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KROTON EDUCACIONAL
IUNI EDUCACIONAL – UNIME SALVADOR
CURSO: SUP. TEC. DE RECURSOS HUMANOS
CURSO: SUP. TEC. DE LOGÍSTICA
DISCIPLINA: ECONOMIA
APOSTILA NO 01
SALVADOR/BAHIA
Fevereiro/2015
�
S U M Á R I O
1 – ASPECTOS DO CONHECIMENTO ECONÔMICO
1.1 – Ciclos de Kondatrieff
1.2 – Dez princípios básicos de Economia
1.3 – Razões do aumento do interesse pela Economia
1.4 – Relações da Economia com outras ciências
2 – ECONOMIA: CONCEITO E LEIS ECONÔMICAS
 
2.1 – Conceito de Economia: evolução histórica
2.2 – Leis econômicas
Caráter e natureza. Condição ceteris paribus. Sofisma de composição. Alcance e limitações da Economia.
2.3 – Alguns conceitos básicos de Economia
 Necessidades humanas. Recursos produtivos. Bens e serviços.
 Escassez. Agentes econômicos.
2.4 – Questões econômicas fundamentais
 O que produzir. Como produzir. Para quem produzir. 
 Curva de possibilidades de produção. Custo de oportunidade.
1 – ASPECTOS DO CONHECIMENTO ECONÔMICO
“A atividade econômica se define a partir da interação de complexas variáveis. Dadas as limitações do espaço geográfico e dos meios naturais, ela é influenciável por fatores antropológico-culturais, pelo ordenamento político, pelo progresso tecnológico e pelo imprevisível comportamento dos diferentes grupos sociais de que se constituem as nações. Procurar compreender, em toda sua extensão, esses eixos de sustentação é a tarefa mais importante dos que se dedicam à economia”.
(Denize Flouzat)
O estudo dos aspectos econômicos da vida insere-se no campo das ciências sociais, uma das mais abrangentes categorias do conhecimento humano.
No cenário em que trabalham os economistas nestes últimos anos, destacam-se dois traços: a perplexidade no que tange ao intrigante conjunto de problemas com que se defronta a maior parte das economias nacionais e a incerteza quanto aos seus desdobramentos futuros. Possivelmente, em nenhuma época anterior da formação das nações, estas enfrentaram, simultaneamente, problemas de magnitude comparável aos atuais.
Intrigantes indagações permanecem sem respostas. Com efeito, teriam as nações condições econômicas para produzir os meios necessários à subsistência da população adicional do futuro? Qual será o sistema econômico mais adequado? Por que as nações são tão desiguais no que tange aos seus níveis de desenvolvimento econômico e conquistas sociais? O desemprego e a inflação podem ser simultaneamente debelados? Quais as razões do endividamento externo? Por que dentro de uma mesma nação, há regiões dinâmicas e desenvolvidas convivendo com outras em deplorável estado de pobreza e penúria?
Finalmente, teriam os economistas respostas satisfatórias para estas e para outras questões? Caso positivo, por que persiste o generalizado anseio por soluções adequadas? Por que, na hipótese de já terem sido propostas, não foram tentadas? Se foram, por que fracassaram?
Nesta conjuntura de perplexidade e incerteza, as questões econômicas despertam interesse generalizado e crescente. Independentemente de grau de instrução e de conhecimentos, de idade, de profissão e de inclinação política, os cidadãos buscam permanentemente respostas lógicas e inteligentes para tais questões. 
A despeito da complexa teia de relações sociais e da multiplicidade dos fatores que envolvem a ação econômica, há, todavia, um conjunto destacado de aspectos particulares da realidade social que se situam mais especificamente no campo de interesse da economia. Um deles é o conjunto produção-distribuição-dispêndio-acumulação. Outro é riqueza-pobreza-bem-estar. Ou então crescimento-desenvolvimento. Ou ainda, recursos-necessidades-prioridades.
– Ciclos de Kondatrieff
Nicolai Kondratieff foi um proeminente economista russo que ajudou a escrever o Plano Quinquenal da futura União Soviética, a partir da Revolução de 1917. 
A Teoria dos Ciclos de Kondratieff buscou mostrar os efeitos cíclicos da economia mundial. Segundo essa teoria os ciclos funcionam à semelhança das quatro estações e, no total, duram cerca de 70 anos.
Segundo Kondratieff, a economia vive ciclos de aproximadamente 70 anos, divididos em primavera, verão, outono e inverno econômicos.
A primavera é caracterizada por um período de crescimento econômico com inflação, com duração de mais ou menos 25 anos. O desemprego cai, salários e produtividade crescem. Com a bonança, crescem também as cobranças de ordem social.
O verão, estação seguinte, é marcado pelo limite do crescimento. Não há mais recursos a explorar, sejam humanos ou materiais. Não raro, as tensões desse período acabam em convulsões sociais.
No outono, experimenta-se um período de crescimento moderado. Inovações tecnológicas levam ao sucesso de alguns setores industriais e o consumismo cresce na sociedade.
Chega o inverno e a economia enfrenta seus limites, mas, agora, o impacto é mais violento. Acontecem as depressões. Podem aparecer guerras intensas no final do período.
Kondratieff escreveu sua teoria no final da década de 20 do século passado, quando analisou três períodos inteiros no passado e previu que o inverno econômico estava chegando. Em 1929, veio a Grande Depressão e, logo após, a Segunda Guerra Mundial.
Se a teoria dos ciclos de Kondratieff está correta ou não, é motivo para discussões. Por ela, um novo ciclo teria começado em 1949 e o outono teria terminado no ano 2000. Estaríamos, hoje, na metade do período de inverno.
Claro que não se pode afirmar que houve uma depressão profunda da economia no final desse ciclo. Fato é que a economia é, por natureza, cíclica.
Não custa lembrar, todavia, que, em 2009, a maior economia do mundo – a dos Estados Unidos – estava a braços com enorme crise, que só agora começa a ser superada. Grandes bancos quebraram, uma seguradora gigante foi estatizada, o que seria impensável pouco tempo antes.
1.2 – Dez princípios básicos de Economia
A palavra economia vem do grego e pode ser entendida como “administração do lar”. Tal significado pode, a princípio, parecer estranho. No entanto, lares e economia têm muito a ver.
Na verdade, as famílias precisam, sempre, tomar decisões, em conformidade com suas disponibilidades de recursos, habilidades, esforços e desejos de cada um de seus membros.
Do mesmo modo, as sociedades (a economia) precisa também tomar decisões. Precisa decidir que tarefas deverão ser executadas e por quem. O melhor gerenciamento possível dos recursos das sociedades é importante porque esses são escassos. No sentido econômico, escassez significa que as sociedades têm recursos limitados e, portanto, não pode produzir todos os bens e serviços que as pessoas desejam ter, da mesma forma que uma família não pode dar a seus membros tudo o que eles desejam.
Sob esse aspecto, Economia é o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos.
Na maioria das sociedades, os recursos não são alocados por um único planejador central, mas pelos atos combinados de milhões de famílias, empresas e governos – os agentes econômicos.
Não obstante o estudo da Economia tenha inúmeras facetas, o seu campo é unificado por diversas idéias centrais. Essas idéias são sumariamente descritas nos princípios abaixo.
Princípio 1 – As pessoas enfrentam escolhas conflitantes
A partir da constatação de que as pessoas, necessariamente, precisam decidir entre escolhas conflitantes, é possível verificar a exatidão do provérbio: “nada é de graça”. A tomada de decisão exige escolher um objetivo em detrimento de outro.
No que tange às sociedades, estas igualmente deparam-se com escolhas conflitantes. A mais clássica dessas escolhas é entre “canhões” e “manteiga”. Quanto mais empregamos recursos em defesa nacional contra eventuais agressores (canhões), menos podemos gastar com bens de consumo (manteiga) para elevar nossopadrão de vida interno. Igualmente importante é o conflito entre produção e meio ambiente.
