autores da Antiguidade. 				Segundo Platão, a persuasão tende a nascer graças aos efeitos do estilo escolhido, que tanto são capazes de produzir sentimentos de prazer quanto de adesão. A beleza de uma elocução que proporcione prazer e agrade aos ouvidos tem muito mais a ver com as emoções que evoca, com os sentimentos que manipula, do que com a razão que precisa dirigi-la.										Os componentes da retórica, de acordo com Cícero são: a invenção (conteúdo do discurso em si); a disposição (diz respeito à exposição de razões, ao modo como o tema é apresentado e ao ordenamento de argumentos); a eloquência (recursos linguísticos disponíveis para transmitir o conteúdo e persuadir a auditoria). 			 No âmbito específico da retórica jurídica, há definidas as seguintes partes do discurso, conforme consagradas desde a Roma Antiga: exórdio, narração, argumentação e peroração. A retórica, portanto, encontra-se na mistura do prazer de convencer, da linguagem das paixões, da forma e do conteúdo, do implícito e do explícito, do racional e do emotivo. 
5. Defeitos e falácias do discurso
Falhas ocorrem devido à aplicação errônea das duas principais formas de encadear ideias conforme estabelecido pela lógica clássica: a dedução e a indução.O raciocínio dedutivo é a utilização de conhecimentos genéricos (afirmações universais ou premissas maiores, para usar a linguagem lógica) a fim de entender fenômenos específicos (expressos em premissas menores, afirmações particulares). Já o raciocínio indutivo são os conhecimentos genéricos originados de nossa experiência, isto é, termos vivenciado ou testemunhado, repetidas vezes, o acontecimento de fenômenos individuais.A dedução e a indução, portanto, devem ser utilizadas conjuntamente, o tempo todo.
6. Erros
Segundo Othon M. Garcia, há duas possibilidades de erro no encadeamento das ideias num discurso: devido ao mal raciocínio com dados corretos (vício de forma), ou devido ao bom raciocínio com dados falsos (vício de matéria). Othon Garcia ainda afirma que as crendices, as superstições e os tabus são erros, mas não compete à lógica debatê-los, mas apenas mostrar que as falsas opiniões deles decorrentes tiveram como ponto de partida um raciocínio ilegítimo ou vicioso. 				Ao raciocínio vicioso ou falacioso é que a lógica chama sofisma, pressupondo a má-fé. Ao sofisma, que não é intencionamente vicioso, isto é, que não tem o propósito de enganar, chamam os lógicos paralogismo, pressupondo a boa-fé. Por fim, vale acrescentar um outro tipo de paralogismo que recebe o nome de epiquirema, devido aos seus fundamentos sobre uma premissa que pode até mesmo ser provável, mas que não é certa. 
7. Posturas físicas enganosas
A linguagem corporal trata-se de um elemento fundamental para a sedução e para o convencimento de uma audiência. É uma arma eficaz para realizar “contra-ataques silenciosos”. Por isso, essas intervenções durante a fala de outras pessoas com a finalidade de desacreditá-las em seus argumentos ou em sua individualidade, para diminuir eventuais vantagens constrídas pelo outro po rmeio de sua elocução é chamada de sofisma gestual. 											De acordo com Thales Nilo Trein, no impacto da comunicação, a estatística aponta para os seguintes números no placar da eficácia: 
Palavras: 7%
Tom e velocidade da fala: 38%
Fisiologia (gestos, face e olhos): 55% 
8. Outros erros do discurso
-Mal-entendidos
Uma fala que apresente argumentações baseadas em mal-entendidos pode conduzir à dispersão, intencional,ou não,das ideias. Conscientemente e com habilidade, esse vício pode ser usado para a manipulação do júri. 
