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Projeto de intervenção Escolar

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DALMIR JOSÉ VIEIRA
MAÍRA DE JESUS SANTIAGO
“PROJETO DE INTERNVENÇÃO JUNTO À ESCOLA, PROFESSORES, PAIS E ALUNOS”
UNAÍ – MG
FACISA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE UNAI
AV. GOVERNADOR VALADARES, Nº. 1.441 – BAIRRO CENTRO – UNAÍ – MG
TELEF. (38) 3677 – 6030 – CEP 38.610 – 000
CNPJ Nº 07.428.884/0001-29
2018
DALMIR JOSÉ VIEIRA
MAÍRA DE JESUS SANTIAGO
“PROJETO DE INTERNVENÇÃO JUNTO À ESCOLA, PROFESSORES, PAIS E ALUNOS”
Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Psicologia de Aprendizagem
Orientador: Professor, Willian Araujo Moura
UNAÍ- MG
FACISA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE UNAI
AV. GOVERNADOR VALADARES, Nº. 1.441 – BAIRRO CENTRO – UNAÍ – MG
TELEF. (38) 3677 – 6030 – CEP 38.610 – 000
CNPJ Nº 07.428.884/0001-29
2018
Atividade Avaliativa
Avaliação Psícoeducacional e Projetos de Intervenção
Caso:
“Raul tem 10 anos, frequenta uma escola pública e está cursando o segundo ano do ensino fundamental. É uma criança com um nível de atenção muito baixo: qualquer coisa que se passe ao seu redor pode distraí-lo. É lento, parece que está bloqueado, não vai bem na escola, não consegue dar o clique, aprende até certo ponto e depois não vai. Ele gosta de desenhar, sobretudo, coisas relacionadas com os esportes”.
Com base na queixa escolar sobre Raul, pede-se:
1- Estruture uma proposta de avaliação psícoeducacional para Raul, considerando a investigação junto a: escola, pais e alunos.
Embora seja do conhecimento educacional sobre os avanços da Psicologia na Educação, ainda é comum a utilização de processo psicodiagnóstico, o qual busca, basicamente nos testes psicológicos, respostas rápidas para o encaminhamento de crianças para uma análise psicológica, que não vejo a princípio no caso de Raul. Sabemos que muitos desses testes são antiquados e/ou padronizados para populações diferentes daquelas de quadros encontrados como no caso de Raul. Uma avalição com outros olhares, a princípio que não seja um teste propriamente científico de didático. Possibilitando uma investigação através dos Professores, Pais funcionários da instituição. buscando uma adequação da queixa em relação ao caso informado dessa criança.
Dessa maneira, procura-se conhecer a criança nas suas relações na escola, na família e em situações propostas pelo psicólogo no decorrer do processo avaliativo. Procura-se analisar a criança dentro do contexto em que se insere e onde a queixa se manifesta, entendendo que as condições concretas de vida da criança, passadas e atuais, determinam o seu psiquismo. A observação de Raul na escola; a interação dele no ambiente escolar, no contato com seus colegas e com professores. A observação dele em sala de aula; observar suas atitudes em sala de aula, em horários e dias alternados. Observá-lo em outros contextos; durante o recreio, aulas de educação física e demais atividades que façam parte do seu cotidiano. Pedir ao professor que apresente o material usado por ele na escola, a fim de conhecermos a forma pela qual os conteúdos foram registrados.
Realizar umas duas entrevistas semidirigidas com seu professor, para coleta e informações a respeito de sua percepção sobre a criança, outros funcionários da escola serão entrevistados de acordo com a necessidade. A realização de dois a três encontros com seus pais ou responsáveis, para conhecermos o sentido atribuído à queixa que apresentam, coletar dados a respeito de sua história de vida para um melhor entendimento, principalmente como a família lida com essa situação procuramos obter o máximo de detalhes sobre as experiências escolares, abordando as seguintes questões: como foi a entrada da criança na escola; quais escolas já frequentou; participação da família nas tarefas escolares; gosto da criança pela escola, colegas e tarefas escolares; conteúdos em que a criança apresenta facilidades e dificuldades; interesses gerais da criança nas atividades extraescolares; se a família percebia qualquer tipo de dificuldade da criança antes dela entrar na escola e se atualmente compactua com a opinião da escola sobre seu filho. Posteriormente fará uma Sessão livre com a criança, colocá-la ciente dos objetivos da sessão e o tempo de duração da mesma.
