Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS Helba Araújo de Queiroz Palácio EROSÃO DO SOLO Considerações Iniciais Recursos naturais de caráter renovável Desequilíbrio na natureza provocado pelos agricultores: ignorância e/ou econômica A ciência prosperando na agricultura Breve histórico Mesopotâmia: irrigação nos rios Tigre e Eufrates: enchentes, declínio da agricultura e mudança dos cursos Grécia: reflorestamento dos morros e agricultura nos vales, pousio No Peru os Incas desenvolveram terraceamentos O império Maia destruiu suas pela erosão e sedimentação Importância Áreas agrícolas Sedimento Assoreamento e qualidade de água Erosão geológica e a induzida pelo homem Solo O solo é formado a partir de rochas, que com ajuda do clima e de microrganismos se transforma num material solto e macio. Solo É composto de ar, água, matéria orgânica e mineral. Rocha Solo jovem Solo profundo Granulometria Classe de Tamanho ComposiçãoMineralógica Diâmetro (mm) A.S.E. (m2g-1) Areia Grossa Quartzo 2,0-0,2 0,01 Areia Fina Quartzo 0,2–0,05 0,1 Silte Minerais 1º 0,05-0,002 1 Argila Minerais 2º < 0,002 5-800* Processo erosivo Erosão do solo é o processo de dispersão e transporte da superfície do solo pela ação da água e do vento As partículas do solo são desagregadas através da: energia liberada pela gota de chuva ao atingir o solo turbulência do escoamento superficial turbulência do vento O processo de erosão em termos físicos ocorre com gasto de energia: energia cinética das gotas da chuva momento das ondas do fluxo turbulento do escoamento superficial e do vento Erosão eólica Ação do vento na superfície do solo Processo de longa atuação (lento) e romoção gradual Turbulência desloca pequenas partículas em movimentos ascendentes e descendentes O vento move partículas através de saltos (maior diâmetro) e em suspensão (argila e silte) Erosão eólica A energia aplicada ao solo pelo “salto” desloca outras partículas (satitar) Partículas maiores são movidas próximo ao solo A força erosiva do vento cresce exponencialmente com a velocidade Ventos com V < 19 km h-1 a 1 m de altura não pronovem deslocamento de partículas Como regra básica Bacias com P > 400 mm ano-1 e cobertura vegetal natural, a erosão eólica é mínima Bacias com solo exposto a erosão é excessiva, mesmo com P > 800 mm ano-1 Erosão hídrica Dispersão e deslocamento de partículas proporcionados pela gota de chuva e pelo escoamento superficial Fatores de dispersão das partículas do solo Chuva Fluxo da água O homem e os animais Fatores erosivos Erodibilidade do solo Mineralogia Agregados Cobertura vegetal Chuva Dispersão das partículas pela gota de chuva A gota de chuva é o primeiro agente erosivo A energia liberada na superfície do solo durante uma chuva de alta intensidade é suficiente para gerar a dispersão de mais de 200 t ha-1 em um solo nu (BROOKS et al., 1992) Resultado da gota de chuva na superfície Deterioração da estrutura do solo pela quebra dos agregados Salpico das partículas finas tendem a fechar e impermeabilizar a superfície do solo aumentado o escoamento superficial Partículas individuais podem ser salpicadas a altura superior a 0,5 m e distância de 1,5 m Energia cinética disponível depende Da massa (altura) d’água Velocidade do escoamento superficial Turbulência do movimento da água Rugosidade da superfície Formas da erosão Laminar Em sulcos Voçoroca Fatores que afetam o transporte das partículas de solo Maior concentração de água nos sulcos e pequenos canais Aumento da velocidade da massa em suspensão Aumento da intensidade de turbulência do fluxo Profundidade do escoamento superficial - se pequena: asgotas da chuva passam a ter uma maior ação na turbulência do fluxo - Se grande: a massa d’água gera um aumento na velocidade de turbulência Fatores que afetam o transporte das partículas de solo Ação abrasiva do sedimento em transporte aumenta a força erosiva do escoamento superficial Chuva de alta intensidade Áreas declivosas aumentam a velocidade do fluxo Comprimento a rampa pode canalizar o escoamento e gerar voçoroca Previsão da erosão É a técnica mais comum para estimar o volume de solo perdido nas partes altas da bacia É um modelo estatístico que foi