-Preconceitos e prevenções
É muito frequente que preconceitos interfiram na capacidade de julgamento, uma vez que aqueles são um fenômeno amplamente presente na sociedade. Esse fato pode ser usado a favor dos interesses da promotoria ou da defesa, conforme a destreza de cada uma; de todo modo, trata-se de um fenômeno a que as duas partes devem estar bastante atentas, para que o efeito dos conceitos subjetivos não se torne prejuízo objetivo para o réu ou a sociedade.
9. Os debates
No tribunal do júri, deve-se considerar que as falas da defesa e da promotoria chocam-se mutuamente em busca do convencimento do conselho de sentença. O debate não é um movimento dialógico em que ambos os discursos almejam um objetivo comum (a verdade), mas uma contenda em que não pode haver empate. Assim, para impedir o outro de se destacar diante dos jurados, lançam mão de variadas táticas dialéticas e retóricas.										A primeira estratégia, segundo Schopenhauer, a ser citada é a alternativa forçada, a qual força a outra parte a uma posição dialógica em que ela tenha de optar pela tese de quem discursa. Outro método é o que o filósofo denominou de “uso intencional da mutatio controversia”, a qual trata-se de interromper a linha de argumentação alheia com uma intervenção que desvie o assunto para uma direção mais favorável à tese que se deseja aprovada pelo conselho de sentença. 		Schopenhauer relaciona, ainda, outros artifícios úteis para vencer um debate:
Ampliação indevida, que consiste em interpretar a afirmação do adversário da forma mais extesniva possível, levando o júri a crer que ele afirmou algo que não afirmou.
Falsa proclamação de vitória, que ocorre por meio de uma falácia; algo dito pelo adversário é utilizado como prova da tese, mesmo que seja o oposto disso.
Uso da premissa falsa previamente aceita pelo adiversário, que consiste em tirar conclusões a partir de premissas aceitas pelo adversário, ainda que elas não as impliquem 
O pensador, também, acrescenta uma sériede “recomendações” para quem deseja vencer um debate, que inclui encolerizar o adiversário, impelir o adversário ao exagero, fazer perguntas em desordem e preferir o arumento sofístico.
A ação de todas elas desdobra-se em duas dimenções:
O discurso como manifestação oral persuasiva, retórica, com sua contundência ordinária, seu apelo emocional etc.
A apresentação do discurso como interpretação cênica, mímica, teatral. 
Seduzir o juri é utilizar todos os recursos para fazer com que cada jurado se reporte a situação fática que resultou no cometimento da violência. É induzir o jurado a projetar-se mentalmente numa situação análoga, em que possa, com esse deslocamento abstrato, testemunhar o acontecimento ou avaliar a conduta do agente nas mesmas circunstâncias. 
Capítulo 5- Condicionantes do discurso jurídico 
	O capítulo começa inicia com a frase que um advogado emotivo é um mau advogado. No entanto, o autor discorda com esse dizer no campo jurídico, pois para discursar no Direito, existem elementos objetivos e subjetivos.					Por um lado está a objetividade, que são as características que organizam todo o processo jurídico, como, por exemplo: competência para julgamento, prazos legais, funções específicas das partes do processo, etc. Sendo assim, não pode agir de forma diferente para situações iguais, pois existe a isonomia entre todos perante a lei. Por outro lado, por mais que o Direito possua este lado objetivo, também há um lado subjetivo, que permite usar a sensibilidade tanto quanto a razão.					Gabriel dá um exemplo do índio pataxó, que, em uma noite em Brasília, foi encharcado de álcool e ateado fogo por quatro moços de classe média. Eles foram presos em flagrante de crime hediondo. Posteriormente, a juíza responsável pelo caso mudou a acusação, de homicídio culposo para lesão corporal seguida de morte. Tal atitude gerou forte mobilização pública, devido o abrandamento da incriminação. Editorais e debates foram feitos sobre este assunto, indignando a decisão da juíza. O advogado Thales Castelo Brando escreveu um artigo para Folha de S. Paulo, dizendo que a juíza tomou as providencias como elas deviam ser tomadas, de acordo com a lei e com as provas apresentadas pela defesa e acusação. O artigo quer ressaltar como a opinião publica é levada em consideração e influência o julgamento dos indivíduos, já que muitos achavam que tal questão tinha valor social, já que os jovens pertenciam a classe média. Os cidadãos comuns, que não conhecem as técnicas jurídicas tiram conclusões baseadas na emoção. Já os profissionais do Direito podem e precisam ser sensíveis aos aspectos emocionais, no entanto, é imprescindível fundamentar os argumentos conforme os aspectos técnicos do Direito, visando preservar a justiça e evitar o relativismo segundo a objetividade da lei. 