Nesse encontro, são oferecidos diversos materiais, tipicamente escolares. Considerando que o contato estabelecido com o avaliador é um dado considerável: como, e se a criança o inclui nas atividades, através de solicitações de ajuda ou participação nas brincadeiras. Podemos também observar os comportamentos e reações de Raul frente a uma situação nova, como ansiedade, inibição, agitação, aceitação de limites, tolerância e frustração.
Neste momento lúdico conversa-se com ele, apresentando-lhe a queixa trazida pela escola e perguntando o que ele pensa a respeito, investigando suas impressões sobre a escola, sobre si mesma e sua própria produção na escola. Objetiva-se, com estas atividades, verificar como ele lida com a representação gráfica, os temas abordados nos desenhos, utilização da folha, emprego de cores e seu posicionamento frente a esse tipo de atividade.
Outro fator importante a ser observado é a expressão gráfica da criança, no sentido em que ele se mostre à vontade ou uma certa inibição frente a essas atividades. Esclarecer a ele que, neste momento, queremos conhecer o que ele sabe sobre números, leitura e escrita, sem a preocupação de estar "certo e errado", buscando conhecer o que ele pensa a respeito das funções da escrita, detectando se há ou não inibições, iniciativas de exploração e curiosidade frente à escrita. Uma observação minuciosa cuidadosa de Raul irá permitir que se extraiam dados relacionados ao desenvolvimento físico, motor, afetivo, cognitivo e social presentes nos diversos contextos, relatando qualquer suspeita de alguma dificuldade nas áreas acima relacionadas, devendo ser investigada mais profundamente, recorrendo-se a outros profissionais quando necessário.
Tendo em vista que o objetivo dessas entrevistas, não é apresentar um "laudo" ou um "veredicto”, mas sim a devolução de informações. devendo ser feita visando uma ampliação da compreensão da queixa, situando-a num processo onde todos os envolvidos possam perceber sua participação e mobilizar-se frente à mesma, de acordo com as possibilidades. Não pode subestimar a capacidade de compreensão de Raul em relação aos aspectos abordados, desde que devidamente explicitados, em linguagem acessível.
Com a família de Raul serão realizadas de uma a três entrevistas. Sugerindo que sejam abordados aspectos que causam menos ansiedade em um primeiro momento, enfocando-se depois, as questões mais áridas, mesmo que isso lhes traga bastante desconforto. O professor e outros profissionais da escola, por sua vez, também tem a possibilidade de receber informações que possam contribuir para o ensino e aprendizagem, não apenas em relação à Raul, mas aos alunos de forma geral. 
Esse modelo aqui proposto de avaliação psícoeducacional considera as variáveis intrapsíquica, e Interpsíquicas de Raul. Isto requer, por parte do avaliador, uma formação que contemple conhecimento teórico e uma certa convivência com a criança, seus familiares e com a instituição escolar. Nesta presente proposta de avaliação psícoeducacional, em que são envolvidos a família e os profissionais da escola, buscando entender a queixa como oriunda de uma rede de relações, promovemos a reflexão sobre o lugar que essa queixa ocupa para cada um, o movimento no sentido de ressignificá-la e as possibilidades de participação no processo de busca e de soluções.
