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DIREITO CIVIL (PESSOAS-BENS)

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Centro de Ciências Sociais e Jurídicas
Curso de Direito
Direito Civil (Parte Geral)
2º Período 2014/2
Prof.: Édio de Oliveira Júnior
e-mail: edio@univali.br
Direito Civil (Parte Geral)
Lei de Introdução
Das Pessoas
Dos Bens
Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
(De acordo com a Lei nº 12.376, de 30 de dezembro de 2010)
Analisar conjuntamente:
Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, alterada pela
Lei Complementar nº 107, de 26 de abril de 2001
Natureza da Lei de Introdução:
- Trata-se de uma norma preliminar à totalidade do ordenamento jurídico nacional. Realmente, nenhum motivo existe para considerá-la uma Lei de Introdução ao Código Civil, pois é verdadeiramente o diploma da aplicação, no tempo e no espaço, de todas as normas brasileiras, sejam elas de direito público ou privado. Suas normas constituem coordenadas essenciais às demais normas jurídicas (civis, comerciais, processuais, administrativas, tributárias etc.), que não produziriam efeitos sem os seus preceitos. As normas da Lei de Introdução não são peculiares ao Código Civil, por serem aplicáveis a este e a quaisquer leis. (Maria Helena Diniz – 2009)
Conceito:
- A Lei de Introdução é um conjunto de normas sobre normas, constituindo um direito sobre direito, um superdireito, um direito coordenador de direito. Não rege as relações de vida, mas sim as normas, uma vez que indica como interpretá-las ou aplicá-las, determinando-lhes a vigência e eficácia, suas dimensões espácio-temporais, assinalando suas projeções nas situações conflitivas de ordenamentos jurídicos nacionais e alienígenas, evidenciando os respectivos elementos de conexão. Como se vê, engloba não só o direito civil, mas também os diversos ramos do direito privado e público, notadamente a seara do direito internacional privado. Trata de norma cogente brasileira, por determinação legislativa da soberania nacional, aplicável a todas as leis. (Maria Helena Diniz)
Conceito:
- Trata-se de um conjunto de normas sobre normas, visto que disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento no tempo e no espaço. Ultrapassa ela o âmbito do direito civil, pois enquanto o objeto das leis em geral é o comporta-mento humano, o da Lei de Introdução é a própria norma, visto que disciplina a sua elaboração e vigência, a sua aplicação no tempo e no espaço, as suas funções etc. Contém normas de sobredireito ou de apoio, podendo ser considerada um Código de Normas, por ter a lei como tema central. (Carlos Roberto Gonçalves)
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Lei de Introdução propriamente dita (arts. 1º a 6º)
Direito Internacional Privado (arts. 7º a 19)
Conteúdo da Lei de Introdução:
Lei de Introdução propriamente dita (arts. 1º a 6º):
início da obrigatoriedade da lei (art. 1º);
tempo de obrigatoriedade da lei (art. 2º);
garantia da eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente, que a comprometeria (art. 3º);
mecanismos de integração das normas, quando houver lacuna (art. 4º);
critérios de hermenêutica jurídica (art. 5º);
direito intertemporal, para assegurar a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece (art. 6º);
Conteúdo da Lei de Introdução:
Direito Internacional Privado (arts. 7º a 19):
direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17), abrangendo normas pertinentes à pessoa e à família (arts. 7º e 11), aos bens (art. 8º), às obrigações (art. 9º), à sucessão por morte ou por ausência (art. 10), à competência judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro (art. 13), à prova do direito alienígena (art. 14), à execução de sentença proferida no exterior (art. 15), à proibição do retorno (art. 16), aos limites da aplicação de leis, atos e sentenças de outro país no Brasil (art. 17);
atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 e 19). 
Funções da Lei de Introdução:
regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas (arts. 1º e 2º), apresentando soluções ao conflito de normas no tempo (art. 6º) e no espaço (arts. 7º a 19);
fornecer critérios de hermenêutica (art. 5º);
estabelecer mecanismos de integração de normas quando houver lacunas (art. 4º);
garantir não só a eficácia global da ordem jurídica, mas também a certeza, a segurança e estabilidade do ordenamento, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece (art. 6º).