As atitudes do orador 
O discurso jurídico também é uma representação/encenação, pois precisamos apresentar os fatos e argumentar em cima deles de modo que favoreçamos a parte que estamos defendendo. É uma abstração do que acontece na realidade em busca da justiça. Tanto os elementos verbais como não verbais são essenciais para garantir a credibilidade, a confiança e a atenção dos ouvintes. Segundo Thales Nilo Trein, assim que o orador começa a falar, os integrantes do júri vão criando suas próprias opiniões a respeito dele. Então, elementos como a nossa voz, o modo de falar, o assunto que estamos falando, movimentos e gestos que fazemos, a nossa fisionomia, são todos levados em conta, e precisamos nos indagar para verificar se todos esses elementos nos favorecem na hora de falar
Papéis 
Quanto mais convincentes forem nossos sentimentos, expressões, e argumentos, e melhor nossa postura, mais fácil fica para o júri ter empatia com a causa. É preciso saber falar com propriedade, segurança, para que o ouvidor sinta isso, preste mais atenção, tornando as chances de obter êxito maior. 					A utilidade da dúvida pode ser uma ferramenta para ganhar um processo criminal, quanto a ruina para ele, dependendo da parte. Para a acusação, a autoria do crime é culpa do réu. Portanto, é mais do que o dever da promotoria eliminar qualquer traço de dúvida, apresentar argumentos e provas que apontam a culpabilidade do acusado. Já a defesa, partindo do princípio que a pessoa é inocente até que prove o contrário, precisa semear a dúvida, pois ela trabalha em função da defesa. Se o júri não tem certeza se o incriminado praticou o crime, então não pode haver condenação. 
O discurso e seus condicionantes
É preciso também analisar o discurso segundo a ótica da linguagem. A organização dos argumentos de ambas as partes pode tanto favorecer quanto prejudicar uma parte. O autor da um enfoque no caráter ativo da linguagem, aquele que pode influenciar e exercer um poder sobre o pensamento do ouvinte, e deixa como segundo plano a característica cognitiva. Portanto, é preciso separar o orador, o discurso apresentado por ele, e o ouvinte. 								Todo discurso somente é compreendido quando verbalizado, pois os elementos e as palavras da fala compõem uma realidade que surge diante dos olhos para aquele que é dirigido o discurso. Ao ouvir ou ler um texto, recriamos o mundo que nele esta contido, mostrando o poder que as palavras tem de nos transportar para outras realidades e enxergar o que o outro quer dizer. Portanto, o que o orador fala depende muito de suas intenções, no efeito que quer produzir no receptor. É preciso ir além das regras de logica e de retorica.
A seguir, são apresentadas as características mais importantes que condicionam o discurso.
O auditório: O autor afirma que o locutor deve conquistar seu auditório, pois a decisão de inocência ou culpa são provenientes do júri . Então é preciso saber para que tipo de audiência estamos nos endereçando para que sejam mais facilmente influenciados pelo discurso.
 A verdade: É enfatizado a necessidade de pautar o discurso na verdade, especialmente naquela que pode ser construída pelo juízo dos membros do júri, com o objetivo de ganhar o processo. Então, se preciso, é aconselhável utilizar o sofismo quando necessários. 
O objeto: Segundo Chalita, o objeto do discurso é a soma de provas e fatos, em que estes devem acatados, pois são provas convincentes que dão andamento a argumentação da parte. Eles são usados como ferramenta de poder de sedução do discurso, levando o júri ao convencimento, e portando, a adesão a ideia do orador. 