Vale ainda mencionar o conflito entre eficiência e equidade. A primeira implica que a sociedade está obtendo o máximo de seus recursos escassos. A segunda significa que os benefícios advindos desses recursos estão sendo distribuídos com justiça entre os membros da sociedade.
De todo modo, porém, reconhecer que as pessoas enfrentam decisões conflitantes não significa dizer quais as decisões que elas tomarão ou desejariam tomar. Ainda assim, reconhecer os conflitos decisórios em nossas vidas é fundamental porque as pessoas somente podem tomar boas decisões se compreenderem as opções que lhes são disponibilizadas.
Princípio 2 – Custo de oportunidade
Como as pessoas enfrentam situações conflitantes, a tomada de decisões exige comparar os custos e benefícios de possibilidades alternativas de ação. Vale aqui ressaltar que, não raras vezes, o custo de uma ação não é tão claro quanto pode parecer à primeira vista.
O custo de oportunidade é, portanto, aquilo de que você tem de abrir mão para obter outra coisa.
Princípio 3 – Conceito de margem
Os economistas usam a expressão mudanças marginais para descrever ajustes incrementais a um plano de ação existente. Ou, de modo mais simples, para significar acréscimos.
A comparação entre custos marginais e benefícios marginais permite a correta tomada de decisão.
Princípio 4 – As pessoas reagem a estímulos
Considerando que as pessoas tomam decisões por meio da comparação entre custos e benefícios, seu comportamento pode mudar quando os custos ou os benefícios mudarem. Ou seja, as pessoas reagem a incentivos. 
O movimento dos preços sobre o comportamento dos compradores e dos vendedores é esclarecedor e crucial para o entendimento de como a economia funciona.
Princípio 5 – O comércio pode ser bom para todos
Empresas espalhadas em países diferentes produzem bens do mesmo tipo. Isso pode sugerir que os países são, necessariamente, “inimigos comerciais” entre si. Na verdade, ocorre justamente o contrário: o comércio entre países pode ser vantajoso para todos. 
O mesmo raciocínio pode ser aplicado às famílias. Ao buscarem empregos, por exemplo, os membros de uma família estão concorrendo com os de outras famílias. Não obstante, sua família não se daria melhor isolando-se de todas as outras. Se o fizesse, teria que produzir tudo aquilo de que necessitasse, o que, obviamente, é impraticável.
O comércio possibilita que as pessoas – e os países – se especializem na atividade em que são melhores e obtenham as vantagens daí decorrentes.
Princípio 6 – A predominância das economias de mercado
O colapso dos regimes comunistas na União Soviética e no Leste Europeu na década de 1980 demonstrou que a teoria de que o planejamento central, ou seja a de que apenas o governo poderia organizar a atividade econômica de todo o país, não obteve os resultados que esperava. De fato, hoje, a maioria dos países que tiveram economias de comando central abandonou esse sistema e está desenvolvendo economias de mercado.
Nas economias de mercado, as decisões sobre o que, como e para quem produzir, quem contratar, onde trabalhar e o que adquirir com seus rendimentos são tomadas por milhões de empresas e famílias. Essas empresas e famílias interagem no mercado, em que os preços e o interesse próprio guiam suas decisões.
Princípio 7 – A intervenção governamental pode melhorar os resultados dos mercados
Afinal, se nas economias de mercado as decisões são tomadas individualmente por famílias e empresas e se esta tem mostrado ser a forma mais comum de organização econômica, por quê precisamos de governo?
A intervenção governamental na economia é justificada pela promoção da eficiência e da equidade. Em outras palavras, a maioria das políticas públicas tem por objetivo aumentar o bolo econômico ou mudar a maneira como é dividido.
O interesse próprio, embora leve as economias de mercado a alocar os recursos de forma eficiente, não garante que tal aconteça. Da mesma forma, a prosperidade econômica não assegura que seus benefícios estejam sendo distribuídos equitativamente.
Cumpre salientar que afirmar que o governo pode não significa que fará.
Princípio 8 – O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços
Os dados relativos aos rendimentos médios entre diversos países mostram diversidades desconcertantes. É claro que essas desigualdades de rendimentos se refletem sobre os indicadores de qualidade de vida. Nos Estados Unidos, as rendas cresceram historicamente cerca de 2% ao ano. A essa taxa, a renda média dobra a cada 35 anos. No último século, a renda média aumentou aproximadamente oito vezes.
Mas, afinal, qual é a explicação para as grandes diferenças entre países e ao alongo do tempo? Quase todas as variações de padrão de vida podem ser atribuídas a diferenças de produtividade entre países, ou seja, a quantidade de bens e serviços produzidos em certa unidade de tempo (hora de trabalho, por exemplo).
A relação entre produtividade e padrões de vida é simples, enquanto suas implicações são bastante profundas. Essa relação traz também implicações sobre a formulação de políticas públicas.
Para que se elevem os padrões de vida, os formuladores de políticas públicas precisam elevar a produtividade, garantindo que os trabalhadores tenham uma boa educação, disponham das ferramentas de que necessitam para produzir bens e serviços e tenham acesso à melhor tecnologia disponível.
Princípio 9 – Emissão exagerada de moeda provoca inflação
Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava 30 centavos de marco. Menos de dois anos depois, em novembro de 1922, o mesmo jornal custava 70.000.000 de marcos. Todos os demais preços da economia subiram na mesma proporção. Esse é um dos episódios mais espetaculares do que se denomina inflação – aumento no nível geral de preços da economia.
Como a inflação elevada impõe pesados sacrifícios à sociedade, mantê-la em níveis tanto mais baixos quanto possível é um objetivo primordial dos formuladores de políticas econômicas em todo o mundo.
É consensual entre os economistas apontar entre as causas dos processos inflacionários o aumento da quantidade de moeda em circulação na economia. A maior quantidade de moeda em circulação pressiona os preços para cima, provocando, portanto, a inflação. É claro que existem outras causas para a inflação. Mãos o aumento da quantidade de moeda é, inquestionavelmente, uma delas, e das mais importantes.
Princípio 10 – O conflito de curto prazo entre inflação e desemprego
Quando o governo aumenta a quantidade de moeda na economia, um dos resultados é a inflação. Outro é a redução do nível de desemprego, pelo menos no curto prazo. Esta é uma conclusão aceita pela maioria dos economistas atualmente. Isso significa que em períodos de um ou dois anos muitas políticas econômicas empurram a inflação e o desemprego em direções opostas.
A escolha entre inflação e desemprego é temporária, mas pode durar muitos anos. Aqui é preciso entender os denominados ciclos de negócios, ou seja, as flutuações irregulares e imprevisíveis da atividade econômica, medidas pelo número de pessoas empregadas ou pela produção de bens e serviços.
Os formuladores de políticas podem enfrentar o conflito entre inflação e desemprego utilizando variados instrumentos de política econômica. Podem mudar o montante dos gastos do governo; alterar o montante da arrecadação de impostos e rever as emissões monetárias, influenciando, desta forma, a combinação inflação e desemprego. No entanto, a forma de utilização desses instrumentos não é tão pacífica quanto possa parecer. Ao contrário, é objeto de acaloradas discussões e constantes debates.
A Teoria dos Ciclos de Kondratieff
23 de maio de 2014 
1.3 – Razões do aumento do interesse pela Economia 
Não obstante a atividade econômica e os problemasdela decorrentes terem sempre despertado a atenção dos povos, o estudo sistemático da economia é relativamente recente. Somente a partir do século XVIII é que a matéria toma o caráter de ciência. No século XIX seu progresso foi extraordinário e nas últimas décadas seu estudo ganhou grande impulso.