FONTES DO DIREITO:
Na concepção gramatical, fonte é origem, gênese, de onde provém. As chamadas fontes do direito nada mais são, portanto, do que os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas. (Pablo Stolze Gagliano)
Fontes formais do direito:
Lei
Analogia
Costume
Princípios Gerais do Direito
Fontes não formais do direito:
Doutrina
jurisprudência
A LEI:
A lei é o objeto da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e a principal fonte do direito.
A exigência de maior certeza e segurança para as relações jurídicas vem provocando, hodiernamente, a supremacia da lei, da norma emanada do legislador, sobre as demais fontes, sendo mesmo considerada a fonte primacial do direito. (Carlos Roberto Gonçalves)
LEI
Conceito:
A palavra lei é empregada, algumas vezes, em sentido amplo, como sinônimo de norma jurídica, compreensiva de toda regra geral de conduta, abrangendo normas escritas ou costumeiras ou, ainda, como toda norma escrita, todos os atos de autoridade, como as leis propriamente ditas, os decretos, os regula-mentos etc. Todavia, em sentido estrito, indica tão somente a norma jurídica elaborada pelo Poder Legislativo, por meio de processo adequado. (Carlos Roberto Gonçalves)
Principais características da lei:
Generalidade: dirige-se a todos os cidadãos, indistintamente. O seu comando é abstrato, não podendo ser endereçada a determinada pessoa. A lei deve ser dirigida a um número indeterminado de indivíduos;
Imperatividade: impõe um dever, uma conduta aos indivíduos. A lei é uma ordem, um comando. Quando exige uma ação, impõe; quando quer uma abstenção, proíbe;
Autorizamento: a norma jurídica autoriza que o lesado pela violação exija o seu cumprimento ou a reparação pelo mal causado;
Permanência: a lei deve perdurar até ser revogada por outra lei;
Emanação de autoridade competente: de acordo com as competências legislativas previstas na Constituição da República (CRFB/88, art. 97).
Classificação das leis:
Quanto à imperatividade:
Cogentes: também denominadas de ordem pública ou de imperatividade absoluta, são:
 ˃ Mandamentais: determinam uma ação;
 ˃ Proibitivas: ordenam uma abstenção.
Não cogentes: também chamadas de dispositivas ou de imperatividade relativa, não determinam nem proíbem de modo absoluto determinada conduta, são:
 ˃ Permissivas: permitem que os interessados disponham como lhes convier;
 ˃ Supletivas: quando se aplicam na falta de manifestação de vontade das partes.
Classificação das leis:
Quanto ao conteúdo do autorizamento:
Perfeitas: impõem a nulidade (nulidade ou anulação) do ato, simplesmente, sem cogitar aplicação de pena;
Mais que perfeitas: autorizam a aplicação de duas sanções na hipótese de serem violadas;
Menos que perfeitas: não acarretam a nulidade ou anulação do ato, somente impõem uma sanção ao violador;
Imperfeitas: não acarretam nenhuma consequência.
Classificação das leis:
Segundo a sua natureza:
Substantivas: definem direitos e deveres e estabelecem os seus requisitos e forma de exercício; também chamadas de materiais, porque tratam do direito material (ex.: Civil);
Adjetivas: traçam os meios de realização dos direitos, sendo também denominadas processuais ou formais (ex.: Processual Civil)
Classificação das leis:
Quanto à sua hierarquia:
Normas Constitucionais
(CRFB/88);
Leis Complementares;
Leis Ordinárias;
Leis Delegadas;
Medidas Provisórias;
Decretos Legislativos;
Resoluções;
Normas Internas.
Classificação das leis:
Quanto à competência ou extensão territorial:
Leis Federais: competência da União Federal, votadas pelo Congresso Nacional, com incidência sobre todo o território brasileiro ou parte dele (CRFB/88, art. 22);
Leis Estaduais: aprovadas pelas Assembleias Legislativas, com aplicação restrita à circunscrição territorial do Estado-Membro a que pertencem ou a determinada parte dele (CRFB/88, art. 25, § 1º);
Leis Municipais: editadas pelas Câmaras Municipais, com aplicação circunscrita aos limites territoriais dos respectivos Municípios (CRFB/88, art. 30, I a III).