A autoridade: Passamos uma imagem e sensação de credibilidade quando sabemos do que estamos falando, quando oramos com propriedade sob o assunto. O locutor precisa estabelecer a autoridade apresentando uma atitude confiável com premissas fundamentadas, porém sem se impor ao auditório.
A emoção: É retomado a emoção como aspecto que que faz parte e influência o discurso, atribuindo a efeitos positivos de reforço ao que está sendo dito. A sinceridade que o locutor apresenta e o drama, e junto ao uso da imagem ( gestos, posturas e recursos visuais como gráficos e trechos de vídeos) contribuem para a impressão de maior convicção do que está sendo dito perante ao júri . 
								
Capítulo 6 – Júri, o auditório soberano do discurso
No capítulo VI é tratado a respeito do júri, o auditório soberano do discurso, a quem cabe à decisão sobre a culpa ou a inocência de um réu. O capítulo inicia informando que no Brasil, o júri só é estabelecido quando se trata de julgar crimes dolosos contra a vida. Já nos Estados Unidos, o júri é chamado para resolver questões jurídicas diversas, não somente criminais. 
O júri em nosso país é composto por cidadãos ordinários, que são sorteados a partir do cadastro de eleitores na comunidade em que vivem. O júri foi estabelecido pouco antes da independência, na Constituição do Império. Na Carta Magna atual, segundo o quinto artigo, foi estabelecido que o corpo de jurados têm como função proteger os direitos e garantias fundamentais , reafirmar a autoridade e a independência dos veredictos e traça limites para a competência mínima dosjulgadores, limitando aos crimes dolosos conta vida. 			
O autor dá o exemplo bíblico da morte de Abel. Este foi morto pelo irmão, e depois o corpo foi ocultado. Deus sentenciou Caim a uma vida em que nada que ele fizesse desse frutos ou resultados, andando vagabundeando pela terra. Então, Chalita usa o exemplo de Edilberto Trovão, analisando o crime de Caim sob a perspectiva do Código Penal.
Análise as culpabilidade presumida	
É preciso saber escolher bem as palavras e os artifícios de oratória, pois no júri, podem existir pessoas que possuem opiniões subjetivas e que tentam recriar o crime em suas cabeças. Isso pode ser prejudicial para ambas as partes. Portanto, segundo Thales Nilo Trein, é importante saber com quem estamos falando, e para assim, saber como falar. Pois, muitas vezes os indivíduos do júri podem já formar uma opinião errada sobre o orador, afetando o a disposição de ouvir o discurso durante o julgamento. Sendo assim, as informações e o contexto têm que serem levados em conta antes de começar a falar.
Análise de um crime
Na mitologia grega, aqueles que cometiam crimes violentos eram usualmente associados a problemas mentais como a perda de razão, loucura ou insensatez. A análise de um crime é importante, pois, apresentam justificativas historias que se sustentam sob a religião. No Brasil, o cristianismo é um grande fator condicionante, já que é uma das relegiões predominantes no país. 									Muito após a violência ser abordada na Bíblia, ela foi retomada por Rousseau sobre o fundamento do bom selvagem: pensamentos bons nascem de atitudes conscientes, já os ruins são elementos do inconsciente. Porém a religião trata esse tema como o bem x mal. Segundo Aramis Nassif, aqueles que cometiam violência eram mandados para prisão, que, na época, era vista como manicômio. Faltava qualquer interesse em entender esses tipos de atos. Depois desse período, investigações sobre esse tema passaram a ser mais sérias e analisavam sob uma conduta individual. Segundo Ortega y Gasset foi um erro no período Renascentista dizer que o homem é racional. Muitas vezes o criminoso não tem consciência do que está fazendo.