Para concluir, lembramos que o comportamento de cada indivíduo é basicamente constituído nas etapas precoces do desenvolvimento, a partir da relação com a mãe suficientemente boa, que garanta a sua integração e autonomia. No entanto, o ambiente concreto e objetivo, inicialmente constituído pela mãe e gradativamente peloscírculos sociais mais amplos, em nosso caso pela escola, tem um papel fundamental para o enriquecimento do mesmo. Assim como um ambiente adequado pode promover e facilitar o crescimento de Raul (nesse caso a escola), que no caso, pode obstruir seu desenvolvimento e até comprometer as estruturas e capacidades já adquiridas por ele. Neste sentido, para o entendimento da queixa escolar, é necessário procurar articular a história pessoal com a história escolar da criança, para buscar uma intervenção terapêutica que dê conta da complexidade desta problemática, precisa-se ser trabalhado não somente com Raul, mas com seus pais e professores e colegas de classe. Procurando enfocar não só o mundo interno da criança, mas também o ambiente externo e principalmente a área intermediária, ajudando a constituí-la, quando necessário. Esse esforço conjunto pode facilitar seu crescimento, ao possibilitar o uso de seus recursos e capacidades, com maior liberdade e criatividade.
É muito frequente no contexto educacional que os problemas no desenvolvimento dos alunos e as dificuldades escolares sejam atribuídos apenas às crianças e suas famílias. Alguns profissionais da educação têm a tendência de atribuir apenas ao aluno a origem de algum problema, encaminhando-o para psicólogos sem questionar sua prática pedagógica e as situações que precisariam ser melhoradas na instituição escolar.
Reitero a importância dos profissionais se colocarem diante da realidade escolar a partir de uma perspectiva crítica. Neste sentido, a avaliação psícoeducacional deve ser utilizada levando-se em conta o contexto social e histórico da instituição na qual a criança se insere. A escola, se excluída do processo de avaliação, tende a se eximir da sua parcela de responsabilidade na produção e ou manutenção da queixa. Isso pode minimizar o importante papel da instituição como facilitadora do crescimento pessoal dos alunos nos seus diversos aspectos: emocional, cognitivo, social.
2- Apresente uma proposta de intervenção a ser realizada na escola onde Raul estuda, considerando que podem existir várias crianças como Raul e, outras, com queixas diversas a respeito das dificuldades no rendimento acadêmico. Além disso, há os professores que trabalham na instituição, assim como demais funcionários, gestores, sem mencionar as famílias dos alunos.
CLIENTELA E SUAS CARACTERÍSTICAS
será abordado nesse contexto de maneira geral uma proposta de intervenção atribuindo todo o contexto escolar; de diretores a professores, auxiliares, pais ou responsáveis e alunos. este procedimento será introduzido para que possamos conhecer melhor a demanda, abrindo possibilidades diversas, tais como: a identificação de fatores de origem externa na produção de queixas escolares. é possível ao longo do atendimento, oferecer-lhes a oportunidade de recontar sua história, em que tais fatores externos e de caráter coletivo são ressignificados como tais, trazendo grande alívio e abrindo possibilidades de ressurgir novos papéis para os eles.
Haja visto que escolas públicas se trata da rede mais deteriorada e carente de infraestrutura, em relação às redes municipais (de onde vem a clientela). Por exemplo, os salários são inferiores, o quadro de direção/coordenação e de funcionários, em geral, mais incompleto. Inexiste a figura do encarregado da sala de leitura e outras diferenças que desfavorecem as escolas estaduais. Talvez estas condições tendem a produzir indisciplina, comportamento mais frequente entre os alunos. Em se tratando de jovens muito pobres, uma outra forma de rebeldia, é a inserção no mundo do crime tornando-se atraente. O dinheiro conseguido possibilita não apenas a sobrevivência do grupo familiar, mas também o acesso a bens de consumo socialmente valorizados.
E seus pais? teriam desistido de seus filhos quanto à escolarização? É possível, ainda, que os serviços psicológicos não sejam percebidos por esses adolescentes como instrumentos capazes de ajudá-lo? Essas e outras questões diante de instituições falidas ainda ficam sem respostas.
