a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, 47% dos entrevistados não sabiam identificar os problemas ambientais. Em 2012, apenas 10% ignoravam a questão. Na média nacional, 34% sabem o que é consumo sustentável atualmente. Nessa projeção, a população da Região Sul mostrou-se mais engajada ambientalmente. Mais da metade dos sulistas sabem o que é consumo sustentável. Ao longo de duas décadas, os mais jovens e os mais velhos são os que menos conhecem a realidade ambiental, mas a consciência aumentou. Há 20 anos, quase 40% dos entrevistados entre 16 e 24 anos não opinaram sobre problemas ambientais, assim como mais de 60% dos brasileiros com 51 anos ou mais. Em 2012, as proporções caíram para 6% entre os jovens e 16,5% entre os mais velhos. A questão relacionada ao lixo, por exemplo, é um dos problemas que mais ganhou posições no ranking dos desafios ambientais montado pelos brasileiros. O destino, seleção, coleta e outros processos relativos aos resíduos que preocupavam 4% das pessoas entrevistadas em 1992, agora são alvos da atenção de 28% das pessoas. Adaptado da Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br) 73 Ética e responsabilidade social empresarial Conceitos introdutórios sobre a Ética Para abordarmos a ética e suas relações nas empresas, primeiro pre- cisamos abordar o principal agente nessas organizações: o ser humano. Sem ele, as empresas nada mais são do que estruturas de concreto sem uma alma. O ser humano é muito peculiar na sua existência, pois apenas ele possui a consciência de si próprio e do mundo que o cerca. Além disso, ele tem a condição de pensar e tomar ações sobre si mesmo, mudando a maneira como enxerga o mundo. Tal fato conduz o ser humano a uma série de perguntas e reflexões sobre sua vivência no cotidiano, perguntas essas que são a base do pensamento filosófico, como por exemplo “de onde vim?”, “qual a razão da minha exis- tência?” e “o que é certo e errado?”. Logo, o pensamento filosófico tem a intenção de refletir e desenvolver pensamentos a respeito de questões essenciais para o ser humano, utilizando da constante renovação para dar novo entendimen- to à essas questões. A filosofia não busca encontrar soluções finais nem conclusões definitivas sobre as questões que levanta, mas sim procura deixar as re- flexões sobre tais questões permanentemente aber- tas e livres. Portanto, a filosofia não se constitui de um conjunto de regras e de conclusões. Em todo o estudo da filosofia, vamos encontrar muitas doutrinas com fundamentos que são muito diferentes entre si. Ou seja, os filósofos não divi- dem quase nenhuma concordância em relação aos conceitos de cada corrente filosófica. Isso ocorre pelo fato de que o conceito de uma “verdade” geral é muito relativo, fazendo com que a busca de respostas seja sempre limi- tada pela capacidade intelectual do ser humano. Logo, estamos sempre insatisfeitos nessa busca. Dentro desse estudo, alguns pensamentos se tornaram famosos mesmo pelas pessoas que não conhecem a filosofia, pois são questões relativas ao ser humano em geral e/ou a época em que vive. Esses pensamentos são sintetizados por frases como “Conhece-te a ti mesmo” (Sócrates); “Penso, logo existo!” (Descartes); “O homem é o lobo do homem” (Hobbes); “Os fins justificam os meios” (Maquiavel). Se trouxermos as questões filosóficas para os dias de hoje, vamos encon- trar reflexões que nos inquietam sobre os motivos de encontrarmos pessoas que não tem o que comer, enquanto outras vivem com excesso material, ou então qual o motivo de certas pessoas precisarem contar com o fracasso alheio para obterem sucesso em suas profissões. Apenas o ser humano possui a consciência de si próprio e do mundo que o cerca S to ck X ch ng 74 Informações Estratégicas A abrangência da ética na administração Atualmente, as questões ligadas à ética na administração vêm ganhando cada vez mais importância, pois a grande maioria do mundo se estabelece economicamente no modelo capitalista, o qual acaba por criar inúmeras distorções e injustiças no campo social. Como os modelos econômicos que são divergentes ao capitalismo, como o comunismo e o socialismo, tentaram com pouco sucesso reduzir as injus- tiças sociais gerada por má distribuição de riquezas e pelo intenso indivi- dualismo humano, a ética na administração passou a ser ponto fundamen- tal para regular tais comportamentos e ações no mundo empresarial. A ética nas organizações aborda uma área relativamente recente da ati- vidade humana, onde muitas vezes o individualismo e a perseguição do lucro a qualquer custo foram consideradas ações necessárias e positivas para a vida empresarial. Com isso, temos ao longo dos tempos inúmeros exemplos de problemas sociais e abusos do ser humano decorrentes da ati- vidade empresarial. Do sistema escravocrata ao assedio moral, temos uma longa lista de vícios encontrados na vida das organizações. Se a atividade empresarial é recente na história do mundo, muito mais é a utilização dos conceitos da ética nas organizações, consolidando a in- teração de princípios da ética no mercado global, e envolvendo todos seus principais agentes, sejam eles diretores, funcionários operacionais, mem- bros de sindicatos etc. O entendimento ético dos objetivos empresariais A ética empresarial tem seu foco atualmente voltado para a forma como o lucro deve ser entendido em relação à produtividade das empresas, le- vando-se em conta a responsabilidade social. Procura estabelecer novas maneiras das organizações se relacionarem tanto com seus colaboradores quanto com o ambiente em que se localizam. Com isso, é fundamental para a ética empresarial conseguir estabelecer as diferenças entre comportamentos que oprimem o ser humano nas em- presas daqueles comportamentos que simplesmente são parte do objetivo central de qualquer atividade empreendedora, ou seja, a obtenção de lu- cro, sem o qual nenhuma organização sobrevive. Essa diferenciação passa por criar e manter vivo um espírito permanen- temente crítico em relação às contradições das atividades profissionais. Ao mesmo tempo que deve-se combater os lugares comuns e clichês como 75 Ética e responsabilidade social empresarial por exemplo: “todo político é ladrão!”, deve-se ficar atento aos interesses corporativos das classes profissionais que pensam primeiramente nos seus interesses individuais, em detrimento dos interesses da sociedade. A atividade empresarial atual não pode se resumir, de maneira nenhu- ma, a um empreendimento que deseja apenas obter lucros. Deve muito mais do que isso, tentar alcançar tais lucros como parte da realização com qualidade de suas atividades, ao mesmo tempo em que participa da socie- dade em que se encontra. PENSE NiSSO Nas empresas, ética e lucro podem andar juntos? Como o pretendido anteriormente muitas vezes está distante da prática do mundo real, acabam se tornando comuns as interpretações de que o mercado é frio e egoísta, formado por investidores, acionistas e proprietá- rios que não possuem outra preocupação se não a de maximizar seus lucros. Entre essas interpretações negativas sobre a atividade empresarial, en- contramos pensamentos como “o mercado é uma selva e só sobrevive quem é impiedoso com seu competidor”. Naturalmente, pela sua própria origem, o comércio deve ser competi- tivo, mas não se deve confundir competição com uma atividade inescru- pulosa onde se faz qualquer coisa para se obter sucesso, pois por mais concorrência que exista em um dado mercado, não se deve perder de vista que esse mercado está baseado em inúmeros interesses e normas de funcionamento. Logo, se torna difícil encontrar um equilíbrio entre entender que os acionistas tem direito à busca do lucro, porém que esta busca apenas têm sentido num contexto social bem