desenvolvido em 1965 (Wischmeier e Smith) para as regiões americanas Equação Universal de Perdas de Solos A= R K L S VM A - solo erodido (sulcos e laminar) ton/ ha ano R – Erosividade da chuva (MJ mm/ha h ano) K – Erodibilidade do solo cultivado em sulcos de 22 m de comprimento e declividade de 9% (ton ha h/ha MJ mm) L – Índice de comprimento da declividade. Expressa a taxa de solo perdido em um campo com comprimento de 22 m S – Índice de declividade. Expressa taxa de solo perdido em um campo com gradiente de 9% de declividade VM – Índice de vegetação (tabela 7.4 BROOKS et al., 1992) Vantagens Simples de usar Gera uma estimativa correta É a única disponível Desvantagens Empírica, baseada em dados coletados de fazendas na região central dos USA Usa um gradiente uniforme Estima erosões para pequenas áreas O fator K é considerado constante Erosividade da chuva EC = 0,119 + 0,0873Log I Em que: EC - energia cinética da chuva, em MJ ha-1 mm-1, I - intensidade da chuva, em mm h-1. EI30 = EC * I30 Erodibilidade do solo Com base na análise do solo Faz uso de nomograma Ex: Silte + areia fina = 28,5% Areia = 5% M O = 2,8% Estrutura = 2 Permeabilidade = 4 Índice de comprimento da rampa L = (l/22)m m = senθ/ (senθ + 0,269 (senθ)0,8 +0,05) s = declividade em % Θ (graus) = tan-1(s/100) Índice de declividade S = 16,8 sen θ – 0,50 Índice de vegetação Controle de erosão É feito através de ações que: Protejam a superfície do solo contra a energia do impacto da chuva Aumentem a rugosidade da superfície Aumentem a tortuosidade do caminho percorrido pelas águas Reduzam a energia da chuva e do escoamento superficial Sinais do processo de erosão Raizes expostas Sinais do processo de erosão Deposição de sedimentos nas áreas de topografia suave Sinais do processo de erosão Formação de sulcos e voçorocas Sinais do processo de erosão Patamares nas gramíneas Sinais do processo de erosão Redução da cobertura orgânica Monitoramento do processo de erosão Levantamento de deposição em resrvatórios Imagens de satélites na delimitação de áreas afetadas por voçorocas Controle da % de cobertura vegetal através do controle remoto Uso de GIS para simulação de condições futuras Técnicas de conservação e controle de erosão A erosão pode ser controlada por práticas vegetativas e não vegetativas Vegetativas 1. Replantio Reduz o impacto da chuva Aumenta a rugosidade do solo Reduz a velocidade do escoamento superficial Aumenta a taxa de infiltração As raízes reduzem a erodibilidade do solo Controle de densidade de animais por área O sucesso o replantio requer: Solo e precipitação adequadas para fornecer uma probabilidade de sucesso Espécies devem ser usadas No plantio o solo deve apresentar umidade adequada à germinação O replantio deve ser protegido do pisoteio até que as plantas estejam estabelecidas Em regiões áridas é necessário pelo menos 3 estações de crescimento 2. Pastagem Adequada para áreas onde as culturas proporcionam baixo rendimento e podem ocasionar erosão Fornecem proteção ao solo Peso de gado compatível com a capacidade Evitar fogo, ressemeio periódico, fertilização e correção do solo, pastejo rotacionado 4. Culturas em faixas - Culturas em faixas de larguras variadas que alternem anualmente culturas que fornecem pouca proteção ao solo com outras de desenvolvimento mais denso Faixas em curva de nível e podem ter culturas alternadas ou uma mesma cultura plantada em época diferente A largura das faixas dependerá do tipo de solo, declividade cultura e sistemas de cultivo Emprega-se o mesmo espaçãmento dos terraços 5 – Cordões de vegetação permante - Fileiras de plantas perenes e de crescimento denso dispostas com determinado espaçamento horizontal e em contorno Provoca a deposição de sedimentos transportados e facilita a infiltração da água Gradualmente são formados terraços Podem ser aplicados com relativa segurança em declividade de até 60% (MARQUES, 1950) 3. Plantas de cobertura Manter o solo coberto durante o período chuvoso Proteção do solo contra a erosão hídrica Proteção da matéria orgânica do solo contra os raios solares O ideal são plantas para adubação verde Em culturas perenes são usadas para completar as aberturas deixadas pelas copas Espaçamento