Raul, Maria, Joaquim, Humberto, Laís, Maíra...Esta seria mais uma lista de crianças com problemas escolares encaminhadas por professores para atendimento, enquanto é proposto outro tipo de trabalho, envolvendo os professores e demais profissionais da escola, a fim de repensar as relações institucionais e as práticas escolares que produzem e mantêm o fracasso escolar. Nesses grupos de professores, a partir de cenas e situações ocorridas no cotidiano escolar, analisamos ângulos da relação pedagógica, valorizar o saber, a experiência profissional de cada professor e suas estratégias.
Os professores se queixam das crianças e nós procuramos juntos entender, em cada aluno, os sentidos expressos por seu comportamento agressivo ou por sua dificuldade de aprendizado. Buscamos “escutar” esses comportamentos como um “sintoma”, não apenas produto de mecanismos intrapsíquicos e de relações familiares, mas principalmente de práticas escolares. Nesses casos, é fundamental articular a história familiar e pessoal da criança com a sua história escolar. No entanto, ao percorrermos os corredores da escola, percebemos que as crianças não são apenas motivo de queixa dos professores. Elas também se queixam e expressam seu desejo de estabelecer contato com o meio.
PERIODICIDADE:
A proposta de intervenção será com sete participantes, aproximadamente 10 sessões, com uma hora de duração cada sessão, com uma variação de uma vez por semana podendo ser prorrogado para todo o semestre.
MATERIAL UTILIZADO:
Será utilizado uma caixa com material gráfico e, dependendo da idade, jogos, animais de plástico, massinha etc.
A INERVENÇÃO:
Terá primeiramente uma conversar reservada com o grupo de pais e com o de professores. Outra de maneira separada com os alunos antes de começar os trabalhos e no final do processo, escutar sua versão sobre os problemas enfrentados. Procurar ajudar os professores a pensar em formas de facilitar o crescimento das crianças, aproveitando possíveis mudanças ocorridas. O processo será iniciado com as crianças contando-as o motivo do encaminhamento dos professores, ficando claro que é optativa a participação tanto de alunos como de professores.
Diante de situações que frequentemente é revelado pelas crianças um processo escolar complicado, fruto de práticas escolares equivocadas e inadequadas.
Ao iniciar o trabalho me apresentei e perguntei se sabiam porque estavam lá. Ninguém respondeu. Expliquei que, segundo os professores, eles estavam com dificuldades na escola e precisavam de ajuda, acrescentei que era um convite para que eles exprimissem a sua versão dos fatos.
Na primeira sessão, todos aceitaram participar do grupo, mas se satisfizeram a responder as perguntas com a cabeça ou com gestos, não brincaram e falaram o mínimo necessário.
Na segunda sessão, relutaram para entrar na sala. Dividiram todo o material, com alguma briga ou discussão não brincaram, não manipularam os objetos. Apenas tomaram posse deles.
Na terceira sessão, os objetos foram manipulados e, em seguida, destruídos.
A quarta sessão caiu em um feriado e esqueci de avisá-los que seria transferida para outro dia. Quando me viram, na quinta sessão, olharam admirados e perguntaram em Uma só voz. “Você voltou?”. — Sim, respondi, vocês pensaram que me assustei tanto com a última sessão? E que não voltaria mais?
Na quinta sessão foi de brincadeiras de luta, brigas, cadeiras derrubadas, gritaria e agitação geral. O clima estava tão tenso que todos pediram para ir ao banheiro. Intervi impedindo apenas as agressões que provocariam algum estrago ou que machucassem realmente alguém.
Na sexta sessão, demonstraram novamente surpresa com a minha presença: Construímos uma sala de aula e fizemos crianças de massinha. Dramatizaram, com os bonequinhos de massinha, uma situação de sala de aula com uma professora brava, autoritária e injusta. Na dramatização a professora sempre gritava e emitia ordens absurdas para os alunos, que acuados obedeciam. Ela reclamava dabagunça e gritava sem parar.
Na sessão seguinte, desenharam, contaram estórias e fizeram objetos com massinha. Enquanto produziam, conversavam, com evidente prazer sobre situações cotidianas.
