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Noções sobre os conceitos: organização e instituição Por Profa. Giselle Reis Brandão PUC Minas Referências adotadas: - LEVY, A. Historia e contexto teórico da noção de organização. In: LEVY, A. Ciências Clínicas e Organizações Sociais, Sentido e crise do sentido. Belo Horizonte: Autêntica/FUMEC, 2001, p.123-137. - SATO, L., A feira livre na vida da metrópole. In: Sato, L.(2012) Feira Livre: organização, trabalho e sociabilidade, São Paulo: Edusp. Organização: Levy (2001) Sua interpretação envolve diferentes pontos de vista. P1: “ uma unidade sociológica orientada pra a produção coletiva de bens, de idéias ou de serviços, portanto, um conjunto concreto de pessoas e de grupos, mas também de meios técnicos ou materiais, de conhecimentos e de experiências associadas para que se possa chegar a objetivos comuns, o que supõe a gestão e o tratamento de problemas de ação”. (129-130) Uma formação social de grande complexidade, por envolver sistemas de produção, de controle e de distribuição e por isso sua importância como sistema central para ser analisado sempre. Ex.: hospital, empresa pública ou privada, um sindicato, uma escola... P2: o de um modo de associação entre pessoas e os grupos que a compõem, baseada em um projeto de ação e não em um projeto de vida. Define-se por um modo de relação social fundada não na identificação mútua e nos vínculos afetivos, mas em relações funcionais. A noção de pertencimento se constrói em função da participação/lugar de cada um nos objetivos coletivos. Então, ela assegura uma mediação entre o indivíduo e a sociedade ampliada. Ambas as perspectivas coexistem e interagem. Organização: Levy (2001) Outra característica importante: As organizações admitem o aleatório, o contingente, o provisório, o fragmento, o relativo. Ex. o tempo e o espaço são fragmentados; os recursos e os meios coletivos são compartilhados; pertencemos a varias organizações simultaneamente; elas admitem rupturas, clivagens. Tudo isso porque o que importa são os objetivos definidos. Diferente dos grupos e da comunidade que não admitem o multi pertencimento. “Organizar significa partilhar recursos e meios coletivos em função de objetivos definidos, limitados tanto em sua extensão quanto no tempo. Significa instaurar a era do possível, do aleatório, do tempo e não da duração; do contingente e do provisório, não do transcendente, do relativo, não do absoluto; da invenção, não do familiar.” (p.130) Instituição: Levy (2001) “[...]um conjunto de regras e de valores que definem a ordem social, das obrigações que se impõem a cada um e que tornam possíveis as transações e as trocas”. (p.132) Remete necessariamente às ideias de estabilidade, de transcendência, de sagrado, de algo intangível, invisível que perdura, que direciona, que referencia, sustentadas pelas realidades. Possui funções como a de garantir uma unidade social, a de mediar e regular as permutas, a de ser referência para uma história a ser cumprida. Exemplos de instituições: - o poder, a justiça, a lei, o saber; os edifícios e lugares onde estão essas referencias eles também são instituições: então elas são desde algo concreto em si como aquilo que esse concreto representa; - as horas do dia o os dias do ano, os feriados; as celebrações e comemorações lembrando acontecimentos do passado e que constituem parte do imaginário social; - personagens (padres, presidentes, juízes, santos...); - título, hábito ou algum objeto que confere um estatuto diferenciado que transcende a individualidade daquela pessoa; - livros sagrados, textos constitucionais, regulamentos afixados ... Assim, elas têm a ver com o simbólico ( a igreja, o tumulo, o cemitério, o palácio...), com os enigmas, que fazem sentido sem ter sentido e aos quais ninguém pode atribuir uma interpretação garantida e única. Organizações e instituições são realidades distintas, porem complementares e inevitavelmente interdependentes. Organização: Sato (2012) “[...] as pessoas em interação simbólica e como construtoras dos processos organizativos. Não são, entretanto, pessoas que têm diante de si a liberdade incondicional para fazer o quê e como quiserem. São pessoas situadas em lugares, defrontando-se com regras, valores, projetos e metas definidos de modo autônomo ou heterônomo; de modo imposto ou partilhado; são pessoas posicionadas em degraus hierárquicos diferentes ou não; são pessoas que detêm maior ou menor grau de poder para definir os rumos do que se pretende organizar, os objetivos da empreitada, bem como os caminhos a serem adotados. Vale lembrar ainda que são interações simbólicas desenroladas tendo-se em vista a dimensão técnica à disposição (equipamentos, máquinas, procedimentos) e o ambiente socioeconômico e cultural no qual se insere.” (p.21) “[...] “fluxos de ações e significados” (Spink,1991); portanto, organização não é “coisa”(estrutura e papéis sociais), mas processo. Parte-se do pressuposto de que tais processos encontram a sua racionalidade interna e singular nos métodos práticos, criados, apropriados e partilhados pelas pessoas envolvidas [...]” (p.22) Fim da síntese. Vale a leitura destes 2 capítulos ! Obrigada grbrandao40@gmail.com
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