e dimensões de terraços 6. Alternância de capinas Capinas alternadas entre uma ou duas ruas em épocas a diferentes A terra perdida pelas ruas de cima será retida pela rua não capinada Será tanto mais eficiente quanto menor for a distância entre as curvas de nível 7. Ceifa do mato Corte das ervas daninhas entre as culturas perenes (pomar, café, cacau) a uma pequena altura O sistema radicular que fica intacto e os resto das ervas aumentam a eficiência na proteção contra as chuvas Pode ser feito também com herbicidas, embora seja menos eficiente contra erosão 8. Mulch Protege o solo do impacto da chuva Promove infiltração Conserva água Melhora a estrutura do solo Efeito do manejo dos restos da cultura do milho sobre as perdas por erosão 9. Faixas de bordadura e quebraventos Faixas de bordadura formadas plantas de porte baixo para conter enxurradas, largura de 3 a 5 m e também servem de espaço para manejo das máquinas. Quebra ventos colocado contra a direção predominante do vento e são compostas por árvores de porte alto. Não Vegetativas O propósito é reduzir o escoamento superficial e perdas de solo pela retenção da água no local, até que a cobertura vegetal tenha se restabelecido Devido a seu alto custo, a aplicação de algumas práticas não vegetativas devem ser analisadas criteriosamente antes de sua implantação Os tratamentos mais comuns Controle do fogo Adubação química Adubação orgânica Calagem Práticas de caráter mecânico O tipo de prática a ser adotado depende Potencial de escoamento superficial Q – Enxurrada em m3/s C – coeficiente de escoamento I – intensidade máxima da chuva em mm/h A – área em ha Coeficiente de enxurrada para diferentes condições de topografia e cultura vegetal Plantio em contorno – fileiras de culturas perpendiculares à linha de maior declividade Terraceamento – combinação de camalhão e canal construído em corte da maior linha de declive Depende das características do solo da declividade do terreno Limite de comprimento de rampa e declividade para plantio em contorno Sulco ou voçoroca A voçoroca se desenvolve quando: Aumenta o escoamento superficial Concentração do escoamento superficial Mudanças no gradiente de declividade Remoção da vegetação, principalmente com declividade acentuada Classificação das voçoroca Ramificada inicia-se em um canal primário na parte baixa e ramifica-se na parte alta Um sistema de canais com diversas ramificações Apresenta aproximadamente a mesma profundidade Individual Encontrada nas partes altas desprovidas de vegetação Ocorre em presença de desnível A profundidade cresce rapidamente em direção a parte alta A exploração do solo de forma indiscriminada, inclusive em áreas que deveriam ser protegidas, compromete seriamente a sustentabilidade da produção agrícola A utilização simultânea do fogo e de máquinas agrícolas ao longo das voçorocas, reduzem a fertilidade natural do solo e aumentam sua suscetibilidade à erosão A expressão máxima da erosão hídrica do solo ocorre com as voçorocas... Rachadura localizada na borda da voçoroca, indicando aumento da sua atividade. Rachadura em estágio avançado, na iminência do desabamento. A degradação do solo pode atingir níveis irrecuperáveis. A área comprometida dificilmente se recupera, tendo poucas alternativas de uso. O lixo contribui para a disseminação de doenças e poluição do solo. A revegetação da voçoroca é uma tentativa de estabilizá-la, além do reflorestamento na sua borda, reduzindo o deslocamento de água para seu leito. O processo de revegetação da voçoroca ocorre lentamente. A ocupação pela vegetação inicia-se com o crescimento de pteridófitas (samambaias). A retomada do processo erosivo reduz as chances de revegetação. Controle de voçorocas Barragem Desenvolve uma nova base do canal com gradiente mais suave Armazena água Estabiliza a declividade do canal Reduz a erosão das margens do canal Promove o reflorestamento Etapas Colocar pedras sotas no ponto mais distante da voçoroca A primeira barragem deve ser construída na saída da voçoroca O espaçamento entre duas barragens depende da declividade do leito da voçoroca Sangradouro deve suportar uma determinada carga Ancoramento nas laterais e no leito Dissipador de