Na oitava sessão, houve uma disputa de material, cada um queria ficar com um pedaço maior de massa e achava que o outro tinha mais. Sua produção inicialmente pobre, estereotipada e infantilizada foi se tornando cada vez mais rica e pessoal.
Na penúltima sessão, Maíra perguntou se o grupo acabaria e nós não nos encontraríamos mais. Respondi que teríamos mais um encontro. Cada criança reagiu diferentemente ao final do processo.
Após o final do grupo conversei com as professoras, que relataram progressos escolares em todas as crianças, exceto Laís, cuja professora foi de opinião que ele piorou, ficou mais bagunceira e desobediente.
CONCLUSÃO:
Dois alunos repetiram de ano. Os demais passaram e estão acompanhando a classe e correspondendo à expectativa da escola. Embora o objetivo não era o sucesso escolar desses alunos. Assinalei a mudança de atitude das professoras e apontei como elas puderam dirigir um olhar mais favorável e esperançoso em direção a esses alunos. O espaço de escuta e apoio, oferecido por mim, também motivou e fortaleceu o vínculo com as crianças, assim como encorajou-as a buscar estratégias para facilitar o processo de ensino- aprendizagem. Dos dois alunos que repetiram de ano um foi encaminhado para uma psicoterapia individual.
Diante desse relato podemos concluir que descobrimos algo sobre estas sete crianças e sobre o grupo que elas constituíram, mas, principalmente, podemos dizer que elas descobriram várias coisas sobre elas mesmas. Em um primeiro momento de extrema desconfiança e inibição, pôde ser observado que estavam acontecendo no grupo a incapacidade de brincar e de aprender, causando evasão escolar. Foi observado que as próprias crianças também não acreditavam mais na sua capacidade de aprender, de produzir e principalmente de crescer. Havia, no entanto, uma esperança: À medida que a confiança se estabelecia, puderam liberar sua agressividade. No entanto foram suportados, e respeitados em sua legitimidade e principalmente escutados. Nesse ínterim as crianças deslancharam. A partir de então, estavam mais livres para conversar, estavam mais capazes de brincar, desenhar, criar e aprender, extrair prazer destas experiências, enriquecendo sua personalidade e crescendo. Adquirindo mais autonomia e autenticidade. Puderam ocorrer comunicações significativas, relações interpessoais ricas, mais autênticas e flexíveis. estabeleceram relações com o meio e com a cultura de forma criativa, explorando e descobrindo o mundo ao mesmo tempo que descobriam a si próprios.
Foi possível analisar as condições que tornaram realidade o brincar nessas crianças e o potencial curativo inerente ao processo de brincar. O brincar é terapêutico em si, ajuda a fazer amizades, possibilita o movimento, a comunicação significativa, a qual é característico da criatividade, da aprendizagem real, rica e pessoal.
O início do processo de escolarização é um momento extremamente importante para a criança e para os pais, onde fantasias e expectativas em relação à capacidade e ao destino de cada indivíduo e de sua família podem se concretizar, em função do desempenho escolar. Cabe à escola facilitar a passagem do mundo familiar para a cultura mais ampla, capacitando a criança a fruir a herança cultural, simbolizar de forma cada vez mais complexa e diversificada e se integrar ao mundo compartilhado de forma pessoal e criativa. Entendendo que determinadas privações, descontinuidades ou situações adversas podem resultar na perda da área do brincar e, em consequência, do aprender.
REFERÊNCIA:
Freller, C. C. (2004). Grupos de crianças com queixa escolar: um estudo de caso. Em A.M. Machado & M. P. R. Souza (Orgs.), Psicologia Escolar: em busca de novos rumos (127-141). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Ribeiro, M. J., Silva, S. M. C., & Ribeiro, E. E. T. (1998 / jan.-jun.). Avaliação qualitativa de crianças com queixas escolares: contribuições da Psicologia Educacional. Interações, 3(5), 75-92.
Souza, B. P. (Org.) (2007). Orientação à queixa escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo.

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