O crescimento do interesse pelos temas econômicos é de fácil entendimento. Pode-se afirmar que ele está estreitamente relacionado com a eclosão das duas Grandes Guerras Mundiais, respectivamente nos períodos de 1914/18 e 1939/45. Diversos instrumentos de análise econômica foram desenvolvidos no transcorrer daqueles conflitos, com o objetivo de permitir o conhecimento profundo das estruturas dos sistemas produtivos nacionais, em apoio aos esforços de guerra. No intervalo dos conflitos, as nações ocidentais foram consideravelmente abaladas pela Grande Depressão americana e tiveram de se voltar para acurado estudo dos elementos determinantes do equilíbrio econômico, visando ao restabelecimento da normalidade e à rápida reabsorção das grandes massas desempregadas.
Assim, militando em meio a inflações e depressões, os economistas - mais que outros estudiosos do conhecimento social - foram instados pelos estadistas a encontrar respostas convincentes para os angustiantes problemas que afligiam as nações. Em 1936, o notável economista inglês John Maynard Keynes, considerado como o pai da moderna análise macroeconômica, escreveu que: 
"... o mundo estava excepcionalmente ansioso por um diagnóstico mais bem fundamentado, pronto a aceitá-lo e desejoso de o experimentar. As idéias dos economistas, certas ou erradas, têm mais importância do que geralmente se pensa. Na realidade, o mundo é quase exclusivamente governado por elas".
Durante praticamente toda a metade do século XX a Grande Depressão e as Grandes Guerras aproximaram as teorias econômicas das soluções práticas dos estadistas. Vale notar que a Revolução Industrial do século XVIII e as questões doutrinárias e sócio-econômicas do século XIX já haviam iniciado essa aproximação.
Cumpre salientar, também, que não foram somente a Grande Depressão e as Grandes Guerras que motivaram o crescente interesse pela teoria econômica. A esses motivos soma-se a preocupação básica do século XX em torno da idéia do desenvolvimento econômico. De fato, tão logo encerrada a segunda Grande Guerra, o foco das atenções foi dirigido para a questão dos povos subdesenvolvidos. A aceleração do desenvolvimento econômico das economias periféricas é, sem dúvida, uma das questões cruciais do final do século XX. O crescimento econômico não se processou de forma uniforme entre as nações, levando a uma grande diversidade de níveis de desenvolvimento e de padrões de vida.
Essa diversidade não decorre apenas de uma causa isolada. Muitos são os motivos que lhe dão origem, como geografia, clima, costumes, métodos de produção e de comércio, qualidade da força de trabalho e formação histórica dos recursos de capital.
Ao lado das questões estruturais relativas a padrões de crescimento e de desenvolvimento, o cenário econômico comporta ainda grande número de questões conjunturais, afetando as perspectivas econômicas das nações. Afetadas essas perspectivas, o cenário político e social pode ser significativamente alterado, exigindo que as questões econômicas sejam tratadas a nível multidisciplinar. Dadas as raízes não apenas econômicas dos problemas do homem contemporâneo, o economista, atuando isoladamente, certamente não tem respostas prontas para todos eles.
1.4 – Relações da Economia com outras ciências 
As interfaces da economia com outros ramos do conhecimento social decorrem de que as relações humanas e os problemas delas derivados não são facilmente separáveis conforme níveis de referência previamente classificados. O referencial econômico deve ser encarado tão somente como útil na análise da luta do homem pela sobrevivência, prosperidade, bem-estar individual e coletivo. Essa luta, todavia, incorpora aspectos que não se esgotam nos limites das relações econômicas. Para além delas, dizem respeito às posturas ético-religiosas, às formas de organização política, aos tipos de relacionamento social, à ordem jurídica, aos padrões tecnológicos, às limitações ambientais e à formação cultural da sociedade.
Se é certo que os conflitos ligados aos processos de produção, de acumulação da riqueza, da repartição, de difusão do bem-estar não se limitam às soluções encontradas na economia, não é menos correto afirmar que também não são solucionados em nenhum outro ramo do conhecimento social, tomado isoladamente. Vale a pena ver algumas sínteses sobre a questão:
Leonard Silk sintetizou da seguinte maneira as relações da economia com outras ciências:
“Os economistas não têm seu trabalho limitado pelas idéias formais de uma única disciplina. As filosofias políticas e os princípios éticos a que subordinam seus valores, suas vidas e a variada gama de suas percepções procuram explicar muitas coisas que ultrapassam a lógica explícita de seu trabalho profissional”.
Entre os economistas contemporâneos que trataram deste tema, Kenneth Boulding é tido como um dos que melhor o resumiu, dada a clareza e objetividade com que o fez:
“Os problemas econômicos não têm contornos bem delineados. Eles se estendem perceptivamente pela política, pela sociologia e pela ética, assim como há questões políticas, sociológicas ou éticas que são envolvidas ou mesmo decorrentes de posturas econômicas. Não será exagero dizer que a resposta final às questões cruciais da economia encontra-se em algum outro campo. Ou que a resposta a outras questões humanas, formalmente trabalhadas em outras esferas das ciências sociais, passará necessariamente por alguma revisão do ordenamento real da vida econômica ou do conhecimento econômico”.
Em função da multiplicidade dos problemas econômicos e da diversidade de suas causas e efeitos, economistas têm observado que são inseparáveis os fenômenos estritamente econômicos dos extra-econômicos, posto que todos são significativos para o exame de qualquer sistema social.
A enorme complexidade das questões econômicas atuais indica, sem qualquer dúvida, que seu estudo e entendimento não podem prescindir de inter-relações com o espaço geográfico, a evolução histórica, as alterações tecnológicas e, sobretudo, com as bases institucionais das sociedades, dificultando o estudo isolado da economia.
Não resta dúvida de que a economia constitui um ramo autônomo do conhecimento humano. Todavia, o isolacionismo que caracterizou as primeiras investigações econômicas cedeu lugar ao enfoque multidisciplinar, que aproxima a economia das outras ciências sociais, numa rede de interdependência com a ciência política, a história, a geografia, a sociologia, a psicologia, o direito, além de outros ramos do saber, dentre os quais os métodos quantitativos.
2 – ECONOMIA: CONCEITO E LEIS ECONÔMICAS
 
A economia é um estudo da humanidade nas atividades correntes da vida. Examina a ação individual e social em seus aspectos mais estritamente ligados à obtenção e ao uso das condições materiais do bem-estar.
Assim, de um lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, uma parte do estudo do homem. O caráter do homem tem sido moldado por seu trabalho quotidiano e pelos recursos materiais que emprega, mais do que por outra influência qualquer, à parte a dos ideais religiosos. Os dois grandes fatores na história do mundo têm sido o religioso e o econômico. Aqui e ali o ardor do espírito militar ou artístico predominou por algum tempo; mas as influências religiosas e econômicas nunca foram deslocadas do primeiro plano, mesmo passageiramente, e quase sempre foram mais importantes do que as outras todas juntas.
Vista desta forma, a economia é um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos comuns da vida. Mas diz respeito, principalmente, aos motivos que afetam, de modo intenso e constante, a condução do homem no campo dastransações mercantis e dos negócios. Como as transações e seus benefícios são mensuráveis, a economia conseguiu avançar mais que os outros ramos do estudo do homem. Assim como a balança de precisão do químico torna sua disciplina mais exata que outras ciências físicas, a balança do economista, apesar de mais grosseira e imperfeita, deu à economia uma exatidão maior do que a de qualquer outro ramo das ciências sociais. Naturalmente, em termos comparativos, a economia não tem a mesma precisão das ciências físicas exatas, pois ela se relaciona com as forças sutis e sempre mutáveis da natureza humana.