energia na parte externa da barragem Redutor de energia Largura do sangradouro menor que o leito da voçoroca S = He/K G cos θ S – espaçamento entre barragens (m) He – altura efetiva da barragem Θ – ângulo de declividade do leito da voçoroca (em graus) G – declividade da voçoroca (G = tang θ) K – constante relacionada com o ângulo da voçoroca H= (Qp/Cf x L)0,667 H – altura da lâmina d’água acima do sangradouro (m) Qp – pico de descarga (m3/s) Cf – coeficiente do sangradouro (1,65) L – largura efetiva do sangradouro (m) S = He/K G cos θ S – espaçamento entre barragens (m) He – altura efetiva da barragem Θ – ângulo de declividade do leito da voçoroca (em graus) G – declividade da voçoroca (G = tang θ) K – constante relacionada com o ângulo da voçoroca H= (Qp/Cf x L)0,667 H – altura da lâmina d’água acima do sangradouro (m) Qp – pico de descarga (m3/s) Cf – coeficiente do sangradouro (1,65) L – largura efetiva do sangradouro (m) K = 0,3 p/ G ≤ 0,2 (θ ≤ 11,3o) K = 0,5 p/ G ≥ 0,2 (θ ≥ 11,3o) S = He/K G cos θ S – espaçamento entre barragens (m) He – altura efetiva da barragem Θ – ângulo de declividade do leito da voçoroca (em graus) G – declividade da voçoroca (G = tang θ) K – constante relacionada com o ângulo da voçoroca H= (Qp/Cf x L)0,667 H – altura da lâmina d’água acima do sangradouro (m) Qp – pico de descarga (m3/s) Cf – coeficiente do sangradouro (1,65) L – largura efetiva do sangradouro (m) Altura efetiva = 1 m Gradienete = 5o Erosão O processo de erosão hídrica se inicia quando as partículas do solo são desagregadas da estrutura do solo pelo impacto da energia cinética contida nas gotas de chuva, ou pela energia contida na massa de água em movimento, essas por sua vez são transportadas pela massa de água ou pela ação dos ventos. Etapas da erosão Desagregação das partículas: interferência da erosividade da chuva e da cobertura vegetal Transporte: muito importante a declividade e a rugosidade da superfície Deposição: ocorre pela perda de energia do fluxo e está associada a ondulação do terreno, depressões e rugosidade Na verdade o processo erosivo é de grande complexidade, e a desagregação das partículas pelo impacto das gotas representa um agente primário da erosão hídrica, que ocorre principalmente em condições de vegetação esparsa comumente verificado no bioma Caatinga sobre influência da ação antrópica. Os fatores determinantes no processo erosivo são: clima, cobertura do solo, características do solo e topografia. O material transportado pela enxurrada, oriundo da desagregação do solo devido à energia cinética das gotas das chuvas e da força de cisalhamento do escoamento, será depositado nas partes mais baixas da bacia hidrográfica ou, dependendo de sua granulometria, se acumulará nos macroporos, reduzindo a capacidade de infiltração do solo. Erosão x Produção de sedimentos Erosão : é a retirada de sedimentos de um ponto, encostas, parcelas, etc; Produção de sedimentos: é quanto de sedimento passa em um determinado ponto, normalmente se associa ao exutório de uma microbacia ou grandes bacias hidrográficas Produção de sedimentos A produção de sedimentos é a resultante do processo de erosão ao longo de uma bacia. A quantificação dos sedimentos gerados em uma bacia é fundamental no desenvolvimento e na adoção de técnicas eficazes de controle dos processos erosivos tornando possível determinar o grau de deterioração do solo, do assoreamento e da contaminação dos corpos hídricos. Sabe-se que a produção de sedimentos ocorre em condições naturais, em taxas toleráveis, porém o agravamento devido a intervenção do homem tem resultado em elevadas produções de sedimentos. Portanto, a quantificação destes impactos torna-se uma ferramenta importante para um melhor gerenciamento desse ecossistema. A produção de sedimentos em microbacias de escoamento efêmero tem sido pouco documentada na literatura brasileira, e as maiores contribuições são relatadas em zonas úmidas e de rios perenes. A escassez de estudos em regiões semiáridas está diretamente associada à dificuldade de monitoramento dos eventos que ocorrem nessa região, pois os mesmos se caracterizam por um pequeno número de ocorrência em um curto período de tempo.
Compartilhar