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Profª. Cleide Secca Evicção “É a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou ato administrativo, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato”. Princípio de garantia Evicção, do latim “evincere”, que significa ser vencido. Conceito 31/10/2018 1 Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Há uma garantia legal em relação a essa perda da coisa, objeto do negócio jurídico celebrado, que atinge os contratos bilaterais, onerosos e comutativos, mesmo que tenha sido adquirida em hasta pública 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 2 Responsabilidade ex vi legis - Por força da lei A responsabilidade pela evicção decorre da lei, assim não precisa estar prevista no contrato. Todavia, podem as partes reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos (art. 448 do Código Civil) Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Quanto ao reforço em relação à evicção, diante da vedação do enriquecimento sem causa, tem-se entendido que o limite é o dobro do valor da coisa, o que é correto, pela função social dos pactos. Com relação à exclusão da responsabilidade, esta pode ocorrer desde que feita de forma expressa (cláusula de non praestaenda evictione ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção), não se presumindo tal exclusão em hipótese alguma. Todavia, mesmo excluída a responsabilidade pela evicção, se esta ocorrer, o alienante responde pelo preço da coisa. Isso, se o evicto não sabia do risco da evicção ou, informado do risco, não o assumiu (art. 449 do Código Civil). 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 3 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. O alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente for informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou). Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento do risco da evicção pelo evicto = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante. Cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência específica desse risco por parte do adquirente = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo adquirente pela coisa evicta. Cláusula expressa de exclusão da garantia, sem que o adquirente haja assumido o risco da evicção de que foi informado = direito deste de reaver o preço que desembolsou. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 4 Não havendo cláusula de exclusão da garantia pela evicção - cláusula de non praestaenda evictione, ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção -, a responsabilidade do alienante será plena. O evicto prejudicado poderá pleitear do alienante, nos casos de evicção total: 1º) A restituição integral do preço pago. Para tanto, se deve levar em conta o valor da coisa à época em que se perdeu, evitando-se o enriquecimento sem causa (art. 450, parágrafo único, do CC). Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. 2º) A indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir ao evictor ou terceiro. 3º) A indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção (danos emergentes, despesas de escritura e registro e lucros cessantes, nos termos dos arts. 402 a 404 do CC; além de danos morais). 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 5 4º) As custas judiciais e os honorários advocatícios do advogado por ele constituído. 5º) Indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis não abonadas ao evicto pelo evictor (art. 453 do CC). Porém, se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor destas deverá ser levado em conta na restituição devida (art. 454 do CC). Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. O art. 451 do CC enuncia que a responsabilidade do alienante pela evicção total ou parcial permanece ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 6 São partes da evicção (elementos subjetivos) O alienante – aquele que transfere a coisa viciada, de forma onerosa. O evicto ou adquirente – aquele que perde a coisa adquirida. O evictor ou terceiro – tem a decisão judicial ou a apreensão administrativa a seu favor. Importante: o art. 199, III, do Código Civil preconiza que não corre a prescrição, pendendo a ação de evicção. Somente após o trânsito em julgado da sentença a ser proferida na ação em que se discute a evicção, com a decisão sobre a destinação do bem evicto, é que o prazo prescricional voltará a correr. Profª. Cleide Secca Coisa deteriorada S/ vantagem p/ o adquirente (art. 451, CC). Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. C/ vantagem p/ o adquirente (art. 452, CC). Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Benfeitorias Indenização úteis ou necessárias (art. 453 e 1.219, CC). Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Abonadas (art. 454, CC). Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. 31/10/2018 7 Profª. Cleide Secca Limites a cláusula de non prestanda evictione (art. 449, CC). Evicção parcial (art. 455, CC). Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; Onerosidade da aquisição; Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa (art. 457). Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Anterioridade do direito do evictor. Requisitos da Evicção 31/10/2018 8 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Extinção dos Contratos arts.472 a 480 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 9 Extinção Normal do Contrato Extinção por Fatos anteriores a Celebração Extinção por Fatos posteriores a Celebração Extinção por morte Extinção Normal do Contrato Pelo cumprimento da obrigação - Pagamento do preço em obrigação instantânea; - Pagamento de todas as parcelas em obrigação de trato sucessivo; - Entrega da coisa conforme pactuado; - Ato não praticado na obrigação de não fazer Importante: Extinto o contrato, nãohá que se falar em obrigações dele decorrentes 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 10 Extinção por Fatos anteriores a Celebração Invalidade contratual - (arts. 166, 167 e 171 do cc) Contrato nulo (eivado de nulidade absoluta) Contrato anulável (presente a nulidade relativa ou anulabilidade) Cláusula de arrependimento hipótese em que os contraentes estipulam que o negócio será extinto, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer um deles se arrepender (cláusula de arrependimento). Importante: não se confunde com o direito de arrependimento de origem legal previsto, por exemplo, no art. 49 do CDC. Cláusula resolutiva expressa - art. 474 do CC podendo um evento futuro e incerto (condição) acarretar a extinção do contrato 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 11 Art. 474 - “a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial” V Jornada de Direito Civil, - Enunciado n. 436 “A cláusula resolutiva expressa produz seus efeitos extintivos independentemente de pronunciamento judicial” - Deve ser tido como regra Importante: Em algumas situações, mesmo havendo uma cláusula resolutiva expressa, haverá necessidade de notificação da parte para constituí-la em mora e extinguir posteriormente o contrato. Exemplo: casos de leasing - Súmula 369 do STJ “no contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora”. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 12 Extinção por Fatos posteriores ou superveniente a Celebração Toda vez em que há a extinção do contrato por fatos posteriores à celebração, tendo uma das partes sofrido prejuízo, fala–se em rescisão contratual Importante: a ação que pretende extinguir o contrato nessas hipóteses é denominada ação de rescisão contratual, seguindo procedimento comum. Rescisão (gênero) Resolução - (extinção do contrato por descumprimento) Resilição - (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). Importante: parece estar superada a ideia de que o termo rescisão seria sinônimo de invalidade (nulo e anulável) 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 13 O próprio Código Civil em vigor parece adotar a visão no sentido de ser a rescisão gênero das espécies resolução e resilição. O art. 455 adota a expressão rescisão no sentido de resolução, ao estabelecer que, “se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido”. O art. 607, utiliza a palavra rescisão como resilição que assim enuncia: “o contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior” 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 14 Resolução descumprimento ou inadimplemento contratual Inexecução voluntária Inexecução involuntária Resolução por onerosidade excessiva Cláusula resolutiva tácita Resilição exercício de um direito potestativo Resilição bilateral Resilição unilateral 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 15 Resolução por Inexecução voluntária Está relacionada com a impossibilidade da prestação por culpa ou dolo do devedor, podendo ocorrer tanto na obrigação de dar como nas obrigações de fazer e de não fazer. Art. 475 do CC - que a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato. Conforme as regras que constam dos arts. 389 e 390 do CC, a inexecução culposa sujeitará a parte inadimplente ao ressarcimento pelas perdas e danos sofridos – danos emergentes, lucros cessantes, danos morais, estéticos e outros danos imateriais, de acordo com aquilo que pode ser interpretado à luz dos arts. 402 a 404 do CC. Se não preferir essa resolução, a parte poderá exigir da outra o cumprimento do contrato, de forma forçada, cabendo, em qualquer uma das hipóteses, indenização por perdas e danos Enunciado 361 da IV Jornada de Direito Civil, “o adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boafé objetiva, balizando a aplicação do art. 475” 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 16 Resolução por Inexecução involuntária O descumprimento contratual poderá ocorrer por fato alheio à vontade dos contratantes, situação em que estará caracterizada a resolução por inexecução involuntária, Hipóteses em que ocorrer a impossibilidade de cumprimento da obrigação em decorrência de caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou de força maior (evento previsível, mas inevitável). Como