É essencial notar que o economista não se arroga a possibilidade de medir os motivos e as inclinações humanas. Ele só o faz indiretamente, através dos seus efeitos. Avalia as motivações da ação por seus resultados, do mesmo modo como o faz o cidadão comum, diferindo dele somente pelas maiores precauções que toma em esclarecer os limites de seu conhecimento. Alcança suas conclusões pela observação da conduta humana sob certas condições, sem tentar penetrar questões de ordem transcendental. Na utilização do conhecimento, considera os incentivos e os fins últimos que levaram à busca de determinadas satisfações. As medidas econômicas dessas satisfações são os pontos de partida da economia.
Quando se diz que um resultado ou efeito é medido pela ação que o causou, não estamos admitindo que toda ação humana deliberada seja resultado de um cálculo econômico. As pessoas não ponderam previamente os resultados econômicos de cada uma de suas ações. Nem todas as ações humanas são objetos de cálculo econômico. Mas o lado da vida de que a economia se ocupa especialmente é aquele em que ocorre, com mais freqüência, calcular os custos e os benefícios de determinada ação ou de um empreendimento, antes de executá-lo. E em que é possível calcular seus resultados e efeitos.
É claro que devemos ter presente que os motivos das ações humanas não residem, necessariamente, apenas em benefícios materiais, economicamente mensuráveis. Envolvidos pela força da concorrência, muitos homens de negócios são muitas vezes estimulados mais pela expectativa de vencer seus concorrentes do que propriamente por acrescentar mais à sua riqueza. Por outro lado, o desejo de obter a- provação ou de evitar a censura de seus pares, no meio social em que vivem, podem também levar comumente a ações e decisões de significativos efeitos econômicos. 
A melhor compreensão dessas idéias pode ser obtida enumerando-se algumas das principais questões estudadas pela economia:
Quais as causas que afetam o consumo e produção, a distribuição e a troca de riquezas; a organização da indústria e do comércio; o comércio exterior; as relações entre empregados e empregadores. Como estas questões são influenciadas umas pelas outras.
Qual o alcance e a influência da liberdade econômica. Qual sua importância, efeitos imediatos e mais remotos. Até que ponto os inconvenientes da liberdade econômica, para os que dela não se beneficiam, justificam modificações em instituições como a propriedade privada e a livre iniciativa. Em que medida essas modificações podem ser feitas sem enfraquecer a energia dos que promovem o progresso.
Como deve ser distribuída a incidência de impostos entre as diferentes classes da sociedade. Quais os empreendimentos de que a sociedade, por ela mesma, deve encarregar-se e quais os que se farão por intermédio do governo. Em que medida o governo deve regulamentar a forma como os homens de empresa dirigem seus negócios.
Assim considerada, a economia é o estudo das condições materiais da vida em sociedade e dos motivos que levam os homens a ações que têm conseqüências econômicas. São seus objetivos: o estudo da pobreza, enquanto estudo das causas da degradação de uma grande parte da humanidade; as condições, motivações e razões da riqueza; as ações individuais e sociais ligadas à obtenção do bem-estar.
2.1 – Conceito de Economia: evolução histórica
A partir do que já foi tratado até aqui, não é difícil concluir que constitui tarefa complexa a formulação de um conceito adequadamente abrangente para a economia. Com efeito, as inúmeras nuances das relações sociais e a multiplicidade dos fatores que condicionam a atividade econômica dificultam sobremaneira essa formulação. A economia é fortemente influenciada por diferentes concepções político-ideológicas, não só em sua construção, enquanto ramo do conhecimento social, como também na própria realidade. Cada corrente de pensamento econômico vê a realidade segundo ângulos diferenciados, a partir dos quais são elaboradas suas concepções; estabelecidos seus conceitos e formulados seus modelos. É bem de ver que as instituições econômicas e político-ideológicas se modificam ao longo do tempo, implicando, necessariamente, a evolução do conceito de economia.
Nos primórdios a denominação era economia política, expressão que se afirmou a partir do início de século XVII. A essa época, as questões econômicas mais importantes, como a posse territorial, a escravatura, a arrecadação de tributos, a concessão de mercados, o comércio inter-regional e a cunhagem e emprego de moedas eram discutidas sob as óticas da política, da filosofia e do direito canônico.
Naquela ocasião, a economia era definida como:
O ramo do conhecimento essencialmente voltado para a administração do Estado, visando primordialmente ao seu fortalecimento.
 
Assim, estava justificada a expressão economia política.
As dimensões da economia, como ramo do conhecimento, só viriam a se alargar após o Renascimento, com o desenvolvimento dos Estados-nações mercantilistas - Espanha, Portugal, França, Inglaterra e Alemanha.
 
No século XVIII, desenvolvem-se novas concepções. A preocupação desloca-se do fortalecimento do Estado para a riqueza das nações. Surgem as obras de François Quesnay e de Adam Smith, que inauguram a denominada era do pensamento econômico clássico, particularmente esta última. Os sentimentos morais, a busca da aprovação social, as razões maiores da acumulação e da conservação da fortuna material constituíram as premissas da descrição da ordem econômica de Smith, baseada nas leis que regulam a formação, a acumulação, a distribuição e o consumo da riqueza, pilares do conceito clássico de economia:
A economia política torna conhecida a natureza da riqueza: desse conhecimento de sua natureza deduz os meios de sua formação, revela a ordem de sua acumulação e examina os fenômenos envolvidos em sua distribuição, praticada através do consumo.
No conceito clássico, da formação ao consumo da riqueza, passando pela acumulação e distribuição, todo o processo econômico haveria de ser cuidadosamente classificado e investigado. Daí resultaram seus núcleos de sustentação: conjuntos interconsistentes de princípios, teorias e leis explicativas da realidade econômica. Não é difícil entender que ênfases diferenciadas em um ou outro termo do polinômio clássico formação-acumulação-distribuição-consumo da riqueza foram a base de diferenciados entendimentos político-ideológicos sobre a eficácia social de diferentes formas de organização das atividades econômicas. 
Os economistas neoclássicos, mais conservadores, objetivaram a entender e explicar o equilíbrio do processo econômico tal como se apresentava. Não obstante vários deles tenham reagido às desigualdades e iniqüidades sociais, não chegaram a apontar formas alternativas e revolucionárias para a organização econômica, tendo, entretanto, apontado os vícios da ordem estabelecida e os mecanismos para seu ajuste e correção. Desta forma, surge um novo conjunto de temas cruciais: riqueza-pobreza-bem-estar. São também os neoclássicos que vão antecipar as bases fundamentais da conduta econômica do homem: escassez de recursos frente a necessidades ilimitadas a satisfazer.
Os pontos fundamentais da abordagem neoclássica são os seguintes:
As necessidades e os desejos humanos são inúmeros e de espécies variadas.Apenas em estágios primitivos de civilização são suscetíveis de serem satisfeitos. Na verdade, o homem não civilizado não tem mais necessidades que o animal, mas, na medida em que vai progredindo, essas necessidades aumentam e se diversificam, ao mesmo tempo em que surgem novos métodos capazes de satisfazê-las.
As mudanças constantes nos estágios culturais das sociedades organizadas requerem cada vez maior quantidade e diversidade de utilidades.
 
A economia é um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários da vida. Mas diz respeito, principalmente, aos motivos que afetam, de modo intenso e constante, a condução do homem no trato com as questões que interferem em sua riqueza e nas condições materiais de seu bem-estar.
Assim, o novo conceito de economia - neoclássico - passa a ser: 
A economia examina a ação individual e social, em seus aspectos mais estritamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, é uma parte do estudo do homem.