Classificação das leis:
Quanto ao alcance:
Gerais: são as que se aplicam a todo um sistema de relações jurídicas, como as do Código Civil, também chamado de direito comum;
Especiais: são as que se afastam das regras de direito comum e se destinam a situações jurídicas específicas ou a determinadas relações, como as de consumo, as de locação, as concer-nentes aos registros públicos etc.
VIGÊNCIA DA LEI NO TEMPO
Vigência: é um critério puramente temporal. Refere-se, precisamente, ao período de validade da norma, ou seja, o lapso temporal que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em que é revogada ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (no caso de normas temporárias). (Pablo Stolze Gagliano)
VIGÊNCIA DA LEI NO TEMPO
As leis também têm um ciclo vital: nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas. Esses momentos correspondem à determinação do início de sua vigência, à continuidade de sua vigência e à cessação de sua vigência.
Início da vigência: com a publicação, tem-se o início da vigência da lei, tornando-se obrigatória. A vigência se inicia com a publicação (no Diário Oficial - LINDB, art. 1º) e se estende até a sua revogação ou até o prazo estabelecido para sua validade. A vigência, portanto, é uma qualidade temporal da norma: o prazo com que se delimita o seu período de validade. 
O intervalo entre a data da publicação da lei e a sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis. (Carlos Roberto Gonçalves)
Publicação / Vigência (Lei Complementar nº 95, art. 8º)
VIGÊNCIA # VIGOR DA LEI NO TEMPO
Vigor: também chamado de “força da norma”, diz respeito à força vinculante da norma. Não se confunde nem com a vigência nem com a eficácia, pelo fato de que, no vigor, o que se verifica é a realização efetiva de resultados jurídicos. Assim, uma norma já revogada (ou seja, não mais vigente) pode continuar sendo aplicada em juízo, se disser respeito a situações conso-lidadas sob sua vigência, fenômeno que se denomina ultratividade. (Pablo Stolze Gagliano)
VIGÊNCIA # VIGOR DA LEI NO TEMPO
É certo, pois, que o termo vigência está relacionado ao tempo de duração da lei, ao passo que o vigor está relacionado à sua força vinculante. É o caso, como assinala Fábio de Oliveira Azevedo, do Código Civil de 1916, “que não tem mais vigência, por estar revogado, embora ainda possua vigor. Se um contrato foi celebrado durante a sua vigência e tiver que ser examinado hoje, quanto à sua validade, deverá ser aplicado o Código revogado (art. 2.035 do CC/02, na sua primeira parte). Isso significa aplicar uma lei sem vigência (revogada), mas ainda com vigor (determi-nado pelo art. 2.035)”. (Carlos Roberto Gonçalves)
VALIDADE DA NORMA
Validade: a noção de validade da norma é um aspecto dogmático fundamental, pois significa a sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra, sendo um critério puramente lógico-formal. Tal concepção toma por base a observância das condições formais e materiais da produção normativa, estabelecidas pelo próprio ordenamento. O descumprimento das regras de validade importará no reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma estabelecida, considerando-a não pertinente ao sistema. A validade de uma norma pode se verificar sob duas óticas:
 ˃ Formal: observância das normas referentes a seu processo de criação (Lei Complementar nº 95/98);
 ˃ Material: se houve observância da matéria passível de norma-tização (ex.: CRFB/88, arts. 21 a 24, 29 e 30, 48, 52) por parte das entidades federativas, ou se houve incompatibilidade de conteúdo. (Pablo Stolze Gagliano)
EFICÁCIA DA LEI
Eficácia: já, a eficácia é a qualidade da norma que se refere à aptidão para a produção concreta de efeitos. (Pablo Stolze Gagliano)
Eficácia: vem a ser a qualidade do texto normativo vigente de poder produzir, ou irradiar, no seio da coletividade, efeitos jurídicos concretos, supondo, portanto, não só a questão de sua condição técnica de aplicação, observância, ou não, pelas pessoas a quem se dirige, mas também de sua adequação em face da realidade social, por ele disciplinada, e aos valores vigentes na sociedade, o que conduziria ao seu sucesso. (Maria Helena Diniz) 
EFICÁCIA DA LEI
Do ponto de vista teórico, a eficácia pode ser:
 - Social: porque presentes as condições fáticas exigíveis para seu cumprimento;
 - Técnica: porque presentes as condições técnico-normativas exigíveis para sua aplicação (CRFB/88, art. 7º, I).