consequência, a outra parte contratual não poderá pleitear perdas e danos, sendo tudo o que foi pago devolvido e retornando a obrigação à situação primitiva (resolução sem perdas e danos) 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 17 Existem hipóteses em que a parte contratual responde por caso fortuito ou pela força maior: - Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso (art. 399 do CC). - Havendo previsão no contrato para a responsabilização por esses eventos por meio da cláusula de assunção convencional (art. 393 do CC), cuja validade é discutível nos contratos de consumo e de adesão. - Em casos especificados em norma jurídica, como por exemplo, do art. 583 do CC, para o contrato de comodato, segundo o qual “se correndo risco o objeto do comodato, juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior”. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 18 Resolução por onerosidade excessiva Nos termos do art. 478 do CC, poderá ocorrer a resolução do negócio em decorrência de um evento extraordinário e imprevisível que dificulte extremamente o adimplemento do contrato, gerando a extinção do negócio de execução diferida ou continuada (trato sucessivo). Aqui está presente a utilização da resolução contratual por fato superveniente, em decorrência de uma imprevisibilidade e extraordinariedade somadas a uma onerosidade excessiva. Os efeitos da sentença que determinar a resolução retroagirão à data da citação do processo em que se pleiteia a extinção (efeitos ex tunc) Enunciado n. 175: “A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às consequências que ele produz” 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 19 Enunciado n. 366, da IV Jornada de Direito Civil, “o fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação” Com base na ideia constante do enunciado doutrinário, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem afastado a resolução ou a revisão dos contratos de safra, diante de eventos como chuvas, pragas e oscilações no preço, pois tais fatos poderiam ser previstos pelas partes contratantes. Enunciado n. 365, da IV Jornada de Direito Civil, que dispensa a prova da extrema vantagem para a incidência do art. 478 do CC . “A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretadacomo elemento acidental da alteração de circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena” 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 20 Na ação de resolução contratual fundada no art. 478 do CC, é possível o caminho da revisão, aplicandose os arts. 479 e 480 do CC. Art. 479. “A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.” Pelo art. 479, o réu poderá oferecer-se a modificar de forma equitativa as condições do contrato. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 21 Resolução por Cláusula resolutiva tácita Aquela que decorre da lei e que gera a resolução do contrato em decorrência de um evento futuro e incerto, geralmente relacionado ao inadimplemento (condição). Como essa cláusula decorre de lei, necessita de interpelação judicial para gerar efeitos jurídicos (art. 474 do CC). Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Justamente por não decorrer da autonomia privada, mas da lei, é que a cláusula resolutiva tácita gera a extinção por fato superveniente à celebração, ponto que a diferencia da cláusula resolutiva expressa. Exemplo: Exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), prevista no art. 476 do Código Civil, e que pode gerar a extinção de um contrato bilateral ou sinalagmático, nos casos de mútuo descumprimento total do contrato. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 22 Por esse dispositivo ( art. 476), uma parte somente pode exigir que a outra cumpra com a sua obrigação, se primeiro cumprir com a própria (modalidade de exceptio doli, relacionada à boa-fé objetiva). Como efeito resolutivo, havendo descumprimento bilateral, ou seja, de ambas as partes, o contrato reputar-se-á extinto. A exceção de contrato não cumprido, em caso de descumprimento total, sempre foi tida como forma de defesa. Entretanto, sendo essa uma cláusula resolutiva tácita para os contratos bilaterais, é possível e recomendável alegá-la em sede de petição inicial, com o objetivo de interpelar judicialmente a outra parte visando à extinção contratual, nos termos do art. 474 do CC. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 23 Resilição (exercício de um direito potestativo) Presente em duas situações concretas: Resilição bilateral e Resilição unilateral Resilição bilateral Prevista no art. 472 do CC, a resilição bilateral ou distrato é efetivada mediante a celebração de um novo negócio em que ambas as partes querem, de comum acordo, pôr fim ao anterior que firmaram. Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato O distrato submete-se à mesma forma exigida para o contrato conforme previsão taxativa desse artigo. Se o contrato foi celebrado por escritura pública, o distrato deverá obedecer à mesma formalidade, sob pena de nulidade absoluta, por desrespeito à forma e à solenidade essencial (art. 166, IV e V, do CC). 