 
Vale observar que a síntese neoclássica não se limitou à descrição e à análise dos processos econômicos relacionados ao trinômio riqueza-pobreza-bem-estar. Foi além, ao discutir aspectos éticos ligados à conduta humana e às formas de organização da sociedade que poderiam ampliar ou diminuir, em função do processo distributivo, o número dos que têm de fato acesso às condições materiais possíveis de ser alcançadas em dado estágio cultural. Traços da organização social, como a liberdade de empreendimento e concorrência, foram analisados sob o ponto de vista de sua influência na geração e difusão do bem-estar social. Dessa análise derivaram algumas de suas mais contundentes observações sobre o caráter social da economia, destacando-se as seguintes:
O estudo das causas da pobreza é um estudo das causas da degradação de grande parte da humanidade.
A escravidão era considerada por Aristóteles como uma regra da natureza, e provavelmente também o era pelos próprios escravos nos tempos antigos. Mas agora, afinal, nos dispomos seriamente a investigar se é necessário haver um grande número de pessoas condenadas desde o berço ao trabalho rude, a prover os requisitos de uma vida refinada e culta para outras, enquanto elas próprias são impedidas por sua pobreza e labuta de ter qualquer cota de participação naquela forma de vida.
Em um mundo no qual todos os homens fossem perfeitamente virtuosos, todos pensariam só em seus deveres e nenhum desejaria ter uma cota de conforto maior do que a de seus concidadãos. Mas a história em geral mostra que os homens comuns raramente são capazes de um ideal altruísta por tempo considerável. Além disso, a concorrência não registra apenas aspectos perniciosos; sua eliminação poderia ser mais anti-social do que ela própria.
Sintetizando: constitui o fim último da economia, descobrir como se pode combinar o potencial ativo social das virtudes humanas com as forças da concorrência para a promoção do bem-estar social.
O conjunto produção-distribuição, esta entendida como repartição, é a base sobre a qual a perspectiva socialista elaborou sua concepção sobre a matéria de que se ocupa a economia. Segundo essa concepção, a vida em comum e os estágios culturais alcançados determinam as necessidades humanas, que para serem satisfeitas carecem da produção de utilidades. A produção é, então, a atividade humana que consiste em adaptar os recursos e as forças da natureza com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas. O seu fundamento é o trabalho. A produção configura, assim, um ato social, que se completa com a distribuição do produto social do trabalho. 
Os pontos básicos dessa perspectiva foram os seguintes:
O homem, vivendo em uma sociedade que se encontra em certo nível de desenvolvimento histórico, sente necessidades de naturezas diversas. Uma parte destas é de caráter biológico, sendo sua satisfação indispensável à própria vida; outra parte é conseqüência da vida em comum na sociedade e produto de um conjunto de condições determinadas pelo estágio cultural alcançado. Mesmo as necessidades biológicas se revestem de um caráter e de uma forma que são função da cultura da sociedade. As necessidades dos homens, mesmo primitivamente originadas das biológicas, são, por conseguinte, um produto da vida social e em comum. Dependem, assim, do grau de desenvolvimento da sociedade humana.
Para satisfazer às necessidades humanas, é indispensável a produção ou usufruto de bens que o homem extrai da natureza, transformando-os, modificando seus caracteres, deslocando-os no espaço e estocando-os. A atividade humana que consiste em adaptar os recursos e as forças da natureza com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas é designada pelo termo produção. Trata-se de uma atividade consciente e intencional, fundamentada no trabalho.
Das ligações entre a produção e o trabalho se extrai os elementos vitais do processo econômico. A produção é um ato social, que envolve divisão do trabalho. O trabalho de um homem é apenas uma parte do trabalho combinado e associado de todos os membros da sociedade. É uma parte do trabalho social, cujo resultado é representado pelos bens que servem, direta ou indiretamente, para satisfazer às necessidades humanas, manifestadas de formas diferentes em diferentes sociedades.
A realização completa desse processo social inclui, por fim, a distribuição ou repartição do produto social do trabalho. A repartição reveste-se igualmente de caráter social. É, por sua natureza, um ato social, que assume diferentes formas, de acordo com os graus de desenvolvimento da sociedade. 
Em síntese: enquanto as relações de produção dependem do nível histórico das forças produtivas, isto é, da atuação social do homem no trato com a natureza, as relações de distribuição dependem das relações de produção. A maneira como se opera a distribuição dos produtos na sociedade é determinada pela maneira como os homens participam do processo de produção.
 
Desta forma, o conceito de economia seria:
O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição dos meios materiais destinados a satisfazer às necessidades humanas resume o campo de que se ocupa a economia.
A sistematização de Robbins
Aparentemente menos influenciada por sistemas ideológicos, uma tentativa mais recente (e também mais atraente) de caracterizar os fatos econômicos e de delimitar com maior nitidez os aspectos econômicos da vida social foi empreendida na metade dos anos 30, em um notável ensaio do economista inglês Lionel Robbins sobre a natureza e o significado da economia. O ensaio caracteriza os fatos econômicos e os aspectos econômicos da vida social de forma diferente das concepções até então empreendidas por clássicos, neoclássicos e socialistas. De fato, ele não se preocupou com as categorias convencionais de fatos econômicos, como produção, distribuição, acumulação, riqueza, pobreza e bem-estar. Os pontos em que se fixou foram os seguintes:
Multiplicidade de fins - Econômicos ou não-econômicos, são múltiplos os fins que a atividade humana busca alcançar.
Priorização de fins possíveis – Além de múltiplos, os fins possíveis, almejados pelo homem, têm importância diversa e podem ser classificados por ordem de prioridade, embora esta varie no tempo e no espaço e, respeitada a individualidade de cada um, possa também variar de indivíduo para indivíduo.
Limitação de meios - Os meios para alcançar a multiplicidade de fins são limitados. 
Emprego alternativo dos meios - Os meios se prestam a usos alternativos e podem, desta forma, ser mobilizados para os mais variados fins.
Entretanto, Robbins lembrou que nenhuma dessas condições, considerada isoladamente, é bastante para caracterizar o fato econômico. A capacidade humana de fazer escolhas é o elo de ligação entre essas quatro condições, em face da multiplicidade de fins pretendidose ainda da diversidade de meios para alcançá-los. Ademais, os atos de escolha também decorrem do fato de os recursos poderem ser mobilizados para diferentes fins, embora sejam escassos ou limitados. O fato econômico resume-se, desta forma, nos atos de escolha entre fins possíveis e meios escassos aplicáveis a usos alternativos.
Dessa sistematização infere-se a economicidade da ação humana, decorrente da inevitabilidade da escolha. Diante de uma variedade de opções acerca das ações que presumivelmente conduzirão à geração e acumulação das mais variadas categorias de riqueza e aos mais variados estágios de prosperidade e bem-estar, o homem está agindo economicamente quando faz uma escolha, que, seja qual for, implicará:
O alcance total ou parcial do fim proposto, sob diferentes graus de eficiência. A isto se denomina benefício.
A utilização de meios disponíveis, também sob diferentes graus de eficiência. A isto se denomina custo.
A determinação de como serão utilizados os meios disponíveis na consecução do fim proposto. Aos mecanismos e critérios que envolvem a destinação dos meios utilizados se dá a denominação genérica de alocação.
A não-consecução de outros fins. A escolha de determinado fim e a utilização de meios escassos implica necessariamente a redução da capacidade efetiva da sociedade para obter outros benefícios. A isto se denomina custo de oportunidade.
Da sistematização de Robbins deriva um conceito de economia essencialmente vinculado ao fato econômico, enunciado desta forma:
A economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos. 
Esse conjunto de elementos conceituais composto por meios escassos, fins alternativos e ilimitáveis, escolha e alocação está presente na maior parte das definições mais recentes de economia, dentre as quais podem ser selecionadas as seguintes:
Stonier, Hunt e Kinter: “A economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos”.