Funções:
 - Função de bloqueio: normas que visam a impedir ou cercear a ocorrência de comportamentos contrários a seu preceito (normas punitivas e proibitivas);
 - Função de programa: normas que visam à realização de um objetivo do legislador (CRFB/88, art. 218);
 - Função de resguardo: normas que visam a assegurar uma conduta desejada (CRFB/88, art. 5º, XXVII).
EFICÁCIA DA LEI
Classificação:
 - Normas de eficácia plena: quando a sua função é imediatamente concretizada, ou seja, não é dependente de qualquer outra norma para produzir efeitos. Deve ser a regra geral dos comandos normativos;
 - Normas de eficácia limitada: quando há necessidade de outras normas para a realização da função eficacial (CRFB/88, art. 7º, I);
 - Normas de eficácia contida: quando pode ser res-tringida, sendo plena enquanto não sobrevier a restrição (CRFB/88, art. 5º, XIII).
REVOGAÇÃO DA LEI
Revogar: é tornar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade.
Revogação: é um termo genérico, que indica a ideia da cessação da existência da norma obrigatória. Assim sendo, ter-se-á permanência da lei quando, uma vez promulgada e publicada, começa a obrigar indefinidamente até que outra a revogue. A lei nova começa a vigorar a partir do dia em que a lei revogada vier a perder sua força. (Maria Helena Diniz)
REVOGAÇÃO DA LEI
Espécies de revogação:
Quanto a sua extensão:
 ˃ Ab-rogação: é a supressão total da norma ante-rior, por ter a nova lei regulado inteiramente a matéria, ou por haver entre ambas incompatibilidade explícita ou implícita (ex.: CC, art. 2.045, 1ª parte);
 ˃ Derrogação: torna sem efeito uma parte da norma. A norma derrogada não perderá sua vigência, pois somente os dispositivos atingidos é que não mais terão obrigatoriedade (ex.: CC, art. 2.045, 2ª parte).
REVOGAÇÃO DA LEI
Espécies de revogação:
Quanto a sua forma de execução:
 ˃ Expressa: se a norma revogadora declarar qual a lei que está extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar (ex.: Lei nº 8.245/91, art. 90, I a VIII);
 (Ver art. 9º da Lei Complementar nº 95/98)
 ˃ Tácita: ou indireta, quando houver incompatibili-dade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa a regular parcial ou inteiramente a matéria tratada pela anterior. (Maria Helena Diniz)
ANTINOMIAS
Antinomia: é a presença de normas conflitantes. Decorre da existência de duas ou mais normas relativas ao mesmo caso, imputando-lhe soluções logicamente incompatíveis. (Carlos Roberto Gonçalves)
Três critérios devem ser levados em conta para a solução dos conflitos:
 ˃ Critério hierárquico (lex superior derogat legi inferiori): é baseado na superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre
a outra;
 ˃ Critério cronológico (lex posterior derogat legi priori): signi-fica que, de duas normas do mesmo nível ou escalão, a última prevalece sobre a anterior;
 ˃ Critério da especialidade (lex specialis derogat legi generali): a norma especial acresce um elemento próprio à descrição legal do tipo previsto na norma geral, tendo prevalência sobre esta, afastando-se assim o bis in idem, pois o comportamento só se enquadrará na norma especial, embora também esteja previsto na geral.
REPRISTINAÇÃO (LINDB, art. 2º, § 3º)
“Salvo disposição em contrário”, deixando de existir a norma revogadora, não se terá o convalescimento da revogada.