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 24 Importante: A quitação não se submete a essa exigência, sendo válida qualquer que seja a sua forma. Se as partes elegeram que a escritura pública é essencial para o ato, nos termos do art. 109 do Código Civil, a regra do art. 472 não se aplica, o que prestigia o princípio da liberdade das formas, previsto no art. 107 da mesma codificação material. Nesse sentido, enunciado n. 584 da VII Jornada de Direito Civil (2015), segundo o qual, “desde que não haja forma exigida para a substância do contrato, admite- se que o distrato seja pactuado por forma livre” Exemplo: eventual distrato que tenha sido celebrado de forma tácita, seja através de comunicações via email ou telegrama, nestes casos, havendo uma prova irrefutável de que as mesmas partes que contrataram também resolveram colocar fim antecipado de forma consensual ao vínculo jurídico, não importa nessa situação se a forma do contrato celebrado foi ou não foi obedecida. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 25 “Se o princípio do consensualismo é a regra nas relações contratuais, com muito mais razão a autonomia da vontade manifestada quanto ao encerramento prematuro do vínculo contratual, de forma bilateral, deve ser prestigiado, assim procedendo estará fazendo valer a boa-fé nos contratos e respeitando a vontade das partes”. Resilição unilateral Existem contratos que admitem dissolução pela simples declaração de vontade de uma das partes. Desde que a lei, de forma explícita ou implícita, admita essa forma de extinção. Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. A resilição unilateral, pelo que consta do art. 473 do Código Civil, só é prevista em hipóteses excepcionais. Exemplo: na locação, na prestação de serviços, no mandato, no comodato, no depósito, na doação, na fiança. Operando-se mediante denúncia notificada à outra parte. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 26 Denúncia vazia: cabível na locação de coisa móvel ou imóvel regida pelo Código Civil e de coisa imóvel regida pela Lei 8.245/1991 (Lei de Locação). Findo o prazo, extingue-se de pleno direito o contrato celebrado entre as partes, sem qualquer motivo para tanto. É possível utilizar o termo denúncia igualmente para o contrato de prestação de serviços, pelo que consta do art. 599 do CC. Revogação: cabível quando há quebra de confiança naqueles pactos em que esta se faz presente como fator predominante. Cabe revogação por parte do mandante – no mandato –, do comodante – no comodato –, do depositante – no depósito –, do doador – no caso de doação modal ou com encargo e por ingratidão. Renúncia: cabível nos contratos baseados na confiança, quando houver quebra desta. Viável juridicamente a renúncia por parte do mandatário, comodatário, depositário e donatário, nos contratos acima mencionados. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 27 Exoneração por ato unilateral: novidade da codificação privada, a exoneração unilateral é cabível por parte do fiador, na fiança por prazo indeterminado. Prevista no art. 835 do Código Civil, terá eficácia plena depois de 60 dias da notificação do credor, efetivada pelo fiador. Pelo teor desse dispositivo legal, a exoneração unilateral não se aplica ao contrato de fiança celebrado por prazo determinado. Nova forma de resilição unilateral pretende proteger o fiador, sempre em posição desprivilegiada, havendo relação direta com a eficácia interna do princípio da função social dos contratos. Por tal razão, o art. 835 é norma de ordem pública, não podendo a proteção nele prevista ser afastada por convenção das partes. Ademais, deve o magistrado declarar essa proteção de ofício. O dispositivo terá estudo aprofundado no capítulo que trata da fiança. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 28 Sintonizado com a função social dos contratos e a boa fé objetiva, o parágrafo único do art. 473 do CC enuncia Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. Exemplo: eventual despejo por denúncia vazia até pode não ser concedido se o locatário tiver introduzido investimentos consideráveis no imóvel, sendo omisso o instrumento contratual quanto a esses investimentos. 31/10/2018 Profª. Cleide Secca 29 Extinção por morte de um dos contratantes A morte de um dos contratantes pode gerar o fim do pacto. Isso somente ocorre nos casos em que a parte contratual assume uma obrigaçãopersonalíssima ou intuitu personae, sendo denominada cessação contratual, conforme expressão de Orlando Gomes.8 Em tais casos, o contrato se extingue de pleno direito. Exemplo: Fiança. Para este contrato, os herdeiros não recebem como herança o encargo de ser fiador, só respondendo até os limites da herança por dívidas eventualmente vencidas durante a vida do seu antecessor (art. 836 do CC). Em reforço, a condição de fiador não se transmite, pois ele tem apenas uma responsabilidade, sem que a dívida seja sua
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