A composição do corpo de jurados
Segundo o art. 425 do Código de Processo Penal, qualquer pessoa maior de 18 anos, desde de que seja comprovado notória idoneidade pode ser jurado num tribunal. O serviço de ser membro do júri é obrigatório, quando sorteado, sendo que nenhum caráter discriminatório pode ser levado em conta. Vinte e cinco pessoas são convocadas, sendo que 15 já bastam para iniciar os trabalhos, e, por fim, 7 pessoas são escolhidas para comporem o conselho de sentença. Tanto a acusação como a defesa tem o direito de objetar de nomes. Não importa se os jurados selecionados são leigos, mas tem que ser justos. 
O julgamento
Em seguida, Gabriel Chalita descreve o processo do julgamento em si, em que os membros do júri, após a exposição dos argumentos das partes, são consultados pelo juiz a respeito da elaboração da decisão. Se se considerarem aptos, os jurados se retiram para uma sala isolada a fim de elaborarem seu veredicto, que constituirá a base da sentença judicial. Caso o conselho de sentença não esteja preparado para a avaliação do fato, continua-se a exposição oral das partes para o esclarecimento do corpo de jurados.
A arguição de nulidades
O autor ressalta que a sentença pode ser anulada se descumprir o previsto no artigo 564 do Código Penal.
Breve histórico
O júri surgiu na Inglaterra, com a Magna Carta de 1215, logo após o ‘juízo de Deus” foi abolido. No Quarto Concilio de Latrão foi estabelecido os fundamentos da ação de um júri. Porém, bem antes foram encontrados estruturas semelhantes como as do júri, na Grécia Antiga, as heliastas. O mesmo acontecia na Roma Antiga com o judices jurati. 
Chalita esclarece que há, atualmente, duas formas de júri. Uma é a britânica, em que os membros do júri decidem “de fato e de direito”, e a outra é a francesa, na qual os jurados decidem somente “de fato”, pois a aplicação do Direito, baseada nos votos dos julgadores leigos, é responsabilidade do juiz togado. 
Para a composição do conselho de sentença no Brasil, derivado do sistema francês, são sorteados, a partir de um cadastro de eleitores da comunidade local, cidadãos comuns de idoneidade conhecida e maiores de 18 anos, condicionados a atuarem como juízes leigos, sendo que até três nomes de jurados podem ser objetados por cada parte (acusação ou defesa). 
Por fim, Gabriel Chalita termina o capítulo apontando que é preciso saber quando falar o que o jurado quer o ouvir e o que precisar ser dito.
	 
Capítulo 7 – Discurso e sedução
“A sedução do discurso”, portanto, afirma que a justiça sofre a influência da sedução, voluntária ou involuntária, dos cidadãos associados a um processo penal. O livro mostra a busca da realidade dos acontecimentos, de sua verdade, tal como se objetiva alcançar no processo penal, submetendo-se à verdade do indivíduo e a verdade latente. Analisa também que os seres humanos agem sobre o ambiente, transformando-o, e de que, no decorrer dessa mesma atividade, os agentes sofrem mudanças, ocasionadas pelas consequências da própria ação inicial. 				Gabriel Chalita fala que não adiante o conhecimento afunilado das técnicas e dos jargões jurídicos abordados por ele. Além disso, nada valem a cultura puramente jurídica e o amplo conhecimento do Direito penal e Processual Penal, ou ainda o domínio sobre as legislações extravagantes. É preciso, segundo o autor, o poder da palavra, o toque imponderável e intangível da sedução. 					A justiça é, então, refém do talento de cada indivíduo, porque o Direito não é uma ciência exata. A verdade tem de surgir das verdades de cada um, formando um painel de verdades, um mosaico de impressões que, reunidas, permitam ao júri sustentar a decisão de qual verdade é aquela que privilegia a justiça. O autor, finalmente, considera sua pesquisa em nome do Bem, da Verdade e da Justiça integral. 
Bibliografia 
CHALITA, Gabriel. A Sedução no Discurso – Ensaio. São Paulo: Planeta, 2012. 191p.

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