OBRIGATORIEDADE DA LEI (LINDB, art. 3º)
A Lei, depois de publicada, decorrido, se houver, o prazo da vacatio legis, tornar-se-á obrigatória para todos, sendo inescusável o erro e a ignorância. Uma vez publicada a lei obrigará a todos, sendo aplicada tanto aos que a conhecem como aos que não a conhecem, por ser isso necessário à administração da justiça. (Maria Helena Diniz)
INTEGRAÇÃO NORMATIVA (LINDB, art. 4º)
Mecanismos destinados a suprir as lacunas da lei:
 ˃ Analogia:
 ˃ Costume:
 ˃ Princípios Gerais de Direito.
APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
DAS NORMAS JURÍDICAS
Através da sentença judicial o Estado/Juiz aplica a norma abstrata ao caso concreto.
Quando o fato é típico e se enquadra perfeitamente no conceito abstrato da norma, dá-se o fenômeno da subsunção. Há casos, no entanto, em que tal enquadramento não ocorre, não encontrando o Juiz nenhuma norma aplicável à hipótese sub judice. Deve este, então, proceder à interpretação normativa.
Interpretar: é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica.
APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
DAS NORMAS JURÍDICAS
Métodos de interpretação:
A hermenêutica é a ciência da interpretação das leis. Como toda ciência, tem os seus métodos, os quais se classificam do seguinte modo:
Quanto às fontes ou origens:
Autêntica ou legislativa: é a feita pelo próprio legislador. Este, reconhecendo a ambiguidade da norma, vota uma nova lei, destinada a esclarecer a sua intenção;
Jurisprudencial ou judicial: é a fixada pelos tribunais. (Quanto à sumula vinculante, ver art. 103-A da CRFB/88 / Lei nº 11.417/2006)
Doutrinária: é a feita pelos estudiosos e comentaristas do direito em suas obras: os jurisconsultos.
APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
DAS NORMAS JURÍDICAS
Quanto aos meios:
Gramatical ou literal: consiste no exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando a pontuação, a colocação das palavras na frase, a sua origem etimológica etc. É a primeira fase do processo interpretativo;
Lógica ou racional: é a que atende ao espírito da lei; procura-se apurar o sentido e a finalidade da norma, a intenção do legislador, por meio de raciocínios lógicos;
Sistemática: parte do pressuposto de que uma lei não existe isoladamente e deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes à mesma província do direito;
Histórica: consiste na pesquisa das circunstâncias que nortearam a sua elaboração, de ordem econômica, política e social, bem como do pensamento dominante ao tempo de sua formação;
Sociológica ou teleológica: tem por objetivo adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais.
APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
DAS NORMAS JURÍDICAS
Quanto aos resultados:
Declarativa: quando proclama que o texto legal corresponde ao pensamento do legislador, posto que, algumas vezes, este não se expressa de modo preciso e diz menos ou mais do que pretendia dizer;
Extensiva ou ampliativa: o intérprete conclui que o alcance ou espírito da lei é mais amplo do que indica o seu texto, abrangendo implicitamente outras situações;
Restritiva: quando ocorre o inverso, impondo-se a limitação do campo de aplicação da lei.
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Os diversos métodos de interpretação não operam isoladamente, não se repelem reciprocamente, mas se completam. As várias espécies ou técnicas de interpretação devem atuar conjuntamente, pois todas trazem sua contribuição para a descoberta do sentido e alcance da norma do direito.
CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO
As leis são elaboradas para, em regra, valer para o futuro. Quando a lei é modificada por outra e já haviam relações jurídicas na vigência da lei anterior, pode instaurar-se o conflito das leis no tempo. A dúvida dirá respeito à aplicação ou não da lei nova às situações anteriormente constituídas.
Para solucionar tal questão, são utilizados dois critérios: o das disposições transitórias e o da irretroatividade das normas. (Carlos Roberto Gonçalves)
CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO
Critério das disposições transitórias:
As disposições transitórias são elaboradas pelo legislador no próprio texto normativo, destinadas a evitar e a solucionar conflitos que poderão emergir do confronto da nova lei com a antiga, tendo vigência temporária. O Código Civil de 2002, por exemplo, no livro complementar “Das disposições finais e transitórias” (arts. 2.028 a 2.046), contém vários dispositivos com esse objetivo, sendo de se destacar o art. 2.028, que regula a contagem dos prazos quando reduzidos pelo novo diploma, e o art. 2.035, concernente à validade dos negócios jurídicos constituídos antes de sua entrada em vigor.
CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO
Critério da irretroatividade das normas:
Irretroativa é a lei que não se aplica às situações constituídas anteriormente. É um princípio que objetiva assegurar a certeza, a segurança e a estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece.
A irretroatividade é a regra, mas admite-se a retroatividade em determinados casos. A Constituição Brasileira (CRFB/88, art. 5º, XXXVI) e a LINDB (art. 6º) adotaram o princípio da irretroatividade das leis como regra e o da retroatividade como exceção.
Assim, como regra, aplica-se a lei nova aos casos pendentes e aos futuros, só podendo ser retroativa para atingir fatos já consumados, pretéritos, quando: (a) não ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada; e (b) quando o legislador expressamente mandar aplicá-la a casos pretéritos.
CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO
Ato Jurídico Perfeito: é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (LINDB, art. 6º, § 1º), produzindo seus efeitos jurídicos, uma vez que o direito gerado foi exercido;
Direito Adquirido: é o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular, não podendo lei nem fato posterior alterar tal situação jurídica (LINDB, art. 6º, § 2º);
Coisa Julgada: é a imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a recursos (LINDB, art. 6º, § 3º).
EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO
Os artigos 7º a 19 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro trazem regras de direito internacional.
direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17), abrangendo normas pertinentes à pessoa e à família (arts. 7º e 11), aos bens (art. 8º), às obrigações (art. 9º), à sucessão por morte ou por ausência (art. 10), à competência judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro (art. 13), à prova do direito alienígena (art. 14), à execução de sentença proferida no exterior (art. 15), à proibição do retorno (art. 16), aos limites da aplicação de leis, atos e sentenças de outro país no Brasil (art. 17);
atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 e 19).
DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO
Na realidade, o direito deve ser visto como um todo, sendo dividido em direito público e privado somente por motivos didáticos. A interpenetração de suas normas é comum, encontrando-se, com frequência, nos diplomas reguladores dos direitos privados as atinentes ao direito público e vice-versa. Do direito civil, que é o cerne do direito privado, destacaram-se outros ramos, especialmente o direito comercial, o direito
do trabalho, o direito do consumidor e o direito agrário. (Carlos Roberto Gonçalves) 
DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO
DIREITO PRIVADO
DIREITOPÚBLICO
DireitoCivil
Direito Constitucional
Direito Comercial
DireitoAdministrativo
Direito Agrário
Direito Tributário
Direito Marítimo
Direito Penal
Direito do Trabalho
Direito Processual
Direito do Consumidor
Direito Internacional
DireitoAeronáutico
Direito Ambiental
UNIFICAÇÃO DO DIREITO PRIVADO
Desde o final do século XIX se observa uma tendência para unificar o direito privado e, assim, disciplinar conjunta e uniformemente o direito civil e o direito comercial.
A melhor solução, outrossim, não parece ser a unificação do direito privado, mas, sim, a do direito obrigacional. Seriam, assim, mantidos os institutos característicos do direito comercial, os quais, mesmo enquadrados no direito privado unitário, manteriam sua fisionomia própria, como têm características peculiares os princípios inerentes aos diversos ramos do direito civil, no direito de família, das sucessões, das obrigações ou das coisas.
Em realidade, pois, o novo Código Civil unificou as obrigações civis e mercantis, ao trazer para o seu bojo a matéria constante da primeira parte do Código Comercial (CC, art. 2.045), procedendo, desse modo, a uma unificação parcial do direito privado. (Carlos Roberto Gonçalves)
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
DIREITO CIVIL é o direito comum, que rege as relações entre os particulares. Disciplina a vida das pessoas desde a concepção – e mesmo antes dela, quando permite que se contemple a prove eventual (CC, art. 1.799, I) e confere relevância ao embrião excedentário (CC, art. 1.597, IV) – até a morte, e ainda depois dela, reconhecendo a eficácia post mortem do testamento (CC, art. 1.857) e exigindo respeito à memória dos mortos (CC, art. 12, parágrafo único). (Carlos Roberto Gonçalves) 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
Costuma-se dizer que o Código Civil é a Constituição do homem comum, por reger as relações mais simples da vida cotidiana, os direitos e deveres das pessoas, na sua qualidade de esposo ou esposa, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro etc. Toda a vida social, como se nota, está impregnada do direito civil, que regula as ocorrências do dia a dia. (Carlos Roberto Gonçalves)
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
Devido à complexidade e ao enorme desenvolvimento das relações da vida civil que o legislador é chamado a disciplinar, não é mais possível enfeixar o direito civil no respectivo Código. Muitos direitos e obrigações concernentes às pessoas, aos bens e suas relações encontram-se regulados em leis extravagantes, que não deixam de pertencer ao direito civil, bem como à própria Constituição Federal.