Leftwich: “Embora nem sempre seja fácil separar a demarcação das fronteiras que separam a economia de outros campos do conhecimento social, há atualmente concordância geral em relação a seu conteúdo principal. Ao se ocupar das condições gerais do bem-estar, o estudo da economia inclui a organização social que implica a distribuição de recursos escassos entre necessidades humanas alternativas, com a finalidade de satisfazê-las a nível ótimo”.
Barre: “A economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior, decorrente da tensão entre desejos ilimitáveis e os meios limitados”.
Stonier e Hague: “Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam sistemas econômicos nem economia. A economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes”.
Rogers: “A economia diz respeito ao estudo de um fenômeno chamado escassez. Embora o homem tenha sido até aqui bem-sucedido em fazer com que se expandisse a produção de bens e serviços necessários à sua vida, ele não conseguiu reduzir substancialmente a diferença entre seus desejos e os meios capazes de satisfazê-los. Continua, assim, agindo economicamente, pois ainda não se libertou e, presumivelmente, não será fácil libertar-se do difícil exercício da escolha”. 
Horsman: “Escolher a melhor forma de empregar recursos escassos para obter benefícios máximos: este é o problema básico de todas as sociedades economicamente organizadas”.
Há nítidas ligações entre as abordagens neoclássica, socialista e a denominada sistematização de Robbins. A razão de ser da economia está presente nas três formas de delimitar o campo específico do conhecimento econômico – o estudo das formas aplicadas pelo homem na incessante busca de meios para satisfazer às condições ilimitáveis de bem-estar.
2.2 – Leis econômicas: caráter e natureza 
Os argumentos que compõem a teoria econômica classificam-se em positivos e normativos. Os argumentos positivos procuram entender e explicar os fenômenos econômicos como eles realmente são. Assim, qualquer discordância quantos a esses argumentos pode ser confrontada com a realidade. Por exemplo: São Paulo é o primeiro Estado na produção industrial brasileira. Divergências quanto a esta afirmativa podem ser dirimidas à luz dos fatos. Os argumentos normativos, por sua vez, dizem respeito ao que deveria ser. São pontos de vista influenciados por fatores filosóficos, sociais e culturais; dependem de nossos julgamentos a respeito do que é certo e do que é errado, do que é bom e do que é ruim. Por envolverem juízos de valor sobre o que deve ser, tais argumentos não podem ser confrontados com os fatos objetivos da realidade. Por exemplo: o combate ao desemprego deveria ser uma prioridade em relação ao combate à inflação. Divergências sobre esta posição podem não chegar a um consenso.
A análise econômica positiva tem por objetivo maior a compreensão e previsão dos fenômenos econômicos do mundo real, sem que haja qualquer intenção de julgar essa realidade, ou de alterar o curso dos acontecimentos. Já a análise econômica normativa preocupa-se em compreender e prever a realidade, tendo por meta atingir determinados objetivos. Para tanto, utiliza-se de formulação de políticas econômicas para intervir no mundo real.
 
A descrição sistematizada da realidade econômica sugere que ela se sujeita a certo tipo de ordem, registrando-se alguma uniformidade na ocorrência de cada um dos fenômenos escolhidos para observação. É possível identificar, por sua repetitividade, as principais causas de fatos selecionados, bem como identificar relações funcionais que ajudam no entendimento dos mecanismos fundamentais da ordem econômica. A modelação da realidade, a descoberta de princípios que dão sustentação à ordem econômica, a teorização a respeito de comportamentos repetitivos dos agentes econômicos e as leis mediante as quais os fatos econômicos se manifestam resultam, desta forma, de regularidades sistematicamente observadas. 
Todavia, há diferenças fundamentais entre a exatidão com que são formulados princípios, leis, teorias e modelos econômicos, comparativamente com os das ciências experimentais. Isto em razão de:
Não é possível isolar, para observação, nem controlar por completo, qualquer aspecto particular da realidade econômica.
As leis econômicas têm caráter probabilístico.
As teorias e os modelos econômicos são simplificações da realidade.
 
Em sendo assim, princípios, teorias, leis e modelos econômicos inscrevem-se nos limites circunstanciais das ciências sociais.
 
Desta forma, as leis da Economia devem ser entendidas como menos imperativas que as das ciências experimentais. Seus agentes são homens, capazes de influir voluntariamente na direção e na intensidade dos fatos de que participam. Ademais, as condições sociais, dentro das quais as leis econômicas são válidas, se modificam constantemente, provocando ações e reações nem sempre esperadas, vez que o comportamento humano pode assumir posições não rigorosamente situadas dentro do campo da normalidade previamente estabelecido.
Em economia, o tratamento dado aos fatos observados e às estruturas teóricas resultantes não alcança o mesmo rigor numérico das ciências exatas. Elas não resultam de observações realizadas em tubos de ensaio ou balões volumétricos, com o auxílio de instrumentos de alta precisão. O laboratório da economia é a sociedade humana, cujo comportamento é mutável no tempo e sujeito a condicionalidades espaciais. Por mais consistentes que possam ser estabelecidas relações de causa e efeito, elas não são inteiramente controláveis ou condicionáveis. Não é possível isolar, um a um,os traços da matriz sócio-cultural subjacente a uma ordem econômica. 
Apesar da constância e da uniformidade dos fatos que deram origem às leis econômicas, estas devem ser sempre encaradas como leis sociais. Elas envolvem a ação combinada de várias tendências e decisões individuais independentes, motivadas por uma multiplicidade de fatores econômicos e extraeconômicos. Dificilmente são iguais e de igual intensidade os fatores que motivam e impulsionam cada um dos agentes individuais. Esta é a razão pela qual os graus de precisão alcançados na economia não se igualam aos que se definem nas ciências que lidam com as forças da natureza. Isto não quer dizer que as leis da economia sejam destituídas de maior fundamento.
 
 As leis econômicas são, portanto, de probabilidade e não de relações exatas. São leis hipotéticas e probabilísticas. Hipotéticas porque só se verificam se reunirem as condições e hipóteses que foram previamente estabelecidas quando de sua formulação. A realidade só se comportará segundo a forma prevista quando não intervierem causas que possam perturbar a reprodução constante das relações de causa e efeito determinadas. Probabilísticas porque sempre se referem ao resultado global de uma infinidade de fatos elementares, diversos e independentes, cujas características se distribuem ao acaso, embora se entrelacem em seu jogo simultâneo, determinando a uniformidade de médias estatísticas, demonstráveis matematicamente pelo cálculo de probabilidades.
Condição ceteris paribus
O caráter hipotético e probabilístico das leis econômicas sugere que estas devem ser entendidas como válidas dentro dos limites definidos pelo conjunto das condições simplificadoras adotadas. Como exemplo, pode-se citar a definição de uma relação linear entre preços e quantidades procuradas. Como se sabe, há uma relação de dependência entre preços e quantidades procuradas. Esta conclusão tornou-se possível a partir da observação do comportamento individual de um consumidor em relação a um produto. Repetindo-se esta mesma observação para uma multiplicidade de consumidores e de produtos, chega-se à formulação de uma lei da procura, segundo a qual os preços e as quantidades procuradas se correlacionam inversamente. Observadas apenas algumas ações e reações de um único agente econômico - um consumidor individual - não haveria segurança suficiente para a formulação, por exemplo, de uma lei da procura ou de uma função consumo que pudessem ser generalizadas como válidas e representativas da realidade. Para tanto, será necessário um número estatisticamente significativo de observações.
O resultado geral dessas observações permite a formulação da lei da procura e da função consumo, mostrando que há uma relação funcional de dependência entre as quantidades procuradas (QP) e os preços (P), relação esta que pode ser expressa por uma função do seguinte tipo: QP = f (P). Esta função indica que as quantidades procuradas dependem dos preços.