É ele, portanto, bem mais do que um dos ramos do direito privado, pois encerra os princípios de aplicação generalizada, que se projetam em todo o arcabouço jurídico, não restringindo-se à matéria cível. Nele se situam normas gerais, como as de hermenêutica, as relativas à prova e aos defeitos dos negócios jurídicos, as concernentes à prescrição e decadência etc., institutos comuns a todos os ramos do direito.
 (Carlos Roberto Gonçalves)
A CODIFICAÇÃO
No período colonial vigoravam no Brasil as Ordenações Filipinas. Com a Independência, ocorrida em 1822, a legislação portuguesa continuou sendo aplicada entre nós, mas com a ressalva de que vigoraria até que se elaborasse o Código Civil. A Constituição de 1824 referiu-se à organização de um Código Civil “baseado na justiça e na equidade”, sendo que em 1865 essa tarefa foi confiada a Teixeira de Freitas, que já havia apresentado, em 1858, um trabalho de consolidação das leis civis. O projeto então elaborado, denominado “Esboço do Código Civil”, continha cinco mil artigos e acabou não sendo acolhido, após sofrer críticas da Comissão Revisora. Influenciou, no entanto, o Código Civil argentino, do qual constitui a base.
 (Carlos Roberto Gonçalves).
A CODIFICAÇÃO
Várias outras tentativas foram feitas, mas somente após a Proclamação da República, com a indicação de Clóvis Beviláqua, foi o projeto de Código Civil por ele elaborado e, depois de revisto, encaminhado ao Presidente da República, que o remeteu ao Congresso Nacional, em 1900. Aprovado em janeiro de 1916, entrou em vigor em 1º de janeiro de 1917.
O CÓDIGO CIVIL DE 1916: continha 1.807 artigos e era antecedido pela Lei de Introdução ao Código Civil. Possuía uma Parte Geral, na qual constavam conceitos, categorias e princípios básicos aplicáveis a todos os livros da Parte Especial e que produziam reflexos em todo o ordenamento jurídico.
O CÓDIGO CIVIL DE 2002: entrou em vigência, após um ano de vacatio legis, em 11 de janeiro de 2003.
ESTRUTURA E CONTEÚDO DO CC/2002
O novo Código manteve a estrutura do Código Civil de 1916, seguindo o modelo germânico preconizado por Savigny, colocando as matérias em ordem metódica, divididas em uma Parte Geral e uma Parte Especial, num total de 2.046 artigos.
PARTE GERAL
PARTE ESPECIAL
Das Pessoas
Direito das Obrigações
Dos Bens
Direito de Empresa
Dos Fatos Jurídicos
Direito das Coisas
Direitode Família
Direito das Sucessões
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CC/2002
O Código Civil de 2002 tem, como princípios básicos, os da:
SOCIALIDADE: reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana. Com efeito, o sentido social é uma das características mais marcantes do novo diploma, em contraste com o sentido individualista que condiciona o Código Beviláqua;
ETICIDADE: funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e demais critérios éticos. Confere maior poder ao juiz para encontrar a solução mais justa ou equitativa;
OPERABILIDADE: leva em consideração que o direito é feito para ser efetivado, executado. Por essa razão, o novo Código evitou o complicado, afastando as perplexidades e complexidades. Pode ser visualizado sob dois prismas: o da simplicidade e o da efetividade/concretude.
 (Carlos Roberto Gonçalves)

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