Essas relações funcionais simples, tanto quanto outras que podem ser formuladas no campo da economia, a despeito do seu caráter estatístico, são influenciadas por várias causas. As quantidades procuradas foram consideradas como função dos preços. Todavia, outras causas certamente interferem no movimento dessas variáveis, além do que elas se encontram interligadas a toda uma complexa rede de relações econômicas, podendo ser influenciadas por fatores aparentemente distantes daqueles que atuaram no restrito meio em que as observações iniciais foram desenvolvidas.
Desta forma, a validade das leis econômicas implica que sejam mantidos inalterados todos os demais fatores que podem interferir nas magnitudes das variáveis sob observação.
 
É exatamente a esta particularidade que os economistas querem referir-se quando utilizam a expressão ceteris paribus. É uma condição que significa: mantidos inalterados todos os demais fatores, ou, ainda, permanecendo iguais todos os demais elementos.
Trata-se de uma expressão inerente ao caráter e à natureza das leis econômicas. Rigorosamente, a relação entre preços e quantidades procuradas deveria ser enunciada da seguinte forma: ceteris paribus, as quantidades procuradas são uma função do preço.
Em resumo, as leis econômicas pressupõem, portanto, um conjunto de hipóteses simplificadoras. Elas são formuladas levando em conta os fatores principais (previsíveis ou mensuráveis) que interferem preponderantemente no fenômeno sob observação. Os demais fatores são admitidos como constantes. Qualquer alteração que venham a registrar pode perturbar a direção e a intensidade das regras básicas formuladas. 
Por essas razões, e na impossibilidade de os economistas manterem sob rigoroso controle todos os fatores que podem interferir no andamento de determinado fato econômico, as leis da economia são sempre contingenciadas pela condição ceteris paribus.
Ocorre, porém, que esta expressão não é, a cada momento, sistematicamente acrescentada a cada uma das leis econômicas, às descrições resultantes de modelos ou às comprovações resultantes de pesquisas econômicas. Mas é admitida como condição subjacente que os economistas têm presente em seu trabalho acadêmico, na interpretação da realidade pesquisada, na formulação de políticas e na elaboração de prognósticos, o que dispensa sua citação.
Sofisma de composição
É bastante comum, no campo da economia, considerar-se para o conjunto certos princípios ou leis que são válidos apenas para uma parte do todo. Esta é uma forma incorreta de raciocinar. Nem sempre o que é válido para um indivíduo ou empresa o é também para o sistema econômico como um todo.
Imagine-se que um produtor agrícola individual, cuja produção atenda apenas a pequena parcela do mercado, obtenha uma colheita excepcional. Obviamente sua renda excederá as expectativas. Entretanto, se o conjunto dos produtores agrícolas obtiver excelentes colheitas, não se pode afirmar que a renda de todos se expandirá, em comparação com períodos anteriores, não tão satisfatórios. As excelentes safras poderão provocar redução nos preços, dificultando a realização de lucros.
Da mesma forma, a poupança, na escala individual, é considerada uma virtude. Contudo, se o nível total de poupança for excessivamente elevado em relação à renda nacional, o consumo fatalmente se reduzirá e, como conseqüência, o nível de produção baixará, reduzindo-se o emprego e a renda da sociedade.
Assim, a validade de uma lei econômica está contingenciada por determinada escala de observação.
Quando se imputa ao conjunto certos princípios válidos apenas para uma parte do todo, podemos incorrer em sofisma de composição. Em economia, a escala de observação não pode ser ignorada: ela tem muito a ver com a validade de determinados princípios e com suas generalizações. 
Sofismas de composição, em economia, geralmente decorrem, assim, de raciocínios simplistas que desconsideram níveis de referência e escalas de observação. O todo e a parte se inter-relacionam e é muito difícil, talvez mesmo impossível, compreender o conjunto sem que se compreenda cada uma de suas partes. Compreender como agem os agentes econômicos individuais e como eles reagem a determinadas condições circunstanciais é uma das exigências elementares para que se possa compreender como e com base em que movimentações a economia como um todo se movimenta. Mas há, em economia, determinados comportamentos que, de um lado, são virtuosos em escala individual e, de outro lado, podem ser desastrosos em escala agregada. Vícios privados, contrariamente, podem levar mecanismos que conduzem ao equilíbrio global. Estes aparentes paradoxos são inerentes ao processo econômico. Eles certamente dificultam o exercício da generalização. Por isso mesmo, constituem, ao lado de tantos outros, um dos mais intrigantes desafios da economia.
Alcance e limitações da economia
Embora a economia seja um ramo do conhecimento de “amplo espectro”, tendo contribuído de alguma forma na soluçãode intrincados problemas relacionados à luta incessante do homem para alcançar melhores condições de bem-estar, há um conjunto de limitações que gravitam em torno de suas proposições positivas e recomendações normativas.
Em resumo, as principais limitações são as seguintes:
A economia é uma ciência social que não se pode considerar como fechada em torno de si mesma. Considerações desenvolvidas por outras ciências que investigam o comportamento humano devem estar presentes na observação da realidade econômica e nas decorrentes prescrições de medidas corretivas para cursos de ação socialmente indesejáveis. 
Os problemas econômicos têm contornos que não se limitam apenas à realidade investigada pela economia. Eles se estendem pela política, pela sociologia, pelo direito, pela ética e não raramente têm raízes históricas e religiosas.
A sistematização da realidade econômica envolve sistemas de valores e matrizes ideológicas: a justificação ideológica está presente na maior parte dos modelos convencionais de análise econômica.
As leis econômicas são leis sociais e não relações exatas. É assim que devem ser interpretadas e utilizadas para leitura da realidade objetiva.
Os modelos empregados pelos economistas são simplificações probabilísticas da realidade. Embora estatisticamente significantes, não excluem a exigência da condição ceteris paribus nem as armadilhas decorrentes de sofismas de composição.
Limitações como essas acompanham a economia desde o seu nascedouro. Não foram ainda superadas e dificilmente o serão, um dia. Conforme afirmou Stevenson Walton, “não se deve supor que a economia seja uma espécie de máquina calculadora, na qual os problemas entram em uma extremidade e as soluções saem na outra. Embora, para muitas questões econômicas, isto seja possível em certa medida, não convém esquecer que a maior parte das políticas econômicas se enreda em problemas jurídicos e administrativos, políticos, sociológicos e éticos. Por isso, são raras as vezes em que a economia positiva é a única fonte de solução”.
Essas limitações não significam que as questões econômicas não sejam de alguma forma delimitáveis, perdendo-se no emaranhado de uma realidade indescritível. Significam apenas que os fatos econômicos e que as questões centrais da economia têm raízes e desdobramentos não limitáveis por um único campo do conhecimento. O avanço do conhecimento humano, em praticamente todos os domínios, quebra fronteiras disciplinares e evidencia que a busca de soluções para questões corriqueiras do dia-a-dia ou para problemas globais, de âmbito planetário, passa muito mais por fusões interdisciplinares do que pela rigidez e incomunicabilidade dos isolamentos.
2.3 – Alguns conceitos básicos da Economia
Este tópico visa a familiarizar o leitor com alguns conceitos básicos da Economia, indispensáveis ao entendimento de temas que serão abordados adiante, quando do desenvolvimento do conteúdo programático da disciplina.
Necessidades humanas
Entende-se por necessidade humana a sensação de falta de alguma coisa, unida ao desejo de satisfazê-la.
Na verdade, as pessoas carecem de enorme quantidade e diversidade de coisas para sobreviverem. Sabemos, também, que não há limite à variedade das necessidades humanas. De fato, quanto mais se deseja, mais se descobre coisas capazes de tornar a vida mais agradável e confortável. Por essa razão é que os economistas dizem que as necessidades humanas são ilimitáveis.
Vale salientar que algumas necessidades humanas, como as biológicas, por exemplo, são renováveis e que a elevação do padrão de vida faz com que novas necessidades apareçam, comprovando, desta forma, que as necessidades humanas são realmente ilimitáveis.
Também é verdade que algumas necessidades humanas são satisfeitas mediante apropriação direta da natureza de bens por ela fornecidos, como é o caso do ar que respiramos.
Recursos produtivos
A produção dos bens e serviços necessários à satisfação das necessidades humanas implica, necessariamente, a existência e a disponibilidade do que denominamos recursos produtivos.
Esses recursos podem ser classificados em quatro grandes grupos: terra, trabalho, capital e capacidade empresarial.
No grupo “terra” (ou recursos naturais) estão contemplados todos os meios que a natureza fornece e que podem ser utilizados pelas sociedades na produção de bens e serviços. Vale destacar que, mesmo nessa dimensão, a quantidade de recursos naturais é limitada, até para as nações consideradas ricas.
No grupo “trabalho” considera-se o esforço humano físico ou mental despendido na produção de bens e serviços. O tamanho da população, a legislação pertinente, a qualidade do trabalhador são fatores limitantes da quantidade do recurso trabalho.
No grupo “capital” estão incluídos os bens produzidos que não se destinam à satisfação das necessidades humanas através do consumo, mas que se destinam à utilização no processo de produção de outros bens. Aqui deve ser destacado que o termo capital, nesse caso, não deve ser traduzido como dinheiro. Na verdade, o dinheiro, em si mesmo, não constitui riqueza. Representa, apenas, o acesso a ela.
No grupo “capacidade empresarial” está considerada a mobilização dos demais recursos produtivos no sentido da geração dos bens e serviços que satisfarão as necessidades humanas. Assim, constitui, por si só, um recurso produtivo.
Bens e serviços
De forma geral, bem é tudo aquilo capaz de satisfazer uma ou mais necessidades humanas. Daí deriva o conceito de utilidade: o bem é procurado porque é útil.
Os bens são classificados em livres e econômicos. Os bens livres, como já dito, são obtidos mediante apropriação direta da natureza; são capazes de satisfazer necessidades, mas sua utilização não implica relações de ordem econômica, ou seja, não têm preço. Os bens econômicos são relativamente escassos e sua obtenção carece de esforço humano. Sua principal característica é a de terem preço. Os bens econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos: materiais (bens propriamente ditos) e imateriais (serviços).
Escassez
O problema central da Economia é a escassez. Se cada um de nós dispusesse da capacidade de gerar tudo aquilo de que necessita, de forma ininterrupta, não haveria razão para o estudo da Economia.
A escassez, do ponto de vista econômico, não quer dizer, necessariamente, raridade. Existe porque as necessidades humanas, a serem satisfeitas através do consumo dos mais variados tipos de bens e serviços, são ilimitáveis, enquanto os recursos produtivos à disposição das sociedades, e que são utilizados em sua produção, são insuficientes para se produzir o volume necessário para satisfazer as necessidades de todas as pessoas. É evidente que a escassez é um problema mais grave para países com baixo estágio de desenvolvimento do que para outros em situação contrária. De qualquer forma, a escassez econômica está presente em qualquer sociedade, independente se seu estágio.
Assim, pode-se perfeitamente afirmar: a escassez é a preocupação básica da Ciência Econômica. Somente devido à escassez de recursos produtivos em relação às ilimitáveis necessidades humanas é que se justifica a preocupação de utilizá-los da forma mais racional, eficiente e eficaz.
Confrontadas com a inescapável questão da escassez, as pessoas e as sociedades não têm, igualmente, como escapar de outra questão básica: a escolha. Quais bens serão produzidos e em quais quantidades?
Agentes econômicos
Agentes econômicos são pessoas, físicas e/ou jurídicas, que, através de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico. São classificados em: famílias, empresas e governos.
As famílias incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, na condição de “proprietários” dos recursos produtivos, os fornecem às empresas: terra, trabalho, capital e capacidade empresarial. Por outro lado, na qualidade de consumidores, adquirem os bens e serviçosproduzidos pelas empresas, para satisfação de suas necessidades de consumo. Como pagamento pelo fornecimento dos recursos produtivos, as famílias recebem das empresas remunerações diversas (salários, aluguéis, juros, lucros) e com elas compram os bens e serviços oferecidos pelas empresas.
As empresas são encarregadas de produzir e/ou comercializar os bens e serviços, através da mobilização e combinação dos recursos produtivos.
Os governos incluem todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o comando do Estado, nas suas esferas federal, estadual e municipal. 
A interação dos agentes econômicos no sistema econômico constitui o que se denomina fluxo circular da atividade econômica (ou fluxo circular da renda).
2.4 – Questões econômicas fundamentais
Independente de sua organização política, toda sociedade se defronta com três questões básicas, decorrentes do problema da escassez. Essas questões são:
O que produzir?
Como a sociedade não pode produzir a quantidade desejada dos mais diversos tipos de bens e serviços, deve escolher, entre várias alternativas, quais bens e serviços serão produzidos e em quais quantidades.
 
Como produzir? 
A sociedade também tem que decidir a maneira pela qual o conjunto de bens e serviços escolhido será produzido, através da combinação de recursos e técnicas.
Para quem produzir?
Decididos os bens e serviços que serão produzidos e as maneiras de produzi-los, resta ainda a terceira questão básica: quem receberá esses bens e serviços? A distribuição deverá ser igualitária? Deverá ser feita segundo a contribuição de cada um à produção? Ou a cada um segundo a sua necessidade? 
Curva de possibilidades de produção
O fato de as necessidades humanas serem ilimitáveis e os recursos produtivos limitados, mostra, claramente, que a economia é, essencialmente, ligada a problemas de escolha. Ou seja: a partir dessa constatação, é possível o entendimento do que se denomina curva de possibilidades de produção. Esse conceito pode ser exemplificado mediante a utilização de exemplos numéricos e gráficos. 
Vamos supor que o dono de uma fazenda decida produzir apenas dois produtos: milho e soja. Se utilizar toda a terra disponível (e demais recursos produtivos) para cultivar milho, não haverá área para o cultivo de soja. A recíproca é verdadeira. Entre esses extremos, no entanto, podem existir infinitas combinações de produção de milho e soja, através da destinação de partes da área disponível (e demais recursos produtivos) para os cultivos respectivos. O quadro seguinte mostra hipotéticas possibilidades de produção da fazenda.
Quadro 1
Possibilidades de produção em uma fazenda
	Alternativas
	Milho (ton)
	Soja (ton)
	A
	16
	 0
	B
	15
	 2
	C
	13
	 4
	D
	10
	 6
	E
	 6
	 8
	F
	 0
	10
A partir dos dados do quadro acima, é possível construir um gráfico representativo da curva de possibilidades de produção da fazenda, que também pode ser entendida como sua fronteira de possibilidades de produção.
A curva de possibilidades de produção embute uma premissa fundamental: a eficiência produtiva. Isso significa que, para obter qualquer uma das alternativas constantes do quadro acima, é indispensável a máxima utilização de todos os recursos produtivos disponíveis, sem qualquer nível de ociosidade e/ou desperdício. A isso chamamos de pleno emprego dos recursos produtivos. 
Não obstante tenhamos trabalhado com o exemplo simplificado de um só agente econômico – a fazenda – produzindo apenas dois produtos, o exemplo serve perfeitamente ao entendimento da questão em relação à sociedade como um todo.
Custo de oportunidade
A observação do quadro 1 mostra que operando em regime de pleno emprego, o aumento da produção de um dos produtos somente ocorrerá se houver redução na produção de outro.
Assim, custo de oportunidade é a expressão utilizada para demonstrar os custos em termos das alternativas sacrificadas, ou seja, o quanto se abre mão de uma coisa para se ter certa quantidade de outra.

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